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Meia-Idade e Velhice

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A Meia-Idade
A partir dos 35/40 anos a pessoa já tem uma história, um passado de lutas e conquistas que se deram para ser aceita como indivíduo e membro da sociedade em que vive. Desenvolveu seus vários papéis e funções sociais, já conquistou uma estabilidade social. Ela tem ou é uma personalidade. Uma vez que a partir da fase dos 40 anos ela já cumpriu com as exigências que a sociedade lhe cobra, ela começa a se questionar sobre a própria satisfação com sua vida, as escolhas que fez até agora, e se percebe no momento querendo ir em busca de coisas ou desenvolvimentos que dizem respeito mais a ela mesma.
Segundo Jung, instala-se a crise da Metanóia (para além do conhecimento objetivo).Se a pessoa decidir-se a enfrentar esta crise, ela vai começar a entrar no processo de individuação, ou seja, o despojar-se da máscara social e ir em busca de ser cada vez mais si mesmo. O primeiro passo no processo de individuação é o abandono da Persona, que é a máscara e o assumir da Sombra. Para haver individuação é preciso o uso construtivo, a integração dos opostos na personalidade.
Para Jung, a Persona é a máscara que cada indivíduo desenvolve para ser aceito socialmente ( é um conjunto de características que fazem parte da individualidade do sujeito, mas se destacam pela importância que a sociedade lhes confere e passam a constituir a máscara com que o indivíduo se apresenta socialmente.
A crise se dá quando a pessoa começa a entrar em contato com sua Sombra( os lados desconhecidos de sua personalidade que, por repressão ou por falta de oportunidade não pode desenvolvê-los. Ex., mulheres muito reprimidas podem assumir sua agressividade, sua sexualidade sem culpas.
Para Jung “ muitas vezes é como uma espécie de mudança lenta no caráter da pessoa; outras vezes são traços desaparecidos desde a infância que voltam à tona; às vezes também antigas inclinações e interesses habituais começam a diminuir e são substituídos por novos. Inversamente, e isto se dá muito freqüentemente, as convicções e os princípios que os nortearam até então, principalmente os de ordem moral, começam a endurecer-se e enrijecer-se, o que pode levá-los, crescentemente, a uma posição de fanatismo e intolerância, que culmina por volta dos 50 anos. É como se a existência destes princípios estivesse ameaçada, e por tal razão, se tornasse mais necessário enfatizá-los”. “ O vinho da juventude nem sempre se clarifica com o avançar dos anos; muitas vezes até mesmo se turva”. Tais pessoas da mesma forma como lhes foi difícil se libertarem da infância, agora mostram uma resistência a deixarem para trás a juventude, recuando assustados ante a segunda metade da vida. Parece a Jung que a causa principal de tais sentimentos de resistência ou de enfrentamento da crise é uma mudança singular que se passa nas profundezas da alma. Ele toma como metáfora para caracterizá-la o curso diário do sol. Desde o momento que nasce o sol começa a subir no céu, até que chega ao centro do firmamento ao meio-dia quando então irradia sua luminosidade total e amplamente. A partir de então começa a descer no céu, quando a quantidade de sombra vai aumentando até que ele se recolhe no horizonte. A vida humana até o meio-dia, em torno dos 35 ou 40 anos estaria num crescendo de desenvolvimento e expansão. Precisamente nesta época o sol começa a declinar e esse declínio significa uma inversão de todos os valores e ideais cultivados na primeira metade da trajetória humana. O sol torna-se então contraditório consigo mesmo. É como se recolhesse dentro de si seus próprios raios em vez de emiti-los. A luz e o calor diminuem e por fim se extinguem”.
	As mulheres vão desenvolver seu lado interno complementar – seu ANIMUS – a sombra que contém aspectos masculinos em sua personalidade, ou seja maior objetividade e agressividade.
Os homens devem poder desenvolver sua ANIMA, suas características femininas que têm a ver com permitir-se entrar em contato com seus sentimentos mais profundos.
