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Fordismo: Os Dois Lados da Moeda

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16/05/2015 Cefet-MG
Disciplina: TGA I
Alunos (a): Lucas Cunha França Paiva e Lucas Neves Lima.
Resenha 4 - Fordismo
Fordismo - Os Dois Lados da Moeda.
 Pode-se considerar que o século XX além de sediar o, até a época, inusitado fenômeno da produção em massa também foi palco para o começo da consolidação da administração como ciência. Taylor e Fayol foram os dois primeiros teóricos a dissertar sobre a administração cientifica, mas foi Ford - com sua linha de montagem, simplicidade e qualidade nos carros, economia de tempo (“tempo e dinheiro”), extrema divisão da tarefa em pequenas ações - quem conseguiu melhor aplicar e demonstrar os resultados. Visto isso é possível se perguntar: será então o Fordismo o modelo ideal de administração?
 O jovem garoto apaixonado por mecânica encontrou vários problemas em seu caminho, problemas esses que iam desde a cega visão das montadoras da época em criar um carro potente, resistente e barato até o desperdício da força de trabalho dos funcionários. A partir da analise desses problemas, Ford teve a ideia de criar o modelo “Standart” de carro, simples em suas peças e montagem, barato em sua produção, duradouro e acessível para a massa consumidora, esse foi o modelo T. Para desenvolver sua própria montadora Henry não contou, inicialmente, com grande capital e - por isso - teve de estudar o comportamento humano para desenvolver o sistema mais econômico (de tempo e matéria prima) e funcional possível. 
 Dos estudos do engenheiro e de sua visão simplista surgiu a, aclamada e até hoje usual, técnica de produção conhecida como linha montagem. Junto com esta, foi desenvolvida a divisão do trabalho em movimentos simples, a remuneração por dia ou hora (que garantia que a qualidade nas peças, diferente do pagamento por peça), a padronização de peças, produtos e técnicas em todas as fábricas, a espionagem no trabalho (evitando greves e sindicalizações), permitiram a H.F. impulsionar a produção em larga escala com sucesso, e consequentemente gerar lucro e reconhecimento para sua empresa. 
 O modelo T foi muito bem recebido pelo mercado que estava saturado dos carros pesados, caros e desnecessariamente luxuosos europeus. Além da produção - e consequente lucro - absurdamente alta para a época, “Ford foi o primeiro a fazer amplo uso das relações publicas” (Huw Beynon, 1995, p.39), também se pode destacar a satisfação inicial que os operários tinham de trabalhar na empresa. Os altos salários, as boas condições de higiene, a não necessidade de trabalhadores especializados, a - menor que a concorrência - jornada de trabalho, foram alguns dos motivos pelos quais os trabalhadores se sentiam satisfeitos de trabalhar na empresa. Com tudo isso, o controle de Ford sobre seu modelo de gestão pode aparentar ausência problemas, mas o mercado econômico e seus funcionários viriam a demonstrar futuramente que o Fordismo apresentava diversas falhas.
 O sucesso inicial e o grande marketing da Ford Company esconderam as imperfeições de seu sistema, como por exemplo: o controle abusivo sobre os funcionários, uma relação discriminatória e agressiva em relação aos sindicatos, intromissão na vida pessoal do operário, obseleção do modelo T, superprodução e a atitude prepotente e arrogante da administração da empresa. Feridas essas que geraram criticas e crises, mas que também passaram por certos aperfeiçoamentos. A criação do departamento social foi uma evolução em relação à vida do operário fora da fábrica, assim como a periferização das fábricas paras países subdesenvolvidos foi uma solução para o barateamento da produção e aumento do mercado consumidor.
 O primeiro problema a ser destacado pode ser o controle sobre os funcionários que chegava a um ponto abusivo, em certos momentos os trabalhadores se viam sem poder sobre suas ações no trabalho e com a vida totalmente entrelaçada com ao emprego na Ford. Por fim os operários não tinham nem o apoio dos sindicatos - que na Ford eram subordinados da própria empresa. “A organização Ford estava resolvida a impedir a sindicalização e toda interferência com a maneira como eram dirigidas suas fabricas.” (Huw Beynon, 1995, p.56) já que Henry temia que a sindicalização pudesse interferir nas decisões administrativas da Ford Motors Company. Porém nem mesmo a recorrente espionagem aplicada pela companhia pode evitar o consequente acordo com os sindicatos, que lutavam pela justiça e liberdade do chão de fábrica, usando os “shop stewards” como intermediários.
 A empresa chegou a entrar em recesso econômico devido à prepotência, necessidade de controle exagerado e obcessão com a produção de seu fundador “[...] (Ford) Não queria ver ‘intrusos’ enriquecendo com o faturamento de sua fabrica. Ele era um ditador [...]” (Nevins e Hill, 1962, p.428). A produção era tão eficiente que, como disse Lipietz (1989, p.307), “[…] essa elevação da produtividade resultou […] na crise de superprodução de 1930”, onde muitos carros foram produzidos e não havia consumo proporcional no mercado (visto que o preço baixo e a durabilidade dos mesmos não gerava rotatividade de compra e venda).
 Em suma, os mesmos princípios de controle e simplicidade que levaram o sistema H. Ford ao sucesso foram os que acarretaram suas crises. Portanto é tão equivocado se concluir que o Fordismo foi o modelo perfeito, quanto é negar que este trouxe grandes avanços a administração e a produção. Deve-se, então, analisar os elementos que tiveram boa aplicabilidade em cada contexto histórico e regional e aperfeiçoa-los (adaptando-os ao cenário atual da administração). Ford foi um grande administrador que desenvolveu um grande sistema de gestão, criando diversas técnicas e princípios que até hoje são aplicados, mas sua inflexibilidade a adaptações foi o grande erro que marcou sua trajetória.
Referências
FORD, Henry. Os princípios da prosperidade. Brand: Rio de Janeiro, 1960. (Cap. 2 a 8).
BEYNON, Huw. Trabalhando para Ford - Trabalhadores e Sindicalistas na Indústria Automobilística. 2 ed. Paz e Terra: São Paulo, 1995.
LIPIETZ, Alain. Fordismo, fordismo periférico e metropolização. V. 10, n. 2. Ensaios FEE: Porto Alegre, 1989. (p. 303-355).
MADE in Dagenham. Direção: Nigel Cole. Produção: Elizabeth Karlsen e Stephen Woolley. Inglaterra: Audley Films, BBC Films, BMS Finance, HanWay Films, Lipsync Productions, Number 9 Films e UK Film Council, 2010, 1 DVD.

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