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Apostilha-de-LEGISLAÇÃO- engenharia 2015 v2

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Antonio Victorino Avila
Engº Civil. MSc Engª Produção
Legislação Aplicada
Coletânea de Leis de Interesse do
Engenheiro.
Florianópolis - SC
2015.03
Versão 2.5
LEGISLAÇÃO APLICADA – Apostilha. 
 2 
 
Preâmbulo. 
 
 Esta apostilha dispõe uma coletânea de Leis tendo por 
objeto discutir e mostrar aos alunos dos cursos de engenharia 
civil a importância do conhecimento de uma série de diplomas 
legais e procedimentos administrativos necessários à gestão da 
sua atuação profissional na condução de obras e contratos. 
 
O objetivo maior da disciplina é alertar o cidadão e futuro 
profissional da engenharia quanto à importância do 
conhecimento, do cumprimento e das restrições impostas pela 
legislação, bem como de alguns direitos ou diplomas legais 
possíveis de serem avocados no transcorrer de sua vida 
profissional. 
 
 Para tanto, há que conhecer o Código do Consumidor, o 
Código Civil, artigos do Código Penal e o Código Profissional, 
entre outros, naquilo que se referem à atuação do profissional, 
seja na área da gestão, dos serviços ou da empreitada. 
 
Além dos códigos acima citados, serão discutidas a Lei das 
Licitações, a Lei de Incorporação e Condomínios, a legislação 
trabalhista. E, também, Leis que tratam do parcelamento dos 
solos. 
 
 Considerando que a engenharia é uma profissão de 
resultado, tal fato significa que cabe ao profissional a obrigação 
de alcançar o resultado contratado, no prazo e no modo do 
contrato, independente das técnicas, métodos e esforços 
empregados na tentativa de alcançar o resultado esperado. 
 
 Os profissionais da engenharia são, para o cumprimento de 
suas atividades profissionais, gestores de contratos. Para tanto 
deverão conhecer, mesmo que superficialmente, os diplomas 
legais aqui colecionados visando instruir procedimentos 
administrativos ou pautar suas ações dentro de ditames legais. 
 
 Iniciando o conteúdo, serão discutidos e relacionados 
alguns procedimentos gerenciais a serem cumpridos para que o 
profissional disponha de condições para preparar e manter 
documentação adequada ao acompanhamento de seus 
contratos. 
 
 Assim procedendo, terá condições de interpor 
reivindicações junto aos seus clientes devidamente amparadas 
documentalmente. E, sendo necessário, instrumentalizar seus 
advogados em caso de ser alcançado por alguma demanda ou 
representação seja ela de ordem judicial ou extrajudicial. 
 
Ressalta-se que não se pretende, e nem poderia ser, 
esgotar este assunto dentro de uma disciplina do curso de 
Engenharia Civil. Mas, dar uma visão da importância em 
entender alguns aspectos legais e responsabilidades exigidos 
para o cumprimento das obrigações profissionais. Isto é 
possível! 
 
Há que se entender que engenheiros e arquitetos são 
profissionais do terceiro grau. Formados para serem executivos, 
não meros executantes de ordens alheias, e de cujas ações 
decorrem obrigações e responsabilidades legais. 
 
Finalizando, agradecemos a participação do Advogado 
André Abdala cuja contribuição visou melhorar o entendimento 
do discente pouco afeto ao assunto. 
 
Florianópolis, março de 2015. 
 
Engenheiro Civil Antonio Victorino Avila 
 MSc. em Engenharia de Produção. 
 
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila. 
V.2015 março. 3 
 
 
 
 
 
 
Realidade! 
 
 “O pecado da inteligência não tem perdão quando a 
mediocridade detém o poder da decisão”. 
Carlos W. Lacerda – jornalista e ex-governador do Rio de 
Janeiro. 
 
 
Poder e Querer! 
“... conheço muitos que não puderam quando deviam porque 
não quiseram quando podiam...”. 
François Rabelais, 1483-1553. 
 
Escritor e padre francês do Renascimento. 
 
 
 
 
 
 
 
O Analfabeto Político! 
 
 O pior analfabeto é o analfabeto político. 
 
 Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos 
políticos. 
 
 Ele não sabe que o custo da vida, o preço do feijão, do 
peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem 
das decisões políticas. 
 
 O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o 
peito dizendo que odeia a política. 
 
 Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política nasce a 
prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos, 
que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das 
empresas nacionais e multinacionais. 
 
Bertolt Brecht, 1858 – 1956. 
 Filósofo e teatrólogo. 
 
 
LEGISLAÇÃO APLICADA – Apostilha. 
 4 
 
 
ÍNDICE. 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS. 6 
INTRODUÇÃO - NOÇÕES DE DIREITO. 8 
I - DA RESPONSABILIDADE PROFISSIONAL. 9 
II - HIERARQUIA DOS DIPLOMAS LEGAIS NO BRASIL. 25 
III - PRINCÍPIOS JURÍDICOS 26 
IV - DO CRIME. 26 
V - PROCEDIMENTOS GERENCIAIS. 29 
VI – GARANTIA, DECADÊNCIA E PRESCRIÇÃO. 31 
VII - CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA. 34 
1. LEGISLAÇÃO PROFISSIONAL 39 
1.1- LEI NO 4.950-A – PISO PROFISSIONAL ENGENHEIROS. 40 
1.2 - LEI N.º 5.194 – REGULA O EXERCÍCIO PROFISSIONAL 42 
1.3 - LEI Nº 6.496 – RESPONSABILIDADE TÉCNICA. 57 
1.4 – CONFEA: RESOLUÇÃO Nº 1.048. 61 
1.5 – CÓDIGO DE ÉTICA PROFISSIONAL 67 
1.6 - CÓDIGO DE ÉTICA DO SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL. 72 
1.7 - LEI N° 8.429 – O ENRIQUECIMENTO ILÍCITO - AGENTES PÚBLICOS 77 
2. LEGISLAÇÃO COMERCIAL 84 
2.1 - LEI N.º 10.406 - CÓDIGO CIVIL 85 
DOS ATOS ILÍCITOS – ART. 186 A ART. 188. 85 
DOS PRAZOS DA PRESCRIÇÃO – ART. 205 A 206 85 
DOS TÍTULOS DE CRÉDITO – ART. 887 A ART. 926 87 
2.2 - LEI Nº 5.474 - LEI DAS DUPLICATAS 93 
2.3 – RECURSO ESPECIAL Nº 6.450 – TRIBUNAL DE JUSTIÇA 100 
2.4 - LEI N. º 8.078 – CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. 101 
3. - CÓDIGO CIVIL – BENS, DIREITOS, CONTRATOS. 126 
LEI Nº 10.406 - CÓDIGO CIVIL 127 
DOS BENS - ART.79 A ART.103 127 
DA PROVA - ART. 212 A ART. 232. 129 
DAS OBRIGAÇÕES – ART. 394 A 420 132 
DOS CONTRATOS EM GERAL – ART. 421 A ART. 626. 135 
DA RESPONSABILIDADE CIVIL – ART. 927 A ART. 954 154 
DA PROPRIEDADE – ART. 1228 A ART. 1313 157 
DO CONDOMÍNIO GERAL – ART. 1.314 A ART..1389 172 
DO DIREITO DO PROMITENTE COMPRADOR – ART. 1.417 A ART.1418 182 
4. LEI DAS LICITAÇÕES. 183 
LEI Nº 8.666 - LEI DAS LICITAÇÕES 184 
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS 184 
DA LICITAÇÃO 194 
DOS CONTRATOS 214 
DAS SANÇÕES ADMINISTRATIVAS E DA TUTELA JUDICIAL 224 
DOS RECURSOS ADMINISTRATIVOS 228 
DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS 229 
5. LEI DAS INCORPORAÇÕES E CONDOMÍNIOS 234 
5.1 - LEI Nº 4.591 – DAS INCORPORAÇÕES E CONDOMÍNIOS 235 
5.2 – LEI Nº 10.931 – PATRIMÔNIO DE AFETAÇÃO 261 
6. PARCELAMENTO E USO DO SOLO. 277 
6.1 - LEI N° 6.063 – DO ESTADO DE SANTA CATARINA 278 
6.2 - LEI Nº 6.766 - LEI DO PARCELAMENTO DO SOLO URBANO 282 
6.3 - LEI Nº 1516/77 – DISCIPLINA O USO DO SOLO 298 
6.4 - LEI ORGÂNICA DO MUNICÍPIO DE FLORIANÓPOLIS 301 
7. PERITOS, PROVAS & INSPEÇÃO. 306 
LEI N.º 5.869 - CÓDIGO DO PROCESSO CIVIL 307 
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila. 
V.2015 março. 5 
8 – PARECERES: RESPONSABILIDADE CIVIL. 311 
8.2 - A RESPONSABILIDADE CIVIL DO ENGENHEIRO E O NOVO CÓDIGO CIVIL. 322 
8.3 - ATÉ AONDE VAI A RESPONSABILIDADE DO ENGENHEIRO CIVIL? COMO SE 
DEFENDER? 325 
8.4 - RESPONSABILIDADE CIVIL NAS EDIFICAÇÕES. 327 
9. - LEGISLAÇÃO AMBIENTAL. 331 
9.1 - RESOLUÇÃO Nº 307 CONAMA DE 5 DE JULHO DE 2002 332 
 
 
 
 
LEGISLAÇÃO APLICADA – Apostilha. 
 6 
 
 
Referências Bibliográficas. 
 
AVILA, Antonio V.. Apostilha de Legislação Aplicada. 
Florianópolis, SC. 2015. Domínio: pet.ecv.ufsc.br. 
 
AVILA, Antonio V.. JUNGLES, Edésio A. Gestão do 
Planejamento e Controle de Empreendimentos. Autores. 
Florianópolis. SC. 2014. 
 
AZEVEDO, Rone Antônio de. Norma amplifica 
responsabilidade na engenharia.Site: 
http://www.cimentoitambe.com.br. Acesso: 10.07.2013. 
 
