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Anestesiologia Thomás R. Campos | Medicina - UFOB RAQUIANESTESIA A raquianestesia, também chamada anestesia raquidiana, anestesia intratecal ou anestesia subaracnoide, é o nome dado para a anestesia decorrente da aplicação de um anestésico local no interior do espaço subaracnoideo, diretamente no líquor. Mecanismo de anestesia A ligação do anestésico local ao tecido nervoso interrompe a transmissão desse tecido resultando no bloqueio neuronal. As raízes dos nervos espinhais e o gânglio da raiz dorsal são considerados os principais sítios de ação da raquianestesia. O Anestésico se difunde através da pia-mater e penetra os espaços de Virchow-Robin (que são extensões do espaço subaracnóide que acompanham os vasos sanguíneos) para alcançar o gânglio da raiz dorsal. Distribuição da solução anestésica A ordem com que as fibras são bloqueadas depende da espessura da fibra. As fibras menos espessas (Fibras C) são bloqueadas primeiro. Seguindo o raciocínio, a regressão do bloqueio segue ordem inversa, ou seja, as fibras mais espessas começam a ser liberadas antes. Ordem do bloqueio: 1. Fibras C: temperatura, dor, fibras pós-ganglionares autonômicas 2. Fibras B: simpático pré-ganglionar 3. Fibras A delta: Eferente sensitivo 4. Fibras A beta: Motora e propriocepção 5. Fibras A alfa: Motora e propriocepção Quanto mais susceptível a fibra, mais alto o bloqueio em relação ao local da punção: o bloqueio da sensação de frio e bloqueio simpático fica 2 seguimentos medulares acima do nível de bloqueio da dor aguda que por sua vez encontra-se em média 2 níveis acima do bloqueio da sensação tátil e função motora. A fibra C sempre bloqueia 02 níveis acima do que a fibra B e A delta, que bloqueia dois níveis acima das fibras A alfa e beta. – Por exemplo, se o bloqueio da função tátil e motora chega em T10, o bloqueio da dor aguda (fibra A delta) vai chegar mais ou menos em T8. A sensação de temperatura e dor visceral (fibras C) vai chegar até T6. Isso se explica porque a fibra C precisa de menos concentração de anestésico para ser bloqueada, em comparação com as fibras A alfa e beta. Então é só pensar, o anestésico vai ficar mais concentrado onde você puncionou, aí consegue bloquear as fibras A alfa e beta, em níveis acima a concentração não vai ser suficiente para bloquear essas fibras maiores, mas vai conseguir bloquear as fibras C. Anestesiologia Thomás R. Campos | Medicina - UFOB A penetração e captação da droga serão maiores quanto maior for: ▪ Massa de anestésico empregada ▪ Concentração da droga no líquor (que vai ser maior maior no local da injeção) ▪ Área de contato do anestésico ▪ Conteúdo lipídico (que é alto nas fibras mielinizadas e no cordão espinhal) ▪ Vascularização local [?] E se o paciente estiver com volume de líquor reduzido? Se há redução no volume do LCR (gestação, ascite, obesidade mórbida etc...) também ocorre alteração na distribuição do anestésico, que vai atingir níveis mais altos com a mesma dose utilizada. Eliminação da droga O anestésico é eliminado por: ▪ Captação por tecidos não nervosos ▪ Absorção vascular (Mais importante) FATORES QUE INFLUENCIAM NA DISTRIBUIÇÃO DO ANESTÉSICO E NA ALTURA DO BLOQUEIO: O professor fala que os principais são a dose do anestésico e a baricidade dele (alguns são isobáricos, outros são hiperbáricos). Ele focou também nas grávidas, obesos e pacientes com injeções peridurais depois da raquianestesia. Nesses pacientes, ocorre aumento da pressão no espaço peridural que é transmitido ao espaço subaracnóide. Isso faz com que haja menos líquor ali e o anestésico fica mais concentrado. Fatores relacionados às drogas: 1- Baricidade: é a relação entre a densidade das soluções injetadas no espaço subaracnóideo e a densidade do LCR, sob a mesma condição de temperatura. – Anestésico hipobárico: densidade menor que a do líquor. – Anestésico isobárico: densidade igual à do líquor. – Anestésico hiperbárico: densidade maior que a do líquor. Não existe metabolismo da droga pelo Líquor! Informações inúteis que ele pode ser FDP e cobrar na droga da prova: 1- A densidade do líquor é de 1,00095. 