Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Psicologia da Percepção aula 6 Objetivos desta aula: • Compreender as duas funções do sistema visual: visão-paraação e visão-para- reconhecimento; •Diferenciar a via ventral da via dorsal; •Reconhecer o processamento paralelo da visão e o percurso da informação visual; •Explicar as evidências experimentais. DOIS SISTEMAS VISUAIS Do olho ao córtex •Retina – nervo óptico – quiasma ótico - núcleo geniculado lateral do tálamo (LGN) - V1 - V2. •Cada olho tem seu próprio nervo óptico, e os dois nervos ópticos encontram-se no quiasma óptico. Nesse ponto, os axônios das metades externas de cada retina prosseguem até o hemisfério do mesmo lado, enquanto os axônios das metades internas atravessam e vão até o outro hemisfério. Em consequência, cada lado do espaço visual é representado dentro do hemisfério cerebral oposto. Os sinais então prosseguem ao longo de dois tratos ópticos dentro do cérebro. Um trato contém sinais da metade esquerda de cada olho, e o outro, sinais da metade direita (ver Fig. 2.2). •Depois do quiasma óptico, o trato óptico prossegue até o LGN, que faz parte do tálamo. Os impulsos nervosos finalmente atingem a área V1 no córtex visual primário dentro do lobo occipital na parte de trás da cabeça antes de se disseminarem para as áreas corticais visuais próximas, tais como a V2. Duas vias distintas Existem dois canais ou vias relativamente independentes dentro do sistema retina- geniculado-estriado: •1. Via parvocelular (ou P): é mais sensível à cor e aos pequenos detalhes; a maior parte do input que recebe provém dos cones. •2. Via magnocelular (ou M): é mais sensível às informações sobre o movimento; a maior parte do input que recebe provém dos bastonetes. Essas duas vias são apenas relativamente independentes. Na verdade , existem numerosas interconexões entre elas, e cada vez mais se torna evidente que o sistema visual é extremamente complexo; Processamento visual •Os neurônios das vias P e M projetam-se principalmente para a V1 no córtex visual primário. •As áreas V1 e V2 estão envolvidas nos estágios iniciais do processamento visual. No entanto, essa não é a história completa. Existe um procedimento inicial de “varredura feedforward” que prossegue pelas áreas visuais, iniciando por V1 e seguindo para V2. Além disso, há uma segunda fase (processamento recorrente), na qual o processamento segue na direção oposta. •A área V3 em geral está envolvida no processamento das formas; a V4, no processamento das cores; e a V5/MT no processamento do movimento (em breve vamos discutir todas em mais detalhes). •A via P se associa à via ventral, ou via “o quê”, que prossegue até o córtex temporal inferior. •Em contrapartida, a via M se associa à via dorsal, ou via “como” (anteriormente descrita como a via “onde”), que prossegue até o córtex parietal posterior. Processamento Visual •A via ventral, ou “o quê” ocupa-se principalmente do processamento da forma e da cor e do reconhecimento dos objetos . Já a via dorsal, ou “como” ocupa-se mais do processamento do movimento. Especialização funcional •A organização das principais áreas visuais no macaco é apresentada na Figura 2.7. •A organização do sistema visual humano assemelha-se muito à do macaco e, portanto, com frequência é feita referência a área V1, V2 humana, e assim por diante. •V1 e V2: Estão envolvidas em um estágio inicial do processamento visual; contêm diferentes grupos de células que respondem à cor e à forma. •V3 e V3A: As células respondem à forma (especialmente as formas de objetos em movimento), mas não à cor. •V4: A maioria das células da área responde à cor; muitas também respondem à orientação de linha. •V5: Área especializada no movimento visual. Em estudos com macacos, Zeki identificou que todas as células dessa área respondem ao movimento, mas não à cor. Nos humanos, as áreas especializadas no movimento visual são referidas como MT ou MST. •Zeki (1993, 2001) apresentou uma teoria da especialização funcional. De acordo com essa