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Família, escolarização, ideologia e emoção (Tozonni REis

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Universidade Estadual do Maranhão – UEMA
Curso de Música Licenciatura
Centro de Ciências Exatas e Naturais – CECEN 
Sociologia da Educação
Antônio José 
RESUMO 
Família, Emoção e Ideologia
José Roberto Tozoni Reis
FAMILIA E ESCOLA 
Trajetória de escolarização em camadas médias e populares 
Mª Alice Nogueira
Geraldo Romanelli 
Nadir Zago 
SÃO LUIS – MA 
2014
Família, emoção e ideologia 
Jose Roberto Tozoni Reis 
 Segundo o texto, a família é a base da sociedade e garantia de uma vida social equilibrada, que deve ser mantida a qualquer custo, já outros consideram que a instituição familiar deve ser combatida, por representar um entrave para desenvolvimento pessoal. Porem, não se pode negar a importância da família no desenvolvimento das relações sociais, emocionais, culturais dos seus componentes. 
 A família não é algo natural, biológico, mas uma instituição criada pelos homens de formas, situações e tempos diferentes para responder as necessidades sociais. Portanto é impossível entender o grupo familiar sem considerar o processo sócio histórico que os envolve. Talcott Parsons dá grande importância à família, pois para ele a mesma tem a função de desenvolver a socialização básica em uma sociedade capitalista, já que é universal e imutável, representando um símbolo da família nuclear burguesa. Vale ressaltar que os aparatos ideológicos sobre a função repressiva da família não conseguiram inserir suas descobertas no contexto histórico, colocando em discussão uma questão, a relação entre família e sociedade. Engels aponta as funções da família monogâmica que surgiu e foi determinada pelo aparecimento da propriedade privada que ensejou a monogamia, divisão social do trabalho, que se constituíram nos principais fatores que geraram a instituição familiar de forma grupal na sociedade primitiva, com casamento monogâmico com duração indeterminada garantia a transmissão da herança aos descendentes. 
 A família se constitui em torno de uma necessidade material: a reprodução biológica que está ligada com a sua função ideológica, que promove sua reprodução social, pois vem a ensinar a seus membros a reprodução de uma ideologia dominante e como se comportar fora das relações familiares. Podemos considerar duas funções da família a econômica e a ideológica. Para entender como a família cumpre as funções de agente da reprodução ideológica é preciso se entender o seu funcionamento interno, uma vez que a maneira como a família organiza a vida emocional de seus membros lhe permite transformar a ideologia dominante em uma visão de mundo que serão assumidas posteriormente pelos seus indivíduos. 
 Para Poster é na família que se forma a estrutura psíquica e a experiência se caracteriza por padrões emocionais, constituindo um espaço social distinto na medida em que gera a hierarquização de idade e sexo como indicadores sociais, definindo suas diferenças e relações de poder. Centram-se no funcionamento de um binômio, autoridade e amor, onde o afeto e poder relacionam-se permitindo entender a dinâmica interna da família e suas funções de reprodutora ideológica. Poster apresenta quatro modelos de família: aristocrática e a camponesa foram predominantes nos séc. XVI e XVII, a família proletária e a burguesa no sec. XIX. 
A aristocracia se assentava no poder do monarca e no domínio das terras. O casamento era um ato politico, pois dependia a manutenção de posses familiares. A privacidade era pequena e as condições de vida e higiene precárias o que explica o alto índice de mortalidade seguido dos elevados índices de natalidade. A educação era orientada para a obediência e como consequência a identificação das crianças não privilegiava as figuras parentais, a hierarquia social era determinada pela tradição. O trabalho era desvalorizado e o lazer cultivado. Os castigos físicos eram praticas do método de ensino. O corpo era um objeto de ambivalência sexual. Enfim, a família aristocrata não atribuía valor a privacidade, domesticidade cuidados maternos ou relações intimas entre pais e filhos.