2- Para tornar uma solução hiperbárica, os caras adicionam dextrose numa porcentagem de 5% a 8%. Anestesiologia Thomás R. Campos | Medicina - UFOB Essa baricidade tem que ser pensada também diante do POSICIONAMENTO DO PACIENTE. Por exemplo, considerando que o paciente esteja em posição sentada e você coloca uma solução: ▪ Hipobárica ou Isobárica*: o bloqueio vai subir, porque a densidade é menor que a do líquor. ▪ Hiperbárica: o bloqueio vai descer, porque a densidade é maior que a do líquor. Aí fica um bloqueio basicamente de fibras sacrais e cauda equina (pega a parte genital e perianal). *A solução isobárica é isobárica a 23ºC, mas quando você injeta no corpo (que tem aproximadamente 37ºC) ela se torna hipobárica. A bupivacaína é assim, por exemplo. Outro exemplo, considerando o paciente em decúbito lateral: ▪ Hipobárica ou Isobárica: bloqueio de região não-dependente. ▪ Hiperbárica: bloqueio de região-dependente. Certo, mas que porra é essa de região-dependente?? Calma, bora entender essa bagaça. Se você fizer uma solução hipobárica com o paciente em decúbito lateral direito, a solução vai subir né (porque ela é hipobárica) aí você vai fazer um bloqueio só da perna esquerda. Por outro lado, se você injetar uma solução hiperbárica, vai bloquear só o lado direito. Mais um, considerando o paciente em posição supina (decúbito dorsal): É preciso levar em conta as curvaturas anatômicas. ▪ Hipobárica ou Isobárica: tende a ficar mais próxima da região da punção. ▪ Hiperbárica: tende a se movimentar mais, tanto cefalicamente quanto caudalmente. Essa movimentação para as duas direções é chamada de bloqueio bimodal. A eliminação da lordose lombar pela flexão do quadril reduz ou elimina a distribuição bimodal do bloqueio sem afetar sua altura. Beleza, mas então essa solução hiperbárica ou isobárica vai ficar o tempo todo indo pra lá e pra cá? NÃO! As soluções vão sofrer os efeitos da gravidade até serem diluídas pelo líquor. Em algum momento o anestésico vai se tornar totalmente isobárico, ou seja, não vai mais se movimentar com mudanças no posicionamento, esse estado é chamado de bloqueio fixado. Não se sabe exatamente qual o tempo necessário para essa fixação, mas na prática espera-se uns 10 min para soluções hipo/isobáricas (porque elas têm uma latência maior), e é admissível aguardar menos tempo ara soluções hiperbáricas (porque elas agem mais rápido). 2- Dose, Volume e Concentração Essas três variáveis são interdependentes e fazer uma análise isolada delas é difícil. Por exemplo, se você aumenta o volume, aumenta a dose também daquilo que você está injetando. Aqui tem algumas coisas que precisam ser pontuadas: – Para soluções hipo/isobáricas: a dose é o fator mais importante para tentar prever a distribuição do bloqueio – Para soluções hiperbáricas: a posição e baricidade parecem ter maior influência na distribuição. Anestesiologia Thomás R. Campos | Medicina - UFOB Fatores relacionadosao paciente 1- Alterações no líquor: – O aumento da massa abdominal em pacientes obesos/gestantes pode aumentar a pressão epidural e reduzir o espaço subaracnóideo. Com isso, vai haver redução do volume de líquor e aumento do nível e distribuição do bloqueio. – Pacientes idosos têm um menor volume de líquor e uma maior sensibilidade das raízes nervosas ao AL (fatores que favorecem maior nível distribuição do bloqueio) Fatores relacionados ao Procedimento 1- Nível de Injeção Quanto mais alta a punção, mais alto o nível do bloqueio. – A punção nas anestesias subaracnóideas é sempre feita na região lombar, devido à maior segurança e melhor angulação dos processos espinhosos. – Bupivacaína Isobárica: a altura do bloqueio sensitivo pode estar reduzida de maneira não linear a depender dos sítios de punção. Por exemplo, se você punconar em L3-L4 vai atingir mais ou menos o nível de T6. Se você puncionar em L4-L5, vai atingir o nível de T10. Perceba que não é linear! Você só baixou um nível da punção (de L3/L4 para L4/L5) e isso baixou o nível do bloqueio 4 vezes! – Bupivacaína Hiperbárica: não tem relação entre o local de injeção e a altura do bloqueio. Aqui é muito mais importante a posição do paciente, porque é a gravidade que vai interferir no nível do bloqueio. ANESTÉSICOS LOCAIS UTILIZADOS NA RAQUIANESTESIA O professor disse