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APOSTILA DE ECONOMIA ENGENHARIA (1)

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Prof. J. Aurélio Vilas Boas, MSc. 
 
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CURSO DE ENGENHARIA 
 
APOSTILA DE 
INTRODUÇÃO À ECONOMIA 
 
 
 
 
PROF. JOSÉ AURÉLIO VILAS BOAS, MSc. 
Versão 1 - 2018 
Prof. J. Aurélio Vilas Boas, MSc. 
 
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INTRODUÇÃO À CIÊNCIA ECONÔMICA1 
 
1.1 – CONCEITUAÇÃO E ORIGEM 
A palavra “Economia” deriva do grego oikonomía, (de óikos, casa; nómos, lei), que significa a 
administração de uma casa, ou do Estado, e pode ser assim definida: 
Economia é a ciência social que estuda como o indivíduo e a sociedade decidem (escolhem) 
empregar recursos produtivos escassos na produção de bens e serviços, de modo a distribuí-los 
entre as várias pessoas e grupos da sociedade, a fim de satisfazer as necessidades humanas. 
Essa definição contém vários conceitos importantes, que são a base e o objeto do estudo da 
Ciência Econômica: 
 Escolha 
 Escassez 
 Necessidades 
 Recursos 
 Produção 
 Distribuição 
Em qualquer sociedade, os recursos produtivos ou fatores de produção (mão-de-obra, terra, 
matérias primas, dentre outros) são limitados; contudo, as necessidades humanas são ilimitadas, e 
sempre se renovam, por força do próprio crescimento populacional e do contínuo desejo de elevação 
do padrão de vida. Independentemente do grau de desenvolvimento do país, nenhum deles dispõe 
de todos os recursos necessários para satisfazer todas as necessidades da coletividade. 
Tem-se então um problema de escassez: recursos limitados contrapondo-se a necessidades 
humanas ilimitadas. 
Em função da escassez de recursos, toda sociedade tem de escolher entre alternativas de 
produção e de distribuição dos resultados da atividade produtiva entre os vários grupos da 
sociedade. Essa é a questão central do estudo da Economia: como alocar recursos produtivos 
limitados para satisfazer todas as necessidades da população. 
Evidentemente, se os recursos não fossem limitados, ou seja, se não existisse escassez, não 
seria necessário estudar questões como inflação, desemprego, crescimento, déficit público, 
vulnerabilidade externa e outras. Mas a realidade não é assim, e a sociedade tem de tomar decisões 
sobre a melhor utilização de seus recursos, de forma a atender ao máximo das necessidades 
humanas. 
 
 
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 Adaptado de VASCONCELLOS, Marco A. S.; GARCIA, Manuel E. Fundamentos de Economia. São Paulo: Saraiva, 
2008. 
Prof. J. Aurélio Vilas Boas, MSc. 
 
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1.2 – OBJETO DA ECONOMIA 
O objetivo do estudo da Ciência Econômica é o de analisar os problemas econômicos e 
formular soluções para resolvê-los, de forma a melhorar nossa qualidade de vida. 
 
1.3 – CONCEITO DE MERCADO 
O mercado, num sistema econômico, é formado pelas pessoas que querem comprar e pelas 
que querem vender bens e serviços, ou seja, os consumidores e os empresários. Naturalmente, não 
se refere apenas à presença física de consumidores e produtores, mas sim às suas intenções de 
compra e venda. 
 
1.4 – SISTEMAS ECONÔMICOS 
Um sistema econômico pode ser definido como sendo a forma política, social e econômica 
pela qual está organizada uma sociedade. É um particular sistema de organização da produção, 
distribuição e consumo de todos os bens e serviços que as pessoas utilizam buscando uma melhoria 
no padrão de vida e bem-estar. 
Os elementos básicos de um sistema econômico são: 
 Estoque de recursos produtivos ou fatores de produção: aqui incluem-se os recursos 
humanos (trabalho e capacidade empresarial), o capital, a terra, as reservas naturais e a 
tecnologia. 
 Complexo de unidades de produção: constituído pelas empresas. 
 Conjunto de instituições políticas, jurídicas, econômicas e sociais: que são a base 
da organização da sociedade. 
 
Os sistemas econômicos podem ser classificados em: 
 Sistema capitalista, ou economia de mercado, é aquele regido pelas forças de 
mercado, predominando a livre iniciativa e a propriedade privada dos fatores de produção. 
Pelo menos até o início do século XX, prevalecia nas economias ocidentais o sistema de 
concorrência pura, onde não havia a intervenção do Estado na atividade econômica. 
Principalmente a partir de 1930, passaram a predominar os sistemas de economia mista, 
onde ainda prevalecem as forças de mercado, mas com a atuação do Estado, tanto na 
alocação e distribuição de recursos como na própria produção de bens e serviços, nas 
áreas de infra-estrutura, energia, saneamento e telecomunicações. 
 Sistema socialista, ou economia centralizada, ou ainda economia planificada, é 
aquele em que as questões econômicas fundamentais são resolvidas por um órgão 
central de planejamento, predominando a propriedade publica dos fatores de produção, 
chamados nessas economias de meios de produção, englobando os bens de capital, 
terra, prédios, bancos, matérias-primas. 
Não pertencem ao Estado pequenas atividades comerciais e artesanais, as quais, junto 
com os meios de sobrevivência, como roupas, automóveis, móveis, pertencem aos 
indivíduos (mas com preços fixados pelo governo). Existe também liberdade para escolha 
de profissão (ou seja, há mobilidade de mão-de-obra). 
 
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1.5 – FATORES DE PRODUÇÃO 
Os indivíduos, considerados isoladamente, têm uma série de necessidades individuais que 
precisam ser satisfeitas para garantir sua sobrevivência. Como exemplos dessas necessidades, 
temos o ato de respirar e o de se alimentar, que, neste caso, são de natureza biológica. Entretanto, 
como o ser humano vive em sociedade, em contato com outras pessoas, surgem outros tipos de 
necessidades, decorrentes da vida gregária. É o caso da educação, do transporte coletivo etc., que 
recebem o nome de necessidades coletivas. 
Para satisfazer tais necessidades, as pessoas precisam consumir determinados bens, como 
pão, roupas, casas, etc. Entretanto, essa satisfação não se dá apenas através de objetos materiais 
mas também de serviços, como educação, segurança, atendimento médico, transportes etc. 
Em resumo, a satisfação das necessidades individuais e coletivas é feita com o consumo de 
bens e serviços. Esses bens e serviços compõem, juntos, a produção econômica, que é obtida com a 
combinação de recursos naturais, equipamentos e trabalho. Tais elementos, pelo fato de serem 
necessários à produção, recebem o nome de fatores de produção e agrupam-se, tradicionalmente, 
em três itens: 
 Trabalho: é a contribuição do ser humano, na produção, em forma de atividade física 
ou mental. 
 Capital: é o conjunto de equipamentos, ferramentas e máquinas, produzidos pelo 
homem, que não se destinam à satisfação das necessidades através do consumo, 
mas concorrem para a produção de bens e de serviços, aumentando a eficiência do 
trabalho humano. 
 Recursos Naturais: são os elementos da natureza utilizados pelo homem com a 
finalidade de criar bens. Como exemplos, temos a terra (utilizada na agricultura), a 
água (que pode irrigar uma lavoura ou, sob a forma de quedas d’água, fornecer 
energia elétrica), os minerais, os animais etc. 
 
A hidrelétrica de Itaipu, construída com o aproveitamento do rio Paraná pelos governos brasileiro e 
paraguaio, fornece energia elétrica para os dois países, aumentando consideravelmente a riqueza do 
Brasil e do Paraguai. 
Uma boa parte dos bens e serviços produzidos em uma economia é consumida, mas há outra 
parte que não é, permanecendo muito tempo entre as pessoas, algumas vezes por gerações e, 
mesmo, por séculos. Como exemplo desses bens, temos as instalações industriais, as linhas 
telefônicas, as estradas, as pontes, as obras de arte, os edifícios históricosetc. Tais bens são 
produzidos através da combinação de fatores de produção, mas permanecem por longo tempo entre 
as pessoas, formando um acervo, um estoque de bens que podem ser usufruídos por muitos anos. 
Há, também, fatores de produção que se comportam dessa forma, ou seja, não são exauridos e não 
desaparecem no processo produtivo. O melhor exemplo é, provavelmente, a terra utilizada na 
agricultura, um recurso natural que vem sendo usado continuamente na produção de produtos 
agrícolas, sem desaparecer. 
 
1.6 – RIQUEZA 
Essas observações são importantes para que se possa introduzir um novo conceito, o de 
riqueza. A riqueza de um país, num determinado momento, é formada pelos fatores de produção 
disponíveis, pelos bens que estão sendo produzidos e pelos que já o foram, mas ainda não 
desapareceram. A riqueza compõe-se, ainda, de elementos como a população do país (seu fator 
trabalho), os recursos naturais (a terra agricultável, as reservas minerais e de petróleo e os 
mananciais de água), os equipamentos (máquinas e instalações das empresas), as redes de energia, 
a distribuição de água, as estradas, as pontes, os edifícios públicos, as habitações, os monumentos 
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históricos, as obras de arte, as bibliotecas e outros, além dos bens correntemente produzidos, como 
alimentos, roupas etc. A riqueza, portanto, é um conceito bastante geral, que agrega as 
disponibilidades de recursos naturais do país, sua população e tudo o que a economia produziu ao 
longo de sua existência, e que foi preservado. 
 
1.7 – AGENTES ECONÔMICOS 
 
Os elementos que participam do processo econômico levam o nome de agentes econômicos 
e são representados por pessoas que desempenham diferentes papéis na economia. Como 
exemplos de agentes econômicos temos o consumidor, que adquire bens e serviços, o empresário, 
que organiza os fatores de produção, e o trabalhador, que vende sua força de trabalho – um fator de 
produção. 
 
