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há várias situações nas quais um corpo realiza um movimento de ida e volta em torno de uma posição central. Como afirmam os físicos David Halliday e Robert Resnick: Nosso mundo está repleto de oscilações, nas quais os objetos se movem repetidamente de um lado para outro. Muitas são simplesmente curiosas ou desagradáveis, mas outras podem ser economicamente importantes ou perigosas. Eis alguns exemplos: quando um taco rebate uma bola de beisebol, o taco pode sofrer uma oscilação suficiente para machucar a mão do batedor ou mesmo se partir em dois. Quando o vento fustiga uma linha de transmissão de energia elétrica, a linha às vezes oscila (“galopa”, no jargão dos engenheiros elétricos) com tanta intensidade que pode se romper, interrompendo o fornecimento de energia elétrica a toda uma região. Nos aviões, a turbulência do ar que passa pelas asas faz com que oscilem, causando fadiga no metal que pode fazer com que as asas se quebrem. Quando um trem faz uma curva, as rodas oscilam horizontalmente quando são forçadas a mudar de direção, produzindo um som peculiar. (2012, p.88) É importante salientar que, em condições ideais, esse movimento se perpetuaria por todo o tempo, gerando uma onda de oscilação como a apresentada a seguir: Figura 10 – Representação do movimento oscilatório O movimento harmônico simples é um movimento periódico no tempo, ou seja, um movimento que se repete em intervalos iguais com frequência, período e amplitude constantes. A frequência é uma grandeza física que indica o número de ocorrências de um evento (ciclos, voltas, oscilações, etc.) em um determinado intervalo de tempo. Alternativamente, podemos medir o tempo decorrido para uma única oscilação. Amplitude Tempo 31 Esse tempo, em particular, recebe o nome de período (T). Desse modo, a frequência (f) é o inverso do período. A amplitude de um movimento oscilatório é uma medida escalar da magnitude da oscilação de uma onda. Na natureza, devido a interações com o ambiente, como a resistência do ar, o movimento harmônico passa a apresentar uma força não conservativa que atua em sentido contrário, ocasionando a redução da amplitude de oscilação em função do tempo. Esse movimento é denominado movimento harmônico amortecido. As oscilações existentes no mundo real são normalmente amortecidas, ou seja, desaparecem gradualmente, transformando a energia mecânica em energia térmica, em virtude do atrito. Embora não seja possível eliminar completamente o atrito em sistemas oscilantes, podemos alimentar o sistema com uma fonte de energia externa para compensar a energia que é perdida pelo atrito. (HALLIDAY, RESNICK, 1993, p.21) Como dito anteriormente, o tópico associado às oscilações, em particular, é um assunto que pode ser abordado em várias disciplinas: Na Matemática, o estudo da função senoidal é empregado para descrever o sinal gerado por um corpo que oscila em movimento harmônico simples. Os cálculos matemáticos possibilitam a previsão do comportamento que esse corpo terá em sua trajetória. Figura 11 – Geração da função senoidal Na Biologia, como afirma o professor Hamilton Varela, em entrevista ao Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (IEA-USP), “Os regimes oscilatórios são uma característica essencial dos seres vivos que sobreviveriam às instabilidades ambientais graças à flexibilidade proporcionada pelas oscilações presentes em seus processos vitais”. Como exemplo disto é possível citar desde o movimento de algumas espécies de algas como a Oscillatoria, que realizam movimentos oscilatórios, facilmente observáveis ao microscópio e com velocidade de 2 a 11 µm/s, até o comportamento reprodutivo de várias espécies animais, como no caso dos vaga-lumes, mencionado pelo matemático Ian Stewart em seu livro, Mania de Matemática 2: 32 Os vaga-lumes utilizam uma substância química especial, capaz de emitir luz, para criar um clarão. Possuem um bom estoque da substância, mas sua liberação ocorre em pequenos surtos, segundo um ciclo repetitivo de "prontidão". Com efeito, é como se o inseto começasse a contar regularmente a partir do zero logo após piscar, só piscando outra vez ao chegar a cem. O estado de prontidão – o número ao qual a contagem chegou, por assim dizer – é a "fase" do ciclo. (2006, p.139) Na Educação Física, podemos considerar alguns esportes radicais, como o Bungee Jumping e o Canyon Swinging, que aplicam, na prática, os conceitos de oscilador e de movimento oscilatório. O Bungee Jumping consiste em saltar de uma grande altura amarrado aos tornozelos ou cintura a uma corda elástica, enquanto o Canyon Swinging consiste em um "balanço" pendurado num cabo estendido entre as duas paredes de um cânion. Figura 12 – Modelo do Bungee Jumping Fonte: Prova da UNESP 1ª fase, 2014 Nos livros didáticos de Física22, o movimento oscilatório é demonstrado, geralmente, a partir de três modelos: o oscilador massa-mola, o pêndulo simples e a lâmina vibrante. Mas a aplicação prática desses experimentos ou não é simples ou é apenas qualitativa. O experimento do oscilador massa-mola, abordado nos livros didáticos, normalmente se apresenta na forma horizontal e seu funcionamento baseia-se no movimento de um corpo sob a ação de uma mola, de massa desprezível, sob uma superfície sem atrito. Esta configuração necessita do uso de um trilho de ar para que o atrito com a superfície seja minimizado e não haja o comprometimento do experimento, dependendo, assim, de um laboratório especifico e minimamente equipado para a sua realização. Figura 13 – Oscilador massa-mola na configuração horizontal Fonte: HALLIDAY, 2012 p.92 22 Vide: MAXIMO,A.;ALVARENGA,B. Física. Rio de Janeiro: Scipione, 2002, p. 531-535 e YAMAMOTO, K.; FUKE, L. F. Física para o Ensino Médio. São Paulo: Saraiva, 2013, p. 250-256. 33 Esse mesmo oscilador pode ser montado verticalmente, o que minimiza o aparato essencial para sua realização, porém depende do acionamento manual de um cronômetro e a atenção do aluno para marcar a passagem da massa por uma escala para a determinação dos pontos máximos da oscilação. Figura 14 – Oscilador massa-mola na configuração vertical O do pêndulo simples é um sistema constituído de uma partícula pendurada por um fio inelástico com massa desprezível. Mesmo tendo uma configuração que independe de laboratório, para que ele, de fato, funcione como um experimento quantitativo, necessita, assim como o experimento massa-mola vertical, que o aluno possua destreza para acionar um cronômetro e acuidade visual para medir os pontos máximos da oscilação na passagem do fio por uma escala fixa. Figura 15 – Modelo do pêndulo simples Fonte: HALLIDAY, 2012 p.98 34 Já o da lâmina vibrante, por contar, apenas, com uma lâmina, normalmente, uma régua, presa em uma de suas extremidades, que, quando a outra extremidade é afastada de sua posição de equilíbrio e solta, ela executa um movimento oscilatório em torno da posição de repouso, indo do ponto A ao ponto B, sucessivamente, não oportuniza nenhum tipo de medição. Figura 16 – Movimento oscilatório de uma régua com uma extremidade livre (Adaptada do original, disponibilizado em: http://audioescola.blogspot.com.br, acessado em 01/06/2016) Este último, além de ser muito fácil e de baixo custo, acaba por ser um dos experimentos mais próximos do cotidiano dos alunos, que o reconhecem como uma brincadeira realizada, de maneira intuitiva, com as réguas, em geral de plástico, nos