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TEORIA GERAL 
DO PROCESSO 
 
 
 
 
 
 
 
08	Fall	
TEORIA	GERAL	DO	PROCESSO	 2	
 
 
 
 
TEORIA	GERAL	DO	PROCESSO	 3	
Módulo 1. 
MEIOS DE SOLUÇÃO DOS CONFLITOS SOCIAIS. AUTOCOMPOSIÇÃO. 
HETEROCOMPOSIÇÃO. MEIOS EXTRAJUDICIAIS DE COMPOSIÇÃO 
DE CONFLITOS. 
 
Meios de solução dos conflitos sociais. 
 É da natureza do ser humano tanto a sociabilidade quanto a necessidade por 
mudanças, e justamente em razão dessas duas características é que surgem os 
conflitos. 
 Tais conflitos são resolvidos, seja pelo uso da força, pelo ajuste entre os 
envolvidos ou então pela atuação do Poder Judiciário. 
 O uso da força (autotutela) não é uma forma de pacificação social efetiva, 
muito pelo contrário, é uma fonte de violência que perturba a sociedade. 
São características desse sistema: 
• ausência de juiz distinto das partes; 
• imposição da decisão por uma das partes à outra; 
• Emprego de violência; 
 Além do mais, a autotutela é considerada crime em nosso atual ordenamento 
jurídico: 
Exercício arbitrário das próprias razões 
Art. 345 - Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer 
pretensão, embora legítima, salvo quando a lei o permite: 
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa, além da pena 
correspondente à violência. 
 Entretanto, a lei admite em determinadas circunstâncias que o indivíduo se 
utilize de seus próprios recursos para alcançar suas pretensões, como por exemplo, 
nas hipóteses do artigo 23, incisos I e II do Código Penal: 
Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato: 
I - em estado de necessidade; 
II - em legítima defesa; 
 No mesmo sentido os artigos 188, I e 1.210, § 1º do Código Civil: 
Art. 188. Não constituem atos ilícitos: 
TEORIA	GERAL	DO	PROCESSO	 4	
I - os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um 
direito reconhecido; 
E 
Art. 1.210. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso 
de turbação, restituído no de esbulho, e segurado de violência 
iminente, se tiver justo receio de ser molestado. 
§ 1º O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou 
restituir-se por sua própria força, contanto que o faça logo; os atos 
de defesa, ou de desforço, não podem ir além do indispensável à 
manutenção, ou restituição da posse. 
 Porém existem outras formas de solução de conflitos que não por meio da 
autotutela, já que a solução de conflitos entre os envolvidos de forma extrajudicial 
raramente acontece em razão da ausência de uma cultura pacificadora em nosso País. 
 Dessa forma resta ao Poder Judiciário solucionar a grande maioria dos 
problemas surgidos em decorrência das relações entre os indivíduos. Contudo essa 
grande busca pela solução a ser imposta pelo Estado, além de sobrecarregar a 
estrutura do Poder Judiciário, também não garante a pacificação da sociedade, pois a 
parte vencida nem sempre se conforma com a sentença proferida. 
Autocomposição. 
 A autocomposição é atividade que encontra respaldo no direito, como meio 
de solução dos conflitos, mediante as atividades consistentes na pacificação. 
 Em busca da pacificação uma das partes em conflito, ou ambas, abrem mão 
do interesse ou de parte dele: 
• desistência (renúncia à pretensão) 
• submissão (renúncia à resistência oferecida à pretensão) 
• transação (concessões recíprocas) 
 Na autocomposição a solução do conflito é criada pelas partes. Os exemplos 
mais comuns são: 
i. Negociação – é a comunicação voltada à persuasão. As partes têm total 
controle sobre o processo e seu resultado: i) escolhem o momento e o local da 
negociação; ii) definem como será feita a negociação; iii) continuam, 
suspendem, abandonam ou recomeçam as negociações de acordo com a 
conveniência e interesse das partes; iv) estabelecem os protocolos dos trabalhos 
na negociação; v) podem ou não chegar a um acordo e têm o total controle do 
resultado. E mais, a negociação e o acordo podem abranger valores ou 
TEORIA	GERAL	DO	PROCESSO	 5	
questões diretamente relacionadas à disputa e variam, significativamente, 
quanto à matéria e à forma, podendo, inclusive, envolver um pedido de 
desculpas, trocas criativas, valores pecuniários, valores não pecuniários. Assim, 
todos os aspectos devem ser considerados relevantes e negociáveis. 
i. Conciliação – é um processo consensual breve, envolvendo contextos 
conflituosos menos complexos, no qual as partes são auxiliadas por um terceiro, 
neutro à disputa, sem interesse na causa para ajuda-las, por meio de técnicas 
adequadas, a chegar a uma solução ou acordo. No Código de Processo Civil 
(CPC) o legislador reservou para a conciliação os casos em que não haja vínculo 
anterior entre as partes – artigo 165, § 2º: 
Art. 165. [...] § 2º O conciliador, que atuará preferencialmente nos 
casos em que não houver vínculo anterior entre as partes, poderá 
sugerir soluções para o litígio, sendo vedada a utilização de 
qualquer tipo de constrangimento ou intimidação para que as 
partes conciliem. 
i. Mediação – é um processo autocompositivo segundo o qual as partes em 
disputa são auxiliadas por uma terceira parte neutra ao conflito e sem interesse 
na causa, para se chegar a uma composição por meio da comunicação. A 
mediação se apoia nos paradigmas das ciências contemporâneas e, não 
trabalha com verdades absolutas, tem o objetivo de aceitar a complexidade dos 
fenômenos interpessoais. A mediação é sugerida para os conflitos em que haja 
um vínculo anterior entre as partes, e sempre que possível seja preservado tal 
vínculo – artigo 165, § 3º do CPC: 
Art. 165. [...] § 3º O mediador, que atuará preferencialmente nos 
casos em que houver vínculo anterior entre as partes, auxiliará aos 
interessados a compreender as questões e os interesses em 
conflito, de modo que eles possam, pelo restabelecimento da 
comunicação, identificar, por si próprios, soluções consensuais que 
gerem benefícios mútuos. 
Heterocomposição. 
 Heterocomposição é a solução do conflito por um terceiro, que se caracteriza 
por ser uma pessoa distinta da pessoa das partes. As formas mais comuns de 
heterocomposição são: 
 
i. Arbitragem - é uma forma de solução de conflitos relativo a direitos patrimoniais 
disponíveis, em que as partes escolhem um árbitro, ou grupo de árbitros, para 
TEORIA	GERAL	DO	PROCESSO	 6	
que este(s) resolva(m) o litígio por meio de uma sentença arbitral. A arbitragem 
é disciplinada no Brasil pela Lei nº 9.307/96 (Lei de Arbitragem). “É permitida a 
arbitragem, na forma da lei” nos termos do § 1º do artigo 3º Código de 
Processo Civil. A arbitragem pode ser instituída por meio de compromisso 
arbitral judicial ou extrajudicial, nos termos do artigo 9º da Lei de Arbitragem: 
Art. 9º O compromisso arbitral é a convenção através da qual as 
partes submetem um litígio à arbitragem de uma ou mais pessoas, 
podendo ser judicial ou extrajudicial. 
§ 1º O compromisso arbitral judicial celebrar-se-á por termo nos 
autos, perante o juízo ou tribunal, onde tem curso a demanda. 
§ 2º O compromisso arbitral extrajudicial será celebrado por escrito 
particular, assinado por duas testemunhas, ou por instrumento 
público. 
i. Jurisdição - Trata-se de uma das funções do Estado. É a realização do Direito 
por um terceiro imparcial que aplica a norma a uma situação concreta, 
resolvendo os litígios. O resultado da resolução do conflito pela via jurisdicional 
consuma-se por intermédio de uma sentença. 
Meios extrajudiciais de composição de conflitos. 
 As formas de autocomposição e de heterocomposição podem se dar de forma 
judicial ou extrajudicial, com exceção da via jurisdicional que obrigatoriamente ocorre 
por decisão de órgão atrelado ao PoderJudiciário. 
 Portanto a negociação, a mediação, a conciliação e a arbitragem também são 
reconhecidas como meios extrajudiciais de composição de litígios. 
 O Código de Processo Civil demonstra a preocupação do legislador com a 
necessidade de solucionar os conflitos. 
 Com uma leitura da exposição de motivos do CPC verificamos que um dos 
objetivos da novel legislação é criar condições para que o juiz possa proferir decisão 
de forma mais rente à realidade fática subjacente à causa. Assim, a ideia foi converter 
o processo em um instrumento incluído no contexto social que produzirá efeito o seu 
resultado. Foi dada ênfase à possibilidade das partes porem fim ao conflito por meio 
da mediação ou da conciliação. Entendeu-se que a satisfação efetiva das partes pode 
dar-se de modo mais intenso e efetivo se a solução for criada por elas e não imposta 
pelo juiz. 
 
TEORIA	GERAL	DO	PROCESSO	 7	
Modulo 2 
DIREITO PROCESSUAL. CONCEITO. AUTONOMIA. DENOMINAÇÃO. 
DIVISÃO. RELAÇÕES COM OUTRAS DISCIPLINAS JURÍDICAS. 
OBJETIVO. 
 
Direito Processual. 
 