 
1.8 – O PROBLEMA FUNDAMENTAL DA ECONOMIA 
A atividade econômica numa sociedade é realizada com o propósito de produzir bens e 
serviços que se destinem à satisfação das necessidades individuais ou coletivas de seus membros. 
Entretanto, em razão da própria natureza do ser humano, suas necessidades se ampliam 
continuamente, aumentando, em consequência, as exigências do consumo. Um número cada vez 
maior de pessoas procura bens e serviços que atendam suas necessidades de lazer, educação, 
transportes coletivos etc. Mesmo para as necessidades puramente biológicas, surgem novos 
desejos. As pessoas já não se satisfazem em aplacar sua sede bebendo apenas água. Quando 
possível, recorrem a refrigerantes ou a outras bebidas mais sofisticadas. Assim, pode-se dizer que, 
de modo geral, as necessidades humanas são ilimitadas. 
Sabemos, por outro lado, que a produção de bens e de serviços exige a organização e a 
combinação dos fatores de produção existentes à disposição da sociedade. Entretanto, esses fatores 
são limitados, escassos, pois não existem na quantidade que seria desejável. A área agricultável de 
um país é limitada, finita, o mesmo ocorrendo com a quantidade de pessoas que pode trabalhar e em 
relação a máquinas, ferramentas e equipamentos em geral. 
Temos, então, colocado o conflito que explica e justifica a existência da teoria econômica. De 
um lado, observa-se que as necessidades das pessoas são ilimitadas e, de outro, que os fatores 
disponíveis para a produção de bens e de serviços que satisfaçam essas necessidades são 
limitados. Esse é o problema fundamental da economia, que os economistas chamam de lei da 
escassez. 
 
1.9 – PROBLEMAS ECONÔMICOS BÁSICOS 
Nas bases de qualquer comunidade encontra-se sempre a seguinte tríade de problemas 
econômicos: 
O que e quanto produzir? 
Isso significa quais produtos deverão ser produzidos (carros, cigarros, café, vestuários, entre 
outros) e em que quantidades deverão ser colocados à disposição dos consumidores. 
 
Como produzir? 
Isto é, por quem serão os bens e serviços produzidos, com quais recursos e de que maneira 
ou processo técnico. 
 
Para quem produzir? 
Ou seja, para quem se destinará a produção (fatalmente, para os que têm renda). 
É muito fácil entender que: o que, quanto, como e para quem produzir não seriam problemas 
se os recursos utilizáveis fossem ilimitados. Todavia, na realidade existem ilimitadas necessidades e 
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limitados recursos disponíveis e técnicas de fabricação. Baseada nessas restrições, a Economia 
deve optar dentre os bens a serem produzidos e os processos técnicos capazes de transformar os 
recursos escassos em produção. 
 
1.10 – CLASSIFICAÇÃO DOS BENS 
A produção econômica pode ser classificada em três categorias, de acordo com a sua 
destinação: 
 
 bens e serviços de consumo: são aqueles bens e serviços que satisfazem as 
necessidades das pessoas quando são consumidos no estado em que se encontram, 
como alimentos, roupas, serviços médicos etc. 
 
 bens e serviços intermediários: são os bens e serviços que não atendem 
diretamente às necessidades das pessoas, pois precisam ser transformados para 
atingir sua forma definitiva. Como exemplo, podemos citar as chapas de aço, que 
serão empregadas na produção de automóveis; os serviços de computação, que 
preparam folhas de pagamentos para as empresas etc. 
 
 bens de capital: também não atendem diretamente às necessidades dos 
consumidores, mas destinam-se a aumentar a eficiência do trabalho humano no 
processo produtivo, como as máquinas, as estradas etc. 
 
 
1.11 – COMPOSIÇÃO DO SISTEMA ECONÔMICO 
 
No sistema econômico de uma nação, encontramos um grande e diversificado número de 
unidades produtoras, cada qual organizando os fatores de produção para a obtenção de um 
determinado produto ou para a prestação de um serviço. Entretanto, apesar da diversidade de 
objetivos das inúmeras unidades produtoras, podemos classifica-las de acordo com as 
características fundamentais de sua produção. Utilizando esse critério, veremos que as unidades 
produtoras podem ser agrupadas em três setores básicos, que compõem o sistema econômico: 
 
 
 Setor Primário: constituído pelas unidades produtoras que utilizam intensamente os 
recursos naturais e não introduzem transformações substanciais em seus produtos2. 
Neste setor, estão as unidades produtoras que desenvolvem atividades agrícolas, 
pecuárias e extrativas, sejam minerais, animais ou vegetais. 
 
 Setor Secundário: constituído pelas unidades produtoras dedicadas às atividades 
industriais, através das quais os bens são transformados. Caracteriza-se pela intensa 
utilização do fator de produção capital, sob a forma de máquinas e equipamentos. 
Indústrias de automóveis, de refrigerantes e de roupas são exemplos de unidades 
produtoras incluídas no setor secundário. 
 
 Setor Terciário: este setor se diferencia dos outros pelo fato de seu produto não ser 
tangível, concreto, embora seja de grande importância no sistema econômico. É composto 
pelas unidades produtoras que prestam serviços, como os bancos, as escolas, as 
empresas de transporte, o comércio etc. 
 
 
 
2
 O beneficiamento de certos produtos agrícolas, como o arroz, que é descascado e polido, constitui um caso de 
transformação que não altera substancialmente o produto. 
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1.12 – DIVISÃO DO ESTUDO ECONÔMICO 
A análise econômica, para fins metodológicos e didáticos, é normalmente dividida em quatro 
áreas de estudo: 
Microeconomia ou Teoria de Formação de Preços. Estuda a formação de preços em 
mercados específicos, ou seja, como consumidores e empresas interagem no mercado e como 
decidem os preços e a quantidade para satisfazera ambos simultaneamente. 
Macroeconomia. Estuda a determinação e o comportamento dos grandes agregados 
nacionais, como o produto interno bruto, investimento agregado, a poupança agregada, o nível geral 
de preços, entre outros. Seu enfoque á basicamente de curto de prazo (ou conjuntural). 
Economia Internacional. Estuda as relações econômicas entre residentes e não residentes 
do país, as quais envolvem transações com bens e serviços e transações financeiras. 
Desenvolvimento econômico. Preocupa-se com a melhoria do padrão de vida da 
coletividade ao longo de tempo. O enfoque é também macroeconômico, mas centrado em questões 
estruturais e de longo prazo (progresso tecnológico, estratégias de crescimento etc.). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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UTILIDADE TOTAL E MARGINAL3 
2.1 – BREVE HISTÓRICO 
A evolução do estudo da teoria microeconômica teve início basicamente com a 
análise da demanda de bens e serviços, cujos fundamentos estão alicerçados no conceito 
subjetivo de utilidade. A utilidade representa o grau de satisfação que os consumidores 
atribuem aos bens e serviços que podem adquirir no mercado. Ou seja, a utilidade é a 
qualidade que os bens econômicos possuem de satisfazer as necessidades humanas. Como 
está baseada em aspectos psicológicos ou preferências, a utilidade difere de consumidor 
para consumidor (uns preferem uísque, outros, cerveja). 
A teoria do valor-utilidade contrapõe-se à chamada teoria do valor-trabalho, 
desenvolvida pelos economistas clássicos (Malthus, Adam Smith, Ricardo, Marx). A teoria 
do valor-utilidade pressupõe que o valor de um bem se forma por sua demanda, isto é, pela 
satisfação que o bem representa para o consumidor. Ela é, portanto, subjetiva e considera 
que o valor nasce da relação do homem com os objetos. Representa a chamada visão 
utilitarista, em que prepondera a soberania do consumidor, pilar do capitalismo. 
A teoria do valor-trabalho considera que o valor de um bem se forma do lado da 
oferta, por meio dos custos do trabalho incorporados ao bem. Os custos de produção eram 
representados basicamente pelo fator mão-de-obra, em que a terra era praticamente gratuita 
(abundante) e o capital pouco significativo. Pela teoria do valor-trabalho, o valor do bem 
surge da relação social entre homens, dependendo do tempo produtivo (em horas) que eles 
incorporam na produção de mercadorias. Nesse sentido, a teoria do valor-trabalho é objetiva 
(depende de custos de produção). 
A teoria do valor-utilidade veio complementar a teoria do valor-trabalho, pois não era 
mais possível predizer o comportamento dos preços dos bens apenas com base nos custos 
da mão-de-obra (ou mesmo custos em geral) sem considerar o lado da demanda (padrão de 
gostos, hábitos, renda, e outros). 
Além disso, a teoria do valor-utilidade permitiu distinguir o valor de uso do valor de 
troca de um bem. O valor de uso é a utilidade que ele representa para o consumidor. O valor 
de troca se forma pelo preço no mercado, pelo encontro da oferta e da demanda do bem. 
A teoria da demanda baseia-se na teoria do valor-utilidade. 
 
2.2 – UTILIDADE TOTAL E UTILIDADE MARGINAL 
Ao final do século passado, alguns economistas elaboraram o conceito de utilidade 
marginal e dele derivaram a curva de demanda e suas propriedades. Tem-se que a utilidade 
total tende a aumentar quanto maior a quantidade consumida do bem ou serviço. Entretanto, 
a utilidade marginal, que é a satisfação adicional obtida pelo consumo de mais uma unidade 
 
3
 Adaptado de VASCONCELLOS, Marco Antonio S.; GARCIA, Manuel E. Fundamentos de Economia. São Paulo: 
Saraiva, 2004 e SALVATORE, Dominick. Microeconomia. São Paulo: McGraw-Hill, 1984. 
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do bem, é decrescente, porque o consumidor vai perdendo a capacidade de percepção da 
utilidade proporcionada por mais uma unidade do bem, chegando à saturação. 
 
