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UNIVERSIDADE AGOSTINHO NETO FACULDADE DE ENGENHARIA MESTRADO EM ENGENHARIA DO AMBIENTE PROPOSTA DE SELEÇÃO DE 3 ÁREAS COM APTIDÃO À IMPLANTAÇÃO DE ATERROS SANITÁRIOS PARA A ÁREA METROPOLITANA DE LUANDA, UTILIZANDO SIG (SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA), E O IMPACTO NOS CUSTOS DE TRANSPORTE DE RESÍDUOS DOS DIVERSOS MUNICÍPIOS. Discente: Valdemar Fonseca Orientador científico: Ph.D. Mário Russo Luanda 2019 UNIVERSIDADE AGOSTINHO NETO FACULDADE DE ENGENHARIA MESTRADO EM ENGENHARIA DO AMBIENTE PROPOSTA DE SELEÇÃO DE 3 ÁREAS COM APTIDÃO À IMPLANTAÇÃO DE ATERROS SANITÁRIOS PARA A ÁREA METROPOLITANA DE LUANDA, UTILIZANDO SIG (SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA), E O IMPACTO NOS CUSTOS DE TRANSPORTE DE RESÍDUOS DOS DIVERSOS MUNICÍPIOS. Estudo de Caso apresentado á Universidade Agostinho Neto Faculdade de Engenharia Curso de Mestrado em Engenharia da Ambiente Discente: Valdemar Fonseca Orientador científico: Ph.D. Mário Russo Luanda Consumo de cloro na oxidação de matéria orgânica presente na água do Rio Bengo 2019 130 Resumo A deposição final de resíduos sólidos na cidade de Luanda exige estratégias novas que visem a melhoria das condições e tamanho do único aterro sanitário da cidade de Luanda, mormente o aterro sanitário dos Mulenvos. Pelo facto de ser a maior cidade do país, não a nível territorial, mas sim a nível populacional contando com uma população de mais de 6 milhões de habitantes segundo o Censo de 2014, urge a necessidade de se pensar em novos aterros sanitários essencialmente para servir a parte Sul da cidade garantindo assim um ou mais aterros mais próximos da área metropolitana imposta pelo Plano Geral de Luanda, outrora denominado por Plano Director Geral Metropolitano de Luanda (PDMGL). O PESGRU define como principal sistema de deposição dos RSU os aterros sanitários integrado com estações de triagem, reciclagem, valorização do biogás e incineração de alguns resíduos como sendo o mais ideal para as principais cidades de Angola. Tão importante quanto as condições do aterro, é o dimensionamento do mesmo, é fundamental que o aterro esteja em concordância com a população que o mesmo servirá, e logicamente, a sua localização deve ser perfeitamente pensada de formas a que se situem em zonas próximas garantindo desse modo a racionalização dos custos de transportação dos resíduos e dos impactes ambientais que possam advir dessa actividade. A seleção de áreas para implantação de aterro sanitário deve ser minuciosamente pensada com vista a evitar possíveis danos à saúde, ao meio ambiente e a população. Nesse sentido é apresentado o estudo de caso para a Seleção de 3 áreas com aptidão à implantação de aterros sanitários para a área metropolitana de Luanda, utilizando SIG (sistema de informação geográfica), e o impacto nos custos de transporte de resíduos dos diversos municípios. Palavras-chave: aterro sanitário, matriz de hierarquização, resíduos sólidos, sistema de informação geográfica, custo de transporte. abstract The final disposal of solid waste in the city of Luanda requires new strategies aimed at improving conditions and size of the only landfill in the city of Luanda, particularly the landfill of Mulenvos. Because it is the largest city in the country, the territorial level, but the population level with a population of more than 6 million inhabitants as of 2014, urge the need to think of new landfills essentially to serve the the southern part of the city providing one or more landfills closest to the metropolitan area imposed by the General plan for Luanda, once named by General Director of Luanda Plan (PDMGL). The PESGRU defines as main system of MSW landfills disposal integrated with marshalling yards, recycling, recovery and incineration of biogas some waste as being the most ideal for the main cities of Angola. As important as the conditions of landfill, is the scaling, it is crucial that the landfill is in accordance with the population that it will serve, and logically, your location should be perfectly designed in ways that are located in areas next guaranteeing thereby rationalizing costs for transportation of the waste and of the environmental impacts arising from this activity. The selection of areas for deployment of landfill must be thoroughly thought through in order to avoid possible damage to health, the environment and the population. In this sense are the case study for the selection of 3 areas with suitability for deployment of landfills for the metropolitan area of Luanda, using GIS (geographical information system), and the impact on costs of waste transport of the various municipalities. Key words: landfill, array of Tiering, solid waste, geographical information system, cost of transport. lista de abreviaturas ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas AS – Aterro Sanitário CAD – Desenho auxiliado por computador DGQA – Direcção Geral de Qualidade do ambiente IGEO – Instituto Geológico de Angola INE – Instituto Nacional de Estatística PDGML - Plano Director Geral Metropolitano de Luanda PESGRU – Plano Estratégico de Gestão de Resíduos Urbanos OMS – Organização Mundial da Saúde RAN - Reservas Agrícolas Nacionais REN - Reservas Ecológicas Nacionais RSU – Resíduos Sólidos Urbano RU – Resíduo Urbano SIG – Sistema de Informação Geográfica USEPA - United States Evironmental Protection Agency Índice geral RESUMO iii ABSTRACT v LISTA DE ABREVIATURAS vi ÍNDICE GERAL vii ÍNDICE DE TABELAS x ÍNDICE DE FIGURAS xi 1 INTRODUÇÃO 1 1.1 Metodologia 3 1.2 Objectivos 4 1.2.1 Objectivo geral 4 1.2.2 Objectivos específicos 4 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 5 2.1 Legislação 5 2.2 Geoprocessamento SIG e CAD 7 2.3 Análise Multicritérios 7 2.4 Álgebra dos mapas 8 2.5 Critério para seleção de áreas para a implantação de aterros sanitário 9 2.5.1 Segundo Langer 9 2.5.2 Segundo Cempre 9 2.5.3 Segundo Russo 11 2.6 Relação entre a localização do AS e o custo de transporte dos resíduos 13 3 ESTUDO DE CASO 15 3.1 Caracterização da província de Luanda 15 3.1.1 Localização e divisão administrativa 15 3.1.2 Clima 16 3.1.3 Relevo 16 3.1.4 População 16 3.1.5 Estrutura viária da Cidade de Luanda 21 3.1.6 Descrição da produção de RSU de Luanda 22 3.1.7 Cálculo da Área do Aterro 27 3.1.8 Determinação da Área Buffer 29 3.1.9 Análise Topográfica 32 3.1.10 Análise geológica 34 3.1.11 Análise Hidrológica 36 3.1.12 Análise