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DPC SEMESTRAL Processo Penal Guilherme Madeira Data: 01/03/2013 Aula 4 DPC SEMESTRAL – 2013 Anotador(a): Tiago Ferreira Complexo Educacional Damásio de Jesus RESUMO SUMÁRIO 1) Inquérito Policial INQUÉRITO POLICIAL 4) Desenvolvimento do Inquérito Policial: 4.4) Indiciamento: a) Noção: É o ato pelo qual a Autoridade Policial reconhece formalmente que os indícios de autoria e a materialidade recaem sobre o suspeito. b) Momento do indiciamento: O CPP não prevê momento específico para o indiciamento. c) Condutas a serem tomadas com o indiciamento: O Delegado ao indiciar fará a identificação do suspeito, o pregressamento, o interrogatório e a comunicação aos bancos de dados oficiais. d) Julgados importantes: d.1) Indiciamento após o recebimento da denúncia - Não é possível, segundo o STJ (HC 206925 SP - Rel. Min. Vasco Della Giustina - J. 15.09.11). d.2) Manutenção do indiciamento, apesar do arquivamento do inquérito policial - Possibilidade, segundo o STJ (HC 190507 SP - Rel. Min. Gilson Dipp - J. 20.10.11). e) Modalidades de indiciamento: I - Indiciamento direto: É aquele feito na presença do suspeito, ora indiciado. II - Indiciamento indireto: É o feito quando ausente o suspeito, ora indiciado. 2 de 5 4.5) Incomunicabilidade (Art. 21 do CPP): -Depende de decisão do juiz; -Quando o interesse da sociedade ou a conveniência da investigação exigir; -O prazo máximo é de 03 dias; -Não abrange o advogado. Quanto à recepção pela CF/88: 1ª posição (Mirabete) - Não foi recepcionada pela CF/88 uma vez que é vedada durante o Estado de Defesa: Ora, se nem mesmo no Estado de Defesa cabe, não caberá em outra situação. 2ª posição (Vicente Greco Filho) - A proibição só se refere ao Estado de Defesa, logo é cabível fora dele. Não há posição jurisprudencial a respeito. 4.6) Identificação Criminal: Previsão legal: a) Art. 5º, LVIII da CF/88; b) Art. 109 da L. 8.090/90 (ECA); c) Art. 5º da L 9.034/95; d) Art. 3º da L 10.054/00; e) Art. 3º da L 12.037/09. Atenção: Para o STJ, a L 9.034/95 nesse aspecto foi revogada pela L 10.54/00 (RHC 12965 DF - Rel. Feliz Fisher - J. 10.11.03). Como o STJ pacificou que a L 10.054/00 revogou a disposição da L 9.034/95, e como a L 12.037/09 expressamente revogou a L 10.054/00, hoje, regulamentando o tema, só temos as normas das letras a, b, e. 4.6.1) Cabimento da identificação criminal (Art. 3º da L 12.037/09): I - Documento rasurado ou indício de falsificação; II - Quando o documento for insuficiente para a identificação cabal do indiciado; III - Quando o indiciado portar documentos conflitantes; IV - Quando a identificação for essencial para as investigações; V - Quando constar nos registros policiais o uso de outros nomes; VI - Quando o estado de conservação ou a distância temporal ou ainda a distância da localidade de expedição não permitirem a identificação. Quem determina que seja feita a identificação criminal é a autoridade policial, SALVO na hipótese do inciso IV - neste caso só o juiz pode determinar. Nessa hipótese o juiz pode determinar de ofício ou mediante requerimento da autoridade policial, do MP ou da defesa. 3 de 5 4.6.2) Abrangência da identificação criminal: a) Regra: Como regra abrange a identificação datiloscópica (digitais) e tirada de fotografias. b) Exceção (Art. 5º, parágrafo único - L 12.654/12): Pode haver coleta de material para a identificação do perfil genético. ***Só o juiz pode determinar nas hipóteses do inciso IV e está pendente de regulamentação por decreto presidencial. 5) Final do Inquérito Policial: 5.1) Ação Penal Privada: A autoridade policial elabora relatório e envia para o fórum, local em que aguardará a manifestação do ofendido. 