CAVALIERI FILHO, Sergio. Programa de Responsabilidade 
Civil. 7ª Edição. Editora Atlas SA. São Paulo. SP. 2007. 
 
FARIA, Claude Pasteur de Andrade. Comentários à Lei 5194/66. 
2ª Ed. Editora Insular. Florianópolis. SC. 2012. 
 
FUHRER, Maximiliano C. Américo. Resumo de Direito 
Comercial. 23ª Ed. Malheiros Editores Ltda. São Paulo, SP. 
1999. 
 
GOMES, Orlando. Obrigações. 12² EDIÇÃO. Editora Forense. 
Rio de Janeiro, RJ. 1999. 
 
LANKER, Vinícius. Fato Típico. PUC-Goiás. Fonte: 
www.professor.ucg.br. Acesso: 20.11.2014. 
 
LEITE, Gisele J. Pereira. Apontamentos sobre o nexo causal. 
Fonte: http://www.ambito-juridico.com.br/site/index. Acesso: 
20.11.2014. 
 
LIMA, Mario R. de. Responsabilidade Civil: ato ilícito puro e 
equiparado. 2014. Fonte: http://www.direitonet.com.br. Acesso: 
16.12.2014. 
 
SAMPAIO, Rogério M de Castro. Direito Civil – Contratos. 5² 
Edição. Editora Atlas S/A. São Paulo, SP. 2004. 
 
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito de Construir. Malheiros 
Editores. 7ª Edição. São Paulo. SP. 1996. 
 
.................. Direito Administrativo Brasileiro, 26ª ed., Malheiros 
Editores. São Paulo. SP. 2001. 
 
MENEZES, Rafael de. Aula 02. Direito das Obrigações. 
UNICAP. Fonte: http://rafaeldemenezes.adv.br/assunto/Direito-
das-Obrigacoes/4/aula/2. Acesso: 20.11.2014. 
 
PEREIRA, Fabio S. da Costa. Responsabilidade Civil na 
Engenharia Civil. CREA-RN, Natal, RN. 2012. Fonte: 
http://www.crea-rn.org.br/artigos/ver/80. Acesso: 06.12.2014. 
 
ROSENVALD, Nelson. Curso de Direito Civil – Responsabilidade 
Civil. Notas de Aula. Outubro de 2.008. Fonte: 
http://pt.slideshare.net/gabacunha/curso-de-responsabilidade-
civil-nelson-rosenvald. Acesso: 12.12.2014. 
 
SAAVEDRA, Valério. Conceito Jurídico de Contrato. 2.009. 
Fonte: http://www.recantodasletras.com.br/textosjuridicos. 
Acesso: 2011.2014. 
 
SANTOS, Pablo de Paula S.. Responsabilidade civil: origem e 
pressupostos gerais. Site: http://www.ambito-juridico.com.br. 
Acesso 05.15.2014. 
 
SOUZA, Carlos Aurélio Mota de. O contrato de empreitada e a 
teoria do risco. Site: 
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila. 
V.2015 março. 7 
http://www.academus.pro.br/professor/carlosaurelio/material_pdf/
028.pdf, Acesso 20.11.2014. 
 
 
 
- Sites que disponibilizam a legislação apresentada: 
 
1 - Legislação Federal. 
 
- Conselho da Justiça Federal: http://www.cjf.gov.br 
- Governo Federal: www.planalto.gov.br 
- Previdência Social: http://www.previdenciasocial.gov.br 
- Rede Brasil: http://www.redebrasil.inf.br 
- Receita Federal: http://www.receita.fazenda.gov.br 
- Senado Federal: http://www.senado.gov.br 
- Supremo Tribunal Federal: http://www.stf.gov.br 
 
 
2 - Legislação Estadual. 
 
- Assembleia Legislativa de SC: http://www.alesc.sc.gov.br 
- Junta Comercial de Santa Catarina: 
http://www.jucesc.sc.gov.br 
- Ministério Público de SC: 
http://www.mp.sc.gov.br/portal/site/portal/default.asp 
- Poder Judiciário de SC: http://www.tj.sc.gov.br/jur/legis.htm 
- Secretaria Estadual da Fazenda: http://www.sef.sc.gov.br/ 
 
 
 
3 - Outros sites para pesquisa: 
 
 www.crea-sc.org.br 
 www.confea.org.br. 
 www.trlex.com.br 
 www.amperj.org.br 
 www.neofito.com.br 
 www.spu.planejamento.gov.br 
 
 
 
 
 8 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Introdução - Noções de Direito. 
 
 
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila 
 9 
 
 
 
I - Da Responsabilidade Profissional. 
 
 
O objetivo deste item é comentar a responsabilidade civil 
decorrentes das atividades das profissões de engenheiro, arquiteto 
ou engenheiro arquiteto e a do engenheiro-agrônomo, pois 
profissionais sujeitos aos ditames da Lei nº 5.194. 
 
 
A. Profissionais Gestores de Projetos e Contratos. 
 
 Considerando exercerem profissões caracterizadas pelas 
realizações de interesse social e humano, os profissionais sujeitos 
à Lei nº5194 ao exercer suas atividades e pela própria natureza da 
profissão são realizadores de empreendimentos. E, para tanto, são 
gestores de projetos e de contratos, fato que gera obrigações e 
responsabilidades de ordem jurídica ou legal. 
 
 
 
 
Ao executar seus contratos, sejam trabalhos de serviços, 
empreitadas ou incorporações, os profissionais estarão sujeitos a 
obrigações e responsabilidades. (1) 
 
 
(1)apud, http://jufat.eng.br/files/responsabilidades.pdf. 
Definindo, a seguir, alguns conceitos necessários ao 
entendimento do curso. 
 
Projeto, em engenharia, se entende como o documento que 
especifica as condições de realização de um serviço ou de um 
bem, sendo composto dos seguintes documentos: projetos 
singulares (2); memorial descritivo; processo construtivo; 
especificações e normas técnicas, orçamento. AVILA e JUNGLES, 
2015. Assim sendo, o projeto define e qualifica o objetivo do 
contrato fazendo parte integrante do mesmo. 
 
Contrato é um acordo de vontades com a finalidade de 
produzir efeitos jurídicos. SAAVEDRA, 2009. 
 
 Ou, contrato pode ser definido como todo acordo de 
vontades, firmado livremente entre as partes, com o objetivo de 
criar obrigações e direitos recíprocos. MEIRELLES, 2001. 
 
Direito, se constitui em um conjunto de normas de conduta 
estabelecidas para regular as relações sociais e garantidas pela 
intervenção do Poder Judiciário. 
 
Obrigação define o que foi pactuado entre as partes. Ou, a 
obrigação é um vínculo jurídico transitório em virtude do qual uma 
pessoa fica sujeita a satisfazer uma prestação econômica em 
proveito de outra. MENEZES, 2014. 
 
São exemplos de obrigações: os contratos, as ART’s; os 
pedidos, as propostas aceitas sem restrições; os boletins de 
medição aceitos; as declarações de recebimentos de bens e 
serviços efetuados nos rodapés das notas fiscais; os títulos de 
crédito. 
 
(2) Entende-se por projeto singular a documento específico que contempla algum campo 
do saber e integra a concepção de um projeto ou objetivo maior quais sejam: projeto 
arquitetônico, elétrico, hidro sanitário, de financiamento, ambiental, etc. 
LEGISLAÇÃO APLICADA – Apostilha. 
 10 
 
 Responsabilidade é um dever jurídico decorrente da 
violação de uma obrigação. Violada a obrigação, pode o agente 
ser responsabilizado civilmente e, em decorrência, passa a 
existir a obrigação de indenizar. 
 
Devemos distinguir a obrigação jurídica da 
responsabilidade jurídica. Existe o dever jurídico originário ou 
primário e o sucessivo ou secundário, sendo o primeiro um 
dever de agir conforme preceitos jurídicos, no caso conforme o 
contrato firmado, onde na sua violação dá origem ao dever 
secundário que é reparar o dano desta violação primaria violada. 
Assim sendo, a “responsabilidade civil é um dever jurídico 
sucessivo que surge para recompor o dano decorrente da 
violação de um dever jurídico originário”. CAVALIERI, 2007. 
 
Em suma, responsabilidade jurídica é a capacidade do 
indivíduo em responder por seus atos ou por atos de terceiros, 
quando violados alguma obrigação. 
 
 No Brasil, a sociedade, as autoridades públicas e por 
incrível que pareça os engenheiros civis e arquitetos, em 
particular, têm pouquíssimo conhecimento sobre a 
responsabilidade civil inerente à sua ação profissional quanto a 
fatos ocorridos em obras e projetos de suas autorias. PEREIRA, 
2012. 
 
 Em virtudeda ocorrência de sinistros, como quedas de 
marquises, incêndios, descolamento de elementos de fachada, 
colapso de cortinas de contenção, queda de palanques e 
arquibancadas, colapso de coberturas de madeira e de aço, 
dentre outros, decorrentes de falhas na construção, inexistência 
de projeto específico, falta de fiscalização ou pela falta de 
manutenção, causando mortes e prejuízos injustificáveis, a 
sociedade de maneira geral está abrindo os olhos para este 
assunto. PEREIRA, 2012. 
 
Além disso, o descumprimento do pacto contratual pode 
gerar obrigações de ressarcimento e indenização ou mesmo do 
encerramento das relações contratuais com prejuízo para as 
partes. 
 
Como exemplos do descumprimento de contratos têm-se: 
atraso ou morosidade na execução dos trabalhos, atrasos de 
pagamentos, vícios decorrentes do descumprimento de normas 
técnicas, descumprimento dos projetos singulares, retrabalho 
por utilização de material inadequado ou pessoal sem 
qualificação, etc.. 
 
Faz-se importante ressaltar que sanções por 
descumprimento de obrigações contratuais não se limitam, 
apenas, ao que foi estabelecido no pacto contratual, mas 
também na legislação ou na jurisprudência relativa aos 
contratos. 
 
 Cabe então ao gestor conhecer a legislação pertinente de 
modo a manter um acompanhamento documental dos contratos 
e, assim, poder instrumentalizar seus advogados caso ocorra a 
necessidade de alguma demanda judicial ou extrajudicial. 
 