Hidrogeológica 38 3.1.13 Escolha dos três locais para a implantação de AS 40 3.1.14 Relação Custos de Transporte vs Localização do AS 41 4 RECOMENDAÇÃO 42 5 CONCLUSÃO 43 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 44 Índice de Tabelas Tabela 2.1 - Critérios para avaliação de áreas para instalação de aterro sanitário 11 Tabela 2.2 – Tabela de critérios segundo a OMS e a US.EPA 13 Tabela 3.1 -Quadro da população de Luanda segundo o Censo 2014 por idade, sexo e distribuição rural e urbana 18 Tabela 3.2 -Quadro da população de Luanda segundo o Censo 2018 por idade, sexo e distribuição rural e urbana 19 Tabela 3.3 - Distribuição da população de Luanda por município 20 Tabela 3.4 – Produção de resíduos sólidos em Luanda em 2012 25 Tabela 3.5 – Composição de RS em Luanda em 2018 26 Tabela 3.6 – Tabela de cálculo do volume de RSU de 2018 á 2038 27 Tabela 3.7 – Tabela de cálculo para determinação da Área Buffer 30 Índice de Figuras Figura 2.1 - Diagrama do fluxo processual de selecção de locais para AS 12 Figura 3.1 - Mapas de Luanda e de Angola 15 Figura 3.2 – Gráfico do crescimento da população de Luanda de 1985 á 2010 17 Figura 3.3 - Gráfico da distribuição da população por município 20 Figura 3.4 - Estrutura viária da cidade de Luanda 21 Figura 3.5 – Capitação diária de resíduos por província 2012 23 Figura 3.6 – Produção estimada de RS de 2012 24 Figura 3.7 – Composição dos RS em Luanda, Cabinda e Kuanza-Norteem 2012 25 Figura 3.8 – Geometria Simplificada do aterro 28 Figura 3.9 – Representação da Área Buffer 31 Figura 3.10 – Mapa geomorfológico de Luanda 33 Figura 3.11 – Mapa geológico de Luanda 35 Figura 3.12 – Mapa Hidrológico de Luanda 37 Figura 3.13 – Mapa hidrogeológico de Luanda 39 Figura 3.14 – Localização das três áreas para a implantação de AS 40 Introdução A concentração de pessoas na cidade de Luanda é fruto do conflito armado vivido logo após a independência em 1975 e da procura oportunidades e de melhores condições de vida. Esses factos fizeram com que se desencadeasse a entrada massiva e crescente de população vinda de outras províncias e gerasse a necessidade de provisão de infraestrutura e o de serviços públicos urbanos condizentes com o crescimento populacional. Dentre estes serviços públicos, há a realçar o serviço de saneamento básico que pressupõe o abastecimento de água potável, colecta e tratamento de esgoto sanitário, infraestruturas para a drenagem de águas pluviais e residuais urbanas e um sistema de gestão e manuseio dos resíduos sólidos (RS). A população concentra-se em regiões próximas a região metropolitana de Luanda que apresenta melhores infraestruturas, e um conjunto maior de serviços públicos ao dispor dos cidadão, assim como um conjunto maior de oportunidade para negócios predominantemente informais e realizado de forma desordenada. A área em estudo apresenta uma alta produção de resíduos sólidos urbanos (RSU) que contribui para a degradação ambiental provocada pela deposição incorrecta de tais resíduos. Esse pressuposto tem criado alguma preocupação por parte dos órgãos decisores no sentido de promover campanhas de adequação das práticas que contaminam os abrigos naturais e as pessoas registando-se desse modo um número muito grande de casos de doenças como o paludismo e as doenças diarreico-agudas principalmente aquando da ocorrência de chuvas, assim sendo, as práticas ligadas a deposição dos RSU devem estar em conformidade com a Lei de bases do Ambiente. Segundo Mansor (2010) a decisão sobre o tipo de tratamento e a disposição final de rejeitos que dependem de diferentes fatores e condicionantes, tais como: das características socioeconômicas e ambientais da região, das diretrizes da gestão municipal e dos recursos financeiros e dos tipos de matérias contidos nos resíduos sólidos e seu mercado potencial. Para isso, torna-se exigência um planeamento prévio sobre normas técnicas e exigências legais para identificação da disposição final que possui a melhor aptidão sem causar impactos à saúde e ao meio ambiente. Nascimento (2012) declara que a população pode se opor a localização do aterro sanitário, se próximo de suas residências, devido às questões relacionadas aos odores, barulho de máquinas, às partículas em suspensão no ar, à dispersão de resíduos ao longo do trajeto e ao aumento do tráfego de caminhões basculantes nas estradas de acesso. Metodologia As metodologias aplicadas ao trabalho são: Consulta bibliográfica com o objectivo de avaliar o estado da ciência; Utilização de softwares CAD e ferramentas SIG, mas concretamente o QGIS e o Autocad 2017 para a execução de mapas perfeitamente georreferenciados e desenhos em Autocad criteriosamente executados com vista a garantir a apresentação de informações gráficas facilmente legíveis; Avaliação as áreas basear-se-á na análise dos mapas geológico, geomorfológico, hidrológico e hidrogeológico da cidade de Luanda Objectivos Objectivo geral Seleccionar 3 áreas com aptidão à implantação de aterros sanitários para a área metropolitana de luanda, utilizando SIG (sistema de informação geográfica), Determinar os impactos nos custos de transporte de resíduos dos diversos municípios. Objectivos específicos Utilizar a ferramenta SIG e a cartografia da região para identificar e selecionar 3 áreas com potencial para receber um aterro sanitário para os resíduos urbanos produzidos nos municípios da área metropolitana de Luanda, tendo em consideração a superfície a ocupar, a área de proteção da envolvente ao aterro de 1000 metros, a malha rodoviária para transporte, as características fisiográficas e hídricas do território; Realizar a projeção da produção de resíduos para a vida útil de 20 anos de um aterro sanitário para os municípios da área metropolitana de Luanda e determinar a área para a implantação de um aterro sanitário considerando a exploração até uma altura de 40 metros de altura; Elaborar um relatório com o ranking dos locais selecionados e principais características. Elaborar uma matriz de ponderação dos critérios com notas e pesos para a escolha adequada das áreas para deposição final de resíduos sólidos urbanos; Estabelecer a relação entre custo de transporte de resíduos e a localização de aterros nas áreas aptas para implantação dos mesmos fundamentação teórica Legislação Legalmente o Estado angolano trata da questão resíduo no Decreto Presidencial nº 190/12, de 24 de Agosto e o seu processo de planificação e é tratado no PESGRU (Plano estratégico