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Capitulo 14 Patologia

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Patologia 
Distúrbios Eritrocitários e Hemorrágicos – capítulo 14 
 
Hemograma 
As células tronco hematopoiéticas estão localizadas na medula óssea. 
➢ Origem celular: 
Na medula óssea ocorrerá a nidação, a proliferação, a diferenciação e a maturação. O hemograma é uma 
forma indireta de avaliação cuja alteração pode ser uma reação central ou periférica. 
➢ Medula óssea: 
Os ossos do quadril são os principais reservatórios de medula óssea. A quantidade de medula óssea está 
diretamente correlacionada com a idade do paciente. É o líquido contido no interior dos ossos longos. 
➢ O exame: 
Fornece informações quantitativas e qualitativas do sangue periférico. 
 
 
É um dos exames mais solicitados na prática clínica. É o resultado somatório de uma análise quantitativa 
automatizada e de uma análise morfológica óptica. 
➢ Consideração geral: 
Os valores quantitativos de referência baseiam-se em médias. É necessário ficarmos atentos às 
individualidades dos pacientes. Nem sempre os valores de referência são os da população da localidade 
ou da região. 
➢ Eritrograma: 
o Alterações nas formas das hemácias. 
 
o Alterações no tamanho das hemácias: um dos parâmetros mais importantes nesta avaliação é o 
volume corpuscular médio. O valor do VCM é utilizado na clínica para a classificação inicial das 
anemias. 
 
o Alteração na coloração das hemácias: está relacionada a quantidade de hemoglobina na hemácia. 
Os reticulócitos são células hemácias basofílicas imaturas que estão relacionadas à 
policromatofilia. 
 
➢ Leucograma: 
O nome é dado de acordo com o tipo de grânulos citoplasmáticos. 
 
Blastos são células imaturas que não deveriam estar presentes no hemograma (muitos blastos: 
leucemização). A presença de blastos pode corresponder a situações de estresse fisiológico ou a doenças. 
➢ Plaquetograma: 
Na grande maioria das vezes as alterações são reacionais. 
Trombocitose: infecções, ferropenia, neoplasias e trombocitemias. 
Trombocitopenia: consumo periférico, infecções, auto-imunidade e drogas. 
Bicitopenia: alterações de duas linhagens hematológicas 
Pancitopenia: alterações das três linhagens. MIELOGRAMA 
As doenças hematológicas são doenças raras, muitas vezes correlacionadas a outras. Quando ocorre 
estímulo na medula óssea de um tipo celular é frequente o envolvimento de outra série. 
 
