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Planejamento Urbano e Meio Ambiente

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PLANEJAMENTO 
URBANO E MEIO 
AMBIENTE 
Professor Dr. André Cesar Furlaneto Sampaio 
GRADUAÇÃO
Unicesumar
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a 
Distância; SAMPAIO, André Cesar Furlaneto. 
 
 Planejamento Urbano e Meio Ambiente. André Cesar Furlaneto 
Sampaio. 
 Maringá-Pr.: UniCesumar, 2017. Reimpresso em 2019.
 273 p.
“Graduação - EaD”.
 
 1. Ambiente. 2. Planejamento. 3. Urbano. 4. EaD. I. Título.
 ISBN 978-85-459-0593-6
CDD - 22 ed. 711.4 
711.4 CIP - NBR 12899 - AACR/2
Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário 
João Vivaldo de Souza - CRB-8 - 6828
Impresso por:
Reitor
Wilson de Matos Silva
Vice-Reitor
Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor Executivo de EAD
William Victor Kendrick de Matos Silva
Pró-Reitor de Ensino de EAD
Janes Fidélis Tomelin
Presidente da Mantenedora
Cláudio Ferdinandi
NEAD - Núcleo de Educação a Distância
Diretoria Executiva
Chrystiano Minco�
James Prestes
Tiago Stachon 
Diretoria de Graduação e Pós-graduação 
Kátia Coelho
Diretoria de Permanência 
Leonardo Spaine
Diretoria de Design Educacional
Débora Leite
Head de Produção de Conteúdos
Celso Luiz Braga de Souza Filho
Head de Curadoria e Inovação
Jorge Luiz Vargas Prudencio de Barros Pires
Gerência de Produção de Conteúdo
Diogo Ribeiro Garcia
Gerência de Projetos Especiais
Daniel Fuverki Hey
Gerência de Processos Acadêmicos
Taessa Penha Shiraishi Vieira
Gerência de Curadoria
Giovana Costa Alfredo
Supervisão do Núcleo de Produção 
de Materiais
Nádila Toledo
Supervisão Operacional de Ensino
Luiz Arthur Sanglard
Coordenador de Conteúdo
Paulo Pardo
Qualidade Editorial e Textual
Daniel F. Hey, Hellyery Agda
Design Educacional
Giovana Cardoso
Projeto Gráfico
Jaime de Marchi Junior
José Jhonny Coelho
Arte Capa
Arthur Cantareli Silva
Ilustração Capa
Bruno Pardinho
Editoração
Ellen Jeane da Silva
Revisão Textual
Pedro Afonso Barth
Helen Braga Prado
Ilustração
Marcelo Goto
Em um mundo global e dinâmico, nós trabalhamos 
com princípios éticos e profissionalismo, não so-
mente para oferecer uma educação de qualidade, 
mas, acima de tudo, para gerar uma conversão in-
tegral das pessoas ao conhecimento. Baseamo-nos 
em 4 pilares: intelectual, profissional, emocional e 
espiritual.
Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos 
de graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de 
100 mil estudantes espalhados em todo o Brasil: 
nos quatro campi presenciais (Maringá, Curitiba, 
Ponta Grossa e Londrina) e em mais de 300 polos 
EAD no país, com dezenas de cursos de graduação e 
pós-graduação. Produzimos e revisamos 500 livros 
e distribuímos mais de 500 mil exemplares por 
ano. Somos reconhecidos pelo MEC como uma 
instituição de excelência, com IGC 4 em 7 anos 
consecutivos. Estamos entre os 10 maiores grupos 
educacionais do Brasil.
A rapidez do mundo moderno exige dos educa-
dores soluções inteligentes para as necessidades 
de todos. Para continuar relevante, a instituição 
de educação precisa ter pelo menos três virtudes: 
inovação, coragem e compromisso com a quali-
dade. Por isso, desenvolvemos, para os cursos de 
Engenharia, metodologias ativas, as quais visam 
reunir o melhor do ensino presencial e a distância.
Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é 
promover a educação de qualidade nas diferentes 
áreas do conhecimento, formando profissionais 
cidadãos que contribuam para o desenvolvimento 
de uma sociedade justa e solidária.
Vamos juntos!
Pró-Reitor de 
Ensino de EAD
Diretoria de Graduação 
e Pós-graduação
Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está 
iniciando um processo de transformação, pois quando 
investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou 
profissional, nos transformamos e, consequentemente, 
transformamos também a sociedade na qual estamos 
inseridos. De que forma o fazemos? Criando oportu-
nidades e/ou estabelecendo mudanças capazes de 
alcançar um nível de desenvolvimento compatível com 
os desafios que surgem no mundo contemporâneo. 
O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de 
Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo 
este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens 
se educam juntos, na transformação do mundo”.
Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógica 
e encontram-se integrados à proposta pedagógica, con-
tribuindo no processo educacional, complementando 
sua formação profissional, desenvolvendo competên-
cias e habilidades, e aplicando conceitos teóricos em 
situação de realidade, de maneira a inseri-lo no mercado 
de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como principal 
objetivo “provocar uma aproximação entre você e o 
conteúdo”, desta forma possibilita o desenvolvimento 
da autonomia em busca dos conhecimentos necessá-
rios para a sua formação pessoal e profissional.
Portanto, nossa distância nesse processo de cresci-
mento e construção do conhecimento deve ser apenas 
geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos 
que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita. 
Ou seja, acesse regularmente o Studeo, que é o seu 
Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos fóruns 
e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe das dis-
cussões. Além disso, lembre-se que existe uma equipe 
de professores e tutores que se encontra disponível para 
sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de 
aprendizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranqui-
lidade e segurança sua trajetória acadêmica.
A
U
TO
R
Professor Dr. André Cesar Furlaneto Sampaio
Doutor (2013) e mestre (2006) em Geografia pela Universidade Estadual de 
Maringá (UEM). Possui especialização em Engenharia e Gestão Ambiental, 
pelo Instituto de Engenharia do Paraná (IEP/2003). Engenheiro florestal, 
graduado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR/2002). Durante doze 
anos tem dedicado a vida profissional a trabalhos na área ambiental. Foram 
muitas consultorias realizadas e diversos projetos ambientais concretizados, 
perfazendo experiências em diversos temas como: arborização urbana, 
paisagismo, recuperação de áreas degradadas, estudos de impacto ambiental, 
manejo de áreas para conservação (Unidades de Conservação), inventário 
florestal, ecologia da paisagem, geoprocessamento, levantamentos 
geoambientais, fitossociologia e florística, dentre outras. Seus trabalhos e 
atuações em áreas urbanas, principalmente relacionados ao meio ambiente, 
como o Censo da Árvore, que realizou com apoio do Centro Universitário 
Cesumar (Unicesumar)(levantamento quali-quantitativo da arborização de 
vias públicas da cidade de Maringá), assim como, vários planos de manejo de 
unidades de conservação em áreas urbanas, e estudos geográficos em diversos 
municípios, dão subsídios técnicos para ministrar e organizar a disciplina de 
Planejamento Urbano e Meio Ambiente do curso de Negócios Imobiliários.
Para informações mais detalhadas sobre sua atuação profissional, pesquisas e 
publicações, acesse seu currículo, disponível no endereço a seguir:
<http://lattes.cnpq.br/3598587630674234>.
SEJA BEM-VINDO(A)!
Prezado(a) aluno(a), vivemos atualmente em um mundo urbano. A cada ano que pas-
sa mais a humanidade se estabelece nos centros urbanos e essa tendência não possui 
muitas probabilidades de mudar. Cada vez mais as cidades se tornam o símbolo máximo 
da humanidade. A história da humanidade, o passado, presente e futuro se encontram 
nas cidades. A grande diversidade ideológica, cultural, religiosa, social e étnica da huma-
nidade em conjunto com a grande diversidade ambiental: tipos de clima, solo, relevo, 
vegetação e fauna, acabam por moldar as cidades pelo mundo. Homem e natureza se 
relacionam com maior intensidade nos centros urbanos. Temos nas cidades a demons-
tração do enorme poder de transformação do homem sobre a natureza, mas também, 
um exemploda ineficácia do homem no controle de sua criação. Entender o funciona-
mento das cidades é tão complexo como entender o funcionamento de um ecossistema 
natural, são muitos aspectos a serem correlacionados, e de região para região se distin-
guem. Concluímos assim que o que é urbano está intimamente ligado à sociedade, e 
claro, ao meio ambiente (natureza). 
Sabemos que a humanidade é extremamente dependente da natureza e seus recursos 
da forma como existem nos últimos milhares de anos e que precisamos buscar a susten-
tabilidade. A ciência tem evidenciado que o caminho do desenvolvimento sustentável 
é o único realmente viável se quisermos melhor qualidade de vida no futuro. A luta para 
consolidar um desenvolvimento (progresso) que não traga sofrimento e perdas à hu-
manidade por falta ou má distribuição de seus recursos naturais, tem como palco mais 
importante as cidades, pois são nelas que se concentram as pessoas. A cidade, seu fun-
cionamento, infraestrutura, divisões, comércio, ruas e avenidas, demonstram os ideais e 
percepções das pessoas que a habitam. Cabe aqui ressaltar os dizeres de Meinig (2002, 
p. 35), estudioso da geografia e das paisagens cujos estudos veremos na Unidade II, que 
afirma que “qualquer paisagem é composta não apenas por aquilo que está à frente dos 
nossos olhos, mas também por aquilo que se esconde em nossas mentes”. As cidades 
são o reflexo de sua sociedade. 