É interessante notar, nos temos dos artigos 113, 421 e 422 
do Código Civil Brasileiro, que os contratos e os contratantes 
devem respeitar a função social do contrato, os bons costumes e 
a boa fé. 
 
Constata-se, porém, ser pouco discutida no âmbito 
profissional e, consequentemente, haver um desconhecimento 
quanto às obrigações e responsabilidades decorrentes dos 
contratos que, além da responsabilidade civil, abrange a 
responsabilidade penal, a administrativa, a ética profissional e a 
trabalhista. PEREIRA, 2012. 
 
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila. 
 
Longe de pretender esgotar este assunto, o intuito é 
despertar essa discussão em sala de aula, como alerta aos 
futuros egressos dos cursos de Engenharia Civil, da importância 
do assunto em questão, pois os envolverá no transcurso da vida 
profissional. 
 
Ressalta-se que este conteúdo não pretende uma 
discussão jurídica do assunto, mas, para cada conceito 
externado, efetuar uma definição que permita ao leigo e de 
modo singelo, dispor de um entendimento quanto ao mesmo. 
 
Recomenda-se ao interessado e, principalmente, àquele 
que for labutar na profissão, estudar e pesquisar sobre o 
assunto, pois o mesmo será apresentado nesta apostilha de 
modo sucinto. 
 
 
B. Profissões de Meio e de Resultado. 
 
As profissões podem ser caracterizadas como profissões com 
responsabilidade de meio ou de resultado. 
 
 
 
 
 
A profissão de meio se refere a casos em que o profissional 
não tem responsabilidade pelo resultado final, porém empenha 
todos os seus esforços para alcançá-lo. 
 
Em contrato de obrigação de meio entende-se que existe um 
comprometimento e dedicação pessoal para o melhor resultado. O 
profissional para tanto deve dispor de competência, habilidade e 
empenho para o cumprimento do pactuado, mas não existe a 
obrigação de conseguir o que é desejado, ou seja, o fim exitoso do 
objeto pactuado. 
 
 Essa situação é mais comum do que a maioria das pessoas 
imagina. Por exemplo, depois de sofrer um grave acidente é 
obrigação do hospital ou do médico fazer todos os esforços para 
que a pessoa fique bem, porém, o médico e o hospital não têm a 
obrigação de salvar a vida. (3) 
 
A profissão de resultado implica em responsabilidade quanto 
ao que foi pactuado e suas garantias legais quanto as atividade 
técnico-econômica de projeto, construção ou incorporação. 
 
 Assim esses profissionais, engenheiros e arquitetos, estão 
obrigados a executarem e entregarem seus produtos sem vícios 
construtivos e defeitos, cumprir os termos pactuados, efetuar seus 
trabalhos conforme as normas técnicas (4) vigentes, adotar 
processos construtivos seguros e empregar o conhecimento 
científico reconhecido na época. 
 
Quando os profissionais firmarem contratos considerados 
como aleatórios, exercem uma atividade de meio. Como exemplo 
tem-se a pesquisa e a prospecção geológica, cujos resultados 
podem não atender ao objetivo esperado. 
 
 
C. A Responsabilidade de Resultado. 
 
(3) Fonte: http://www.mbk.adv.br/site/o que são obrigações de meio e obrigações 
de resultado. Acesso: 20.11.2014. 
(4) Normas Brasileiras, as NBR’s, e em sua falta as normas estrangeiras 
reconhecidas. 
 
LEGISLAÇÃO APLICADA – Apostilha. 
 12 
 
A responsabilidade de resultado ocorre quando o contratado 
assumiu uma obrigação, um contrato, com um objetivo específico e 
com êxito esperado. 
 
A engenharia/arquitetura são profissões de resultado, pois, 
basicamente, são gestoras de contratos relativos a: projeto, 
construção, gestão, incorporações e serviços técnicos. 
 
Responsabilidade Civil
Subjetiva
Negligência
Imperícia
ImprudênciaCulpa
Objetiva
Relação
Direta 
Causa e Efeito
 do Dano
Agente Causador
Figura 0.1 – Responsabilidade Objetiva e Subjetiva
 Fonte: Avila, 2015
 
A responsabilidade de resultado pode ser de ordem: 
 
 Objetiva; 
 Ou, subjetiva. 
 
A responsabilidade é dita objetiva quando ocorre uma relação 
direta entre o dano e o agente que a causou. Ou seja, não há 
duvida quanto ao agente causador do dano (5). Ver Figura 0.1 – 
Responsabilidade Objetiva e Subjetiva. 
 
(5) Conforme estabelecido na Lei nº 10.406, Código Civil, em seu Art.º 927: 
“Haverá obrigação de reparar o dano, independente de culpa, nos casos 
especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo 
autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem”. 
 
A responsabilidade civil é dita subjetiva quando causada por 
conduta culposa lato sensu, que envolve a culpa stricto sensu e o 
dolo. Neste caso há que se provar quem foi o causador do dano. 
 
A culpa (stricto sensu) caracteriza-se quando o agente 
causador do dano praticar o ato com negligencia ou imprudência. 
Porém, não tendo havido a intenção do agente em que o fato 
ocorresse. 
 
O dolo ocorre quando houve a intenção do agente quanto a 
ocorrência do fato danoso ou, então, tendo assumido o risco de 
sua ocorrência. Noutros termos pode-se dizer que: “dolo é a 
vontade conscientemente dirigida à produção do resultado ilícito”. 
SANTOS, 2014. 
 
Nota-se que a pena no caso ser caracterizado o dolo é 
superior à da culpa. 
 
 
C.1 - Responsabilidade Objetiva. 
 
Para caracterizar a responsabilidade civil objetiva, basta haver 
uma relação direta entre causa e efeito do dano e o agente 
causador. Ou seja, o nexo causal para a indenização do prejuízo 
ou dano. 
 
Quando existe essa relação direta, o agente é 
responsabilizado sem necessidade de se provar a culpa. Neste 
caso, a obrigação de reparar é independente de qualquer ideia de 
dolo ou culpa. 
 
Como exemplo tem-se: a ruina de uma edificação; queda de 
uma torre de agua sobre um edifício; o desabamento de um muro 
 
 
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila. 
 
de arrimo; a queda de um viaduto. O construtor, o proprietário ou 
quem causou esse fato danoso tem a obrigação de repara-lo ou 
indenizar o ofendido. 
 
Incide, também, em responsabilidade objetiva o 
descumprimentode cláusulas contratuais expressas (6). Se o 
objetivo não for atingido de forma total ou parcial, o contratado ou 
executor passa a ser responsabilizado por danos ou prejuízos 
causados ao contratante. 
 
 Para isso o lesado mostra a existência do contrato e prova a 
não obtenção do que foi prometido. Só ocorre a extinção da 
obrigação quando o contratado prova que não alcançou o objetivo 
final por motivo de força maior. 
 
Estabelecida a responsabilidade objetiva, 
independentemente da culpa ou dolo, cabe a aplicação direta do 
Art. nº 186 da Lei nº 10.406 de 2001, O Código Civil: 
 
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão 
voluntária, negligência ou imprudência, violar direito 
e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente 
moral, comete ato ilícito. 
 
 
C.2 - Responsabilidade Subjetiva. 
 
A responsabilidade subjetiva pode ser qualificada como dolo 
ou culpa. 
 
O dolo ocorre quando o profissional quis ou assumiu o risco 
da ocorrência de um fato danoso. 
 
(6) As cláusulas contratuais podem ser expressas ou implícitas. As cláusulas 
expressas são aquelas relacionadas nos contratos. As implícitas decorrem da lei 
ou da jurisprudência. 
 
A culpa ocorre quando a ação do profissional não tinha a 
intenção de causar dano. 
 
Para a imputação da responsabilidade do profissional liberal, 
e aí se incluem os engenheiros e arquitetos no desempenho das 
suas funções profissionais independentemente de atuar como 
autônomo ou empregado, há que se qualificar se a ação do agente 
ocorreu com negligência, imprudência ou imperícia, o que deve ser 
provado. 
 
Estas três qualificações são definidas no quadro a seguir: 
 
Negligência
Impericia
Imprudência Corresponde à prática de ato perigoso.
 Decorre de fato ocorrido devido a falta de
 aptidão técnica, teórica ou prática.
 Corresponde à falta de precaução sem a qual 
fato previsível não teria ocorrido.
 
 
A responsabilidade subjetiva obriga a engenheiros e 
arquitetos empregar seus conhecimentos para alcançar o resultado 
final, conforme a boa técnica e a ética profissional. 
 
Se constatados erros de cálculo, a responsabilidade é do 
projetista. Se constatados erros na execução, a responsabilidade é 
do responsável técnico. 
 
Quando o projetista não especifica bem os projetos que serão 
entregues à construtora, dá margem à subjetividade que podem 
acarretar condenações aos envolvidos no processo de construção. 
 
Assim, a responsabilidade deve ser atribuída à pessoa 
diretamente incumbida de tomar as cautelas necessárias. Não se 
LEGISLAÇÃO APLICADA – Apostilha. 
 14 
pode atribuir culpa a quem não tenha responsabilidade direta sobre 
a segurança e a engenharia locais. 
 
Na ocorrência de erro profissional, a culpa é atribuída ao 
profissional. Porém exige a indagação das normas fundamentadas 
em critérios técnicos, com a indicação da norma de dever violada, 
derivada da lei, da ciência ou dos costumes. 
 
Eles lidam com a incerteza das teorias, dos modelos de 
cálculo, das técnicas de construção, do comportamento dos 
materiais, das ações humanas e da natureza. Porém, tem o dever 
de cumprir suas obrigações a contento do contratante. 
 
Engenharia
Arquitetura
Profissões
de
Resultado
Negligência
Imperícia
Imprudência
Resultado
Fonte: Avila, 2015.
Figura 0.2 - Qualificação da Ação.
 
