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anos, ocorrido entre a contratação e o efetivo início das obras, com o agravante deste espaço temporal ser imediato à implantação do Plano Real, no qual ocorreram expressivas variações de preços não necessariamente captadas por índices genéricos de atualização monetária. Este eventual descompasso entre os preços praticados hoje e aqueles existentes quando da contratação é em nosso entender um fato se previsível, pois após um longo processo inflacionário é natural que haja mudanças de preços, inclusive para menos, devido às novas condições econômicas em que o processo produtivo resta inserido, de conseqüências incalculáveis, pois a quantificação prévia da variação de preços de insumos não é de forma alguma possível. Cabe lembrar, que a problemática neste ponto relatada, não necessariamente estaria solucionada caso adotássemos índices adequados de correção monetária, haja vista trabalharem os índices de correção com uma gama muito vasta de produtos e que um específico produto pode não ter sua variação de preços efetivamente demonstrada pelo índice, produto este que pode ter participação significativa em determinado instrumento contratual, como tubulação no presente caso, afetando o equilíbrio econômico financeiro da avença. Isto posto, propomos seja determinado ao responsável a reavaliação dos preços praticados no Contrato 055/94 de modo a compatibilizá-los com aqueles praticados no mercado, nos termos da Lei 8.666/93, art. 65, inciso II, alínea "d". (...) o desequilíbrio do contrato é uma realidade, sendo adequada a determinação proposta para a reavaliação dos preços praticados no Contrato 55/94; - tal reavaliação deve, necessariamente, objetivar o ressarcimento ao erário do prejuízo causado pela utilização de preços injustificadamente altos, sendo que a não reavaliação desses preços deve ser causa de instauração de tomada de contas especial; (...) 291. Em outras palavras, admitir-se que os preços dos serviços extrapolem os preços de mercado, ainda que devido a reajustamentos corretamente previstos no contrato, seria o mesmo que prescindir da vantagem oferecida pela proposta, pelo que restaria prejudicada a licitação realizada. 292. O cálculo de eventual superfaturamento necessitará de análises anuais nas datas-base do contrato e sua comparação com preços de mercado e os índices devidos, adotando-se o método de cálculo de superfaturamento mais adequado, dentre os apresentados no item I.3.1 deste Roteiro de Auditoria. I.3.2.6 – Superfaturamento total 293. O superfaturamento total (SFT) é calculado pela soma das diversas parcelas existentes de superfaturamento (devido à quantidade, à qualidade, aos preços, ao jogo de planilha e às alterações de cláusulas financeiras). SFT = SFQT + SFQL + SFP + SFJP + SFCF; Onde: SFT: Superfaturamento total; SFQT: Superfaturamento de quantidade; SFQL: Superfaturamento de qualidade; SFP: Superfaturamento por preços; SFJP: Superfaturamento por jogo de planilha; e SFCF: Superfaturamento por alteração de cláusulas financeiras. TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO 68 Segedam – Secretaria-Geral de Administração BTCU ESPECIAL Brasília Ano xliv n. 19 22/ nov. 2011 \\_sarq_prod\Sistemas\Btcu (Sede) - \\_sarq_an\Sistemas\Btcu (Asa Norte) - \\srv-UF\Sistemas\Btcu (Estaduais) Em termos percentuais, o superfaturamento total pode ser expresso: CR SF SF(%) Onde: CR é o preço de referência. 294. Ressalta-se que o valor assim obtido traduz apenas o montante nominal do superfaturamento, apurado em diferentes datas-bases. Para fins de ressarcimento ao erário, há a necessidade de se individualizarem as condutas dos agentes responsáveis. Por esse motivo, deve-se segregar o montante do superfaturamento em suas diversas parcelas e datas de origem dos débitos, e atualizá- las, conforme o procedimento estabelecido no capítulo II deste Roteiro de Auditoria. I.3.3 – Metodologia de análise de superfaturamento 295. A metodologia de análise de superfaturamento apresentada no presente Roteiro, adaptada do Manual de Perícias de Engenharia do Instituto Nacional de Criminalística do Departamento da Polícia Federal (INC/DPF), consiste na separação das diversas parcelas de dano ao erário descritas na seção anterior. 296. A separação das diversas parcelas de dano ao erário tem como objetivo permitir sua melhor caracterização e, assim, possibilitar o tratamento mais adequado dos dados, inclusive quanto à individualização das condutas dos responsáveis por cada parcela de superfaturamento. 297. O método proposto para quantificar essas parcelas de dano é progressivo, abrangendo as etapas descritas a seguir. 298. Primeiramente, é feita uma análise dos componentes contidos na faixa A da curva ABC, conforme a data de referência (data-base) estabelecida no edital (data de apresentação da proposta, ou do orçamento a que ela se referir, ou data do contrato), calculando-se o eventual sobrepreço para essa data inicial. 299. A partir disso, é efetuada a confrontação dos preços contratados com os referenciais, com base nas quantidades dos serviços previstos no contrato, obtendo-se o sobrepreço/desconto original, que é exatamente o ponto de equilíbrio econômico-financeiro do contrato. 300. Em seguida, é calculado o superfaturamento devido aos preços (SFP). Sobre o conjunto de serviços efetivamente realizados, é feita a crítica de seus preços unitários e o confronto com os preços de referência. 301. A diferença entre o valor total calculado com os preços unitários cobrados ou pagos e o valor global de referência adotado, quando não puder ser justificada tecnicamente, constituirá superfaturamento, o qual engloba também eventual parcela de jogo de planilha. 302. Em outra etapa, verifica-se se houve variação significativa do ponto de equilíbrio econômico- financeiro da obra, ou seja, se o sobrepreço ou desconto do contrato original se manteve para as quantidades reais executadas. Tal diferença, quando desfavorável para a Administração, é o dano devido ao rompimento do equilíbrio econômico-financeiro do contrato. 303. Destaca-se, aqui, que o desequilíbrio econômico-financeiro citado é o especificamente ocorrido por meio de alterações contratuais de quantitativos e/ou preços durante a execução da obra (SFJP). 304. Em seguida, deve-se verificar se o conjunto de serviços contratados foi ou não executado de acordo com o previsto (quantidade e qualidade). A identificação e a quantificação dos serviços não TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO 69 Segedam – Secretaria-Geral de Administração BTCU ESPECIAL Brasília Ano xliv n. 19 22/ nov. 2011 \\_sarq_prod\Sistemas\Btcu (Sede) - \\_sarq_an\Sistemas\Btcu (Asa Norte) - \\srv-UF\Sistemas\Btcu (Estaduais) executados são realizadas por meio da comparação dos serviços contratados com os serviços efetivamente executados, sendo confrontadas as quantidades de serviços que foram medidas ou pagas. 305. Nessa mesma parcela, também podem se fazer presentes aspectos de qualidade (SFQL), convertidos em termos quantitativos devido à dificuldade de considerá-los apenas em termos qualitativos. 306. Finalmente, deve-se examinar se houve superfaturamento devido à alteração de cláusulas financeiras (SFCF), decorrente de recebimentos contratuais antecipados (SFDC), distorção do cronograma físico-financeiro ou reajustamentos irregulares. 307. Apresenta-se, a seguir, o fluxograma simplificado da metodologia descrita acima. Ressalta-se que existem diversos caminhos alternativos que podem ser seguidos dentro da metodologia. 308. Por fim, deve-se calcular o superfaturamento total (superfaturamento por quantidade, qualidade, preços, jogo de planilha e alteração de cláusulas financeiras).