 
2.3 – EQUILÍBRIO DO CONSUMIDOR 
O objetivo do consumidor racional é o de maximizar a utilidade total ou satisfação que 
ele obtém ao utilizar a sua renda. O consumidor atinge o seu objetivo, ou está em equilíbrio, 
quando ele gasta a sua renda de tal forma que a satisfação ou utilidade do último real gasto 
nas várias mercadorias é a mesma. Isto pode ser expresso matematicamente por: 
 
𝑈𝑀𝑥
𝑃𝑥
= 
𝑈𝑀𝑦
𝑃𝑦
 
 
Havendo a seguinte restrição: 
 
Px Qx + Py Qy + ... = R (a renda monetária do indivíduo) 
 
 
2.4 – O EFEITO SUBSTITUIÇÃO E O EFEITO RENDA 
O movimento de um ponto de equilíbrio do consumidor para outro pode provocar um 
efeito substituição e um efeito renda. O efeito substituição diz que, quando o preço de uma 
mercadoria cai, o indivíduo substitui esta mercadoria por outra (que manteve seu preço 
inalterado). Este efeito substituição opera de modo a elevar a quantidade procurada da 
mercadoria cujo preço caiu. 
O efeito renda pode ser expresso como se segue. Se o preço de uma mercadoria cai, 
o poder aquisitivo do indivíduo com renda monetária constante sobe. Em outras palavras, 
sua renda real sobe. Quando isso ocorre, o indivíduo tende a comprar mais da mercadoria 
cujo preço caiu. Se a mercadoria é um bem normal, ou menos, se é um bem inferior. 
 
 
2.5 – EXEMPLO 
As duas primeiras colunas da Tabela a seguir referem-se à utilidade total hipotética 
para um indivíduo (UT), programada a partir do consumo de várias quantidades alternativas 
da mercadoria X por unidade de tempo. (A utilidade será suposta mensurável em termos de 
uma unidade fictícia que chamaremos “útil”.) observe que até um determinado ponto, como o 
indivíduo consome mais unidades de X por unidade de tempo, UTx cresce. As colunas (1) e 
(3) ta Tabela nos dão esta utilidade marginal do indivíduo (UM) num quadro para a 
mercadoria X. Cada valor da coluna (3) é obtido pela subtração dos dois valores sucessivos 
da coluna (2). Por exemplo, se o consumo individual da mercadoria X vai de zero unidades 
até 1 unidade, a UTx vai de zero útiles a 10 útiles, o que nos dá uma UMx de 10 útiles. 
Similarmente, se o consumo de X crescer de uma unidade para duas unidades, UTx cresce 
de 10 para 18, dando-nos uma UMx de 8. Observe que, à medida que este indivíduo 
consome mais e mais unidades de X por unidade de tempo, UMx decresce. 
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10 
(1) 
Qx 
(2) 
UTx 
(3) 
UMx 
0 0 - 
1 10 10 
2 18 8 
3 24 6 
4 28 4 
5 30 2 
6 30 0 
7 28 -2 
 
 
2.6 – EXERCÍCIO (Resolvido em sala de aula) 
A Tabela a seguir fornece as escalas de UMx e UMy para um indivíduo. Suponha que 
X e Y sejam as duas únicas mercadorias disponíveis e Px = $2 enquanto Py = $1; a renda do 
indivíduo é $12 por período de tempo, e é completamente gasta. (Observe que podemos 
sempre expressar os preços e as quantidades em números inteiros, escolhendo unidades 
adequadas.) Com o contínuo decréscimo de UM, a UT pode ser maximizada, ao mesmo 
tempo que maximizamos a utilidade recebida, gastando-se um real na unidade de tempo. 
Assim, o indivíduo pode gastar o primeiro e o segundo reais de sua renda para comprar a 
primeira e a segunda unidade de Y. Ele estará recebendo então um total de 21 útiles. Se ele 
gasta os primeiros dois reais de sua renda na compra da primeira unidade de X, ele 
receberá apenas 16 útiles. Seu terceiro e quarto reais podem ser gastos na compra de uma 
terceira e quarta unidades de Y. Disto ele recebe um total de 17 útiles. Um indivíduo poderia 
gastar seu quinto e sexto reais na compra da primeira unidade de X e seu sétimo e oitavo 
reais na compra de uma segunda unidade de X. Receberia então, respectivamente, 16 e 14 
útiles. O nono e décimoreais podem ser usados na compra de uma quinta e sexta unidades 
de Y, proporcionando um total de 13 útiles. O indivíduo pode ainda gastar seus dois últimos 
reais comprando a terceira unidade de X (quando receberia 12 útiles) ao invés de comprar a 
sétima e oitava unidades de Y (quando receberia então somente 9 útiles). 
 
Q UMx UMy 
1 16 11 
2 14 10 
3 ( 12 ) 9 
4 10 8 
5 8 7 
6 6 ( 6 ) 
7 4 5 
8 2 4 
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A utilidade total geral recebida pelo indivíduo é 93 útiles (obtida pela adição das 
utilidades marginais das três primeiras unidades de X e das primeiras 6 unidades de Y. Isto 
representa a utilidade máxima que o indivíduo pode receber de seus gastos. Se o indivíduo 
gasta sua renda de outra forma, a utilidade total obtida será menor. No ponto Qx = 3, Qy = 6, 
as duas condições para o equilíbrio do consumidor são simultaneamente satisfeitas; 
 
 
𝑈𝑀𝑥
𝑃𝑥
 = 
𝑈𝑀𝑦
𝑃𝑥
 ou 
12
$2
 = 
6
$1
 
 
 
Px Qx + Py Qy = R ou $2 x 3 + $1 x 6 = $12 
 
Isto é, a UM do último real em X (6 útiles) iguala a UM do último real gasto em Y, e a 
quantidade de dinheiro gasta em X ($6) mais a quantidade gasta em Y ($6) iguala 
exatamente a renda individual (de $12). As mesmas duas condições gerais teriam que ser 
satisfeitas para o indivíduo, para estar em equilíbrio, se ele comprasse mais de duas 
mercadorias. 
 
Se agora permitirmos a Px cair de $2 para $1, este indivíduo não estará mais em 
condição de equilíbrio. A UM do último real gasto em X (para a compra da terceira unidade 
de X) agora lhe dá 12 útiles enquanto o último real gasto em Y (na compra da sexta unidade 
de Y) lhe dá somente 6 útiles. Com o objetivo de atingir um novo ponto de equilíbrio, ete 
indivíduo deve comprar mais unidades de X. Assim que ele o fizer, UMx cairá. Este indivíduo 
atinge um novo ponto de equilíbrio quando compra 6 unidades de X a Px = $1. 
 
 
𝑈𝑀𝑥
𝑃𝑥
 = 
𝑈𝑀𝑦
𝑃𝑥
 ou 
6
$1
 = 
6
$1
 
 
 
Px Qx + Py Qy = R ou $1 x 6 + $1 x 6 = $12 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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3 
DEMANDA, OFERTA E EQUILÍBRIO DE MERCADO 
 
3.1 – DEMANDA DE MERCADO 
 
3.1.1 – Conceito 
A demanda ou procura pode ser definida como a quantidade de certo bem ou serviço 
que os consumidores desejam adquirir em determinado período de tempo. 
A procura depende de variáveis que influenciam a escolha do consumidor. São elas: o 
preço do bem ou serviço, o preço dos outros bens, a renda do consumidor e o gosto ou 
preferência do indivíduo. Para estudar-se a influência isolada dessas variáveis utiliza-se a 
hipótese do coeteris paribus, ou seja, considera-se cada uma dessas variáveis afetando 
separadamente as decisões do consumidor. 
 
3.1.2 – Relação entre quantidade procurada e preço do bem: a lei geral da demanda 
Há uma relação inversamente proporcional entre a quantidade procurada e o preço do 
bem. É a chamada lei geral da demanda. 
Essa relação quantidade procurada/preço do bem pode ser representada por uma 
escala de procura (Tabela 4.1), curva de procura ou função demanda. 
 
Tabela 4.1 Escala de procura 
Alternativas de preço ($) Quantidade demandada 
1,00 11.000 
3,00 9.000 
6,00 6.000 
8,00 4.000 
10,00 2.000 
 
Outra forma de apresentar essas diversas alternativas é pela curva de procura (Figura 
4.1). Para tanto, traçamos um gráfico com dois eixos, colocando no eixo vertical os vários 
preços P, e no horizontal as quantidades demandadas Q. Assim: 
 
 
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13 
 
 
 
 10,00 
 
 8,00 
 
 6,00 
 
 4,00 
 
 2,00 
 
 2.000 4.000 6.000 8.000 10.000 
Figura 4.1 Curva de procura do bem X. 
 
Os economistas supõem que a curva ou a escala de procura revelam as preferências 
dos consumidores, sob a hipótese de que estão maximizando sua utilidade, ou grau de 
satisfação no consumo daquele produto. Ou seja, subjacente á curva há toda uma teoria de 
valor, que envolve, como vimos, os fundamentos psicológicos do consumidor. 
A curva de procura inclina-se de cima para baixo, no sentido da esquerda para a 
direita, refletindo o fato de que a quantidade procurada de determinado produto varia 
inversamente com relação a seu preço, coeteris paribus. 
Matematicamente, a relação entre a quantidade demandada e o preço de um bem ou 
serviço pode ser expressa pela chamada função demanda ou equação da demanda: 
 
Qd = f (P) 
em que: 
Qd = quantidade procurada de determinado bem ou serviço, num dado período de tempo. 
P = preço do bem ou serviço. 
A expressão Qd = f (P) significa que a quantidade demandada Qd é uma função f do 
preço P, isto é, depende do preço P. 
A curva de demanda é negativamente inclinada devido ao efeito conjunto de dois 
fatores: o efeito substituição e o efeito renda. Se o preço de um bem aumenta, a queda da 
quantidade demandada será provocada por esses dois efeitos somados: 
a) Efeito substituição: se um bem A possui um bem substituto B, ou seja, outro bem 
similar que satisfaça a mesma necessidade, quando o preço do bem A aumenta, o 
consumidor passa a adquirir o bem substituto (o bem B), reduzindo assim a 
demanda do bem A. Exemplo: se o preço da caixa de fósforos subir 
demasiadamente, os consumidores passarão a demandar isqueiros, reduzindo 
assim sua demanda por fósforos. 
 
b) Efeito renda: quando aumenta o preço de um bem A, tudo o mais constante 
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14 
(renda do consumidor e preços de outros bens estando constantes), o consumidor 
perde poder aquisitivo, e a demanda por esse produto (A) diminui. Assim, embora 
seu salário monetário não tenha sofrido nenhuma alteração, seu salário real, em 
termos de poder de compra, foi corroído. 
 