As cidades não melhoram suas condições se a sociedade não melhora em termos so-
ciais, culturais, econômicos, políticos e ambientais. Sabendo disso é óbvio concluir que 
conseguir melhoras em uma cidade tem grandes dificuldades. Quanto mais existir um 
mundo melhor, mais teremos planejamento urbano eficaz e o contrário também é ver-
dade. Ou seja, buscando uma cidade mais justa, organizada e eficiente existirá grande 
contribuição para um mundo melhor. Entra em cena o pensamento de cunho ambienta-
lista e voltado à sustentabilidade, que atualmente é usual no planejamento urbano: agir 
localmente para mudar globalmente. 
Com tudo que foi dito fica evidente que quando falamos em planejamento urbano en-
tramos em um universo de informações multidisciplinares, envolvendo geografia, bio-
logia, ecologia, economia, engenharia, sociologia, psicologia, antropologia entre outros. 
O que obviamente é de grande complexidade e impossível de ser totalmente destrin-
chado e detalhado apenas nesta disciplina. Trataremos dos conceitos e ideais mais bá-
sicos e voltados ao entendimento do planejamento urbano para uma boa formação do 
APRESENTAÇÃO
PLANEJAMENTO URBANO E MEIO AMBIENTE 
profissional voltado aos negócios imobiliários. O entendimento pleno sobre plane-
jamento urbano necessita de um grande arcabouço técnico, dificilmente encontra-
do em apenas um tipo de profissional. 
Portanto, vamos iniciar um processo de aprendizagem no universo do planeja-
mento urbano e por consequência em meio ambiente, para fornecer aos leitores e 
alunos uma ferramenta para a realização de uma análise crítica e construtiva desse 
tema tão vasto e necessário na atualidade. 
O livro se divide em cinco unidades. Na Unidade I, trataremos dos principais aspec-
tos históricos do surgimento das cidades e da evolução do planejamento urbano no 
Brasil e no mundo, chegando ao final nas consequências e problemas mais graves 
que ocorrem nos centros urbanos. 
Na Unidade II, trataremos de fundamentos de cunho ambiental importantes para 
um melhor entendimento do planejamento urbano atual, onde entram conceitos 
como meio ambiente, biodiversidade, sustentabilidade e o estudo das paisagens 
naturais, culminando no entendimento da importância das áreas verdes urbanas 
e no funcionamento da legislação e licenciamento ambiental para o planejamento 
urbano. 
Na Unidade III, começaremos a tratar do planejamento urbano em um viés mais 
técnico, mostrando os principais conceitos, etapas e dimensões de atuação.
Na Unidade IV, trataremos da legislação específica voltada ao planejamento das 
cidades, com foco no Estatuto da Cidade; detalhando o funcionamento de instru-
mentos como o Plano Diretor e o Zoneamento Urbano, além de evidenciar o funcio-
namento do parcelamento do solo nas cidades. A unidade finaliza-se tratando das 
incorporações imobiliárias e suas etapas legislativas.
Por fim, na Unidade V, falaremos sobre os principais setores para a gestão urbana, 
diretamente vinculados à infraestrutura das cidades: saneamento básico, com foco 
no tratamento de resíduos sólidos; energia elétrica e sua relação com as cidades; 
mobilidade urbana, entrando em seus conceitos principais e a situação no Brasil. 
Por fim, serão demonstradas algumas novas tecnologias, de cunho sustentável, que 
trarão benefícios ao planejamento urbano.
Desejo a você uma ótima leitura e estudo.
APRESENTAÇÃO
SUMÁRIO
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UNIDADE I
HISTÓRICO E ASPECTOS GERAIS DO PLANEJAMENTO URBANO
15 Introdução
16 A Humanidade e o Surgimento das Cidades 
18 Evolução Histórica das Cidades 
29 A Evolução do Urbanismo e Planejamento Urbano no Mundo e no Brasil 
34 Principais Problemáticas e Impactos Ambientais Urbanos 
55 Considerações Finais 
61 Referências 
64 Gabarito 
UNIDADE II
FUNDAMENTOS AMBIENTAIS PARA PLANEJAMENTO URBANO
67 Introdução
68 Cenário Ambiental Mundial e Brasileiro 
72 Conceitos Básicos de Fundamentos Ambientais 
92 Análise da Paisagem para Planejamento Urbano 
103 Legislação e Licenciamento Ambiental 
123 Considerações Finais 
130 Referências 
135 Gabarito 
SUMÁRIO
10
UNIDADE III
PLANEJAMENTO URBANO: ETAPAS E DIMENSÕES
139 Introdução
140 Conceitos Técnicos Importantes do Planejamento Urbano 
146 Etapas do Planejamento Urbano 
151 Dimensões do Planejamento Urbano 
157 Áreas Verdes Urbanas 
175 Considerações Finais 
180 Referências 
183 Gabarito 
UNIDADE IV
PLANEJAMENTO URBANO: INSTRUMENTOS LEGISLATIVOS DE 
PLANEJAMENTO URBANO
187 Introdução
188 Análise das Principais Ferramentas do Estatuto da Cidade 
204 Zoneamento Urbano e Parcelamento do Solo 
213 Incorporações Imobiliárias 
219 Considerações Finais 
225 Referências 
227 Gabarito 
SUMÁRIO
11
UNIDADE V
PRINCIPAIS SETORES DA GESTÃO URBANA
231 Introdução
232 Saneamento Básico 
245 Rede Elétrica 
251 Mobilidade Urbana 
258 Novas Tecnologias para uso no Planejamento Urbano 
264 Considerações Finais 
270 Referências 
272 Gabarito 
273 CONCLUSÃO
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Professor Dr. André Cesar Furlaneto Sampaio
HISTÓRICO E ASPECTOS 
GERAIS DO PLANEJAMENTO 
URBANO
Objetivos de Aprendizagem
 ■ Conhecer o histórico do surgimento das cidades.
 ■ Compreender a evolução e transformações das cidades ao longo do 
tempo.
 ■ Conhecer o histórico do planejamento urbano no Brasil.
 ■ Conhecer os principais problemas urbanos e seus impactos sobre o 
meio ambiente e a sociedade.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
 ■ A humanidade e o surgimento das cidades
 ■ Evolução histórica das cidades
 ■ Evolução do urbanismo e planejamento urbano no mundo e no Brasil
 ■ Principais problemáticas e impactos ambientais urbanos
INTRODUÇÃO
Caro (a) aluno (a), atualmente estamos vivendo tempos históricos, pois acontece 
diante de nossos olhos, a maior onda de urbanização da história da humanidade. 
Pode-se dizer que esse processo iniciou-se em 2005 e a previsão é que se fina-
lize em 2050. Passaremos de 3,2 bilhões de pessoas nas cidades para 6,3 bilhões. 
Para 2050, a previsão é que cerca de 64% a 70% da humanidade esteja concen-
trada nas zonas urbanas. A população mundial de 7,2 bilhões de pessoas poderá 
chegar a 9,6 bilhões em 2050. (LEITÃO, 2013; ONU, 2012).
Em termos gerais, o grande crescimento populacional será especialmente na 
regiãodo continente africano, pois no restante do mundo já existe uma diminui-
ção do crescimento populacional. De toda forma em todos os países a população 
cada vez mais se intensificará nas cidades (ONU, 2012).
No Brasil e em outros países, onde a população não será tão grande quando 
comparada ao território e a quantidade de recursos naturais, teremos inúme-
ros desafios, pois existe a tendência de imigrações dos povos subdesenvolvidos. 
Teremos de estar aptos a receber uma população carente e ter recursos para capa-
citá-los profissionalmente e evoluir em termos de qualidade de vida para todos.
Estão previstos desafios mundiais extraordinários como: adequar às regi-
ões costeiras para as mudanças climáticas; modernizar a mobilidade urbana; 
melhorar a qualidade de vida; conseguir controlar e trabalhar melhor nossos 
resíduos sólidos; construir sistemas eficientes de alerta de eventos catastróficos; 
conservar os recursos naturais de forma eficiente como a água, o solo e a biodi-
versidade. Teremos uma agenda de grandes tarefas que precisará da cooperação 
entre povos em detrimento da competição (LEITÃO, 2013).
Diante de tantos desafios é muito importante entender o histórico que nos 
levou até o momento atual e traçar prognósticos sobre o futuro. Como disse 
Gandhi: “se quisermos progredir, não devemos repetir a história, mas sim, fazer 
uma história nova”. 
Introdução
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HISTÓRICO E ASPECTOS GERAIS DO PLANEJAMENTO URBANO
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IU N I D A D E16
A HUMANIDADE E O SURGIMENTO DAS CIDADES
A história do surgimento das cidades fica entrelaçada pela história da humanidade, 
pois as cidades só surgiram por causa da existência de uma espécie específica o 
Homo sapiens (ser humano). Mas antes de focar nessa história, acho importante 
demonstrar que na escala de tempo do universo e da existência de nosso pla-
neta a humanidade e as cidades existem por um tempo ínfimo, o que demostra 
nossa insignificância diante da natureza em todo seu processo de transformações.
O universo tem cerca de 15 bilhões de anos, o planeta terra 4,6 bilhões de 
anos, a vida surgiu na terra entre 4,1 a 3,5 bilhões de anos. Já o homem, devida-
mente como Homo sapiens, tem sua existência fora da casa dos bilhões, muito 
menos da dos milhões, existe há apenas aproximados 400 mil anos. De todo esse 
minúsculo tempo que a humanidade existe, faz ridículos 10 mil anos que se vive 
em grandes comunidades, o restante do tempo se viveu coletando e caçando ali-
mento, como nômades, vivendo em pequenos grupos. Foi só após a descoberta 
da agricultura e da criação de animais que surgiram as cidades, a economia e 
as civilizações, pois só assim a humanidade conseguiu se aglomerar em gran-
des grupos. No final das contas foi a agropecuária que criou nossas sociedades 
(DIAMOND, 2010).