Quando as duas partes de um casal encaram cada uma a própria sombra, as próximas décadas da vida conjugal vão tender para uma renovação e um enriquecimento da relação. Cada vez mais eles se tornarão mais companheiros. Agora não fazem mais as coisas para aparecer socialmente, mas essencialmente para sua auto-satisfação. É uma fase de nova expansão da consciência. A mulher desenvolve sua inteligência e o homem seus sentimentos ternos. “ Para o jovem constitui quase um pecado, ou pelo menos um perigo ocupar-se demasiado consigo próprio, mas para o homem que envelhece é um dever e uma necessidade dedicar atenção séria ao seu próprio Si-mesmo. Depois de haver esbanjado luz e calor sobre o mundo, o sol recolhe os seus raios para iluminar-se a si mesmo. Em vez de fazer o mesmo, muitos indivíduos a partir da meia idade e durante a velhice preferem ser hipocondríacos, avarentos, dogmatistas e louvadores do passado, ou até mesmo eternos adolescentes, lastimosa ilusão de que a segunda metade da vida deve ser regida pelos princípios da primeira”.
Assim, se não ocorrer o enfrentamento da crise e não houver este recolhimento e a busca de um significado para a própria vida as pessoas tenderão a projetar sua sombra e como argumentado anteriormente caminharão para uma velhice com muito sofrimento. Conceituar Projeção ( colocar no outro sentimentos que não quer ver em si mesmo.
“ O ser humano não chegaria aos 70 ou 80 anos, se esta longevidade não tivesse um significado para sua espécie. Por isto, a tarde da vida humana deve Ter também um significado e uma finalidade próprios, e não pode ser apenas um lastimoso apêndice da manhã da vida” ( As Etapas da Vida – pg 417 parágrafo 787 – ler).
Falar também da fase do Erikson Generatividade x Estagnação.
O homem maduro precisa sentir-se necessitado, e a maturidade necessita da orientação como do estímulo daquilo que tem sido produzido e de que deve cuidar.
O desenvolvimento evolucionário fez do homem o animal que ensina, que institui, assim como o que aprende.
A generatividade então é a preocupação relativa a firmar e guiar a nova geração. Termos equivalentes seriam produtividade e criatividade. Seria a relação do homem com sua descendência – e portanto com os vínculos intergeracionais, bem como com sua produção.
A estagnação vai significar a dificuldade de continuar se desenvolvendo o que irá dificultar a superação da próxima crise ( na estagnação o indivíduo começa a morrer psicologicamente).
O sentimento básico é Cuidado .
A Velhice
A aposentadoria por volta dos 65 anos demarca um ritual de passagem ( é a entrada na velhice. Os idosos tendem a medir o tempo em função dos anos que lhes restam, ao invés de sobre os anos vividos. A transição crítica se dá na época da aposentadoria para os homens e mulheres com vida profissional, ou para a dona de casa quando da aposentadoria do marido.
A aposentadoria pode significar:
- a cessação merecida da vida profissional, o que permite às pessoas desfrutarem a vida daí em diante;
-ou pode significar ser descartado, tornar-se inútil e desgastado para a produção e para a sociedade. 
A diferença se dá pelo modo como o indivíduo encara esta passagem:
- uma postura ativa – “ estou me aposentando”, ou
- uma postura passiva – “ estou sendo aposentado”.
Segundo Lidz, se a aposentadoria puder ser desfrutável ( um outono de tonalidades profundas mas brilhantes, dependerá da renda e da saúde da pessoa; e será desfrutável sobretudo em função da personalidade do indivíduo e das contingências.
	Para Erikson, a tarefa crítica da fase é “ a aceitação do ciclo de vida único da pessoa e daquelas que se tornaram significativas para ela, como algo que tinha que ser e que por necessidade, não permitiu substituições”. Ele denomina esta fase como Integração do Ego x Desesperança.
