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FACULDADE ANHANGUERA DE ANÁPOLIS MEDICINA VETERINÁRIA MARIANA FREITAS COELHO CPF: 032.223.231-78 MELISSA RAQUEL ALVES SILVA CPF: 038.564.201.69 PAULO VICTOR AQUINO ALVES CPF: 059.015.441-96 RAYLINNE MARTINS MADEIRA CPF: 040.402.471-83 VICTORIA DE SOUZA TAVARES CPF: 054.872.041-01 UROLITÍASE Anápolis 2019 MARIANA FREITAS COELHO CPF: 032.223.231-78 MELISSA RAQUEL ALVES SILVA CPF: 038.564.201.69 PAULO VICTOR AQUINO ALVES CPF: 059.015.441-96 RAYLINNE MARTINS MADEIRA CPF: 040.402.471-83 VICTORIA DE SOUZA TAVARES CPF: 054.872.041-01 UROLITÍASE Trabalho apresentado a Prof.ª Carolina Castro Lyra da Silva como complemento de nota da disciplina de Práticas Hospitalares Anestesia e Cirurgia 9º Período “A” do curso de Medicina Veterinária da Faculdade Anhanguera de Anápolis. Anápolis 2019 SUMÁRIO INTRODUÇÃO ................................................................................................... 5 1. UROLITÍASE ............................................................................................... 6 2. DIFERENÇA ENTRE ESPÉCIES ................................................................ 7 3. FORMAÇÃO DO URÓLITO ......................................................................... 8 3.1 TEORIAS DE FORMAÇÃO DE URÓLITOS ............................................. 9 4. TIPOS DE URÓLITOS ................................................................................. 10 4.1 URÓLITOS DE ESTRUVITA ................................................................... 10 4.1.1 TRATAMENTO ................................................................................. 10 4.2 URÓLITOS DE OXALATO DE CÁLCIO .................................................. 10 4.2.1 TRATAMENTO ................................................................................. 11 4.3 FOSFATO DE CÁLCIO ........................................................................... 11 4.3.1 TRATAMENTO ................................................................................. 11 4.4 URATO ................................................................................................... 12 4.4.1 TRATAMENTO ................................................................................. 12 4.5 XANTINA ................................................................................................ 12 4.5.1 TRATAMENTO ................................................................................. 13 4.6 SILICA ..................................................................................................... 13 4.6.1 TRATAMENTO ................................................................................. 13 4.7 CISTINA .................................................................................................. 13 4.7.1 TRATAMENTO ................................................................................. 14 5. SINAIS CLÍNICOS ..................................................................................... 14 6. DIAGNOSTICO .......................................................................................... 15 7. TRATAMENTO CIRÚRGICO ..................................................................... 16 7.1 NEFRECTOMIA ...................................................................................... 16 7.2 URETEROTOMIA ................................................................................... 16 7.3 CISTOTOMIA .......................................................................................... 17 8. PREVENÇÃO ............................................................................................ 17 CONCLUSÃO................................................................................................... 19 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA: ..................................................................... 