A família camponesa não difere muito da aristocrática, ela também apresenta elevados índices de natalidade e mortalidade infantis, nessa família a unidade familiar é menor do que na aristocrática, mas nem por isso o grupo familiar era mais significativo para seus membros. A aldeia era onde todos estavam integrados e por meio dos costumes e tradições regulam a convivência entre seus integrantes. A família não era um ambiente privado e os laços se estendiam para fora dela, dependentes um dos outros e vínculos com a aldeia permitiam as crianças muitos objetos de identificação não só os pais. A mãe camponesa era encarregada de cuidar dos filhos e nessa tarefa recebia ajuda de outras mulheres, vizinhas, pois sua presença também era necessária no trabalho no campo. Portanto, mesmo vivendo em pequenas unidades nucleares a família camponesa também não valorizava a domesticidade e a privacidade.
 A família proletária se formou no período da industrialização, no sec XIX sua tem origem com a migração das famílias camponesas para áreas urbanas. Todos os membros da família trabalhavam, até as crianças por longas jornadas. As condições de trabalho, higiene e moradia eram precárias, elevando o índice de mortalidade infantil. A família operaria apresenta três fases ao longo de sua existência, a primeira se caracteriza pela vida comunitária e pelo apoio mutuo dos membros. A segunda na metade do sec XIX há uma melhora na profissionalização do operário e nas condições de vida da família proletária. Começa haver uma diferenciação de papeis sexuais: a mulher passa mais tempo em casa cuidando dos filhos e os homens mais tempo trabalhando na fábrica. A terceira já no sec XX se caracteriza pela mudança das famílias para o subúrbio, pelo incremento da vida privada rompimento com a comunidade, preocupação com a educação e futuro dos filhos. Além disso, esse modelo de família acentuou a autoridade paterna e o conservadorismo.
 A família burguesa se estruturou no final do sec XVIII e inicio do sec XIX era constituída pela nova classe dominante cujos padrões de relacionamento familiar e social se diferenciavam claramente dos modelos vigentes. Fechada em si mesma mantinha uma nítida separação entre o mundo do trabalho e o mundo familiar, entre o público e o privado. Os papéis sexuais eram rigorosamente definidos. O homem era o provedor, autoridades dominantes, livres e autônomas. A mulher era responsável pela casa, pela educação dos filhos. Emotiva e servil ao marido e dependente dele. Era intolerável a sexualidade feminina fora do casamento. O prazer sexual era secundário, pois a atividade sexual feminina se limitava à necessidade de procriação. Na família burguesa definiu novos padrões para sexualidade e havia uma dissociação entre sexualidade e afetividade: as mulheres eram seres angelicais superiores as demandas animalescas do sexo que os homens buscavam fora do casamento, repressão a masturbação, à sexualidade infantil foi implacável na família burguesa. Práticas que levavam as crianças a viver situações conflitivas em relação ao corpo, sexo e ambivalentes em relação aos pais amor e ódio. Tudo isso trouxe consequências para o lado afetivo da criança, que deveria aprender a renunciar o prazer corporal em troca de afeto dos pais, o controle do corpo a submissão aos pais pela afeição parental.