 
 Os profissionais minimizam os riscos seguindo as 
orientações das normas técnicas e adotando boas práticas de 
projeto, execução e manutenção. Mas não são obrigados a 
assegurar o “zero defeito” ou total ausência de falhas. (7) 
 
 
(7) Recomenda-se aos que atuam na construção de edificações conhecer a 
Norma de Desempenho de Edificações, a NBR 15.575/08. Inicialmente ela 
considerava o desempenho das edificações habitacionais de até cinco 
pavimentos .A partir de julho de 2013 passou a vigorar abrangendo qualquer 
número de pavimentos. 
Exemplificando, nenhum projetista de barragens, por 
mais competente que seja, pode garantir com 100% de 
confiabilidade a segurança contra rompimento por enchentes. 
Geralmente, para grandes obras, trabalha-se com a 
probabilidade de ocorrer uma grande cheia a cada dez mil 
anos – período de retorno deca milenar. AZEVEDO, 2013. 
 
 Ocorrido um fato danoso numa construção, cabe estabelecer 
a culpa pessoal do profissional que a cometeu para estabelecer 
a responsabilidade, no caso a subjetiva. Este entendimento é 
definido pelo Código de Defesa do Consumidor, Lei nº 8.078, 
Art.º 14 paragrafo 4º que diz: 
 
§ 4º - A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será 
apurada mediante a verificação de culpa. 
 
Há, porém, que se entender que, mesmo em sobrevindo 
fato danoso, a responsabilidade do profissional e mesmo da 
empresa pode ser descaracterizada. Quando sobrevirem 
eventos extraordinários, imprevistos e imprevisíveis, onerosos, 
retardadores ou impeditivos da execução do contrato, a parte 
atingida fica liberada dos encargos originários. MEIRELLES, 
2001. 
 
Neste caso, a Teoria Geral dos Contratos considera a 
Teoria da Imprevisão que trata da possibilidade de que um 
pacto seja alterado, sempre que sobrevirem circunstâncias 
impossíveis de serem previstas no momento da sua formação, 
impedindo o normal cumprimento da obrigação contratual, de 
modo a prejudicar uma parte em benefício da outra. 
 
 Para caracterizar a excepcionalidade do evento 
extraordinário e haver a possibilidade do pacto ser alterado, a 
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila. 
 
despeito de sua obrigatoriedade, há que se verificar a 
superveniência de uma das seguintes situações: 
 
 A força Maior; 
 O Caso Fortuito; 
 E, o Fato do Príncipe. 
 
 A força maior corresponde a algum evento humano que, por 
sua imprevisibilidade e inevitabilidade, cria, para o contratado, 
impossibilidade intransponível de regular execução do contrato. 
 
O caso fortuito diz respeito a evento da natureza que, por 
sua imprevisibilidade e inevitabilidade, cria, para o contratado, 
impossibilidade intransponível de regular execução do contrato. 
 
O fato do príncipe corresponde a toda determinação estatal, 
positiva ou negativa, de âmbito geral, imprevista e imprevisível a 
época do estabelecimento do vínculo pactual, e que onere, 
substancialmente, a execução do contrato. 
 
Havendo a superveniência de alguma das situações acima 
descritas, pode haver a descaracterização da responsabilidade da 
empresa e/ou do profissional. 
 
Como exemplos de fatos danosos e a respectiva 
caracterização da responsabilidade, são mostrados na Figura 0.3 
quatro casos de desastres ocorridos no Brasil, pelos quais se 
comenta: 
 
- No caso da ruptura da edificação, a construtora é a 
responsável objetivamente pelo fato. Cabe, então, provar a 
responsabilidade subjetiva: verificar se o fato ocorreu por defeito 
de projeto ou de execução. Tendo ocorrido por deficiência dos 
materiais empregados, por calculo estrutural equivocado, por 
execução equivocada das fundações ou da superestrutura e a 
qual profissional caberá a atribuição da responsabilidade; 
 
Figura 0.3 – Exemplos de Obras Fatos em Obras
 
- No caso da torre d’água tombada sobre a edificação, a 
responsabilidade objetiva caberá, indubitavelmente, à empresa 
construtora e a subjetiva ao profissional que se houve com 
negligência, imprudência ou imperícia, seja o responsável pelo 
projeto e/ou pela execução; 
 
- O caso do viaduto, corresponde à situação similar à anterior; 
 
- E, no caso de desabamento da piscina provocada por 
escavação realizada em prédio situado em nível inferior, caberá a 
LEGISLAÇÃO APLICADA – Apostilha.16 
responsabilidade objetiva ao dono da obra inferior e, 
solidariamente, à empresa executora. A responsabilidade 
subjetiva será atribuída ao profissional responsável pela execução 
da obra inferior que não tomou as providências necessárias a 
evitar a ocorrência do fato. 
 
 
D. Tipos de Responsabilidades. 
 
A responsabilidade do profissional decorre do resultado de 
seus atos ou ações. Decorrendo uma ação em dano, a 
indenização ou reparação poderá ocorrer segundo duas ordens 
de dano: o dano moral ou extra patrimonial e o dano 
patrimonial. 
 
Dano
Patrimonial 
Extra Patrimonial ou Moral 
 
 
 
 Se a agressão for dirigida a um bem patrimonial estaremos 
diante de um dano patrimonial. 
 
Como exemplos de danos patrimoniais têm-se: defeitos ou 
vícios construtivos seja em edificações ou em obras de arte; 
lucros cessantes devido a contratos não cumpridos; custos 
decorrentes de prejuízos causados a terceiros devido a 
contratos mal cumpridos ou inexecutados; etc.. 
 
Se o profissional agir de forma a afrontar um estado 
psíquico de outra pessoa, estará causando dano moral a esta, a 
exemplo das ofensas verbais, calúnia, difamação, etc. 
 
Como exemplo em que tenha ocorrido dano material e 
moral, conjuntamente, seja o caso de um acidente de veículo. 
 
O dano material diz respeito ao prejuízo causado ao bem 
material, o veículo. E, o dano moral caso tenha ocorrido 
cicatrizes decorrente do acidente, o que pode abalar o estado 
psíquico da vítima. 
 
 Além disso, se o profissional agir de forma a afrontar 
princípios morais e éticos que atentem contra o Código de Ética 
Profissional ou mesmo tenha ação transitada em julgado que o 
responsabilize por atos culposos ou dolosos e que deponham 
contra a ética profissional, ele pode ser sujeito a ação de cunho 
ético profissional junto ao Conselho da Classe. 
 
Responsabilidades
Penal Administrativa Civil
Ético
Profissional
Trabalhista
Fonte: Avila 2015. 
Figura 0.4 – Tipos de Responsabilidades Profissionais.
 
 
 
O profissional ao exercer sua profissão, conforme mostrado 
na Figura 0.4, estará sujeito aos seguintes tipos de 
responsabilidades: 
 
I. - Responsabilidade Técnica ou Ético-Profissional. 
II. - Responsabilidade Civil. 
III. - Responsabilidade Penal ou Criminal. 
IV. - Responsabilidade Trabalhista. 
V. - Responsabilidade Administrativa. 
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila. 
 
 
Considerando a relação das responsabilidades acima 
enumeradas, a responsabilidade ético-profissional é de caráter 
moral. As demais de caráter legal. 
 
Comentando estas responsabilidades: 
 
 
I – Responsabilidade ético-profissional. 
 
 Essa responsabilidade deriva de imperativos morais, de 
preceitos regedores do exercício da profissão, do respeito mútuo 
entre os profissionais e suas empresas e das normas a serem 
observadas pelos profissionais em suas relações com os 
clientes. 
 
A Lei 5.194/66 é que fundamenta legalmente o Código de 
Ética Profissional, adotado pela Resolução nº 1.004 de 
27.06.2003 do CONFEA e que estabelece os princípios éticos 
que devem reger a conduta profissional. 
 
O descumprimento da legislação ou o exercício inadequado 
da profissão, sem prejuízo para com suas demais 
responsabilidades, pode resultar em um processo ético-
disciplinar junto aos órgãos disciplinadores da profissão: CREA’s 
e Confea. 
 
As penalidades aplicadas nesses processos incidirão sobre 
a pessoa física e podem variar em função da gravidade ou 
reincidência da falta. São elas: 
 
· Advertência reservada; 
· Censura pública; 
· Multa; 
· Suspensão temporária do exercício profissional; 
· Cancelamento definitivo do registro. 
 
 
II - Responsabilidade técnico-administrativa. 
 
 Obriga o cumprimento das normas, dos encargos e das 
exigências de natureza técnico-administrativa. Entre esses 
elementos aparecem, em primeiro lugar, as várias leis que 
definem a extensão e os limites do "privilégio profissional". 
 
 No Sistema Confea/Creas surge uma centena de 
instrumentos administrativos (Resoluções) que regulamentam 
essas leis. Mas não param aí as normas, encargos e exigências 
que balizam o exercício profissional. 
 
 Há também aquelas inseridas nas normas técnicas 
brasileiras e internacionais aplicáveis nos códigos de obras e 
posturas municipais, nas normas de proteção e defesa 
ambiental, nas normas estabelecidas pelas empresas 
concessionárias de serviços públicos de energia, 
telecomunicações, saneamento, nas exigências de proteção 
contra incêndio e outras mais. Novamente, a Lei 5.194/66 é o 
principal instrumento regulamentador a ser considerado. 
 
 
III - Responsabilidade Trabalhista. 
 
 Aquela que decorre das relações contratuais ou legais 
assumidas com empregado mobilizado para a realização de obra 
ou serviço, estendendo-se a obrigações acidentárias e 
previdenciárias. 
 
Alerta-se que as obrigações previdenciárias e trabalhistas se 
estendem aos empregados dos empreiteiros, subcontratados e 
terceirizados e são responsabilidade do contratante ou do 
proprietário da obra, cabendo a estes a fiscalização do pagamento. 
 
LEGISLAÇÃO APLICADA – Apostilha. 
 18 
 
IV - Responsabilidade Penal. 
 