3.1.3 – Outras variáveis que afetam a demanda de um bem 
Efetivamente, a procura de uma mercadoria não é influenciada apenas por seu preço. 
Existe uma série de outras variáveis que também afetam a procura. 
Para a maioria dos produtos, a procura será também afetada pela renda dos 
consumidores, pelo preço dos bens substitutos (ou concorrentes), pelo preço dos bens 
complementares e pelas preferências ou hábitos dos consumidores. 
Se a renda dos consumidores aumenta e a demanda do produto também, temos 
um bem normal. Existe também uma classe de bens que são chamados bens inferiores, 
cuja demanda varia em sentido inverso às variações da renda; por exemplo, se o 
consumidor ficar mais rico, diminuirá o consumo de carne de segunda e aumentará o 
consumo de carne de primeira. Temos ainda o caso de bens de consumo saciado, quando 
a demanda do bem não é influenciada pela renda dos consumidores (como arroz, farinha, 
sal). 
A demanda de um bem ou serviço também pode ser influenciada pelos preços de 
outros bens e serviços. Quando há uma relação direta entre preço de um bem e 
quantidade de outro, eles são chamados de bens substitutos ou concorrentes, ou ainda 
sucedâneos. Por exemplo, um aumento no preço da carne deve elevar a demanda de 
peixe, tudo o mais constante. Quando há uma relação inversa entre o preço de um bem e a 
demanda de outro, eles são chamados de bens complementares (por exemplo, quantidade 
de automóveis e preço da gasolina, quantidade de camisas sociais e preço das gravatas). 
Finalmente, a demanda de um bem ou serviço também sofre a influência dos hábitos 
e preferências dos consumidores. Os gastos em publicidade e propaganda objetivam 
justamente aumentar a procura de bens eserviços influenciando preferências e hábitos. 
Além das variáveis anteriores, que se aplicam ao estudo da procura pela maior parte 
dos bens, alguns produtos são afetados por fatores mais específicos, como efeitos sazonais 
e localização do consumidor, ou fatores mais gerais, como condições de crédito, 
perspectivas da economia, congelamentos ou tabelamentos de preços e salários. 
 
 
3.1.4 – Distinção entre demanda e quantidade demandada 
Embora tendam a ser utilizados como sinônimos, esses termos têm significados 
diferentes. Por demanda entende-se toda a escala ou curva que relaciona os possíveis 
preços a determinadas quantidades. Por quantidade demandada devemos compreender 
um ponto específico da curva relacionando um preço a uma quantidade. 
Na Figura 4.2, a demanda está indicada pela reta indicada pela letra D; já a 
quantidade procurada relacionada ao preço P0 é Q0. Caso o preço do bem aumentasse para 
P1, haveria uma diminuição na quantidade demandada, não na demanda. Ou seja, as 
alterações da quantidade demandada ocorrem ao longo da própria curva de damanda (reta 
D). 
 
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15 
 
 P 
 
 P1 B 
 
 P0 A 
 
 
 
 Q1 Q2 Q 
 Figura 4.2 Alteração na quantidade demandada 
 
Suponhamos que aogra a curva da procura inicial (Figura 4.3) fosse a reta indicada 
pela letra D0. Sendo o bem superior, caso houvesse um aumento na renda dos 
consumidores, a curva da procura D0 iria se deslocar para a direita, o que estaria indicando 
que, aos mesmos preços, por exemplo, P0, o consumidor estaria disposto a adquirir maiores 
quantidades do bem, passando de Q0 para Q2, A nova curva de demanda é representada 
pela reta D1. 
 
 P 
 
 P1 
 
 P0 
 
 D0 D1 
 
 Q1 Q0 Q3 Q2 Q 
 Figura 4.3 Alteração na demanda 
 
Antes do aumento da renda Após o aumento da renda 
Ao preço P0, o consumidor pode 
comprar Q0 
Ao mesmo preço P0, o consumidor pode 
Comprar Q2 
Ao preço P1, o consumidor pode 
comprar Q1 
Ao mesmo preço P1, o consumidor pode 
Comprar Q3 
 
 
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16 
Dessa forma, movimentos da quantidade demandada ocorrem ao longo da própria 
curva, devido a mudanças no preço do bem. Quando a curva de procura se desloca (em 
virtude de variações da renda ou de outras variáveis, que não o preço do bem), temos uma 
mudança na demanda (e não na quantidade demandada). 
 
3.2 – OFERTA DE MERCADO 
Pode-se conceituar oferta como as várias quantidades que os produtores dessem 
oferecer ao mercado em determinado período de tempo. Da mesma maneira que a 
demanda, a oferta depende de vários fatores; dentre eles, de seu próprio preço, do preço 
(custo) dos fatores de produção e das metas ou objetivos dos empresários. 
Diferentemente da função demanda, a função oferta mostra uma correlação direta 
entre quantidade ofertada e nível de preços, coeteris paribus. É a chamada lei geral da 
oferta. 
Podemos expressar uma escala de oferta de um bem X, ou seja, dada uma série de 
preços, quais seriam as quantidades ofertadas a cada preço: 
 
 Tabela 4.2 Escala de oferta 
Preço ($) Quantidade ofertada 
1,00 1.000 
3,00 3.000 
6,00 6.000 
8,00 8.000 
10,00 10.000 
 
Essa escala pode ser expressa graficamente; 
 
 
 10,00 
 
 8,00 
 
 4,00 
 
 2,00 
 
 
 2.000 4.000 6.000 8.000 10.000 
 Figura 4.4 Curva de oferta do bem X 
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17 
Matematicamente, a função ou equação da oferta é dada pela expressão: 
 
Qo = f (P) 
Em que: 
Qo = quantidade ofertada de um bem ou serviço, num dado período. 
P = preço do bem ou serviço. 
 
A relação direta entre a quantidade ofertada de um bem e o preço desse bem deve-se 
ao fato de que, um aumento do preço de mercado estimula as empresas a elevar a 
produção; novas empresas serão atraídas, aumentando a quantidade ofertada do produto. 
Além do preço do bem, a oferta de um bem ou serviço é afetada pelos custos dos 
fatores de produção (matérias-primas, salários, preço da terra), por alterações tecnológicas 
e pelo aumento do número de empresas no mercado. 
Parece claro que a relação entre a oferta e o custo dos fatores de produção seja 
inversamente proporcional. Por exemplo, um aumento dos salários ou do custo das 
matérias-primas deve provocar uma retração da oferta do produto. 
A relação entre a oferta e nível de conhecimento tecnológico é diretamente 
proporcional, dado que melhorias tecnológicas promovem melhorias da produtividade no uso 
dos fatores de produção, e portanto aumento da oferta. Da mesma forma, há uma relação 
direta entre a oferta de um bem ou serviço e o número de empresas ofertantes do produto 
no setor. 
 
3.2.1 – Oferta e quantidade ofertada 
Como no caso da demanda, também devemos distinguir entre a oferta e a quantidade 
ofertada de um bem. A oferta refere-se à escala (ou toda a curva), enquanto a quantidade 
ofertada diz respeito a um ponto específico da curva de oferta. Assim, um aumento no preço 
do bem provoca um aumento da quantidade ofertada, coeteris paribus (movimento ao longo 
da curva – diagrama a), enquanto uma alteração nas outras variáveis (como nos custos de 
produção ou no nível tecnológico) desloca a oferta (isto é, a curva de oferta). 
Por exemplo, um aumento no custo das matérias-primas provoca uma queda na 
oferta: mantido o mesmo preço P0 (isto é, coeteris paribus), a empresas são obrigadas a 
diminuir a produção (diagrama b). 
Por outro lado, uma diminuição no preço dos insumos, ou uma melhoria tecnológica 
na utilização dos mesmos, ou ainda um aumento no número de empresas no mercado, 
conduz a um aumento da oferta, dados os mesmos preços praticados, deslocando-se, desse 
modo, a curva de oferta para a direita (diagrama c). 
 
 
 
 
 
 
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18 
(a) Aumento na quantidade ofertada 
 
 P O 
 
 P1 
 
 P0 
 
 Q0 Q1 Q 
 
(b)Diminuição da oferta (c) Aumento da oferta 
 
 P O1 O0 P O0 O1 
 
 P0 P0 
 
 
 
 
 
 Figura 4.5 Alteração da quantidade ofertada e da oferta 
 
3.3 – EQUILÍBRIO DE MERCADO 
 
3.3.1– A lei da oferta e da procura: tendência ao equilíbrio 
A interação das curvas de demanda e de oferta determina o preço e a quantidade de 
equilíbrio de um bem ou serviço em um dado mercado. 
Seja a Tabela 4.3 representativa da oferta e da demanda do bem X. 
 