 As manifestações de erotismo na infância eram severamente punidas pelos pais. À mulher era dado o compromisso com o futuro dos filhos. A gestação, o desenvolvimento infantil, a saúde e as doenças dos filhos eram responsabilidade da mulher. Assim, encontra-se um novo quadro de vida familiar estabelecido pela burguesia, que cria condições para a total dependência dos filhos em relação aos pais, diminuindo as fontes de identificação da criança, enquanto o aristocrata e o camponês possuíam uma ampla possibilidade de identificação. A educação dos filhos e sua preparação profissional eram prioridadeno casamento burguês. O filho homem deveria ser autônomo, autodisciplinado, capaz profissionalmente e com moral. Para a mulher a preparação profissional, o diploma, era mais uma questão de status, insegurança a ser usado apenas em situações de emergência. A prioridade, quase obsessiva, com a educação dos filhos, revela um sentimento de perda experimentado pelos pais, principalmente o pai, nas suas impossibilidades de formação. Os pais não tinham posses e por alguma razão não conseguiram se formar, se empenham para que os filhos obtenham a formação universitária que será para a família um símbolo de reconhecimento social. Quando a família burguesa ensina a submissão, isso faz com que essa função seja transferida para outros papeis, formando um cidadão passivo, acrítico, conservador, incapaz de criar, somente veicular uma ideologia dominante e obedecer a uma ordem estabelecida. Essa é a família burguesa, definindo-se pelo isolamento, privacidade, domesticidade, supervalorizando as relações de emoção internas, destinando a formar um cidadão autodisciplinado a nova classe dominante e a registrar conflitos de idade e sexo.
Novos e importantes elementos têm aparecido no contexto social e a família não fica a parte dessas influencias. Hoje a família nuclear burguesa continua predominando, mesmo com as modificações, a estrutura familiar que associa amor e autoridade que juntos fornecem sustentação para o aparato ideológico, a rígida hierarquia de sexo e idade, divisão de papeis sexuais e repressão a sexualidade, ainda prevalecem. Diante disso, pode-se perceber que as características fundamentais da família burguesa do século passado persistem, criando novos padrões para vida familiar, adequando-se a nova classe dominante nas famílias contemporâneas. Não se pode esperar que o sistema econômico traga alterações na vida familiar para um família mais tolerante e propulsora de bem estar emocional de seus integrantes. Mas isso só será possível quando não houver uma oposição ao mundo extrafamiliar, a integração a comunidade e sim a competição dos homens. 
Referencias
LANE. Silvia,Wanderley. Psicologia Social: O Homem em movimento, São Paulo: Brasiliense, 1994 
PROCESSOS DE ESCOLARIZAÇÃO NOS MEIOS POPULARES 
As contradições da obrigatoriedade escolar
Nadir Zago 
 Esse estudo inicia demostrando as relações estatísticas entre a origem social dos alunos e seu sucesso ou fracasso escolar que são amplamente discutidos pelas ciências sociais e educação no que desrespeito as desigualdades escolares. Constatando a existência de elevados índices de reprovação, analfabetismo, evasão e desempenho escolar decrescente principalmente no ensino fundamental. As relações existentes entre estrutura e fracasso escolar já estiveram em questão desde década de 70, mas a problemática e as relações extraescolares e praticas intra-escolares não eram consideradas, buscando-se compreender as condições objetivas de escolarização definidos por pais e filhos. O objetivo não é abordar as causas do fracasso ou sucesso escolar, mas esclarecer a existência da preocupação com o entendimento dos processos, mostrando como se configura a historia escolar, as mudança e perspectivas.
 O estudo apresenta uma pesquisa qualitativa, centrada na constituição da entrevista como principal instrumento de coleta de dados. Esse questionário foi um levantamento de dados socioeconômicos e demográficos da população e pesquisa de campo efetuado no local de moradia dos entrevistados. As entrevistas foram feitas com pais de 16 famílias relatando sobre a trajetória das famílias, estrutura socioeconômica, escolaridade dos filhos, pratica de escolarização familiar. A analise desses dados permitiu a compreensão sobre a situação escolar que sofreu alterações no contexto familiar, seja demográfico, escolar ou ocupacional. 
