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dos “objetos” nele inseridos. Hoje a remuneração do projeto não inclui este último desenvolvimento, mas nada impede que os objetos sejam reutilizados pelo contratante. Com isso é preciso encontrar uma forma de trabalho em que os direitos do arquiteto sobre o projeto sejam resguardados. Outra questão levantada está relacionada à responsabilidade de projeto. Ao inserir uma família com informações completas e detalhadas do sistema de um objeto (uma porta, por exemplo) torna-se necessário identificar se a responsabilidade pelas informações geradas é do projetista ou do fabricante. 4.4.3 Nível de Informações de projeto As informações necessárias sobre componentes variam conforme a fase do projeto, o que leva à necessidade de versões variadas do mesmo objeto. O ideal seria ter vários níveis de desenho do mesmo objeto, um com todas as informações e detalhes e outras versões mais simplificadas. Além disso, uma vez que é possível modelar tudo, deve haver uma clara definição do escopo de projeto determinando os elementos contidos em cada etapa de projeto e seus diferentes níveis de detalhamento. Outro ponto analisado diz respeito à contribuição dos fabricantes em termos de informação nesses novos padrões de modelagem. Acredita-se que os fabricantes irão desenvolver os componentes de acordo com as necessidades identificadas pelos arquitetos. Além disso, foi constatado na pesquisa que diversos atributos disponíveis nos softwares não estão sendo utilizados (preço, por exemplo). Mesmo outros parâmetros importantes nem sempre estão presentes, obrigando o projetista a complementar a modelagem dos objetos. 91 4.4.4 Como ganhar mais com projetos em BIM? Os projetos estão melhores e com maior conteúdo de informações. Uma das questões colocadas pelos escritórios é como fazer o cliente reconhecer a qualidade dos projetos desenvolvidos com o BIM e como ser remunerado por isto. Alguns escritórios afirmam que não cobram um valor superior, mas acabam ganhando com novos produtos que não geravam antes (imagens, levantamento de quantitativos, entre outros). Aparentemente, os clientes podem perceber o valor agregado por estes novos produtos, mas existe certa dificuldade na avaliação do aspecto qualitativo do projeto como, por exemplo, a redução de conflitos. 4.4.5 Ensino do BIM A universidade como berço da inovação tecnológica não pode ficar estática diante da revolução que se apresenta e deve contribuir na formação de profissionais preparados para o mercado de trabalho futuro. Quanto ao ensino dos programas nas universidades, Contier acredita que as duas tecnologias (CAD e BIM) devem ser ensinadas já que o CAD é uma realidade de mercado e o BIM é uma tendência de mercado. Além disso, como o uso do BIM exige maiores conhecimentos projetuais do arquiteto, o ensino de arquitetura deverá estar focado na formação de profissionais completos e não apenas meros desenhistas. Torna-se essencial a inserção de disciplinas e programas baseados no ensino do BIM, difundindo conhecimentos relativos tanto a operação dos softwares quanto ao entendimento do processo de projeto colaborativo decorrente do seu uso. Do mesmo modo é preciso investir em novas pesquisas e na qualificação e atualização de professores. 4.5 CONCLUSÕES DOS ESTUDOS DE CAMPO Os principais motivos apontados para busca de utilização da tecnologia BIM dizem respeito à diminuição de erros de projeto e aumento de qualidade. A pesquisa indica que esses resultados estão sendo alcançados pelos escritórios de arquitetura analisados. A maioria dos escritórios não indica redução de prazo de projeto com a utilização do BIM. Acredita-se que essa redução poderá ocorrer com o aumento do uso da tecnologia, com a maior adaptação dos profissionais aos softwares e com a 92 inserção efetiva dos demais projetistas e agentes no processo como um todo. Da mesma forma, apesar de não indicarem diminuição de prazo, pode ter ocorrido diminuição de carga horária dos arquitetos. Tal fato acabou não sendo contemplado nas respostas obtidas, talvez em decorrência de uma formulação equivocada da questão proposta. Observa-se na pesquisa que, o BIM propiciou um aumento da quantidade de informações disponíveis nos projetos realizados. Além disso, houve a geração de novos produtos antes não oferecidos ao cliente, como levantamentos de quantitativos e imagens 3D. Outro ponto a ser destacado é que o edifício, em todas as suas especialidades, não está sendo modelado de fato. O uso do BIM ainda encontra-se muito restrito aos escritórios de arquitetura. A compatibilização de projetos que pode ser facilitada, ajudando na diminuição de erros e facilitando as soluções de projeto, na verdade ainda ocorre nos moldes tradicionais do CAD. Os softwares ainda precisam evoluir no que diz respeito a interoperabilidade. Muitas informações de projeto se perdem com a realização de trocas de arquivo em diversos formatos. A utilização da extensão IFC deve ser estimulada, facilitando a troca de informação entre os agentes do processo. 5 CONCLUSÕES Entre os principais resultados alcançados nesse trabalho pode-se destacar a formulação de um diagnóstico da implantação da tecnologia BIM em escritórios de arquitetura brasileiros, a partir da análise de empresas no Rio de Janeiro, São Paulo e Curitiba. Embora a amostra pareça diminuída, acreditamos que ela seja representativa dos escritórios que utilizam a tecnologia. O referencial teórico inicialmente desenvolvido permitiu o entendimento das correlações existentes entre o processo de projeto, a tecnologia da informação e as questões gerenciais. Tais elementos encontram-se intimamente ligados sendo afetados diretamente quando algum deles sofre alteração. Portanto, qualquer aspecto a ser modificado torna necessária a avaliação dos outros dois pontos por ele influenciados, buscando adaptações para que as melhorias sejam alcançadas de forma mais abrangente. Também fica evidenciado neste trabalho que o investimento em novas tecnologias da informação e ferramentas de gestão são aspectos essenciais na busca pela melhoria dos processos, a fim de suprir o grande atraso produtivo da indústria da construção civil frente a outras indústrias. A pesquisa realizada sobre a tecnologia BIM foi baseada no treinamento prático da autora, na busca de referencial teórico sobre o assunto e na análise de estudos de caso já desenvolvidos por outros autores, proporcionando uma compreensão do funcionamento dos softwares e das possibilidades de seu uso. A avaliação de experiências internacionais, a partir da leitura de estudos de casos, permitiu verificar os resultados alcançados em outros países, servindo como importante fonte de embasamento para o desenvolvimento de uma pesquisa específica no Brasil. O desenvolvimento de estudos de campo nas empresas brasileiras proposto neste trabalho possibilitou traçar um panorama da adoção da tecnologia BIM no 94 país, identificando as vantagens obtidas e as dificuldades enfrentadas pelos escritórios de projeto que se lançaram na busca da modernização de seus processos a partir da implantação dos novos softwares. No decorrer da formulação dos estudos foi realizado um encontro com interessados pelo tema, onde a ampla participação dos usuários deixou claro o imenso interesse de escritórios e projetistas para que novos canais de discussão sejam abertos buscando encontrar soluções para uma melhor adaptação da tecnologia na indústria de AEC brasileira. A partir da análise dos estudos de campo conclui-se que a implantação da tecnologia BIM no Brasil ainda encontra-se em fase bastante preliminar. Seu uso ainda é restrito a escritórios de arquitetura. As empresas contratantes ainda não estão exigindo a utilização da tecnologia. As construtoras ainda estão começando a enxergar as reais vantagens oferecidas