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Teoria Psicossocial de Erik Erikson

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Teoria Psicossocial de Erik Erikson
Erikson interessado na organização da identidade na evolução do ciclo vital. Para ele a aquisição da identidade se dá através de três áreas centrais: sexual; profissional e ideológica ( político-religiosa). A identidade fica definida como uma evolução que parte de múltiplas identificações, constituindo uma nova gestalt original e funcional do sujeito . A nível do senso comum identidade e personalidade se confundem.
Erikson parte das fases da evolução da libido (energia vital que busca o prazer, que para Freud é sempre sexual) e “socializa” tais etapas fazendo corresponder a cada uma delas uma aquisição que o sujeito deve realizar na sua interação com o mundo. Ele organiza as aquisições básicas em cada etapa de desenvolvimento – que, se bem ou mal elaboradas são cobradas na interação do sujeito com a sociedade em cada período. Erikson vai “ apresentar o crescimento humano do ponto de vista dos conflitos, internos e externos, que a personalidade vital suporta, ressurgindo de cada crise com um sentimento maior de unidade interior, um aumento de bom juízo e um incremento na capacidade de “agir bem”, de acordo com seus próprios padrões e aqueles padrões adotados pelas pessoas que são significativas para ela”(Erikson, cap. 3, 1972). Ele utiliza a definição de Marie Jahoda segundo a qual, “uma personalidade saudável domina ativamente o seu meio, demonstra possuir uma certa unidade de personalidade e é capaz de perceber corretamente o mundo e ela própria” Tais critérios vão aparecendo através das crescentes diferenciações que o desenvolvimento cognitivo e social desde a criança pequena vão ocorrendo.
Então, como é que uma personalidade vital cresce?
Para o autor, para compreender o crescimento ele recorda o princípio epigenético que deriva do crescimento de indivíduos in utero, que de modo um tanto generalizado afirma que tudo que cresce tem um plano básico e é a partir desse plano básico que se erguem as partes ou peças componentes, tendo cada uma delas o seu tempo de ascensão especial, até que todas tenham sido levantadas para formar então um todo em funcionamento.
Então ao nascer, o bebê abandona a permuta química do ventre materno pelo sistema de permutas sociais da sua sociedade, onde suas capacidades em gradual aumento encontram as oportunidades e limitações da sua cultura. O organismo em amadurecimento continua se desenrolando, não pelo desenvolvimento de novos órgãos, mas por uma seqüência prescrita de capacidades locomotoras, sensoriais e sociais.
Portando pode-se dizer que a personalidade se desenvolve de acordo com uma escala predeterminada na prontidão do organismo humano para ser impelido na direção de um círculo cada vez mais amplo de indivíduos e instituições significantes, ao mesmo tempo que está cônscio da existência desse círculo e pronto para a interação com ele. ( Erikson, cap 3, 1972).
Então, para Erikson, o termo crise psicossocial define cada passagem de uma fase para a outra. No conceito de crise psicossocial estão implícitos:
a idéia de uma etapa de desenvolvimento;
numa determinada faixa etária;
-	nesta etapa o sujeito tem uma “prontidão” para a nova aquisição;
as condições externas favorecem tais aquisições.
Para Erikson crise equivale a momento crítico ( rever com os alunos o conceito de imprinting ou estampagem de Lorenz). “ Cada crise psicossocial, ao ser ou não enfrentada, dá ao sujeito um “ sentimento de” ou um “sentido de” como aquisição interna. Então, o desenvolvimento psicossocial “ é uma sucessão de fases críticas, entendendo-se por crítico, uma característica de momentos decisivos, de momentos de opção entre o progresso ou a regressão, a sujeição ou a integração”.
Ele vai falar em modalidades, que são os modos como o indivíduo aborda o mundo, que se traduzirão significativamente em modalidades sociais. 
Então, suas fases são oito, como ele definiu as oito idades do homem.
1a - Confiança básica X Desconfiança 
Vai se desenvolver na fase que ele chamou de oral-sensorial em que a modalidade é a incorporação , ou seja, as vivências do bebê se organizam através da boca. Quando ocorre uma relação qualitativamente boa entre bebê e a mãe, isto é, quando a incorporação é bem resolvida vai dar ao bebê o sentimento de obter , o que significa “receber e aceitar o que é dado” ou “de conseguir que alguém faça para ele o que desejava”. Também irá organizar a futura base da capacidade de dar.
Mais adiante, quando aparecem os dentes o bebê começa a experimentar o morder, e entra na fase que Freud denominou oral-canibalística e que para Erikson traz a modalidade de agarrar e soltar.