para a Gestão de Resíduos Urbanos) De acordo o Decreto Presidencial nº 190/12, de 24 de Agosto, define-se resíduo no seu Artigo 3º alínea S como sendo: Substâncias ou objectos de que o detentor se desfaz ou tem a intenção ou obrigação legal de se desfazer, que contêm características de risco por serem inflamáveis, explosivas, corrosivas, tóxicas, infecciosas ou radioactivas ou por apresentarem qualquer outra característica que constitua perigo para a vida ou saúde das pessoas e para o ambiente, conforme a Lista de Resíduos estabelecida no Anexo X. O Decreto Presidencial nº 190/12, de 24 de Agosto no seu Anexo I estipula os requisitos para a Elaboração de Planos de Gestão de Resíduos e para Licenciamento Ambiental em caso de Aterros, sendo os seguintes: Objecto do projecto; Planeamento, escolha do local e bases do projecto, incluindo área e volumes ocupados; [1: A escolha do local ou da área de implantação do aterro é o principal objecto de estudo do trabalho.] Características geológicas, geotécnicas e hidrogeológicas do local; [2: Esse conjunto de características têm um papel fundamental no processo de selecção de áreas para a implantação de aterros sanitários.] Tipologia e quantidade de resíduos; Processos de gestão de riscos; Procedimentos a observar para a prevenção e minimização da produção dos resíduos; Técnicas, equipamentos e procedimentos a observar para o tratamento dos resíduos; Localização e características do local destinado ao armazenamento dos resíduos, bem como os procedimentos de armazenamento, incluindo informação sobre o tipo e características dos recipientes para o armazenamento; Tipo, características dos meios de transporte e procedimentos a observar para o transporte dos resíduos, desde o ponto da sua geração até ao local da sua deposição; Procedimentos a observar para a deposição ou eliminação dos resíduos; Sistema de impermeabilização; Sistemas de drenagem de águas pluviais e lixiviados; Tratamento de lixiviados, previsão da quantidade e qualidade de lixiviados; Monitorização dos lixiviados e águas subterrâneas com vista a prevenção da contaminação dessas mesmas águas subterrâneas; Drenagem e tratamento do biogás, se necessário; Plano de exploração do aterro, estrutura do pessoal e horário de trabalho; Plano de segurança das populações e trabalhadores do sistema; Plano de aceitação dos resíduos; Plano de recolha dos resíduos; tCobertura final, recuperação paisagística e monitorização pós encerramento; Procedimentos em caso de acidentes, derrames, descargas e escapes acidentais; Meios e responsabilidades para a realização das actividades previstas no plano de gestão de resíduos. Geoprocessamento SIG e CAD Segundo (Moura, 2015), o Geoprocessamento compreende as atividades de aquisição, tratamento e análise de dados sobre a Terra. Envolve desde o conjunto de tecnologias para a coleta de imagens da superfície do planetamais conhecido como SIG, até o processamento e análise desses dados, em forma de mapas digitais usando um ambiente computacional orientado à análise e interpretação de vários fatos e fenômenos. Segundo (CAMARA, 1993) os SIGs são sistemas onde sua principal característica é a integração de uma base de dados as informações espaciais provenientes de dados cartográficos, dados de censo de cadastro urbano, rural, imagens de satélite, redes, dados e modelos numéricos de terrenos. Ele combina várias informações através de algoritmos de manipulação para gerar mapeamentos derivados, consultar, recuperar, visualizar e imprimir o conteúdo da base de dados geocodificados. O CAD (computer-aided design) softwares concebidos pela Autodesk e não só, que têm como objectivo auxiliar o processo de representação gráfica ou desenho executado no computador. Análise Multicritérios A análise multicritérios é um instrumento de apoio de decisão. O principal objectivo da análise multicritérios é estruturar e combinar as diferentes análises em consideração para facilita o processo de tomada de decisão, e baseia-se na lógica de utilização de um SIG, pois, define a selecção das principais variáveis que caracterizam a localização de aterros, á partir da análise da complexidade espacial e, por si só representa a realidade segundo diferentes variáveis. Para (Moura, 2015) as informações são organizadas em camadas, segundo a discretização dos planos de análise em resoluções espaciais adequadas tanto para as fontes dos dados como para os objetivos a serem alcançados. Tais como a promoção da combinação das camadas de variáveis, integradas na forma de um sistema, que traduza a complexidade da realidade. Finalmente, possibilita a validação e calibração do sistema, mediante identificação e correção das relações construídas entre as variáveis mapeadas Álgebra dos mapas De acordo (Camara, 1998) o tema “álgebra de mapas” foi popularizado a partir dos livro “Geographic Information System and Cartographic Modeling” e, essa foi a primeira abordagem em que se buscou explorar de uma maneira formal as propriedades dos dados representados em SIG, normalmente representado por mapas. Os elementos da álgebra consistem em associar a cada local de uma dada área a um valor quantitativo (escalar, ordinal, cardinal ou intervalar) ou qualitativo (nominal). Para (Santos, 2014), a álgebra de mapas é basicamente constituída de operações locais, de vizinhança e regionais, aplicando-se diferentes técnicas para cada tipo de problema. As localizações espaciais são definidas por uma matriz composta por linhas e colunas, onde cada célula é uma unidade territorial, sendo a unidade básica de um processamento, o pixel, o qual pode ser processado independentemente, integrado a uma vizinhança ou uma região de elementos com o mesmo atributo. Critério para seleção de áreas para a implantação de aterros sanitário Segundo Langer O desenvolvimento de critérios e métodos para seleção de áreas para implantação de aterros sanitários foi um processo gradativo, e ainda hoje se encontra em diferentes estágios de desenvolvimento em cada país. De modo geral, Langer 1995 apud BROLLO (2001) afirma que, para um terreno ser adequado à disposição de resíduos sólidos, este deve apresentar as seguintes características relativas ao meio abiótico: baixo fluxo de água subterrânea nos arredores da área de disposição; baixa permeabilidade; grande espessura e homogeneidade do material geológico, alta capacidade de retenção (adsorção) de compostos; baixa solubilidade química; baixa erodibilidade do