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Esquema de Política e Teoria do Estado - DIR 3007 Sergio Somenzi Junior 1 2015-01 Sumário 1- PRÉ-PROVA – As prováveis 5 questões ........................................................................................................... 2 2- SEPARAÇÃO DOS PODERES ........................................................................................................................... 3 2.1 I - GÊNESE HISTÓRICA: ................................................................................................................................... 3 1- ESTADO MODERNO – UM PODER .......................................................................................................... 3 2- EXECUTIVO ARCAICO – DOIS PODERES ............................................................................................. 3 3- EXECUTIVISMO CLÁSSICO – TRÊS PODERES ................................................................................... 3 4- GOVERNAMENTALISMO – TETRAPARTIÇÃO DOS PODERES ........................................................ 5 EXPLICAÇÃO RETIRADA DA INTERNET SOBRE A TETRAPARTIÇÃO DOS PODERES: ............ 6 5- GOVERNAMENTALISMO DE PARTIDO – PENTAPATIÇÃO DOS PODERES (prova).................... 7 VISÃO GERAL ................................................................................................................................................ 7 VISÃO ESPECÍFICA ...................................................................................................................................... 7 MATERIAL COMPLEMENTAR PESQUISADO NA INTERNET. ............................................................ 9 6- GOVERNAMENTALISMO COM TRIBUNAL CONSTITUCIONAL – HEXAPARTIÇÃO DOS PODERES ............................................................................................................................................................. 11 MATERIAL COMPLEMENTAR PESQUISADO NA INTERNET. .......................................................... 11 2.2 II - O PROBELA DO ALCANCE – PREDOMÍNIO x EXCLUSIVIDADE .................................................... 12 2.3 III – ÓRGÃOS E FUNÇÕES e IV - PERSPECTIVAS DO STF .................................................................. 12 Constituição Federal – Art. 2º e 60º: ................................................................................................................. 12 Julgamentos do STF ............................................................................................................................................ 13 1) ADI 3739 + Art. 61 §1, II, c da CF. .................................................................................................... 13 2) HC 92628 ............................................................................................................................................... 14 3) ADIN 2911 ............................................................................................................................................. 15 Comissões Parlamentares de Inquérito ............................................................................................................ 15 Sobre CPIs ..................................................................................................................................................... 15 Julgamentos do STF sobre poderes de CPI .................................................................................................... 16 1) Mandado de Segurança 26.441 – CPI Aviação no mandato Lula. .............................................. 16 2) MS 25510 .............................................................................................................................................. 17 3) MS 23452 .............................................................................................................................................. 17 3- Teoria do Mandato ............................................................................................................................................... 20 3.1 Mandato Imperativo. ..................................................................................................................................... 20 3.2 Mandato Imputativo ...................................................................................................................................... 20 3.3 Mandato Partidário ....................................................................................................................................... 21 3.3.1 A questão da fidelidade partidária ......................................................................................................... 21 3.3.1.1 Noção - Dois níveis ................................................................................................................................. 21 Esquema de Política e Teoria do Estado - DIR 3007 Sergio Somenzi Junior 2 2015-01 3.3.1.2 Marco legal ............................................................................................................................................... 22 4- Os sistemas de governo ...................................................................................................................................... 24 4.1 Noção de parlamentarismo: ........................................................................................................................ 24 4.2 Noção do presidencialismo ......................................................................................................................... 25 4.3 Diferenças entre Parlamentarismo e Presidencialismo .......................................................................... 26 4.4 Questões Relevantes ao Parlamentarismo .............................................................................................. 26 4.4.1 A responsabilidade do Gabinete .............................................................................................................. 26 4.4.2 A dissolução do Parlamento ..................................................................................................................... 26 4.4.3 O Shadow Cabinet ..................................................................................................................................... 26 4.4.4 Membros do governo e parlamentares? ................................................................................................. 27 4.5 Algumas notas sobre a Constituição da Inglaterra .................................................................................. 27 4.5.1 O Parlamento: Abrangência ..................................................................................................................... 27 4.5.2 Os poderes intangíveis do Monarca ........................................................................................................ 27 4.6 Semipresidencialismo .................................................................................................................................. 27 4.6.1 De Gaulle e a passagem para a V República ........................................................................................ 28 4.6.2 Três características .............................................................................................................................. 28 4.6.3 O Nome engana... ................................................................................................................................29 4.6.4 O problema da dissolução .................................................................................................................. 29 1- PRÉ-PROVA – As prováveis 5 questões 1- Separação de Poderes - Nos dedicamos muito a isso. Vimos que é importante a evolução histórica desde a ideia de Estado moderno, passando por todas as partições do poder. Um ponto (dica) é o Estado Social. Esquema de Weimar e a importância de Max Weber. 2- Qual o rigor na separação dos poderes de acordo com as duas escolas teóricas sobre a separação dos poderes: a corrente da exclusividade (só legislativo pode legislar) e a corrente do predomínio (interferência parcial dos poderes). 3- Vários julgados do STF sobre separação dos poderes. Neles aparecem algumas coisas importantes, como por exemplo, o sistema de pesos e contrapesos no julgamento do processo do estado do Espirito Santos, para o STF "materialmente inelástico". É possível interferência parcial, contrapeso, mas só nas hipóteses previstas na constituição federal (inelasticidade material). Muito importante aquele caso da CPI que decreta a quebra de sigilo de uma juíza. Havia dois argumentos para dizer que a CPI estava errada: (1) falta de fundamentação e (2) inviolabilidade da prestação jurisdicional (decisão judicial só é modificável por um sistema de recurso processual judicial e não por CPI). Esquema de Política e Teoria do Estado - DIR 3007 Sergio Somenzi Junior 3 2015-01 4 - Teorias dos mandatos 1- Mandato imperativo de raízes medievais: lógica de direito privado - pode haver quebra de contrato se o eleito não cumprir o que deveria fazer. 