Nosso tempo de existência é muito pequeno, o que demonstra que temos de ser 
cautelosos, respeitar a maquinaria que é a natureza, suas engrenagens e peças. Só assim 
seremos aptos para sobreviver por longos períodos dentro da escala do universo.
A Humanidade e o Surgimento das Cidades
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Como vimos, a humanidade passou seu maior tempo de existência como 
nômade. Adaptavam-se a natureza não produzindo grandes alterações nas pai-
sagens. A caça e a coleta de alimentos sustentavam apenas quatro pessoas por 
KM2, ou seja, não éramos numerosos ainda (MUMFORD, 1982).
As cidades nasceram após a formação de aldeias, mas não se trata apenas 
do aumento de casas e do crescimento da população. Ela inicia sua existência 
quando serviços diferentes, não ligados à agropecuária, começam a existir, como: 
a fabricação de artefatos, serviços religiosos, medicinais e militares. Formou-se 
assim uma nova classe de trabalhadores, de início subalternos dos agricultores, 
mantidas pelo excedente do produto total. A sociedade assim caminhou para 
se tornar capaz de evoluir e de projetar a sua evolução. A cidade caracteriza-se 
como sendo o centro maior desta evolução (BENEVOLO, 1993).
Por meio do contínuo aumento populacional, somado com a consolida-
ção da prática da agricultura intensiva, surgiu um novo estilo de vida na qual a 
formação das cidades se tornou essencial. Essas alterações induziram mudan-
ças fundamentais, na economia e nas ordens sociais, tecnológica e ideológica 
(ABIKO et al., 1995). O domínio da locomoção em cavalos, a invenção da roda, 
de utensílios como carroças e a metalurgia trouxeram grandes modificações na 
sociedade e a formação de cidades, cada vez mais complexas e grandes (CASILHA; 
CASILHA, 2009).
Com o crescimento das cidades e de suas populações foram se formando 
regras para organização da sociedade, houve uma organização política e hierar-
quização das classes de trabalhadores. Entra em cena a religião, uma característica 
importante nas cidades primitivas, em que as pessoas deviam servir a um deus 
poderoso, geralmente representado por um rei de carne e osso. Com o temor aos 
superiores políticos, a organização das cidades e seu avanço se deram de forma 
rápida e organizada (CASILHA; CASILHA, 2009). O desenvolvimento dentro 
desses moldes acabou por trazer bastante desigualdade social e temos reflexos 
disso até hoje na sociedade. 
A evolução das cidades acompanha a evolução da humanidade e seus perí-
odos históricos, dessa forma, é importante marcamos a divisão desses períodos. 
Observe o Quadro 1, a seguir.
HISTÓRICO E ASPECTOS GERAIS DO PLANEJAMENTO URBANO
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IU N I D A D E18
Quadro 1 – Divisão dos períodos históricos da existência da humanidade
Períodos Pré-história Antiguidade Idade Média Idade 
Moderna
Idade
Contemporânea
(Das origens 
do homem 
até 4000 a.C)
(De 4000 a.C. 
a 476)
(De 476 a 
1453)
(De 1453 a 
1789)
(De 1789 aos 
dias atuais)
Evento 
que marca 
o início de 
cada era
Origem da 
espécie 
humana.
Invenção da 
escrita.
Queda do 
Império 
Romano.
Queda de 
Constantinopla.
Revolução Fran-
cesa.
Fonte: o autor
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DAS CIDADES
Caro (a) aluno (a), trataremos de aspectos 
históricos sobre o surgimento e evolução 
das cidades e como consequência vislum-
braremos os problemas mais comuns da 
urbanização.
CIDADES DA PRÉ-HISTÓRIA E 
ANTIGUIDADE
No fim do que se chama de período pré-
-histórico nascem as primeiras cidades. 
Seu surgimento fica estimado entre 5.000 
a 3.000 a.C. na Mesopotâmia (planalto vulcânico entre dois rios - Tigre e Eufrates), 
região hoje dentro dos limites do Iraque (CASILHA; CASILHA, 2009). 
Evolução Histórica das Cidades
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Figura 1- Mapa da região da Mesopotâmia
A Mesopotâmia faz parte da região conhecida como Crescente Fértil, onde as pri-
meiras civilizações como um todo se consolidaram. Local em que existia maior 
facilidade para o cultivo da terra, devido à fertilidade do solo proporcionada 
pelas cheias dos rios. Além é claro, de água abundante para irrigação, consumo 
e transporte. Trata-se de uma região com cerca de 400.000 a 500.000 km² que 
hoje é povoada por 40 a 50 milhões de pessoas, englobando a Palestina, Israel, 
Jordânia, Kuwait, Líbanoe Chipre, além de partes da Síria, do Iraque, do Egito, 
do sudeste da Turquia e sudoeste do Irã. Os rios que irrigam essa região são: 
Jordão, Eufrates, Tigre e o Nilo (ABIKO et al., 1995).
Podemos dizer que as primeiras cidades foram as constituídas na civilização 
dos Sumérios. Incrivelmente esse povo possuía grandes edificações, bairros espe-
cializados, ruas, sistemas de irrigação, grandes templos e grandes fortificações no 
entorno. Tinham conhecimento amplo principalmente sobre arquitetura, mate-
mática e astronomia. Dentre suas construções destacam-se complexos sistemas 
de controle da água dos rios, canais de irrigação, barragens e diques. São conside-
rados os inventores da escrita, que era chamada de cuneiforme, pois os símbolos 
HISTÓRICO E ASPECTOS GERAIS DO PLANEJAMENTO URBANO
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IU N I D A D E20
escritos em placas de argila eram feitos com instrumentos em formato de cunha. 
As construções de maior imponência das cidades dos sumérios eram os zigura-
tes, se assemelhavam as pirâmides do Egito em grandiosidade, serviam para o 
armazenamento de produtos agrícolas e como templos religiosos. Os sumérios 
construíram muitas cidades importantes como: Ur (a maior que chegou a ter 
25.000 habitantes), Nipur, Lagash e Eridu (KRAMER, 1977; BOUZON, 1998).
Figura 2 - Zigurate da cidade de UR.
A origem dos sumérios ainda é misteriosa, são muitos os estudos e dúvidas sobre 
a formação desse povo. Existem indícios que tenham sido um povo oriundo dos 
planaltos iranianos, mas também podem ter procedido das próprias planícies 
mesopotâmicas. De forma geral pode ter sido uma mistura de povos em que a 
língua predominante era a suméria (CARDOSO, 1998).
As cidades da antiguidade eram chamadas de cidade-estado, devido a sua 
grande importância e independência. Existiram muitas disputas entre povos e a 
formação de impérios durante a antiguidade, e a conquista das cidades foi cru-
cial. Um longo período histórico se consolidou, nele estão presentes os egípcios, 
acádios, babilônicos entre outros. Em todos os impérios e povos antigos as cida-
des se organizaram em torno da agricultura e da religião (ABIKO et al. 1995). 
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A maior cidade da antiguidade, que chegou a possuir mais de quinhentos mil 
habitantes e foi um grande centro religioso chamava-se Babilônia. Possuía for-
tificações, muralhas, fossos e baluartes ao seu redor, o que junto com o grande 
poder militar consolidava a segurança para os cidadãos. Havia praças agitadas 
além de edifícios públicos como teatros, estádios, ginásios, centros educacionais 
e culturais (CASILHA; CASILHA, 2009). Por volta de 2000 a.C Babilônia foi pla-
nificada. A cidade tinha um formato retangular de 2500 por 1500 metros e era 
dividida pelo rio Eufrates. Foi traçada com regularidade geométrica tendo ruas 
largas e retas (largura constante), muros recortados em ângulos retos e com a 
presença de prédios de 3 e 4 pavimentos (ABIKO et al., 1995).
Outra civilização importante para o histórico das cidades foi a grega, que se 
iniciou aproximadamente em 2.500 a. C. Suas cidades beiravam o mar e iam até 
as encostas de montanhas. Existia uma preocupação com o desenho urbano, e a 
configuração usual era a ortogonal, tipo um tabuleiro de xadrez. As ruas tinham 
hierarquia e as casas seguiam alguns parâmetros urbanísticos como a necessi-
dade de terraços. Os gregos já se preocupavam com o tamanho das cidades, pois 
sabiam que as cidades dependiam dos recursos mais próximos e de sua produção 
agropecuária, ou seja, uma população fora de limites traria grandes problemas 
sociais. O solo árido da Grécia não colaborava para a formação de grandes cida-
des, por isso quando a população chegava a cerca de 30 mil habitantes era habitual 
iniciar a construção de uma nova cidade. Não somente o problema de recursos 
naturais fazia a necessidade de controle de população nas cidades, mas também 
a democracia que se iniciava, em que os conflitos de ideias em grandes popula-
ções trariam distúrbios mal vistos (BENEVOLO, 1993). 
As principais cidades gregas foram: Atenas, Esparta e Tebas. Possuíam as 
características das cidades-estados: eram independentes, com governo e padrões 
militares próprios. O que as unificava eram os aspectos culturais, como a língua, 
cujo alfabeto foi desenvolvido no Período Arcaico e um planejamento urbano, 
semelhante entre cidades, devido à troca de informações e comunicação que 
existiam. Os povos que formaram essas cidades gregas vieram de migrações do 
Norte da Europa e eram chamados de povos indo-europeus. Algumas caracterís-
ticas de planejamento urbano e pensamentos dos gregos acabaram se difundindo 
em outros impérios (BENEVOLO, 1993). 