Para Lidz, “ Integridade necessita a sabedoria de compreender que não existe “se” na vida; que uma pessoa nasceu com certas capacidades, filhade um casal de pais, em circunstâncias específicas da vida, em uma dada época da História; encontrou várias condições e tomou numerosas decisões. Se qualquer destas circunstâncias poderia ter sido mudada é questionável, mas o passado não pode ser alterado, embora a atitude de uma pessoa para com ele possa. É tarde para começar uma nova vida, mas as pessoas podem usar suas experiências, conhecimento acumulado e julgamento maduro para suavizar suas próprias vidas e melhorar o caminho para os que lhes seguem. Alguns procurarão adicionar algo à herança de sua cultura, deixar o mundo modificado para melhor, porque viveram”.
	A conseqüência negativa da vida neste estágio é o desespero ( desespero de que a vida única foi desperdiçada, enchendo assim os dias com amargura ou ódio a si mesmo, deste modo jogando fora, excluindo o uso sábio e construtivo das experiências de toda uma vida. 
	Nesta fase as pessoas vão em direção ao completamento de seu ciclo de vida, procurando trazer um sentido de conclusão a suas vidas e de completamento de seus afazeres.
	A maioria das pessoas neste processo revisam o que foram. Conseguir o fechamento de sua vida pode manter certas pessoas completamente ocupadas. Geralmente também sobra tempo para o lazer.
	Freud definiu normalidade como “a capacidade de amar e de trabalhar”. Lidz propõe que se acrescente “e de utilizar e desfrutar do lazer”. Dizer que neste final do sec.XX estamos caminhado para a sociedade do lazer, o Homo Ludens.
A velhice é por um lado a perda de poder – em função das perdas biológicas e cognitivas que decorrem da fase, e também da aposentadoria. Mas também pode ser uma época de satisfação e prazer para muitos. Satisfação com a diminuição das paixões e com o alívio do esforço e luta apaixonantes – bem como com a aceitação ou até a resignação do modo como a vida se desenrolou. O prazer deriva das atividades de lazer, das recompensas da satisfação, da felicidade dos filhos e dos netos, dos sucessos de seus herdeiros espirituais ou das instituições que ajudou a criar.
O período da velhice como um todo pode ser considerado pelas pessoas como o fim da linha, onde ficam na periferia da vida esperando a véspera do nada, ou como uma época de conclusão descansada da vida, que ainda contém muito para sentir e desfrutar.
Para Lidz, a velhice avançada se dá a partir dos 75 anos quando vem a senescência e as pessoas ficam mais dependentes dos outros.
Senilidade é uma fase que não ocorre a todos, quando o cérebro já não mais funciona como o órgão de adaptação, e as pessoas entram na sua segunda infância quando exigem cuidados quase absolutos de outros.
Reichard et al. realizaram em 1962 uma pesquisa somente com homens, donde fizeram uma tipologia em função do ajustamento ou não à aposentadoria. Assim definiram 3 tipos de indivíduos que se ajustam e dois tipos que se dão mal com a aposentadoria, a saber:
maduro ( são homens capazes de se aceitarem realisticamente, que encontram satisfação em relacionar-se com os outros, como também em várias atividades. Consideram que suas vidas foram compensadoras, têm a velhice como coisa certa e fazem o melhor que podem sem sofrer neuroticamente.
Os homens da cadeira de balanço ( são os que dão as boas vindas à oportunidade de estarem livres de responsabilidades, e na velhice favorecem suas necessidades passivas. Em função disso, a velhice lhes traz compensações para suas desvantagens.
Os encouraçados ( são homens que afastam seu temor do declínio físico e da morte, mantendo-se ativos, e suas fortes defesas lhes permitem ajustar-se bem.
No grupo dos mal-ajustados há:
os homens irados ( que se sentem amargurados por não terem conseguido atingir suas metas na vida e culpam os outros por seus desapontamentos. Não aceitam que se tornaram velhos.
Os que odeiam a si mesmos ( que voltam seus ressentimentos contra seus fracassos na vida para dentro de si mesmos e se culpam. Ser velho é sentido por eles como inadequação. ( citado em Lidz, A Pessoa, ....,1983).