2- Mandato imputativo: típico do Estado Liberal Clássico - se constrói contrário sensu (politico está lá para expressar o que a sociedade quer) - verbo imputar deve ser bem compreendido e significa Atribuir ao eleitorado à vontade do eleito. Se o representante pensa X presume-se que o eleitorado pensa X. O eleitorado não pode e não deve interferir no mandato, dessa forma o eleito agiria livre de influências externas, de forma a agir conforme a razão. O eleito não representa quem o votou, mas representa a ideia ampla de nação e busca do Bem Comum. 3- Mandato partidário - quem troca de partido perde o mandato, exceto por justa causa – criação, fusão ou incorporação partidária, desvio reiterado do programa do partido e grave discriminação pessoal. O voto de Aires Brito, a Partidocracia - partido filia a pessoa, designa o filiado em convenção para ser candidato, patrocina o candidato, disponibiliza o tempo de propaganda. 5 – Semipresidencialismo: é uma variação do parlamentarismo. Situação em que o primeiro ministro e presidente de visões diferentes convivem é denominada Coabitação. Obs.: Matéria sobre partidos políticos não cairá na prova. 2- SEPARAÇÃO DOS PODERES 2.1 I - GÊNESE HISTÓRICA: 1- ESTADO MODERNO – UM PODER a. Funções Estatais todas concentradas na Figura do Rei. b. Estado Moderno foi fundado contra “certos inimigos” e por isso todo poder fica nas mãos dos Reis. c. Poder Centralizado para combater disputas com o Papa; d. A idade média havia sido marcada pela disputa entre Poder Temporal x Poder Espiritual. 2- EXECUTIVO ARCAICO – DOIS PODERES a. Na Bipartição o Parlamento era Independente e o Rei acumulava os poderes de Governar, Administrar, Chefiar o Estado e o Judiciário; b. Ocasionada pela Revolução Gloriosa que afirmou os direitos históricos do parlamento; c. Bill of Rights - pacto entre forças sociais no Parlamento e os novos titulares da Coroa escolhidos para suceder a um trono vacante; d. John Locke foi o teorizador da bipartição dos poderes com o 2º Tratado do Governo Civil. 3- EXECUTIVISMO CLÁSSICO – TRÊS PODERES a. Judiciário ganhou independência com o Act of Settlement em 1701 (vitaliciedade e salário não podem ser reduzidos + garantia de independência para julgar); b. Principal Teórico foi Montesquieu (descrição detalhada abaixo); c. Rei ainda permanece com bastante poder; Legislativo Autônomo; Judiciário autônomo; Montesquieu Principal teórico da Tripartição dos Poderes. Esquema de Política e Teoria do Estado - DIR 3007 Sergio Somenzi Junior 4 2015-01 Do livro o Espírito das Leis: “quem diria que a própria virtude precisa de limites”. Foi filósofo da moderação, dos limites, da Euritmia (para a felicidade precisa-se de equilíbrio). Assim como querer demais também nos faz infeliz, a concentração de poder também. Defendeu a liberdade como um duplo papel/valor: 1- O fim Supremo do Direito e Política; e, 2- O meio para que os indivíduos busquem por sua própria felicidade. Liberdade era Negativa; Liberdade Securitas. “Todo homem que tem poder é levado a abusar do mesmo”. Quanto maior o poder, maior o abuso. Por isso não pode haver concentração de poderes. Ele não é otimista em relação à natureza humana. Solução que ele apresenta é bem realista (não utópica): Dividir o Poder. Nada de propor a transformação do homem. O direito para Montesquieu serve para controlar as paixões humanas para evitar guerras.“O poder tranca o poder”. Fórmula para separação dos poderes (feita a partir de uma análise da Constituição da Inglaterra): Em todo Estado há três tipos de poder: 1- Executivo das coisas que dependem do direito das gentes a. Seu Papel é manter a ordem interna e a segurança externa; b. Executivo de feição liberal, de Estado Mínimo; c. Está concentrado no Rei (ele reina e governa); d. Não se ocupava com determinas tarefas empregadas pelo poder executivo atual; e. Para ele o Estado Liberal era para garantir a Liberdade (Securitas). 2- Executivo das Coisas que dependem do direito Civil a. Poder de Julgar (jamais empregou a expressão judiciário); b. Funções: Punir Crimes e Resolver conflitos entre particulares; c. Detido pelos juízes, mas não são juízes de carreira. Ideia de júri anglo-saxão; d. Como bom iluminista ele dizia: O Juiz deve ser a boca da lei (“La bouche de la loi”); Juiz deve ser submisso à letra da lei, um automático aplicador da lei; Juiz legalista (positivista no mal sentido); “A potência de julgar é de alguma maneira nula”; 3- Poder Legislativo: Bicameral – Câmara Alta e Câmara Baixa a. Câmara Baixa (C.B.) – Dos Comuns – Eletiva; b. Câmara Alta (C.A.) – Dos Lordes – Hereditária; Esquema de Política e Teoria do Estado - DIR 3007 Sergio Somenzi Junior 5 2015-01 O interessante é a relação entre as Câmaras, basicamente um sistema em que a Câmara dos Lordes desacelerasse a velocidade das mudanças políticas propostas pela Câmara dos Comuns: a. C.B 1ª Casa: Papel de deliberar; estatuir – criar estatutos. b. C.A. 2ª Casa: Poder de Impedir - Moderar Excessos da C.B.; Desacelera a política -> Perigo do Provo* *Montesquieu era liberal conservador, portanto tinha medo do povo. Curiosidade: O 1º Senado Moderno foi dos EUA para controlar a Câmara dos Deputados. Medo das Tiranias das Maiorias. Observações: 1 – O Rei em Montesquieu tem o chamado Veto Absoluto, ou seja, o rei pode vetar as leis do parlamento e esse poder de veto do reinão pode ser derrubado. O Monarca, portanto, possuía alguma interferência numa atividade que não é a sua, a atividade legislativa. Veto era um direito Constitucional. 2 – Segundo Montesquieu os nobres não estavam submetidos ao poder de julgar, eles deveriam ser julgados pelos pares da Câmara Alta. Na Inglaterra essa tradição permanece até hoje. Dessas duas observações, percebe-se que, para Montesquieu, a separação dos poderes não é rígida. Mas uma forma de um poder controlar (trancar) o outro. 4- GOVERNAMENTALISMO – TETRAPARTIÇÃO DOS PODERES Rei perde o poder de governar. Iniciou na Inglaterra, em 1783, após enfraquecimento do Rei George devido a independência dos EUA. A consolidação ocorreu em 1832 com a Reform Act: Fim dos Burgos podres; Ampliação dos direitos de Votar; Consolidação Tetrapartição Consolida-se o Gabinete; Primeiro Ministro Governa. Rei acumula função Administrativa e de Chefe de Estado. Principal teórico é Benjamin Constant. Ele expressa as preocupações do Liberalismo pós-revolução Francesa. Dois fatos da Revolução Francesa o chocaram: 1- Terror Jacobino; 2- Despotismo Napoleônico. Esquema de Política e Teoria do Estado - DIR 3007 Sergio Somenzi Junior 6 2015-01 Ambos os eventos foram efetivados em nome da Soberania Popular. E esse será um problema a ser encarado pelo liberalismo pós-revolução francesa. Em nome da Soberania Popular poderia se escravizar a liberdade individual. Quando o Estado cresce a ponto de sufocar o individuo transforma-se num Sistema Totalitarista. Constant não nega o principio da soberania popular, mas propõe uma estratégia jurídica de limites baseado em dois pontos: a) Declaração de direitos individuais; b) Concepção alternativa da separação de Poderes. Ele propõe 4 Poderes: 1- Poder Neutro ou Real – Função de Poder Preservador (moderador), de Chefe de Estado. 2- Poder dos Ministros (do Governo); 3- Poder Legislativo; 4- Poder Judiciário. É importante entender as funções do Poder Real segundo Benjamin Constant: Não é Ativo – Ele não age, reage; Ele é juiz dos outros poderes; Ele é superior à diversidade de opiniões; Função do poder é reparar equilíbrio ao outros poderes; Está ao mesmo tempo acima e junto dos outros poderes; Poder do Chefe de Estado; Dispõe do veto contra Legislativo para evitar excessos; Pode dissolver o parlamento e convocar novas eleições; Dispõe do Indulto contra o Judiciário. “A chave da Organização Política está na distinção entre Poder Real e dos Ministros”. No Brasil o poder moderador foi previsto na Constituição de 1824. Foi a Expressão do liberalismo conservador. A ideia do Poder Moderador está presente na atualidade em alguns países como: 1. França (Semipresidencialismo); 2. Espanha (Monarca é o símbolo da unidade e arbitro); 3. Portugal; 4. Itália. Poder Real ou Neutro tem base na distinção entre: 1. Auctoritas – Autoridade – Chefe de Estado; 2. Potestas – Poder. EXPLICAÇÃO RETIRADA DA INTERNET SOBRE A TETRAPARTIÇÃO DOS PODERES: Essa independência foi realmente acontecer em 1832 com a primeira reforma eleitoral-Reform Act-, onde o povo passou a poder assumir o controle da política pela escolha do Primeiro Ministro, escolha que antes era do Rei, a partir de então o Gabinete passa a ser mais independente, prova disso foi que em 1841 em um conflito entre o Primeiro Ministro Robert Peel e a rainha Vitória, o ministro apoiado da maioria Parlamentar fez prevalecer a sua decisão. Esquema de Política e Teoria do Estado - DIR 3007 Sergio Somenzi Junior 7 2015-01 O idealizador dessa teoria foi o suíço-francês Benjamin Constant, ele propôs um novo poder, o pouvouir ministérie (poder ministerial) que estaria separado do pouvouir Royal (poder Real). Esse poder ministerial, enquanto função política era o responsável pela função governamental, visando o bem comum da sociedade, era esse órgão que decidia as questões que envolvessem conflitos de interesses, exigindo responsabilidade de quem opera e para isso tinha que ser visto como um Poder independente. O Poder Real seria responsável pela chefia do Estado e pela chefia da Administração Pública, já que estas funções exigem neutralidade e imparcialidade, fato, como visto bem diferente do poder ministerial. Assim, para Benjamin Constant os poderes políticos chegariam a quatro – o poder real (imparcial), o poder ministerial (governamental), o poder representativo (Senado e Câmara Baixa) e o poder judiciário. No Brasil tivemos a tetrapartição dos Poderes na Constituição de 1824, devido à presença, além das três funções estatais, do Poder Moderador. Porém este era confinado ao Imperador que acabava sendo detentor de grande parte do poder. 