 A atividade legislativa estabelece normas que segundo a consciência 
dominante, deve reger as mais variadas relações, dizendo o que é lícito e o que é 
ilícito, atribuindo poderes, faculdades e obrigações. 
 A Constituição Federal reservou, privativamente, para a União a competência 
para legislar sobre matéria processual. Eis o teor do artigo 22, I: 
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: 
I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, 
marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho; 
 Contudo, a própria CF traz a possibilidade dos Estados e do Distrito Federal 
legislar concorrentemente com a União a respeito de procedimentos em matéria 
processual quando: 
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar 
concorrentemente sobre: 
[...] 
XI - procedimentos em matéria processual; 
[...] 
§ 1º No âmbito da legislação concorrente, a competência da União 
limitar-se-á a estabelecer normas gerais. 
§ 2º A competência da União para legislar sobre normas gerais não 
exclui a competência suplementar dos Estados. 
§ 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados 
exercerão a competência legislativa plena, para atender a suas 
peculiaridades. 
§ 4º A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende 
a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário. 
 
 
TEORIA	GERAL	DO	PROCESSO	 8	
 E ainda, a Carta Magna veda que o direito processual civil seja disciplinado 
por meio de medida provisória: 
Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da 
República poderá adotar medidas provisórias, com força de lei, 
devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional. 
§ 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria: 
I – relativa a: 
a) nacionalidade, cidadania, direitos políticos, partidos políticos e 
direito eleitoral; 
b) direito penal, processual penal e processual civil; 
c) organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a 
carreira e a garantia de seus membros; 
d) planos plurianuais, diretrizes orçamentárias, orçamento e 
créditos adicionais e suplementares, ressalvado o previsto no art. 
167, § 3º 
 De forma simplista podemos dizer que o legislador estabelece normas de 
direito material e de direito processual. 
 As normas de direito material tratam de normas de conduta, com as quais o 
Estado proporciona o controle do comportamento social, ou seja, cria conjunto de 
normas que disciplinam as relações jurídicas referentes aos bens e utilidades da vida. 
 As normas de direito processual, por sua vez, formam um sistema de princípios 
e normas legais que regulam o processo, disciplinando a atividade dos sujeitos da 
relação processual, dos órgãos jurisdicionais e de seus auxiliares. 
 Também convém mencionar que o novo CPC sofreu grande influência do 
direito constitucional. 
 Com uma leitura da exposição de motivos da nova lei processual civil 
verificamos a nítida constitucionalização do direito processual: 
Um sistema processual civil que não proporcione à sociedade o 
reconhecimento e a realização dos direitos, ameaçados ou 
violados, que têm cada um dos jurisdicionados, não se harmoniza 
com as garantias constitucionais de um Estado Democrático de 
Direito. 
 
TEORIA	GERAL	DO	PROCESSO	 9	
Sendo ineficiente o sistema processual, todo o ordenamento 
jurídico passa a carecer de real efetividade. De fato, as normas de 
direito material se transformam em pura ilusão, sem a garantia de 
sua correlata realização, no mundo empírico, por meio do 
processo. 
[...] 
 Há mudanças necessárias, porque reclamadas pela 
comunidade jurídica, e correspondentes a queixas recorrentes dos 
jurisdicionados e dos operadores do Direito, ouvidas em todo país. 
Na elaboração deste Anteprojeto de Código de Processo Civil, 
essa foi uma das linhas principais de trabalho: resolver problemas. 
Deixar de ver o processo como teoria descomprometida de sua 
natureza fundamental de método de resolução de conflitos, por 
meio do qual se realizam valores constitucionais. 
[...] 
 A coerência substancial há de ser vista como objetivo 
fundamental, todavia, e mantida em termos absolutos, no que 
tange à Constituição Federal da República. Afinal, é na lei ordinária 
e em outras normas de escalão inferior que se explicita a promessa 
de realização dos valores encampados pelos princípios 
constitucionais. 
[...] 
 Com evidente redução da complexidade inerente ao 
processo de criação de um novo Código de Processo Civil, poder-
se-ia dizer que os trabalhos da Comissão se orientaram 
precipuamente por cinco objetivos: 1) estabelecer expressa e 
implicitamente verdadeira sintonia fina com a Constituição Federal; 
 Assim podemos identificar inúmeros dispositivos legais na Constituição 
Federal que estão relacionados com o Direito Processual, dos quais destacamos os 
que seguem: 
Art. 5º 
[...] 
LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela 
autoridade competente; 
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o 
devido processo legal; 
TEORIA	GERAL	DO	PROCESSO	 10	
LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos 
acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, 
com os meios e recursos a ela inerentes; 
LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios 
ilícitos; 
[...] 
LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais 
quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem; 
[...] 
LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos 
que comprovarem insuficiência de recursos; 
[...] 
LXXVIII a todos, no âmbito judicial e administrativo, são 
assegurados a razoável duração do processo e os meios que 
garantam a celeridade de sua tramitação. 
Conceito. 
 O direito processual é ramo do direito público. Tem suas características 
ditadas pelo direito constitucional. As normas de direito processual fixam a estrutura 
dos órgãos jurisdicionais, que garantem a distribuição da justiça com a aplicação do 
direito objetivo. 
 A atividade jurisdicional busca a realização prática daquelas normas em caso 
de conflitos de pessoas, declarando qual é o preceito pertinente ao caso concreto e 
desenvolvendo medidas para que esse preceito seja efetivado. 
 Assim podemos definir o direito processual como sendo um conjunto de 
princípios e normas jurídicas que normatizam e organizam a atividade jurisdicional, 
bem como disciplinam a solução das lides por meio do exercício da jurisdição.O processo civil tem caráter instrumental, e concretiza a efetividade das leis 
materiais. 
 O direito processual é assim, do ponto de vista de sua função puramente 
jurídica, um instrumento a serviço do direito material. 
Autonomia. 
 Muito embora o direito processual sirva de instrumento para que o Estado 
exercite o Poder Jurisdicional ele é autônomo em relação ao direito material. 
 
TEORIA	GERAL	DO	PROCESSO	 11	
Denominação. 
 Ao longo da história diversos nomes foram atribuídos ao direito processual. 
 No século XI falava-se em “práticas”, o que demonstra que o entendimento 
era limitado ao aspecto pragmático da solução do conflito, sem qualquer análise ou 
preocupação científica com o tema. 
 Mais adiante se tratou do direito processual como sendo “direito judiciário”, 
focando apenas na figura do juiz, deixando de lado os demais sujeitos envolvidos no 
processo e também todos os demais temas relevantes. 
 Finalmente, no século XIX, surge a nomenclatura direito processual, que hoje é 
a dominante. 
 Assim hoje em dia podemos indicar que o direito processual é o ramo que 
estuda o conjunto de normas e princípios que regulam a função jurisdicional do 
Estado em todos os seus aspectos (procedimentos + sujeitos). 
 
Divisão. 
 As principais divisões do direito processual são Direito Processual Civil, Direito 
Processual Penal e Direito Processual do Trabalho, e cada uma destas divisões atua 
como suporte para as demandas que tenham como causa subjacente matérias civil, 
penal e trabalhista. 
 
Relações com outras disciplinas jurídicas. 
 Muito embora o direito processual seja um ramo autônomo do Direito, 
devemos entender que ele não se apresenta de forma isolada. 
 Íntima é a sua ligação com outros ramos do direito como, por exemplo: 
Direito Constitucional - os princípios processuais mais importantes se encontram na 
Constituição Federal. Além disso, também encontramos na CF os direitos e garantias 
fundamentais, a organização e competência dos órgãos do Poder Judiciário, etc. 
Direito Penal – levando em consideração vários fatos penais relevantes, acaba por nos 
remeter ao citado ramo do direito, para que sejam retirados os conceitos necessários 
à compreensão dos institutos positivados no âmbito do direito processual civil, como 
por exemplo, falso testemunho, falsa perícia, etc. 
Direito Administrativo – relaciona-se com o processo civil em relação às normas 
relativas aos auxiliares da justiça 
TEORIA	GERAL	DO	PROCESSO	 12	
Direito Empresarial – o direito empresarial trata títulos executivos extrajudiciais, que 
podem ser executados em caso de inadimplemento de acordo com o CPC. 
Direito Civil – o direito material trata de vários temas de relevante importância como, 
por exemplo: capacidade das pessoas, provas, prescrição, decadência, etc. 
 
Objetivo. 
 O direito processual civil tem por finalidade regular a atividade Estatal no 
sentido de se buscar a composição das lides, a fim de aplicar o direito ao caso 
concreto. 
 Essa visão implica numa postura publicística do processo, em que a jurisdição 
seria o instrumento utilizado para que o Estado alcance um dos fins que lhe são 
próprios, a pacificação social. 
 Assim podemos dizer que a pacificação é o escopo maior da jurisdição e, por 
consequência, de todo o sistema processual. 
 Com efeito, todo o sistema processual estaria voltado para a consecução deste 
objetivo, que é próprio da jurisdição, que corresponde ao Poder Estatal de resolver os 
conflitos sociais. 
 A doutrina moderna aponta ainda outros objetivos do processo, como por 
exemplo: a educação para o exercício de direitos; a preservação da liberdade; o 
respeito pelo ordenamento jurídico; a atuação da vontade concreta do direito, etc. 
 
 
TEORIA	GERAL	DO	PROCESSO	 13	
MODULO 3 
FONTES, INTERPRETAÇÃO E EFICÁCIA DA NORMA PROCESSUAL. 
 