Um ajustamento satisfatório à velhice requer a aceitação dos próprios limites e limitações. Mas também pode ser um período de crescimento, quando a experiência e a sabedoria acumuladas podem ser usadas em benefício dos outros, por ex., em assuntos comunitários. Tem-se a impressão que as pessoas que continuam com algum tipo de atividade produtiva permanecem alertas por mais tempo. E há tempo também para observar, contemplar e juntar os fios da trama. Os jovens são mais ação, os idosos mais contemplação. Alguém disse que o ser humano torna-se Filósofo a partir dos 60 anos. Há pessoas, artistas e governantes que parecem ficar mais produtivas à medida que envelhecem. Diz um ditado popular que os melhores vinhos são os mais envelhecidos. Por ex., Picasso ( talvez por se sentirem mais livres para se expressar. Darcy Ribeiro, que com câncer e hospitalizado, fugiu do hospital para concluir seu livro, o que fez e ainda escreveu mais um outro.
Vida é movimento, e se houver parada, esperar e deixar de usar os recursos próprios levam à estagnação, à desesperança ou à regressão.Falar da depressão relacionada à perda dos dentes.
Entre os casais que vão envelhecendo juntos, geralmente eles se aproximam mais e são mais tolerantes um com o outro, à medida que se tornam mais interdependentes. Podem também se tornarem mais irritadiços entre si, uma vez que estão hjuntos a maior parte do tempo. Mas geralmente, eles se importam um com o outro, aceitam o auxílio do outro e esperam jamais precisar do auxílio de alguém mais. O amor apaixonado da juventude pode ter se aquietado durante a meia-idade, em uma menor romântica um do outro, mas suas vidas vão se tornando completamente entrelaçadas por inúmeras experiências compartilhadas. Muitas vezes ocorre uma onda de amor romântico profundamente sentido. Sua vida sexual pode ser menos apaixonada e ativa. O conforto da proximidade sensual pode tornar-se mais importante que o prazer orgástico. E contrariamente à crença dos jovens, os idosos podem se manter sexualmente ativos até idade avançada. Todavia a urgência sexual diminui ou desaparece, e os idosos já não estão mais à mercê dos impulsos sexuais, salvo se tiverem a necessidade de se reassegurarem e deste modo contrariar os sentimentos de velhice pelo ato sexual.
“ Os velhos sabem e querem mas não podem; os jovens querem, podem mas não sabem”.
Nú
Barreto, Maria Letícia- Síntese : A velhice na realidade social (in, Admirável Mundo Velho)
Os mitos sobre a velhice envolvem e afetam a velhice.
Século XX : velhice disfarçada, negada ( é bonito ser um velho, que não aparente ser velho.
Quais serão as idéias sobre a velhice no Brasil hoje? Como os velhos são percebidos?
Áries estuda a evolução da mudança de atitudes ao longo dos séculos ( “assim passamos de uma época sem adolescência a uma época em que a adolescência é a idade favorita”. Essa evolução acompanhada por outra paralela mas inversa, em relação `a velhice. A velhice começava cedo na historia humana. Em Moliere, o ancião é considerado ridículo.
Inicialmente havia o ancião respeitável, o ancestral de cabelos prateados, o sábio de prudentes conselhos, o patriarca experiente.
Hoje há ainda restos do respeito pelo ancião, mas esse respeito não tem objeto pois atualmente o ancião desapareceu sendo substituído pelo “homem de uma certa idade” ou “Senhores e senhoras bem conservados”. A idéia tecnológica da conservação substituiu a idéia biológica e moral da velhice.
Hoje nega-se a velhice valorizando-se aqueles que conseguem disfarçá-la.O conceito de velho, velho sábio,desapareceu e tornou-se um conceito abstrato.
No Brasil onde as diferenças de classe são marcantes e que a maioria da população é carente, os trabalhadores, os camponeses, os subempregados envelhecem precocemente. Serão sábios? Mas não são vistos assim pois não são “cultos” ( não cabem na idéia burguesa de sabedoria.