5- GOVERNAMENTALISMO DE PARTIDO – PENTAPATIÇÃO DOS PODERES (prova) VISÃO GERAL Na Pentapartição há a diferenciação entre Governo (política) e Administração (execução). O Governo é responsável pela direção geral, por estabelecer as diretrizes, ou seja, direção política e a Administração é responsável por organizar os meios práticos para concretização dessas diretrizes. “A Administração é serviço de quem não é dono... mas pelo direito público”. (Ruy Cirne Lima*) Seu início foi no séc. XX e o Estado Alemão com a Constituição de Weimar. Alemanha sempre teve a tradição de uma forte burocracia (governo da razão) e a forte influência do pensamento de Max Weber (Legitimidade Tradicional, Carismática ou Burocrática). “Uma sociedade que voluntariamente escolhe as próprias leis e quer obedecer às leis, é uma sociedade que quer ser governada pela razão”. O Estado Social é um fenômeno do século XX tendo como marcos as Constituições do México de 1917 e a Constituição de Weimar em 1919. Nelas foram inseridos Direitos Sociais e Econômicos, os chamados Direitos de Segunda Geração**. O século XX foi uma era dos extremos ideológicos. Assim, os juristas alemães concebem uma ideia de racionalização do poder, cujo objetivo é impedir que essas diferenças ideológicas se levassem a uma guerra. Portanto, os partidos devem respeitar as mínimas regras do jogo previsto na constituição. 5° Poder: A Administração não pode ser manipulada pelo governo ao bel prazer de quem é eleito. Deste modo, a administração passa a ser técnica, permanente e imparcial. A Administração continua sendo meio, mas desta vez enquadrada na legalidade e com garantia de continuidade. VISÃO ESPECÍFICA Seu surgimento deveu-se a alguns fatores históricos de grande influência no séc. XX como: (1) A ascensão da classe Trabalhadora, (2) Doutrinas como do Socialismo, (3) A Primeira Guerra Mundial e (4) Progressiva implantação do sufrágio universal (direito ao voto). Esquema de Política e Teoria do Estado - DIR 3007 Sergio Somenzi Junior 8 2015-01 5.1 Ele possui três grandes objetivos: 1- Preservar as conquistas do Estado Liberal: a Separação de Poderes e as Liberdades negativas; 2- Harmonizar as conquistas com Direitos Sociais e Econômicos; 3- Compatibilizar novas conquistas com ideal democrático de pluralismo Estado Pluralista.5.2 A noção de racionalização poder: Surge para conciliar os três grandes objetivos; Objetiva organizar de forma pacífica as disputas ideológicas enquadrando as diversas correntes na constituição e organizando lhes a alternância. Foi defendido por vários juristas alemães para impedir a guerra entre ideologias. Enquadrou-se na Constituição as diversas correntes políticas, de modo a existir uma alternância entre elas e arbitrada pelo poder. Racionalizar o poder via Constituição como se ela fosse uma moldura. 5.3 Resposta da Racionalização do Poder Distinção entre o chefe de Estado e de Governo; O Chefe de Estado terá sua legitimidade reforçada por eleições diretas; Imparcialidade da Administração Pública Torna-se real e um verdadeiro poder; Governo Cabeça: Dá a direção e o pensamento geral; Administração Membros: É a função mecânica de meios. 5.4 Função Administrativa Administração pública é serviço de quem não é dono; de quem não é senhor. Ela é o Quinto Poder, cujas características são: Permanência; Profissionalidade; Tecnicidade; Imparcialidade (por exemplo, ser apartidária). 5.5 A herança de Bismarck e o contexto de Weimar: A unificação da Alemanha em torno de um regime militarista com combate aos movimentos sociais, mas com incorporação dos valores defendidos por tais movimentos. Contexto de Weimar: Forte Tradição burocrática, pressão crescente de tarefas administrativas e aspiração por um Estado de direito Pluralista. 5.6 O contraponto de Max Weber Há um incomodo com a Herança de Bismark devido excesso de Militarismo; Superar castração politica de Bismarck; Queria recuperar função do Parlamento; Hipertrofia da Burocracia. 5.7 Weber na Constituição alemã de 1919 Estratégia para recuperar pluripartidarismo e reduzir o sufocamento da burocracia sobre o político; Esquema de Política e Teoria do Estado - DIR 3007 Sergio Somenzi Junior 9 2015-01 Weber contribuiu para a constituição de Weimar com três ideias principais: 1- Uma constituição federal como a maior unidade possível; 2- Comissões parlamentares de inquérito; 3- Consagração de Eleição direita para presidente da república que representava plebiscito em contraposição do 1º Ministro. Weber demonstra um caráter Dualista entre: Presidencialismo e Parlamentarismo. 5.8 Burocratização e legitimidade Há três categorias de obediência por legitimidade: 1- Tradicional (Irracional): Pela força do hábito. Ex. Regimes Patriarcais; 2- Carismática (irracional): “Qualidades mágicas”; 3- Legal (racional): Parâmetros legais, pois os líderes os seguem. Weber via o século XX da seguinte maneira e propunha a seguinte estratégia: Burocracia: como poder autônomo e individual; Diferenciar Burocracia de Judiciário; Conservar o Judiciário; Promover eleição direta do Chefe do Estado Incorporação de elementos carismáticos. MATERIAL COMPLEMENTAR PESQUISADO NA INTERNET. *Ruy Cirne Lima Ruy Cirne Lima, Jurista gaúcho, ensinou que administração é a atividade do que não é proprietário, senhor absoluto. Por isso, segundo o mestre, traço característico da administração pública é estar vinculada não a uma vontade, mas a uma finalidade pública. Nesse sentido, os governos são eleitos para servir à sociedade, e não para se servirem dela; devem atuar para fielmente alcançar finalidades públicas, independente de interesses pessoais ou partidários. Sem qualquer romantismo utópico, são pessoas que devem se apresentar para prestar um serviço à população. Caberá à administração - constituída por entidades, órgãos e agentes públicos - seguir o rumo e o ritmo ditados pelos representantes dos cidadãos, sempre com fiel obediência à Constituição e às leis do País. A grande massa de agentes públicos será responsável por realizar, na prática, a maior promessa trazida pela Constituição: a construção de uma Séc. XX Democratização Esquema de Política e Teoria do Estado - DIR 3007 Sergio Somenzi Junior 10 2015-01 sociedade justa e solidária, na qual seja possível promover o bem de todos. (http://idag.jusbrasil.com.br/noticias/2534285/administracao-publica-por-fabricio-motta) **Classificação dos Direitos de acordo com “suas Gerações”: Os direitos fundamentais não surgiram simultaneamente, mas em períodos distintos conforme a demanda de cada época, tendo esta consagração progressiva e sequencial nos textos constitucionais dando origem à classificação em gerações. Como o surgimento de novas gerações não ocasionou a extinção das anteriores há quem prefira o termo dimensão por não ter ocorrido uma sucessão desses direitos: atualmente todos eles coexistem. (NOVELINO, Marcelo. Direito Constitucional. São Paulo: Editora Método, 2009, 3º ed., 362/364.) Primeira Geração são os direitos ligados ao valor liberdade; são os direitos civis e políticos. São direitos individuais com caráter negativo por exigirem diretamente uma abstenção do Estado, seu principal destinatário. Direitos contra intervenção do Estado, por exemplo: direito de liberdade, de ir e vir, direito de propriedade. São Liberdades Negativas Liberdade dos Modernos. Caracterizam o Estado Liberal. Espaço na Vida Privada que o Estado não pode e não deve intervir. Exemplo: O domicílio é inviolável, as correspondências são invioláveis. “São direitos que buscam libertar todos e cada um do absolutismo de um ou de alguns sobre todos. Na origem, no plano político, como visto acima, cuidava-se de libertar o indivíduo do absolutismo do monarca e seus agentes, aos quais se opõe a liberdade individual irrestrita: o absolutismo da