 Esta responsabilidade pode sujeitar os profissionais à pena 
de reclusão e/ou multa dependendo da gravidade das ações por 
ele cometidas. Para tanto o profissional pode ser condenado por 
se haver com negligência, imprudência ou imperícia. 
 
 Dos crimes em que possa incidir o engenheiro em sua 
atuação profissional, merecem destaque: 
 Desabamento que expressa a queda de construção em 
virtude de fator humano; 
 Desmoronamento, que resulta de fatos da natureza de 
ordem telúrica; 
 Incêndio quando provocado por sobrecarga elétrica; 
 Intoxicação ou morte por agrotóxico pelo uso indiscriminado 
de herbicidas e inseticidas na lavoura sem a devida 
orientação e equipamento; 
 Intoxicação ou morte por produtos industrializados quando 
mal manipulados na produção ou quando não conste 
indicação da periculosidade; 
 Contaminação - quando provocada por vazamentos de 
elementos radioativos e outros; 
 Inundação, provocada por defeitos, manutenção ou 
operação inadequada em barramentos hídricos; 
 
Todas essas ocorrências são incrimináveis, havendo ou não 
lesão corporal ou dano material, desde que se caracterize perigo à 
vida ou à propriedade. 
Por isso, cabe ao profissional, no exercício de sua atividade, 
prever todas as situações que possam ocorrer a curto, médio e 
longo prazo, para que fique isento de qualquer ação penal. (8) 
Provado que tais erros resultem em morte de alguém e 
derivem da atuação direta do engenheiro responsável pela obra, 
este responde penalmente por sua ação ou omissão, podendo ser 
penalizado com restrição de liberdade (reclusão). (9) 
 
 
V - Responsabilidade civil. 
 
 Responsabilidade Civil expressa a reparação de 
danos injustos, resultantes de violação de um dever geral de 
cuidado, com a finalidade de recomposição do equilíbrio violado. 
ROSENVALD, 2008. 
 
Já comentasdo, a responsabilidade civil é determinada no 
Código Civil em seu Arts. 186 que estabelece: 
 
 “Aquele que, por ação ou omissão voluntária, 
negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a 
outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato 
ilícito”. 
 
A responsabilidade civil do construtor pode ser de ordem 
contratual ou extracontratual. Vide Figura 0.5 – A 
Responsabilidade Civil e a Engenharia. 
 
 
 
(8) Apud: http://www.creasp.org.br/profissionais/responsabilidades-
profissionais/responsabilidade-penal-ou-criminal. Acesso: 28/06/2014. 
(9) Apud: http://www.conteudojuridico.com.br/artigo,responsabilidade-juridica-do-engenheiro-civil-nas-esfera-civil-criminal-administrativa-e-ambiental. Acesso: 
28/06/2014. 
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila. 
 
Responsabilidade Civil
Extra
Contratual
Contratual
Escolha e Uso
Dos Materiais
Solidez e
Segurança
Do
 Projeto
Danos a Vizinhos
E Terceiros
Objetiva Subjetiva
Fonte: Avila 2015. 
Figura 0.5 – A Responsabilidade Civil e a Engenharia.
 
 
(i) Responsabilidade Contratual. 
 
 A responsabilidade contratual decorre da inexecução culposa 
de suas obrigações, ou seja, violando o contrato ao não executar a 
obra ou ao executá-la defeituosamente, inobservadas as regras 
nele estabelecidas, o construtor responderá civilmente, como 
contratante inadimplente, pelas perdas e danos, com base nos 
artigos 389 e 402 do Código Civil. 
 
Assim, se o contratado unir os quatro elementos da 
responsabilidade civil – a ação ou omissão, somados à culpa ou 
dolo, o nexo e o consequente dano - em relação ao contratante, em 
razão do vínculo jurídico que lhes cerca, incorrerá na chamada 
Responsabilidade Civil Contratual. (10) 
 
 
(10) Fonte: http://lfg.jusbrasil.com.br/noticias/1974721/qual a diferenca entre 
responsabilidade civil contratual e extracontratual-joice-de-souza-bezerra. 
Acesso: 20.11.2014. 
 Ele só será exonerado da responsabilidade contratual se 
provar que a inexecução total ou parcial da obra resultou de caso 
fortuito ou de força maior de acordo com o Código Civil no seu 
artigo 393. 
 
 
(ii) Responsabilidade Extracontratual. 
 
Em relação à Responsabilidade Civil Extracontratual, 
também conhecida como aquilina, o agente não tem vínculo 
contratual com a vítima. Mas, tem vínculo legal, uma vez que, 
por conta do descumprimento de um dever legal, o agente por 
ação ou omissão, com nexo de causalidade e culpa ou dolo, 
poderá causar dano à vítima. (6). 
 
A responsabilidade extracontratual ou legal diz respeito à 
perfeição da obra, à responsabilidade ético-profissional, à 
responsabilidade pela solidez e segurança da obra, à 
responsabilidade por danos a vizinhos e a terceiros (artigos 
incluindo sanções civis e penais previstas na lei n.5.194/66 do 
código de ética que regula a profissão de engenheiro e arquiteto, 
na legislação penal que prevê crime de desabamento ou 
desmoronamento no seu artigo 256 e na lei das contravenções 
penais que prevê as contravenções de desabamento e de perigo 
de desabamento nos seus artigos 29 e 30, além de sanções 
administrativas pela construção de obra clandestina), à 
responsabilidade por materiais, à responsabilidade pelos atos de 
seus prepostos, à responsabilidade pelos riscos da obra e à 
responsabilidade por danos ambientais. PEREIRA, 2012. 
 
Os danos resultantes desses incidentes devem ser reparados, 
cabendo ao profissional tomar as providências necessárias para 
que seja preservada a segurança, a saúde e o sossego de 
terceiros, sob penas de assumir a responsabilidade por possíveis 
danos. 
 
LEGISLAÇÃO APLICADA – Apostilha. 
 20 
Cumpre destacar que os prejuízos causados são de 
responsabilidade do profissional e do proprietário, solidariamente, 
podendo o lesado acionar tanto um como o outro. 
 
(iii) Construção Civil - Responsabilidades Extracontratuais. 
 
Comentando responsabilidades extracontratuais na 
construção civil: 
 
 Responsabilidade pelos materiais: a escolha e aplicação dos 
materiais utilizados na obra são da competência do 
profissional, sendo comum cumprir a especificação dos 
materiais relacionados no documento denominado 
"Memorial Descritivo". Quando o material não estiver de 
acordo com a especificação, ou dentro dos critérios de 
segurança, o profissional deve rejeitá-lo, sob pena de 
responder por qualquer dano futuro. Sendo o material 
fornecido pelo contratante, cabe ao profissional alerta-lo e 
de forma inconteste, sob as consequências do uso de 
material não especificado. 
 
 Responsabilidade de desempenho: este é um caso referente 
ao processo construtivo, cabendo ao profissional responder 
pela solidez e segurança da construção nos termos do 
Código Civil e do Consumidor. Se o projeto for realizado em 
desacordo com o especificado, o executor assumirá a 
responsabilidade. 
 
 Responsabilidade de Projeto: caso ocorra erro de projeto, o 
projetista assumirá a responsabilidade quando aos danos 
advindos. Sendo o erro grosseiro e perceptível ao 
profissional com formação comum, este também será 
solidário. 
 
 Responsabilidade por danos a terceiros: é muito comum na 
construção civil a constatação de danos a vizinhos, em 
virtude da vibração de estaqueamentos, fundações 
realizadas sem as precauções necessárias e quedas de 
materiais que atingem bens ou pessoas. É caso típico de 
responsabilidade extracontratual. 
 
Na iniciativa pública, constatado o dano, o responsável pode 
sofrer as seguintes ações de natureza civil: 
 
· ações de improbidade administrativa; 
· condenação a pagamento de multa pelo TCU; 
· ações de reparação de dano. 
 
E. Caracterização da Responsabilidade Civil. 
 
Responsabilidade civil expressa a obrigação de reparar ou 
indenizar um dano que uma pessoa tenha causado a outra. 
 
Ou, responsabilidade civil corresponde à reparação de 
danos injustos, resultantes de violação de um dever geral de 
cuidado, com a finalidade de recomposição do equilíbrio violado. 
ROSENVALD, 2008. 
 
Para caracterizar a responsabilidade civil é necessário que 
se reúnam quatro elementos, a saber: o dano, o ato humano 
ilícito, a culpa ou o dolo do agente, e a relação ou nexo de 
causalidade. (11) 
 
1º. O dano ou prejuízo havido; 
2º. A ação ou omissão  Conduta; 
 
(11) Fernanda Holanda de Vasconcelos Brandão. Aspectos controvertidos da 
responsabilidade civil. Fonte: http://www.ambito-juridico.com.br. 
Acesso: 15.11.2014. 
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila. 
 
3º. A culpa ou o dolo  Intenção; 
4º. O nexo de causalidade. 
 
Para facilidade de entendimento, a Figura 0.6 mostra o 
processo de caracterização da responsabilidade. 
 
Considerando a ocorrência de um fato juridico que possa 
ser considerado como danoso e consequentemente gerar 
possível idenização, serão discutidos os seguintes conceitos: 
Fato Juridico; Dano; Ato Ilícito; Conduta; Intenção; Nexo Causal; 
Obrigação. 
 
Para facilidade de entendimento, a Figura 0.6 apresenta 
um fluxograma que mostra as etapas necessárias à 
caracterização do ato ilícito. Caracterizado o ato ilícito e 
estabelecido o nexo causal com o fato jurídico, gera a obrigação 
de indenizar. 
 
Dano
Material
Dano
Moral
Culpa
Ato Ilícito
Dolo
Negligência ImperíciaImprudência
Ação Omissão
FATO
DANO
Conduta
Intenção
ObjetivaSubjetiva
Nexo
 Causal
Obrigação
Encerra
Fonte: Avila, 2015.
Figura 0.6 – Do Fato, Responsabilidade, Obrigação.
SIM
NÃO
Ato
 Humano
 
LEGISLAÇÃO APLICADA – Apostilha. 
 22 
 
a) Fato Jurídico. 
 