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Os romanos foram outra grande civilização do período da antiguidade que 
se utilizou de padrões helênicos (gregos) para o planejamento de suas cidades. 
Devido à vastidão do império Romano por um período existiu paz entre os povos 
antigos e as cidades passaram a não possuir muros e apresentavam grande urba-
nização. As preocupações com a expansão urbana foram diminuindo ao ponto 
da cidade de Roma em cem anos saltar de 400 mil para 1,2 milhão de habitan-
tes. Essa expansão se realizou devido a uma ênfase dada à infraestrutura de 
transportes, a formação de aquedutos que traziam água de grandes distâncias, 
pelo início de uma preocupação com o esgotamento sanitário, que na época, em 
Roma, era feito por galerias subterrâneas (enormes e em perfeito estado até hoje); 
pela divisão do território em quadras (bairros) com distribuição de serviços e a 
exploração de territórios que abasteciam a cidade (CASILHA; CASILHA, 2009).
Mesmo com todos os esforços e novas tecnologias, o crescimento da cidade 
de Roma e de sua população não foi harmonioso. Cerca de 25% da popula-
ção de Roma não tinha o que fazer, faltavam serviços. A comida tinha que ser 
distribuída para que não houvesse enorme mortalidade por fome. A lista de 
pessoas que precisavam de doa-
ção de alimentos chegou a ter 320 
mil nomes no auge da expansão 
de Roma. Devido à vastidão do 
império havia muitos produtos 
importados (grande parte dos 
cerais), com isso, a agricultura 
no entorno de Roma se concen-
trou em vinhas, formou-se um 
tipo de monocultura, causando 
o declínio de muitos serviços 
(BENEVOLO, 1993).
Figura 3 - Ruínas na cidade de Roma
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Além dessas civilizações antigas citadas, existiram outras com grandes mani-
festações urbanísticas por volta de 2.500 a. C. no vale do rio Indo na Índia e por 
volta de 1.500 a.C. no vale dos rios Amarelo e Yang-Tsé-Kiang na China. Na 
América surgiram civilizações como os Incas, Maias e Astecas, também com 
grandes construções voltadas ao culto religioso e o armazenamento de alimen-
tos e sementes. A antiguidade foi consolidando o planejamento das cidades e 
muito do que são as cidades atualmente tem ideias e conceitos vindos desses 
povos e épocas. 
CIDADES DA IDADE MÉDIA
A partir da queda do império Romano houve uma grande mudança no modo 
de viver da humanidade. Ocorreram as invasões bárbaras e serviços e comércio 
tiveram estagnações nos centros urbanos. Grande parte da população migrou 
novamente para o campo. O cris-
tianismoe a igreja católica se 
fortaleceram e assim se criou 
o sistema feudal. Bispos exer-
ciam a função de governantes 
e a agricultura se fortaleceu 
formando grande senhores feu-
dais, que acabaram por formar 
e comandar novas cidades. Os 
senhores feudais trocavam o 
trabalho de habitantes por pro-
teção e apoio militar. As cidades 
então voltaram a ser de tama-
nho reduzido, a terem muralhas 
e grande nível de subsistência. Formaram-se as grandes praças centrais em 
que se localizavam as igrejas e os mercados e por consequência as ruas radiais 
(CASILHA; CASILHA, 2009).
Figura 4 - Castelo medieval
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No século XI o sistema feudal entrou em crise, começaram a surgir os ele-
mentos pré-capitalistas, como o desenvolvimento do comércio das cidades e 
a criação de uma nova classe social, o que acabou sendo a ruína dos senhores 
feudais. Novos interesses econômicos e políticos se consolidaram com o comér-
cio intenso entre ocidente e oriente. As atividades nas cidades se ampliaram. 
Verifica-se então que o comércio foi um dos grandes fatores que ocasionaram a 
intensificação do meio urbano, tendo, dessa forma, as grandes capitais europeias 
se beneficiado com seu crescimento que surgira após a ascensão de uma econo-
mia transatlântica (GRECO, 2012 apud VARGAS et al., 2014).
CIDADES DA IDADE MODERNA
A partir do século XII houve crescimento econômico e com isso maior desenvol-
vimento das chamadas cidade capitais. Os monarcas se consolidaram no poder. 
Com isso até o século XV grandes centros comerciais se concretizaram em cida-
des como Constantinopla e Veneza, Florença e Paris, porém, as cidades de forma 
geral raramente passavam de 50 mil habitantes. O sistema de coleta de imposto 
se formou de forma rígida para que existisse dinheiro para a construção e o cres-
cimento das cidades. Porém, o planejamento era precário, ruas estreitas, falta 
de serviços de higiene o que acabava por acarretar disseminações de doenças, 
como a peste negra que chegou a dizimar um terço da população da Europa. Boa 
parte do comércio começou a se estabelecer para fora das muralhas e o cresci-
mento das cidades foi ficando cada vez mais desordenado (BENEVOLO, 1993).
A queda da cidade de Constantinopla (atualmente Turquia) consolidou o 
início da Idade Moderna (Renascentismo), pois o domínio da cidade para os 
Otomanos mudou o comércio mundial para o oceano Atlântico. Constantinopla 
era, até o momento de sua queda, uma das cidades mais importantes no mundo, 
pois sua localização funcionava como ponte para as rotas comerciais que liga-
vam a Europa à Ásia por terra (ABIKO et al. 1995).
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No século XVI começaram as invasões e ocupações iniciais na América, 
com cidades fundadas seguindo traçados pré-determinados, ou seja, embasados 
no planejamento das cidades europeias, como por exemplo: Cidade do México, 
Filadélfia, Washington, Lima e Buenos Aires (CASILHA; CASILHA, 2009).
O desenho urbano da época elaborava cidades com predominância de traça-
dos regulares, com simetria de proporções rígidas na execução das vias e praças. 
Eram cidades que seguiam um modelo uniforme, como um tabuleiro de xadrez, 
definindo quarteirões iguais, na maioria das vezes quadrados. Nas áreas centrais 
continuavam as praças com igrejas e edifícios de organização social (paço muni-
cipal, comércio e casa dos mais ricos) 
(BENEVOLO, 1993).
No século XVIII as cidades 
americanas já cresciam vertigi-
nosamente, tendo um tráfego de 
veículos (carroças) extremos com 
engarrafamentos frequentes. Boa 
parte das cidades americanas sur-
giram com o comércio forte da idade 
moderna, porém, com a revolução 
industrial novos planejamentos e 
formações vieram (CONSCIENCE 
PRODUCTIONS, 2012, on-line)1.
CIDADES DA IDADE CONTEMPORÂNEA
Surgiu a revolução industrial e com ela grande modificações econômicas, sociais e 
ambientais no mundo. As cidades sofreram alterações em seu planejamento devido 
a isso. Houve um explosivo crescimento demográfico nas cidades, iniciando 
na Inglaterra depois França e Alemanha. Após 1850 ocorreu a quadruplicação 
da população mundial e com isso a população urbana se multiplicou por dez 
(HAROUEL, 1990). 
Figura 5 - Queda de Constantinopla em 1453
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Na Europa como nos Estados Unidos o uso dos trens colaborou muito para cres-
cimento e desenvolvimento das cidades, pois facilitou o comércio de importação e 
exportação de produtos para longas distâncias. As fábricas começaram a ser cons-
truídas em proximidade das ferrovias e as habitações dos trabalhadores também, 
pois o transporte público ainda não existia. Viver nas cidades voltou a ser inte-
ressante para as pessoas e iniciou-se o êxodo rural. As condições sanitárias das 
cidades não haviam evoluído muito desde a idade média, porém, mesmo assim 
a oferta de trabalho nas indústrias atraiu as pessoas para as cidades. Londres, o 
berço da revolução industrial, em 1810 passou de um milhão de habitantes, na 
época somente Roma havia chegado nesse nível de população (CORRÊA, 1995). 
Com o crescimento vertiginoso das cidades surgiram os urbanistas, pessoas 
que planejavam o desenho urbano para melhor adaptação da sociedade às cidades, 
tentando evitar os problemas urbanos. O termo foi cunhado em 1910, porém, em 
1830 já havia um pensamento urbanista moderno, diferenciado do da antiguidade 
e idade média (BENEVOLO, 1971). As condições sanitárias e mesmo a qualidade 
de vida dos trabalhadores das indústrias nas cidades por volta de 1816 começa-
ram a indignar uma considerável parte da sociedade e com isso foram surgindo 
pensamentos de reorganização das cidades. Em 1830 epidemias começaram a 
surgir nas principais cidades do mundo, como a cólera e o tifo, com isso, a partir 
de 1850 começaram adaptações amplas 
para melhorar as condições das princi-
pais cidades do mundo, principalmente 
em termos sanitários. O urbanismo pre-
dominante na época foi chamado de 
sanitarista. Muralhas foram derrubadas, 
as ampliações das cidades tiveram ruas 
mais largas entre outras ações. Paris foi 
uma das cidades em que houve grandes 
modificações, bairros com epidemias 
foram demolidos, áreas foram limpas, 
bulevares foram construídos trazendo 
Figura 6 - Indústria têxtil em Boston, Estados Unidos, 1910 
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mais verde para a cidade. Outras cidades se estimularam para fazer modifica-
ções admirando o sucesso de Paris (MACEDO, 2012, on-line)2.