Anemias 
Define-se anemia como uma redução da massa eritrocitária circulante total abaixo dos limites 
normais. A anemia reduz a capacidade de transporte de oxigênio no sangue, o que leva a uma hipoxia dos 
tecidos. Na prática, não é fácil mensurar a massa eritrocitária, e a anemia, em geral, é diagnosticada com 
base na redução do hematócrito (a proporção de hemácias em relação ao volume total de sangue) e na 
concentração de hemoglobina no sangue em níveis abaixo da faixa normal. 
As características morfológicas que fornecem indicações etiológicas incluem tamanho da hemácia 
(normocítica, microcítica ou macrocítica), grau de hemoglobinização, refletido na cor das hemácias 
(normocrômica ou hipocrômica) e forma. 
Os índices eritrocitários mais úteis são os seguintes: 
• Volume corpuscular médio: o volume médio de uma hemácia expresso em fentolitros (fL). 
• Hemoglobina corpuscular média: o conteúdo médio (massa) de hemoglobina por hemácia, expresso em 
picogramas. 
• Concentração de hemoglobina corpuscular média: a concentração média de hemoglobina em 
determinado volume de hemácias, expressa em gramas por decilitro. 
• Amplitude de distribuição do tamanho das hemácias: o coeficiente de variação do volume eritrocitário. 
Qualquer que seja a causa, quando suficientemente grave, a anemia provoca algumas 
características clínicas. Os pacientes têm um aspecto pálido. Fraqueza, mal-estar e cansaço fácil 
constituem queixas comuns. O menor teor de oxigênio no sangue circulante provoca dispneia ao esforço 
leve. Hipóxia pode causar alteração gordurosa no fígado, no miocárdio e nos rins. 
➢ Anemias por Perda de Sangue: 
o Perda de Sangue Aguda: 
Os efeitos da perda de sangue aguda decorrem principalmente da perda de volume intravascular, 
que, quando maciça, pode levar a colapso cardiovascular, choque e morte. O sangramento 
significativo resulta em alterações previsíveis no sangue, envolvendo não apenas as hemácias, 
mas também os leucócitos e as plaquetas. Se o sangramento for suficientemente maciço para 
causar diminuição da pressão arterial, a liberação compensatória de hormônios adrenérgicos 
mobiliza os granulócitos do pool marginal intravascular, resultando em leucocitose. No entanto, à 
medida que a produção vai aumentando na medula óssea, ocorre aumento proeminente na 
contagem de reticulócitos (reticulocitose). Com frequência, a recuperação inicial da perda 
sanguínea também se faz acompanhar por trombocitose, que resulta do aumento na produção de 
plaquetas. 
o Perda de Sangue Crônica: 
A perda de sangue crônica induz anemia apenas quando a taxa correspondente excede a 
capacidade regenerativa da medula óssea ou quando as reservas de ferro estão depletadas e 
aparece anemia por deficiência de ferro. 
➢ Anemias Hemolíticas: 
As anemias hemolíticas compartilham as seguintes características: 
• Encurtamento do ciclo de vida das hemácias, abaixo dos 120 dias normais. 
• Elevação dos níveis de eritropoietina e aumento compensatório da eritropoiese. 
• Acúmulo de produtos de degradação da hemoglobina derivados como parte do processo de hemólise 
das hemácias. 
Ocorre destruição fisiológica das hemácias senescentes no interior dos macrófagos, os quais são 
abundantes no baço, no fígado e na medula óssea. Parece que esse processo é desencadeado por 
alterações dependentes da idade nas proteínas da superfície das hemácias, o que provoca seu 
reconhecimento e fagocitose. Na maior parte das anemias hemolíticas, a destruição prematura das 
hemácias também ocorre no interior dos fagócitos, evento referido como hemólise extravascular. Se 
persistente, a hemólise extravascular provoca hiperplasia dos fagócitos, manifestada por vários graus de 
esplenomegalia. 
Em geral, a hemólise extravascular é causada por alterações que tornam a hemácia menos 
deformável. Alterações extremas na forma são necessárias para que as hemácias naveguem com sucesso 
pelos sinusoides esplênicos. A redução da deformabilidade torna essa passagem difícil, levando ao 
sequestro de hemácias e fagocitose no interior dos cordões esplênicos. Independentemente da causa, os 
principais aspectos clínicos da hemólise extravascular são anemia, esplenomegalia e icterícia. 
A hemólise intravascular de hemácias pode ser causada por lesão mecânica, fixação de 
complemento, parasitas intracelulares (p. ex., malária falcípara) ou fatores tóxicos exógenos. As causas de 
lesão mecânica incluem traumas causados por valvas cardíacas, estreitamento trombótico da 
microcirculação ou trauma físico repetitivo. A fixação do complemento ocorre em uma variedade de 
situações, nas quais os anticorpos reconhecem e se ligam a antígenos eritrocitários. Qualquer que seja o 
mecanismo, a hemólise intravascular é manifestada por anemia, hemoglobinemia, hemoglobinúria, 
hemossiderinúria e icterícia. 
 
o Esferocitose Hereditária (EH): 
Esse distúrbio hereditário é causado por defeitos intrínsecos do esqueleto da membrana 
eritrocitária que tornam as hemácias esferoides, menos deformáveis e vulneráveis ao sequestro e 
à destruição no baço. As notáveis elasticidade e durabilidade da hemácia normal são atribuíveis 
às propriedades físico-químicas de seu esqueleto especializado de membrana. 
A EH é causada por diversas mutações que provocam deficiência nos componentes do esqueleto 
da membrana. Como resultado dessas alterações, o ciclo de vida das hemácias afetadas diminui. 
Os efeitos invariavelmente benéficos da esplenectomia provam que o baço desempenha papel 
central na morte prematura dosesferócitos. Na vida das hemácias inflexíveis, o baço é o vilão. 
As hemácias normais devem sofrer extrema deformação para deixarem os cordões de Billroth e 
entrarem nos sinusoides. Em virtude de sua forma esferoide e da menor deformabilidade, os 
desafortunados esferócitos são aprisionados nos cordões esplênicos, tornando-se presas fáceis 
para os macrófagos. 
De algum modo, o ambiente esplênico também exacerba a tendência das hemácias EH de 
perderem a membrana, juntamente com os íons K+ e H2O; sugeriu-se que a exposição esplênica 
prolongada (eritroestase), a depleção da glicose eritrocitária e a diminuição do pH eritrocitário 
contribuem para essas anormalidades. Após a esplenectomia, os esferócitos persistem, porém a 
anemia é corrigida. 
 
