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1 FACULDADE DE PSICOLOGIA PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO II PROFª: Thalita Castello Branco Fontenele ALUNO: Cauê Silva Campos Vasconcelos Patrícia Vieira dos Reis Análise do Filme As Vantagens de ser invisível (The Perks of Being a Wallflower) FORTALEZA 2018 2 Análise do Filme: As Vantagens de Ser Invisível (2012) RESUMO Propõe-se uma análise cinematográfica do longa metragem “As Vantagens de ser invisível” e ao mesmo tempo uma correlação com os conceitos abordados na Disciplina de Psicologia do Desenvolvimento II. Apresenta-se, portanto, um direcionamento analítico do filme, explicitando-se os elementos expostos no mesmo; construindo uma visão significativa com base nos estudos em sala. O objetivo, neste trabalho, é analisar, por meio de uma leitura crítica, o filme de Stephen Chbosky. O Método de pesquisa utilizado foi o método qualitativo/descritivo. Palavras-chaves: Adolescência, Identidade, conflito. 1. INTRODUÇÃO A adolescência é período transitório entre a infância e a idade adulta. "Adolescente" vem do verbo em latim adolescere, que significa crescer. Apesar de consideramos a fase da adolescência uma invenção sociológica recente, a palavra adolescente é cerca de cem anos mais antiga do que a palavra adulto, etimologicamente. A ONU – Organização das Nações Unidas – define juventude (sinônimo para adolescência) como a fase entre 15 e 24 anos de idade, deixando aberta a possibilidade de diferentes nações definirem o termo de a sua maneira. Enquanto a OMS – Organização Mundial de Saúde – define adolescente como: o indivíduo que se encontra entre os dez e dezenove anos de idade. Do ponto de vista da Psicologia, o adolescente passa por profundas mudanças cognitivas e corporais, assim como na infância, contudo o contexto nessa fase está associado ao psicossexual. O marco inicial da adolescência é o amadurecimento sexual (puberdade), porém seu fim não é tão claro, se define pela maturidade social, o assumir do papel social de adulto. 2. DESENVOLVIMENTO As Vantagens de Ser Invisível, cujo título original The Perks of Being a Wallflower, é um filme dramático norte americano adaptado do romance “Perks of Being a Wallflower”, do escritor Stephen Chbosky. O filme conta a trajetória de Charlie, um garoto de 15 anos, em seu novo ano escolar. O longa aborda bem sua jornada de socialização, de crescimento e recuperação após o suicídio de seu melhor amigo. Na escola, Charlie faz amizade com os meio-irmãos Patrick e Sam, que o ajudam a se inserir num grupo social. O filme ainda trata de assuntos considerados tabus como a sexualidade adolescente, homossexualidade e o uso de drogas nessa fase. 3 Parece mais um filme adolescente, contudo se trata de um drama, por vezes denso e pesado, que trata de depressão, abuso infantil e suicídio. O filme problematiza, mas também mergulha nos motivos que levam uma pessoa a tomar tais caminhos. A atmosfera do filme oscila entre a melancólica e a euforia em algumas cenas, sendo essa uma metáfora para a própria fase, uma confusão perceptiva em que o sujeito não sabe como reagir a tais situações. "um dia, você está no topo do mundo e [...] três semanas depois, você está terrivelmente deprimido". – Stephen Chbosky (escritor e diretor) No longo processo de busca da identidade, a adolescência representa um momento crucial, de grande significado. Nesse processo agem duas forças: o desejo de conhecer a si mesmo (autoconhecimento) e a busca de construir e aprimorar sua personalidade (autodesenvolvimento). No filme podemos ver o protagonista nessa incessante busca, sempre tentando se inserir em um núcleo social, apesar de ser introvertido; e tentando se autocorrigir, superar seus traumas passados. Podemos ver na cena inicial do filme o personagem escrevendo uma carta, mas sem destinatário, é uma carta anônima, sem necessidade de ser mandada para alguém, é a forma como Charlie encontrou para lidar com seus conflitos, a escrita é a sua fuga para os problemas. Charlie foi abusado sexualmente quando criança, por sua tia materna, Hellen. Na obra, não fica clara com que idade o protagonista sofreu violência, especula-se que aos cinco ou seis anos de idade. Durante todo o filme, o adolescente aparentava ter uma estreita relação afetiva com a tia. Ter sofrido um trauma dessa magnitude com alguém tão próximo foi traumático demais para o protagonista, se for olhar por uma óptica psicanalítica, diríamos que essa lembrança foi recalcada para diminuir o sofrimento psíquico, mas voltou a consciência em forma de sintoma, suas visões. A lembrança vem à tona apenas no final do filme, quando Sam toca sua coxa num momento íntimo, o que desencadeia todas as memórias do abuso, antes esquecidas. A personagem Sam desencadear essas lembranças não é algo gratuito. Ela é a figura feminina do trio, é com seu jeito atencioso e delicado que consegue acalmar Charlie e trazê-lo de volta a realidade, quase como um papel maternal, sempre preocupada com os amigos. Essa assimilação maternal que Charlie faz é natural da adolescência, o indivíduo tem essa identificação com determinadas figuras e pessoas. E aqui Sam partilha de uma história de abuso similar ao do protagonista. Ao entrar em contato com esse novo grupo de amigos, Charlie se sente parte de algo, de certa forma se sente completo. No ponto em que ele é obrigado a se distanciar dos novos amigos, o jovem entra novamente em surto, e nem a escrita é mais suficiente para aplacar todos os traumas e angústias mal resolvidos em sua infância. Somente a tomada consciente dos episódios traumáticos que consegue fazê-lo superar tudo isso e seguir em frente. Chegando a experimentar um sentimento de “infinito”, como é mostrado no final do filme. 4 3. CONCLUSÃO Neste artigo foi abordado o filme As Vantagens de Ser Invisível, e até onde uma crise de identidade na adolescência pode levar. O assunto é para suscitar a relevância das interações sociais, sendo importantes na superação de situações traumáticas e na construção da identidade. O protagonista é um adolescente problemático, cheio de traumas, mas que com a ajuda dos seus amigos e enfrentando seus próprios conflitos, consegue amadurecer e se encontrar como sujeito. A adolescência é um período de transição confuso e por vezes caótico, o indivíduo não sabe se ainda é criança ou se já é maduro o suficiente para se assumir como adulto. Charlie só vence seus traumas quando consegue enfim, falar sobre o assunto e entrar em processo de tratamento tanto profissional, como com a família. Ratificando a importância da escuta no atendimento psicoterápico. O objetivo levantado nesta breve análise foi o de um olhar crítico sobre o filme, mas sobretudo, mostrar como o estabelecimento de relações amistosas ajudam na ressignificação do trauma, e numa descoberta de si mesmo durante a adolescência. 4. REFERÊNCIAS BAHIANA, Ana Maria. Como ver um filme. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2012 JUNG, Carl Gustav. Psicologia do inconsciente. São Paulo. Editora Vozes. 1984. PENAFRIA, Manuela. Análise de Filmes - conceitos e metodologia. Lisboa, 2009 RAUEN, Fábio José. Roteiros de investigação científica. Tubarão: Editora Unisul, 2002. RUIZ, João Álvaro. Metodologia científica: guia para eficiência nos estudos. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2008. THE PERKS OF BEING A WALLFLOWER (2011). Disponível em: <https://www.imdb.com/title/tt1659337/>. Acesso em:01 out. 2018.
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