 Com o desenvolvimento das ciências, educação e sociologia a presença das famílias na escolarização são discutidas e abordadas questões sobre a obrigatoriedade escolar nos meios populares. As relações de família e escola se alteraram em comparação ao período que a reprodução social não possuía títulos escolares, as transformações ocorridas com a industrialização, economia e urbanização impulsionaram um aumento de trabalho não manuais e maior demanda da população pela educação formal tendo em vista elevação do nível escolar. Há um reconhecimento da educação escolar como requisito básico para responder as exigências do mercado de trabalho que tem como possibilidade romper com as condições de pobreza da família. Considerando isso, a valorização da instrução escolar se sustenta sobre dois pontos: um de domínio dos saberes fundamentais e integração ao mercado de trabalho o outro voltado para escola como espaço de socialização e proteção dos filhos mediante as praticas que são condenáveis, de irresponsabilidade destituída da conduta socializadora. Procura-se entender qual papel e significado que a escola desempenha na vida do jovem e como vivem com a pouca escolaridade adquirida. O estudo dessas questões indica que a relação com a escola se processa pela heterogeneidade mais do que uma unidade pratica significativa.
 Aliado a isso, analisa-se a interrupção escolar no ensino fundamental ressaltando o tempo gasto na escola e o que realmente é obtido, absorvido pelo individuo. Ao analisar os percursos escolares não se podem ignorar as contradições entre o prolongamento da obrigatoriedade escolar e a realidade vivida por parte da sociedade, quando inserida na escola tem uma trajetória descompassada por normas institucionais de ensino, produzindo excluídos potenciais. Pois a vulnerabilidade, instabilidade e precárias condições de vida tem um peso importante sobre esse percurso de investimento escolar. Além da introdução precoce no mercado de trabalho, pressionados pelas exigências da família e do mercado de trabalho os jovens não frequentam a escola no tempo previsto, o que possibilita a uma recuperação do tempo perdido na retomada aos estudos em supletivos, na tentativa e perspectiva de conciliar trabalho e educação. 
 O trabalho os desgastava, o cansaço, a redução aos tempos de estudo, dificuldades com as disciplinas e consequentemente a pouca escolarização favoreceu a evasão, o trabalho informal, os baixos salários, mesmo com interrupção escolar os jovens continuam na ativa em atividades informais. Alem disso, o desemprego e baixa qualificação profissional dificultaram o acesso e disputa no mercado de trabalho. Situações como essa em a ausência de um diploma mínimo de escolaridade impõe limites a profissionalidade, chamando a atenção para a necessidade de um certificado, onde o estudo ganha real significado e valorização. A retomada do estudo representa para muitos dos estudantes da pesquisa, o desejo de se reconhecer como estudantes e se identificar com colegas da mesma idade, oportunizando a construção de um novo modo, universo estudantil que reflete o fator de reconhecimento social. 
Apesar da valorização da pré-escola, o discurso evidencia uma inegável educação escolar nos meios populares que não pode ser tomada por valores atribuídos a projetos de longevidade escolar, sim analisar os limites impostos pelas condições materiais objetivas. Os indicadores de alunos e ex-alunos permitiu observar as condições que o manteve desfavorável em relação à escola associando que as relações que esse jovens mantem com a escola está ligada a simples obtenção de um certificado para aumentar as chances no mercado de trabalho. Tudo isso coloca nas camadas populares que a relação com escola é heterogênea e contraditória, já que muitos consideram o retorno à escola é uma meta positiva, para outros a escola não se constitui como um plano, projeto de vida. Diante disso, a escola está construindo uma dupla face da realidade de um lado a antiescola do outro o reconhecimento do diploma de ensino como uma necessidade social, não é o saber escolar que importa mas a obtenção do certificado, exigência no mercado. As avaliações de alunose ex- alunos sobre seus insucessos, são interiorizados afetando a autoestima, o filho que se recusa a permanecer na escola não é isento de conflito na família, mas a mobilização da familia não é condição para garantir a permanência na escola, pois a escola revela um relação de ambivalência, as justificativas a interrupção escolar, o peso do certificado adotam praticas contrarias as normas escolares. Para vários deles a retomada dos estudos indica uma resposta a necessidade de aumentar as chances reduzidas de emprego e não a idealização da escola, na visão consciente de plano racional. Por isso a relação entre a formação escolar e as praticas da instituição estão fundamentadas na transmissão do saber. 