o Deficiência de Glicose-6-Fosfato Desidrogenase: 
Anormalidades na via da hexose-monofosfato ou no metabolismo da 
glutationa, resultantes de uma função enzimática deficiente ou 
prejudicada, reduzem a capacidade das hemácias de se protegerem contra lesões oxidativas e 
provocam hemólise. O mais importante desses distúrbios enzimáticos é a deficiência hereditária 
da atividade de glicose-6-fosfato desidrogenase (G6PD). G6PD reduz a nicotinamida adenina 
dinucleotídeo fosfato (NADP) para NADPH, ao mesmo tempo que oxida a glicose-6-fosfato. 
NADPH, então, fornece os equivalentes redutores necessários à conversão da glutationa oxidada 
em glutationa reduzida, a qual protege contra a lesão oxidante pela participação como cofator em 
reações que neutralizam compostos como H2O2. 
A hemólise episódica característica da deficiência de G6PD é causada por exposições que causam 
estresse oxidativo. Os desencadeantes mais comuns são as infecções, em que os radicais livres 
derivados de oxigênio são produzidos pelos leucócitos ativados. Muitas das infecções podem 
desencadear a hemólise; hepatite viral, pneumonia e febre tifoide estão entre as mais prováveis. 
Outros iniciadores importantes são medicamentos e alguns alimentos. 
o Doença Falciforme: 
A doença falciforme é uma hemoglobinopatia hereditária comum causada por uma mutação 
pontual na β-globina que 
promove a 
polimerização de 
hemoglobina 
desoxigenada, levando a 
distorção de hemácias, 
anemia hemolítica, 
obstrução microvascular 
e lesão isquêmica 
tecidual. A hemoglobina 
é uma proteína 
tetramérica composta 
por dois pares de 
cadeias de globina, cada 
qual com seu próprio 
grupo heme. Hemácias 
adultas normais contêm 
principalmente HbA 
(α2β2), além de pequena 
quantidade de HbA2 (α2δ2) e hemoglobina fetal (HbF;α2γ2). Aproximadamente 8% a 10% dos 
afro-americanos são heterozigotos para HbS, uma condição assintomática, conhecida como traço 
falciforme. 
As principais manifestações patológicas – hemólise crônica, oclusões microvasculares e danos 
teciduais – decorrem da tendência das moléculas de HbS de se empilharem em polímeros quando 
desoxigenadas. Diversas variáveis afetam a taxa e o grau de formação das células falciformes: 
• Interação de HbS com outros tipos de hemoglobina na célula: em heterozigotos com traço 
falciforme, aproximadamente 40% da hemoglobina corresponde a HbS, enquanto o restante 
consiste em HbA, o que interfere na polimerização de HbS. Como resultado, as hemácias em 
indivíduos heterozigotos não formam foices. A HbF inibe a polimerização da HbS, até mais que a 
HbA; consequentemente, os recém-nascidos não se tornam sintomáticos até completarem 5 ou 6 
meses, quando o nível de HbF normalmente cai. Contudo, em alguns indivíduos, a expressão de 
HbF permanece em níveis relativamente elevados, condição conhecida como persistência 
hereditária de HbF; nesses indivíduos, a doença falciforme é muito menos grave. 
• Concentração de hemoglobina corpuscular média (CHCM): maiores concentrações de HbS 
aumentam a probabilidade de ocorrer agregação e polimerização no período de desoxigenação. 
Portanto, a desidratação intracelular, que aumenta a CHCM, facilita a formação de células 
falciformes. 
• pH intracelular: a diminuição do pH reduz a afinidade da hemoglobina pelo oxigênio, 
aumentando, em consequência, a fração de HbS desoxigenada em qualquer tensão de oxigênio e 
aumentando a tendência à formação de células falciformes. 
• Tempo de trânsito das hemácias no leito microvascular. 
A configuração celular falciforme causa lesão cumulativa nas hemácias através de vários 
mecanismos. À medida que os polímeros de HbS vão crescendo, herniam pelo esqueleto da 
membrana e se projetam da célula coberta apenas pela bicamada lipídica. Essa intensa 
desorganização na estrutura da membrana causa o influxo de íons Ca2+, o que induz à ligação 
cruzada de proteínas da membrana e ativa um canal iônico que permite o efluxo de K+ e H2O. 
Com episódios repetidos de falcização, as hemácias tornam-se cada vez mais desidratadas, densas 
e rígidas. 
A doença falciforme causa anemia hemolítica moderadamente grave (hematócrito de 18% a 30%), 
associada a reticulocitose, hiperbilirrubinemia e presença de células irreversivelmente 
falciformes. 
o Síndromes Talassêmicas: 
As síndromes talassêmicas constituem um grupo 
heterogêneo de distúrbios causados por mutações 
hereditárias que diminuem a síntese de cadeias de 
α-globina e β-globina que compõem a 
hemoglobina adulta, HbA (α2β2), levando a 
anemia, hipoxia tecidual e hemólise de hemácias 
relacionada ao desequilíbrio na síntese das cadeias 
de globina. As síndromes talassêmicas são 
endêmicas na bacia do Mediterrâneo. 
 β-Talassemias: são causadas por mutações que diminuem a síntese das cadeias de β-
globina. As mutações causais estão divididas em duas categorias: (1) mutações β0, 
associadas à síntese ausente de β- globina, e (2) mutações β+, caracterizadas por síntese 
reduzida de β-globina. O prejuízo da síntese de β-globina resulta em anemia por dois 
mecanismos. O déficit na síntese de HbA produz hemácias “sub-hemoglobinizadas”, 
hipocrômicas, microcíticas, com capacidade subnormal de transporte de oxigênio. Ainda 
mais importante é a diminuição de sobrevida das hemácias e de seus precursores, o que 
resulta do desequilíbrio na síntese de α e β-globina. 
 