individualidade, que só pode ser restringida pela lei, como expressão da vontade geral e em função do interesse comum. (Sérgio Rezende de Barros) Segunda Geração – Caracterizam o Estado Social São os direitos ligados ao valor igualdade; são os Direitos Sociais, Econômicos e Culturais. São direitos de titularidade coletiva e com caráter positivo, pois exigem atuações do Estado. É uma prestação devida pelo Estado ao indivíduo (prestação positiva do Estado). Por exemplo, Direito à Educação, saúde e habitação. Surgiu no Governamentalismo com a Pentapartição do Poder. Terceira Geração são os direitos ligados ao valor fraternidade ou solidariedade. São os relacionados ao desenvolvimento ou progresso, ao meio ambiente, à autodeterminação dos povos, bem como ao direito de propriedade sobre o patrimônio comum da humanidade e ao direito de comunicação. São direitos transindividuais, em rol exemplificativo, destinados à proteção do gênero humano. Esquema de Política e Teoria do Estado - DIR 3007 Sergio Somenzi Junior 11 2015-01 6- GOVERNAMENTALISMO COM TRIBUNAL CONSTITUCIONAL – HEXAPARTIÇÃO DOS PODERES Governamentalismo com Tribunal Constitucional Esse sistema teve início com a Lei fundamental de 1949 na Alemanha após o trauma do nazismo. O Tribunal constitucional foi instituído com a missão de proteger os valores constitucionais, mesmo que seja contra a maior. Portanto, para muitos, ele é umórgão contra majoritário. Não se pode confundir o Tribunal Constitucional com Poder Judiciário. O Trib. Constitucional possui jurisdição constitucional (por exemplo, julgar leis inconstitucionais) e o Poder Judiciário tem a jurisdição comum. Jurisdição Comum Judiciário; Jurisdição Constitucional Adequação de Atos normativos à Constituição. (STF do Brasil não é um Tribunal Constitucional, pois ele é o órgão máximo do judiciário). A instituição do Tribunal Constitucional tem relação com o pós Segunda Guerra Mundial e o erro da democracia das maiorias. Anteriormente a Constituição era vista como uma Carta de Regulação Política. Mas após a 2º GM a constituição passa ser vista como: Fundamento de validade de todo ordenamento jurídico; Como repositório das normas jurídicas supremas; O paradigma para a elaboração das normas; A cabeça de capítulo de todos os ramos do direito. MATERIAL COMPLEMENTAR PESQUISADO NA INTERNET. Nos países europeus que possuem Tribunais Constitucionais, como, por exemplo, a Alemanha, esse tribunal é órgão constitucional cuja atuação repercute em todos os Poderes, situando-se no organograma do Estado ao lado do Executivo, Legislativo e Judiciário, não sendo, portanto, órgão do Poder Judiciário e nem se situando acima dos Poderes Executivo e Legislativo. É formado por pessoas indicadas pelos três poderes, com mandato certo e transitório, vedada a contínua ou posterior recondução. O tribunal constitucional é, portanto, suprapartidário. Sob este prisma, o professor José de Albuquerque Rocha analiza o fundamental é o Tribunal Constitucional garantir a primazia da Constituição. Deste modo, para que um órgão tenha uma genuína natureza de Corte Constitucional, nos moldes dos Tribunais europeus, adverte o citado autor, que deve-se ainda ter o monopólio do contencioso constitucional e uma verdadeira jurisdição, a qual deve estar fora do máquina estatal. Trata-se, assim, de um poder com atribuições políticas, ou seja, um órgão com jurisdição constitucional e independente, cujas decisões tem o desiderato de cumprir o postulado da Constituição. No modelo europeu, segundo Louis Favoreu, o contencioso constitucional não se equipara ao contencioso ordinário, uma vez que “as questões constitucionais são de competência exclusiva de apenas um Tribunal, o qual é especialmente designado para esta finalidade, cujas decisões tem força de coisa julgada erga omnes.” Assim, possuem uma jurisdição constitucional de natureza concentrada, a qual centraliza suas decisões em um só Tribunal. Esquema de Política e Teoria do Estado - DIR 3007 Sergio Somenzi Junior 12 2015-01 2.2 II - O PROBELA DO ALCANCE – PREDOMÍNIO x EXCLUSIVIDADE Princípio da Separação dos Poderes não é tão simples, tão redondo. A pergunta que surge nesse contexto é: Qual é o rigor da Separação dos Poderes? Escola Exclusividade: Cada poder tem exclusividade na sua esfera de ação. Não há que se falar em interferência entre os poderes, a separação entre poderes é rígida. Escola Predomínio: Cada poder tem predomínio na sua esfera de ação, mas não exclusividade. É aceito uma interferência parcial dos poderes. Montesquieu admitia expressamente a não exclusividade. Por exemplo: Os nobres deveriam ser julgados pela câmara alta (legislativo) e o Poder de Veto do Monarca num ato do poder legislativo. A separação de poderes não proíbe que um poder interfira parcialmente na esfera de ação de outro departamento. O que é vedado é que um poder tome o lugar de outro. De tal forma que é de destaque a teoria do “Checks and Balances” (doutrina desenvolvida no federalismo dos EUA): “Os três poderes não são como retas paralelas”. Separação dos Poderes é uma Separação de órgãos e tarefas e essas duas separações nem sempre coincidem. História dos EUA Ano de 1776 – Início da Confederação, a qual possuía as seguintes características: Cada membro era Independente; Direito de Secessão; Governo Central não legisla diretamente para indivíduos, cada Estado deveria ou não ratificar a Lei Federal; Regida pelos “Artigos de Confederação”. Ano de 1787 – Início da Federação com as seguintes características: Presidencialismo Constituição dos EUA Membros autônomos Membros não tem poder de Secessão Governo Central pode legislar diretamente para os indivíduos Federalismo dual: Competências de lista da União e o resíduo é dos estados. Defensores da Federação: Alexander Hamilton, Jonh Jay e James Madison que sob o pseudônimo de Publius publicaram “The Federalist Paper” e figuram entre os Fouding Fathers dos EUA. Federalismo Alemão (Weimar) Competências Compartilhadas; Possui uma centralização maior que os EUA. 2.3 III – ÓRGÃOS E FUNÇÕES e IV - PERSPECTIVAS DO STF Constituição Federal – Art. 2º e 60º: Esquema de Política e Teoria do Estado - DIR 3007 Sergio Somenzi Junior 13 2015-01 Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta: § 4º - Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: III - a separação dos Poderes; Julgamentos do STF 1) ADI 3739 + Art. 61 §1, II, c da CF. O Processo legislativo cuja primeira etapa é chamada de “iniciativa” é o ato que desencadeia todo o processo, é uma proposta de direito novo. Para os Governadores e prefeitos o STF assegura o princípio da Simetria que fazem que sigam os preceitos constitucionais do Presidente da República. Por tal princípio os Estados e municípios seguem os mesmos parâmetros da União. Normas Gerais do Processo Legislativo são de observância compulsória pelos Estados e Municípios. STF: O Fato das normas do processo legislativo federal serem compulsórias aos Estados Membros é uma garantia da Separação dos Poderes. Um pouco mais sobre a ADI 3739, matéria que consta no site Âmbito Jurídico: http://www.ambito-juridico.com.br/site/?n_link=visualiza_noticia&id_caderno=20&id_noticia=6353 O governador do Estado do Paraná, Roberto Requião de Mello e Silva, ajuizou, no Supremo Tribunal Federal (STF), Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 3739, com pedido de liminar, contra a Lei Estadual 15.000/06. A norma assegura à servidora pública que seja mãe, esposa, companheira, tutora ou que detenha a guarda e responsabilidade de pessoa portadora de deficiência, a dispensa de parte do trabalho, respeitada a execução de metade da carga horária semanal, sem prejuízo de remuneração. A dispensa é aplicada aos servidores e funcionários da administração direta e indireta e dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, inclusive aqueles que possuem carga horária de 20 horas semanais. O artigo 3º da lei questionada prevê o mesmo tratamento aos servidores públicos que sejam viúvos, separados judicialmente ou divorciados, que tenham sob sua guarda, tutela ou curatela, pessoa portadora de deficiência ou que tenha esposa ou companheira portadora de deficiência. Afirma que há violação a alínea “c”, inciso II, parágrafo 1º do artigo 61 da Constituição Federal, por se tratar de regime jurídico de servidor público do estadual. Este dispositivo diz que é de competência do poder Executivo dispor sobre servidor público e seu regime jurídico. O governador alegaque a lei estadual invade competência privativa dos órgãos do poder Judiciário para propor lei que fixe o regime jurídico dos servidores. Segundo ele, a norma viola a alínea “b”, inciso II do artigo 96, da Constituição Federal, que estabelece a competência privativa do Supremo Tribunal Federal (STF), dos tribunais superiores e aos tribunais de justiça para propor ao poder Legislativo regulamentação sobre a remuneração dos serviços auxiliares. Sustenta ainda que há violação ao princípio da independência harmônica dos Três Poderes, previsto no artigo 2º da Constituição Federal. Este dispositivo diz que os poderes Legislativo, Executivo e Judiciário são poderes da União, independentes e harmônicos entre si. O governador pede suspensão liminar e, no mérito, a declaração de inconstitucionalidade da lei estadual. O relator da ADI é o ministro Gilmar Mendes. Esquema de Política e Teoria do Estado - DIR 3007 Sergio Somenzi Junior 14 2015-01 Matéria que consta no site Estudo de Direito Administrativo Na linha da orientação fixada no julgamento acima relatado, o Tribunal julgou procedente pedido formulado em ação direta ajuizada pelo Governador do Estado do Paraná para declarar a inconstitucionalidade da Lei estadual 15.000/2006, de iniciativa parlamentar, que assegura, à servidora pública que seja mãe, esposa ou companheira, tutora, curadora ou que detenha a guarda e responsabilidade de pessoas portadora de deficiência, a dispensa de parte do trabalho, respeitada a execução de metade da carga horária semanal, sem prejuízo de remuneração. 