Os velhos das classes dominantes considerados sábios,pois tem instrução, linguagem cuidada e cultura erudita, esses não são considerados velhos, pois andam bem vestidos e aparentam jovialidade.
Assim, temos o preconceito contra a velhice que é mais forte que o preconceito racial. Observemos as expressões “velha muito conservada” ou “velho de espírito jovem”. Este preconceito está incorporado na sociedade e é aceito pelos próprios idosos.
Nas sociedades capitalistas o valor é produção e o idoso é visto como menos produtivo ou não produtivo. Segundo Simone de Beauvoir ( a sociedade ocidental e o consumismo são responsáveis pela marginalização do idoso, isto é, não produz e é instigado a consumir, e o consumo pede constantemente “o novo”.
Então, como a velhice é vivida e pensada hoje? Como é sentida? Como é percebida? Qual sua representação na literatura, nos meios de comunicação de massa, na ideologia, no imaginário dos jovens e dos próprios idosos?
 O corpo na velhice
Velhice associada a modificações no corpo, que são visíveis : cabelos brancos, rugas, andar mais lento, coluna encurvada, redução da visão e audição ( donde o jovem é ligado `a beleza e “o velho e´ feio”.
Fisiologicamente os processos do organismo tem seu ritmo reduzido( cicatrização mais lenta, ossos mais sujeitos a fraturas, etc, quando o corpo do idoso é “um corpo frágil “, o que também compromete sua auto-imagem, que pode levar a problemas psicológicos, geralmente depressão, em função das perdas orgânicas e `as mudanças na forma e beleza do corpo, levando a pessoa a se “assumir velha”. Alguns tentarão adiar este momento, outros exagerarão nas conseqüências da velhice ( o que vai afetar as atitudes da pessoa frente `a saúde, doença e cuidados com o corpo. Alguns se tornam hipocondríacos ( busca obsessiva de doenças em si mesmos, como se doença e velhice se equivalessem; outros se descuidam e evitam cuidados médicos. Todos em geral mostram espanto frente ao corpo envelhecido-envelhecendo que agora lhes é estranho.
Assim, as representações do corpo envelhecido são fortemente influenciadas pela divisão de classes sociais. Então :
Corpo burguês ( é bonito, bem cuidado pela industria da juventude atual, ie, ginástica, cremes massagens, plásticas, etc. O corpo é a aparência do corpo e a beleza é o seu valor. Para as mulheres de classes abastadas, a velhice no inicio é uma ameaça (perda de atrativos) e mais tarde é um alivio, pois permite e justifica o abandono do controle exagerado sobre o corpo.
A mulher do campo preocupa-se não com a beleza, mas com a gordura ou magreza do corpo.Gordura associada `a força e magreza, `a fraqueza. Enfim, o melhor corpo é o que tem força e saúde, pois é o corpo que pode trabalhar.Assim, no campo a velhice será vista como a perda da força, da saúde, da disposição para o trabalho. O corpo do velho camponês é o corpo desempregado.
Quanto ao operário ( representação do corpo é a negação da velhice pois através da mídia ele recebe “como deve ser o corpo”, porem não tem poder aquisitivo para ajustá-lo ao que a propaganda propõe .Como o do camponês, o corpo do operário é um corpo para o trabalho, mas atualiza em si o conflito social buscando a “conservação” ideal da classe dominante. (Ler pg 4 sobre corpo da mulher operaria ( mecanismo de defesa de modo a satisfazer-se no nível do imaginário para fugir `a realidade da pobreza aprisionante(refugiar-se no sonho: ela se convence que é bela, sexy, charmosa, o que não confere com a dura realidade que ela vive.
A solidão na velhice
A velhice distancia as classes sociais. A questão do corpo leva à questão da solidão ( olhando a interioridade dos idosos, o que mais ressalta e´ o sentimento de solidão que se liga `a aposentadoria, relacionamento na família e relações amorosas.
`As vezes o idoso busca um certo isolamento para a compreensão do significado da vida. Para o idoso o importante é conseguir dar um sentido para seu passado.
O sentimento de solidão surge quando quer companhia e não a encontra, quando deseja uma escuta para se comunicar, quando a saudade..... pg.5.
