Buscar

Acódão proferido no processo de n. º 0000627 47.2016.5.20.0006, na 6ª Vara do Trabalho de Aracaju.SE

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 3, do total de 9 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 6, do total de 9 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 9, do total de 9 páginas

Prévia do material em texto

PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 20ª REGIÃO
PROCESSO nº 0000627-47.2016.5.20.0006 (RO) 
RECORRENTE: FUNDACAO HOSPITALAR DE SAUDE 
RECORRIDO: DENYSSON SANTOS DE SANTANA 
RELATOR: RITA DE CASSIA PINHEIRO DE OLIVEIRA
EMENTA
FUNDAÇÃO HOSPITALAR DE SAÚDE - JUROS DE MORA
APLICÁVEIS À FAZENDA PÚBLICA - Em atenção ao que fora
decidido no julgamento do Incidente de Uniformização de
Jurisprudência de nº. 0000186-84.2016.5.20.0000 que tratou da
penhorabilidade dos bens da Fundação Hospitalar de Saúde,
erige-se que a reclamada é pessoa jurídica sem fins lucrativos,
mantida por recursos públicos, de interesse coletivo e utilidade
pública, além de estabelecer que os serviços de saúde sob o seu
gerenciamento serão prestados com acesso da coletividade e
gratuitos, sendo equiparada às fundações criadas pelo Poder
Público com finalidade de exploração de atividade econômica,
gozando, assim, das prerrogativas da Fazenda Pública. Dessa
forma, a execução deve se submeter ao sistema de execução
concernente à Fazenda Pública (regime de precatório), inclusive
quanto aos juros de mora.
 
RELATÓRIO
FUNDAÇÃO HOSPITALAR DE SAÚDE recorre ordinariamente (id
6017b50) da sentença proferida pela 6ª Vara do Trabalho de Aracaju (id 7a745fb), que julgou
parcialmente procedentes os pedidos formulados na Reclamação Trabalhista ajuizada por
DENYSSON SANTOS DE SANTANA.
Contrarrazões sob id 48ce11b.
Autos em ordem para inclusão em pauta de julgamento.
 
ADMISSIBILIDADE
Satisfeitos os pressupostos de admissibilidade, conhece-se do
recurso.
MÉRITO
https://pje.trt20.jus.br/primeirograu/VisualizaDocumento/Autenticado/d...
1 de 9 20/02/2019 15:19
DO VALE-TRANSPORTE INTERMUNICIPAL
 Neste título, a recorrente alega:
Cabe inferir, que a condenação não é devida, visto que, era sabido pelo
Recorrido, as disposições previstas no edital do concurso a que se prestou,
quanto a sua alocação no município de Estância-SE e, se fora convocado antes
para trabalhar na capital sergipana, concordou com tal medida.
O Decreto n.º 95.247/87, regulamentou a concessão do benefício conferindo ao
empregado o direito de obter vale-transporte no intuito de deslocar-se de sua
residência para o trabalho e vice-versa, mediante opção de contribuição de 6%
do salário ou do vencimento, por meio de declaração escrita contendo a
indiciação de seu endereço residencial, bem como dos serviços e meios de
transporte coletivo público urbano ou intermunicipal e interestadual, com
características semelhantes ao urbano, operado diretamente pelo poder público
ou mediante delegação, em linhas regulares e com tarifas fixadas pela
autoridade competente, excluindo-se os serviços seletivos e os especiais.
Dos termos da lei nº 4.718/85 que regulamente o vale-transporte no Brasil,
tem-se:
 
Art. 1º Fica instituído o vale-transporte, que o empregador, pessoa física ou
jurídica, antecipará ao empregado para utilização efetiva em despesas de
deslocamento residência-trabalho e viceversa, através do sistema de transporte
coletivo público, urbano ou intermunicipal e/ou interestadual com características
semelhantes aos urbanos, geridos diretamente ou mediante concessão ou
permissão de linhas regulares e com tarifas fixadas pela autoridade competente,
excluídos os serviços seletivos e os especiais.
Mister interpretar que as características do transporte feito pela cooperativa -
COPERTALSE - a qual utilizava o Recorrido, não se encaixa nas previstas em
lei tanto em inteireza quanto em semelhança, trazendo a lume que seria de
responsabilidade do Reclamado arcar com o computo dos valores utilizados
para o transporte desde que sua residência estava fora do perímetro de
regionalização do transporte em relação ao posto de trabalho.
Ora, Excelência, o concurso no qual o Requerente foi aprovado para ocupar
emprego público nesta Fundação Hospitalar de Saúde caracterizou-se por ser
"regionalizado", ou seja, quando da realização do mencionado certame, a
Administração Pública exerceu sua faculdade, baseada nos critérios da
oportunidade e conveniência, de dividir as vagas a serem preenchidas por local
certo e predefinido. Isto tudo, diante da necessidade constatada no âmbito da
saúde pública em cada município do estado de Sergipe.
Por sua vez, o Edital n. 01/2008 ID 086774f, que autorizou a realização do
certame de seleção pública supramencionado, versando sobre as disposições
gerais para a inscrição, previu:
 