substrato. Contudo, torna-se necessário definir parâmetros (preferencialmente quantitativos) para os atributos escolhidos, de forma a diminuir a subjetividade na análise. Segundo Cempre Segundo (CEMPRE, 2018) o conjunto de dados sobre o meio físico e critérios socioeconómicos devem ser analisados, para que as áreas possam ser analisadas quanto a seu potencial de aproveitamento para a instalação de um aterro. Os critérios a serem analisados são os seguintes: Dados geológicos ou geotécnicos (Mapa geológico) Distribuição e características das unidades geológicas e geotécnicas que ocorrem na região; Principais feições estruturais (falhas, fraturas e foliação); Dados pedológicos (Mapa de distribuição dos solos) Tipos de solos que ocorrem na região; Identificação dos tipos de solos mais apropriados para material de empréstimo Identificação dos processos do meio físico mais atuantes para a região e para os tipos de solos. Dados sobre o relevo (Mapa geomorfológico) Compartimentação geomorfológica; Características das unidades que compõem o relevo (morros, planícies, encostas, etc.); Declividade dos terrenos. Dados sobre as águas subterrâneas e superficiais (Mapa hidrogeológico) Profundidade do lençol freático Localização das zonas de recarga das águas subterrâneas principais mananciais, bacias e corpos d’água de interesse a abastecimento público (âmbito regional e local) Áreas de proteção de manancial Dados socioeconómicos (mapa de uso e ocupação do solo) Valor da terra; Uso e ocupação dos terrenos; Distância da área em relação aos centros atendidos; Integração à malha viária; Aceitabilidade da população e de suas entidades organizada. Cempre (2018) apresenta na Tabela 2.1 os critérios para a avaliação das áreas para instalação de aterro sanitário. Tabela 2.1 - Critérios para avaliação de áreas para instalação de aterro sanitário Dados necessários Recomendada Recomendada com restrições Não recomendada Vida útil Maior que 10 anos (10 anos, á critério do orgão ambiental) Distância do centro atendido Maior que 10 Km 10-20 Km Maior que 20 Km Zoneamento ambiental Áreas sem restrições no zoneamento ambiental Unidades de conservação ambiental correlatas Zoneamento Urbano Vector de crescimento mínimo Vector de crescimento intermédio Vector de crescimento máximo Densidade populacional Baixa Média Alta Aceitação de população e entidades ambientais e não-governamentais Boa Razoável Inaceitável Distância de cursos de água (córregos, nascentes, etc.) Maior que 200 m Menor que 200 m, com a aprovação do orgão ambiental responsável Fonte: (CEMPRE, 2018) Segundo Russo Segundo (Russo, 2015) recomenda-se o estudo de áreas cujo centróide seja o obtido conjugando-se distâncias dos centros produtores e produção de resíduos, de tal forma que se minimizem os custos de transporte a destino de tratamento. Assim, a seleção deve ter como base um processo de "peneiramento" no interior de uma área “buffer”, em que sucessivamente são eliminados locais com menores aptidões e que se pode organizar do seguinte modo: Avaliação inicial; Selecção de locais com maiores potencialidades; Escolha final. Na avaliação inicial são claramente identificadas as limitações legais de implantação (reservas agrícolas ou ecológicas nacionais, áreas de reserva estratégica nacional conhecidas, como as definidas pelo Instituto Geológico e Mineiro) ou outras baseadas em limitações físicas (características da área), tipo de povoamento (distâncias mínimas) e formações geológicas. A seleção de locais com maiores potencialidades determina a necessidade de proceder a estudos aprofundados desses locais, de modo a servir de base à escolha de um deles para a implantação do AS. Na Figura 2.1 apresenta-se um diagrama representativo dos passos na seleção de um local para aterro. Figura 2.1 - Diagrama do fluxo processual de selecção de locais para AS Fonte: (Russo, 2015) Após a determinação da área "buffer" (que garante a proximidade aos centros produtores), passa-se à fase seguinte de procura e pesquisa de locais específicos adequados no interior dessas “macro-áreas”, aplicando-se critérios de localização baseados em recomendações nacionais e internacionais. A generalidade dessas recomendações têm por base aspetos técnicos, económicos, sociais e ecológicos.Enunciam-se seguidamente algumas dessas recomendações emanadas por entidades com responsabilidades nesta matéria, designadamente a Direção Geral do Ambiente (DGA), recomendações de entidades Americanas, designadamente a USEPA (United States Evironmental Protection Agency) e a Organização Mundial da Saúde (OMS). De forma geral, segundo (Russo, 2015) podemos resumir os critérios de avaliação das áreas para implementação de aterros conforme a Tabela. Tabela 2.2 – Tabela de critérios segundo a OMS e a US.EPA Organização Mundial da Saúde (OMS) Tchobanoglous et al. (1993), Davis et al. (1991) e USEPA 200 m de imóveis habitados, terrenos de desporto ou locais de acampamento; 20 m dos espaços arborizados; 35 m dos cursos de água; 500 m de moinhos de água; 55 m das margens de represas de águas de abastecimento. 30 m de linhas de água (rios); 160 m de poços de água potável; 65 m de casas, escolas e parques; não localização em área inundável, a não ser sob condições excepcionais. Fonte: (Russo, 2015) Relação entre a localização do AS e o custo de transporte dos resíduos Segundo (Russo, 2015) a escolha de um local deverá levar em consideração os custos de transporte de resíduos, pois trata-se de um custo apreciável no conjunto das operações do sistema. O problema resume-se à localização de um ou mais equipamentos que visam satisfazer uma procura discreta espacialmente distribuída, associada a um conjunto de áreas que poderão ser representadas pelos seus pontos centrais, de modo a que sejam minimizados os custos de transporte entre estes pontos de procura e o ou os referidos pontos de oferta do serviço. São conhecidas algumas variantes deste tipo de problema, embora a que se reveste de interesse para o nosso caso seja a que associa os custos de transporte à distância total percorrida desde os centros de produção de RSU até aos centros de processamento e disposição por intermédio de uma função de custos de transporte. É admitido, sem lugar à introdução de grandes erros, que a função custos de transporte é linear, i.e., que a variável custo de transporte varia na razão direta da distância, podendo eventualmente qualquer condição local das vias de comunicação conducente ao agravamento do