teoria, diferentes áreas corticais são especializadas conforme funções visuais distintas. •O sistema visual assemelha-se a uma equipe de trabalhadores, cada qual trabalhando individualmente para resolver a sua parte em um problema complexo. Os resultados de seus trabalhos são, então, combinados para produzir a solução (i.e, uma percepção visual coerente) • Área V5 (também conhecida como MT de processamento do movimento). • V5 (MT) não é a única área envolvida no processamento do movimento. Também há a área MST (temporal superior medial), que é adjacente e fica logo acima da V5/MT. DOIS SISTEMAS VISUAIS: PERCEPÇÃO E AÇÃO •Existem dois sistemas visuais, cada um exercendo uma função ou um propósito diferente. •Sistema visão-para-reconhecimento (ou “o quê”). •Fundamentado na corrente ventral ou via ventral (ver Figs.). Esse é um sistema em que pensamos imediatamente quando consideramos a percepção visual. •É o sistema que usamos quando decidimos se um objeto à nossa frente é um gato ou um livro ou quando admiramos uma paisagem magnífica. •Usado para a identificação dos objetos. As principais diferenças : •Corrente dorsal: papel principal - fornecer uma orientação visual bottom-up do encadeamento de nossos movimentos. •Corrente ventral: fornece representações perceptuais que podem servir para reconhecimento, pensamento visual, planejamento e memória com informação top-down da memória visual e semântica. Características principais das duas correntes desse processamento: •1. A corrente ventral está subjacente à visão para reconhecimento, enquanto a corrente dorsal está subjacente à visão para a ação. •2. A codificação da corrente ventral é alocêntrica (centrada no objeto; independente da perspectiva do observador), enquanto a codificação da corrente dorsal é egocêntrica (centrada no corpo; dependente da perspectiva do observador). •3. As representações na corrente ventral são mantidas no longo prazo, enquanto as da corrente dorsal são de curta duração. •4. O processamento na corrente ventral geralmente leva ao conhecimento consciente, enquanto o mesmo não acontece com o processamento na corrente dorsal. Achados: pacientes com lesão cerebral Ataxia óptica •Condição na qual existem problemas com a realização de movimentos guiados visualmente, apesar da percepção visual razoavelmente intacta. •Lesão no córtex parietal posterior. •Pacientes com ataxia óptica têm dificuldade para realizar movimentos precisos que sejam visualmente guiados, embora sua visão e habilidade de mover os braços esteja intacta na essência. •Perenin e Vighetto (1988) identificaram que pacientes com ataxia óptica apresentavam grande dificuldade em girar a mão apropriadamente quando tinham de alcançar um objeto e enfiar a mão em uma abertura grande à sua frente. •Esses achados coincidem com a teoria, porque uma lesão na corrente dorsal deve prejudicar a ação guiada visualmente. Agnosia da forma visual •Condição que envolve problemas graves com o reconhecimento de objetos, embora a informação visual atinja o córtex visual. •Estudo de caso: paciente DF, lesão cerebral se localizava na via ou corrente ventral. •DF não conseguia identificar desenhos de objetos comuns. Não conseguia distinguir com precisão entre objetos coloridos. No entanto, ela conseguia alcançar e pegar com precisão um lápis orientado em diferentes ângulos. •DF conseguia alcançar e tocar objetos com tanta precisão quanto indivíduos saudáveis usando informações sobre suas posições em relação ao próprio corpo. Isso sugere que sua habilidade para usar informações visuaispara guiar a ação usando a corrente dorsal estava em grande parte intacta. •DF não apresentava ativação maior na corrente ventral quando eram apresentados desenhos de objetos do que quando eram apresentados desenhos compostos de linhas embaralhadas. No entanto, ela mostrava altos níveis de ativação na corrente dorsal quando pegava objetos. •Evidência de que problemas com o reconhecimento de objetos podem ser causados pela lesão na corrente ventral.
Compartilhar