Para o cumprimento dos contratos e das obrigações 
inerentes, são realizadas ações cujos efeitos ou decorrências 
podem ocasionar fatos jurídicos, seja com relação ao contratante, 
aos vizinhos, à comunidade ou aos empregados das empresas 
envolvidas no processo de construção ou projetos. (12) 
 
Definindo em tão o que seja: “fatos jurídicos são os 
acontecimentos em virtude dos quais começam, se modificam ou 
se extinguem as relações jurídicas”. (13) 
 
 Isto é, serem os profissionais interpelados judicial ou 
extrajudicialmente visando justificar, explicar ou responder por suas 
ações por danos causados ou pretensamente causados a terceiros. 
 
Como exemplos de fatos jurídicos na engenharia ouna 
construção citam-se: 
 Descumprimento dos prazos contratuais, parciais e totais; 
 Descumprimento de especificações e memorial descritivo 
devido à escolha de materiais de qualidade inferior; 
 Descumprimento do cálculo estrutural com a geração de trincas 
em paredes e estruturas; 
 Atraso ou inexecução de atividades devido à incompetência 
técnica ou administrativa; 
 Realização de obras lindeiras a edificações já existentes sem as 
cautelas necessárias e que decorram ou se prevê a 
possibilidade de prejuízos a vizinhos; 
 Desabamentos ou desmoronamentos devido à imprevidência 
em reformas ou serviços de terraplenagem; 
 
(12) Relações Jurídicas são as relações que possuem característica de vincular 
duas ou mais pessoas ou países entre direitos e obrigações. 
(13) Fonte: http://jus.com.br/artigos/22426/fato-juridico-plano-da-existencia. 
 Acesso: 20.11.2014 
 Atrasos de pagamentos; 
 Descumprimento de encargos sociais ou trabalhistas; 
 Desatenção ou descumprimento de exigibilidades ambientais; 
 Etc. 
 
b) O Dano. 
 
Tendo ocorrido algum fato jurídico, inicialmente, deve-se 
verificar se ocorreu ou há a pretensão da reparação de algum dano 
havido. 
 
Para tanto, o dano pode ser definido como material, moral. 
 
O dano moral é todo aquele que abala a honra, a boa-fé 
subjetiva ou a dignidade das pessoas físicas ou jurídicas. 
 
 A caracterização da ocorrência do dano moral depende da 
prova do nexo de causalidade entre o fato gerador do dano e suas 
consequências nocivas à moral do ofendido. 
 
 É importantíssimo, para a comprovação do dano, provar 
minuciosamente as condições nas quais ocorreram às ofensas à 
moral, boa-fé ou dignidade da vítima, as consequências do fato 
para sua vida pessoal, incluindo a repercussão do dano e todos os 
demais problemas gerados reflexamente por este. (14) 
 
O dano material é o que atinge, diretamente, o patrimônio das 
pessoas físicas ou jurídicas. Sejam eles físicos ou financeiros. 
 
 O dano material pode ser configurado por alguma despesa 
ou custo gerado por uma ação ou omissão indevida de terceiros. 
Ou, ainda, pelo que se deixou de auferir em razão de tal conduta, 
 
(14) Fonte: http://www.danos.com.br/assunto/p/43dfa8cce30e0/danos-materiais. 
Acesso: 20.11.2014. 
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila. 
 
caracterizando a necessidade de reparação material dos chamados 
lucros cessantes. 
 
 O direito à reparação destes danos está expressamente 
previsto na Constituição Federal e em outros dispositivos legais, 
como o Código Civil em vigor, o Código de Defesa do Consumidor, 
o Código Comercial e outros diplomas legais específicos. 
 
 Para haver a obrigação de indenizar o dano material mostra-
se imprescindível demonstrar-se o nexo de causalidade entre a 
conduta indevida do terceiro e o efetivo prejuízo patrimonial que foi 
efetivamente suportado. (4) 
 
 
c) Ato Humano. (15) 
 
Para caracterizar um ato humano como ilícito, há que se 
qualificar a conduta e a intenção do agente. 
 
Conduta
Intenção
Ato IlícitoAto Humano
Figura 07. - Caracterização do Ato Ilícito.
 
 
Como sabemos, o dever de indenizar surge do dano ou 
prejuízo injustamente causado a outrem, seja na esfera material, 
ou no âmbito extrapatrimonial. 
 
d) A Conduta. 
 
 
(15) Excerto da Fonte: Mario Rodrigues de Lima, 2014. 
Definido o dano, seja moral ou material, há que se qualificar o 
ato humano, se esse ato é lícito ou ilícito. Para tanto há que se 
verificar a conduta do agente. 
 
A conduta pode ser por ação comissiva ou omissiva, que é a 
realização material da vontade humana, mediante a prática de um 
ou mais atos. 
 
A ação comissiva consiste em desatender a preceitos 
proibitivos, ou seja, a norma mandava não fazer e o agente fez. 
Noutras palavras, o agente praticou uma ação mesmo ela sendo 
contraditória aos preceitos normativos. 
 
A ação é dita omissiva quando o agente ou responsável não 
agiu ou não tomou quando deveria agir, de acordo com a norma. 
Ou, não tomou as providencias cabíveis para impedir que um fato 
danoso previsível ocorresse. 
 
e) A Intenção. 
 
O passo seguinte é definir a intenção da conduta, se o agente 
do fato se houve com culpa ou dolo. 
 
O dolo ocorre quando houve intenção de que um fato jurídico 
acontecesse. Ou, então, se o agente assumiu o risco de realizar 
uma ação previsível de causar dano. 
 
A culpa ocorre quando não havia a intenção de causar dano. 
 
Para qualificar a culpa, há que se constatar, e deve ser 
provado, se a ação do agente ocorreu com negligência, 
imprudência ou imperícia. 
 
 
f) Nexo Causal 
LEGISLAÇÃO APLICADA – Apostilha. 
 24 
 
O nexo causal ou de causalidade corresponde ao vínculo 
existente entre a conduta do agente e o resultado por ela 
produzido. Para haver indenização e a obrigação de reparação, há 
que se provar qual o motivo da ação e qual o dano causado. 
 
O conceito de nexo causal não é jurídico; decorre das leis 
naturais. É o vínculo, a ligação ou relação de causa e efeito entre a 
conduta e o resultado. 
 
O nexo de causalidade é elemento indispensável para 
estabelecer qualquer espécie de responsabilidade civil. CAVALIERI 
FILHO, 2007. 
 
Assim, para se dizer que alguém causou um determinado 
fato, faz-se necessário estabelecer a ligação entre a sua conduta e 
o resultado gerado, isto é, verificar se de sua ação ou omissão 
adveio um resultado danoso. 
 
Examinar o nexo da causalidade é descobrir quais as 
condutas positivas ou negativas que deram causa ao resultado ou 
fato danoso. Não havendo a condição “SINE QUA NON", não há nexo 
de causa. (16). 
 
No caso de obras e serviços de engenharia, tendo ocorrido de 
algum fato dado por danoso e havendo discussão em juízo, há que 
o perito definir a causa que produziu o dano relatado. E, o 
responsável pela ocorrência do fato. 
 
 
 
(16) Fonte: http://www.significados.com.br/nexo/. Acesso: 20.11.2014. 
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila. 
 
 
 
II - Hierarquia dos Diplomas Legais no Brasil. 
 
 
a) Hierarquia das Leis no Brasil. 
 
 
Constituição Federal 
Emendas Constitucionais 
Leis Complementares 
Leis 
Federais 
 Ordinárias 
 Delegadas 
 Medidas Provisórias 
 Decretos Legislativos 
 Decretos e Atos do Poder Executivo 
 
Leis 
Estaduais 
 Constituições Estaduais 
 Leis Estaduais 
 Decretos 
 Legislativos 
 Decretos e Atos do Poder Executivo 
Leis 
Municipais 
 
 Lei Orgânica dos Municípios 
 Leis Municipais 
 Decretos e Atos do Poder Executivo 
Municipal 
 
A lei ou diploma legal que contrariar outro de ordem 
hierarquicamente superior é considerado como ilegal. 
 
 
 
 
 
b) Hierarquia dos Diplomas Legais. 
 
 
1. Constituição Federal 
2. Leis Complementares 
3. Leis Ordinárias 
4. Medidas Provisórias – (Decretos – Lei.) 
5. Acordos, Tratados e Convenções Internacionais. 
6. Atos Legislativos do Poder Legislativo. 
7. Jurisprudência Poder Judiciário. 
8. Atos Normativos do Poder Executivo: 
1. Portarias – Ministeriais, disciplinam ou regulam a 
aplicação de leis. 
2. Instruções Normativas. 
3. Circulares ou Avisos definem procedimentos e 
transmitem informações. 
4. Ordens de Serviço. 
9. Contratos. 
 
 
 
LEGISLAÇÃO APLICADA – Apostilha. 
 26 
 
 
 
III - Princípios Jurídicos. 
 
 1º Princípio da Legalidade: 
 
Ninguém é obrigado a fazer ou deixar de fazeralguma coisa 
senão em virtude de lei. 
 2º Princípio da Publicidade: 
Qualquer diploma legal só passa a vigorar após a devida 
divulgação. 
 3º Princípio da Retroação 
A lei só pode retroagir para beneficiar o cidadão. 
 
 4º Princípio da Atualidade 
O diploma legal mais moderno tem prevalência sobre o mais 
antigo, mantida a hierarquia da norma. 
 
 
 
 
IV - Do Crime. 
Código Penal = Decreto n.º 2.848 de 7.12.1940 
 
 
Art. 1º - Não há crime sem lei que o defina. Não há pena sem 
prévia cominação legal. 
 
Art. 13º - O resultado do que depende a existência de um crime 
somente é imputável a quem lhe deu causa. 
 
- Considera-se causa a ação ou omissão sem o qual o resultado 
não teria ocorrido. 
 
 
Art. 18º - Diz-se o crime: 
 
 Crime Doloso – quando o agente quis o resultado ou assumiu 
o risco de produzi-lo. 
 