Fontes 
 São fontes do Direito os meios de produção ou expressão da norma jurídica. 
 O artigo 4º da Lei de Introdução às normas do direito brasileiro (LINDB) tem a 
seguinte redação: 
Art. 4º Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os 
costumes e os princípios gerais de direito.” 
 Assim temos que são fontes do direito a lei, a analogia, os costumes e os 
princípios gerais de direito. 
 Especificamente em relação ao novo Código de Processo Civil, o legislador 
também incluiu como fonte do direito processual outros ramos do Direito: 
Art. 15. Na ausência de normas que regulem processos eleitorais, trabalhistas ou 
administrativos, as disposições deste Código lhes serão aplicadas supletiva e 
subsidiariamente. 
Classificando de forma hierárquica, a principal fonte do direito é a lei e as fontes 
secundárias são a analogia (não é fonte mas sim um método de integração), costumes 
e princípios gerais de direito. Há ainda quem considere a doutrina, a jurisprudência e 
os brocardos jurídicos como fontes secundárias do direito. Entre as fontes secundárias 
não existe hierarquia, mas sim cronologia. 
A lei é o preceito jurídico escrito, emanado do legislador e dotado de caráter geral e 
obrigatório. Ela tem como características: 
i) a generalidade – dirigida a todos os cidadãos de forma indistinta. Porém podem ser 
dirigidas a uma determinada categoria. Ex: funcionários públicos; 
ii) imperatividade - impõe uma conduta, uma ordem, um comando; 
iii) autorizamento - autoriza ao lesado a exigência de seu cumprimento ou reparação 
pelo mal experimentado; 
iv) permanência – duram até que sejam revogadas. Exceto as leis temporárias; e 
v) emanadas pela autoridade competente – Ato exclusivo do Poder Legislativo. 
 Ainda podemos considerar que as normas estão hierarquicamente organizadas 
nos termos do artigo 59 da Constituição Federal: 
Art. 59. O processo legislativo compreende a elaboração de: 
TEORIA	GERAL	DO	PROCESSO	 14	
I - emendas à Constituição; 
II - leis complementares; 
III - leis ordinárias; 
IV - leis delegadas; 
V - medidas provisórias; 
VI - decretos legislativos; 
VII - resoluções. 
 Quanto à especialidade podemos classificar as normas considerando a 
amplitude das mesmas: 
i) normas gerais – são normas que discorrem sobre todo um ramo do Direito. Ex: 
Código Civil, CLT; e 
ii) normas especiais – são aquelas que regulam algum ramo do Direito. Ex: Lei de 
locações. 
 Como fonte secundária do Direito, a analogia trata da aplicação a um caso não 
regulado de modo direto por uma norma jurídica, de uma prescrição normativa 
prevista por uma hipótese distinta, mas semelhante ao caso não contemplado, 
fundando-se na identidade do motivo da norma e não do fato. 
 A analogia pode ser dividida em: 
i) legis – aplicação da norma jurídica semelhante ao caso concreto não contemplado 
por lei; e 
ii) iuris – aplicação de qualquer forma existente. 
 Outra fonte do direito são os costumes. Podemos definir costume como sendo 
uma norma aceita como obrigatória pela consciência do povo, sem que o Poder 
Público a tenha estabelecido. Para que seja reputada uma fonte do direito são 
necessários dois requisitos: 
i) subjetivo – é a crença da obrigatoriedade, pois em caso de descumprimento incide 
sanção; e 
ii) objetivo – é a constância na realização do ato. 
 Convém apontar que o costume difere do hábito, pois nesse não existe o 
elemento subjetivo, ou seja, a crença na obrigatoriedade. 
 E quanto aos princípios gerais de direito temos que os mesmos são fontes de 
caráter geral que regem um conjunto de fenômenos fundamentais admitidos como 
base da ciênciado direito. São considerados como a espinha dorsal de todos os 
TEORIA	GERAL	DO	PROCESSO	 15	
ramos do Direito no ordenamento jurídico, portanto são normas elementares que dão 
base estrutural ao Direito, definindo a conduta a ser tida em qualquer relação jurídica. 
 
Interpretação. 
 É a função de descobrir o sentido e o alcance da norma, buscando o 
significado dos conceitos jurídicos. 
 O artigo 5º da LINDB foi redigido da seguinte forma: 
“Art. 5º Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às 
exigências do bem comum.” 
 Existem inúmeras técnicas utilizadas para interpretar as normas, sendo as mais 
comuns: 
i) Gramatical/literal – verificação do sentido dos vocábulos do texto; 
ii) Lógica – análise para tentar verificar a existência de antinomias; 
iii) Sistemática – interpretação que leva em consideração o sistema em que se insere a 
norma, relacionando-a com outras que tem o mesmo objetivo; 
iv) Histórica – baseia-se no estudo do antecedente da norma; e 
v) Sociológico/Teleológica – interpretação que busca atingir os fins sociais da norma. 
 
Eficácia da Norma Processual. 
 A norma jurídica tem a sua eficácia limitada tanto no espaço quanto no tempo, 
isto é, aplica-se apenas dentro de dado território e por certo período do tempo. 
 A eficácia da norma processual no espaço é regulada pelo principio da 
territorialidade. 
 A lei processual, em relação ao território, tem por finalidade disciplinar a 
atividade jurisdicional, que é uma das formas de manifestação do Poder soberano do 
Estado. 
 Obviamente o juiz não deve ignorar a aplicação da lei estrangeira, porém deve 
atentar para qual caso ela poderá ser aplicada, nos termos do artigo 13 do Código de 
Processo Civil vigente: 
Art. 13. A jurisdição civil será regida pelas normas processuais brasileiras, ressalvadas 
as disposições específicas previstas em tratados, convenções ou acordos 
internacionais de que o Brasil seja parte. 
TEORIA	GERAL	DO	PROCESSO	 16	
 Assim, tal artigo reconhece a regra da validade espacial do ordenamento 
jurídico interno para a regulamentação da jurisdição civil brasileira e ressalta a 
possibilidade de influência das normas de Direito Internacional no exercício da 
jurisdição interna, quando ratificadas pelo Brasil. 
 Exemplo claro de soberania da lei processual brasileira pode ser encontrado 
no § 1º do artigo 10 da LINDB: 
Art. 10. A sucessão por morte ou por ausência obedece à lei do país em que 
domiciliado o defunto ou o desaparecido, qualquer que seja a natureza e a situação 
dos bens. 
§ 1º A sucessão de bens de estrangeiros, situados no País, será regulada pela lei 
brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, ou de quem os 
represente, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do de cujus. 
 Tal dispositivo legal foi praticamente repetido no inciso II do artigo 23 do novo 
CPC: 
Art. 23. Compete à autoridade judiciária brasileira, com exclusão de qualquer outra: 
[...] 
II - em matéria de sucessão hereditária, proceder à confirmação de testamento 
particular e ao inventário e à partilha de bens situados no Brasil, ainda que o autor da 
herança seja de nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do território 
nacional; 
 Por sua vez, a eficácia da norma processual no tempo importa em dizer que as 
normas processuais estão sujeitas à eficácia temporal das leis, constantes da Lei de 
Introdução às Normas de Direito Brasileiro: 
Art. 1o Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e 
cinco dias depois de oficialmente publicada. 
§ 1o Nos Estados, estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, 
se inicia três meses depois de oficialmente publicada. 
§ 2o (Revogado pela Lei nº 12.036, de 2009). 
§ 3o Se, antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto, 
destinada a correção, o prazo deste artigo e dos parágrafos anteriores começará a 
correr da nova publicação. 
§ 4o As correções a texto de lei já em vigor consideram-se lei nova. 
 E 
TEORIA	GERAL	DO	PROCESSO	 17	
Art. 6º A Lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, 
o direito adquirido e a coisa julgada. 
 Além daquilo que está disposto na LINDB, o CPC atual também dispõe que o 
novo regramento processual terá aplicação imediata, ainda que o feito tenha se 
iniciado sob a vigência da lei revogada. 
 Assim, em relação às normas processuais, temos que as mesmas atingem o 
processo no estado em que ele se encontra, nos moldes do artigo 14 do CPC: 
Art. 14. A norma processual não retroagirá e será aplicável imediatamente aos 
processos em curso, respeitados os atos processuais praticados e as situações 
jurídicas consolidadas sob a vigência da norma revogada. 
 Portanto os atos processuais validamente realizados à luz do sistema 
processual anterior não serão prejudicados, nem refeitos. 
 O novo CPC trata da aplicação temporal da lei processual, em conformidade 
com a previsão do artigo 5º, inciso XXXVI da Constituição Federal, e do art. 6º da 
LINDB sobre o respeito da lei nova ao ato jurídico perfeito, ao direito adquirido e à 
coisa julgada, pois conforme o princípio do isolamento dos atos processuais, a norma 
processual aplica-se imediatamente aos processos em curso, no ponto em que 
estiverem não retroagindo aos atos processuais realizados ou às situações jurídicas 
consolidadas na vigência da lei anterior. 
 
 
TEORIA	GERAL	DO	PROCESSO	 18	
Módulo 4. 
PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DO PROCESSO. 
 
Princípios Constitucionais do Processo. 
 A palavra princípio, de forma genérica e simples, nos dá a ideia de começo, 
origem. 
 Contudo de forma mais aprofundada e relacionada com o Direito, devemos 
entender que princípio é o mandamento nuclear de um sistema, que se irradia sobre 
as normas formando o espírito e também servindo de critério para sua compreende-
lo. 
 Os princípios podem ser considerados como a coluna vertebral do Direito, 
tudo parte deles e neles terminam, portanto eles não podem ser ignorados nem 
relegados a um segundo plano, ao contrário, se faz necessária uma grande 
importância aos princípios para uma melhor compreensão do direito processual. 
 O novo Código de Processo Civil (CPC) traz grande relação com a Constituição 
Federal (CF). 
 Na exposição de motivos a comissão responsável pela elaboração da nova 
legislação apontou que um dos cinco objetivos era “estabelecer expressa e 
implicitamente verdadeira sintonia fina com a Constituição Federal”. 
 Assim todos os atos processuais devem ser regidos, realizados e interpretados 
em estrita simetria com os princípios contemplados na Constituição Federal. 
 Podemos concluir que o Código de Processo Civil traz inúmeros princípios 
constitucionais. 
 