 Tabela 4.3 Oferta e demanda do bem X 
Preço ($) 
Quantidade 
Situação de mercado 
Procurada Ofertada 
1,00 11.000 1.000 Excesso de procura (escassez de oferta) 
3,00 9.000 3.000 Excesso de procura (escassez de oferta) 
6,00 6.000 6.000 Equilíbrio entre oferta e procura 
8,00 4.000 8.000 Excesso de oferta (escassez de procura) 
10,00 2.000 10.000 Excesso de oferta (escassez de procura) 
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19 
Como se observa na Tabela 4.3, existe equilíbrio entre oferta e demanda do bem X 
quando o preço é igual a 6,00 unidades monetárias. 
Graficamente: 
 
 P D O 
 10,00 
 
 8,00 
 
 6,00 E 
 
 
 3,00 
 
 1,00 
 
 2.000 4.000 6.000 9.000 11.000 Q 
 Figura 4.6 Equilíbrio de mercado 
 
 
Na interseção das curvas de oferta e demanda (ponto E), teremos o preço e a 
quantidade de equilíbrio, isto é, o preço e a quantidade que atendem às aspirações dos 
consumidores e dos produtores simultaneamente. 
Se a quantidade ofertada se encontrar abaixo daquela de equilíbrio E, teremos uma 
situação de escassez do produto. Haverá uma competição entre os consumidores, pois as 
quantidades procuradas serão maiores que as ofertadas. Formar-se-ão filas, o que forçará a 
elevação dos preços, até atingir-se o equilíbrio, quando as filas cessarão. 
Analogamente, se a quantidade ofertada se encontrar acima do ponto de equilíbrio E, 
haverá um excesso ou excedente de produção, um acúmulo de estoques não programado 
do produto, o que provocará uma competição entre os produtores, conduzindo a uma 
redução dos preços, até que se atinja o ponto de equilíbrio. 
Com se observa, quando há competição tanto de consumidores como de ofertantes, 
há uma tendência natural no mercado para se chegar a uma situação de equilíbrio 
estacionário – sem filas e sem estoques não desejados pelas empresas. 
Desse modo, se não há obstáculos para a livre movimentação dos preços, ou seja, se 
o sistema é de concorrência pura ou perfeita, será observada essa tendência natural de o 
preço e a quantidade atingirem determinado nível desejado tanto pelos consumidores como 
pelos ofertantes. Para que isso ocorra, é necessário que não haja interferência nem do 
governo nem de forças oligopólicas, que normalmente impedem quedas de preços dos bens 
e serviços. 
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20 
3.3.2 – Deslocamento das curvas de demanda e oferta 
Como vimos, existem vários fatores que podem provocar deslocamentos das curvas 
de oferta e demanda, com evidentes mudanças do ponto de equilíbrio. Suponhamos, por 
exemplo, que o mercado do bem X (um bem normal, não inferior) esteja em equilíbrio. O 
preço de equilíbrio inicial é P0 e a quantidade, Q0 (ponto A). 
 
 Preço 
 do bem x 
 
 D0 D1 
 O 
 P1 B 
 
 P0 A 
 
 
 
 
 Q0 Q1 Quantidade 
 do bem x 
 Figura 4.7 Deslocamento do ponto de equilíbrio 
 
 
Se, por hipótese, os consumidores obtêm um aumento de renda real (aumento de 
poder aquisitivo), a demanda do bem X, aos mesmos preços anteriores, será maior. Isso 
significa um deslocamento da curva de demanda para a direita, para D1. Assim, ao preço P0 
teremos um excesso de demanda, que provocará um aumento de preços até que o excesso 
de demanda acabe. 
O novo equilíbrio se dará ao preço P1 e quantidade Q1 (ponto B). 
Da mesma forma, um deslocamento da curva de oferta afetará a quantidade de 
mercado e o preço de equilíbrio. Suponha, para exemplificar, que haja uma diminuição dos 
preços das matérias-primas usadas na produção do bem X. Consequentemente, a curva de 
oferta do bem X se deslocará para a direita, e, por raciocínio análogo ao anterior, o preço de 
equilíbrio se tornará menor e a quantidade maior. O leitor poderá, como exercício, construir o 
gráfico para esse caso. 
 
3.4 – INTERFERÊNCIA DO GOVERNO NO EQUILÍBRIO DE MERCADO 
O governo intervém na formação de preços de mercado, quando fixa impostos, dá 
subsídios, estabelece os critérios de reajuste do salário mínimo, fixa preços mínimos para 
produtos agrícolas, decreta tabelamentos ou, ainda, congela preços e salários. 
 
3.4.1 – estabelecimento de impostos 
Embora seja tratado nos capítulos de Macroeconomia o papel do governo por meio 
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21 
dos instrumentos da política tributária, é interessante observar o enfoque microeconômico da 
tributação, que ressalta a questão da incidência do tributo, ou seja, é sabido que quem 
recolhe a totalidade do tributo é a empresa, mas isso não quer dizer que é ela quem 
efetivamente o paga. Assim, saber sobre quem recai efetivamente o ônus do tributo é uma 
questão da maior importância na análise dos mercados. 
Os tributos podem ser impostos, taxas ou contribuições de melhoria. Os impostos 
dividem-se em: 
 Impostos indiretos: impostos incidentes sobre o consumo ou sobre as vendas. 
Exemplos: Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), Imposto 
sobre Produtos Industrializados (IPI). 
 
 Impostos diretos: impostos incidentes sobre a renda e o patrimônio. Exemplos: 
Imposto de Renda (IR) e Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU). 
 
Entre os impostos indiretos destacamos: 
 Imposto específico: o valor do imposto é fixo, qualquer que seja o valor da 
unidade vendida. Exemplo: para cada carro vendido, recolhe-se, a título de 
imposto, R$ 5.000 ao governo (esse valor é fixo e independe do valor do 
automóvel). 
 
 Imposto ad valorem: é um percentual (alíquota) aplicado sobre o valor da venda. 
Exemplo: supondo a alíquota do IPI sobre automóveis de 10%, se o valor do 
automóvel for de R$ 50.000, o valor do IPI será de R$ 5.000; se seu valor 
aumentar para R$ 60.000, o valor do IPI será de R$ 6.000; Assim, como se pode 
notar, a alíquota permanece inalterada em 10%, enquanto o valor do imposto varia 
com o preço do automóvel. 
 
No Brasil, há poucos impostos específicos, sendo a quase-totalidade dos impostos 
incidentes sobre o consumo do gênero ad valorem. 
No ato do recolhimento, um aumento de impostos representa um aumento de custos 
de produção para a empresa. se ela quiser continuar vendendo as mesmas quantidades 
anteriores, terá de elevar o preço de seu produto, ou seja, procurará repassar o imposto 
para o consumidor. Caso contrário, terá de reduzir seu volume de produção. 
A proporção do imposto paga por produtores e consumidores é a chamada incidência 
tributária, que mostra sobre quem recai efetivamente o ônus doimposto4. 
 
 
 
 
 
 
 
4
 Há uma diferença entre o conceito jurídico e o conceito econômico de incidência. Do ponto de vista legal, a incidência 
refere-se a quem recolhe o imposto aos cofres públicos; do ponto de vista econômico, diz respeito a quem arca 
efetivamente com o ônus. Normalmente os impostos indiretos são recolhidos pelas empresas, mas elas repassam parte do 
imposto, aumentando o preço do produto e assim onerando o consumidor final. 
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22 
4 
ELASTICIDADE-PREÇO DA PROCURA 
 
A lei da demanda, que está expressa no declive da curva de demanda, é muito 
importante para o perfeito conhecimento da economia, pois reflete o comportamento do 
consumidor no mercado. Entretanto, a lei da demanda não seria de grande valia se não 
pudesse ser operacionalizada, se não pudesse apresentar uma utilização prática. De fato, 
sabemos que, se o preço de um bem aumenta, a procura por esse bem diminui. Entretanto, 
não dissemos nada a respeito da dimensão do aumento do preço do bem, isto é, de quanto 
foi o aumento, nem sobre a dimensão da diminuição da quantidade procurada. 
Para resolver esse problema, nós temos o conceito de elasticidade, que diz qual foi a 
reação dos consumidores em relação a um aumento no preço de um bem. Formalmente, a 
elasticidade-preço da demanda de um bem é a razão entre a variação percentual 
verificada na quantidade demandada de um bem e a variação percentual no preço desse 
bem. Algebricamente, a elasticidade-preço da demanda pode ser representada por: 
 
𝑒𝑝 =
∆𝑄
𝑄
∆𝑃
𝑃
 
 
Em que: 
ep = elasticidade-preço da demanda; 
ΔQ = variação na quantidade demandada 
Q = quantidade demandada; 
ΔP = variação no preço do bem; 
P = preço do bem. 
 
É interessante observar que o numerador ou o denominador dessa expressão 
representam apenas uma porcentagem e que, portanto, a elasticidade é uma divisão, ou 
uma razão, entre porcentagens. Em outras palavras, é a variação percentual na quantidade 
dividida pela variação percentual do preço. 
Para que o conceito de elasticidade-preço da demanda fique mais claro, vamos dar 
um exemplo. Considere a curva de demanda na figura a seguir, que representa a curva de 
demanda por carne: 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. J. Aurélio Vilas Boas, MSc. 
 
23 
 
 P 
 
 
 R$ 9,00 B 
 
 
 R$ 5,00 A 
 
 
 
 
 3 5 Q 
 
Suponhamos que os consumidores estejam sobre o ponto A na curva de demanda, 
onde adquirem, ao preço de R$ 5,00, 5 Kg por semana. Consideremos, agora, que o preço 
da carne suba para R$ 9,00, e verifiquemos, com o auxílio do conceito de elasticidade, qual 
será a reação dos consumidores a esse aumento de preço. Como pode ser visto na figura, 
os consumidores passaram para o ponto B sobre a curva de demanda, adquirindo apenas 3 
Kg por semana. Vamos calcular, então, a elasticidade-preço da demanda de carne. 
A variação percentual na quantidade demandada é obtida através do emprego da 
fórmula ΔQ/Q, que é o numerador da fórmula da elasticidade. ΔQ é igual à variação da 
quantidade, partindo da quantidade final; portanto, ΔQ = 3 – 5, ou seja, ΔQ = - 2. A 
quantidade Q é a inicial; logo, Q = 5. Então, a variação percentual na quantidade fica sendo: 
 
 
∆𝑄
𝑄
= 
3−5
5
= 
−2
5
= −0,4 = 40% 
 
 
Portanto, a diminuição percentual na quantidade demandada decorrente do aumento 
de preço foi de 40%. 
A variação percentual no preço é calculada pela mesma fórmula. ΔP é a variação no 
preço, partindo-se do preço final: ΔP = 9 – 5. Então, ΔP = 4. P é o preço inicial; logo, P = 5. 
Então, a variação percentual no preço fica sendo: 
 
 
∆𝑃
𝑃
=
9−5
5
= 
4
5
= 0,8 = 80% 
 
Portanto, a elevação percentual no preço foi de 80%. 
Finalmente, a elasticidade-preço da demanda por carne é: 
 𝑒𝑝 =
∆𝑄
𝑄
∆𝑃
𝑃
= 
−0,4
0,8
= −0,5 
 
Então, a elasticidade é igual a -0,5. 
Vamos, agora, interpretar melhor o conceito de elasticidade-preço da demanda, a 
partir do exemplo. 
A elasticidade é um conceito que mede a reação do consumidor às variações de 
preços em termos percentuais. Assim, em nosso exemplo, o preço da carne aumentou 80%, 
Prof. J. Aurélio Vilas Boas, MSc. 
 