Em síntese, esta fase, se bem resolvida, estabelecerá a nível individual a modalidade de obter e a nível grupal a esperança, a fé em si mesmo, como ele denominou o sentimento de confiança básica “ que é algo que impregna a superfície e a profundidade, incluindo o que sentimos como consciência ou o que permanece vagamente consciente ou inteiramente inconsciente” – sentimos em nós a confiança ou não a sentimos.(ler pg. 24 da Rappaport, vol 4 Psicologia do Desenv., no alto)
2a – Autonomia X Vergonha e Dúvida
Esta crise corresponde à fase anal de Freud que para Erikson é a modalidade orgânica anal-muscular. Fezes percebidas como seus produtos. Resultará nas modalidades sociais de soltar e reter (modos retentivo- eliminatórios), que têm a ver com os controles e a futura organização da capacidade de fazer escolhas. A partir da aquisição do Não, vão surgir o eu e o meu e o você. Função muscular voluntária ( controles. Em todos os sentidos do soltar –desde doação até falta total de controle ou desperdício, bem como do reter ( desde bom controle dos impulsos até uma postura avara e mesquinha. Nesta fase a criança lida sempre com os dois fatores do conflito. O sentimento que será adquirido quando bem resolvida esta crise será “ eu sou o que posso querer livremente”, daí o sentido de ( virtude) autonomia. Quando mal elaborada a crise os sentimentos serão de vergonha e dúvida.
Vergonha é o sentimento de expor-se prematura e imprudentemente, sentir-se visível e inadequado.
Se a vergonha é sentir-se frontalmente exposto, a dúvida tem a ver com sentir-se exposto a um ataque ou um temor que parece provir do “detrás”, ou seja, daquilo que no corpo é uma área desconhecida ( objetos anais sentidos como destrutivos). 
Esta fase bem resolvida organiza o princípio da lei e da ordem com proteção do grupo social.
3a – Iniciativa X Culpa
Quando o caminhar já está dominado e quando a criança já despreocupada com o que está fazendo então passa a descobrir o que pode fazer com as coisas ou pessoas. Agora se movimenta vigorosamente e vai às coisas do espaço social. Seu aprendizado é agora intrusivo, e levá-a a abstrair-se de si mesma como centro para interessá-la em novos fatos e atividades. Começa a perceber as diferenças entre os sexos. Tudo isso organiza a criança para a primeira elaboração dos modos intrusivo e inclusivo. Nesta fase a menina equipara a vida muscular potencialmente mais vigorosa do menino com o desenvolvimento de uma discriminação sensorial mais refinada, e com os traços perceptíveis e desejados da maternidade futura..
A fase acrescenta a ambos os sexos as modalidades de ganhar, no sentido de visar sem limites algum lucro ou benefício; sugere um ataque frontal, seja pela competição ou pela persistência no objetivo, o prazer da conquista.
Aqui aprecem os pré-requisitos para a iniciativa, ou seja, para a seleção de metas e a perseverança em alcançá-las.
A resolução do Édipo no final desta fase vai transferir a intensidade da iniciativa e a curiosidade para ideais desejáveis e metas práticas imediatas – ou seja, para o mundo do conhecer os fatos e o métodos de fazer as coisas.
A não resolução desta crise mantém na criança os sentimentos de resignação, de fracasso de realizar ou de investir, ou excessiva ansiedade que a mantém com culpa de atacar, competir ir á conquista.4a – Industriosidade ( Produtividade ou Diligência) X Inferioridade
Corresponde ao período de Latência de Freud. A transição edípica vai deslocar a criança em direção à independência crescente que significa ganhar experiência e capacidades cognitivas necessárias à vida real e ao auto-comando. A criança vai aprender a conquistar a consideração produzindo coisas. Vai se dedicar às suas habilidades e a tarefas, vai se ajustando ao mundo das ferramentas. Os limites de seu ego incluem suas ferramentas e habilidades.. Aumenta o tempo de concentração, o prazer de completar tarefas pelo empenho perseverante. Mesmo em culturas tribais a criança passa por alguma instrução sistemática ( há muito a aprender com os adultos.
Assim, os fundamentos da tecnologia se desenvolvem à medida que a criança se capacita para manejar os utensílios, as ferramentas e as armas dos adultos. Impulso para manipular e dominar o mundo.
O perigo nesta época é o aparecer de um sentimento de inadequação e inferioridade, caso ela não aprenda a confiar em suas capacidades, seja por repreensão contínua, seja por privação de estimulação e/ou por não conseguir um lugar no grupo.
A industriosidade implica em fazer coisas ao lado dos outros e com eles. Nesta época se desenvolve primeiro juízo a respeito da divisão de trabalho e da oportunidade diferencial. O sentimento “ de que se é capaz de tornar-se uma unidade viva e integrada de uma situação produtiva (Competência)
5a Identidade X Confusão de Papéis
Aqui se encerraram as etapas infantis de desenvolvimento. Cada uma das quatro etapas anteriores estabelece um sentimento ou modelo básico de relação com o mundo. A adolescência é a fase em que o sujeito definirá quem ele realmente é – definição de identidade. Para Erikson a definição da identidade se fará sobre os 3 seguintes aspectos:
sexual
profissional 
ideológico (político-religioso).