Tutela constitucional do processo. 
 Convém lembrar que a Constituição Federal situa-se no topo da hierarquia de 
todas as fontes do Direito, contendo os fundamentos institucionais e políticos de todo 
ordenamento jurídico. 
 Em seu texto são inseridas as garantias constitucionais do processo. 
 Tal assertiva foi expressa no artigo 1º do Código de Processo Civil: 
Art. 1o O processo civil será ordenado, disciplinado e interpretado 
conforme os valores e as normas fundamentais estabelecidos 
na Constituição da República Federativa do Brasil, observando-se 
as disposições deste Código. 
 
TEORIA	GERAL	DO	PROCESSO	 19	
Princípio da inafastabil idade do controle jurisdicional.O princípio da inafastabilidade do controle jurisdicional tem previsão tanto na 
Constituição Federal (art. 5º, XXXV) quanto no novo Código de Processo Civil (art. 3º): 
Art. 5º. [...] 
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão 
ou ameaça a direito; 
E 
Art. 3o Não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça ou lesão 
a direito. 
 O CPC praticamente repete o teor do art. 5º, XXXV, da CF. 
 O legislador confirmou o compromisso firmado pelo ordenamento jurídico em 
ofertar ao indivíduo não apenas prestação jurisdicional de cunho repressivo, mas 
também a prevenção a qualquer ameaça ou lesão a direito. 
 
Princípio do juiz natural. 
 
Art. 5º [...] 
XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção; 
 O princípio do juiz natural proíbe a existência dos Tribunais de Exceção, que 
são juízos criados para julgar fatos já ocorridos, com parcialidade, para prejudicar ou 
beneficiar alguém (coincide com os regimes ditatoriais). 
 Assim, a cláusula do juiz natural representa a garantia de que alguém somente 
será condenado por órgão jurisdicional preexistente ao ato praticado por essa pessoa, 
vale dizer, por órgão judicante pré-constituído, proibindo a constituição de órgão ex 
post facto, sendo consequência do Estado de Direito. 
 A Constituição ainda, em decorrência do juiz natural, para que o magistrado 
não seja influenciado, internamente ou externamente, contemplou a magistratura com 
as garantias da vitaliciedade, inamovibilidade e irredutibilidade de vencimentos. 
 Não devemos confundir juízo natural e juízo especializado, pois o último indica 
a existência de órgãos jurisdicionais dotados de competência específica (em 
contraposição à competência comum), como é o caso da Justiça do Trabalho, Justiça 
Eleitoral e Justiça Militar, mas já previstos anteriormente para julgar matéria específica 
na lei. 
TEORIA	GERAL	DO	PROCESSO	 20	
 Também não se deve confundir juízo de exceção e prerrogativa de foro, que 
se constitui em razão da lei, levando em conta certo interesse público, define a 
competência do órgão jurisdicional segundo o foro. Ex: ações em face da União 
perante a Justiça Federal; ação de alimentos no foro do domicílio do alimentando; 
ação de separação ou anulação de casamento no foro da residência da mulher; 
julgamento do Presidente da República nos crimes de responsabilidade pelo Senado 
Federal, etc...; 
 Portanto, o princípio do juiz natural se traduz no seguinte conteúdo: a) 
exigência de determinabilidade, consistente na prévia individualização do juízes por 
meio de leis gerais; b) garantia de justiça material (independência e imparcialidade 
dos juízes); c) fixação de competência absoluta, vale dizer, a existência de critérios 
objetivos para a determinação de competência dos juízes; d) observância das 
determinações de procedimento referentes à divisão funcional interna, ficando 
vedado o mecanismo de substituição, designação e convocação de juízes pelo Poder 
Executivo, tarefa reservada exclusivamente ao Judiciário, em virtude do princípio do 
autogoverno da magistratura. 
 
Princípio do devido processo legal. 
Art. 5º [...] 
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o 
devido processo legal; 
 O devido processo legal (due process of law) é o direito ao processo, que não 
pode ser entendido somente como uma simples ordenação dos atos, através de 
qualquer procedimento; este há de realizar-se em contraditório, cercando-se de todas 
as garantias necessárias para que as partes possam sustentar suas razões, produzir 
provas, influir sobre a formação do convencimento do juiz, legitimando o exercício da 
função jurisdicional. 
 Princípio fundamental do processo, sobre o qual todos os outros se sustentam 
(super princípio). Configura gênero do qual todos os demais princípios constitucionais 
são espécies. 
 Do Princípio do devido processo legal decorre, por exemplo: contraditório e 
ampla defesa (LV); igualdade processual (I); publicidade das decisões (LX); dever de 
motivar as decisões (art. 93,IX); inviolabilidade do domicílio (XI). 
 Na área processual penal: presunção de não culpabilidade do acusado (LVIII); 
indenização por erro judiciário e prisão que supere os limites da condenação; Prevista 
na Constituição Americana (Emenda nº 5), caracteriza-se pelo trinômio vida-liberdade-
propriedade. 
TEORIA	GERAL	DO	PROCESSO	 21	
 No Brasil, a CF faz referência ao binômio liberdade-propriedade, porquanto 
não é permitida a pena de morte, salvo em caso de guerra (art. 5º., XLVII, “a”). 
 Princípios Processuais derivados do due process na Constituição Federal de 
1988. (OBS: Para a maioria da doutrina, a amplitude da cláusula do devido processo 
legal tornaria desnecessária qualquer outra dogmatização principiológica 
relativamente ao processo civil). 
 
Princípio do contraditório e da ampla defesa. 
 O princípio constitucional do contraditório e o da ampla defesa repousa na 
impossibilidade de restrição da participação ativa e contraditória das partes e ainda 
na produção de ampla defesa. 
 O referido princípio está previsto tanto na CF quanto no CPC: 
Art. 5º . [...] LV - aos litigantes, em processo judicial ou 
administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o 
contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela 
inerentes; 
Art. 7º É assegurada às partes paridade de tratamento em relação 
ao exercício de direitos e faculdades processuais, aos meios de 
defesa, aos ônus, aos deveres e à aplicação de sanções 
processuais, competindo ao juiz zelar pelo efetivo contraditório. 
Art. 9º Não se proferirá decisão contra uma das partes sem que ela 
seja previamente ouvida. 
 
 É a imposição legal de audiência bilateral, ou seja, a necessidade de o juiz, 
caso tenha ouvido uma das partes, também ouvir a outra, traduzindo-se na imposição 
legal de dar conhecimento da ação (ao réu) e de todos os atos processuais às partes, 
e de assegurar-lhes a possibilidade de reagir juridicamente aos atos que lhes forem 
desfavoráveis (ciência bilateral dos atos contrariáveis); Esse princípio não deve, 
todavia, ser interpretado como uma exigência de que os litigantes se manifestem, 
efetivamente, acerca dos atos e termos do processo, mas sim lhes seja concedida a 
oportunidade para essa manifestação. 
 O contraditório se aplica a todo e qualquer tipo de processo, inclusive nos 
processos que permite a concessão de liminares. O fato de o juiz poder conceder 
medida liminar sem audiência do réu, não configura uma transgressão a este princípio, 
pois tal situação se dá justamente é para evitar que o réu, sendo citado, torne a 
medida ineficaz, ou na própria demora do provimento jurisdicional, acabe frustrando 
TEORIA	GERAL	DO	PROCESSO	 22	
os objetivos desta, aliado ao fato de que o contraditório será estabelecido 
posteriormente (contraditório diferido). 
 
Princípio da inadmissibil idade de provas i l ícitas. 
 A utilização de prova ilícita é expressamente vedada por dispositivos contidos 
tanto na Constituição Federal quanto no Código de Processo Civil que seguem: 
Art. 5º [...] LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas 
por meios ilícitos; 
Art. 369. As partes têm o direito de empregar todos os meios 
legais, bem como os moralmente legítimos, ainda que não 
especificados neste Código, para provar a verdade dos fatos em 
que se funda o pedido ou a defesa e influir eficazmente na 
convicção do juiz. 
 
 O tema é controvertido. No Brasil os Tribunais costumeiramente adotam a 
Teoria dos Frutos da Árvore Envenenada (fruits of the poisonous tree). Tal teoria 
sustenta que a prova obtidamediante violação de norma jurídica contaminará todas 
as outras provas obtidas a partir daquela. Essas provas são consideradas ilícitas por 
derivação. 
 Embora o texto constitucional proíba a utilização no processo de provas 
obtidas por meio ilícitos, a doutrina se manifesta de forma bastante controvertida, 
sendo que vem ganhando força uma corrente intermediária, que se denomina 
modernamente de princípio da proporcionalidade. 
 Esta corrente defende que a ilicitude do meio de obtenção de prova seria 
afastada quando, por exemplo, houver justificativa para a ofensa a outro direito por 
aquele que colhe a prova ilícita. É o caso, por exemplo, do acusado que, para provar 
sua inocência, grava clandestinamente conversa telefônica entre outras duas pessoas. 
 