que na prática só usa mesmo a bupivacaína. Aí ele falou do tempo para regredir dois dermátomos e o tempo de regressão completa. Além disso, focou no uso de agonistas adrenérgicos (como a clonidina) que podem aumentar o tempo de bloqueio. Aí ele jogou essa outra tabela só pra falar que se você usa uma dose de 10-15mg de Bupivacaína para atingir T10, se você quiser atingir T4 vai precisar aumentar a dose para 12-20mg. Os outros ele disse que não precisava saber, porque só a bupivacaína que é utilizada. Anestesiologia Thomás R. Campos | Medicina - UFOB BUPIVACAÍNA: ▪ É um anestésico local do do grupo das amidas, de longa duração; ▪ Apresenta alta ligação proteica e tempo de latência relativamente longo (elevado pKa) ▪ Apropriado para procedimentos de 2,5 a 3h. Esse tempo pode aumentar se você adicionar adjuvantes. ▪ Apresentações: 0,25%; 0,5% e 0,75% (Isobáricas de comportamento hipobáricos) e 0,5% e 0,75% (hiperbáricas). Na prática o professor só viu de 0,5%. ▪ Seu perfil de recuperação é similar ao da lidocaína. ▪ Raramente associada com sintomas neurológicos transitórios. ▪ Segundo Saesp, as soluções a 0,75% não apresentam vantagens sobre aquelas a 0,5%. DROGAS ADJUVANTES UTILIZADAS NA RAQUIANESTESIA Classe OPIÓIDES AGONISTAS ADRENÉRGICOS (α2) Utilizados Fentanil (dose: 10-30 mcg |latência: 10 -20 min | duração: 4-6h) Sufentanil (dose: 5-10 mcg |latência: 4 -10 min | duração: 4-6h) Solubilidade lipídica do Sulfentanil é maior que do Fentanil Clonidina 15 - 25 mcg (aumenta o bloqueio em 1h e reduz em 40% o uso de morfina) Dexmedetomidina 10x mais alfa-seletivo que a clonidina. Na dose de 3 mcg consegue prolongar o bloqueio sem efeitos hemodinâmicos Comentários Potencializam, reforçam e prolongam o efeito analgésico do anestésico local. Os efeitos dos opióides por via intratecal são complexos, tendo ação direta no cordão espinhal, ação cerebral após ser carreado pelo líquor (isso causa depressão respiratória, vômitos e prurido) e ação sistêmica após captação pelo sistema vascular. Esses efeitos dependem basicamente da dose administrada e da lipossolubilidade da droga. Os opióIdes lipossolúveis (fentanil e sufentanil) apresentam menor latência, maior potência e menor tempo de duração em relação aos hidrossolúveis. Esses fármacos têm pequeno risco de depressão respiratória imediata, sem possibilidade de depressão respiratória tardia. A morfina é um opioide hidrossolúvel, apresentando maior latência, menor potência, maior duração e maior incidência de efeitos colaterais tardios (depressão respiratória) em relação aos lipossolúveis. A morfina é mais usada na raqui pensando no pós-operatório, porque ela dura mais tempo ali. Atuam através da ativação de receptores pré- sinápticos e pós-sinápticos. -Pré-sinápticos: reduzem a liberação de neurotransmissores -Pós-sinápticos: resultam em hiperpolarização e redução do pulso de transmissão. A tabela mostra que a morfina no espaço subaracnóde é 200x mais potente que intravenosa. Por isso tu não pode meter uma ampola toda de morfina na raqui. O paciente vai parar de respirar! Anestesiologia Thomás R. Campos | Medicina - UFOB TÉCNICAS DE PUNÇÃO LOMBAR 1- Preparo pré-anestésico Todo o material e os medicamentos que serão utilizados na anestesia, numa possível reanimação cardiorrespiratória e para o tratamento das repercussões fisiológicas da técnica devem estar prontos para uso antes do início do procedimento. Pode ser feita uma sedação inicial leve, isso vai melhorar a cooperação do paciente quanto ao posicionamento adequado, avaliação da altura do bloqueio e da presença de parestesias. 