24 
de R$ 5,00 para R$ 9,00. Os consumidores reagiram a esse aumento diminuindo a 
quantidade demandada em 40%, ou seja, de 5 Kg para 3 Kg por semana. A elasticidade-
preço da demanda é – 0,5, que é o resultado da divisão de – 0,4 por 0,8. O sinal negativo 
que surge na elasticidade indica a lei da demanda, isto é, a relação inversa existente entre 
as variações de preço e as variações nas quantidades demandadas. De fato, um aumento 
de 80% no preço causa uma redução de 40% na quantidade demandada. 
No exemplo que acabamos de discutir, a reação dos consumidores na demanda por 
carne foi proporcionalmente menor do que o aumento de preços, pois enquanto o aumento 
de preços foi de 80%, a diminuição na demanda por carne foi de 40%. Isso fica claro pelo 
valor da elasticidade, que é, sem considerarmos o sinal, 0,5, menor do que 1, portanto, 
significando que o numerador da fórmula da elasticidade é menor que o denominador. 
Entretanto, há determinados bens cuja variação percentual na quantidade demandada é 
maior do que a variação percentual nos preços. Nesse caso, a elasticidade é maior do que 
1, porque o numerador é maior que o denominador. Há, ainda, certos bens cuja variação 
percentual na quantidade demandada é igual à variação percentual nos preços. Nesse caso, 
a elasticidade-preço da demanda desses bens é igual a 1, porque o numerador e o 
denominador da fórmula da elasticidade são iguais. 
Com base no valor da elasticidade-preço da demanda, sem considerarmos o sinal, a 
demanda dos bens pode ser classificada em três categorias: 
 
 Demanda com elasticidade unitária: bens cuja elasticidade-preço da demanda é 
igual a 1; 
 Demanda inelástica: bens cuja elasticidade-preço da demanda é menor do que 1; 
 Demanda elástica: bens cuja elasticidade-preço da demanda é maior do que 1. 
 
O valor da elasticidade é um critério interessante para se determinar o grau de 
essencialidade dos bens. É de se esperar que um bem cujo consumo seja essencial à 
subsistência das pessoas tenha uma demanda inelástica, isto é, menor do que 1, 
significando que as pessoas não reduzem consideravelmente o consumo desses bens 
mesmo com aumento de preços. É o caso, por exemplo, do sal. Por outro lado, um bem cuja 
demanda seja elástica significa que as pessoas estão reduzindo seu consumo numa 
proporção maior do que o aumento de preços, podendo-se considerar que esse bem seja 
supérfluo, ou, então, que haja substitutos próximos no mercado. 
É interessante observar, também, que se os gastos feitos com um bem representam 
pouco no orçamento dos consumidores, esse bem tem uma demanda inelástica. O melhor 
exemplo disso ainda é o sal, que custa tão pouco que as pessoas não alterarão o consumo 
desse bem mesmo que seu preço aumente consideravelmente. 
Finalmente, observamos que o conhecimento da elasticidade-preço da demanda de 
um bem é fundamental para o empresário que o produz, pois tal conhecimento lhe dará os 
reflexos das variações de preço sobre a demanda pelo seu produto. 
 
 
 
 
 
 
Prof. J. Aurélio Vilas Boas, MSc. 
 
25 
5 
ESTRUTURAS DE MERCADO5 
 
 
5.1 – INTRODUÇÃO 
Pretendemos neste item estudara maneira pela qual se determinam os preços dos 
produtos e as quantidades que serão produzidas nos diversos mercados de uma economia. 
Tais mercados, por sua vez, estão estruturados de maneira diferenciada em função de dois 
fatores principais: número de firmas produtoras atuando no mercado e a homogeneidade ou 
diferenciação dos produtos da firma. 
Tendo isso em vista, podemos classificar as estruturas de mercado para o setor de 
bens e serviços da seguinte forma: 
Concorrência perfeita: é uma situação de mercado na qual o número de 
compradores e vendedores é tão grande que nenhum deles, agindo individualmente, 
consegue afetar o preço. Além disso, os produtos de todas as empresas no mercado são 
homogêneos. 
Monopólio: é uma situação de mercado em que uma única firma vende um produto 
que não tenha substitutos próximos. 
Concorrência monopolística: é uma situação de mercado na qual existem muitas 
empresas vendendo produtos diferenciados que sejam substitutos próximos entre si. 
Oligopólio: é uma situação de mercado em que um pequeno número de empresas 
domina o mercado, controlando a oferta de um produto que pode ser homogêneo ou 
diferenciado. 
Apresentaremos, a seguir, uma análise (de curto prazo) a respeito da concorrência 
perfeita e do monopólio. Devido à natureza introdutória deste texto, a concorrência 
monopolística e o oligopólio não serão objeto de estudo, sendo indicadas tão-somente suas 
características básicas. 
 
5.2 – CONCORRÊNCIA PERFEITA 
A primeira estrutura de mercado a ser analisada denomina-se concorrência perfeita. É 
uma estrutura de mercado que visa descrever o funcionamento ideal de uma economia, 
servindo de parâmetro para o estudo das outras estruturas de mercado. Trata-se de uma 
construção teórica. Apesar disso, algumas aproximações dessa situação de mercado 
poderão ser encontradas no mundo real, como é o caso dos mercados de vários produtos 
agrícolas. 
 
 
5
 Adaptado de PASSOS, Carlos Roberto \M., NOGAMI, Otto. Princípios de Economia. São Paulo: Pioneira, 2000. 
Prof. J. Aurélio Vilas Boas, MSc. 
 
26 
5.2.1 – Hipóteses Básicas do Modelo de Concorrência Perfeita 
As hipóteses nas quais o modelo de concorrência perfeita se baseia são as seguintes: 
a) Existência de um grande número de compradores e de vendedores 
Existe um número tão grande de compradores e vendedores, sendo cada comprador 
ou vendedor tão pequeno em relação ao tamanho do mercado que nenhum deles, atuando 
isoladamente, consegue influenciar o preço da mercadoria. 
Para exemplificar, suponhamos que o mercado de um produto qualquer seja 
composto, pelo lado da oferta, por 1.000 empresas, cada qual produzindo 2.000 toneladas 
desse bem, totalizando uma oferta conjunta de 2 milhões de toneladas. Suponhamos ainda 
que, pelo lado da procura, existam 10.000 compradores, cada qual adquirindo 200 Kg desse 
produto. Se uma das empresas resolvesse dobrar sua produção, a oferta total aumentaria 
em apenas 0,10%, o que não seria bastante para exercer impacto sobre o preço de 
mercado. Se, por outro lado, um dos compradores resolvesse deixar de comprar esse 
produto, as vendas cairiam em 0,01%, o que também seria insuficiente para alterar o preço 
desse bem. Isso evidencia o fato de que compradores e vendedores, isoladamente, não 
incapazes de exercer influência sobre o preço do que está sendo comprado ou vendido. Por 
esta razão, diz-se que eles são tomadores de preço, ou seja, o preço é um dado fixado tanto 
para empresas quanto para consumidores. 
 
b) Os Produtos são homogêneos 
Em um mercado de concorrência perfeita os produtos colocados no mercado pelas 
empresas são homogêneos, ou seja, são perfeitos substitutos entre si. Como resultado, os 
compradores são indiferentes quanto à empresa da qual eles irão adquirir o produto. 
 
c) Livre Entrada e Saída de Empresas 
Inexistem barreiras legais e econômicas tanto para a entrada quanto para a saída de 
empresas no mercado. Pressupõe-se, portanto, a inexistência de direitos de propriedades e 
patentes que possibilitem a uma empresa ou grupo de empresas controlar a entrada de 
novas empresas no mercado. Se tal controle ocorrer a concorrência estará limitada e o 
mercado não serão perfeitamente competitivo. Igualmente, inexistem barreiras legais à 
entrada e saída resultantes da ação governamental, tais como a exigência de determinadas 
condições para o estabelecimento de empresas em muitos mercados e que acabam 
resultando em imperfeições da concorrência. 
Finalmente, barreiras econômicas tais como a necessidade de grandes investimentos 
acabam por inviabilizar a entrada de novas empresas no mercado. Por esse motivo 
pressupõe-se a inexistência de tais obstáculos. 
 
d) Transparência de Mercado 
Essa hipótese garante que tanto compradores quanto vendedores têm informação 
perfeita sobre o mercado: ambos conhecem a qualidade do produto e seu preço vigente. Os 
vendedores conhecem também os custos e lucros de seus concorrentes. Assim é que, pelo 
fato de inexistir desinformação, nenhum comprador estará disposto a adquirir um produto 
por um preço superior ao vigente, pelo mesmo motivo, nenhum vendedor estará disposto a 
vender seu produto por um preço inferior ao de mercado. 
Prof. J. Aurélio Vilas Boas, MSc. 
 
27 
5.2.2 – A Curva de Demanda para uma Firma em Concorrência Perfeita 
Em um mercado operando em regime de concorrência perfeita, o preço de um bem 
será determinado pela interseção entre as curvas de oferta de mercado e demanda de 
mercado. 
Consideremos, então, um produto qualquer, com as escalas de demanda e oferta de 
mercado dadas pelo Quadro 1. 
 