Nesse período, Londres despejava a maior parte de seu esgoto e captava a sua 
água de uso comum no mesmo rio, chamado Tâmisa. Esse era um dos fatores 
que faziam aumentar a incidência de epidemias na cidade. Foi então, em 1848, 
aprovada a primeira lei sanitária, denominada Public Health Act, para sanar 
esse problema. Essa lei foi precursora dos Códigos Sanitários brasileiros. Aliás, 
foi base de todas as demais que procuram atuar no espaço urbano garantindo 
condições de salubridade (abaste-
cimento de água e controle de sua 
potabilidade, canalização de esgo-
tos, drenagem de áreas inundáveis, 
abertura de vias e vielas sanitá-
rias). Seguindo essas premissas 
sanitárias outras cidades inglesasforam reurbanizadas: Manchester, 
Liverpool, Birmingham e Leeds 
(ABIKO et al., 1995).
O sistema capitalista se soli-
dificou nos principais países 
do mundo e com isso o espaço 
urbano se modificou. A cidade tornou-se um lugar privilegiado para a ocor-
rência de uma série de processos sociais. De acordo com Corrêa (1995), esses 
processos têm sua distribuição espacial na própria organização espacial urbana, 
sendo eles:
 ■ Centralização e área central.
 ■ Descentralização e os núcleos secundários.
 ■ Coesão e as áreas especializadas.
 ■ Segregação e as áreas sociais.
 ■ Dinâmica social da segregação.
 ■ Inércia e as áreas cristalizadas.
Figura 7 - Cidade de Londres
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As indústrias centralizaram as cidades, mas com o passar do tempo começou a 
não haver espaços centrais para as indústrias. Iniciou-se assim um processo de 
descentralização no começo do século XX. Indústrias mais poluentes e novas 
começaram a se instalar na periferia formando núcleos secundários na cidade, 
causando descentralização (CORRÊA, 1995).
Aos poucos as indústrias se deslocaram, apenas as pequenas que consumiam 
pouco espaço e tinham ótimos lucros continuaram centrais, pois só assim era 
possível suportar os elevados preços dos imóveis do centro. A descentralização 
das cidades variava em função dos tipos de atividades realizadas na mesma e de 
suas tendências à descentralização e do tempo em sequência que essa leva para 
descentralizar, pela divisão territorial do trabalho e pela procura por outros seto-
res da cidade (CORRÊA, 1997). 
O fenômeno da segregação social nas cidades, que sempre ocorreu, começa a 
ser acentuado com a revolução industrial. As determinações econômicas, políticas 
e ideológicas e a transformação das áreas centrais em áreas importantes de negó-
cios, acabaram por dividir setores da cidade para cada classe social. A capacidade 
de renda e/ou nível cultural, involuntariamente imposta, acabava por definir a 
região da cidade que a pessoa iria habitar (CASTELL, 1976; LEFÉBVRE, 1991).
Acabou por se formar um padrão nas cidades de “Inércia e as áreas cris-
talizadas”, ou seja, regiões e edificações que se mantinham com o mesmo uso 
inicial, como: áreas centrais quase exclusivas ao comércio devido à alta valori-
zação (CORRÊA, 1995).
O automóvel foi inventado e muitas adaptações nas cidades vieram. Os tra-
balhadores não precisavam mais morar tão próximos das indústrias e comércio, 
novos arranjos urbanos ocorreram (CONSCIENCE PRODUCTION, 2012, 
on-line)1.
©shutterstock
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A EVOLUÇÃO DO URBANISMO E PLANEJAMENTO 
URBANO NO MUNDO E NO BRASIL
Durante os séculos XVIII e XX (idade contemporânea) acabaram por se formar 
dois grupos de destaque no urbanismo, os de origem antiurbana (utópicos) e 
os técnicos-setoriais. 
Os antiurbanos tinham pensamentos voltados ao socialismo, contrários a 
industrialização, pois seus idealizadores não queriam o desenvolvimento das 
indústrias, preconizavam uma organização mais comunitária, próxima da natu-
reza. Planejavam cidades do início, gostavam de demolições e reconstruções 
grandiosas, por isso se encaixaram e foram chamados de utópicos (CAMPOS 
FILHO, 2001).
A chamada cidade-jardim, proposta por Ebenezer Howard, pode ser descrita 
como uma adaptação da ideologia antiurbana, pois tenta unir uma produção 
agrícola com a industrial de pequena escala. O desejo de Howard era compor 
cidades de 30 mil habitantes, planejadas como antídoto para os males da indus-
trialização selvagem (CAMPOS FILHO, 2001). Três princípios fundamentam o 
trabalho de Howard: eliminação da especulação dos terrenos (deveriam pertencer 
à comunidade, que os alugaria); controle do crescimento e limitação da popu-
lação (a cidade deveria estar cercada por um cinturão agrícola que forneceria 
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toda a subsistência da população) e deveria existir um equilíbrio funcional entre 
cidade e campo, residência, comércio e indústrias (ABIKO et al. 1995). A ideia de 
urbanismo de Howard tem até hoje boa aceitação, principalmente na Inglaterra 
e acabou por influenciar o desenho urbano de muitas cidades e bairros no Brasil 
como: Maringá, Goiânia, Jardim América e Barra da Tijuca. 
Os técnicos-setoriais se diferenciavam dos antiurbanos, pois procuravam 
resolver os problemas de forma pontual, faziam remediações isoladas, não pos-
suíam visão global. Não tinham grandes planos utópicos (ABIKO et al. 1995).
Após a segunda guerra mundial houve uma tentativa de reduzir o crescimento 
de Londres. Foi implantado um cinturão verde de produção agrícola e uma rede 
de pequenas e médias cidades-satélites no seu entorno. Buscava-se subdividir o 
espaço urbano em unidades autossuficientes quanto possível. Essa solução apro-
ximou urbanistas antiurbanos dos técnicos-setoriais (CAMPOS FILHO, 2001).
Muitos trabalhos de cunho científico, voltados à economia e sociologia, 
acabaram por ajudar na evolução do urbanismo. Podem-se destacar os traba-
lhos dos alemães Engels e Marx, que viveram nos anos de 1800 e solidificaram o 
pensamento socialista. Foram eles que trouxeram um pensamento sobre a terra 
urbana (imóvel) como mercadoria, como fornecedora de renda, que atualmente 
são assuntos diretamente vinculados ao planejamento urbano e aos planos dire-
tores. O problema da habitação de qualidade, com o mínimo de infraestrutura 
foi assunto muito discutido na obra de Engels. O pensamento marxista acabou 
por colaborar para a construção de um urbanismo mais sistemático e científico 
(CAMPOS FILHO, 2001). 
No início do século XIX surgiram vários urbanistas que seguiam ideias base-
adas em unir os ideais antiurbanos e técnico-setoriais, que foram chamados de 
globalizantes utópicos pró-industriais e pró-urbanos. Destaca-se, nessa época, 
Le Corbusier, que visou combinar áreas verdes, edificações verticais e alta den-
sidade urbana, a fim de reduzir custos da urbanização, um pensamento ainda 
atual e bastante interligado com o pensamento do desenvolvimento sustentável 
(CAMPOS FILHO, 2001).
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Em 1933, ocorreu o IV Congresso Internacional de Arquitetura Moderna 
(C.I.A.M), cujo tema foi a ‘Cidade Funcional’. Foi um evento histórico com a 
participação de profissionais de renome do urbanismo e que solidificou o pensa-
mento urbanista denominado racionalista ou funcionalista. As conclusões desse 
encontro foram reunidas em um documento denominado a Carta de Atenas, 
em que foram determinadas ações para o desenvolvimento de um urbanismo 
menos estético e mais funcional. Foram definidas quatro funções fundamen-
tais para uma cidade: habitar; trabalhar; circular e cultivar o corpo e o espírito, 
sendo seus objetivos: a ocupação do solo, a organização da circulação e a legis-
lação (ABIKO et al. 1995).
Muito do que temos hoje no Brasil e no mundo em termos de planejamento 
urbano, principalmente em termos legislativos, vem das conclusões da Carta 
de Atenas, em que se propunha a obrigatoriedade do planejamento regional 
e intra-urbano, a submissão da propriedade privada aos interesses coletivos,a 
industrialização dos componentes, a padronização das construções e a edifica-
ção como predominante no espaço urbano, mas relacionada com amplas áreas 
de vegetação. Ficou estabelecido o zoneamento funcional, ou seja, a separação 
da circulação de veículos e pedestres, a eliminação da rua corredor e uma esté-
tica geometrizante. São exemplos de planejamentos baseados nessas premissas 
da Carta de Atenas: Rio de Janeiro e Brasília, além de várias cidades da França 
e Estados Unidos (ABIKO et al. 1995).
As grandes críticas ao urbanismo racionalista são devido a sua visão estreita 
em relação às diferentes classes sociais e suas expectativas dentro das cidades, 
assim como, o entendimento simplificado dos motivos que levam a expansão 
urbana. Acreditava-se que o crescimento desmesurado de uma cidade seria 
fruto, quase que exclusivo, de ações de interesses privados e à displicência do 
poder público. Mecanismos econômicos e sociais acabaram por ficar subjuga-
dos (ABIKO et al. 1995; CAMPOS FILHO, 2001).