20 RESUMO Urolitíase é um distúrbio metabólico que acomete cães e gatos. Fatores que contribuem para seu aparecimento incluem sexo, idade, raça, pH urinário e nutrição (aspecto que trabalha no desenvolvimento da formação, prevenção e tratamento). Urólitos se formam com auxilio de acúmulo de substâncias (sais minerais ou aminoácidos) em conjunto de um pH urinário acido ou alcalino e presença de inibidores ou promotores de cristalização. Os cálculos mais encontrados na espécie canina são os de oxalato de cálcio e estruvita. Já em felinos, os de oxalato de cálcio são os mais dominantes em animais adultos (entre os sete e nove anos de idade) e os de estruvita em jovens. O sinal clínico mais evidenciado nessa afecção é a hematúria (presença de sangue na urina), disúria (dificuldade para urinar que pode ser acompanhada de dor) e polaciúria (aumento do número de micções com diminuição do volume da urina). O diagnóstico pode ser realizado através de exame clínico, exames laboratoriais e complementares. O tratamento pode ser clínico, cirúrgico ou terapêutico com objetivo de desobstrução causada pelos urólitos. Palavras-chave: urolitíase, cálculos, pH urinário, pequenos animais. 5 INTRODUÇÃO Urolitiase é uma formação de cálculos urinários, ocorrem em várias regiões, como na pelve renal até sua uretra. Na formação destes cálculos, pode provocar alterações na fisiologia do trato urinário do animal acometido. Os urolitos na sua constituição são por agregados de solutos urinários, precipitados e organizados em um núcleo central. A formação de cálculos pode variar em espécie canina e felina, também e de grande relevância a predisposição racial do animal, ou mesmo uma particularidade do animal que é um defeito congênito e/ou lesões. Levando em consideração, que a alimentação do animal pode favorecer na produção de urolitos, ou ate mesmo interferir no processo da dissolução, e também o uso de alguns medicamentos podem vim a influencia na produção de urolitos. Em cães os urolitos mais encontrados são, oxalato de cálcio e fosfato amoníaco magnesiano; e em felinos os de oxalato de cálcio. 6 1. UROLITÍASE O termo urolitíase é originário do grego uro, que significa urina, e lithos, que significa pedra/calculo. Urolitíase é a expressão utilizada para as causas e ações de cálculos em qualquer parte do trato urinário (ELLIOT E GRAUER, 2014). Os urólitos podem ser caracterizados como cálculos vesicais (vesícula biliar), nefrólitos (rins), uretrólitos (uretra) e ureterólitos (ureter) de acordo com sua localização anatômica. Seu formato pode ser piramidal, liso, facetado, ou em conformidade com sua camada interna e constituição (DIAS E SILVA; SILVA, 2011; STURION et al., 2011). Urolitiase é determinada muitas vezes por fatores idiopáticos, outras por circunstâncias hereditárias, conaturais ou por distúrbios fisiopatológicos. Elementos que influenciam na formação de urólitos, incluem, sexo, raça, idade, anormalidades funcionais ou anatômicas do sistema urinário, anomalias metabólicas, infecções do trato urinário ITU, dieta, pH da urina e homeostase da água corporal (ELLIOT; GRAUER, 2014). O sexo do animal é um elemento a ser analisado. Machos possuem mais probabilidade de desencadear pequenos urólitos, pelo pequeno diâmetro de sua uretra. Ao contrário das fêmeas que podem acometergrandes e únicos cálculos na bexiga (GRAUNER, 2015). Em um estudo realizado, foram identificadas raças felinas predisponentes a cistólitos, sendo pelo curto doméstico em primeiro lugar, pelo longo doméstico em segundo, seguidos por Himalaia, Persa e Siamês. (Houston et al. 2003). Na espécie canina pequenas raças como Lhasa Apso, Shi Tzu e Yorkshire possuem mais predisposição ao aparecimento de urólitos, devido a menor frequência da liberação urinária (Stevenson & Rutgers, 2006). Felinos manifestam maior possibilidade de formação de urólitos de oxalato de cálcio entre os sete e nove anos de idade. Gatos mais jovens tem maior predisposição a desenvolver cálculos por estruvita (Grauer, 2015). Fosfato de amônio magnesiano hexahidratado pode estar presente na espécie canina independente da sua idade, inclusive os que têm menos de um ano, e está relacionada com ITU (MORFERDINI & OLIVEIRA, 2009; GRAUER, 2010). Já os de oxalato de cálcio frequentemente ocorrem em cães idosos entre 8 e 12 anos de idade, não sendo comum inflamação do trato urinário (GRAUER, 2010). 