A classificação clínica da β-talassemia se baseia na gravidade da anemia, que, por sua vez, 
depende do defeito genético (β+ ou β0) e da dosagem do gene (homozigoto ou heterozigoto). Em 
geral, indivíduos com dois alelos de β-talassemia (β+/β+, β+/β0 ou β0/β0) apresentam anemia 
grave, dependente de transfusão chamada β-talassemia major. Heterozigotos com um gene de β-
talassemia e outro gene normal (β+/β ou β0/β) geralmente apresentam anemia microcítica 
assintomática leve. Essa condição é referida como β-talassemia minor ou traço de β-talassemia. 
Os esfregaços de sangue exibem anormalidades graves das hemácias, incluindo variação 
acentuada do tamanho (anisocitose) e da forma (poiquilocitose), microcitose e hipocromia. 
Células em alvo (assim chamadas porque a hemoglobina se reúne no centro da célula), pontilhado 
basófilo e hemácias fragmentadas também são comuns. Nos ossos da face e do crânio, o rápido 
crescimento da medula óssea causa erosão do osso cortical existente e conduz à neoformação 
óssea, conferindo, ao raio X, o aspecto de “corte de cabelo militar”. 
 α-Talassemias: são causadas por deleções hereditárias e resultam na síntese reduzida ou 
ausente das cadeias de α-globina. Em geral, existem quatro genes de α-globina, e a 
gravidade da α-talassemia depende de quantos genes de α-globina são afetados. 
• Doença da Hemoglobina H é causada pela deleção de três genes de α-globina. 
• Hidropisia Fetal é a forma mais grave de α-talassemia, causada pela deleção de 
todos os quatro genes de α-globina. O feto apresenta palidez intensa, edema 
generalizado e hepatoesplenomegalia maciça semelhante à observada na doença 
hemolítica do recém-nascido. 
o Hemoglobinúria Paroxística Noturna: 
A hemoglobinúria paroxística noturna (HPN) é umadoença que resulta de mutações adquiridas 
no gene do grupo A de complementação de fosfatidilinositol glicano (PIGA), uma enzima essencial 
à síntese de algumas proteínas regulatórias de complemento associadas à membrana. Hemácias 
deficientes desses fatores ligados ao GPI são anormalmente suscetíveis a lise ou lesão pelo 
complemento. Nas hemácias, isso se manifesta por hemólise intravascular. Trombose é a 
principal causa de morte relacionada à doença em indivíduos com HPN. A HPN é diagnosticada 
por citometria de fluxo, que fornece um meio sensível para a detecção de hemácias deficientes 
em proteínas ligadas ao GPI, como a CD59. 
o Anemias Imunoemolíticas: 
Nessa categoria, as anemias hemolíticas são causadas por anticorpos que se ligam às hemácias, 
provocando sua destruição prematura. Embora, em geral, esses distúrbios sejam referidos como 
anemias hemolíticas autoimunes, a designação anemia imunoemolítica é preferida porque, em 
alguns casos, a reação imune é iniciada por um medicamento ingerido. 
O diagnóstico de anemia imunoemolítica requer a detecção de anticorpos e/ou complemento nas 
hemácias do paciente. Isso é realizado através do teste antiglobulina de Coombs direto. 
 Tipo Anticorpo Quente: é a forma mais comum de anemia imunoemolítica. A maioria dos 
anticorpos causais é da classe IgG; com menos frequência, anticorpos IgA são 
responsabilizados. A hemólise eritrocitária é, principalmente, extravascular. Hemácias 
revestidas por IgG ligam-se a receptores Fc nos fagócitos, que removem a membrana 
eritrocitária durante uma fagocitose “parcial”. Como ocorre na esferocitose hereditária, a 
perda da membrana converte as hemácias em esferócitos, que são sequestrados e 
removidos no baço. Em geral, observa-se esplenomegalia moderada decorrente de 
hiperplasia de fagócitos esplênicos. Dois mecanismos distintos foram descritos. 
• Medicamentos antigênicos: a hemólise se segue a grandes doses intravenosas do 
medicamento agressor e ocorre uma a duas semanas após o início da terapia. Esses 
medicamentos, exemplificados por penicilina e cefalosporinas, ligam-se à membrana 
eritrocitária e são reconhecidos por anticorpos antimedicamento. 
• Medicamentos relacionados à quebra da tolerância: esses medicamentos, dos quais o 
agente anti-hipertensivo α- metildopa é o protótipo, induzem a produção de anticorpos 
contra antígenos eritrocitários, particularmente os antígenos do grupo sanguíneo Rh. 
 Tipo Aglutinina Fria: essa forma de anemia imunoemolítica é causada por anticorpos IgM, 
que se ligam avidamente às hemácias a baixas temperaturas (0° a 4°C). A anemia 
imunoemolítica crônica tipo aglutinina fria ocorre em associação com algumas neoplasias 
de células B ou alguma condição idiopática. 
 Tipo Hemolisina Fria: as hemolisinas frias são autoanticorpos responsáveis por uma 
entidade incomum conhecida como hemoglobinúria paroxística do frio. Esse distúrbio 
raro provoca hemólise intravascular e hemoglobinúria substanciais, algumas vezes fatais. 
o Anemia Hemolítica Resultante de Trauma das Hemácias: 
A hemólise mais significativa causada por trauma das hemácias é observada em indivíduos com 
próteses valvares cardíacas e distúrbios microangiopáticos. A hemólise tem origem em forças de 
cisalhamento produzidas pelo fluxo sanguíneo turbulento e por gradientes de pressão entre as 
valvas danificadas. O aspecto patogênico comum desses distúrbios é uma lesão microvascular que 
resulta em estreitamento luminal, frequentemente em virtude da deposição de fibrina e 
plaquetas. 
 