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As ideias sobre urbanismo vêm evoluindo e durante o século XX foram muito 
discutidas. Em 1952, em La Tourrete - França, em reunião do “Grupo Economia 
e Humanismo”, foram fixadas novas dimensões do Planejamento Territorial, por 
meio da “Carta do Planejamento Territorial”, em que este ficou com seu objetivo 
definido da seguinte forma: criar pela organização racional do espaço e implan-
tação de equipamentos apropriados, as condições ótimas de valorização da terra 
e as situações mais convenientes ao desenvolvimento humano de seus habi-
tantes. No documento ficaram estabelecidas as vinculações entre quatro ideias 
básicas do Planejamento Territorial: a organização do espaço, o apetrechamento 
do território, o seu aproveitamento econômico e o desenvolvimento do homem 
(BIRKHOLZ, 1967 apud ABIKO et al., 1995).
Posteriormente, em 1958, realizou-se em Bogotá - Colômbia, o “Seminário 
de Técnicos e Funcionários em Planejamento Urbano”, sob os auspícios do Centro 
Interamericano de Vivenda e Planejamento (CINVA), ocasião em que foi elabo-
rada a Carta dos Andes, que constituiu um documento sobre o Planejamento 
Territorial Contemporâneo. Segundo a definição da Carta dos Andes: plane-
jamento é um processo de ordenamento e previsão para conseguir, mediante 
a fixação de objetivos e por meio de uma ação racional, a utilização ótima dos 
recursos de uma sociedade em uma época determinada. O Planejamento é, por-
tanto, processo do pensamento, método de trabalho e um meio para propiciar o 
melhor uso da inteligência e das capacidades potenciais do homem para benefício 
próprio e comum (BIRKHOLZ, 1967 apud ABIKO et al. 1995). Como veremos 
em capítulos subsequentes, essa definição assemelha-se ao conceito de susten-
tabilidade, que hoje rege boa parte do planejamento urbano.
Para Goitia (1992), em um pensamento ainda atual, existe lentidão de orga-
nismos oficiais, planificadores e urbanistas em seus diagnósticos, prognósticos, 
ações e gestão urbana, que não alcançam a velocidade dos problemas existentes, 
que se ampliam de forma vertiginosa e freiam o planejamento urbano eficiente. 
A cidade vai-se transformando com um crescimento que acaba por não ser tec-
nicamente ordenado e que naturalmente é desorganizado. Forma-se assim um 
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crescimento urbano que produz tanto problemas nos núcleos centrais, quanto 
nas periferias das cidades que sofrem com a falta de acessos e de transporte cole-
tivo. Acaba que muito da ordenação espacial é vinculada a acessibilidade, meios 
de transporte público eficazes e uma rede viária capaz e inteligentemente plane-
jada para atender toda a demanda necessária.
Por meio da história o urbanismo foi sendo moldado, chegando hoje ao 
que chamamos de planejamento urbano. Hoje o urbanismo como conceito fica 
definido como aquele que trabalha (historicamente) com o desenho urbano e o 
projeto das cidades, sem especificamente considerar todos os processos sociais 
que ocorrem nas cidades. Colocou-se um termo mais abrangente para abarcar 
toda a complexidade de fazer funcionar uma cidade: Planejamento urbano. 
Temos dentro do planejamento urbano visão mais ampla, muito além do desenho 
urbano, pois sabe-se que nas cidades temos problemáticas complexas, entreme-
adas entre fatores sociais, econômicos, ecológicos, culturais, éticos, políticos, 
geográficos e tantos outros. Por isso, ainda não existe uma ideia unificadora que 
possa ser definida como a solução de todos os problemas urbanos, uma “receita 
de bolo” para se fazer todos os planejamentos urbanos. O que fica entendido é 
que apenas o planejamento urbano, sem o funcionamento de um ordenamento 
de cunho nacional e muitas vezes mundial, em termos de regras e legislação que 
busquem com eficiência bem comum, não é suficiente para controlar e absorver 
todos os problemas que se formam nas cidades. A busca pelo desenvolvimento 
sustentável vem sendo um caminho de ligação no mundo todo para a construção 
de cidades cada vez mais equilibradas em termos sociais, econômicos, culturais e 
ambientais. Historicamente fica clara a influência das tecnologias sobre as modi-
ficações urbanas, a humanidade vem conseguindo se adaptar e alterar o espaço 
urbano para melhor. Principalmente, devido ao surgimento de novas tecnologias, 
pois nos dias atuais a importância dessas evoluções científicas é cada vez maior.
©shutterstock
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IU N I D A D E34
PRINCIPAIS PROBLEMÁTICAS E IMPACTOS 
AMBIENTAIS URBANOS
Com a maioria das pessoas vivendo nas 
cidades não é de se admirar que tenha-
mos hoje um mundo de problemas a serem 
resolvidos nesses centros urbanos. Muitos 
problemas estão presentes desde as cida-
des mais antigas, fazem parte do histórico 
do planejamento urbano e até hoje não 
se conseguiu sobrepujá-los totalmente. 
Logicamente a maioria desses problemas 
não serão resolvidos apenas com novas 
O PROCESSO DE URBANIZAÇÃO
O processo de urbanização, principalmente nos países em desenvolvimen-
to, é uma das mais agressivas formas de relacionamento entre o homem e o 
meio ambiente. As cidades antigas eram menores, mais harmônicas e, mes-
mo quando erguidas em locais ambientalmente inadequados, agrediam 
menos o meio ambiente.
A partir da revolução industrial, o processo de crescimento das cidades se 
acelerou pelas duas razões já apontadas: a necessidade de mão-de-obra nas 
indústrias e a redução do número de trabalhadores no campo. A industria-
lização promoveu de modo simultâneo os dois eventos, um de atração pela 
cidade, outro de expulsão do campo. Antes da revolução industrial não ha-
via nenhum país onde a população urbana predominasse. No começo deste 
século, apenas a Grã-Bretanha possuía a maior parte de sua população vi-
vendo em cidades (MUNFORD, 1982). Pode-se afirmar que o Século XX é o 
século da urbanização, pois nele se acentuou o predomínio da cidade sobre 
o campo. 
Fonte: adaptado de Educoas (2016, on-line)³
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propostas de arranjo urbano, dependem de políticas eficientes mundiais, nacio-
nais e regionais, principalmente nas dimensõessociais, econômicas, ambientais 
e culturais. Vamos demonstrar as principais problemáticas urbanas mundiais e 
por consequência os impactos ambientais que são causados.
Considero importante, antes de analisarmos as problemáticas, esclarecer o 
conceito legislativo de impacto ambiental. Segundo Sánchez (2006), o impacto 
ambiental é um desequilíbrio provocado pelo choque da relação do homem 
com o meio ambiente. O impacto ocorre quando se muda uma situação base, 
ou seja, situação ambiental existente ou uma condição na ausência de determi-
nada atividade.
Conforme a Resolução n° 01/86 CONAMA, impacto ambiental pode ser 
definido como: 
[...] qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas 
do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou ener-
gia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, 
afetam a saúde, a segurança e o bem-estar da população; as ativida-
des sociais e econômicas; a biota e a qualidade dos recursos ambientais 
(RESOLUÇÃO CONAMA 01/86, Art. 1, Parágrafo 1, on-line)4.
Conforme o inciso II do artigo 6º dessa resolução, o impacto ambiental pode 
ser positivo (benéfico) ou negativo (adverso), diretos e indiretos, imediatos e a 
médio e longo prazos, temporários e permanentes, e pode proporcionar ônus 
ou benefícios sociais. O impacto pode possuir também seu grau de reversibili-
dade, e propriedades cumulativas e sinérgicas. São essas as características dos 
impactos ambientais estudadas e analisadas nos licenciamentos ambientais de 
empreendimentos impactantes. Nos próximos capítulos falaremos mais sobre 
o licenciamento ambiental e sua importância para o planejamento urbano, por 
enquanto, é importante guardar bem a conceituação de impacto ambiental.
Importante ressaltar que o impacto ambiental dentro dessa concepção legal 
só existe por meio da atividade humana no contexto, ou seja, não pode ser resul-
tante de fenômenos naturais. Sendo assim, mesmo grandes alterações do ambiente 
causadas por furacões, terremotos, chuvas intensas dentre outros não se enqua-
dram como impactos ambientais, sendo considerados por muitos autores como 
efeitos ambientais (SILVA, 1999; MOREIRA, 1985).
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IU N I D A D E36
Para que ocorra um impacto ambiental sempre existe o que se chama de 
aspectos ambientais, que são as causas potenciais de impactos, ou seja, se con-
cretizam como causas quando o impacto acontece. O “aspecto” é definido pela 
NBR ISO14001 como “elementos das atividades, produtos e serviços de uma 
organização que podem interagir com o meio ambiente”. O aspecto tanto pode 
ser uma máquina ou um equipamento como atividade executada por ela ou por 
alguém que produzam (ou possam produzir) algum efeito sobre o meio ambiente. 
Chamamos de “aspecto ambiental significativo” aquele aspecto que tem um 
impacto ambiental significativo, podendo ser positivo ou negativo.
Resumindo, caro (a) aluno(a), aspecto ambiental seria qualquer interven-
ção indireta ou direta de atividades ou serviços de uma determinada empresa ou 
cidade sobre o meio ambiente, quer seja adversa ou benéfica. Para exemplificar 
podemos dizer que dentro de uma cidade pode ocorrer uma atividade admi-
nistrativa (descarte de resíduos sólidos em lixão a céu aberto) que acarreta um 
aspecto ambiental (geração de poluentes - chorume) e que por sua vez pode acar-
retar um impacto ambiental (poluição do lençol freático através de chorume). 
O quadro a seguir mostra exemplos de atividades, aspectos e impactos ambien-
tais que podem ocorrer em uma cidade.