7 Animais com anomalias vasculares portais, hiperparatireoidismo primário, hipercalcemia ou hiperadrenocorticismo são predispostos à formação de urólitos (Maxie & Newman 2007). Os urólitos podem lesar o uroepitélio resultando em inflamação do trato urinário e podem também predispor os animais ao desenvolvimento de infecção bacteriana do trato urinário (ITU) (GRAUER, 2010). A infecção do trato urinário por bactérias produtoras de uréase promove uma rápida formação de urólitos de estruvita. A uréase bacteriana atua hidrolisando a ureia, ocorrendo alcalinização da urina com grandes quantidades de íon amônia e fosfato (Kaufmann et al., 2011). Existem condições que contribuem para a cristalização de sais na urina como a diminuição da ingestão de água e consequentemente retenção urinária de sais e cristais, pH urinário favorável à cristalização e núcleo central. A supersaturação da urina acontece em animais que tem predisposição de produzir urina muito concentrada, e de uma dieta com alto aporte de minerais e proteínas, contudo a diminuição da reabsorção tubular de cálcio, cistina e ácido úrico, por exemplo, e o aumento da produção secundariamente a uma infecção bacteriana de íons amônio e fosfato também contribui para a supersaturação (GRAUER, 2010; STURION et al., 2011). 2. DIFERENÇA ENTRE ESPÉCIES A urolitíase é uma afecção de grande ocorrência em clínicas médicas de pequenos animais, está em terceiro lugar como doença de maior ocorrência do trato urinário de cães. Afetando aproximadamente cerca de 1,5% a 3,0% de todos os cães que são atendidos em clínicas veterinárias e mais de 25% dos gatos que possuem doenças relacionadas ao trato urinário inferior. É uma das afecções que mais causam obstrução do trato urinário inferior, e é responsável por grande parte da procura ao atendimento clínico emergencial nas clínicas veterinárias em cães que apresentam afecções urinárias (STURION et al., 2011; ARIZA, 2012). Em cães a obstrução uretral acontece com mais frequência em machos, e dificilmente em fêmeas, sendo que a maior frequência observada é em cães com idade entre seis e onze anos. (Osborne et al., 1999b). O local mais comumente de urólitos obstrutivos em cães machos é na base do osso 8 peniano, já em gatos machos é localizado ao longo de toda a uretra. (GRAUNER, 2015). Em felinos, os urólitos provocados por infecção são encontrados com menos frequência, quando comparados com os estéreis, já que os gatos demonstram uma resistência congênita à infecção de trato urinário bacteriano (Kaufmann et al., 2011). As doenças que se manifestam no trato urinário inferior dos felinos é característica da espécie, pois esta espécie apresenta entidade mórbida específica, a cistite idiopática que caracteriza mais de 50% dos casos de estrangúria, polaciúria, hematúria, e urinação em lugares inadequados. Na cistite intersticial idiopática estes sinais tem o costume de ser restritos (3 a 7 dias) e rotineiros (Barges e Kirk, 2012). Além do mais, gatos podem desenvolver plugs uretrais, que é formado por pelo menos 45 a 50% de matriz proteica e quantidades variáveis de cristais (podendo não ter cristais, ser apenas matriz proteica; Osborne, et al., 2003). Em felinos a existência de urolitíase entre os sexos parece ser similar, porem as suas manifestações clínicas são diferentes, uma vez que, a obstrução uretral é vista com frequência no macho e a cistite e a uretrite na fêmea. Os gatos que vivem dentro de casa demonstram maior predisposição para a doença do que os que vivem soltos. Cerca de 30 a 70% dos gatos que foram acometidos pelo menos uma vez por uma inflamação do trato urinário inferior apresentarão reaparecimento da doença. (Grauer, 2015). 