Na velhice a solidão não é um sentimento, é um estado ( a solitária maneira de “ser-velho”. O idoso perde amigos, parentes, enviúva, assim tornando a morte algo próximo.
O idoso está aposentado( tempo vazio.”Esse não fazer nada deixa muitas horas para se sentir velho” ( pode haver também um sentimento de inutilidade, principalmente quando há problemas de dinheiro.
Na família muitas vezes o casa é destituído de seu poder de dona ou dono de casa ( despojados de suas coisas, suas lembranças, de seu espaço. A viuvez acentua a solidão par a mulher, pois é mais difícil recomeçar a vida sexual ( repressão social. O viúvo geralmente restabelece sua vida com companheira mais jovem.
O problema do idoso é o isolamento. Mulheres sofrem o isolamento mais intensamente que o homem.
Casais de idade na burguesia sofrem a critica familiar e da opinião publica para namorar, dançar e trocar caricias em publico. Na nova união os filhos não a aceitam por questões de partilha e herança.
Entre os muito pobres a união de idosos é bem aceita.
Aposentadoria também com significados diferentes para as diferentes classes sociais:
Aposentados que não trabalham são mais ansiosos que os que trabalham.
Trabalho com diferente significado para trabalhador e o grande empresário.Percebe-se incompatibilidade entre a fase anterior, o sonho com a aposentadoria e a fase atual, sua realidade.
Para os de classe alta ( aposentadoria permite viver seus sonhos. E mantém algum vinculo com sua empresa, agora na mão dos filhos. Mas o bem cuidado burguês agora poderá enfrentar a solidão, ou pela primeira vez buscar o sentido da própria vida ( se deparar com o vazio existencial pode resultar em depressão.
O profissional liberal ( geralmente conserva o padrão de vida anterior. Tem satisfações pois investiu na educação dos filhos e agora está “com a vida feita”
O trabalhador que vive de salário mínimo agora com a aposentadoria ( renda reduzida. No dizer do povo é “um encostado” ( é um in-ativo, aquele “sem serventia”. Encostado também significa “aquele que vive `as custas de outrem; O operário tem por destino “viver de bicos” ( é mais uma boca na casa dos filhos.
Velhice : vizinhança da morte
Os velhos sabem que a morte é inevitável e sentem-na a cada dia mais próxima “a minha vez está chegando” e “seu próprio corpo é um memorando da morte”. Na velhice a questão da morte deixa de ser filosófica, religiosa ou cultural ( é existencial, torna-se “a questão”.
A religião tende a ser supervalorizada. A autora relata que a angustia existencial frente à morte é, na velhice muito forte. “Entre tranqüilizantes e antidepressivos, os médicos impedem o existir do velho”.
Ela vai distinguir a angustia existencial da angustia patológica :
A angústia existencial seria um estado de coragem ou de auto-afirmação do ser frente ao não-ser. A coragem nesta perspectiva resiste ao desespero, ao assumir a angustia (veja texto final pg.7). Assim, a angustia assume um papel central na trama do tempo vivido face ao desconhecido.
Mortalidade/ Imortalidade é o grande tema existencial da velhice. “Recusar o tempo é a própria tentativa de recusar a condição humana: a recusa do tempo é a tentação da imortalidade, ou um malogrado projeto de onipotência”.
A ideologia da velhice
A autora vai comparar os “dominados” com os “dominadores” e cotejar suas representações com as da ideologia dominante (ver final pg.8).
O velho vai sendo subordinado às definições:
da medicina ( que o conceitua e dimensiona; e 
do Estado ( que o confronta `as leis, sem que ele nunca seja sujeito das próprias condições.
Será que o idoso mais humilde ou mais bem de vida, não teria o que dizer sobre sua própria situação, e em favor de seu atendimento?
Ansiedade/angústia ( se dá no sentido de recuperar a temporalidade( dar um significado para a própria vida: o passado é longo e o futuro curto -> o que leva muitas vezes à religiosidade.

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