 Nesse sentido, trata-se agora dos percursos escolares no ensino fundamental ultrapassados e um desejo dos pais da obtenção de certificado dos seus filhos. Reafirmando o peso das condições socioeconômicas sobre a definição do futuro escolar e social. A mobilização familiar voltada para as atividades escolares dos filhos, pratica de socialização, transmissão de valores, apoio de professores, esses fatores podem torna-se rentáveis escolarmente na definição das singularidades de origem social, definindo relações de interdependência, saindo da condição de exclusão econômica e social e investir na atividade escolar profissional na busca de uma nova identidade e o desejo de crescimento pessoal. Dessa forma, contraditórios, o trabalho pode servir de aparelho mobilizador da carreira escolar, evidente na relação entre trabalho e escola, a existência das condições de trabalho exercido, os benéficos que se podem tirar da escolarização, natureza da atividade. Enfim, as intenções para a democratização do ensino mediante a realidade escolar da população desfavorecida, a escola brasileira continuar a apresentar elevados índices de evasão e repetência, pontos que não são a causa do problema, mas a reflexão de um sistema de ensino autoritário e excludente. 
FAMILIAS DE CAMADAS MÉDIAS E ESCOLARIZAÇÃO SUPERIOR
O estudante trabalhador
 Certamente, a influencia da família na escolarização dos filhos depende de vários fatores, mas se deve considerar que a influencia é mais intensa na presença no ensino fundamental, que no médio, e menos ainda no superior, de qualquer maneira a escola e a família atuam mutuamente na tentativa de desenvolver o potencial de seus indivíduos no processo de modernização, sistema educacional e o mercado de trabalho. O objetivo aqui é novamente discutir a complexidade da relação família e escola e entender como as famílias de classe medias mobilizam seus filhos no ingresso e certificação no nível superior. 
Com o crescimento econômico a demanda por educação é ampliada, havendo expansões na rede publica de ensino médio e superior, o surgimentos das primeiras universidades publicas, onde as organizações estatais e privadas geram um novo mercado de trabalho e mão de obra e qualificação profissional. No contexto das universidades logo se vê uma estrutura socialmente diversificada, em que a mudança ocorre as custas das massas do ensino que são em sua maioria os estudantes que precisam trabalhar para estudar . Na realidade, os estudantes são vitimas de um modelo dicotômico de funcionamento do sistema educacional, que apresenta dois circuitos, o circuito virtuoso em que o aluno frequenta o ensino fundamental e médio em escola privada e universidade publica, e o circuito vicioso, o contrario. Isso é influenciado por situação socioeconômica das famílias o que repercute na vida profissional do aluno e no ingresso a universidade. Se há crise no sistema educacional universitário ao que se refere sua ingressão, a maioria dos estudantes não estão preocupados com a qualificação aprendida na universidade, mais sim com o titulo que o capacite para concorrer no mercado de trabalho. 
 É necessário analisar a relação da família e escola sob a unidade de reprodução social, mediante a difusão de diversos tipos de capital. Podemos verificar que o capital escolar é o dominante, o que explica o investimento das famílias na escolarização dos filhos, qualificando o trabalhador para o mercado seu desejo. O fato de se considerar a família como unidade reprodutora da sociedade não significa torna-la uma instituição com função de simplesmente estruturar e nem repor o instituído. A problemática da reprodução social e da transmissão cultural coloca em pauta não apenas a família, mas a escola, agente fundamental do processo, que embora não seja transmissora do capital é importante para os alunos construírem uma rede de relações na vida profissional completando o papel social da família.