Princípio da presunção de inocência. 
 Em conjunto com as demais garantias constitucionais, o princípio da presunção 
da inocência, relacionado com o processo penal, garante ao acusado pela prática de 
uma infração penal um julgamento justo. 
 A CF apresenta o princípio da presunção de inocência no artigo 5º, LVII: 
Art. 5º [...] LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito 
em julgado de sentença penal condenatória; 
TEORIA	GERAL	DO	PROCESSO	 23	
 
 O princípio da presunção de inocência é um dos princípios basilares do Estado 
Democrático de Direito, e visa tutelar a liberdade pessoal, pois cabe ao Estado provar 
a culpabilidade do indivíduo, que é constitucionalmente presumido inocente. 
 O instituto da inocência presumida é, portanto, garantia fundamental e 
instituto essencial ao exercício da jurisdição imparcial. 
 
Princípio do duplo grau de jurisdição. 
 A parte que não obteve a satisfação de sua pretensão pode provocar um novo 
exame de seu pedido por um órgão jurisdicional diverso. 
 Portanto esse princípio prevê a possibilidade de revisão, por via de recurso, 
das decisões proferidas, garantindo, assim, um novo julgamento, por parte dos órgãos 
da jurisdição superior. 
 A origem desse princípio encontra-se na história do homem que insatisfeito 
com o resultado obtido sempre busca a decisão. 
 Na CF o princípio do duplo grau de jurisdição está implícito nos artigos 5º, 
102, 105 e 108. 
 Com a leitura de tais dispositivos legais constata-se a previsão constitucional 
de se recorrer das decisões proferidas por órgãos inferiores do Poder Judiciário. 
 
Princípio da publicidade. 
 
Art. 11. Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário 
serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de 
nulidade. 
Parágrafo único. Nos casos de segredo de justiça, pode ser 
autorizada a presença somente das partes, de seus advogados, de 
defensores públicos ou do Ministério Público. 
 
 A publicidade do processo constitui verdadeiro instrumento de controle da 
atividade dos órgãos jurisdicionais. 
 A garantia em tela justifica-se na exigência política de evitar a desconfiança 
popular na administração da justiça. 
TEORIA	GERAL	DO	PROCESSO	 24	
 Esclareça-se que publicidade é aquela que permite o acesso, na realização dos 
atos processuais, não só das partes, mas ainda do público em geral. 
 Contudo necessário destacar a existência de exceção que vem prevista no 
parágrafo único do art. 11 em relação aos casos que demandam o segredo de justiça. 
Coerente com tal enunciado, o artigo 189 dispõe que: 
Art. 189. Os atos processuais são públicos, todavia tramitam em 
segredo de justiça os processos: 
I - em que o exija o interesse público ou social; 
II - que versem sobre casamento, separação de corpos, divórcio, 
separação, união estável, filiação, alimentos e guarda de crianças e 
adolescentes; 
III - em que constem dados protegidos pelo direito constitucional à 
intimidade; 
IV - que versem sobre arbitragem, inclusive sobre cumprimento de 
carta arbitral, desde que a confidencialidade estipulada na 
arbitragem seja comprovada perante o juízo. 
 
Princípio da fundamentação das decisões judiciais. 
 Fundamentar a decisão significa a exigência de que o juiz indique as razões de 
fato e de direito, com base nas quais formou sua convicção jurídica acerca dos fatos 
da causa. 
 Possui ainda este princípio estreita ligação com os postulados do regime 
democrático do Estado de Direito, que repugna a possibilidade de decisões judiciais 
arbitrárias, trazendo consequentemente a exigência da imparcialidade do juiz, a 
publicidade das decisões judiciais, passando pelo princípio constitucional da 
independência do magistrado, que pode decidir de acordo com a sua livre convicção, 
desde que motive as razões de seu convencimento. 
 Podemos encontrar na CF e no CPC a previsão expressa do princípio da 
fundamentação das decisões judiciais: 
Art. 93. [...] IX todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário 
serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de 
nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, 
às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em 
casos nos quais a preservação do direito à intimidade do 
interessado no sigilo não prejudique o interesse público à 
informação; 
TEORIA	GERAL	DO	PROCESSO	 25	
E 
Art. 11. Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário 
serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de 
nulidade. 
Parágrafo único. Nos casos de segredo de justiça, pode ser 
autorizada a presença somente das partes, de seus advogados, de 
defensores públicos ou do Ministério Público. 
 
 O CPC não admite pronunciamento judicial despido fundamentação. E, assim, 
preceitua o art. 489, inciso II, que a sentença deve conter “os fundamentos, em que o 
juiz analisará as questões de fato e de direito” como pressuposto de validade dos atos 
decisórios, pois a falta de exteriorização da razão do pronunciamento judicial acarreta 
a sua invalidade. 
 
 
TEORIA	GERAL	DO	PROCESSO	 26	
MÓDULO 5 
PRINCÍPIOS INFORMATIVOS DO PROCEDIMENTO. 
 
Princípios informativos do procedimento. 
 Conforme apontado anteriormente, de forma simples a palavra princípio se 
refere a início, começo, origem. 
 Para o Direito, princípio é o mandamento central de um sistema, que se 
espalha sobre as normas formando a alma do ordenamento e também serve 
como critério de interpretação. 
 No módulo anterior estudamos os princípios constitucionais do direito 
processual. 
 Agora estudaremos os princípios informativos do direito processual, ou seja, os 
princípios eminentemente técnicos, estruturais do direito processual. 
 
Princípio da oralidade. 
 O princípio da oralidade aponta que na prática dos atos processuais deve 
prevalecer a comunicação oral, muito embora estes atos venham a ser documentados 
posteriormente. 
 A oralidade deve objetivar a praticidade e efetividade do processo. Assim a 
oralidade deve prevalecer a fim de proporcionar maior celeridade e efetividade à 
prestação jurisdicional. 
 Contudo, não se deve ter o entendimento equivocado de que esse princípio 
exige que os atos processuais sejam praticados oralmente. Ao contrário, esta forma é 
uma faculdade apresentada às partes no processo, quando lhes for conveniente o uso 
da palavra não escrita. 
 Deparamo-nos com inúmeros dispositivos legais que demonstram a presença 
do princípio da oralidade no Código de Processo Civil, como por exemplo: 
Art. 166. A conciliação e a mediação são informadas pelos 
princípios da independência, da imparcialidade, da autonomia da 
vontade, da confidencialidade, da oralidade, da informalidade e da 
decisão informada. 
Art.205. Os despachos, as decisões, as sentenças e os acórdãos 
serão redigidos, datados e assinados pelos juízes. 
TEORIA	GERAL	DO	PROCESSO	 27	
§ 1o Quando os pronunciamentos previstos no caput forem 
proferidos oralmente, o servidor os documentará, submetendo-os 
aos juízes para revisão e assinatura. 
 
Princípio da economia. 
 O princípio da economia processual prega o máximo resultado na atuação do 
direito com o mínimo emprego de atos processuais. 
 Se o processo é um instrumento para a aplicação do direito material, não pode 
exigir um gasto exagerado com relação aos interesses em disputa. 
 Típica aplicação desse princípio encontra-se em institutos como a reunião de 
processos em casos de conexão, litisconsórcio, etc. 
 Eis alguns exemplos encontrados no CPC: 
Art. 113. Duas ou mais pessoas podem litigar, no mesmo 
processo, em conjunto, ativa ou passivamente, quando: 
I - entre elas houver comunhão de direitos ou de obrigações 
relativamente à lide; 
II - entre as causas houver conexão pelo pedido ou pela causa de 
pedir; 
III - ocorrer afinidade de questões por ponto comum de fato ou de 
direito. 
E 
Art. 286. Serão distribuídas por dependência as causas de 
qualquer natureza: 
I - quando se relacionarem, por conexão ou continência, com outra 
já ajuizada; 
 Assim, extrai-se que o objetivo do princípio é obter o máximo de resultado 
com o mínimo emprego possível de atividades processuais. 
 
Princípio da eventualidade ou da preclusão. 
 De acordo com o princípio da eventualidade (ou da preclusão) os atos 
processuais devem ser praticados na época oportuna, sob pena de não poderem 
pratica-lo posteriormente, buscando, assim, a celeridade e eficiência da tutela 
jurisdicional. 
TEORIA	GERAL	DO	PROCESSO	 28	
 Assim devem as partes alegar, no momento próprio, todas as pretensões ou 
decisões de mérito, ou de defesa, ou de rito, não o podendo fazê-lo em outra 
oportunidade, no mesmo processo. 
 Portanto em atenção ao princípio da eventualidade, determina a 
concentração, na contestação, de todas as defesas úteis ao réu, tanto as processuais 
quanto as substanciais, estabelecendo prazo geral de 15 (quinze) dias úteis para tanto. 
 Eis o disposto pelo artigo 336 do CPC: 
Art. 336. Incumbe ao réu alegar, na contestação, toda a matéria de 
defesa, expondo as razões de fato e de direito com que impugna o 
pedido do autor e especificando as provas que pretende produzir. 
 
Princípio da identidade física do juiz. 
 Polêmica alteração trazida pelo novo CPC foi a supressão do princípio da 
identidade física do juiz. 
 De acordo com o artigo 132 do antigo Código de Processo Civil: 
Art. 132. O juiz, titular ou substituto, que concluir a audiência 
julgará a lide, salvo se estiver convocado, licenciado, afastado por 
qualquer motivo, promovido ou aposentado, casos em que passará 
os autos ao seu sucessor. o juiz que colhe as provas deve proferir a 
sentença. 
 Referido princípio mostrava-se de suma importância para o deslinde justo da 
demanda, o juiz que participou da instrução processual possui meios mais adequados 
para julgar o caso. 
 Contudo, referido princípio, contudo, foi excluído do novo Código de 
Processo Civil. Contudo a atual CPC determina que encerrado o debate ou oferecidas 
às razões finais, o juiz proferirá sentença em audiência ou no prazo de 30 (trinta) dias. 
 