2) HC 92628 Furto x Roubo. Joaquim Barbosa julgou que seguir a tese de dar uma pena de outro crime seria criar uma terceira espécie normativa inexistente em nosso ordenamento. Princípio da Separação dos poderes impede que um juiz modifique a essência das normas estabelecidas pelo legislador. Impede que o juiz crie normas jurídicas primárias. Um pouco mais sobre o HC 92628, matéria que consta no site: http://stf.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/2916287/habeas-corpus-hc-92628-rs Ementa HABEAS CORPUS. CRIME DE BAGATELA. TESE NÃO SUBMETIDA ÀS INSTÂNCIAS INFERIORES. NÃO CONHECIMENTO. CRIME DE FURTO E CRIME DE ROUBO. CONCURSO DE AGENTES. AUMENTOS DE PENA DIFERENCIADOS. PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE. VIOLAÇÃO INOCORRENTE. DIVERSIDADE DOS PARÂMETROS. IMPOSSIBILIDADE DE COMBINAÇÃO ENTRE PRECEITOS NORMATIVOS. PRINCÍPIO DA SEPARAÇÃO DE PODERES E DA RESERVA LEGAL. ORDEM PARCIALMENTE CONHECIDA E DENEGADA. 1. A alegação de insignificância da conduta por cuja prática o paciente foi condenado não foi objeto de impugnação nas instâncias inferiores, razão pela qual o pleito não pode ser conhecido, nesta parte. 2. Não se constata a alegada desproporcionalidade da pena imposta pelo legislador ao furto qualificado pelo concurso de agentes, quando comparada ao roubo agravado pela mesma circunstância (art. 155, § 4º, e art. 157, § 2º, do Código Penal). 3. O parâmetro adotado pelo legislador para a elevação da pena no crime de roubo é a pena prevista para o referido delito, praticado na modalidade simples. 4. Por esta razão, é impossível aplicar, à pena do furto simples, a fração prevista pelo legislador para incidir sobre uma pena muito maior, que é a do roubo simples. A diversidade dos parâmetros confere integral legitimidade à diferença das frações de aumento. 5. Ademais, não é dado ao Poder Judiciário combinar previsões legais, criando uma terceira espécie normativa, não prevista no ordenamento, sob pena de ofensa ao princípio da Separação de Poderes e da Reserva Legal. Não há pena sem prévia cominação legal. É um atentado contra a própria democracia permitir que o Poder Judiciário institua normas jurídicas primárias, criadoras de direitos ou obrigações. Ausência de legitimidade democrática. 6. Ordem parcialmente conhecida e, nesta parte, denegada. Esquema de Política e Teoria do Estado - DIR 3007 Sergio Somenzi Junior 15 2015-01 3) ADIN 2911 Art. 57 da Constituição do Espírito Santos -> Convocação do Presidente do TJ. O que vai de encontro ao artigo 50 da CF. Princípios de freios e contrapesos é materialmente inelástico. Ou seja, o sistema de freios e contrapesos só se aplica nos casos previstos na CF. Qualquer aplicação além daquelas modalidades previstas são Inconstitucionais conforme julgamento do STF. Um pouco mais sobre a ADIN 2911, matéria que consta no site: http://stf.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/759955/acao-direta-de-inconstitucionalidade-adi-2911-es Ementa CONSTITUCIONAL. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. IMPUGNAÇÃO DA EXPRESSÃO "PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA", CONTIDA NOS §§ 1º E 2º DO ART. 57 DA CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DO ESPIRITO SANTO. Os dispositivos impugnados contemplam a possibilidade de a Assembleia Legislativa capixaba convocar o Presidente do Tribunal de Justiça para prestar, pessoalmente, informações sobre assunto previamente determinado, importando crime de responsabilidade a ausência injustificada desse Chefe de Poder. Ao fazê-lo, porém, o art. 57 da Constituição capixaba não seguiu o paradigma da Constituição Federal, extrapolando as fronteiras do esquema de freios e contrapesos -- cuja aplicabilidade é sempre estrita ou materialmente inelástica -- e maculando o Princípio da Separação de Poderes. Ação julgada parcialmente procedente para declarar a inconstitucionalidade da expressão "Presidente do Tribunal de Justiça", inserta no § 2º e no caput do art. 57 da Constituição do Estado do Espirito Santo Comissões Parlamentares de Inquérito Sobre CPIs 1- Caracterização: a. Previsão Expressa- Art. 58 § 3 i. Poderes de Investigação própria de autoridade judicial; ii. Aprovação por 1/3 dos membros; iii. Fato certo e Prazo Definido. b. Órgão Extraordinário i. Temporários 1. Câmara dos Dep. – Prazo é de até 120 dias, prorrogável por mais 60 dias. (art 35 do regimento interno) 2. Senado – Prazo é aquele solicitado no Ato do Requerimento de instalação da CPI. ii. Podem funcionar no recesso c. Órgãos Colegiados i. Não há regra que estipule quantos são devam os membros da CPI; ii. Número deve ser definido no Requerimento de Abertura iii. Deve ser composto respeitando a proporção do plenário “o quanto possível”. (Art. 58 §1 CF) 2- Qual deve ser o objeto de uma CPI? Esquema de Política e Teoria do Estado - DIR 3007 Sergio Somenzi Junior 16 2015-01 a. A CPI pressupõe presunção de existir fato com verossimilhança; b. O fato deve ser relevante à vida pública Nacional; c. O fato deve estar bem delimitado; d. O fato deve ser revestido de ilicitude e ilegalidade. 3- Os poderes de uma CPI: a. Lei 1579-52 i. Convocar Ministro ii. Tomar depoimento de qualquer autoridade iii. Ouvir indiciados iv. Inquirir Testemunhas v. Requisitar de repartições públicas e autárquicas aquisições e documentos vi. Transportar-se a lugares onde se fazer mister a sua presença vii. Decretar a quebra dos sigilos (de dados) bancário, fiscal e telefônico dos investigados. Não podendo fazer interceptação (escuta) telefônica. 4- O que CPI não pode? (a maioria são prerrogativas dos juízes)a. Ordenar Busca Domiciliar; b. Não pode negar aos depoentes e Testemunhas assistência jurídicas c. Proibir pessoas de se ausentar do país. 5- Conclusões a. CPI não condena nem impõe pena ou sanção de qualquer espécie. b. Ela encaminha relatório sob forma de resolução e encaminha ao MP. Julgamentos do STF sobre poderes de CPI 1) Mandado de Segurança 26.441 – CPI Aviação no mandato Lula. 1- Mesa da Câm. dos Dep. defere requerimento para criar a CPI; 2- Líder do PT interpõe Questão de Ordem (Q.O.); 3- A mesa indefere a Q.O.; 4- O líder recorre ao plenário e defere a Q.O; 5- STF é acionado e garante o direito das Minorias, direito de instalação da CPI. STF diz que: 1- Existe um verdadeiro estatuto constitucional das minorias quanto ao direito de oposição; 2- O direito de oposição não pode ser uma prerrogativa sem eficácia sujeita a concordância da maioria; 3- A cláusula que prevê a CPI é claramente contra majoritária. Um pouco mais sobre a ADIN 2911, matéria que consta no site: http://www.stf.jus.br/imprensa/pdf/ms26441mc.pdf MED. CAUT. EM MANDADO DE SEGURANÇA 26.441-1 DISTRITO FEDERAL RELATOR: MIN. CELSO DE MELLO Cumpre registrar, finalmente, em face das gravíssimas consequências que vêm afetando a regularidade do sistema de tráfego aéreo neste País, com especial atenção para o trágico acidente ocorrido em 29/09/2006, que o inquérito parlamentar pretendido pelas minorias legislativas que atuam na Câmara dos Deputados, mais do que representar prerrogativa desses grupos minoritários, constitui direito insuprimível dos cidadãos da República, de quem não pode ser subtraído o conhecimento da verdade e o pleno esclarecimento dos fatos que tanto prejudicam os superiores interesses da coletividade. Esquema de Política e Teoria do Estado - DIR 3007 Sergio Somenzi Junior 17 2015-01 2) MS 25510 Uma juíza protocola junto ao STF contra a quebra de sigilo no caso das CPI dos Bingos (suspeitas que ela estivesse vendendo liminares). O STF acolheu o mandado de segurança sob os seguintes argumentos: 1- A decisão de que trata de sigilo não teve fundamentação suficiente; 2- Devido Princípio da Intangibilidade da prestação jurisdicional. O argumento do Princípio de Intangibilidade dá garantia a separação dos poderes e como conclusão do processo estabelece que CPIs não podem quebrar sigilo de juiz. Ementa MANDADO DE SEGURANÇA. CPI DOS BINGOS. ATO JURISDICIONAL. SEPARAÇÃO DE PODERES. 