805 pág.

Pré-visualização | Página 33 de 50
. = p(2n−1)(x) = 0 CAPI´TULO 13. DERIVADA DO PRODUTO, INDUC¸A˜O E A DERIVADA DE XN , N ∈ Z. 173 mas se fizermos a derivada de ordem 2n temos algo do tipo: p(2n)(x) = (2n)! · g(x) + (x− x) · h(x) e portanto p(2n)(x) 6= 0. A Afirmac¸a˜o 8.1 do Cap´ıtulo 11 diz que ha´ ma´ximo ou mı´nimo local. Ja´ a suposic¸a˜o de que x e´ uma ra´ız de ordem exatamente 2n+ 1, n ∈ N significa que: f(x) = (x− x)2n+1 · g(x), onde g(x) e´ um polinoˆmio a coeficientes Reais tal que g(x) 6= 0. Enta˜o p(x) = p′(x) = p′′(x) = . . . = p(2n)(x) = 0 mas se fizermos a derivada de ordem 2n+ 1 temos algo do tipo: p(2n+1)(x) = (2n+ 1)! · g(x) + (x− x) · h(x) e portanto p(2n+1)(x) 6= 0. A Afirmac¸a˜o 8.1 do Cap´ıtulo 11 diz que ha´ uma inflexa˜o. � 5. A Regra de Sinais de Descartes para as ra´ızes de um polinoˆmio Neste Cap´ıtulo, que trata da induc¸a˜o matema´tica poderemos provar uma regra cla´ssica, que possivelmente remonta a Harriot (1631) e que teria chegado a Descartes via a obra de Cardano. Trata-se de uma estimativa dos nu´mero de ra´ızes Reais de um polinoˆmio. Inicial- mente se estima as ra´ızes positivas, mas facilmente se adapta para as negativas. Precisaremos da induc¸a˜o matema´tica sobre o grau n do polinoˆmio. O procedi- mento para recair em grau n− 1 sera´ derivar o polinoˆmio dado. Comec¸emos introduzindo algumas convenc¸o˜es e notac¸o˜es. Quando x e´ uma ra´ız de p(x) de ordem exatamente n diremos que, contada com multiplicidade, ela vale por n ra´ızes. O nu´mero de ra´ızes positivas de um polinoˆmio p(x) contadas com multiplicidade sera´ denotado a seguir ZP(p). Ordenados pelo grau crescente de cada monoˆmio, considere o nu´mero de vezes que muda o sinal dos coeficientes sucessivos de um polinoˆmio p(x). Esse nu´mero sera´ denotado por MS(p). Por exemplo, MS(−1 + 3x− 3x2 + x3) = 3 e ZP(p) = 3, 0 < x = 1 MS(−1− 3x− 3x2 + x3) = 1 e ZP(p) = 1, 0 < x = 22/3 + 21/3 + 1 MS(1 + x2) = 0 e ZP(p) = 0, MS(−1 + x) = 1 e ZP(p) = 1, 0 < x = 1. 5. A REGRA DE SINAIS DE DESCARTES PARA AS RAI´ZES DE UM POLINOˆMIO 174 Em seu livro Geometria, Descartes da´ como exemplo: p(x) = −120 + 106 · x− 19 · x2 − 4 · x3 + x4 para o qual MS = 3 e ZP(p) = 3, 0 < x = 2, 3, 4. Posso dar mais dois exemplos: p(x) = 2− 3 · x+ 3 · x2 − 3 · x3 + x4 tem MS = 4 e ZP(p) = 2, 0 < x = 1, 2; p(x) = 8− 12 · x+ 14 · x2 − 15 · x3 + 7 · x4 − 3 · x5 + x6 tem MS = 6 e ZP(p) = 2, 0 < x = 1, 2. Afirmac¸a˜o 5.1. (parte da Regra de sinais de Descartes) Seja p(x) = a0 + ak1 · xk1 + ak2 · xk2 + . . .