Princípio da cooperação. 
 O princípio da cooperação está previsto no artigo 6º do CPC: 
Art. 6o Todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para 
que se obtenha, em tempo razoável, decisão de mérito justa e 
efetiva. 
 Tal princípio foi inspirado no dever de cooperação recíproca em prol da 
efetividade do processo. O legislador buscou desarmar todos os sujeitos do processo, 
TEORIA	GERAL	DO	PROCESSO	 29	
fazendo com que cada um haja pautado pela boa-fé, para que a colaboração esteja a 
serviço da celeridade do processo no caminho da apreciação do mérito. 
 Para o Poder Judiciário a cooperação se dá pelos deveres: 
• de prevenção (por exemplo: apontar as falhas nas postulações das partes, para 
que possam ser corrigidas a tempo); 
• de esclarecimento (por exemplo: determinar às partes esclareçam as alegações 
obscuras); 
• de consulta (v.g. cabe ao juiz colher previamente a manifestação das partes 
sobre questões de fato ou de direito que influenciarão o julgamento); e 
• de auxílio às partes (facilitar às partes a superação de obstáculos que impeçam o 
exercício de direitos). 
 Já o dever de cooperação entre as partes repousa na conduta pautada 
pela probidade e boa-fé, de por exemplo, apresentarem os esclarecimentos 
determinados pelo juiz e de cumprirem as intimações para comparecimento em juízo. 
 
Princípio dispositivo. 
 Denomina-se poder dispositivo a faculdade que cada indivíduo tem de exercer 
ou não seus direitos. Em direito processual tal poder é caracterizado pela 
disponibilidade de requerer ou não sua pretensão em juízo. 
 O princípio dispositivo está expresso no artigo 2º do CPC: 
Art. 2o O processo começa por iniciativa da parte e se desenvolve 
por impulso oficial, salvo as exceções previstas em lei. 
 O processo cível tem início a partir de iniciativa da parte, assim se faz 
necessário ao surgimento de uma relação processual que uma das partes abandone 
seu estado de inércia, requerendo uma providência ao Poder Judiciário. 
 Instaurada a relação processual cabe ao Estado-Juiz incumbe impulsiona-la até 
a final prestação jurisdicional. 
 
Princípio inquisitivo. 
 De acordo com o princípio inquisitivo ao juiz é conferido um papel maior do 
que o de mero expectador do processo, o qual passa a ser instrumento não mais 
somente construído pelas partes, mas também por aquelas que o juiz entender 
importantes para a solução da lide. 
 
TEORIA	GERAL	DO	PROCESSO	 30	
MODULO 6 
JURISDIÇÃO. CONCEITO. OBJETIVOS DO ESTADO AO EXERCER A 
JURISDIÇÃO. CARACTERÍSTICAS DA JURISDIÇÃO. PRINCÍPIOS 
FUNDAMENTAIS DA JURISDIÇÃO. ESPÉCIES DE JURISDIÇÃO. 
LIMITES DA JURISDIÇÃO. 
 
Jurisdição. Conceito. 
Jurisdição é: 
1) É o poder, função ou atividade de aplicar o direito a um fato concreto, pelos órgãos 
públicos destinados a tal, obtendo a justa composição da lide (Vicente Greco Filho). 
• Poder: manifestação do poder estatal, porque atua cogentemente (manifestação 
de força) como manifestação de potestade do estado e o faz definitivamente em 
face das partes em conflito; 
• Função: cumpre a finalidade de fazer valer a ordem jurídica posta em dúvida em 
virtude de uma pretensão resistida; 
• Atividade: consiste numa série de atos e manifestações externas de declaração 
de direitos e de concretização de obrigações consagradas num título. 
 
2) É o poder que toca ao Estado, entre as suas atividades soberanas, de formular e 
fazer atuar praticamente a regra jurídica concreta que, por força do direito vigente, 
disciplina determinada situação jurídica (Enrico Túllio Liebman). 
3) É a função do Estado de realizar e declarar, de forma prática, a vontade da lei 
diante de uma situação jurídica controvertida. (Humberto Theodoro Jr.) 
• Vimos que a função jurisdicional só atua em casos concretos de conflito de 
interesses (lide ou litígio) e sempre na dependência da invocação dos 
interessados, contrariamente, por ex., da função legislativa, que é exercida em 
abstrato. 
• Não são todos os conflitos de interesses que se compõe por meio de jurisdição, 
mas apenas aqueles que configuram a lide ou litígio. 
• Lide ou Litígio é o conflito de interesses qualificado por uma pretensão resistida.Sem lide não há interesse de se instaurar uma relação jurídica processual. 
TEORIA	GERAL	DO	PROCESSO	 31	
• A Jurisdição é função precípua do Estado, através do Poder Judiciário. Foi 
Montesquieu que propôs uma divisão correspondente à atividade do Estado. 
Não há divisão de poderes, pois este é uno; O que existe é divisão dos órgãos 
para exercer as distintas funções do Estado: Poder Executivo; Legislativo e 
Judiciário. 
• distinção entre as funções: a legislativa é a elaboração da lei; a jurisdicional é a 
aplicação da lei, sendo que em alguns casos o juiz pode “criar’o direito, ao 
utilizar a analogia e a equidade; da executiva, o Estado administra seus próprios 
interesses, sendo que a jurisdição é substitutiva, ou seja, atua em substituição a 
atividade das partes para a tutela de direitos subjetivos lesados. 
 
Objetivos do Estado ao exercer a jurisdição. 
 O Estado tem por objetivo exercer a jurisdição das seguintes formas: pela 
decisão, pela execução e pelas medidas preventivas ou cautelares. 
a. Tutela Jurisdicional de Conhecimento ou de declaração: é aquele que o juiz 
conhece a lide colocada e a soluciona através da aplicação da lei ao caso 
concreto, proferindo uma decisão. Instaura um processo, chamado de processo 
de conhecimento. 
b. Tutela Jurisdicional de Execução: dá força ao comando da sentença caso o 
vencido não satisfaça sua obrigação espontaneamente. Instaura o processo de 
execução. 
c. Tutela Jurisdicional Cautelar ou Preventiva: é uma tutela emergencial, devido a 
grande demora das demais tutelas. Instaura o processo cautelar. 
 
Características da jurisdição. 
 A jurisdição apresenta as seguintes características: 
a. Substitutiva ou secundária: pois o Estado substitui a atividade das partes 
(atividade primária), que estão em conflito na lide, e são proibidas de fazer 
“justiça pelas próprias mãos”. No penal, esta característica é absoluta, pois 
nunca o direito de punir pode ser exercido independente do processo e o 
acusado submeter-se voluntariamente a aplicação da pena, o que já não ocorre 
no processo civil, que é possível a autocomposição. 
b. Instrumental: torna efetiva e concreta a atuação prática das regras de direito, 
abstratas e genéricas, previstas no ordenamento jurídico. 
TEORIA	GERAL	DO	PROCESSO	 32	
c. Definitiva e imutável: impossibilidade da mudança da sentença proferida 
durante o processo, não admitindo revisão por outro poder, diferentemente das 
decisões administrativas (art. 5o. XXXVI CF/88). 
d. Natureza Declaratória: O Estado, ao exercer a jurisdição, não cria direitos 
subjetivos, mas tão somente reconhece os direitos preexistentes. 
e. Escopo jurídico: é a atuação (cumprimento, realização) das normas de direito 
substancial (direito objetivo) e a pacificação social. 
f. Lide: a função da jurisdição é a justa composição da lide, buscando o mesmo 
resultado quanto à pretensão deduzida que poderia ter sido satisfeita pelo 
obrigado. 
 
Princípios fundamentais da jurisdição. 
 Muito embora o tema já tenha sido abordado em outros módulos, alguns dos 
princípios do direito processual estão intimamente ligados com a jurisdição. 
i. Inércia: a atividade jurisdicional desenvolve-se somente quando provocada. (Art. 
2 do CPC - Garantia de Imparcialidade do juiz - Ne procedat iudex ex-officio.) 
Como os direitos subjetivos, em princípio, são disponíveis, podendo ser ou não 
exercidos, também o acesso aos órgãos jurisdicionais fica entregue ao poder 
dispositivo do interessado. Contudo existem exceções à regra da inércia: 
execução trabalhista; decretação de falência no curso da concordata; abertura 
de inventário etc. 
ii. Inevitabilidade: não se pode opor qualquer instituto para impedir que a 
jurisdição alcance os seus objetivos e produza os seus efeitos; independe da 
vontade das partes aceitarem os eventuais efeitos do processo. 
iii. Indelegabilidade: as atribuições do Judiciário só podem ser exercidas pelos 
seus respectivos órgãos. O juiz não pode delegar sua atividade a outro, externa 
ou internamente. 
iv. Juiz Natural: só pode atuar como juiz somente quem se enquadre em órgão 
judiciário previsto de modo expresso em norma jurídica constitucional. Proíbe os 
tribunais de exceção - art.5, XXXVII CF 
v. Duplo Grau de Jurisdição: a parte que não obteve a satisfação de sua pretensão 
em primeiro grau pode provocar um novo exame de seu processo por um órgão 
de segundo grau, diverso daquele que julgou anteriormente. Juízes mais 
experientes, órgãos colegiados, menor probabilidade de erro, etc. 
vi. Investidura: a jurisdição só pode ser exercida por quem se ache legitimamente 
investido do poder jurisdicional. 
vii. Aderência ao Território: os Magistrados só possuem poder dentro dos limites 
territoriais, só podendo praticar atos processuais dentro de um determinado 
TEORIA	GERAL	DO	PROCESSO	 33	
limite territorial, e quando necessária a prática de atos fora dos limites territoriais 
os atos são praticados por cartas (precatórias e rogatórias). 
viii. Inafastabilidade: também chamado de princípio do controle jurisdicional, visa 
garantir a todos o acesso ao Poder Jurisdicional, nem mesmo o juiz pode deixar 
de decidir alegando lacuna ou obscuridade da lei. (art. 5º. XXXV – art. 3º CPC). 
 