tempo de viagem ser simulada pela introdução de uma impedância, que mais não é que um fator multiplicativo que ficticiamente aumentará a distância real a percorrer entre dois nós da rede (Russo 2015). Para (Russo, 2015) o objetivo de minimização dos custos de transporte é então conseguido fazendo com que a distância total de viagem necessária à prestação do serviço seja mínima, entendendo-se esta distância total como o somatório dos produtos da distância percorrida em cada viagem pelo número de viagens efetuadas entre cada par de pontos de procura e oferta. No caso do modelo de localização numa rede, o cálculo da distância mais curta entre um par de pontos é conseguido mediante a escolha do mais curto de entre os vários caminhos possíveis que estabelecem a ligação entre aqueles centros de oferta e procura. Estudo de Caso Caracterização da província de Luanda Localização e divisão administrativa Localizada na costa com o Oceano Atlântico e com 18 860 Km2 de superfície, Luanda é a capital da República de Angola, situada geograficamente na latitude 8º 50´ 00´´ S e longitude 13º 14´ 00´´ E conforme a Figura 3.1. Figura 3.1 - Mapas de Luanda e de Angola Fontes: IPGUL (2018) A divisão administrativa da cidade contempla sete municípios, nomeadamente os municípios de Luanda (Sede), Viana, Cazenga, Belas, Cacuaco, Icolo e Bengo e Quiçama. Clima Segundo o INAMET o clima de Luanda é tropical húmido, mas seco devido à corrente fria de Benguela que dificulta a condensação da humidade para produzir chuva. As temperaturas são geralmente elevadas mesmo durante a noite, devido ao nevoeiro. A precipitação média anual é de 323 milímetros com variabilidade das mais altas do mundo, com um coeficiente de variação de 40%. O curto período de chuvas de Fevereiro a Abril depende de uma contracorrente húmida que vem do norte do país. A descrição do clima é importante pois tem influência no processo de degradação dos RSU e, quando o período de chuvas intensifica em função da deficiente acomodação dos RSU em contentores, acabam por ser fontes de disseminação de doenças. Relevo O relevo é ligeiramente acidentado e divide a cidade em duas partes, a parte baixa da cidade com altitude próxima do nível médio do mar e a parte alta da cidade com altitude superior, cerca de 300 a 400 metros. População Os habitantes de Luanda pertencem maioritariamente aos grupos étnicos Kimbundu, Ovimbundo e Bakongo, todavia, há outros grupos étnicos que habitam na cidade. Para além dos principais grupos étnicos existem habitantes em menor escala pertencente a outras origens, a destacar: cidadãos europeus (maioritariamente portugueses), americanos (com destaque para a comunidade brasileira) e asiática (principalmente chineses). A população de Luanda cresceu exponencialmente como resultado do êxodo massivo de populações das zonas rurais para a capital durante a Guerra Civil. Como consequência desse crescimento populacional acentuado, houve o crescimento desordenado e não controlado de bairros perisféricos, assim como a degradação de bairros periurbanos, caracterizado por habitações precárias, deficiente saneamento básico, défice no abastecimento de água e energia elétrica, insuficiência de estradas, desemprego e consequentemente aumento dos índices de pobreza. Figura 3.2 – Gráfico do crescimento da população de Luanda de 1985 á 2010 Fonte: (INE, 2016) A população de Luanda, como mostra o Gráfico 3.1 passou de 189.500 em 1960 para 475.328 em 1970, altura em que realizou-se o penúltimo censo populacional, e de 898.000 em 1983 para 5.000.000 em 2010, um aumento de 456% em 27 anos, ou seja, um crescimento médio anual na ordem dos 17%, considerado muito alta, quando comparada com o crescimento populacional de outras cidades do mundo. Apos a realização do Censo (2014) pelo INE da população e habitação ficou provado que a população de Luanda era de sensivelmente 6 979 233 habitantes e encontrava-se distribuída em territórios diferentes, nomeadamente em território urbano e em território rural. A província de Luanda concentrado em si aproximadamente 30% da população de Angola. Tabela 3.1 -Quadro da população de Luanda segundo o Censo 2014 por idade, sexo e distribuição rural e urbana Fonte: (INE, 2016) O censo, realizado de 16 a 31 de Maio de 2014, destaca o município de Luanda com maior número de habitantes que é de 2.194.747 e por último está o da Quiçama, com apenas 26.546. Outros dados indicam que Viana tem 1.605.291 habitantes, Belas 1.075.109, Cacuaco1070.147, Cazenga 892.401 e Icolo Bengo com 81.144. A estrutura etária da população é jovem. A província de Luanda tem 369 pessoas por cada km2, sendo o Cazenga com maior densidade populacional. O documento realça que quanto ao RSU, que cerca de 5 em cada 10 agregados familiares nas áreas urbanas deposita os RU ao ar livre e cerca de 8 em cada 10, nas áreas rurais tem o mesmo procedimento (http://www.angop.ao/angola/pt_pt/noticias/sociedade). A cidade de Luanda continua a ser um ponto de atracção para as populações da zona interior do país, apresenta-se como o principal centro de negócios de Angola, e é vista e tida para a maior parte da população como o local ideal para o desenvolvimentos de actividades que visam o crescimento não só económico mesmo até intelectual das populações. Segundo (Tvedten , Lázaro, Jul-Larsen, & Agostinho, 2018) a população de Luanda não para de crescer, pois a sua taxa de crescimento natural é relativamente alta se comparada a outras capitais de países o que faz com que os problemas de RU agudizem-se, porque é muito difícil prever um crescimento linear dos resíduos quando os números em termos populacionais não são suficientemente estáveis, ou seja, apresentam-se de forma muito flutuantes. Para o presente ano apresentaremosas tabelas da população referente ao ano de 2018, pois são os dados mais actuais. Tabela 3.2 -Quadro da população de Luanda segundo o Censo 2018 por idade, sexo e distribuição rural e urbana Fonte: (INE, 2016) A distribuição da população por municípios está definida na Tabela 3.4, e demostra que existe uma tendência de concentração no município de Luanda concentrando em si 31% da população segundo a Figura 3.4, pelo mesmo ser o município sede e consequentemente por estarem nele concentrado o maior número de serviços a que os cidadãos acorrem todos os dias. Tabela 3.3 - Distribuição da população de Luanda por município Município População 2018 Cazenga 1011397 Cacuaco 1237477 Viana 1838291 Luanda 2487444 