+ an · xn, polinoˆmio a coeficientes Reais de grau n ≥ 1 com a0 · aki 6= 0 e 1 ≤ k1 ≤ k2 ≤ . . . ≤ n. Enta˜o: i) Se a0 · an > 0 enta˜o ZP(p) e´ um nu´mero par1. Se a0 · an < 0 enta˜o ZP(p) e´ um nu´mero ı´mpar. ii) ZP(p) =MS(p) ou ZP(p) =MS(p)− 2 · j para algum j ∈ N. Claro que o nu´mero de ra´ızes negativas de p(x) pode tambe´m ser estimado, considerando-se a mesma Afirmac¸a˜o 5.1, mas aplicada agora para o novo polinoˆmio: q(x) := p(−x). Demonstrac¸a˜o. (da Afirmac¸a˜o2 5.1) Prova do item i): Caso a0 · an > 0: Apo´s poss´ıvel multiplicac¸a˜o por −1, posso supoˆr que a0 > 0 e an > 0. Ou bem o gra´fico de y(x) na˜o intersecta o eixo dos x > 0 - e nesse caso ZP(p) = 0 - ou bem o faz de dois modos poss´ıveis: 1Adoto a convenc¸a˜o de considerar 0 como nu´mero par. 2A prova que dou desta Afirmac¸a˜o expo˜e o que se aprende no artigo de Xiaoshen Wang, A simple proof of Descartes’s rule of signs, The American Mathematical Monthly, Vol. 111, No. 6, p. 525-526. 2004 CAPI´TULO 13. DERIVADA DO PRODUTO, INDUC¸A˜O E A DERIVADA DE XN , N ∈ Z. 175 • i): tangenciando o eixo. Formando portanto ma´ximos ou mı´nimos locais de y = p(x): nesse caso a ra´ız tem multiplicidade par (compare com a Afirmac¸a˜o 4.1). A contribuc¸a˜o a ZP(p) dessas tangeˆncias e´ par. • ii): atravessando o eixo x > 0. O que pode ser feito transversalmente ou formando inflexo˜es. Neste caso cada ra´ız tem multiplicidade ı´mpar (compare com a Afirmac¸a˜o 4.1). Mas como p(0) = a0 > 0 e lim x→+∞ p(x) = +∞, pois an > 0, concuimos que cada vez que o eixo x > 0 e´ atravessado pelo gra´fico no ponto x1 no sentido do semi-plano y > 0 ao semiplano y < 0 devera´ haver uma outra ra´ız x2 em que o gra´fico atravessa o eixo x > 0 no sentido do semi-plano y < 0 ao semiplano y > 0. Enta˜o as ra´ızes x1 e x2 contribuem juntas para ZP(p) com um nu´mero par, soma de dois ı´mpares. Logo ZP(p) e´ par (incluindo o 0). Caso a0 · an < 0: Apo´s poss´ıvel multiplicac¸a˜o por −1, posso supoˆr que a0 > 0 e an < 0. Como p(0) = a0 > 0 e lim x→+∞ p(x) = −∞, pois an < 0, o T.V.I. nos garante que ha´ alguma ra´ız e portanto ZP(p) ≥ 1. O mesmo tipo de argumento do Caso anterior agora da´ que ZP(p) e´ ı´mpar. Prova do item ii): Sera´ feita por induc¸a˜o no grau n. Para n = 1 temos p(x) = a0 + a1 · x. A condic¸a˜o MS(p) = 0 equivale a a0 · a1 > 0. E nesta situac¸a˜o a ra´ız x = −a0 a1 < 0 da´ que ZP(p) = 0. A condic¸a˜o MS(p) = 1 equivale a a0 · a1 < 0. E nesta situac¸a˜o a ra´ız x = −a0 a1 > 0 da´ que ZP(p) = 1. Portanto ZP(p) =MS(p) e o item ii) vale para n = 1. Suponhamos como hipo´tese de induc¸a˜o que a afirmac¸a˜o do item ii) ZP(p) =MS(p) ou