Espécies de jurisdição. Limites da jurisdição. 
 Embora a atividade jurisdicional seja una, tendo em vista o princípio da divisão 
do trabalho e a diferença de matéria jurídica a ser manipulada pelo juiz, didaticamente 
se fala em espécies de jurisdição. 
 
• Quanto à matéria: (conforme a natureza da pretensão) 
a. Penal: versa sobre as lides de natureza penal, que são reguladas pelo direito 
penal, sendo o instrumento de composição o processo penal; 
b. Especial: versa sobre as lides de natureza especial, ou seja, trabalhista, militar 
penal e eleitoral; 
c. Civil: por exclusão, que versa sobre lides de natureza não penal, excluídas as 
lides especiais, cujo instrumento é o processo civil. 
A Jurisdição Penal e Civil formam a chamada Jurisdição Comum, ao lado da Jurisdição 
Especial. 
 
• Quanto ao grau em que é exercida: (Princípio do duplo grau de 
jurisdição) 
a. Jurisdição Inferior: exercida pelo primeiro órgão a conhecer da causa submetida 
ao Estado-juiz. Fala-se em competência originária; (1ª Instância); 
b. Jurisdição Superior: exercida pelo órgão que conhece da causa em grau de 
recurso. Fala-se em competência recursal. (2ª Instância); (competência originária 
dos Tribunais); 
 
• Jurisdição Contenciosa e Voluntária ou Graciosa 
 Com relação a Jurisdição, vimos que: 
TEORIA	GERAL	DO	PROCESSO	 34	
a. seu objetivo é a composição dos conflitos de interesses qualificados por uma 
pretensão resistida, ou seja, existe a ideia de contenda, contestação, litígio, 
oposição; 
b. pressupõe a existência de partes, o sujeito ativo, titular da pretensão 
subordinante ou protegida pelo direito e o sujeito passivo ou titular da 
pretensão subordinada, denominados autor e réu; 
c. possibilidade do contraditório, ou seja, ao réu é dada a oportunidade de 
defender-se, contrariar a sujeição pretendida pelo autor; 
d. decisões fazem coisa julgada, ou seja, as decisões proferidas em decorrência do 
conflito de interesses torna-se imutável ou irrevogável, quando transitada em 
julgado, tendo assim colocado fim ao exercício da função jurisdicional; 
 
Dessas características podemos definir a jurisdição voluntária ou graciosa: 
1) É a atividade aditiva do Poder Judiciário destinada a tutela direitos individuais em 
determinados negócios ou atos jurídicos, segundo previsão taxativa em lei; 
2) Administração de interesses privados pelos órgãos jurisdicionais; 
 
 A Jurisdição Voluntária versa sobre interesses que não estão em conflito.O Estado intervém na administração de vários interesses privados, conquanto 
isso venha a limitar a atuação de seus titulares. Ex: tutela do nascimento e do óbito; 
reconhecimento de filhos; formação de pessoas jurídicas através de seus atos 
constitutivos; formação de fundações com supervisão do Ministério Público, etc.. 
 Mas há certa categoria de interesses privados cuja tutela foi deixada a cargo 
dos órgãos jurisdicionais, tendo em vista as suas condições peculiares: a) nomeação 
de tutores ou curadores; b) autorização para venda de bens de menores; c) 
suprimento do consentimento para casamento; d) separação consensual; e) abertura 
de testamento... Tais interesses tutelados pelos órgãos judiciários não estão em 
conflitos, mas somente para a proteção dos seus respectivos titulares. 
 Na jurisdição voluntária: não existem interesses em conflito, não se fala em 
partes, mas em interessados; não há contraditório, pois não há o que contestar; 
chamada de Jurisdição Graciosa, pois a jurisdição é uma espécie de graça, um favor, 
um benefício do Estado ao Interessado; chamada também de jurisdição 
administrativa, pois é administração pública de interesses privados pelos órgãos 
jurisdicionais, devendo entretanto ser evitada tal denominação para não confundir 
com o contencioso administrativo. 
 
TEORIA	GERAL	DO	PROCESSO	 35	
 
MÓDULO 7. 
AÇÃO. GENERALIDADES. CONCEITO DE AÇÃO. NATUREZA 
JURÍDICA. CONDIÇÕES DA AÇÃO. CONCEITO. CARÊNCIA DA AÇÃO. 
CLASSIFICAÇÃO DAS AÇÕES. 
 
Ação. 
 O Direito objetivo tutela certas categorias de interesses. Ao conflito de 
interesses regulado pelo direito, temos a relação jurídica: 
i) sujeito ativo ou titular do interesse protegido - direito subjetivo (concorrência da 
sua vontade); e 
ii) sujeito passivo ou do interesse subordinante - obrigação. 
 Os conflitos de interesse são regulados pelo direito, devendo os sujeitos se 
submeter à ordem jurídica. Entretanto, pode ocorrer a resistência de um dos sujeitos 
em ter o seu interesse subordinado ao outro. Configura-se a lide, que é o conflito de 
interesses qualificado por uma pretensão resistida, pretensão essa de subordinação 
de um interesse ao outro. 
 Como a lide perturba a paz social, temos que o Estado, ao vedar a autodefesa, 
reservou para si a função de dirimir a lide e aplicar o direito, ou seja, a função 
jurisdicional. 
 Mas a jurisdição só pode ser exercida quando provocada, ou seja, é necessário 
que o sujeito exponha a sua pretensão a ser tutelada pelo juiz (art. 2° do CPC). Ao 
deduzir a sua pretensão, invoca a jurisdição, que aplicará o direito ao caso concreto. 
 Esse direito que o indivíduo tem de invocar a tutela jurisdicional do Estado 
corresponde ao direito de ação. 
 
Generalidades. 
 O CPC atual abandona a teoria eclética adotada no CPC anterior e assim 
afasta as regulamentações do código anterior em que havia alguma referência à 
categoria “condições da ação” e adota o estudo do exame do interesse de agir e da 
legitimidade vinculado ao exame dos pressupostos processuais e a da possibilidade 
jurídica do pedido junto ao mérito. 
 Porém não podemos dizer que o exame da legitimidade da parte, do interesse 
de agir e da possibilidade jurídica do pedido deixe de existir no novo código de 
TEORIA	GERAL	DO	PROCESSO	 36	
processo civil, mas apenas que as condições da ação serão eliminadas como um 
conceito autônomo. 
 Na novel legislação o exame funde-se ao binômio admissibilidade/mérito, 
portanto as questões que compõem o conceito de condições da ação passam, assim, 
a ser analisadas enquanto questões de mérito, no caso da possibilidade jurídica, ou 
como pressupostos processuais, na hipótese da legitimidade e interesse. 
 
Conceito de ação. 
 Esse pedido de tutela jurisdicional, essa provocação da jurisdição é chamada 
de direito de ação. A doutrina conceitua ação como: 
i. o direito subjetivo que consiste no poder de produzir o evento a que está 
condicionado o efetivo exercício da função jurisdicional (Enrico Tulio Liebman); 
ii. o direito de invocar a função jurisdicional (Moacyr Amaral dos Santos); ou ainda 
iii. o direito ao exercício da atividade jurisdicional (Ada Pellegrini) 
 
Natureza Jurídica. 
 A doutrina costuma classificar as teorias que tratam da ação em teorias 
monistas (unitária) e dualista, tomando por critério pertencer tal conceito tão somente 
ao plano do direito material ou tão somente ao direito processual (teorias unitárias), 
confrontando-se a formulação que a identifica em ambos os planos jurídicos (teoria 
dualista). 
 
• Teoria Civilista - Com base no direito romano a ação era o direito de pedir em 
juízo o que se é devido (nihil aliud est actio quan ius, quo sibi debeatur, in 
indicio persequendi), ou seja, a ação, como processo, era simples capítulo do 
direito privado, do direito civil. Disso era possível extrair três consequências 
inevitáveis: não há ação sem direito; não há direito sem ação; e a ação segue a 
natureza do direito. 
 
Polêmica entre Windscheid e Müther - Na Alemanha surgiu uma polêmica que se 
tornou famosa, entre Windscheid e Müther sobre incorporação da actio romana no 
direito contemporâneo. Para Windscheid, a actio era o próprio direito material e não 
um novo direito, surgido da violação daquele. Müther, confrotando as idéias de 
Windscheid, diferenciou o direito lesado do direito de ação. Segundo ele, a ação seria 
TEORIA	GERAL	DO	PROCESSO	 37	
o direito à tutela do Estado, competindo tal direito a quem teve seu direito ofendido. 
Desta forma, distinguiu-se o direito subjetivo (direito a ser tutelado), do direito de 
ação (direito subjetivo público). 
 
As principais críticas à teoria civilista dizem respeito à ação declaratória. Verifica-se 
que muitas são julgadas improcedentes, pois a sentença julgada infundada à 
pretensão do autor, isto é, houve exercício da ação até a improcedência, portanto 
existiu ação sem direito material. 
 