Identidade sexual é a definição genital de seu papel. Isto já começou a se definir na fase fálica e agora estruturará o Ego. Erikson analisa aqui os modelos projetivos dos anos adolescentes em que a figura amada é uma depositária das projeções ideais de identidade do jovem. É estando seguro do que se é que se pode estabelecer relações com o outro sem contaminações, sem projeções; relações de reciprocidade, não de complementaridade.
Quando o jovem definiu sua identidade, o sentimento básico de “eu sou” ele pode se relacionar com o outro, aceitando as diferenças entre eles, entendendo-as e podendo conviver com elas; isto porque as divergências entre ambos não mais ameaçam os próprios valores ( o que costuma ocorrer no início da adolescência).
A 2a aquisição é a da identidade profissional, a definição e realização profissionais, que vai dar significado à vida do indivíduo e o capacitará a sentir-se membro ativo e produtivo na sociedade: será independente e ao mesmo tempo co-participante na construção do mundo real. Das identificações que fez com os pais na 1a infância vai agora para as identidades da fase, o que lhe dará um sentimento de mesmeidade e de continuidade. Poderá estar seguro, não só do que é, mas do que continuará sendo.
O terceiro nível de identidade é a definição ideológica ( acompanhar a reconstrução do mundo – que é dada também pelos novos valores dos jovens – e posicionar-se entre a moral aprendida pela criança e a ética a ser desenvolvida no adulto. É conseguir definir valores e uma postura ideológica social ( ver pg. 31 da Rappaport, vol. 4).
O perigo desta fase é quando ocorre a confusão de papéis, o jovem não consegue definir uma identidade e fica imobilizado numa indefinição em que as filiações estarão ameaçadas e com elas sua verdadeira capacidade para a genitalidade no sentido freudiano.
O sucesso da resolução desta crise dará o sentimento básico de “eu sou”. Em outros termos: capacidade do Ego para integrar as vicissitudes da libido; as aptidões baseadas nas habilidades pessoais e as oportunidades que lhe são oferecidas pela sociedade.
Relações de afiliação( afiliar-se é agregar-se ou juntar-se à uma corporação ou sociedade; inscrever-se como sócio ou membro de.
6a Intimidade x Isolamento
A partir da fase anterior, cuja resolução implica na definição da própria identidade, Erikson vai estabelecer mais três crises da vida adulta que para ele são as fases da vida “ para além da identidade” .
O sentimento básico de “eu sou” da etapa anterior dará base para o jovem adulto estabelecer a possibilidade de transcender-se ( associar sua identidade a outras, seja no amor, seja no profissional, sem se sentir ameaçado de controle ou invasão e sem se impor projetivamente aos outros ( impor que o outro seja o que quer ou o que sou).
Para o autor, intimidade é “ a capacidade de confiar a filiações e associações concretas e de desenvolver a força ética necessária para ser fiel a tais ligações, mesmo que nos imponhamos sacrifícios e compromissos significativos.
Para ele intimidade é a genitalidade numa relação de mutualidade ou reciprocidade ( relações maduras de confiança mútua, de regulagem mútua de ciclos de trabalho, procriação e recreação e da preocupação com a descendência e seu desenvolvimento”.
O sentimento básico é “ nós somos aquilo que amamos” (filiação e amor). Ser capaz de amar e de trabalhar.
O perigo da fase é o isolamento, i. é., a evitação de contatos que obrigam à intimidade.
7a - Generatividade x Estagnação
O homem maduro precisa sentir-se necessitado, e a maturidade necessita da orientação como do estímulo daquilo que tem sido produzido e de que deve cuidar.
O desenvolvimento evolucionário fez do homem o animal que ensina, que institui, assim como o que aprende.
A generatividade então é a preocupação relativa a firmar e guiar a nova geração. Termos equivalentes seriam produtividade e criatividade. Seria a relação do homem com sua descendência e com sua produção.
A estagnação vai significar a dificuldade de continuar se desenvolvendo o que irá dificultar a superação da próxima crise ( na estagnação o indivíduo começa a morrer psicologicamente).
O sentimento básico é Cuidado .
8a Integridade do Ego X Desesperança
A integridade é a aceitação do próprio e único ciclo de vida como algo que tinha que ser e que necessariamente não admitia substituições. É um amor pós narcisista do ego humano- não do eu - como uma experiência que transmite uma certa ordem e sentido espiritual do mundo, não importa o que isso tenha custado. A falta ou a perda desta integração acumulada do ego é simbolizada no temor da morte. A desesperança exprime o sentimento de que o tempo já é curto, muito curto para a tentativa de começar outra vida ou tentar outros caminhos alternativos para a integridade. A nivel social é a Sabedoria
“ Eu escrevo como se fosse para salvar a vida de alguém. Provavelmente a minha própria vida. Viver é uma espécie de loucura que a morte faz”. Clarice Lispector

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