1. O acerto ou o desacerto da concessão de liminar em mandado de segurança, por traduzir ato jurisdicional, não pode ser examinado no âmbito do Legislativo, diante do princípio da separação de poderes. O próprio Regimento Interno do Senado não admite CPI sobre matéria pertinente às atribuições do Poder Judiciário (art. l46, II). 2. Segurança deferida. 3) MS 23452 MS impetrado por particulares que tiveram sigilo quebrado por decisão de comissão parlamentar de inquérito. Poder legislativo alega: Ato de CPI não poderia ser revisado pelo judiciário devido separação dos Poderes. STF responde que: 1- A CPI é a Longa Manus do Poder legislativo; 2- O controle jurisdicional atos praticados com abuso de poder da CPI não ofende separação dos poderes; 3- A separação dos poderes tem por essência duas coisas: a. Conter os excessos dos órgãos do poder; b. Conservar as liberdades dos cidadãos. 4- A separação dos Poderes visa evitar a formação de instâncias hegemônicas de poder; 5- A quebra de sigilo deveria ter sido motivada quando da sua decretação. Não é possível motivação a posterior, quando da manifestação nos autos do mandado de segurança. Ementa COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO - PODERES DE INVESTIGAÇÃO (CF, ART. 58, § 3º)- LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS - LEGITIMIDADE DO CONTROLE JURISDICIONAL - POSSIBILIDADE DE A CPI ORDENAR, POR AUTORIDADE PRÓPRIA, A QUEBRA DOS SIGILOS BANCÁRIO, FISCAL E TELEFÔNICO - NECESSIDADE DE FUNDAMENTAÇÃO DO ATO DELIBERATIVO - DELIBERAÇÃO DA CPI QUE, SEM FUNDAMENTAÇÃO, ORDENOU MEDIDAS DE RESTRIÇÃO A DIREITOS - MANDADO DE SEGURANÇA DEFERIDO. COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO - COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. - Compete ao Supremo Tribunal Federal processar e julgar, em sede originária, mandados de segurança e habeas corpus impetrados contra Comissões Parlamentares de Inquérito constituídas no âmbito do Congresso Nacional ou no de qualquer de suas Casas. É que a Comissão Parlamentar de Inquérito, enquanto projeção orgânica do Poder Esquema de Política e Teoria do Estado - DIR 3007 Sergio Somenzi Junior 18 2015-01 Legislativo da União, nada mais é senão a longa manus do próprio Congresso Nacional ou das Casas que o compõem, sujeitando-se, em consequência, em tema de mandado de segurança ou de habeas corpus, ao controle jurisdicional originário do Supremo Tribunal Federal (CF, art. 102, i, d e i). Precedentes. O CONTROLE JURISDICIONAL DE ABUSOS PRATICADOS POR COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO NÃO OFENDE O PRINCÍPIO DA SEPARAÇÃO DE PODERES. - A essência do postulado da divisão funcional do poder, além de derivar da necessidade de conter os excessos dos órgãos que compõem o aparelho de Estado, representa o princípio conservador das liberdades do cidadão e constitui o meio mais adequado para tornar efetivos e reais os direitos e garantias proclamados pela Constituição. Esse princípio, que tem assento no art. 2º da Carta Política, não pode constituir e nem qualificar-se como um inaceitável manto protetor de comportamentos abusivos e arbitrários, por parte de qualquer agente do Poder Público ou de qualquer instituição estatal. - O Poder Judiciário, quando intervém para assegurar as franquias constitucionais e para garantir a integridade e a supremacia da Constituição, desempenha, de maneira plenamente legítima, as atribuições que lhe conferiu a própria Carta da Republica. O regular exercício da função jurisdicional, por isso mesmo, desde que pautado pelo respeito à Constituição, não transgride o princípio da separação de poderes. Desse modo, não se revela lícito afirmar, na hipótese de desvios jurídico- constitucionais nas quais incida uma Comissão Parlamentar de Inquérito, que o exercício da atividade de controle jurisdicional possa traduzir situação de ilegítima interferência na esfera de outro Poder da República. O CONTROLE DO PODER CONSTITUI UMA EXIGÊNCIA DE ORDEM POLÍTICO-JURÍDICA ESSENCIAL AO REGIME DEMOCRÁTICO. - O sistema constitucional brasileiro, ao consagrar o princípio da limitação de poderes, teve por objetivo instituir modelo destinado a impedir a formação de instâncias hegemônicas de poder no âmbito do Estado, em ordem a neutralizar, no plano político-jurídico, a possibilidade de dominação institucional de qualquer dos Poderes da República sobre os demais órgãos da soberania nacional. Com a finalidade de obstar que o exercício abusivo das prerrogativas estatais possa conduzir a práticas que transgridam o regime das liberdades públicas e que sufoquem, pela opressão do poder, os direitos e garantias individuais, atribuiu-se, ao Poder Judiciário, a função eminente de controlar os excessos cometidos por qualquer das esferas governamentais, inclusive aqueles praticados por Comissão Parlamentar de Inquérito, quando incidir em abuso de poder ou em desvios inconstitucionais, no desempenho de sua competência investigatória.OS PODERES DAS COMISSÕES PARLAMENTARES DE INQUÉRITO, EMBORA AMPLOS, NÃO SÃO ILIMITADOS E NEM ABSOLUTOS. - Nenhum dos Poderes da República está acima da Constituição. No regime político que consagra o Estado democrático de direito, os atos emanados de qualquer Comissão Parlamentar de Inquérito, quando praticados com desrespeito à Lei Fundamental, submetem-se ao controle jurisdicional (CF, art. 5º, XXXV). As Comissões Parlamentares de Inquérito não têm mais poderes do que aqueles que lhes são outorgados pela Constituição e pelas leis da República. É essencial reconhecer que os poderes das Comissões Parlamentares de Inquérito - precisamente porque não são absolutos - sofrem as restrições impostas pela Constituição da República e encontram limite nos direitos fundamentais do cidadão, que só podem ser afetados nas hipóteses e na forma que a Carta Política estabelecer. Doutrina. Precedentes. LIMITAÇÕES AOS PODERES INVESTIGATÓRIOS DA COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO. - A Constituição da República, ao outorgar às Comissões Parlamentares de Inquérito "poderes de investigação próprios das autoridades judiciais" (art. 58, § 3º), claramente delimitou a natureza de suas atribuições institucionais, restringindo-as, unicamente, ao campo da indagação probatória, com absoluta exclusão de quaisquer outras prerrogativas que se incluem, ordinariamente, na esfera de competência dos magistrados e Tribunais, inclusive aquelas que decorrem do poder geral de cautela conferido aos juízes, como o poder de decretar a indisponibilidade dos bens pertencentes a pessoas sujeitas à investigação parlamentar. A circunstância de os poderes investigatórios de uma CPI serem essencialmente limitados levou a jurisprudência constitucional do Supremo Tribunal Federal a advertir que as Comissões Parlamentares de Inquérito não podem formular acusações e nem punir delitos (RDA 199/205, Rel. Min. PAULO BROSSARD), nem desrespeitar o privilégio contra a auto-incriminação que assiste a qualquer indiciado ou testemunha (RDA 196/197, Rel. Min. CELSO DE MELLO - HC 79.244-DF, Rel. Min. SEPÚLVEDA PERTENCE), nem decretar a prisão de qualquer pessoa, exceto nas hipóteses de flagrância (RDA 196/195, Rel. Min. CELSO DE MELLO - RDA 199/205, Rel. Min. PAULO BROSSARD). OS DIREITOS E GARANTIAS INDIVIDUAIS NÃO TÊM CARÁTER ABSOLUTO. Não há, no sistema constitucional brasileiro, direitos ou garantias que se revistam de caráter absoluto, mesmo porque razões de relevante interesse público ou exigências derivadas do princípio de convivência das liberdades legitimam, ainda que excepcionalmente, a adoção, por parte dos órgãos estatais, de medidas restritivas das prerrogativas individuais ou coletivas, desde que respeitados os termos estabelecidos pela própria Constituição. O estatuto constitucional das liberdades públicas, ao delinear o regime jurídico a que estas estão sujeitas - e considerado o substrato Esquema de Política e Teoria do Estado - DIR 3007 Sergio Somenzi Junior 19 2015-01 ético que as informa - permite que sobre elas incidam limitações de ordem jurídica, destinadas, de um lado, a proteger a integridade do interesse social e, de outro, a assegurar a coexistência harmoniosa das liberdades, pois nenhum direito ou garantia pode ser exercido em detrimento da ordem pública ou com desrespeito aos direitos e garantias de terceiros. A QUEBRA DO SIGILO CONSTITUI PODER INERENTE À COMPETÊNCIA INVESTIGATÓRIA DAS COMISSÕES PARLAMENTARES DE INQUÉRITO. - O sigilo bancário, o sigilo fiscal e o sigilo telefônico (sigilo este que incide sobre os dados/registros telefônicos e que não se identifica com a inviolabilidade das comunicações telefônicas) - ainda que representem projeções específicas do direito à intimidade, fundado no art. 5º, X, da Carta Política- não se revelam oponíveis, em nosso sistema jurídico, às Comissões Parlamentares de Inquérito, eis que o ato que lhes decreta a quebra traduz natural derivação dos poderes de investigação que foram