Quadro 1 
Escalas de Oferta e Demanda de Mercado 
Preço 
(R$) 
Quantidade 
Demandada 
Quantidade 
Ofertada 
50,00 20.000 100.000 
40,00 40.000 80.000 
30,00 60.000 60.000 
20,00 80.000 40.000 
10,00 100.000 20.000 
 
O gráfico correspondente é dado pela Figura 1 – Parte 1. 
A demanda de mercado é representada por DM e a oferta de mercado por OM. O 
equilíbrio de mercado é determinado pelo preço de R$ 30,00, quando a quantidade que 
todas as firmas desejam produzir é exatamente igual à quantidade que todas as firmas 
desejam produzir é exatamente igual à quantidade que os consumidores desejam comprar, 
isto é, 60.000 unidades (ponto E). 
 
Figura 1 
A Derivação da Curva de Demanda para uma Firma em Concorrência Perfeita 
 
 Parte 1 – Determinação do Parte 2 – Curva de Demanda para 
 Preço de Mercado uma das Empresas 
 P P 
 
 60,00 - OM 60,00 – 
 
 50,00 - 50,00 – 
 
 40,00 - 40,00 – 
 
 30,00 - E 30,00 - D 
 
 20,00 - 20,00 – 
 
 10,00 - 10,00 – 
 DM 
0 0 
 20000 40000 60000 80000 100000 Q 200 300 400 500 600 Q 
 
O aspecto mais relevante para umafirma em um mercado puramente competitivo é o 
fato de que ela tem de subordinar-se aos preços de equilíbrio de mercado. Em nosso 
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28 
exemplo, o preço de equilíbrio de mercado é de R$ 30, e é um parâmetro dado para a 
empresa. se o preço é um dado para a empresa, isso significa dizer que a procura do 
produto para a empresa é infinitamente elástica, ou seja, é uma reta horizontal ao nível do 
preço do produto no mercado. Essa curva de demanda para a empresa pode ser visualizada 
a partir da Figura 1 – Parte 2. Verificamos então que ao preço de R$ 30 a empresa poderá 
vender tantas unidades quantas conseguir produzir com as instalações de que dispõe. O 
preço de mercado será o único preço pelo qual a empresa venderá seu produto. Isto porque 
se a firma resolver aumentar seu preço não conseguirá vendar nada, pois dadas as 
hipóteses de produto homogêneo e transparência de mercado, os consumidores passarão a 
comprar de outras firmas. A empresa também não irá cobrar abaixo do preço de mercado, 
uma vez que isso implicaria em perdas desnecessárias de receita, uma vez que, como já 
vimos, ela pode vender a quantidade que quiser ao preço de mercado. 
 
5.3 – RECEITA DE UMA FIRMA EM CONCORRÊNCIA PERFEITA 
 
5.3.1 – Receita Total (RT) 
Em concorrência perfeita, o preço cobrado por uma empresa não variará, qualquer 
que seja o volume de vendas. Por essa razão qualquer empresa que se encontre em um 
mercado perfeitamente competitivo poderá calcular a receita total através da multiplicação 
do preço cobrado pela quantidade vendida. Em termos analíticos a receita total é dada por: 
 
RT = P . Q 
onde: 
RT = Receita Total da firma 
P = preço de venda de produto 
Q = quantidade vendida 
 
5.3.2 – Receita Média (RMe) 
Entende-se por receita média a receita que a firma receberá por unidade vendida da 
mercadoria. Ela é o resultado do quociente entre a receita total e a quantidade vendida do 
produto. Em termos analíticos a receita média é dada por: 
 
𝑅𝑀𝑒 =
RT
Q
 
 
 como RT = P . Q 
 
então 𝑅𝑀𝑒 =
P . Q
Q
 
 
e finalmente RMe = P 
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29 
5.3.3 – Receita Marginal (RMg) 
A receita marginal é definida como sendo a variação na receita total decorrente do 
acréscimo de uma unidade no produto vendido, isto é: 
 
𝑅𝑀𝑔 =
∆RT
∆Q
 
Onde: 
RMg = Receita Marginal 
ΔRT = Variação na Receita Total, e 
ΔQ = Variação na Quantidade 
 
A Receita Marginal, em concorrência perfeita, será exatamente igual à receita média e 
ao preço de mercado. Logo, RMg = P = RMe. 
Vejamos exemplo mostrado no quadro 2, a seguir: 
 
Quadro 2 
Receita Total, Média e Marginal 
( 1 ) 
Preço de 
Mercado 
 
 
P (R$) 
( 2 ) 
Nível de 
Produção 
e Vendas 
 
Q 
( 3 ) 
Receita Total 
( 1 ) . ( 2 ) 
 
 
RT 
( 4 ) 
Receita Média 
( 3 ) ÷ ( 2 ) 
 
 
RMe 
( 5 ) 
Receita 
Marginal 
 
 
RMg 
10,00 0 0 - - 
10,00 1 10,00 10,00 10,00 
10,00 2 20,00 10,00 10,00 
10,00 3 30,00 10,00 10,00 
10,00 4 40,00 10,00 10,00 
10,00 5 50,00 10,00 10,00 
10,00 6 60,00 10,00 10,00 
 
5.4 – CUSTOS DE PRODUÇÃO 
 
5.4.1 – Custos Fixos (CF) 
Os custos fixos estão associados ao emprego dos fatores de produção fixos. Incluem 
certos tipos de impostos, aluguel de prédios, pagamentos de juros, seguros, custos de 
conservação, depreciação, certos tipos de ordenados etc. Os custos fixos dizem respeito às 
despesas nas quais a firma terá de incorrer, quer a empresa produza ou não, e serão 
sempre iguais, quaisquer que sejam os níveis de produção. 
 
5.4.2 – Custos Variáveis (CV) 
Os custos variáveis, por sua vez, dizem respeito aos pagamentos que a firma terá de 
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30 
efetuar pela utilização de fatores de produção variáveis. Os custos variáveis variam de 
acordo com o volume de produção da empresa, e incluem itens tais como despesas com 
metérias-primas, energia elétrica, mão-de-obra etc. Esses custos serão zero quando não 
houver produção (uma vez que, nesse caso, nada se emprega de fator variável) e 
aumentarão à medida que a produção aumentar. Por exemplo, quanto maior a produção de 
uma confecção, maior quantidade de tecido ela terá de comprar e, consequentemente, 
maiores serão seus custos com esse fator de produção. 
 
5.4.3 – Custo Total (CT) 
É o custo de produção total associado a cada possível nível de produto. Ele é dado 
pela soma dos custos fixos mais os custos variáveis. É claro que, se a produção for zero, o 
Custo Total será igual ao Custo Fixo. 
Algebricamente: 
CT = CF + CV 
 
5.4.4 – Custo Fixo Médio (CFMe) 
É o Custo Fixo dividido pela quantidade produzida: 
 
𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝐹𝑖𝑥𝑜 𝑀é𝑑𝑖𝑜 =
𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝐹𝑖𝑥𝑜
𝑃𝑟𝑜𝑑𝑢çã𝑜
=
𝐶𝐹
𝑄
= 𝐶𝐹𝑀𝑒 
 
5.4.5 – Custo Variável Médio (CVMe) 
É o Custo Variável dividido pela quantidade produzida: 
 
𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑉𝑎𝑟𝑖á𝑣𝑒𝑙 𝑀é𝑑𝑖𝑜 =
𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑉𝑎𝑟𝑖á𝑣𝑒𝑙
𝑃𝑟𝑜𝑑𝑢çã𝑜
=
𝐶𝑉
𝑄
= 𝐶𝑉𝑀𝑒 
 
5.4.6 – Custo Médio (CMe) 
O Custo médio é obtido através da divisão do Custo Total pelo volume de produção: 
 
𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑀é𝑑𝑖𝑜 =
𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙
𝑃𝑟𝑜𝑑𝑢çã𝑜
=
𝐶𝑇
𝑄
= 𝐶𝑀𝑒 
 
5.4.7 – Custo Marginal (CMg) 
É o acréscimo no custo total resultante do acréscimo de uma unidade na produção. 
Isso significa que o custo marginal corresponde ao custo adicional em que se incorre ao 
produzir-se mais uma unidade do produto. Ele é dado pela seguinte expressão: 
𝐶𝑀𝑔 =
∆𝐶𝑇
∆𝑄
 
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31 
5.5 – A MAXIMIZAÇÃO DO LUCRO NO CURTO PRAZO: ABORDAGEM TOTAL 
No curto prazo, uma firma operando em um mercado de concorrência perfeita 
maximizará o seu lucro total (LT) ao nível de produção em que a diferença entre a receita 
total (RT) e os custos totais (CT) for máxima. 
O Quadro 3 contém dados relativos a uma firma operando em concorrência perfeita. 
O preço de mercado do produto está na coluna ( 1 ) e, por hipótese, será de R$ 10 por 
unidade. A coluna ( 2 ) representa o nível de produção e vendas da firma. A coluna ( 3 ) nos 
dá os valores de receita total, e é obtida através do produto das colunas ( 1 ) e ( 2 ). As 
colunas ( 4 ) e ( 5 ) e ( 6 ) nos fornecem os valores de custo fixo, custo variável e custo total, 
respectivamente. A coluna ( 7 ) finalmente, nos fornece o lucro total, dado pela diferença 
entre a receita total e os custos totais. Verificamos, então, que o lucro máximo é de R$ 15 e 
ocorre com uma produção de 7 ou 8 unidades. A razão pela qual há dois níveis que 
maximizam o lucro é que estamos trabalhando com unidades discretas. Faremos, então, a 
suposição de que a firma sempre irá optar pelo maior dos dois níveis de produção 
maximizadores de lucros. 
 