3. FORMAÇÃO DO URÓLITO Para a formação dos urólitos é necessário à conclusão de duas fases diversas, nucleação e crescimento. Para a nucleação é indispensável à presença de três componentes, pH da urina, magnitude da excreção renal do cristaloide e inibidores ou estimuladores da cristalização urinária. (Osborne, 2000). Existe a nucleação homogênea que consiste na presença de um único tipo de cristal que serve de apoio para formação de outros similares, e a nucleação heterogênea que é caracterizada pela agregação de cristais com objetos alternativos e materiais presentes no trato urinário (consequencia de procedimentos antecedentes) (Carciofi et al., 2007). Na fase de crescimento, o grau e a durabilidade da supersaturação urinária, e a persistência do mineral nos canais urinários determinam a formação do urólitos (Osborne et al, 2000). 9 O minnesota urolith center utiliza a seguinte termiologia ao relatar os resultados da análise do urólito (Osborne et al., 1999c): - o nidus, ou núcleo, de um urólito é uma área de iniciação evidente de crescimento do urólito; - pedra se refere ao corpo principal do urólito; - capsula designa uma camada material precipitado que envolve completamente o corpo da pedra; - cristais de superfície são uma cobertura incompleta da superfície mais externa do urólito; Figura 1: Formação de urólitos Fonte: http://www.pubvet.com.br/uploads/a8b4bcfdb632a9178773d67f2739f2ce.pdf 3.1 TEORIAS DE FORMAÇÃO DE URÓLITOS Existem três teorias que determinam formação de urólitos, a teoria da precipitação e cristalização, onde a supersaturação urinária é o fator primordial, nele o grau da urina quando elevado leva a formação espontânea do mineral, e seu crescimento dependerá da sua estadia no ambiente supersaturado. A teoria da matriz nuclear consiste na presença de uma matriz orgânica na urina que proporciona primariamente a constituição do núcleo. A teoria da inibição da cristalização explica quanto menos inibidores de cristalização mais fácil à cristalização espontânea, que condiciona a composição nuclear subsequentemente (GASTIM, 2010; GRAUER, 2010). 10 4. TIPOS DE URÓLITOS 4.1 URÓLITOS DE ESTRUVITA Fosfato, amônio e magnésio em urina alcalina são elementos que auxiliam na formação de urólitos de estruvita (ANGELCARAZA et al., 2010). Na espécie felina as fêmeas possui maior tendência à produção de urólitos de estruvita que os machos, nessa espécie a existência desse tipo de urólito ocasionalmente se associa a infecções (APPEL et al., 2010). Já na espécie canina a ITU pode estar presente através de microorganismos que produzem uréase, e transformam ureia em amônia, juntamente com a urina alcalina, facilitam a formação de urólitos (ULRICH et al., 2008). Pela grande incidênciade ITUs, os urólitos de estruvita são frequentemente encontrados em fêmeas por possuírem maior predisposição a infecção bacteriana no trato urinário quando comparadas aos machos. (OYAFUSO, 2008; MORFERDINI & OLIVEIRA, 2009; GRAUER, 2010). 4.1.1 TRATAMENTO Antibioticoterapia é introduzida com o propósito de eliminar ou controlar infecções secundárias, evitando que ocorram lesões dos tecidos do trato urinário pelos microrganismos. Os usos de inibidores da uréase vão atuar inibindo o crescimento ou levando a dissolução dos urólitos de estruvita. Ácido acetoidroxâmico pode ser administrado pela via oral, na dose de 25 mg/kg. Doses altas não são recomendadas pelo risco de anemia hemolítica e alterações metabólicas (Ettinger and Feldman, 2004). 4.2 URÓLITOS DE OXALATO DE CÁLCIO Componentes desses urólitos constituem-se em urina com grau supersaturado juntamente com oxalato e cálcio (ANGEL;CARAZA et al., 2010). O aumento da ocorrência de oxalato de cálcio desde a década de 1980 pode ser elucidada pela adição de dietas comerciais acidificadas, modificações nos níveis dietéticos de cálcio, magnésio, fósforo ou oxalato, diminuição de 11 ingestão de água, aumento do sedentarismo e predileção por raças pequenas e predispostas (LING et al., 2001). Nutrição com pequeno nível de sódio, aumento da umidade e da composição proteica, levam ao alto risco de desenvolvimento do urólito de oxalato de cálcio em cães de raças propensas (Elliot, 2003). Na espécie felina a existência destes urólitos normalmente segue-se de acúmulos séricos de minerais comuns, até mesmo as de cálcio (Kaufmann et al., 2011). 