2- Tipo de agulha ▪ A numeração* das agulhas varia de 22 a 29. O professor usa a 27. ▪ As agulhas têm um mandril, que ocupa o espaço oco da agulha além de conferir rigidez. A maior importância é evitar acumular fragmentos dos diferentes tecidos atravessados durante a punção ▪ Os modelos diferem quanto ao calibre e forma do bisel Quanto maior o número da agulha: – Menor o diâmetro externo – Menor a incidência de cefaleia (ex.: uma agulha 29 tem 40% a menos de chance de causar cefaleia pós-raqui) – Maior facilidade de deformação à introdução nos tecidos – Menor é a percepção das estruturas atravessadas durante a punção – Mais demorada é a saída do líquor após posicionamento correto da agulha (por isso, para colher líquor, geralmente é utilizada a agulha 22) As agulha podem ser cortantes ou não-cortantes. ▪ Agulhas de Greene e Quincke: pontas biseladas com lados cortantes ▪ Agulhas de Whitacre e Sprotte: em “ponta de lápis”, com orifício fora da ponta da agulha. Greene Quincke Whitacre Sprotte Biselada e cortante Ponta arredondada e não cortante com a presença de um mandril bem ajustado que a faz funcionar com ponta de lápis(“agulha atraumática com extremidade mais fina”) Ponta cônica (“ponta de lápis”) com orifício lateral e pequeno o que dificulta o escoamento do líquor e mesmo a injeção do anestésico local Ponta arredondada não cortante; orifício grande e longo o que facilita a injeção de anestésicos no espaço subdural e a saída do líquor mas favorece que a ponta da agulha se deforme Agulhas em “ponta de lápis”, ou seja, as não cortantes agem divulsionando os tecidos ao invés de cortar. Elas requerem mais força para serem inseridas do que as de ponta cortante, contudo, apresentam maior sensibilidade tátil na passagem dos tecidos até o espaço subaracnóide (você vai sentindo ali a agulha passar pelos tecidos). *Outro detalhe inútil, mas que ele pode ser FDP e cobrar: A numeração segue a escala britânica Gauge, em que o número corresponde à quantidade de agulhas justapotas que completam 1 polegada (2,5 cm) Anestesiologia Thomás R. Campos | Medicina- UFOB 3- Posição do paciente Sentado Decúbito lateral Decúbito ventral O paciente faz flexão da cabeça sobre o tronco, para correção da lordose da coluna lombar. Assim, ocorre abertura dos processos interespinhosos. Reduz a incidência de lipotímia O lado escolhido depende do local da intervenção e da densidade da solução anestésica, como eu escrevi antes. É importante pedir ao paciente para colocar os joelhos próximos ao tronco, justamente para reduzir a lordose lombar também. Posição prona em canivete, visa a diminuição da concavidade lombar. Aqui, se você usar uma agulha fina o líquor não vai ter força para voltar. Aí você tem que aspirar pra ver se vêm líquor e saber que está no espaço certo. 4- Assepsia e antissepsia – A assepsia tem que ser rigorosa e a paramentação deve ser adequada, porque qualquer coisa se infectar ali vai dar uma meningite. – Tem que usar solução tópica anti-séptica (Clorexidina e álcool são os mais efetivos). Depois tem que remover o excesso pra não jogar lá pra dentro e causar uma meningite química. – O Streptococcus viridans (comensal da orofaringe) é um dos principais microorganismos associados a meningite bacteriana pós-punção. Por isso tem que usar máscara! 5- Vias Existem duas vias: 1- Mediana: agulha introduzida entre 2 processos espinhosos, perpendicular à pele, em direção ascendente. – Atravessa: Pele → subcutâneo → lig. supraespinhoso → lig. interespinhoso → lig. amarelo → espaço peridural → dura- máter → aracnóidea – Quando houver refluxo de líquor, significa que a agulha está no local correto – Em idosos as calcificações dos ligamentos supra e interespinhosos, diminuição dos espaços intervertebrais e maior rigidez da coluna podem dificultar a obordagem mediana 2- Paramediana: realizada no nível do espaço intervertebral, 1cm lateral/1cm caudal da linha mediana e das apófises espinhosas – Atravessa: Pele → subcutâneo → musculatura paravertebral → lig. Amarelo → espaço peridural → dura-máter → aracnóidea – Minimiza as taxas de falhas da punção mediana; – Não necessita de flexão da coluna; – Adequada nas situações de deformidades e calcificações na linha mediana Abordagem lombossacra (de Taylor): é uma punção paramediana em L5-S1 (onde existe o maior espaço interlaminar da coluna vertebral). Pode ser feita em posição sentada ou lateral. – Agulha inserida 1cm medial/1cm inferior em relação à espinha ilíaca póstero-superior; – Angulação cefálica de 45º; – Direção medial, visando a linha mediana do processo espinhoso de L5 Anestesiologia Thomás R. Campos | Medicina - UFOB Contraindicações Absolutas Relativas – Recusa do paciente – Infecção de pele no local da punção – Alergia às drogas que serão usadas – Incapacidade do paciente em manter-se quieto durante a punção – Hipertensão