Quadro 2 – Atividades antrópicas, aspectos ambientais e impactos ambientais em centros urbanos
ATIVIDADE ASPECTO AMBIENTAL IMPACTO AMBIENTAL
Aplicação de políticas 
ficais injustas.
Geração de Desigualdade 
Social e favelização.
Erosão, poluição de nascentes, 
perda de área florestal entre 
outros.
Descarte de Resíduos 
Sólidos em Aterro 
controlado.
Geração de chorume e 
gases poluentes.
Poluição da atmosfera e de 
recursos hídricos entre outros. 
Transporte Coletivo 
Inadequado e inefi-
ciente.
Geração de tráfego intenso 
de veículos.
Poluição atmosférica, aumen-
to de problemas de saúde 
entre outros.
Fonte: o autor
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Quando existe planejamento urbano inadequado ou falho, os impactos ambien-
tais vão crescendo anualmente e, consequentemente, os danos causados por eles 
também. Assim forma-se o que chamamos de passivo ambiental. Trata-se de um 
termo com foco na atuação de empresas, porém, é funcional para a administra-
ção de uma cidade. Passivo ambiental são os danos causados ao meio ambiente, 
as atividades e o custo de recuperação desses danos, representa a obrigação, 
a responsabilidade social da empresa ou administração pública com aspectos 
ambientais (RIBEIRO; GRATÃO, 2000). O que chamamos de problemáticas 
urbanas é o complexo conjunto de atividades, aspectos e impactos que ocorrem 
nas cidades, causando prejuízos à sociedade.
Analisando o histórico do surgimento das cidades, é notável que o aden-
samento populacional nas cidades e seu crescimento vertiginoso são as causas 
(aspectos ambientais) de inúmeros impactos ambientais. Além disso, a forma 
como muitas cidades foram surgindo, sem nenhum planejamento ou com apenas 
instruções básicas, também colaboraram muito na formação de problemáticas 
urbanas. Essas chamadas cidades espontâneas, em que as áreas simplesmente 
eram ocupadas, criando-se ruas para a mobilidade da população, edificações 
habitacionais no entorno e uma área central destinada a comércio e serviços, 
trouxeram visão estreita do que realmente é um planejamento urbano (VARGAS 
et al., 2014).
As problemáticas urbanas estão ligadas aos impactos ambientais, pois grande 
parte dos problemas que observamos nas cidades vem de alterações antrópicas 
(feitas pelo homem) não planejadas, ou com planejamentos ineficazes. Sendo 
assim, fica claro que as ações dos homens (humanidade) são os motores que 
geram problemas urbanos, aspectos ambientais e impactos ambientais.
A seguir, abordaremos conceituações e caracterizações das principais pro-
blemáticas urbanas e os impactos ambientais associados. Nas unidades IV e V 
desse livro trataremos de algumas soluções possíveis para mitigar (reduzir) ou 
mesmo sanar os problemas e impactos tratados nesta unidade.
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IU N I D A D E38
DESIGUALDADE E SEGREGAÇÃO SOCIAL
O conceito de desigualdade social pode ser amplo, englobando desde desigual-
dade de escolaridade, gênero, oportunidade entre outras. Porém, de forma geral 
entende-se desigualdade social como desigualdade econômica (renda), pois 
como já disse Milton Santos (2000) (geógrafo brasileiro renomado): o dinheiro 
é o centro do mundo.
Mesmo em uma cidade bem planejada e com recursos naturais e financei-
ros abundantes é comum percebemos a existência de desigualdade social, esta 
sempre existirá. A igualdade plena para todos os cidadãos é realmente um sonho 
impossível de ser alcançado, porém, quanto mais perto conseguirmos estar dessa 
igualdade melhor será para a sociedade em geral, para o grande coletivo de pes-
soas. Em termos gerais, a desigualdade não é ruim para a sociedade, em certos 
níveis ela pode estimular melhoras, o grande problema está nas proporções dessa 
desigualdade que desde 1970 vem aumentando de forma preocupante no mundo 
todo (PIKETTI, 2013).
De acordo como Relatório do Fórum Econômico de Davos (2016) apenas 
62 pessoas detém tanta riqueza quanto à metade da população mundial. No 
Global Wealth Report (Relatório da Riqueza Global) do ano de 2015, elaborado 
pelo banco Credit Suisse, verifica-se que entre 2010 e 2015 ainda é notável e alar-
mante o crescimento da desigualdade mundial. Nesse relatório fica demonstrado 
que a concentração de renda mundial alcançou níveis críticos, semelhantes aque-
les encontrados na época da industrialização antes da Primeira Guerra Mundial. 
Incrivelmente os dados mostram que 0,7% da população existente possui 45,2% 
de toda a riqueza monetária do mundo. Os dados são semelhantes aos demons-
trados por Thomas Piketti (2013), no best seller sobre desigualdade Capital no 
Século XXI, em que o autor fez uma análise econômica profunda e detalhada da 
desigualdade social no mundo. Também são similares ao Relatório do Fórum 
Econômico de Davos (2016) que enfatiza que entre 2010 e 2015 a desigualdade 
aumentou vertiginosamente, sendo demonstrado que 50% da população mun-
dial diminuiu em 41% sua condição econômica, em contraponto aqueles 62 
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mais ricos acresceram seu patrimônio em 500 bilhões de dólares, atingindo 1,76 
trilhões de dólares. O preocupante dessa aceleração da desigualdade é que se 
continuar teremos um colapso, pois existirá um fosso sem fim entre esses prati-
camente 1% da humanidade e seu restante. Poderemos chegar ao momento em 
que a taxa de retorno do capital (taxa de lucro de investimentos e empreendi-
mentos do mundo) passe a ser maior do que a taxa de crescimento da economia 
mundial, ou seja, os grandes empresários e acionistas ficarão mais poderosos que 
a economia mundial. Hoje, já estamos com um poder exacerbado nas mãos de 
poucos e a tendência é isso aumentar (PIKETTI, 2013). 
No Brasil, a desigualdade social historicamente é acentuada. Vem diminuindo 
com oscilações nos últimos 20 anos, porém, ainda de forma tímida. Os dados 
de imposto de renda e índices associados à desigualdade são pouco divulgados 
e alguns não possuem boa confiabilidade o que traz dificuldades para trazer 
resultados completos sobre a desigualdade social brasileira. Segundo dados da 
ONU, em 2005 o Brasil era a 8º nação mais desigual do mundo. O índice Gini, 
que mede a desigualdade de renda, divulgou em 2009 que a do Brasil caiu de 
0,58 para 0,52 (quanto mais próximo de 1, maior a desigualdade). Em 2015 o 
Global Wealth Report (Relatório da Riqueza Global) demonstrou que o Brasil 
teve queda da desigualdade, seguindo caminho inverso da maioria dos paí-
ses. Apesar das reduções o Brasil continua fortemente desigual como confirma 
dados de 2012 das declarações de Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF), que 
demonstram que os 50% mais pobres possuem apenas 2% do patrimônio bra-
sileiro, 8,13% das pessoas possuem 87,40% da riqueza e somente 0,9% detêm 
59,90% da renda brasileira.
Nas cidades essa desigualdade brasileira pode ser observada na favelização, 
pobreza, miséria, desemprego, desnutrição, marginalização, violência e causa 
a chamada segregação, pois tamanha discordância de renda traz ocupação do 
espaço diferenciada, mesmo que o poder público faça o melhor zoneamento 
urbano e consiga boa infraestrutura para a cidade. A contradição que envergonha 
nossa nação nesses dados é que o Brasil possui o décimo maior PIB do mundo. 
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A solução para desigualdade social se concentra na educação de qualidade 
bem distribuída no mundo, em políticas fiscais justas, salários justos e infra-
estrutura de saúde, mobilidade e saneamento (ONU, 2012). A diminuição da 
desigualdade só será possível por meio das instituições de um país, principal-
mente as educativas. Parte dessas soluções podem se enquadrar no planejamento 
urbano de uma cidade, outras dependem de outros setores e gestões políticas 
com planejamento de longo prazo.
A desigualdade social é um problema que visualizamos nas cidades e que 
acaba por ter sinergia com outros problemas e que, por fim, acarretam impactos 
ambientais. Para exemplificar, vamos lembrar que as ocupações ilegais e favelas 
tem ligação direta com a desigualdade social. Como sabemos as áreas centrais 
ou com boas infraestruturas de uma cidade são mais valorizadas e essa valori-
zação dificilmente decai. O imóvel e terrenos no Brasil de modo geral são caros, 
sendo que para maioria da população brasileira se torna inviável adquirir um 
imóvel, mesmo com trabalho e dedicação durante uma vida inteira. Imóveis de 
qualidade e bem localizados acabam só sendo possíveis para pessoas afortunadas, 
que conquistaram boas oportunidades ou receberam herança de parentes ricos. 
Até mesmo o aluguel de um imóvel pode ser inviável, com isso, fica difícil evitar 
a favelização. Através das favelas surge o poder do crime organizado e gera-se 
aumento de violência. Em termos ambientais por essas favelas ou áreas de ocu-
pação ilegal serem normalmente 
em áreas de morro ou naturais, 
ocorrem desmatamentos, ero-
são, desbarrancamentos entre 
outros impactos. Essas regiões 
acabam por não ter infraestru-
tura de esgoto ou água pluvial, 
até mesmo a coleta de lixo usual-
mente pode não ocorrer, sugere 
então a poluição de nascentes, 
rios, solo e lençol freático. 