5.2) Ação Penal Pública: A autoridade policial elabora relatório final e manda para o fórum, oportunidade em que os autos são enviados ao MP. O MP poderá: -Oferecer denúncia; -Solicitar remessa dos autos ao juiz competente; -Redistribuir para outro MP; -Propor arquivamento; -Requerer diligência imprescindível para o oferecimento da denúncia. Atenção: O relatório não é peça obrigatória para o oferecimento da denúncia (para o inquérito policial é peça obrigatória - dever do Delegado). Há Estados em que o inquérito policial tramita direto entre o Delegado e o Ministério Público. Isso é feito por força de provimento dos tribunais locais e não há regulamentação no CPP. Ocorrerá conflito de atribuições quando os promotores discordarem sobre quem deve atuar no processo. Se for promotor da mesma instituição quem decide é o PGJ. No caso do conflito de atribuições entre promotores de MPs distintos caberá ao STF julgar o conflito (Art. 102, I, f da CF/88). O juiz não pode indeferir as diligências requeridas pelo promotor, ainda que as entenda inúteis. Se o juiz indeferir, a medida cabível depende de cada Estado e de sua lei de organização judiciária. Se a lei de organização judiciária tiver previsão de recurso caberá recurso (Exemplo: SP com correição parcial). Se não tiver previsão de recurso caberá mandado de segurança. 4 de 5 5.3) Arquivamento do Inquérito Policial: a) Fundamentos do arquivamento: O que pode levar ao arquivamento: -Causa excludente da ilicitude; -Causa excludente da culpabilidade (salvo inimputabilidade); -Atipicidade da conduta; -Falta de elementos informativos sobre a autoria e/ou materialidade. Atenção: Quando está extinta a punibilidade, o juiz declara essa extinção, e por força dela ocorrerá o arquivamento. Atenção: A inimputabilidade é a única causa excludente da culpabilidade em que se deve oferecer denúncia. b) Procedimento do arquivamento: O MP propõe o arquivamento - vai para o juiz - se o juiz concorda, está arquivado; se discorda, aplica o Art. 28 e manda os autos ao PGJ - O PGJ pode requerer diligências, pode insistir no arquivamento, pode ele próprio oferecer denúncia ou pode designar outro promotor para denunciar. MP propõe arq. Juiz Discorda PGJ Art. 28 Concorda insiste Arq. Ele próprio oferece denúncia Arquiva Requerer diligência Designar outro Precisa designar outro promotor por conta da independência funcional. Este outro promotor tem o dever funcional de denunciar, pois é apenas um representante do procurador geral. c) Modalidades de arquivamento: c.1) Arquivamento implícito: Ocorre quando o promotor deixa de incluir um ou mais corréus na denúncia. Para esta posição haveria arquivamento implícito em relação a estes. Não é admitido em nosso sistema. c.2) Arquivamento indireto: Ocorre quando o promotor declina de sua atribuição e o juiz discorda. Nesta hipótese o juiz aplica o Art. 28 do CPP. 5 de 5 d) Recursos da decisão que determina o arquivamento: d.1) Regra Geral: Tal decisão é irrecorrível. d.2) Exceções: -Crimes contra a economia popular: Cabe recurso de ofício (Reexame necessário é o termo mais técnico), conforme Art. 7º da L 1.521/51. -Contravenção de jogo do bicho e contravenção de aposta em corrida de cavalos fora do hipódromo: Cabe RESE (desde que não seja TC - vide parágrafo único do Art. 66 da L 9.099/95). -Quando a decisão pelo arquivamento for teratológica (absurda), então poderá a vítima impetrar mandado de segurança (HC 123365 SP - Rel. Min. Og Fernandes - J. 22.06.10). 5.4) Desarquivamento do Inquérito Policial: a) Regra geral: Pode desarquivar se houver novas provas - Art. 18 do CPP e Súm. 524 do STF. A súmula e o artigo têm incidência, desde que também não esteja extinta a punibilidade. Para desarquivar a prova deve ser substancialmentenova, ou seja, deve trazer um dado novo. Se a prova não traz um dado novo e ela não existia antes nos autos, trata-se de prova formalmente nova, que não admite desarquivamento. b) Exceção: b.1) Faz coisa julgada material o arquivamento que se fundamenta em atipicidade da conduta. b.2) Causas excludentes da ilicitude: Atualmente o STF discute essa questão, mas enquanto não resolvido o HC abaixo mencionado, o posicionamento do STF é no sentido de que pode haver desarquivamento, ou seja, não faz coisa julgada material. Acompanhar o HC 87395 PR - Rel. Min. Ricardo Lewandowski. 6) Trancamento do Inquérito Policial: É possível o trancamento do inquérito policial pela via do HC: Trata-se de medida excepcionalíssima, somente cabível: -Quando não houver indícios de autoria; -Quando não comprovada a materialidade; ou HC 106314 SP - Min. Rel. Carmem Lúcia - J. 21.06.11 -Quando o fato for atípico.
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