intracraniana – Estenose espinhal - maior risco de complicações neurológicas após o bloqueio – Cirurgia prévia na coluna - tecido cicatricial pode dificultar ou impossibilitar o bloqueio – Esclerose múltipla - pacientes mais sensíveis ao bloqueio – Espinha Bífida - pode haver ausência do lig amarelo; distribuição do AL muito variável – Estenose aórtica - redução da perfusão coronariana – Hipovolemia – porque pode haver resposta hipotensora exagerada ao bloqueio – Profilaxia Anti-trombótica – porque por acidente você pode perfurar um vaso, que vai sangrar sem parar Complicações 1- Lombalgia: a maioria é causada pelo relaxamento que a raquianestesia provoca, com perda da lordose lombar. 2- Lesão de estruturas nervosas: a ponta da agulha pode pegar uma raiz nervosa, podendo causar parestesia no momento da punção. Se você injetar o anestésico dentro da raiz nervosa o paciente vai ter uma dor lancinante, aí você tem que retirar imediatamente a agulha. Neuropatias periféricas também podem ocorrer geralmente por estiramento mecânico ou compressão direta. 3- Cefaleia pós-raqui: resulta da perda de líquor através do orifício da dura-máter criado pela punção, porque a pressão da saída de líquor causa tração dos folhetos meníngeos e estruturas vasculares, sem amortecimento pela coluna liquórica, isso resulta em dor. Essa dor causa vasodilatação reflexa local (com objetivo de restaurar o volume intracraniano) que causa mais dor. – É uma dor intensa, bifrontal e occiptal, podendo irradiar-se para pescoço e ombros. – Inicia-se nos primeiros dias de punção, sendo de caráter postural (piora com ortostatismo, posição sentada e defecação e alivia na posição supina) – Náuseas, vertigens, distúrbios auditivos, fotofobia, visão borrada e depressão podem estar associados. Tratamento: – Analgésicos – Repouso em decúbito: após o início dos sintomas, não sendo medida preventiva. – Hidratação: evitar excessos, pois o aumento do fluxo urinário, aumenta a deambulação (ele vai precisar levantar mais para ir no banheiro). – Cafeína: aumenta a resistência vascular cerebral e diminui o FSC por ação direta na musculatura arteriolar (efeito de curta duração). – Ansiolíticos + terapia de apoio psicológico (explicar a situação ao paciente). – Injeção peridural de cristalóides ou colóides: aumento da pressão dos espaços peridural e subaracnóideo, isso ajuda a tampar o orifício. – Tampão sanguíneo por via peridural (90-95% efetividade): injeção de 10-15ml de sangue autólogo no espaço peridural, na altura da punção anterior ou 1 a 2 espaços abaixo. Indicado para casos de cefaleias resistentes ao tratamento conservador, com mais de 5 dias de evolução, ou incapacitantes. 4- Infecciosas: pode ser resultado de punção sem precaução de assepsia, bacteremia, infecção em sítio de punção, permanência de cateteres peridurais, contaminação do orifício de entrada na pele. Basicamente são meningite séptica, abscesso peridural ou na medula espinhal. Anestesiologia Thomás R. Campos | Medicina - UFOB 5- Neurológicas: as mais comuns são parestesias persistentes e diminuição da força motora. Contudo as paraplegias e lesões difusas, como a Síndrome da cauda equina também podem acorrer. – Anestésicos locais por si próprios podem ser neurotóxicos nas concentrações usadas clinicamente. O prof disse que isso é mais raro para a bupivacaína. – Sintomas Neurológicos Transitórios: dor ou disestesia em nádegas e pernas, após recuperação da anestesia subaracnóidea, podendo persistir dor lombar baixa associada. A resolução pode ser em 1 semana, mas pode durar até 6 meses. Isso é bem mais comum com lidocaína do que com bupivacaína. – Hematomas compressivos da medula espinal: é comum em pacientes anticoagulados. É uma dor intensa do tipo radicular e paraparesia com incontinência de esfíncteres. O tempo de início é de 20min a 10 dias entre a dor e o déficit motor. Quando identificado esse hematoma, o neurocirurgião tem que ser chamado para fazer laminectomia descompressiva de urgência em até 06h, para que o paciente não tenha problemas neurológicos definitivos. Tem outras complicações no slide, mas o professor nem falou porque era mais específico.
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