➢ Anemias por Diminuição da Eritropoiese: 
o Anemias Megaloblásticas: 
O tema comum entre as várias causas de anemia megaloblástica é um dano na síntese de DNA 
que provoca alterações morfológicas distintas, incluindo precursores eritroides e hemácias 
anormalmente grandes. A presença de hemácias macrocíticas e ovais (macro-ovalócitos) é 
altamente característica. 
 Anemias por Deficiência de Vitamina B12: Anemia Perniciosa 
A anemia perniciosa é uma forma específica de anemia megaloblástica causada por uma gastrite 
autoimune que compromete a produção do fator intrínseco, que é necessário para a absorção de 
vitamina B12 pelo intestino. Em 
circunstâncias normais, os humanos são totalmente dependentes da vitamina B12 dietética. A absorção 
de vitamina B12 requer o fator intrínseco, que é secretado pelas células parietais da mucosa fúndica. São 
conhecidas apenas duas reações em humanos que requerem vitamina B12. Em uma, a metilcobalamina 
serve como cofator essencial na conversão de homocisteína em metionina pela metionina sintase. 
Qualquer que seja o mecanismo, a ausência de folato é a causa imediata da anemia na deficiência de 
vitamina B12, uma vez que a anemia melhora com a administração de ácido fólico. 
o Anemia por Deficiência de Folato: 
Eventual deficiência de ácido fólico (mais propriamente, ácido pteroilmonoglutâmico) resulta em 
anemia megaloblástica, que apresenta os 
mesmos aspectos patológicos que a 
causada por deficiência de vitamina B12. 
A síntese suprimida de DNA, o 
denominador comum da deficiência de 
ácido fólico e vitamina B12, é a causa 
imediata da megaloblastose. As três 
principais causas de deficiência de ácido 
fólico são (1) diminuição da ingestão, (2) 
aumento da necessidade e (3) utilização 
prejudicada. 
A diminuição da ingestão pode resultar 
de uma dieta nutricionalmente 
inadequada ou da absorção intestinal 
prejudicada. Uma dieta normal contém 
folato acima das exigências diárias 
adultas mínimas. Ingestões dietéticas 
inadequadas quase invariavelmente 
estão associadas a dietas bastante 
deficientes. 
 Anemia por Deficiência de 
Ferro: deficiência de ferro é o 
distúrbio nutricional mais 
comum no mundo, resultando 
em sinais e sintomas clínicos 
majoritariamente relacionados 
à síntese inadequada de 
hemoblogina. Os principais 
locais de armazenamento de 
ferro são o fígado e os 
fagócitos mononucleares. O 
ferro é transportado no plasma 
por uma glicoproteína de 
ligação de ferro chamada 
transferrina, que é sintetizada 
no fígado. 
O ferro livre é altamente tóxico 
e, portanto, é importante que 
o ferro de armazenamento seja sequestrado. Isso é obtido pela ligação firme do ferro no 
pool de armazenamento à ferritina ou à hemossiderina. A ferritina é um complexo de 
proteína-ferro onipresente encontrado em maiores níveis no fígado, baço, na medula 
óssea e nos músculos esqueléticos. A absorção do ferro é regulada pela hepcidina, um 
pequeno peptídeo circulante sintetizado e liberado do fígado em resposta a aumentos 
nos níveis de ferro intra-hepático. A hepcidina inibe a transferência de ferro do enterócito 
para o plasma ao se ligar à ferroportina, causando sua endocitose e degradação. Como 
resultado, quando os níveis de hepcidina aumentam, o ferro fica aprisionado no interior 
das células duodenais na forma de ferritina mucosa e é perdido quando essas células são 
eliminadas. As alterações da hepcidina desempenham papel central nas doenças que 
envolvem distúrbios do metabolismo do ferro. Qualquer que seja sua base, a deficiência 
de ferro produz anemia microcítica hipocrômica. 
 