4.2.1 TRATAMENTO A terapia clínica utilizada contra esses urólitos, consiste em uma suplementação com citrato de potássio, por ter um efeito alcalinizante, sendo importante a monitoração do pH urinário para que os valores fiquem em torno de 7,0 até 7,5, é importante regular a dose conforme necessário (Osborne et al, 2004). Os tratamentos e a dieta devem ser mantidos por um período de até 1 mês após o desaparecimento dos urólitos pela radiografia (Elliot, 2003). 4.3 FOSFATO DE CÁLCIO Existência de fosfato na urina, ITU e pH urinário alcalino presentes simultaneamente, podem desencadear urólitos de fosfato de cálcio (ULRICH et al., 2008). De acordo com OSBORNE et al, (1995) divergências hipocalcemicas como neoplasias, excesso de vitamina D e cálcio na alimentação é capaz de gerar esse tipo de urólito. Fosfato de cálcio é muito identificado como parte de outros cálculos, mais especificamente urólitos de estruvita. Na espécie felina é mais acometido por fêmeas (Kaufmann et al., 2011). São atípicos em cães e podem ter relação com distúrbios metabólicos (Ettinger and Feldman, 2004). 4.3.1 TRATAMENTO A técnica cirúrgica é o método com maior eficácia para remoção desses urólitos. Os pacientes que são expostos a esse procedimento sempre devem ser monitorados pela urinálise e radiografias, e se necessários, por testes laboratoriais sanguíneos. 12 4.4 URATO Urólitos de urato de amônio possui maior solubilidade em acidose urinária, juntamente com concentrações de ácido úrico acima do normal, que pode ocorrer quando a falha na conversão em alantoína, ou por uma absorção maior desse ácido nos rins. A raça mais acometida por urólitos de acido úrico são os dálmatas (fossum, 2014) Esses animais possuem um defeito hereditário onde a produção de acido úrico na urina é maior, agindo assim na formação de urólitos (Sorenson e Ling, 1993b). Em felinos são menos habituais, e sua causa é idiopática (APPEL et al., 2010). 4.4.1 TRATAMENTO Para realizar o tratamento de cálculo de urato é necessária uma associação de alopurinol (10 a 20mg/kg a cada 12 horas) a uma dieta nutricional, para dissolver cálculos de urato. Para animais com comprometimento renal, a dosagem deve ser menor. O alopurinol pode ser usado em tempo continuo se tiver resistência de cristalúria ou hiperuricosúria (KOEHLER et al., 2008; STURGESS, 2009). Mais esse tipo de tratamento poderá aumentar a ocorrência de cálculos de xantina (TORRES et al., 2011). 4.5 XANTINA A xantina participa das etapas de desenvolvimento das purinas, que posteriormente é transformada em acido úrido por enzimas. Sua baixa solubilidade é a característica responsável por uma possível formação de cálculos (LING et al., 1997; OSBORNE et al., 2008ª). Os urólitos de xantina acontecem geralmente através da administração de alopurinol, que usado para tratamento de outros tipos de urólitos, sendo um motivo para a interrupção de seu uso. 13 4.5.1 TRATAMENTO Dietas com baixo teor de purina podem auxiliar na prevenção da formação desse cálculo (Elliot, 2003). 4.6 SILICA A formação dos urólitos de silicato é idiopática, mas de certa forma está relacionado a alimentação que abrange ácido silico, silicato e silicato de magnésio (GRAUER, 2010). Ele possui formato de esfera com grandes quantidades de pontas arredondadas. O pH alcalino da urina torna esse mineral solúvel e desencadeia seu desenvolvimento, ITUs secundárias podem ocorrer devido a suas características externas. Pastores alemães machos possuem predisposição a esse tipo de urólitos (Fossum, 2014). 4.6.1 TRATAMENTO Cálculos de sílica não são suscetíveis à diluição, mais se tiver uma alteração adequada na dieta pode contribuir para evitar as recorrências. Com a ingestão de dieta rica em silício, há possibilidade de desenvolvimento de cálculos urinários, portanto, a dieta para controle desses cálculos deve ser restrita nesse mineral (EMERICK & LU, 1987). Alguma indicação nutricional pede uma dieta úmida, com teores levemente elevados de sódio, para incentivar a diurese, e que contenham na formulação níveis reduzidos de cálcio, oxalato, vitamina D e vitamina C (Halasc, 2004). Uma ocorrência da urolitíase por sílica pode estar relacionada com a ingestão de grandes quantidades de terra (Elliot, 2003). 