• Teoria do Direito Concreto à Tutela - Adolpho Wach defendeu que ação é um 
direito autônomo, pois não tem por base um direito subjetivo ameaçado ou 
violado, assim também é possível a existência da ação para se obtiver uma 
simples declaração da existência ou inexistência de uma relação jurídica. A ação 
é dirigida contra o Estado (direito de exigir proteção jurídica) e também contra o 
adversário (do qual se exige a sujeição). Porém o direito de ação só existiria 
quando a sentença fosse favorável. A ação seria um direito público e concreto, 
ou seja, um direito existente em casos concretos em que existisse direito 
subjetivo a ser tutela. 
 
Tal teoria não pode ser aceita, pois com a improcedência da demanda nada poderia 
se dizer a respeito dos atos processuais praticados até a sentença. E ainda não se 
pode conceber que toda ação seja dirigida contra o Estado propriamente dito. 
 
• Teoria da Ação como direito potestativo – Para Chiovenda a ação é um direito 
autônomo, mas a ação não se dirige contra o Estado, mas sim contra o 
adversário (direito de provocar a atividade jurisdicional contra o adversário). 
Dessa forma o direito de ação seria um direito potestativo (direito de poder) 
tendente à produção de um efeito jurídico a favor de um sujeito e com ônus 
para outro, o qual nada pode fazer para evitar a atuação da lei. Tal teoria falha, 
pois os direitos potestativos caracterizam-se mais por serem meras faculdades 
quanto ao exercício do direito e não uma obrigação. 
 
• Teoria da Ação no sentido abstrato – De acordo com Degenkolb (Alemanha) e 
com Plosz (Hungria), a chamada teoria da ação no sentido abstrato em 
confronto com as teorias que concebem a ação como direito de obter uma 
TEORIA	GERAL	DO	PROCESSO	 38	
providênciajurisdicional favorável no sentido concreto. Para eles o direito de 
ação independe da existência efetiva do direito invocado, pois basta apenas 
uma referência a um interesse a ser tutelado em abstrato pelo direito, para que 
o Estado exerça sua atividade jurisdicional, proferindo uma sentença, mesmo 
que contrária. 
 
• Teoria Eclética da Ação - Tal teoria aponta que o direito de ação é autônomo e 
abstrato, e que ele só existirá se no processo estiverem presentes condições 
que o legitimem, isto é, que exista uma situação de fato, que só possa ser 
resolvida elas vias jurisdicionais. As condições da ação para a teoria eclética são: 
possibilidade jurídica do pedido, o legítimo interesse, e a legitimação para agir. 
 
 A doutrina dominante até o CPC de 1973 era ligada a teoria eclética da ação, 
contudo o atual código se afastou dela ao excluir a possibilidade jurídica das 
hipóteses de condições da ação, e ao tratar o exame do interesse e da legitimidade 
como pressupostos para apreciação do mérito. 
 
Condições da Ação. Conceito. 
 Para Frederico Marques condições da ação são os “requisitos necessários, 
conexos à pretensão formulada pelo autor, para que o Estado-Juiz dê por legítimo o 
exercício do direito de ação, com a justa composição da lide (se atendidos os 
pressupostos processuais)”. 
 “São requisitos que a ação deve preencher para que se profira uma decisão de 
mérito.” nos dizeres de Moacyr Amaral dos Santos. 
 Para Antonio Carlos Marcato as condições da ação “são os requisitos de 
existência do direito de ação”. 
 Contudo convém relembrar que no novo CPC as condições da ação deixam de 
ser um conceito autônomo e passam a ser analisadas como pressuposto processual. 
 
Carência da ação. 
 A Ação é o direito de se invocar a tutela jurisdicional. 
 A Jurisdição, por sua vez, tem a função de aplicar o direito ao caso concreto. 
TEORIA	GERAL	DO	PROCESSO	 39	
 Entretanto, para que a jurisdição seja exercida, necessária a provocação do 
Estado-Juiz, com a consequente instauração do processo, formação da relação 
jurídica processual e regular processamento com a final prolação de uma sentença de 
mérito. 
 Mas para que esse exercício ocorra são necessários certos requisitos ou 
condições, que dão existência ao direito de ação, para que seja proferida uma 
sentença de mérito, ou seja, antes de analisar o próprio pedido do autor, necessário 
se faz verificar se esse pedido pode ser conhecido pelo Estado. 
O anterior CPC indicava como condições da ação: a possibilidade jurídica do pedido, 
o interesse de agir e a legitimidade das partes (legitimatio ad causam). 
Contudo atual CPC inovou e excluiu a possibilidade jurídica do pedido como uma das 
condições da ação, e manteve apenas o interesse a legitimidade das partes como 
condições da ação/pressuposto processual. 
Isso é o que se depreende da redação do artigo 17 do CPC vigente: 
Art. 17. Para postular em juízo é necessário ter interesse e 
legitimidade. 
 Interesse de agir – pode ser basicamente definido como a verificação da 
necessidade e da utilidade da tutela jurisdicional requerida. 
 Legitimidade para a causa – é o elemento verificador da pertinência subjetiva 
da ação. A legitimação indica para cada processo as partes legítimas, ou seja, as 
pessoas que devem estar presentes, para que o juiz possa enfrentar o mérito. 
 
Classif icação das ações. 
 A doutrina conhece vários critérios de classificações das ações, mas o que 
permanece, a tendência moderna é a classificação tendo em vista a providência 
jurisdicional. Isto porque a ação é o meio de provocar a tutela jurisdicional, ou seja, 
de solicitar uma providência jurisdicional. 
 Conforme se trate de tutela jurisdicional de conhecimento, de execução, 
preventiva ou cautelar, classificam-se as ações em de conhecimento, de execução e 
cautelares. 
 
• Ações de Conhecimento - provocam uma providência jurisdicional que reclama 
um processo regular de conhecimento. O processo se diz de conhecimento, 
pois é através dele que o juiz conhecerá da pretensão do autor, o motivo da 
TEORIA	GERAL	DO	PROCESSO	 40	
resistência do réu, tomará contato com as provas para só então proferir uma 
sentença. 
 
As ações de conhecimento subdividem-se em três grupos: 
 
o ações meramente declaratórias: buscam apenas e tão somente uma declaração, 
quanto a existência ou inexistência de uma relação jurídica. O conflito entre as 
partes está na incerteza da relação jurídica; 
o ações condenatórias - são as que buscam a imposição de uma sentença 
condenatória, ou seja, que imponha uma sanção ao réu.; e 
o ações constitutivas – nas ações constitutivas a parte busca a criação, 
modificação ou extinção de uma relação jurídica. 
 
• Ações Executivas - São as que provocam providências jurisdicionais de 
execução, ou seja, pede-se a realização da atos executórios que tornem efetiva 
a sanção. 
• Ações Cautelares - visam providências urgentes e provisórias, tendentes a 
assegurar a possibilidade de realização do direito no futuro. Em razão da 
providência solicitada pela ação cautelar visar assegurar os efeitos da sentença a 
ser proferida no processo de conhecimento, ou do ato executório no processo 
de execução, aquela providência é provisória, portanto vigorará apenas 
enquanto se aguarda a sentença. 
 
A doutrina também apresenta outras classificações: 
a) Quanto à natureza do direito - ações reais: visam a tutela de um direito real; ações 
pessoais: visam a tutela de um direito pessoal, isto é de uma obrigação. 
b) Quanto ao objeto – ações mobiliárias: são as que versam sobre coisas móveis, bens 
móveis; ações imobiliárias: versam sobre bens imóveis. 
 
 
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MODULO 8 
COMPETÊNCIA. CONCEITO E CRITÉRIO DETERMINATIVOS. 
COOPERAÇÃO INTERNACIONAL. COOPERAÇÃO NACIONAL. 
Competência. Conceito. 
 A jurisdição como Poder Estatal é una e exercida por todo o território nacional. 
 Para o cumprimento desta função, são escolhidos indivíduos para atuar como 
julgadores, nos moldes das qualificações estabelecidas na CF e também na legislação 
processual, os quais exercerão sua competência nos limites autorizados, em com 
estrita atenção às formalidades processuais exigidas. 
 Assim para que atividade jurisdicional seja exercida de forma eficiente e 
organizada, é feita a distribuição do poder, por meio de diversos órgãos, de acordo 
com critérios legais previamente estabelecidos. 
 Dessa forma podemos dizer que a competência é a medida da jurisdição, e 
decorre do resultado da combinação entre os critérios de distribuição do poder 
jurisdicional, nos termos do quanto estabelecido pelo ordenamento jurídico. 
 
Critérios determinativos. 
 A competência é distribuída por intermédio de vários critérios, que estão 
disciplinados na CF, no CPC, em eventual legislação especial, nas normas de 
organização judiciária e ainda nas Constituições Estaduais. Assim é o que determina o 
artigo 44 do CPC: 
Art. 44. Obedecidos os limites estabelecidos pela Constituição 
Federal, a competência é determinada pelas normas previstas 
neste Código ou em legislação especial, pelas normas de 
organização judiciária e, ainda, no que couber, pelas constituições 
dos Estados. 
 De acordo com a doutrina os critérios são classificados em três grupos 
principais: 
i. o critério objetivo 
i. em razão da matéria – depende da relação jurídica substancial, 
ii. em razão do valor da causa e 
iii. em razão da pessoa - a fixação da competência tendo em conta as partes 
envolvidas rationae personae; 
ii. o critério funcional – regula a atribuição dos diversos órgãos do Poder

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