conferidos, pela própria Constituição da República, aos órgãos de investigação parlamentar. As Comissões Parlamentares de Inquérito, no entanto, para decretarem, legitimamente, por autoridade própria, a quebra do sigilo bancário, do sigilo fiscal e/ou do sigilo telefônico, relativamente a pessoas por elas investigadas, devem demonstrar, a partir de meros indícios, a existência concreta de causa provável que legitime a medida excepcional (ruptura da esfera de intimidade de quem se acha sob investigação), justificando a necessidade de sua efetivação no procedimento de ampla investigação dos fatos determinados que deram causa à instauração do inquérito parlamentar, sem prejuízo de ulterior controle jurisdicional dos atos em referência (CF, art. 5º, XXXV). - As deliberações de qualquer Comissão Parlamentar de Inquérito, à semelhança do que também ocorre com as decisões judiciais (RTJ 140/514), quando destituídas de motivação, mostram-se írritas e despojadas de eficácia jurídica, pois nenhuma medida restritiva de direitos pode ser adotada pelo Poder Público, sem que o ato que a decreta seja adequadamente fundamentado pela autoridade estatal. - O caráter privilegiado das relações Advogado-cliente: a questão do sigilo profissional do Advogado, enquanto depositário de informações confidenciais resultantes de suas relações com o cliente. MOTIVAÇÃO PER RELATIONEM CONSTANTE DA DELIBERAÇÃO EMANADA DA COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO. Tratando-se de motivação per relationem, impõe-se à Comissão Parlamentar de Inquérito - quando esta faz remissão a elementos de fundamentação existentes aliunde ou constantes de outra peça - demonstrar a efetiva existência do documento consubstanciador da exposição das razões de fato e de direito que justificariam o ato decisório praticado, em ordem a propiciar, não apenas o conhecimento do que se contém no relato expositivo, mas, sobretudo, para viabilizar o controle jurisdicional da decisão adotada pela CPI. É que tais fundamentos - considerada a remissão a eles feita - passam a incorporar-se ao próprio ato decisório ou deliberativo que a eles se reportou. Não se revela viável indicar, a posteriori, já no âmbito do processo de mandado de segurança, as razões que deveriam ter sido expostas por ocasião da deliberação tomada pela Comissão Parlamentar de Inquérito, pois a existência contemporânea da motivação - e não a sua justificação tardia - constitui pressuposto de legitimação da própria resolução adotada pelo órgão de investigação legislativa, especialmente quando esse ato deliberativo implicar ruptura da cláusula de reserva pertinente a dados sigilosos. A QUESTÃO DA DIVULGAÇÃO DOS DADOS RESERVADOS E O DEVER DE PRESERVAÇÃO DOS REGISTROS SIGILOSOS. - A Comissão Parlamentar de Inquérito, embora disponha, ex propria auctoritate, de competência para ter acesso a dados reservados, não pode, agindo arbitrariamente, conferir indevida publicidade a registros sobre os quais incide a cláusula de reserva derivada do sigilo bancário, do sigilo fiscal e do sigilo telefônico. Com a transmissão das informações pertinentes aos dados reservados, transmite-se à Comissão Parlamentar de Inquérito - enquanto depositária desses elementos informativos -, a nota de confidencialidade relativa aos registros sigilosos. Constitui conduta altamente censurável - com todas as conseqüências jurídicas (inclusive aquelas de ordem penal) que dela possam resultar - a transgressão, por qualquer membro de uma Comissão Parlamentar de Inquérito, do dever jurídico de respeitar e de preservar o sigilo concernente aos dados a ela transmitidos.Havendo justa causa - e achando-se configurada a necessidade de revelar os dados sigilosos, seja no relatório final dos trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito (como razão justificadora da adoção de medidas a serem implementadas pelo Poder Público), seja para efeito das comunicações destinadas ao Ministério Público ou a outros órgãos do Poder Público, para os fins a que se refere o art. 58, § 3º, da Constituição, seja, ainda, por razões imperiosas ditadas pelo interesse social - a divulgação do segredo, precisamente porque legitimada pelos fins que a motivaram, não configurará situação de ilicitude, muito embora traduza providência revestida de absoluto grau de excepcionalidade. POSTULADO CONSTITUCIONAL DA RESERVA DE JURISDIÇÃO: UM TEMA AINDA PENDENTE DE DEFINIÇÃO PELO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. O postulado da reserva constitucional de jurisdição importa em submeter, à esfera única de decisão dos magistrados, a prática de determinados atos cuja realização, por efeito de explícita determinação constante do próprio texto da Carta Política, somente pode emanar do juiz, e não de terceiros, inclusive daqueles a quem se haja eventualmente atribuído o exercício de "poderes de investigação próprios das autoridades judiciais". A cláusula constitucional da reserva de jurisdição - que incide sobre determinadas matérias, como a busca domiciliar (CF, art. 5º, XI), a interceptação telefônica (CF, art. 5º, XII) e a decretação da prisão de qualquer pessoa, Esquema de Política e Teoria do Estado - DIR 3007 Sergio Somenzi Junior 20 2015-01 ressalvada a hipótese de flagrância (CF, art. 5º, LXI)- traduz a noção de que, nesses temas específicos, assiste ao Poder Judiciário, não apenas o direito de proferir a última palavra, mas, sobretudo, a prerrogativa de dizer, desde logo, a primeira palavra, excluindo-se, desse modo, por força e autoridade do que dispõe a própria Constituição, a possibilidade do exercício de iguais atribuições, por parte de quaisquer outros órgãos ou autoridades do Estado. Doutrina. - O princípio constitucional da reserva de jurisdição, embora reconhecido por cinco (5) Juízes do Supremo Tribunal Federal - Min. CELSO DE MELLO (Relator), Min. MARÇO AURÉLIO, Min. SEPÚLVEDA PERTENCE, Min. NÉRI DA SILVEIRA e Min. CARLOS VELLOSO (Presidente) - não foi objeto de consideração por parte dos demais eminentes Ministros do Supremo Tribunal Federal, que entenderam suficiente, para efeito de concessão do writ mandamental, a falta de motivação do ato impugnado. (encerra-se a matéria sobre separação dos poderes) 3- Teoria do Mandato Manuel Gonçalves Ferreira Filho fala sobre três Teorias do Mandato. 3.1 Mandato Imperativo. Considera-se o Mandato uma espécie de contrato entre eleitores e eleito. Os eleitores atribuíam ao eleito certo número de tarefas que se não fosse bem desempenhadas poderia levar ao cumprimento do contrato. Essa Teoria tem lógica de direito privado e é como se trouxesse o direito privado para dentro do direito público. Era uma prática anterior ao sufrágio universal. Permitia a fiscalização e a interferência no desenvolvimento do mandato. Recall Existe nos EUA o instituto de uma Consulta Popular denominada “Recall”. O qual é uma espécie de resquício do Mandato Imperativo. Ela serve tanto para o executivo, legislativo e judiciário. Necessita-se de dois Requisitos para dar início a esse processo: (1) Lista de Adesão de Eleitores e (2) Um Depósito em dinheiro. Após a abertura desse processo democrático há toda uma sequências de etapas até o rompimento do “contrato” com o eleito. 3.2 Mandato Imputativo Temos que inverter o senso comum para entender a teoria. Ela imputa ao eleitor as presunções do eleito ao nos afirmar que os Eleitos seriam os “Notáveis” e que nem todos seriam capazes de tomar as melhores decisões, mas os notáveis seriam capazes. Presume-se que, se o eleito está votando de determinada maneira é porque o eleitor pensa assim. Ao invés de pensar que o eleito está votando conforme a vontade do eleitorado. Liberta o político da influência de grupos organizados. “O representante representa a nação e não o corpo particular de eleitores que nele votaram”. O objetivo é livrar o parlamento da pressão dos Esquema de Política e Teoria do Estado - DIR 3007 Sergio Somenzi Junior 21 2015-01 grupos. O eleito decide conforme a razão o que é bom para a nação. Essa teoria tem base no Jusracionalimo, o qual diz que razão mais liberdade dos representantes levaria ao Bem Comum. Para a produção da vontade geral da nação quem decide são os representantes bem informados e livres de influências. Vale dizer, livre da interferência de órgãos intermediários (igreja, sindicatos...). “A cereja do bolo” é: o eleitorado não fiscaliza, nem interfere durante o mandato. Não pode ser interrompido o mandato, e para alguns mais radicais não deveria haver reeleição que é sempre manifestação do eleitorado sobre fatos pretéritos. Razões para Teoria são: Invenção do Estado liberal Clássico. Para evitar parlamento trabalhe para grupos, por interesses de classes organizadas. Inspirados em Rousseau o Liberalismo para formar a vontade geral previu uma política de dois níveis: Nível 1 – Cidadão; Nível 2 – Os representantes da nação (não do cidadão). Os representantes eram vistos como os Notáveis capazes de governar. Nem todos tinham essa capacidade conforme destacava Montesquieu: “Nem todos são capazes de governar, mas ao menos capazes de escolher os melhores governantes”. 