4.7 CISTINA Urólitos formados por cistina (amninoácido) se constituem em um pH urinário ácido devido a sua alta solubilidade (MICHELON et al., 2011). São raças predisponentes a esse tipo de calculo, Rottweiler, Basset, Buldogue Frances e Pincher (OYAFUSO, 2008). Vários meios de estratégias podem ser 14 utilizados para a solubilização dos cálculos de cistina, por exemplo, alterações da dieta, diurese induzida, alcalinização do pH urinário. 4.7.1 TRATAMENTO Para que a solubilização seja realizada com eficiência, é necessário que se associe a terapia nutricional à farmacológica (HOPPE & DENNEBERG, 2001; STURGESS, 2009). São recomendadas dietas alcalinizantes com associação de fármacos como tiopronina. A dissolução ocorre, após 11 semanas de tratamento. A suplementação com carnitina (de 50 a 100 mg/kg a cada oito horas) e taurina (500 a 100 mg a cada oito horas) é recomendada devido à excreção urinária de aminoácidos aumentada (STURGESS, 2009). 5. SINAIS CLÍNICOS A urolitíase podem apresentar diversos sinais clínicos, podendo variar conforme seu tamanho, sua localização e a quantidade de urólitos. Alguns animais que são acometidos a urolitíase podem mais se permanecera assintomáticos, ou seja, eles não apresentaram nenhum sinal clínico. Os sinais mais comuns são a polaciúria, disúria e hematúria. Em casos de uretrólitos, pode ocorrer eliminação de urólitos pequenos e lisos à micção. A obstrução completa do fluxo urinário pode resultar em uremia pós-renal (Ettinger and Feldman, 2004, Osborne et al., 1999a, Osborne et al.,1999b). Nos cães a bexiga vai ser o local mais comum onde vão ter a presença de urólitos, isso levará sinais clínicos de cistite, como hematúria, polaciúria e disúria (Grauer, 2015). Os cães vão apresenta os cálculos uretrais alojados no arco isquiático, ou caudal ao osso peniano. Já nos gatos a obstrução uretral geralmente é resultante da presença de muco localizado no terço distal da uretra (Slatter, 2007). 15 6. DIAGNOSTICO Para ter um diagnóstico de urolitíase, deve ser realizado a anamnese do paciente, exame físico, exames laboratoriais (urinálise), Radiografias abdominais contrastadas e ultra-sonografia (Grauer, 2015). Os diagnostico de imagem e o mais importante, pois é um exame rápido e com eficiência para diagnosticar a urolitíase. Também são recomendo realizar exames complementares como: hemograma completo, uréia, creatinina, dosagem de proteínas, eletrólitos, dosagem de paratormônio e vitamina D, para certificar que a urolitíase foi ou não causada por problemas metabólicos. O material a ser coletado para a realização dos exames deve ser com precisão para não ocorrer contaminação com meio externo. São realizados a cistocentese quando não a possibilidade de remover a urina através do canal urinário, algaliação (introdução de um cateter ou sonda através da uretra ate a bexiga) ou esvaziamento manual através da compressão da bexiga. Figura 2: Canino com presença de cálculos vesicais e ao longo da uretra. Fonte: http://www.pubvet.com.br/uploads/a8b4bcfdb632a9178773d67f2739f2ce.pdf 16 7. TRATAMENTO CIRÚRGICO Há diversos tratamentos para diferentes tipos de urolitíase, métodos clínicos, cirúrgico e terapêutico. O tratamento inclui basicamente desfazer qualquer obstrução uretral e vesical, e possível fazer a passagem de um cateter de pequeno calibre, deslocamento do cálculo por retrohidropropulsão, cistocentese ou urohidropropulsão podendo remover pequenos cistólitos em, sendo necessário o animal estar sob anestesia geral (Fossum, 2014). A urohidropropulsão tem como objetivo a eliminação de cálculos na bexiga ou uretra, sem a necessidade de intervenção cirúrgica. É eficiente apenas em casos de cálculos pequenos. A cirurgia nem sempre e a primeira opção, devem observar a gravidade da infecção, pois com a remoção cirúrgica tem as desvantagens como anestesia, complicações cirúrgicas, possibilidade de remoção incompleta dos urólitos. Levando em consideração o tratamento cirúrgico é o principal tratamento para os cálculos de oxalato de cálcio, fosfato de cálcio e silicato. 