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nesse contexto, segundo Blanco (2011), com BIM é possível reduzir a redundância de informações na modelagem e o potencial de erro nas várias etapas da construção devido a inserção de diversas informações em um único projeto e o 34 compartilhamento dessas entre os usuários envolvidos no processo. Isso ocorre pelo fato de o empreendimento ser construído virtualmente, podendo-se antecipar incompatibilidades entre os desenhos. Ainda, Oliveira (2015) afirma que, devido à parametrização dos materiais e de informações como custo e tempo de execução, a metodologia BIM torna o planejamento da obra mais detalhado e de fácil acesso às equipes que o interpretarão, à medida em que torna a obra mais organizada, minimizando o tempo. Dessa forma, a necessidade de retrabalhos e mudanças durante a construção são reduzidas, o que ocorre, também, devido ao processo de se edificar virtualmente o empreendimento. Como consequência da parametrização, é possível também, tornar as estimativas de custo mais precisas. Uma vez que, dessa forma, cada item, insumo e material é quantificado automaticamente pelo software, reduzindo o trabalho braçal e a margem de erro (BLANCO, 2011). Devido ao fácil acesso a informação e a integração entre elas, com a aplicação da metodologia BIM, é possível obter uma visualização mais ampla da obra, com maior produtividade além de menor tempo de execução e redução de custos (LEÃO DE LIMA et al, 2014). Ainda de acordo com Blanco (2011), a plataforma permite além da troca de experiências, o estudo de sequencias construtivas, a simulação de alternativas tecnológicas e uma melhora na logística do canteiro de obras, resultando no aumento da produtividade. Entretanto, mesmo com todos os benefícios citados anteriormente, há muita restrição ao uso, por parte de projetista e empresários que alertam para a complexidade dos softwares BIM. Em uma pesquisa realizada por Han Yan e Peter Damian em 2008, no Reino Unido e Estados Unidos os resultados são os seguintes: cerca de 40% dos entrevistados nos EUA e 20% dos entrevistados no Reino Unido acreditam que os gastos de tempo e recursos humanos para o processo de implantação são muito caros, além disso, os entrevistados alegam que faltam estudos que comprovem o real benefício da metodologia. Ainda, a resistência à mudança, ao novo e ao desconhecido, está sempre presente, ainda mais quando os arquitetos e engenheiros, caso dos entrevistados, se dizem satisfeitos com os tradicionais métodos de projeto (YAN; DAMIAN, 2008). O gráfico 7 representa um gráfico com as principais barreiras para a adoção dessa metodologia: 35 Gráfico 7 – Barreiras do BIM (YAN; DAMIAN, 2008) Pode-se extrair, a partir do gráfico 7, que a maior restrição ao uso se refere ao tempo e aos recursos humanos envolvidos para a sua implementação. Aliado a isso, os custos com direitos autorais e treinamento das equipes ficam em segundo lugar nos índices da pesquisa. Segundo Faria (2007), a maior barreira ao uso da tecnologia é o tempo gasto com a aprendizagem, que pode ser de até um ano, fazendo com que os escritórios de engenharia e arquitetura percam um pouco de produtividade nesse período. Para Pedro Maló, do Instituto de Desenvolvimento de Novas Tecnologias de Portugal (Faria, 2007), o processo de aprendizado é dividido em 3 etapas, sendo a primeira aprender a desenhar no BIM, a segunda é realizar as trocas simples entre os projetistas envolvidos, e a terceira e última etapa é a integração com orçamento e cronogramas. Uma outra fonte acerca dos desafios da implementação da metodologia BIM é Tse e Wong (2005), que enumeram: - Variação do modelo arquitetônico, através do uso correto da metodologia BIM; - Problemas na adaptação de objetos ao projeto; - Customização dos objetos restrita; - Tempo despendido para a modelagem devido à complexidade da ferramenta; - Limitação no treinamento e no apoio técnico; 36 - Gastos extras para aquisição de módulos complementares; - Indisponibilidade gratuita de aquisição do software. 3.6 Projetos integrados: o uso da plataforma BIM na gestão de projetos Coordenar projetos é um desafio. Coordenar projetos a partir da implementação de uma nova metodologia de planejamento é um desafio ainda maior. A evolução dos sistemas BIM e seu emprego por empresas nacionais e internacionais é uma realidade atualmente, permitindo a adoção de sistemas colaborativos para dar apoio à gestão do processo de projeto na construção civil (COELHO; NOVAES, 2008). Como prova da eficácia desta plataforma na gestão de projetos, Leão de Lima et al. (2014) encontraram na Reserva Camará, grande empreendimento da região metropolitana de Recife (PE), uma boa expectativa de redução de tempo, retrabalho e custos, com a detecção de erros percebidos durante a fase de projeto. Além disso, houve considerável aceitação por parte das empresas, bem como dos projetistas, visto que o nível de detalhamento da plataforma BIM resultou em correção de incompatibilizações ainda na fase de projeto. Outro estudo que, desde as fases iniciais de concepção, englobou o BIM como ferramenta preferencial de transmissão de informações foi realizado por Lino, Azenha e Lourenço (2012) junto ao Terminal de Cruzeiro do Porto de Leixões, em Portugal. Esse trabalho obteve resultados referentes aos benefícios trazidos pela modelagem estrutural, que, por meio de medições exatas de elementos de grande dimensão da obra, cuja quantificação seria mais difícil com o emprego de outra tecnologia, elevaram o trabalho colaborativo e integraram as tecnologias de informação. Uma pesquisa realizada por Azevedo (2009), aplicou a metodologia BIM nos processos de projeto e construção do Centro de Saúde de Macedo de Cavaleiros, em Portugal. Os resultados obtidos referem-se à detecção das incongruências de projeto existentes, evitando retrabalhos, assim como tabelamento da quantidade de materiais necessários para a execução da obra, reduzindo gastos em excesso. Os fluxos de trabalho e processo facilitados devido à interoperacionalidade proporcionada pelo BIM são, também, resultados positivos encontrados em outro estudo de caso, realizado por Antunes (2013). No trabalho foi aplicada a 37 metodologia BIM em uma habitação unifamiliar na cidade de Braga, Portugal, comprovando suas potencialidades, entre as quais estão: capacidade de realizar diversas especialidades, tendo como base a mesma informação, evitando inconsistências; capacidade de associar ao modelo planejamentos da obra, sendo possível reduzir tempo de construção; capacidade de comunicar com o Microsoft Excel para a estimativa de custo, minimizando gastos na construção de edificações. Outro estudo de caso foi realizado nos anos de 2006 e 2007 na cidade de Mountain View, California, Estados Unidos, por Eastman et al. (2014) e trouxe a aplicação da metodologia BIM em um edifício de consultórios médicos e estacionamentos. O objetivo principal era reduzir o tempo total de duração do empreendimento e, para tanto, a construção foi iniciada antes de o projeto detalhado ser concluído. Eastman et al. (2014) expuseram que os benefícios almejados com o uso de um modelo virtual de projeto alcançavam clientes, projetistas e construtora. O cliente, de forma mais ampla, à medida que haveria um maior entendimento de como a facilidade serviria aos pacientes, médicos e enfermeiros; os projetistas, quanto à redução de conflitos e interferências na obra, baseados na influência da construtibilidade; e a construtora e os subempreiteiros, na busca pela maneira mais eficiente de construir e planejar. Com o término