 Rochex traz uma contribuição que articula fatores sociais subjetivos, expressa no que chamou de tríplice autorização. Consiste na negociação de pais e filhos sobre aspectos culturais, conflitantes, e a própria escola, esse processo de conquista de autonomia, emancipação, promove ruptura com a família e permite a reprodução social para organizar projetos de escolaridade e mobilidade social. Os estudantes universitários foram classificados em três categorias, de acordo com sua função na inserção no sistema escolar que pode ocorrer juntamente com a iniciação no mercado de trabalho. A primeira era a de estudante em tempo integral, esse era mantido pela família, sem participar do mercado de trabalho, dedicava-se inteiramente aos estudos pela disponibilidade. O segundo era o estudante que trabalha, mas continua ser parcialmente mantido pelos pais, fornecido por moradia e alimentação, há uma mudança na posição de filho, passando de um estagio de consumidor para um de provedor das necessidades, também deveria colaborar com as despesas domesticas, reduzindo os gastos parentais, permitindo a aquisição de novos bens, melhorando assim o padrão de vida familiar, esse era denominado estudante-trabalhador. O ultimo, não tinha recursos financeiros para arcar com a manutenção total ou parcial do filho, esse é classificado com trabalhador-estudante, esses dois últimos tinham pouco tempo para se divertir, relaxar por apresentarem um jornada dupla estudo x trabalho.
 Com isso, há um aumento do sistema de ensino superior privado, ampliando o numero de vagas principalmente a noite, proporcionando as camadas medias da sociedade o ingresso ao terceiro grau e obtenção de diploma superior.
O ingresso a universidade depende de uma gama de fatores que vai desde da escolha da profissão até os fatores que incluem o capital cultural e escolar dos alunos. Muitos desistem de concorrer a uma vaga para a universidade publica, por terem percorrido o circuito vicioso, que pouco os prepara para essa disputa com os virtuosos, por desvantagens pessoais, sócias e financeiras. Outros já afirmam que os aspectos informais da instituição são mais importantes, nem se quer mencionam que estão preocupados com a qualidade os cursos oferecidos. 
 De uma perspectiva contrastiva, pode-se dizer como os estudantes apreciam a universidade publica, claro de sua importância na pesquisa e produção de conhecimento. De outro modo, essa concepção concentra-se de que a universidade publica é produtora e transmissora de conhecimento cientifico, já os alunos da privada não produtora de conhecimento, sim de transmissão, fruto de pesquisa. Outros já consideram que universidade boa é aquela que orienta da melhor maneira possível, cabendo ao estudante o plano individual, exercício da competência, esforço individual pleiteada no nivelamento das desigualdades construídas. 
 A família influencia em muito na escolha do curso superior e interferem também vida escolar deles, por mais que os universitários digam que não há influencia mas ela está vinculada sim a relação família e seus membros. Na realidade a intervenção familiar ocorre de modo direto ou indireto, isso acontece quando os pais têm grandes aspirações sobre o futuro profissional dos seus filhos almejam que façam cursos que não são cabíveis as reais expectativas dos filhos, a questão da afinidade, dasaptidões para áreas que mais se aproximam do que se almeja para o seu futuro profissional.
A promoção social e profissional dos filhos em termos de escolaridade deve ser considerando que todos concluíram seus cursos, alcançando assim a ascenção no plano simbólico pessoal. O avanço da escolaridade deve ser contrastado com a avaliação do valor que a escolarização prolongada agrega ao trabalho. Os universitários percebem que a qualificação profissional é insuficiente para se melhorar de vida. A influencia da família na escolarização desses universitários promove aspirações e anseios nos filhos, porque a família é uma ferramenta poderosa que consegue impor no sujeito os princípios familiares. Diante disso, é importante e interferência de forma indireta no ingresso dos filhos na universidade porque ela tem essa responsabilidade no processo de escolarização, não dispensando o afeto para a conquista do que se deseja o diploma para o anseio na vida profissional, pessoal, social, familiar. 
Referencias
NOGUEIRA, Maria Alice – Família e escola : trajetórias de escolarização em camadas medias populares, Petrópolis – RJ; 2000

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