 Crime Culposo – quando o agente que deu causa ocorreu por 
negligência, imprudência ou imperícia. 
 
 
 Imprudência é a prática de ato perigoso. 
 Negligência é a falta de precaução sem a qual fato 
previsível não teria ocorrido. 
 Imperícia decorre de fato ocorrido devido à falta de 
aptidão técnica, teórica ou prática. 
 
 
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila. 
 
 
 
Art. 22º - Se o fato for cometido sob coação irresistível ou em 
estrita observância à ordem, não manifestamente ilegal, de 
superior hierárquico, só é punível o autor da coação ou da 
ordem. 
 
 
Art. 171. ESTELIONATO – Obter, para si ou para outrem, 
vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo 
alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio 
fraudulento. 
 
Pena: reclusão de 1 a 5 anos e multa. 
 
§ 2º - Nas mesmas penas incorre quem: 
 
I – Vende, permuta, dá em pagamento, locação, ou em garantia, 
coisa alheia como própria. 
 
II - Vende, permuta, dá em pagamento, locação, ou em garantia, 
coisa própria inalienável, gravada de ônus ou litigiosa, ou imóvel 
que prometeu vender a terceiros, mediante pagamento em 
prestações, silenciando sobre qualquer dessas circunstâncias. 
 
III – Defrauda substância, qualidade ou quantidade de coisa que 
deve entregar a alguém. 
 
IV – Defrauda, mediante alienação não consentida pelo credor 
ou por outro modo, a garantia pignoratícia, quando tem a posse 
do objeto empenhado. 
 
V – Destrói, total ou parcialmente, ou oculta coisa própria, ou 
lesa o próprio corpo ou saúde, ou agrava as consequências da 
lesão ou da doença, com o intuito de haver indenização ou valor 
de seguro. 
 
VI – Emite cheque, sem suficiente provisão de fundos, em poder 
do sacado, ou lhe frustra o pagamento. 
 
 
Art. 254. Causar inundação, expondo a perigo a vida, a 
Integridade física ou o patrimônio de outrem: 
 
Pena – Reclusão, de três a seis anos, e multa, no caso de dolo, 
ou detenção, de seis meses a dois anos, no caso de 
culpa. 
 
Atenção! Os artigos a seguir mostram que da ação 
do profissional podem gerar efeitos penais. 
 
 
Art. 255. Remover, destruir ou inutilizar, em prédio (17) próprio ou 
alheio, expondo a perigo a vida, a integridade física 
ou o patrimônio de outrem, obstáculo natural ou obra 
destinada a impedir inundação: Pena – reclusão, de 
um a três anos, e multa. 
 
Art. 256. Causar desabamento ou desmoronamento (18), 
expondo a perigo a vida, a integridade física ou o 
 
(17) Entendimento jurídico do que seja um prédio: “Prédio, uma parte delimitada 
do solo juridicamente autónoma, abrangendo as águas, plantações, edifícios e 
construções de qualquer natureza nela existentes ou assentes com carácter de 
permanência, e, bem assim, cada fracção autónoma no regime de propriedade 
horizontal.” 
Fonte http://construironline.dashofer.pt/?s=modulos&v=capitulo&c=2588. Acesso 
em 22.02.2013. 
 
(18)  Desabamento refere-se à queda de construções em geral: edifícios, 
paredões, pontes, andaimes etc. 
  Desmoronamento se refere à queda de formações telúricas: barrancos, 
ravinas, abas de morro, rochedos, pedreiras, etc. 
 
LEGISLAÇÃO APLICADA – Apostilha. 
 28 
patrimônio de outrem: Pena – reclusão, de um a quatro 
anos, e multa. 
 
- MODALIDADE CULPOSA: Parágrafo único. Se o 
crime é culposo: Pena – detenção, de seis meses a um 
ano. 
 
 
Art. 258. Se do crime doloso de perigo comum resulta lesão 
corporal de natureza grave, apena privativa de 
liberdade é aumentada de metade; se resulta morte, é 
aplicada em dobro. 
 
 No caso de culpa, se do fato resulta lesão corporal, 
apena aumenta-se de metade; se resulta morte, aplica-
se a pena combinada ao homicídio culposo, aumentada 
de um terço. 
 
 
 
 
 
 
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila. 
 
 
V - Procedimentos Gerenciais. 
 
 
Neste item são relacionados alguns procedimentos 
essenciais a serem permanentemente documentados e/ou 
disponíveis durante a execução dos contratos e, também, 
documentos a serem interpostos entre as partes, sejam na 
iniciativa pública o na particular. 
 
 O objetivo desses procedimentos é salvaguardar a 
memória e caracterizar as responsabilidades entre as partes 
caso ocorra a intenção de futura reinvindicação bem como 
instrumentalizar seus advogados ao ocorrer a necessidade da 
interposição de alguma demanda jurídica. 
 
Nestes termos, recomenda-se registar sistematicamente a 
documentação afeta aos contratos bem como fatos, 
procedimentos e ocorrências havidas durante a execução dos 
mesmos. 
 
Instrumentalizar seus advogados
 no caso de:
 interposição de reivindicação;
 interpelação extrajudicial;
 ou ação judicial.
Objetivo da 
Sistematização da
Documentação
 
 
 
 
Para tanto citam-se os registros de: 
 
 Alterações no escopo do projeto ou interpretações de 
cláusulas contratuais; 
 Alterações nos quantitativos originalmente contratados; 
 Mudanças nos custos acima em percentuais que superem 
os índices de correção pactuados; 
 Trabalhos efetivamente realizados; 
 Registro de condições geológicas não previstas; 
 Datas de paralização de empreitadas por deficiência ou 
falta de projetos; 
 Datas de retomada dos trabalhos; 
 Valores pagos a menor ou com atraso; 
 Solicitações extraordinárias ou novas orientações na 
realização de processos construtivos realizadas por 
prepostos do contratante; 
 Suspenção dos trabalhos devido a embargos de órgãos 
públicos; 
 Cronograma físico-financeiro contratual e como realizado 
devidamente atualizado; 
 Histogramas atualizados de pessoal e equipamentos; 
 Etc.. 
 
 
1 – Pré-requisito para Ação Gerencial. 
 
1.1 Contratos, propostas, ordens de serviços e ART’s; 
1.2 Atas de Reunião; 
1.3 Cartas documentando fatos e acontecimentos; 
1.4 Livro de ocorrência ou de ordem - CONFEA; 
1.5 Boletins de Medição ou de Entregas de Documentos; 
1.6 Fichas de apropriação de pessoas ou equipamentos; 
1.7 Edital de Licitação. 
LEGISLAÇÃO APLICADA – Apostilha. 
 30 
 
 
2 – Iniciativa Privada. 
 
2.1. Entendimento Prévio ou Negociação; 
2.2. Cartas enviadas com Aviso de Recebimento – AR. 
2.3. Atas de reunião; 
2.4. Notificação Extrajudicial; 
2.5. Notificação Judicial; 
2.6. Uso da Câmara de Mediação do CREA; 
2.7. Ação Judicial. 
 
 
3 – Iniciativa Pública. 
 
3.1. Atas de reunião; 
3.2. Ofício Reivindicatório à autoridade superior; 
devidamente protocolado; 
3.3. Ofício documentando fatos e ocorrência não previstos 
ou que contrariem contratos; 
3.4. Notificação Judicial à autoridade superior; 
3.5. Ação Judicial. 
 
4 – Ajuizamento. 
 
 Órgão municipal ou estadual – justiça estadual. 
 Órgão federal – justiça federal. 
 
 
 
 
 
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila.VI – Garantia, Decadência e Prescrição. 
 
 
Este item comenta a prescrição e a decadência legal dos direitos 
relativos às obras e serviços de engenharia. 
 
a) Definições: 
 
Entendimento de Prescrição. (19) 
 
No Direito Penal, a prescrição corresponde à perda do 
direito de punir do Estado pelo seu não exercício em 
determinado lapso de tempo. 
No Direito Civil, a prescrição é conceituada como a perda 
da pretensão do titular de um direito que não o exerceu em 
determinado lapso temporal. 
De acordo com o artigo 189, do Código Civil, "violado o 
direito, nasce para o titular a pretensão, a qual se extingue, 
pela prescrição, nos prazos a que aludem os arts. 205 e 206". 
Fonte: http://www.direitonet.com.br/dicionario Em 02.02.13. 
 
Entendimento de Decadência. (20) 
 
(19) Fonte: http://www.direitonet.com.br/dicionario Em 02.02.13. 
No direito civil, decadência é a extinção de um direito 
por não ter sido exercido no prazo legal, ou seja, quando o 
sujeito não respeita o prazo fixado por lei para o exercício de 
seu direito, perde o direito de exercê-lo. Desta forma, nada 
mais é que a perda do próprio direito pela inércia de seu 
titular. 
No direito penal, decadência é a perda do direito de 
representação ou de oferecer queixa-crime na ação privada 
quando passado o lapso temporal improrrogável exigido em lei, 
sendo este, via de regra, de 6 (seis) meses. Verificando-se a 
decadência, opera-se a extinção da punibilidade do acusado. 
Por fim, no direito tributário, decadência é a extinção do 
direito do fisco em constituir um crédito tributário passados 
5 (cinco) anos da data que a decisão anulatória por vício 
formal do lançamento anteriormente efetuado torna-se 
definitiva, ou então a contar do primeiro dia do exercício 
seguinte àquele que poderia ter sido efetuado o lançamento. 
Vícios Redibitórios. 
Vícios redibitórios são vícios suficientemente graves, que 
podem dar origem à redibição (anulação) do contrato. Conforme 
o Código Civil são vícios que, se o comprador tivesse 
conhecimento deles no ato da compra, ou não teria comprado, 
ou teria pedido abatimento do preço. 
 