Quadro 3 
Receita, Custos e Lucro para uma Firma em Concorrência Perfeita 
( 1 ) 
Preço de 
Mercado 
 
 
P (R$) 
( 2 ) 
Nível de 
Produção 
e Vendas 
 
Q 
( 3 ) 
Receita 
Total 
( 1 ) x ( 2 ) 
 
RT (R$) 
( 4 ) 
Custo Fixo 
 
 
 
CF (R$) 
( 5 ) 
Custo 
Variável 
 
 
CV (R$) 
( 6 ) 
Custo 
Total 
( 4 ) + ( 5 ) 
 
CT (R$) 
( 7 ) 
Lucro 
Total 
( 3 ) – ( 6 ) 
 
LT (R$) 
10,00 0 0 30,00 0 30,00 -30,00 
10,00 1 10,00 30,00 4,00 34,00 -24,00 
10,00 2 20,00 30,00 7,00 37,00 -17,00 
10,00 3 30,00 30,00 9,00 39,00 -9,00 
10,00 4 40,00 30,00 11,50 41,50 -1,50 
10,00 5 50,00 30,00 14,50 44,50 5,50 
10,00 6 60,00 30,00 18,50 48,50 11,50 
10,00 7 70,00 30,00 25,00 55,00 15,00 
10,00 8 80,00 30,00 35,00 65,00 15,00 
10,00 9 90,0030,00 51,00 81,00 9,00 
10,00 10 100,00 30,00 75,00 105,00 -5,00 
 
 
 
 
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32 
5.6 – A MAXIMIZAÇÃO DO LUCRO NO CURTO PRAZO – ABORDAGEM MARGINAL 
Vamos, nesta seção, analisar a maximização do lucro pela firma através do enfoque 
marginal. 
Para tanto, vamos nos utilizar dos valores constantes do Quadro 4. 
 
Quadro 4 
Receita Marginal, Custo Marginal, Custo Médio e Lucro 
( 1 ) 
Preço de 
Mercado 
 
 
 
P (R$) 
( 2 ) 
Nível de 
Produção 
e Vendas 
 
 
Q 
( 3 ) 
Receita 
Total 
(1) x (2) 
 
 
RT (R$) 
( 4 ) 
Receita 
Marginal 
 
 
 
RMg (R$) 
( 5 ) 
Custo 
Total 
 
 
 
CT (R$) 
( 6 ) 
Custo 
Marginal 
 
 
 
CMg (R$) 
( 7 ) 
Custo 
Médio 
(5) ÷ (2) 
 
 
CMe (R$) 
( 8 ) 
Lucro por 
Unidade 
(1) - (7) 
 
 
LUNID. 
( 9 ) 
Lucro 
Total 
(8) x (2) 
 
 
LT (R$) 
10,00 0 0 - 30,00 - - - - 30,00 
10,00 1 10,00 10,00 34,00 4,00 34,00 - 24,00 - 24,00 
10,00 2 20,00 10,00 37,00 3,00 18,50 - 8,50 - 17,00 
10,00 3 30,00 10,00 39,00 2,00 13,00 - 3,00 - 9,00 
10,00 4 40,00 10,00 41,50 2,50 10,38 - 0,38 - 1,50 
10,00 5 50,00 10,00 44,50 3,00 8,90 1,10 5,50 
10,00 6 60,00 10,00 48,50 4,00 8,08 1,82 11,50 
10,00 7 70,00 10,00 55,00 6,50 7,86 2,24 15,00 
10,00 8 80,00 10,00 65,00 10,00 8,13 1,87 15,00 
10,00 9 90,00 10,00 81,00 16,00 9,00 1,00 9,00 
10,00 10 100,00 10,00 105,00 24,00 10,50 - 0,50 - 5,00 
 
A pergunta que se faz é a seguinte: qual é o nível de produção que irá maximizar o 
lucro do empresário? Uma olhada no quadro acima nos mostra que o lucro será máximo 
quando a empresa estiver produzindo sete ou oito unidades do produto. Em termos 
marginais o empresário, objetivando maximizar o lucro total, produzirá onde a receita 
marginal for igual ao custo marginal. Isso ocorrerá para uma produção de 8 unidades, 
quando a RMg = CMg. 
O equilíbrio de custo prazo da firma vai ser alcançado onde o custo marginal é igual à 
receita marginal. Nesse ponto o CMg = RMg = P, e o nível de produção é de 8 unidades. 
Analisemos com um pouco mais de cuidado esses resultados. Eles nos mostram que 
o empresário sempre aumentará a produção enquanto o acréscimo de receita (RMg) for 
maior que o acréscimo de custo (CMg). Isso porque enquanto o acréscimo de receita for 
maior que o acréscimo de custo, necessariamente haverá um acréscimo de lucro. 
 
 
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33 
5.7 – O LUCRO NO CURTO PRAZO 
Uma empresa estará obtendo lucro, no curto prazo, sempre que o preço de mercado 
do produto for maior que o custo médio de curto prazo. 
 
5.8 – O PREJUÍZO NO CURTO PRAZO 
Uma empresa incorrerá em prejuízo sempre que o preço do produto foi inferior ao 
custo médio de curto prazo. 
 
5.9 – QUANDO A EMPRESA DEVE FECHAR AS PORTAS? 
A pergunta que se faz é por que em uma situação de prejuízo a empresa não 
interrompe a produção, fechando as suas portas, em vez de ficar perdendo dinheiro? A 
resposta é que existem situações em que é mais vantajoso continuar produzindo, mesmo 
que a firma esteja operando com prejuízo. Vamos analisar não só quando tais condições 
ocorrem como também quando é que a empresa realmente deve fechar suas portas. 
Inicialmente devemos observar que se o preço estiver abaixo do custo médio e a 
firma, por decorrência, estiver incorrendo em prejuízo, ela não deverá fechar as portas, 
desde que o preço seja igual ou maior que o custo variável médio. 
 
Situação I: Empresa produzindo, mesmo que com prejuízo. 
Sabemos que existem dois tipos de custo no curto prazo: os custos fixos e variáveis. 
Sabemos também que a produção no curto prazo não é afetada pelos custos fixos, uma vez 
que a empresa tem de arcar com esses custos, quer ela produza ou não. Isso significa que, 
a curto prazo, a única obrigação da empresa se resume em procurar cobrir seus custos 
variáveis. 
Para exemplificar, imaginemos uma firma que tenha apenas dois tipos de despesas: a 
folha de pagamento, no valor de R$ 80 mensais e o aluguel do escritório, com um contrato 
válido por um ano, no valor de R$ 130 por mês. Nessas condições a folha de pagamento 
representa o custo variável e o aluguel representa o custo fixo. Façamos então, a suposição 
de que a receita mensal desse escritório seja de R$ 100. 
Teremos, então a seguinte situação: 
CF = R$ 130 
CV = R$ 80 
CT = R$ 210 
RT = R$ 100 
 
De acordo com esses valores, podemos afirmar que a firma não encerrará suas 
atividades, uma vez que operando ela obtém uma receita de R$ 100, e com esta receita 
consegue cobrir seus custos variáveis, no valor de R$ 80, sobrando ainda R$ 20 para cobrir 
parte de seus custos fixos. Essa empresa terá, portanto, um prejuízo de R$ 110. Caso ela 
feche suas portas, e encerre sua produção ela não terá receita e nem custo variável, embora 
tenha de continuar a pagar um aluguel no valor de R$ 130, o que implicará em um prejuízo 
maior do que se ela continuar a produzir. Em outras palavras, a manutenção da firma aberta 
minimizará o prejuízo. 
Prof. J. Aurélio Vilas Boas, MSc. 
 
34 
As alternativas entre fechar as portas e continuar produzindo são expostas a seguir: 
 
Alternativa 1: fechar as portas 
Custo Total = Custo Fixo = R$ 130 
Receita Total = Zero 
Prejuízo = R$ 130 
 
Alternativa 2: continuar a produzir 
Custo Total = Custo Fixo + Custo Variável = R$ 210 
Receita Total = R$ 100 
Prejuízo = R$ 110 
 
Vamos então, que se a receita da empresa possibilitar a cobertura do custo variável e 
ainda houver uma sobra, esta sobra contribuirá para a cobertura de parte do custo fixo. 
 
Situação II: Ponto de fechamento da empresa 
Voltando ao nosso exemplo numérico, suponhamos, agora, que uma diminuição de 
preços provoque uma queda na receita dessa empresa de R$ 100 para R$ 80. Mesmo 
assim não valeria a pena fechar as portas e encerrar a produção. E por que? Porque com 
essa receita seria possível cobrir todo o custo variável, no valor de R$ 80. Como 
consequência a empresa teria um prejuízo exatamente igual ao seu custo fixo, no valor de 
R$ 130. Entretanto, este é um prejuízo com o qual ela terá de arcar, continuando ou não a 
produzir. A custo prazo, portanto, ela deve esperar que as condições de mercado melhorem, 
optando por não encerrar suas atividades. É claro que se os preços continuarem baixos no 
longo prazo então valerá a pena encerrar a produção. 
Vamos, a seguir, resumir as alternativas da empresa: 
 
Alternativa 1: fechar as portas 
Custo Total = Custo Fixo = R$ 130 
Receita Total = Zero 
Prejuízo = R$ 130 
 
Alternativa 2: continuar a produzir 
Custo Total = Custo Fixo + Custo Variável = R$ 210 
Receita Total = R$ 80 
Prejuízo = R$ 130 
 
 
Prof. J. Aurélio Vilas Boas, MSc. 
 
35 
Situação III: Empresa encerrando suas atividades 
Utilizando ainda o exemplo numérico, suponhamos que a receita da empresa caia de 
R$ 80 para R$ 70 mensais. Se a firma continuar a operar ela terá um prejuízo de R$ 140. Se 
ela fechar as portas, não terá mais de arcar com o custo variável, tendo somente de cobrir o 
custo fixo, no valor de R$ 130. Nesse caso, então, será mais interessante ela encerrar suas 
atividades e despedir seus empregados. 
As alternativas entre encerrar as atividades e continuar produzindo são expostas a 
seguir: 
 
Alternativa 1: fechar as portas 
Custo Total = Custo Fixo = R$ 130 
Receita Total = Zero 
Prejuízo = R$ 130 
 
Alternativa 2: continuar a produzir 
Custo Total = Custo Fixo + Custo Variável = R$ 210 
Receita Total = R$ 70 
Prejuízo = R$ 140 
 
Verificamos, então, que a alternativa mais conveniente para a empresa será, de fato, 
o encerramento de suas atividades. 
 
 
5.10 – MONOPÓLIO 
Já estudamos

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