o Anemia da Doença Crônica: 
Essa condição está associada à redução na proliferação de progenitores eritroides e à utilização 
prejudicada do ferro. As doenças crônicas associadas a essa forma de anemia podem ser 
agrupadas em três categorias: 
1. Infecções microbianas crônicas, como osteomielite, endocardite bacteriana e abscesso 
pulmonar. 
2. Distúrbios imunológicos crônicos, como artrite reumatoide e enterite regional. 
3. Neoplasias, como carcinomas do pulmão e da mama e linfoma de Hodgkin. 
As hemácias podem ser normocíticas e normocrômicas, ou hipocrômicas e microcíticas, como na 
anemia por deficiência de ferro. O aumento de ferro armazenado nos macrófagos da medula, o 
alto nível de ferritina sérica e a redução da capacidade de ligaçãode ferro total descartam 
rapidamente a deficiência de ferro como causa da anemia. 
o Anemia Aplásica: 
A anemia aplásica refere-se a uma síndrome de insuficiência hematopoiética primária crônica e 
consequente pancitopenia (anemia, neutropenia e trombocitopenia). Na maioria dos pacientes, 
há suspeita de mecanismos autoimunes, porém anormalidades hereditárias ou adquiridas das 
células-tronco hematopoiéticas também parecem contribuir. A maioria dos casos de etiologia 
“conhecida” ocorre em sequência à exposição a produtos químicos e medicamentos. 
A irradiação corporal total pode destruir as células-tronco hematopoiéticas de modo dose-
dependente. Pessoas que recebem irradiação terapêutica ou são expostas a intensa radiação em 
acidentes nucleares correm alto risco de aplasia medular. Anormalidades específicas subjazem a 
algumas formas de aplasia aplásica: 
• A anemia de Fanconi é um distúrbio autossômico recessivo raro causado por defeitos em um 
complexo multiproteico, que é necessário para o reparo do DNA. 
• Os defeitos hereditários da telomerase são encontrados em 5% a 10% das anemias aplásicas 
que surgem em adultos. A telomerase é necessária para a imortalidade celular e a replicação 
ilimitada. 
• Ainda mais comum que as mutações na telomerase são os telômeros anormalmente curtos, que 
são encontrados nas células da medula óssea em até metade dos indivíduos afetados por anemia 
aplásica. 
 