Belas 1230101 Icolo e bengo 126935 Quiçama 45262 Total 7.976.907 Fonte: Própria Figura 3.3 - Gráfico da distribuição da população por município Fonte: Própria Estrutura viária da Cidade de LuandaLegenda A estrutura viária da cidade de Luanda apresenta um traçado irregular em virtude de ser uma adaptação a topografia da cidade principalmente nas zonas mais próximas a cidade baixa, onde para se aceder á parte mais alta tem de se vencer um desnível na ordem dos 400 metros. A estrada 03 ainda não existe mas, por razões de estudos foi levada em conta, pois, será uma das principais estradas dentro do PDGML, as outras já existem e estão nesse momento a serem melhoradas. Em suma, notamos que o traçado apresenta a seguinte hierarquização das vias: estradas primárias, secundárias e terciárias, de acordo a legenda constante na imagem. Figura 3.4 - Estrutura viária da cidade de Luanda Fonte: PDGML Descrição da produção de RSU de Luanda Os dados apresentados nesse ponto têm como fonte o autor do trabalho, em virtude de não haver dados concisos nas empresas que trabalham na limpeza da cidade. Partindo do pressuposto das capitações apresentadas no PESGRU e com base na população estimaremos a produção de resíduos na cidade de Luanda, e para a caracterização usaremos a composição dos resíduos existente no PESGRU, importa salientar que existe a possibilidade de não termos dados precisos nesse aspecto, pois nada melhor que aferir no local, ou nos locais, para se ter uma noção exacta das quantidades e da composição dos resíduos. A produção de resíduos é um problema que atinge níveis preocupantes nas zonas de grande concentração da população. Em cidades com grande concentração de pessoas como é o caso de Luanda a produção de resíduos tem crescido quase que de forma exponencial, e constitui-se objectivamente num desafio para as autoridades. As principais concentrações de lixo encontram-se nas proximidades dos grandes armazéns que comercializam produtos quer seja á grosso ou a retalho, e junto as praças ou mercados, que por conta de vários factores incluindo hábitos e costumes produzem resíduos e os mesmos vão se acumulando quer por falta de recolha ou por não se respeitar tanto o período de deposição dos resíduos quanto o horário de recolha dos mesmos. Outro local clássico para a acumulação de grandes quantidades de lixo são as valas de drenagem á céu aberto, os cursos de água, linhas férrea e as pedonais. A prática do comércio informal desregrado caracterizado pelo surgimento de mercados nos pontos de entrada e saída dos bairros, a venda ambulante, assim como a hiperlotação de vendedores nos mercados licenciados também contribuem muito para a produção de RS em Luanda. Para além dos aspectos já citados, há que adicionar aos mesmos a falta de educação e sensibilidade ambiental dos citadinos, pois se houvesse maior educação ambiental e sensibilização da população teríamos quantidades mais reduzidas de RS. Para prevermos a produção actual de resíduos, partiremos de alguns factores tais como: População A população de Luanda até o ano de 2018 segundo o INE de acordo a Tabela 3.2 é de 7 976 907 habitantes. Capitação Segundo o PESGRU a capitação nas diversas províncias de Angola varia de acordo a Figura. Figura 3.5 – Capitação diária de resíduos por província 2012 Fonte: PESGRU No caso específico da Província de Luanda, calcula-se que a taxa média ponderada de produção de resíduos seja de 0,65 Kg/dia per capita e na cidade de Luanda de aproximadamente 1,00 Kg/dia per capita (PESGRU). Para o cálculo das quantidades de resíduos usaremos a seguinte fórmula: QRSU = (I) Para calcularmos as quantidades de resíduos partindo do pressuposto que existem duas capitações em função da área a ser estudada vamos aplicar capitações diferentes, a de 1 Kg/dia per capita para os municípios de Luanda e Belas, e a de 0,65 Kg/hab per capita para os outros municípios. Assim sendo teremos: QRSU = [((PopLuanda + PopBelas) × Cap1) + ((PopCacuaco + PopIBengo + PopQuiçama + PopViana + PopCazenga) × Cap2)] × 365/ 1000 De acordo as populações por municípios na Tabela 3.4, teremos os seguintes valores na fórmula: QRSU = = [((2 487 444 + 1 230 101) × 1) + ((1 237 477 + 126 935 + 45 262 + 1 838 291 + 1 011 397) × 0,65)] × 365/1000 = 2 367 439 t/ano De acordo aos cálculos a produção de RSU em Luanda no ano de 2018 foi de sensivelmente 2 367 439 toneladas de RSU. Figura 3.6 – Produção estimada de RS de 2012 Fonte: PESGRU Tabela 3.4 – Produção de resíduos sólidos em Luanda em 2012 Município Nº de habit RSU(Kg/hab.d RSU/Mês RSU/ano Cazenga 862351 1 25870,53 314758,115 Cacuaco 882398 1 26471,94 322075,27 Viana 1525711 1 45771,33 556884,515 Luanda 2107648 1,2 75875,328 923149,824 Belas 1065106 1,2 38343,816 466516,428 Icolo e Bengo 74644 0,8 1791,456 21796,048 Quissama 25086 0,8 602,064 7325,112 Total 6542944 214726,464 2612505,312 Fonte: Silva (2018) Quanto a composição, segundo o PESGRU umas das características peculiares dos RS em Angola é a existência de quantidades elevadas de areia. Figura 3.7 – Composição dos RS em Luanda, Cabinda e Kuanza-Norte em 2012 Fonte: PESGRU Se tomarmos a mesma composição da Figura 3.7 para os RS produzidos em 2018 teremos: Tabela 3.5 – Composição de RS em Luanda em 2018 Composição % Quantidade Matéria Orgânica 25 591860 Papel/Cartão 16 378790 Plásticos 15 355116 Areias/Terra 15 355116 Têxteis 8 189395 Metais 7 165721 Vidro 7 165721 Outro 7 165721 Total 2367439 Fonte: Própria Há a notar o levado peso relativo das embalagens na composição dos resíduos fruto do hábito de uso excessivo de sacos plásticos quer nas grandes superfícies comerciais, quer no mercado informal. A falta de piso dos passeios, muitas vezes resultante das escavações constantes a que estão submetido os passeios em Luanda, a falta de jardins, a existência de terrenos nas proximidades de locais de deposição de RU, a inexistência de ecopontos para os resíduos de construção e demolição também contribuem sobremaneira para a existência de quantidades excessivas de areias/terra no RSU. Cálculo da Área do Aterro Para calcularmos a área do aterro levamos em conta os dados do PESGRU, tais como a capitação, a composição dos RS, as previsões de reciclagem e também o período de 20 anos tomando como ano de partida o ano de 2018, por o ano que temos dados mais concretos e, obviamente mais próximos do ano de 2019. Assim, o cálculo inerente ao volume de RSU mais terra está descrito na Tabela. Tabela 3.6 – Tabela de cálculo do