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ricas em proteínas (PR). As lipoproteínas diferenciam-se, principalmente, pela densidade (quanto menor a densidade, maior a % de lipídios (triacilglicerol - TG)) e, pelas apolipoproteínas, que irão conferir funções específicas a cada lipoproteína. Apesar da classificação de bom ou ruim, cada uma das lipoproteínas tem suas funções no organismo. O LDL, por exemplo, não deve ser classificado apenas como colesterol “ruim”, já que é responsável pela síntese de hormônios esteroides. Valores de referência dos Lipídeos sanguíneos: 18 Anomalias relacionadas a lipoproteínas: • Costumam levam a doenças cardiovasculares, como Doença coronária cardíaca, Acidente vascular encefálico, Doença arterial periférica, entre outras. • Essas doenças são a causa de morte mais frequente no mundo. Sendo, quando consideradas juntas, responsáveis por aproximadamente 25% das mortes no mundo. Apolipoproteínas: Constituem a parte proteica das lipoproteínas, sendo importante tanto na estrutura quanto no metabolismo, já que determinam o destino metabólico através de interações com receptores celulares. Principais apolipoproteínas: • apoA: – Está mais presente no HDL. – Ativa a lecitina-colesterol aciltransferase (LCAT: enzima esterificadora de colesterol). – Tem propriedades anti-inflamatórias e antioxidantes, devido a isso, associa-se que em níveis normais, o HDL é bom. – Sintetizada no fígado e no intestino. – Clinicamente é um marcador de HDL. • apoB: – Tem duas variantes comuns: ▪ B48: sintetizada pelos enterócitos, sendo assim uma baixa de B48 pode indicar uma disfunção intestinal e não hepática ou cardíaca. Está presente nos quilomícrons, por isso é um indicador do número de quilomícrons e quilomícrons remanescentes no plasma. ▪ B100: sintetizada no fígado, controla o metabolismo do LDL e apresenta muitas variantes. – Só existe uma molécula de apoB por partícula, podendo ser utilizada como indicador clínico da soma de VLDL, VLDL remanescente e LDL. – Anomalia relacionada: Hipercolesterolemia. Uma troca no aa 3500 faz com que o paciente desenvolva deficiência de apoB familiar. • apoC: – É sintetizada no fígado e podemos encontrá-la como principal apolipoproteína intervindo no metabolismo dos quilomícrons e das VLDL. – Tem pouco valor estrutural e sua atividade é sobretudo metabólica. • apoE: – Possui 3 isoformas: E2, E3 e E4. – Está presente em todas as lipoproteínas. – É sintetizada no cérebro pelos astrócitos e micróglia. – Está implicada no crescimento e na reparação de células do SNC além de ser antioxidante e anti- inflamatória. – Liga-se a receptor de LDL com maior afinidade que a B100. – ApoE estimula a lipoproteína lipase (LPL) – responsável por transferir triacilglicerol do quilomícron pro LDL e vice-versa; a triglicerídeo lipase hepática e a LCAT. 19 – Anomalia relacionada: Dislipidemia familiar ou Hiperlipidemia tipo III. A substituição da cisteína por arginina na posição 158 o que em indivíduos homozigotos leva a uma diminuição na captação de partículas remanescentes. • apo(a): – Sintetizada no fígado e se liga ao receptor de LDL. – Concentração plasmática é mediada geneticamente por fatores relacionados ao estilo de vida. – Pouco associada a doenças cardiovasculares. Correlação clínica: a medição das apolipoproteínas plasmáticas é um melhor preditor de doenças cardiovasculares do que testes lipídicos, ou seja, medição do colesterol total e colesterol-LDL. Isso ocorre, porque ao dosar as apolipoproteínas, sabe-se exatamente a concentração e qual lipoproteína está presente. Receptor de LDL: Brown e Goldstein, pesquisadores que descobriram a existência dos receptores de LDL e ganham um Prêmio Nobel por isso, mostraram que as LDL que se ligam ao receptor eram captadas pelas células, sob a forma de um complexo LDL-receptor. Os receptores de LDL são localizados na superfície das células, num local que foi chamado de fossa revestida, podendo se ligar a apoB100 e apoE. Essa fossa invagina, fecha-se e forma uma vesícula revestida. A fusão de várias vesículas forma um endosoma, e todo esse processo é denominado endocitose mediada pelo receptor. O colesterol da partícula de LDL é então liberado no interior da célula. Um efeito da captura do colesterol é que isto inibe a fabricação de novos receptores de LDL na superfície da célula e um menor número de receptores de LDL leva à diminuição da captação das LDLs, o que nos leva a conclusão de que o receptor de LDL é regulado pela concentração intracelular de colesterol. As LDLs permanecem então na corrente sanguínea e podem se acumular nas paredes das artérias. Enzimas e proteínas de transferência de lipídios: Nada mais são do que enzimas que transferem triacilgliceróis de lipoproteínas. São elas: • Lipoproteína Lipase (LPL) – presente em células endoteliais: digere triacilglicerol do quilomícron e VLDL. • Triglicerídeo Lipase Hepática (HTGL) – presente no fígado: converte IDL em LDL. Metabolismo de lipoproteínas: O metabolismo de lipoproteínas pode se dar por duas vias que refletem a função do transporte de combustível de lipoproteínas. São elas: • Via do transporte de combustível • Via do fluxo excedente 20 Via do Transporte de Combustível: via metabólica dos quilomícrons e VLDL. • Intimamente relacionada ao ciclo jejum-alimentado e com o metabolismo energético. • Ligada também ao transporte reverso de colesterol, através das trocas de triglicerídeos. A reação exógena é aquela que contém os lipídios da dieta, já a chamada endógena é a que contém os lipídios circulantes. No estado alimentado, os quilomícrons transportam os triacilgliceróis para a periferia, onde a lipoproteína lipase hidrolisa os triglicerídeos, liberando ácidos graxos (AGL) para as células. Os quilomícrons remanescentes são metabolizados no fígado. No estado de jejum, a VLDL transporta combustível do fígado para os tecidos periféricos. Seus remanescentes também retornam ao fígado. As partículas remanescentes adquirem ésteres de colesterol adicionais da HDL em troca por triglicerídeos. Anomalia relacionada: Hiperapobetalipoproteinemia. Consiste no aumento da concentração de apoB100 com concentrações relativamente normais de colesterol, o que aumenta o risco cardiovascular. VLDL enriquecidas com colesterol originam LDL pequenas e densas, altamente aterogênicas. Via do Fluxo Excedente: é a via do metabolismo da LDL. Geradas dos remanescentes da via de transporte de combustível, ricas em colesterol. São captadas em resposta a diminuição da concentração intracelular de colesterol. 21 É preferível que esses remanescentes circulem entre o fígado e células periféricas, como observa-se na imagem, do que se acumulem na corrente sanguínea, podendo gerar placas de ateroma. Síntese de colesterol • As células produtoras de colesterol, quando em falta, retiram das lipoproteínas o colesterol de acordo com suas necessidades. • O colesterol é o principal controlador da expressão de HMG sintase e HMG redutase, enzimas participantes do metabolismo do colesterol. • Transporte reverso de colesterol: as partículas de HDL transportam colesterol das células periféricas para o fígado – o que as torna antiaterogênicas. Anomalias relacionadas: • Dislipidemias: são defeitos no metabolismo das lipoproteínas, igualmente chamadas, apesar de menos corretamente, hiperlipidemias. As dislipidemias genéticas mais importantes são: - Hipercolesterolemia familiar - Hiperlipidemia combinada familiar - Disbetalipoproteinemia familiar