 
 
(20) http://www.direitonet.com.br/dicionario/exibir/865/Decadencia. Acesso em 
2.2.13. 
LEGISLAÇÃO APLICADA – Apostilha. 
 32 
b) Prazos de garantia, decadência e prescrição aplicáveis à 
construção civil. (21) 
 
Conforme a jurisprudência majoritária, se a relação for de 
consumo, prevalecem as regras do Código de Defesa do 
Consumidor, com aplicação 
 
O Código de Defesa do Consumidor introduziu no 
parágrafo 1 do seu artigo 12 o conceito de “produto defeituoso, 
com a seguinte redação: 
 
O produto é defeituoso quando não oferece a segurança 
que dele legitimamente se espera, levando-se em 
consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais: 
 
I – sua apresentação; 
II – o uso e os riscos que razoavelmente dele se esperam: 
III – a época em que foi colocado em circulação. 
 
Em virtude dessa definição indireta de defeito, há que se 
distingui-los dos vícios. 
 
Os vícios são falhas construtivas comuns, aos quais se 
aplicam os artigos 18 a 25, da seção III do CDC, que trata “DA 
RESPONSABILIDADE POR VÍCIO DO PRODUTO OU 
SERVIÇO”. 
 
Já os defeitos são falhas de um tipo mais grave, que 
afetam ou ameaçam afetar a segurança do consumidor (sua 
saúde, por exemplo), aos quais se aplicam as penalidades mais 
graves, citadas nos artigos 12 a 17 da seção II do CDC, que 
 
(21) Fonte: Eng. Paulo Grandiski. 
 Para mais detalhes, consultar apostila do Curso de Perícias em Edificações – 
2006. 
trata da “DA RESPONSABILIDADE PELO FATO DO PRODUTO 
E DO SERVIÇO”. Para os defeitos, e apenas para estes, aplica-
se o prazo prescricional de 5 anos previsto no CDC para pedido 
de reparação pelos danos causados por defeitos, contado a 
partir do conhecimento do dano e de sua autoria. 
 
Durante o prazo de garantia da construção civil, geralmente 
interpretado como sendo de 5 anos, cabe aos compradores 
fazerem as manutenções previstas nos Manuais do Proprietário 
e do Síndico, inclusive dos materiais cuja vida útil não atinge os 
5 anos. 
 
Após os 5 (cinco) anos contados da data da entrega, todas 
as despesas de manutenção correm por conta dos 
compradores. 
 
Exceto, para os problemas envolvendo solidez e 
segurança, que possam ser comprovadamente atribuídos à 
construtora, para os quais o prazo prescricional pode atingir 15 
anos contados a partir da entrega ao primeiro comprador, na 
eventualidade limite de serem constatados no último dia dos 5 
anos de garantia. E, desde que esses problemas tenham sido 
notificados no prazo máximo de 6 meses da data da 
constatação, cf. § único do art. 618 do Código Civil de 2002. 
 
Conforme alguns doutrinadores, o § único do art. 618 só 
seria aplicável aos “legítimos” vícios redibitórios, desde que 
reclamados dentro dos prazos de 1 ano previstos no art. 445 e 
seu parágrafo único do Código Civil de 2002. 
 
 
 
 
 
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila 
 33 
Prazos de garantia, decadência e prescrição aplicáveis à construção civil. 
Prazos contados a partir do aparecimento do dano 
Descrição Período Regulamentação 
Vícios ou defeitos são aparentes ou de fácil 
constatação. 
Prescrevem em 90 dias, se for relação de consumo; 
no ato da entrega, se não for relação de consumo 
Art. 26 do CDC; interpretações dos dois 
parágrafos do art. 614 e art. 615 do NCC. 
Vícios ocultos redibitórios  permitem anulação 
do contrato ou pedido de abatimento de preço. 
Prescrevem em um ano Art. 445 do NCC. 
Falhas que afetam a solidez e segurança da 
edificação, ou outras equivalentes, muito graves. 
Prazo de garantia de 5 anos, mas, sob pena de 
decadência, devem ser reclamados pelo dono da 
obra no máximo em seis meses da data de seu 
aparecimento 
Art. 618 do NCC e seu parágrafo único. 
Prazo de prescrição máximo para quaisquer casos 
não explicitados no novo Código Civil 
Dez anos Art. 205 do NCC 
-0-0-0-0-0-0- 
 
Prazos de garantia, decadência e prescrição aplicáveis à construção civil. 
Prazos contados a partir do aparecimento do dano 
Descrição Período Regulamentação 
Vícios ocultos redibitórios, do tipo que aparecem 
mais tarde, não constatáveis quando da entrega 
e fora das relações de consumo 
Um ano 
Ressalva: não corre dentro do prazo de garantia, 
mas o defeito deve ser denunciado em 30 dias do 
seu aparecimento. 
Art. 445 do NCC, parágrafo único, com ressalva 
do art. 446. 
Vícios ocultos não redibitórios, do tipo que 
aparecem mais tarde, nas relações de consumo. 
Noventa dias, desde que surjam dentro do prazo de 
garantia da construção civil, geralmente admitidos 
como de 5 anos. 
Art. 26, parágrafo 3. do CDC. 
Falhas graves envolvendo problemas 
de solidez e segurança. 
Devem ser reclamados no máximo em seis meses 
da data de seu aparecimento, sob pena de 
decadência. 
 Até 5 anos da entrega presume-se a culpa da 
construtora; após ela deve ser provada, até 15 anos 
da entrega ao primeiro comprador 
Art. 618 do NCC e seu parágrafo único 
Prazo máximo de prescrição de 10 anos, 
conforme art. 205 do NCC, combinado com a 
Súmula 194 do STJ. 
Alguns autores consideram o prazo prescricional 
de 3 anos do art. 206, § 3º do NCC. 
Prazo máximo de prescrição para manifestar a 
pretensão a reparação civil pelos danos (vícios 
ocultos não redibitórios no novo Código Civil) 
Três anos Art. 206 parágrafo 3º do NCC. 
Prazo para pleitear danosresultantes de 
DEFEITOS na construção civil, no CDC 
Cinco anos Art. 27 do Código de defesa do Consumidor 
Prazo de prescrição máximo para quaisquer 
casos não explicitados no novo Código Civil, 
contado a partir da data de seu conhecimento. 
Dez anos Art. 205 do NCC. 
Fonte: Eng. Paulo Grandiski – 2006. 
 
LEGISLAÇÃO APLICADA – Apostilha. 
 34 
 
 
 
 
VII - Constituição Brasileira. 
Promulgada em 1988. 
 
 
 
DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS. 
 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer 
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros 
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, 
à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: 
I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos 
termos desta Constituição; 
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma 
coisa senão em virtude de lei; 
III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento 
desumano ou degradante; 
IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o 
anonimato; 
V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, 
além da indenização por dano material, moral ou à imagem; 
VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo 
assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na 
forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias; 
VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência 
religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva; 
VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença 
religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as 
invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e 
recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei; 
IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, 
científica e de comunicação, independentemente de censura ou 
licença; 
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a 
imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo 
dano material ou moral decorrente de sua violação; 
XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo 
penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de 
flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante 
o dia, por determinação judicial; 
XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações 
telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no 
último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a 
lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução 
processual penal; (Vide Lei nº 9.296, de 1996) 
XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, 
atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer; 
XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e 
resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício 
profissional; 
XV - é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, 
podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, 
permanecer ou dele sair com seus bens; 
XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em 
locais abertos ao público, independentemente de autorização, 
desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada 
para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à 
autoridade competente; 
XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada 
a de caráter paramilitar; 
Eng.º Civil Antonio Victorino Avila. 
 
XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, a de 
cooperativas independem de autorização, sendo vedada a 
interferência estatal em seu funcionamento; 
XIX - as associações só poderão ser compulsoriamente 
dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por decisão 
judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado; 
XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a 
permanecer associado; 
XXI - as entidades associativas, quando expressamente 
autorizadas, têm legitimidade para representar seus filiados 
judicial ou extrajudicialmente; 
XXII - é garantido o direito de propriedade; 
XXIII - a propriedade atenderá a sua função social; 
XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação 
por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, 
mediante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os 
casos previstos nesta Constituição; 
XXV - no caso de iminente perigo público, a autoridade 
competente poderá usar de propriedade particular, assegurada 
ao proprietário indenização ulterior, se houver dano; 
XXVI - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, 
desde que trabalhada pela família, não será objeto de penhora 
para pagamento de débitos decorrentes de sua atividade 
produtiva, dispondo a lei sobre os meios de financiar o seu 
desenvolvimento; 
XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, 
publicação ou reprodução de suas obras, transmissível aos 
herdeiros pelo tempo que a lei fixar; 
XXVIII - são assegurados, nos termos da lei: 
a) a proteção às participações individuais em obras coletivas e à 
reprodução da imagem e voz humanas, inclusive nas atividades 
desportivas; 
b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico das 
obras que criarem ou de que participarem aos criadores, aos 
intérpretes e às respectivas representações sindicais e 
associativas; 
XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos industriais 
privilégio temporário para sua utilização, bem como proteção às 
criações industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de 
empresas e a outros signos distintivos, tendo em vista o 
interesse social e o desenvolvimento tecnológico e econômico 
do País; 
XXX - é garantido o direito de herança; 
XXXI - a sucessão de bens de estrangeiros situados no País 
será regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos 
filhos brasileiros, sempre que não lhes seja mais favorável a lei 
pessoal do "de cujus"; 
XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do 
consumidor; 
XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos 
informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo 
ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de 
responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja 
imprescindível à segurança da sociedade e do Estado; 
XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do 
pagamento de taxas: 
a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de 
direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder; 
b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa 
de direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal; 
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário 
lesão ou ameaça a direito; 
XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico 
perfeito e a coisa julgada; 
LEGISLAÇÃO APLICADA – Apostilha. 
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XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção; 
XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organização 
que lhe der a lei, assegurados: 
a) a plenitude de defesa; 
b) o sigilo das votações; 
c) a soberania dos veredictos; 
d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a 
vida; 
XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena 
sem prévia cominação legal; 
XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu; 
XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos 
e liberdades fundamentais; 
XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e 
imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei; 
XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de 
graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de 
entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como 
crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os 
executores

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