volume de RSU de 2018 á 2038 Designação Unidade Ano 2018 (base) Ano 2019 Ano 2020 Ano 2021 Ano 2022 Ano 2023 Ano 2024 Ano 2025 Ano 2026 Ano 2027 Ano 2028 Ano 2029 Ano 2030 Ano 2031 Ano 2032 Ano 2033 Ano 2034 Ano 2035 Ano 2036 Ano 2037 Ano 2038 População hab 7.976.907 8.203.451 8.436.429 8.676.024 8.922.423 9.175.820 9.436.413 9.704.407 9.980.012 10.263.445 10.554.926 10.854.686 11.162.95911.479.987 11.806.019 12.141.310 12.486.123 12.840.729 13.205.406 13.580.439 13.966.124 Taxa de crescimento médio % 2,8% Capitação média Kg/hab.dia 1 1,001 1,001 1,002 1,003 1,004 1,004 1,005 1,006 1,007 1,007 1,008 1,009 1,010 1,010 1,011 1,012 1,013 1,013 1,014 1,015 Taxa crescimento capitação % 0,074% Produção RSU t 2.911.571 2.996.475 3.083.856 3.173.784 3.266.335 3.361.584 3.459.612 3.560.497 3.664.325 3.771.181 3.881.152 3.994.330 4.110.809 4.230.685 4.354.056 4.481.024 4.611.696 4.746.177 4.884.581 5.027.020 5.173.613 Componente % Matéria orgânica 43,6 1.269.445 1.306.463 1.344.561 1.383.770 1.424.122 1.465.651 1.508.391 1.552.377 1.597.646 1.644.235 1.692.182 1.741.528 1.792.313 1.844.578 1.898.368 1.953.727 2.010.699 2.069.333 2.129.677 2.191.781 2.255.695 Papel e cartão 14,7 428.001 440.482 453.327 466.546 480.151 494.153 508.563 523.393 538.656 554.364 570.529 587.167 604.289 621.911 640.046 658.711 677.919 697.688 718.033 738.972 760.521 Vidro 2,7 78.612 80.905 83.264 85.692 88.191 90.763 93.410 96.133 98.937 101.822 104.791 107.847 110.992 114.228 117.560 120.988 124.516 128.147 131.884 135.730 139.688 Plásticos 15,3 445.470 458.461 471.830 485.589 499.749 514.322 529.321 544.756 560.642 576.991 593.816 611.133 628.954 647.295 666.171 685.597 705.589 726.165 747.341 769.134 791.563 Metais 3,1 90.259 92.891 95.600 98.387 101.256 104.209 107.248 110.375 113.594 116.907 120.316 123.824 127.435 131.151 134.976 138.912 142.963 147.131 151.422 155.838 160.382 Têxteis 5,6 163.048 167.803 172.696 177.732 182.915 188.249 193.738 199.388 205.202 211.186 217.345 223.683 230.205 236.918 243.827 250.937 258.255 265.786 273.537 281.513 289.722 Finos 9 262.041 269.683 277.547 285.641 293.970 302.543 311.365 320.445 329.789 339.406 349.304 359.490 369.973 380.762 391.865 403.292 415.053 427.156 439.612 452.432 465.625 Outros 6 174.694 179.789 185.031 190.427 195.980 201.695 207.577 213.630 219.860 226.271 232.869 239.660 246.649 253.841 261.243 268.861 276.702 284.771 293.075 301.621 310.417 Volume de RUB t 169.745 174.695 179.789 185.032 190.427 195.980 201.695 207.577 213.630 219.860 226.271 232.869 239.660 246.649 253.841 261.244 268.862 276.702 284.771 293.075 301.622 Volume de RSU t 208.468 214.548 220.804 227.243 233.870 240.689 247.708 254.932 262.366 270.017 277.890 285.994 294.334 302.917 311.750 320.841 330.197 339.826 349.736 359.935 370.431 Produção RSU t 2.533.358 2.607.233 2.683.263 2.761.510 2.842.038 2.924.915 3.010.208 3.097.989 3.188.329 3.281.304 3.376.990 3.475.467 3.576.815 3.681.119 3.788.464 3.898.939 4.012.636 4.129.649 4.250.074 4.374.010 4.501.561 Tx de compact. em aterro t/m³ 0,8 Volume anual de RS m³ 3.166.697 3.259.042 3.354.079 3.451.887 3.552.547 3.656.143 3.762.760 3.872.486 3.985.412 4.101.630 4.221.238 4.344.334 4.471.019 4.601.398 4.735.580 4.873.674 5.015.795 5.162.061 5.312.592 5.467.513 5.626.951 Volume de terras m³ 316.670 325.904 335.408 345.189 355.255 365.614 376.276 387.249 398.541 410.163 422.124 434.433 447.102 460.140 473.558 487.367 501.580 516.206 531.259 546.751 562.695 Volume (RS + terras) m³ 3.483.367 3.584.946 3.689.486 3.797.076 3.907.802 4.021.758 4.139.036 4.259.735 4.383.953 4.511.793 4.643.362 4.778.767 4.918.121 5.061.538 5.209.138 5.361.041 5.517.375 5.678.267 5.843.851 6.014.264 6.189.646 Volume (RS + terras) acum. m³ 3.483.367 7.068.313 10.757.799 14.554.875 18.462.677 22.484.435 26.623.471 30.883.206 35.267.158 39.778.952 44.422.314 49.201.081 54.119.201 59.180.740 64.389.877 69.750.919 75.268.294 80.946.561 86.790.412 92.804.676 98.994.322 Área média aterro m2 1.839.711 Altura de exploração m 35 Fonte: Própria Para o cálculo da área do aterro vamos partir do volume total de aterro no último ano e á partir de cálculos de dimensionamento geométrico deduziremos as dimensões que deve ter o aterro. Assim sendo, partiremos da ideia que o V = Ai × h, logo, se a altura é de 35 metros então o valor da Ai será: Ai = , então: Ai = = 2 828 409 m2 Se assumirmos que o lado C é duas vezes superior ao lado B, e partindo do pressuposto que Ai = C × B, então B = = = 376 m. Se B = 376 m, então C = 752 m. Figura 3.8 – Geometria Simplificada do aterro Fonte: Própria Para determinar a área de facto do aterro, usou-se a geometria simplificada de um aterro, passando dois cortes, um longitudinal e outro transversal no rectângulo com as dimensões de 752 m de comprimento e 376 m de lado, sabendo que a altura do aterro até ao seu encerramento será de 35 m. Pelo facto de usarmos banquetas perimetrais com declive de 1:2, a geometria simplificada do aterro nos determinará as dimensões de 822 m de comprimento e 446 m de lado de acordo a Figura 3.8. Assim sendo de acordos os cálculos serão necessário para a construção do aterro a área A = 366 612 m2. Determinação da Área Buffer Para o cálculo da Área Buffer que na realidade é a centróide, usamos o cálculo da geometria das massas para determinação das coordenadas x e y utilizando a seguintes fórmulas: x = (II) e, y = (III) Para ser mais preciso usou-se a Tabela 3.6 como tabela de cálculo para as coordenadas x e y. Tabela 3.7 – Tabela de cálculo para determinação da Área Buffer Município População 2018 Cap Produção anual (t) X (m) Y (m) Pxi Pyi Xi Yi Cazenga 1011397 0,65 239954 11595 57229 2782265914 13732323932 10892 55119 Cacuaco 1237477 0,65 293591 14867 58664 4364823615 17223246960 Viana 1838291 0,65 436135 14231 53840 6206630635 23481483620 Luanda 2487444 1 907917 9519 56466 8642462494 51266444710 Belas 1230101 1 448987 6448 50987 2895067306 22892493286 Icolo e bengo 126935 0,65 30115 24887 47691 749480187 1436230143 Quiçama 45262 0,65 10738 13540 42812 145398065 459732787,5 Total 7.976.907 2367438 95087 367689 2,5786E+10 1,30492E+11 Fonte: Própria De acordo aos cálculos das coordenadas, notaremos que, a tendência é das coordenadas é de estarem mais próximas do maior centro de produção de resíduos e no caso em causa cumpriu-se á risca essa tendência. Ao nos cingirmos nas coordenadas apercebemo-nos que as mesmas nos farão uma aproximação geográfica ao município de Luanda