ZP(p) =MS(p)− 2 · j, j ∈ N valha para quaisquer polinoˆmios de grau ≤ n− 1. Sera´ u´til re-enunciar esta hipo´tese da seguinte maneira equivalente: 5. A REGRA DE SINAIS DE DESCARTES PARA AS RAI´ZES DE UM POLINOˆMIO 176 Hipo´tese: para quaisquer polinoˆmios de grau ≤ n− 1 vale ZP(p) ≤MS(p) e, ou bem ZP(p) e MS(p) sa˜o pares ou bem ZP(p) e MS(p) sa˜o ı´mpares. Seja agora o polinoˆmio a coeficientes Reais de grau n ≥ 2: p(x) = a0 + ak1 · xk1 + ak2 · xk2 + . . .+ an · xn, a0 · aki 6= 0 e 1 ≤ k1 ≤ k2 ≤ . . . ≤ n. Se divide o resto da prova em dois casos: Caso 1) a0 · ak1 > 0: Considero a derivada de p(x) p′(x) = (k1 · ak1 · xk1−1 + k2 · ak2 · xk2−1 + . . .+ n · an · xn, Note que a0 · ak1 > 0 garante que MS(p) =MS(p′). Ademais, como a0 e ak1 teˆm o mesmo sinal e como o sinal do coeficiente do termo de ordem mais alta de p e de p′ e´ o mesmo, a aplicac¸a˜o do Item i) ja´ provado a p(x) e depois a p′(x) dira´ que ou bem ZP(p) e ZP(p′) sa˜o nu´meros pares ou bem ZP(p) e ZP(p′) sa˜o nu´meros ı´mpares. Aplico a hipo´tese de induc¸a˜o a p′(x), cujo grau e´ n − 1: ZP(p′) ≤ MS(p′) e, ou bem ZP(p′) e MS(p′) sa˜o pares ou bem ZP(p′) e MS(p′) sa˜o ı´mpares. Concluo por enquanto que ou bem ZP(p) e MS(p) sa˜o pares ou bem ZP(p) e MS(p) sa˜o ı´mpares. Isso ja´ prova parte do Item ii). Agora, pelo Teorema de Rolle: ZP(p′) ≥ ZP(p)− 1 pois na˜o podem haver duas ra´ızes sucessivas de p(x) sem que entre elas haja uma ra´ız de p′(x). Enta˜o: MS(p) =MS(p′) ≥ ZP(p′) ≥ ZP(p)− 1, ou seja, MS(p) + 1 ≥ ZP(p). Como sabemos que ou bem ZP(p) e MS(p) sa˜o pares ou bem ZP(p) e MS(p) sa˜o ı´mpares isso forc¸a que: MS(p) ≥ ZP(p), como quer´ıamos para completar o Item ii). Caso 2) a0 · a1 < 0: a prova e´ bem parecida. � CAPI´TULO 13. DERIVADA DO PRODUTO, INDUC¸A˜O E A DERIVADA DE XN , N ∈ Z. 177 6. Exerc´ıcios Exerc´ıcio 6.1. (resolvido) Prove por induc¸a˜o: n! ≥ 2n−1, ∀n ≥ 2. Exerc´ıcio 6.2. Derive o produto de treˆs func¸o˜es (deriva´veis): ( f(x) · g(x) · h(x) )′ Exerc´ıcio 6.3. Produza 4 exemplos de polinoˆmios p de grau 6 em que, no item ii) da Afirmac¸a˜o 5: ZP(p) =MS(p)− 2 · j, o nu´mero j ∈ N vale j = 0, 1, 2, 3. CAP´ıTULO 14 Derivada da composic¸a˜o de func¸o˜es A composic¸a˜o de func¸o˜es simples produzindo func¸o˜es complicadas e´ o ana´logo matema´tico da composic¸a˜o de processos simples que produzem efeitos complicados na natureza, nas reac¸o˜es qu´ımicas, nos processos biolo´gicos, etc. Da´ı a importaˆncia de sabermos derivar composic¸o˜es. 1. Regra da composta ou da cadeia A palavra que costuma se usar regra cadeia poderia ser substitu´ıda pelo sinoˆnimo