 
Alguns significados: 
▪ Volume corpuscular médio (VCM): é o volume médio de uma hemácia; 
▪ Hemoglobina corpuscular média (HCM): é o conteúdo médio (massa) de hemoglobina por 
hemácia; 
▪ Concentração de hemoglobina corpuscular média (CHCM): é a concentração média de 
hemoglobina em determinado volume de hemácias; 
▪ Amplitude de distribuição do tamanho das hemácias (RDW): é o coeficiente de variação do 
volume eritrocitário. 
 
Policitemia 
Policitemia denota uma contagem de hemácias anormalmente elevada, em geral com aumento 
correspondente no nível de hemoglobina. Pode ser relativa quando há hemoconcentração resultante da 
diminuição do volume plasmático, ou absoluta, quando há aumento na massa eritrovitária total. A 
policitemia relativa resulta de desidratação, tal como ocorre com privação de água, vômitos prolongados 
ou diarreia, ou uso excessivo de diuréticos. 
A policitemia absoluta é primária quando resulta de uma anormalidade intrínseca dos precursores 
hematopoiéticos, e secundária, quando os progenitores eritroides estão respondendo a níveis 
aumentados de eritropoietina. 
A causa mais comum de policitemia primária é a policitemia vera, distúrbio mieloproliferativo 
associado a mutações que causam o crescimento independente de eritropoietina dos progenitores 
eritroides. Com menos frequência, policitemia primária resulta de mutações familiares no receptor de 
eritropoietina que induzem uma ativação receptor-independente de eritropoietina. 
 
Distúrbios Hemorrágicos: Diáteses Hemorrágicas 
O sangramento excessivo pode resultar de (1) aumento da fragilidade dos vasos, (2) deficiência ou 
disfunção plaquetária e (3) desregulação da coagulação, isolada ou em combinação. Os exames 
empregados para avaliar os diferentes aspectos da hemostasia são os seguintes: 
• Tempo de protrombina (TP): esse exame avalia as vias de coagulação extrínseca e comum. A coagulação 
do plasma após a adição de uma fonte exógena de tromboplastina tissular (p. ex., extrato cerebral) e íons 
Ca2+ é medida em segundos. Um TP prolongado pode resultar de deficiência ou disfunção de fator V, 
fator VII, fator X, protrombina ou fibrinogênio. 
• Tempo de tromboplastina parcial (TTP): esse exame avalia as vias de coagulação intrínseca e comum. A 
coagulação do plasma após a adição de caulim, cefalina e íons Ca2+ é medida em segundos. Caulim ativa 
o fator XII dependente de contato, enquanto a cefalina substitui os fosfolipídios plaquetários. O 
prolongamento do TTP pode ser decorrente de deficiência ou disfunção dos fatores V, VIII, IX, X, XI ou XII, 
protrombina ou fibrinogênio ou ainda de anticorpos interferentes contra fosfolipídios. 
• Contagens de plaquetas. São obtidas em sangue anticoagulado usando-se um contador de partículas 
eletrônico. 
• Testes de função plaquetária. No momento, nenhum teste isolado fornece uma avaliação adequada das 
complexas funções das plaquetas. 
Outros testes especializados que podem ser úteis em contextos clínicos particulares incluem os 
testes de agregação plaquetária, que medem a capacidade de agregação das plaquetas em resposta a 
agonistas como a trombina; e testes quantitativos e qualitativos do fator de von Willebrand, que 
desempenha papel relevante na aderência plaquetária à matriz extracelular.

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