7.1 NEFRECTOMIA A nefrotomia e técnica cirúrgica utilizada para remoção de cálculos grandes presente nos rins, Há casos em que os dois rins tem presença de cálculo, a nefrotomia deve ser realizada com intervalo de algumas semanas entre um rim e outro, diminuindo uma possível insuficiência renal aguda, pelo fato de que essa cirurgia reduz cerca de 20 a 50% a função renal (Slatter, 2007). 7.2 URETEROTOMIA A ureterotomia e realizada quando o cálculo se encontra no ureter nos terços distais e terço proximal, isso sendo removidos por a técnica de ureterectomia.(Fossum, 2014). Mais preferencialmente em vez da uretrotomia deve-se utilizar a cistotomia, se através da lavagem uretral conseguir deslocar os cálculos para a bexiga. 17 7.3 CISTOTOMIA A cistotomia e técnica cirúrgica utilizada para remoção de cálculos presentes na bexiga ou no ureter. É indicada em pacientes com urólitos (ex: oxalato de cálcio, fosfato de cálcio) quando os cálculos não podem ser eliminados pelo tratamento terapêutico ou nutricional. Incisões na vesícula urinária cicatrizam rapidamente. 8. PREVENÇÃO Embora seja muito comum atendimentos nas clinicas em animais com cálculos renais, uma das principais maneiras de prevenir a urolitíases, e através da alimentação. Isso ocorre, pois alguns alimentos vão influenciar a diminuição do volume urinário, pH e a concentração de solutos da urina (Markwell et al., 1998). Hoje encontramos nas indústrias rações prontas para prevenir os cálculos, mais para ter uma boa resposta no tratamento preventivo deve ser considerados algumas característica dos alimentos para ter um bom prognostico. Alimentos que induzam a diluição urinária, por favorecerem o aumento da ingestão de água, combatendo dessa forma a precipitação de ambos os tipos de cristais (oxalato de cálcio e estruvita). No caso de gatos, o aumento da ingestão de água também tem como finalidade ajudar no tratamento da cistite idiopática; Alimentos que favoreçam a acidificação do pH urinário, que contribui para a dissolução de cálculos de estruvita já formados; Quantidades adequadas de minerais, como o cálcio, fósforo e magnésio, pois tanto o excesso quanto a redução excessiva destes componentes na dieta pode predispor à formação de ambos os cálculos; Uso de proteína moderada nos alimentos para cães, já que nessa espécie o desenvolvimento de cálculos de estruvita tem forte correlação com a presença de cisitite bacteriana. A redução do teor protéico limita o aporte desse nutriente para as bactérias, que o utilizam em seu metabolismo e acabam por alcalinizar a urina, promovendo a formação de cristais e cálculos de estruvita. 18 Outro fator importante para prevenir os cálculos e o aumento de ingestão de água e também ingestão de dietas contendo um teor de sódio levemente elevado, que irar promover uma maior ingestão voluntária de água, que acarretar em um aumento do volume urinário, que levara também aumento na frequência de micções (CARVALHO et al., 2006). Ajudando na remoção de qualquer cristal que se forme no trato urinário. 19 CONCLUSÃO Foi demonstrado que a urolitiase é uma afecção de grande ocorrência na clínica medica de pequenos animais, podendo causar lesões e obstruções por todo o trato urinário inferior. Algumas raças possui maior predisposição a esse tipo de afecção, sendo elas: Lhasa Apso, Shi Tzu e Yorkshire, possui a maior prevalência de obstrução em cães acometendo a base do osso peniano, já em gatos, possui a maior predisposição em algumas raças como: Himalaia, Persa e Siamês, provocando obstrução ao logo de toda a uretra. Deve ser levado em consideração que esse distúrbio causa ao animal muito desconforto e dor, e quando diagnosticado precocemente, garante ao medico veterinário a escolhe do melhor método de tratamento e consequentemente promoção do bem estar animal. . 20 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AAFCO - ASSOCIATION OF AMERICAN FEED CONTROL OFFICIAL. Official publication 2003. Association Of American Feed Control Officials, 2003. ARIZA, P. C. Epidemiologia da urolitíase de cães e gatos. 2012. 41f. Seminários (Pós-graduação em Ciência Animal) – Escola de Veterinária e Zootecnia, Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2012. BARGES, J; KIRK C. 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