Figura 8 - Favela da Rocinha, Rio de Janeiro, Brasil
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As ocupações ilegais e a favelização são parte integrante do processo de urba-
nização no Brasil, existindo como prática de mais de 100 anos atrás. A partir 
dos anos 80 as invasões evoluíram de simples ocupações gradativas de famílias 
carentes para enormes ocupações massivas e organizadas. Isso se deve em parte 
a crise econômica que se iniciou em 1979. Várias cidades brasileiras apresen-
tam, a partir dessa data, a ocorrência de ocupações coletivas e organizadas de 
terra, mais raras nas décadas anteriores (MARICATO, 1999). Hoje temos ocu-
pações massivas e gradativas ocorrendo, movimentos de sem teto se amplificam 
e o número e extensão de favelas ainda cresce nas principais cidades brasileiras.
CARÊNCIA DE SANEAMENTO BÁSICO
Saneamento básico envolve um conjunto de serviços e ações que tem o intuito 
de promover a salubridade ambiental, trazendo assim maior qualidade de vida 
tanto em zonas urbanas como rurais. Acaba sendo um arcabouço de medidas 
para mitigação (redução) de impactos ambientais, além de um instrumento da 
saúde pública que intervém sobre o meio físico do homem para eliminar as con-
dições deletérias da saúde. De acordo com Andrade (2013, on-line)5 os serviços 
relacionados ao Saneamento Básico, são:
 ■ Abastecimento de água.
 ■ Coleta, remoção, tratamento e disposição final dos esgotos.
 ■ Coleta, remoção, tratamento e disposição final de resíduos sólidos, lixos.
 ■ Drenagem das águas pluviais.
 ■ Higiene dos locais de trabalho e de lazer, escolas e hospitais.
 ■ Higiene e saneamento de alimentos.
 ■ Controle de artrópodes e de roedores (vetores de doenças).
 ■ Controle de poluição do solo, do ar e da água, poluição sonora e visual.
 ■ Saneamento em épocas de emergência (quando ocorrem calamidades ou 
desastres ambientais).
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O Brasil tem carência de todos esses serviços em muitas regiões, porém, de 
maneira geral é mais evidente os descasos com os resíduos sólidos, que tratare-
mos em item específico devido suas particularidades; abastecimento de água; 
drenagem das águas pluviais; e o que tange o esgoto sanitário. Focaremos então 
nos problemas envolvendo essas três últimas grandes áreas do saneamento. 
O Saneamento Básico de maneira geral, envolve o recurso natural deno-
minado água, que possui algumas informações básicas. Trata-se de um recurso 
natural renovável, ou seja, sua quantidade não se altera no planeta (se mantem 
em um ciclo). O que pode ser alterado é sua distribuição e qualidade. Segundo 
o Atlas da Água, dos especialistas norte-americanos Robin Clarke e Jannet King, 
a Terra dispõe de aproximadamente 1,39 bilhão de quilômetros cúbicos de água, 
e essa quantidade não vai mudar. A água encontra-se distribuída entre doce e 
salgada da seguinte forma 97,5% salgada (mares e oceanos) e apenas 2,5% doce. 
Dessa quantidade de água doce 68,9% encontra-se em forma de gelo (calotas 
polares, geleiras e no cume de montanhas); 29,9% são águas subterrâneas (aquí-
feros); 0,9% são de áreas brejosas e pântanos; e apenas cerca de 0,3% estão nos 
rios e lagos. Utilizamos essa água doce principalmente de rios e lagos, destinando 
70% para a irrigação na agricultura; 20% para a indústria e cerca de 10% para 
uso humano e tratamento de animais.
De acordo com o relatório trienal divulgado em 2009 pela Organização das 
Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), se o tratamento 
e uso da água no mundo continuar degradante, em 2025, cerca de 3 bilhões de 
pessoas sofrerão com a escassez de água, devido à poluição desenfreada e das 
modificações em sua distribuição no planeta.
O maior problema da água no mundo é sua distribuição: 60% em apenas 9 
países, enquanto 80 outros enfrentam escassez. Estima-se que menos de um bilhão 
de pessoas consomem 86% da água existente; 1,4 bilhões sofrem de escassez e 
2 bilhões não possuem água tratada, o que acarreta 85% das doenças segundo 
Organização Mundial da Saúde (2015). O descaso com o tratamento da água é 
enorme, pois se estima que mais de 80% da água usada no mundo não é cole-
tada e nem tratada, isso ocorre principalmente nos países em desenvolvimento. 
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Mesmo a água sendo um recurso renovável existe um tempo para que ocorra sua 
renovação (cerca de 43 mil km cúbicos por ano) para possibilitar o uso humano, 
com isso, pode-se prever que seriam necessários 3,5 vezes a quantidade de água 
doce do mundo se toda a população mundial consumisse água como um euro-
peu ou americano (OMS, 2015).
No Brasil água é um recurso abundante, possuímos os dois dos maiores 
aquíferos do mundo (Guarani e Alter do Chão), além de uma quantidade inve-
jável de rios e lagos (cerca de 12% da água doce do mundo). Porém, o nível de 
poluição sobre nossas águas e desperdício é imenso, principalmente, devido 
à contaminação vinda de produtos químicos de origem agrícola (pesticidas), 
industrial (chumbo e outros metais pesados) e residencial (esgoto doméstico). 
Outro problema é que possuímos território vasto e a água acaba por ser desi-
gualmente distribuída: 72% na região amazônica, 16% no Centro-Oeste, 8% no 
Sul e no Sudeste e 4% no Nordeste. 
O Instituto Trata Brasil (2016, on-line)6 traça um diagnóstico da situação brasi-
leira em termos de abastecimento:
 ■ 82,5% dos brasileiros são atendidos com abastecimento de água tratada. 
Porém, mais de 35 milhões de brasileiros ficam sem o acesso a este ser-
viço básico.
 ■ A cada 100 litros de água coletados e tratados, em média, apenas 67 litros 
são consumidos. Perde-se 37% da água, seja com vazamentos, roubos e 
ligações clandestinas, falta de medição ou medições incorretas no con-
sumo de água.
 ■ A soma do volume de água perdida por ano nos sistemas de distribuição 
das cidades daria para encher 6 (seis) sistemas Cantareira.
 ■ A região Sudeste apresenta 91,7% de atendimento total de água; enquanto 
isso, o Norte apresenta índice de 54,51%. A região Norte é a que mais 
perde, com 47,90%; enquanto isso, o Sudeste apresenta o menor índice 
com 32,62%.
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 ■ A média de consumo per capita de água no Brasil em três anos é de 165,3 
litros por habitante ao dia. Em 2014, este valor foi 162 l/hab.dia. Em três 
anos, a região Sudeste apresentou o maior índice com 192 l/hab.dia e o 
menor foi o Nordeste com 125,3 l/hab.dia. Em 2014, o Sudeste conti-
nuou como maior índice 187,9 l/hab.dia e o Nordeste como o menor de 
118,9 l/hab.dia.
A drenagem das águas de uma cidade é outro requisito importante do Saneamento 
Básico, que influi na qualidade das águas. Quando mal implementado e geren-
ciado pode causar grandes prejuízos e impactos ambientais. Nas cidades ocorre 
uma grande impermeabilização do solo, as calçadas, ruas e edificações impedem 
que a água da chuva possa infiltrar no solo. Essa água da chuva é conduzida pelas 
chamadas galerias pluviais para bacias hidrográficas do município (nascentes, 
córregos e rios). A população de uma cidade raramente percebe os impactos que 
as águas pluviais acabam por fazer nas bacias hidrográficas, que normalmente 
estão em Áreas de Preservação Permanente (APP) (matas ciliares, parques, nas-
centes), pois os estragos ficam escondidos pelo mato. Quando chove o lixo que 
a população descarta nas ruas acaba indo diretamente para essas áreas naturais 
contaminando rios e animais, além de condicionar o aparecimento de vetores de 
doenças. Além disso, as águas pluviais, na maioria dos casos, acabam adquirindo 
velocidades intensas dentro do sistema de drenagem e quando são descartadas 
causam erosões enormes deformando leitos de rios, podendo chegar a causar o 
aterramento do leito original. A seguir seguem fotos dos municípios de Maringá 
e Umuarama no Paraná, em que constata-se grandes impactos das águas plu-
viais em APP dessas cidades.
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Figura 9 - Galeria pluvial no Parque Municipal dos 
Xetá - Umuarama. Fonte: o autor
Figura 10 - Saída de várias galerias pluviais em 
área de nascentedo corrego principal do Parque 
dos Xetá. Fonte: o autor.
Figura 11 - Voçoroca degradando leito de córrego
do Parque Municipal dos Xetá. Fonte: o autor.
Figura 12 - Voçoroca causada por descarga de 
água pluvial no Bosque dos Pioneiros – 
Maringá-PR. Fonte: o autor.
Figura 13 - Erosão nas margens do Córrego Cleópatra 
no Bosque dos Pioneiros. Fonte: o autor.
Figura 14 - Voçoroca no leiro do Córrego Cleópatra
e água poluída vinda de galerias pluviais. Fonte: o
autor.
HISTÓRICO E ASPECTOS GERAIS DO PLANEJAMENTO URBANO
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IU N I D A D E46
A infiltração é importante dentro do ciclo natural da água (ciclo hidrológico), 
pois regula a vazão dos rios, distribuindo-a ao longo de todo o ano, evitando, 
assim, os fluxos repentinos, que provocam inundações. A impermeabilização de 
grandes áreas como o que ocorre nas cidades traz graves problemas de infiltra-
ção, justamente por isso é importante haver considerável porcentagem de áreas 
permeáveis

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