3.3 Mandato Partidário Eleitor escolhe um candidato vinculado a um partido cuja ação relaciona-se ao programa do partido. Temos dois pontos importantes nessa teoria: (1) Noção de partido político e (2) programa partidário. Idealmente vota-se num partido com programa ao invés de votar na pessoa. A teoria surge no momento histórico do desenvolvimento do Estado Social e a ideia de Racionalização do Poder. Mandato partidário esta relacionado com o estado social + racionalização do poder. A racionalização do poder: 1° busca enquadrar as ideologias dos partidos na constituição; 2° possibilidade de alternância, essa alternância era um árbitro, esse será o eleitor que escolherá programas de partidos. Partidos políticos verificam a necessidade de tornar os seus programas cada vez mais genéricos, ou seja, que agradem a todos como uma maneira de ascender ao poder. O excesso de generalidade é um problema, uma vez que os programas de partido são cada vez mais amplos e abstratos. 3.3.1 A questão da fidelidade partidária 3.3.1.1 Noção - Dois níveis 1°- Relativo aos deveres partidários (cumprir o estatuto, seguir a bancada); 2°- Obrigação de permanência no partido como condição de manutenção do mandato. Esquema de Política e Teoria do Estado - DIR 3007 Sergio Somenzi Junior 22 2015-01 3.3.1.2 Marco legal CF. Art. 17 - É livre a criação, fusão, incorporação e extinção de partidos políticos, resguardados a soberania nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo, os direitos fundamentais da pessoa humana e observados os seguintes preceitos: § 1º É asseguradaaos partidos políticos autonomia para definir sua estrutura interna, organização e funcionamento e para adotar os critérios de escolha e o regime de suas coligações eleitorais, sem obrigatoriedade de vinculação entre as candidaturas em âmbito nacional, estadual, distrital ou municipal, devendo seus estatutos estabelecer normas de disciplina e fidelidade partidária. Lei 9096/95- Cap. V – Da Fidelidade e da Disciplina Partidárias (Diz respeito à forma do partido político responsabilizar um dos seus membros por violação dos deveres partidários. O estatuto do partido político deve criar um órgão incumbido dessa questão disciplinar. A conduta a ser punível deve estar tipificada no estatuto do partido). Art. 23. A responsabilidade por violação dos deveres partidários deve ser apurada e punida pelo competente órgão, na conformidade do que disponha o estatuto de cada partido. § 1º Filiado algum pode sofrer medida disciplinar ou punição por conduta que não esteja tipificada no estatuto do partido político. § 2º Ao acusado é assegurado amplo direito de defesa. Art. 24. Na Casa Legislativa, o integrante da bancada de partido deve subordinar sua ação parlamentar aos princípios doutrinários e programáticos e às diretrizes estabelecidas pelos órgãos de direção partidários, na forma do estatuto. Art. 25. O estatuto do partido poderá estabelecer, além das medidas disciplinares básicas de caráter partidário, normas sobre penalidades, inclusive com desligamento temporário da bancada, suspensão do direito de voto nas reuniões internas ou perda de todas as prerrogativas, cargos e funções que exerça em decorrência da representação e da proporção partidária, na respectiva Casa Legislativa, ao parlamentar que se opuser, pela atitude ou pelo voto, às diretrizes legitimamente estabelecidas pelos órgãos partidários. Art. 26. Perde automaticamente a função ou cargo que exerça, na respectiva Casa Legislativa, em virtude da proporção partidária, o parlamentar que deixar o partido sob cuja legenda tenha sido eleito. Resolução N° 22.610/2007 do TSE – Ela trata de um problema que a lei não enfrentava: Com quem fica o mandato no caso de troca de partido? RESOLUÇÃO Nº 22.610 Relator: Ministro Cezar Peluso. O TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL, no uso das atribuições que lhe confere o art. 23, XVIII, do Código Eleitoral, e na observância do que decidiu o Supremo Tribunal Federal nos Mandados de Segurança nº 26.602, 26.603 e 26.604, resolve disciplinar o processo de perda de cargo eletivo, bem como de justificação de desfiliação partidária, nos termos seguintes: Art. 1º - O partido político interessado pode pedir, perante a Justiça Eleitoral, a decretação da perda de cargo eletivo em decorrência de desfiliação partidária sem justa causa. § 1º - Considera-se justa causa: Esquema de Política e Teoria do Estado - DIR 3007 Sergio Somenzi Junior 23 2015-01 I) incorporação ou fusão do partido; II) criação de novo partido; III) mudança substancial ou desvio reiterado do programa partidário; IV) grave discriminação pessoal. § 2º - Quando o partido político não formular o pedido dentro de 30 (trinta) dias da desfiliação, pode fazê-lo, em nome próprio, nos 30 (trinta) subsequentes, quem tenha interesse jurídico ou o Ministério Público eleitoral. § 3º - O mandatário que se desfiliou ou pretenda desfiliar-se pode pedir a declaração da existência de justa causa, fazendo citar o partido, na forma desta Resolução. A partir da resolução entende-se que a troca de partido implica na perda de mandado. Entretanto a lei prevê hipóteses de troca de partido sem perder o mandato em ocorrência de justa causa, as quais compõe uma lista contida na resolução. Então alguns questionamentos referentes a esta resolução são pertinentes: Teria o TSE essa prerrogativa de editar resolução a esse respeito? E se o mesmo tivesse essa prerrogativa, teria ele a exercido de forma satisfatória? Essas perguntas resultaram na ADI 4086 STF: Joaquim Barbosa relata – "não faria sentido se a corte reconhecesse um dever de fidelidade partidária e não reconhecer um mecanismo capaz de assegurar esse dever". Ou seja, Joaquim Barbosa afirma que o TSE possui prerrogativa para editar a resolução segundo os argumentos abaixo: O que garante a constitucionalidade da resolução é a sua excepcionalidade somada a sua transitoriedade; Joaquim Barbosa parece dividido entre: o direito à vaga obtida no sistema proporcional versus a legitimidade soberana do eleitor. Joaquim Barbosa opta por defender o sistema proporcional, ou seja, não deve permanecer o mandato com o candidato caso ele saia do partido. Isso no caso de troca de partido; STF decide pela improcedência da ADI e, portanto, pela constitucionalidade da resolução. Petição 2.766 TSE - Deputado Clodovil declara que houve contra ele, quando membro do PTC, grave discriminação pessoal. Dessa forma pretende trocar de partido sem perder o mandato. Entre seus argumentos estão a falta de auxílio judicial por parte do partido, a não convocação dele para assuntos internos partidários, etc. Ministro Lewandowski questiona qual teria sido a importância de Clodovil para o partido, feita a ponderação declara que o partido deveria ter dado maior atenção ao candidato, isso pelo fato do candidato ter sido o mais votado do partido. Clodovil obtêm sucesso e mantem o seu mandato. Consulta N° 1.720 TSE - Feita na forma de pergunta: De quem é a competência para autorizar os detentores de mandatos eletivos deixarem seus respectivos partidos sem a perda de seus mandatos, se os diretórios municipais aos quais são filiados, os diretórios regionais ou somente os diretórios nacionais? RESP: Nenhum dos três, o partido não pode fazer essa autorização. “Acordos ou deliberações de qualquer esfera partidária não tem o condão de afastar as consequências impostas pela Resolução-TSE nº 22.610/2007...” Esquema de Política e Teoria do Estado - DIR 3007 Sergio Somenzi Junior 24 2015-01 - O partido não pode autorizar a troca sem perda do mandato, pois estaria se instaurando a compra da fidelidade. Agravo Regimental na ação cautelar TSE - A resistência do partido a futura pretensão do filiado a concorrer a cargo eletivo é grave discriminação? RESP: não é grave discriminação. “A jurisprudência do Tribunal é no sentido de que a eventual resistência do partido à futura pretensão de o filiado concorrer a cargo eletivo ou a intenção de viabilizar essa candidatura por outra agremiação não caracterizam justa causa para a desfiliação partidária, pois a disputa e a divergência interna fazem parte da vida partidária”. Duas perguntas centrais: 1. Qual concepção de mandatos nós adotamos no Brasil hoje? Nossa democracia é uma democracia de partidos. No Brasil não se pode ter candidatos independentes. 2. A regra da fidelidade partidária aplica-se a membros do executivo? Anterior à resolução do TSE a questão da fidelidade partidária estava mais voltada ao legislativo. Porém hoje a resolução abriu essa possibilidade. 4- Os sistemas de governo 4.1 Noção de parlamentarismo: Possui quatro características principais: 1. Distinção entre chefia de Estado e chefia de governo: Chefe de governo é o primeiro ministro; chefe de estado pode ser o rei ou o presidente. Pessoas diferentes
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