e, percebe-se, pois, o município de Luanda abarca sensivelmente 30% da população que reside em Luanda e por ser o município sede a capitação ao invés de ser de 0,65 Kg/dia per capita é de 1 Kg/dia per capita segundo o PESGRU. Figura 3.9 – Representação da Área Buffer Fonte: Própria Análise Topográfica A geomorfologia é de um dos factores a ser levado em conta na escolha de uma área para a instalação deum AS. A baixa declividade representa para um AS uma melhor manutenção e manuseio dos RS, influenciando de forma positiva as actividades operacionais que serão realizadas, quando a declividade é maior para um aterro representa riscos para a população e para o meio ambiente, pois uma declive acentuado favorece o escoamento de chorume, proporciona riscos de desbarrancamento em períodos chuvosos, pois altos declives dificultam a conformação da massa. Assim sendo teremos os seguintes pesos: Declive abaixo de 3%: Peso 0 Declive entre 3 e 30%: Peso 10 Declive acima de 30%: Peso 0 Para o caso em estudo que é a cidade de Luanda na sua zona de expansão, mais concretamente na zona circunvizinha a via expressa encontramos declives na ordem dos 3-30% de acordo a Figura 3.10, logo no que tange a esse aspecto a escolha de terrenos na parte Sul da cidade tomaria o peso de 10. Figura 3.10 – Mapa geomorfológico de Luanda Fonte: Própria Análise geológica As características do tipo de solo é um aspecto importante, pois a composição dos RSU são variados, podendo conter substâncias nocivas para o meio ambiente e ao homem, a decomposição dos RS nomeadamente os de origem orgânica que representa sensivelmente 25% dos RS em Luanda é a geração de chorume e, de forma geral a geração de odores e elevada poluição. Um solo de baixa permeabilidade (preferencialmente argiloso) é o mais indicado para que o mesmo não seja contaminado e evite a contaminação de águas subterrâneas. Assim sendo tomaremos o seguinte padrão de referência: Solo Argiloso: Peso 10 Calcário, margas: Peso 7 Conglomerados, argilitos, siltes: Peso 4 Depósito de praias: 0 De acordo o mapa geológico Figura 3.11 o solo da parte Sul da cidade é predominantemente calcário e margas no seu horizonte B, logo nesse aspecto temos peso 7. Figura 3.11 – Mapa geológico de Luanda Fonte: IGEO Análise Hidrológica A análise hidrológica é uma variável muito importante e, consequentemente a distância dos cursos de água deve ser criteriosamente analisada, pois a instalação de um AS perto de cursos de água propicia um grande risco de contaminação das águas superficiais, causando também danos à fauna, flora e a saúde dos humanos que possam vir a utilizar a água. Assim para esse aspecto Figura 3.12 há a que levar em conta as distâncias relativamente aos cursos de água descritos na Tabela 2.2, para salvaguardar a salubridade dos cursos de água, da fauna, da flora e consequentemente dos seres humanos. Desta feita para análise hidrológica em função da localização do AS na parte Sul da cidade na vizinhança da via expressa teremos os seguintes pesos: Distância acima de 35: Peso 10 Distância abaixo de 35: Peso 0 Partindo do pressuposto da localização teremos a atribuir o Peso 10 ao terreno para implantar o aterro visto que na zona escolhida não há cursos de água superficial á distâncias inferiores a 35 metros. Figura 3.12 – Mapa Hidrológico de Luanda Fonte: Própria Análise Hidrogeológica A protecção das águas subterrâneas em função do uso de barreiras de protecção passiva, quando o solo apresenta baixas condições de permeabilidade ou em função do uso de barreiras activas, quando o mesmo apresenta altas condições de permeabilidade é das principais técnicas utilizadas no processo de construção de AS. Assim sendo, a análise hidrogeológica Figura 3.13 constitui-se num dos aspectos fundamentais no processo de selecção de áreas para a implantação de AS. Pelo seu carácter importante para o meio ambiente, para a fauna, a flora e para os seres humanos atribuímos os seguintes pesos: Aquíferos abaixo de 1.5 m: Peso 0 Aquíferos acima de 1.5 m: Peso 10 Figura 3.13 – Mapa hidrogeológico de Luanda Fonte: Própria Escolha dos três locais para a implantação de AS Com base nos pesos, as três áreas escolhidas para a implantação dos AS encontram-se descritas na Figura 3.14. Figura 3.14 – Localização das três áreas para a implantação de AS Fonte: Própria Relação Custos de Transporte vs Localização do AS Os As ficariam localizados á uma distância média de 57 Km do maior centro de produção de RS, no caso de Luanda. Se partirmos do pressuposto que os custos de transporte rondam os 0.99 USD/Km teríamos como custo de transporte de resíduos por cada quilómetro o valor de 56,44 USD para cada tonelada a ser transportada. De acordo a Tabela 3.6 até o ano de 2038 haverá uma produção de 5 173 613 toneladas, então teremos como custo de transporte de RSU a cifra de 292 371 025 USD até a fase de encerramento do aterro. Recomendação Partindo do preessuposto que a distância média do centro de produção dos RS até ao AS é de sensivelmente 57 Km, recomendamos para além da construção do AS a construção de uma estação de transferência que há de servir o AS, encurtando assim a distância no processo de transporte dos RS, e garantindo desse modo a redução dos custos de transporte da zona metropolitana até ao aterro. Conclusão As técnicas de Geoprocessamento utilizadas no trabalho constituíram-se em ferramentas ferramentas indispensáveis, eficientes e eficazes para que se atingisse o resultado esperado. Foi com base nessas técnicas que conseguimos efectuar as análises geomorfológica, geológica, hidrológica e hidrogeológica, com o objectivo de definir três potenciais áreas para a implantação de AS para servir a zona metropolitana da cidade de Luanda. A análise multicritérios foi uma ferramenta relevante para o estudo, pois, permitiu analisar e combinar diferentes critérios tendo em vista a materialização do objectivo do estudo, deixando patente que tal recurso pode ser utilizado nas mais diversas áreas do conhecimento. Assim sendo as metodologias aplicadas revelaram-se eficazes naquele que foi o desenvolvimento e conclusão do trabalho em causa e, é importante salientar que, podíamos ainda analisar muitos outros factores que influem no processo de escolha de áreas para a implantação de aterros, mas ficamos limitados no que concerne a disponibilidade de informações necessárias para um trabalho muito mais apurado. Referências bibliográficas
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