"5.4.1. Antes de efetuar a inscrição, o candidato deverá conhecer o edital e
certificar-se de que preenche todos os requisitos exigidos. No momento da
inscrição, o candidato deverá optar pelo nível/emprego/área de atuação/região
ou localidade de vaga a que deseja concorrer e por uma cidade de realização
das provas.
Uma vez efetivada a inscrição não será permitida, em hipótese alguma, a sua
alteração."
Neste toar, o item 11, "da nota final no concurso", refere-se à tratada
regionalização da seguinte forma:
11.3 "Os candidatos serão ordenados de acordo com os valores decrescentes
https://pje.trt20.jus.br/primeirograu/VisualizaDocumento/Autenticado/d...
2 de 9 20/02/2019 15:19
da nota final no concurso público, conforme classificações abaixo:
a) por nível/emprego/área de atuação/região ou localidade de vaga;"
Tais dispositivos deixam claro que em caso de aprovação no concurso público,
a livre opção por concorrer à vaga em determinada localidade, feita pelo
candidato no momento de sua inscrição no certame, vincula o exercício de suas
atividades laborais ao respectivo local/região.
Assim, quando o Recorrido optou por uma vaga na cidade Estância-SE, por
certo, encontrava-se ciente de que o seu local de trabalho seria nesta região.
Consequentemente, não há que se falar em obrigação legal da Fundação
Hospitalar de fornecer vale-transporte de em trajeto que foge aos limites
regionais.
Ainda tratando do teor da condenação proferida pelo juízo de piso, supõe-se,
com a devida licença, uma afronta ao ordenamento jurídico pátrio quando da
vedação do enriquecimento sem causa, haja vista, o Recorrido ter ganho uma
indenização equivalente ou respectiva como bem mencionou o texto decisório
"porquanto não se está sendo deferida a concessão do vale-transporte em si,
mas sim a indenização respectiva" dando a entender estar reconhecida que não
faz jus o Recorrido ao que pleiteia.
Pretende-se que seja reformada a r. sentença de piso reconhecendo-se que
tentou a Reclamada provar que não satisfaz o empregado os requisitos
inerentes a concessão do vale-transporte, nos termos da súmula n° 460 do TST.
Frisa-se que a Fundação Hospitalar não se exime de conceder o vale-transporte
aos seus empregados, desde que a solicitação seja feita para a região ou
localidade de opção do solicitante no certame público supramencionado,
pugna-se desta forma a reforma sentencial.
Ante o exposto, caso esta corte entenda pela improcedência da reforma do
decisum e, opte pela continuação da indenização proferida, com a devida
licença, sem base legal, tendo em vista que refere-se a equivaler a concessão
do benefício de vale-transporte demonstrado como incompatível, requer que
seja reconsiderada a quantia para que equivalha apenas os dias efetivamente
trabalhados.
Em exame.
A sentença foi proferida nos seguintes termos:
DO VALE-TRANSPORTE INTERMUNICIPAL
Conta o autor que foi contratado pela Reclamada, através de aprovação em
concurso público, para exercer a função de Assistente de enfermagem II, no
período de 15/07/2010, com salário inicial de R$ 578,93 (Quinhentos e setentae
oito reais e noventa e três centavos), com R$ 200,00 (Duzentos reais) variáveis,
com lotação no Hospital do Município de Estância. Contudo, em virtude de
reformas do centro médico deste município, foi lotado no Hospital de Urgência
de Sergipe (HUSE), município de Aracaju.
Continua, afirmando que, após 6 (seis) meses de trabalho, cumprindo o trajeto
Laranjeiras/Aracaju, o obreiro viu-se obrigado residir em Aracaju, município
onde laborava, almejando assim, uma melhor qualidade de vida e diminuição
com o desgaste da viagem cotidiana, entre os municípios, qual sejam
Laranjeiras - Aracaju.
Contudo, após 1 (um) ano e 6 (seis) meses de sua mudança para a capital
Aracaju, a Reclamada o requisitou para exercer suas atividades em outro
município, qual seja, Estância-SE, trabalhando nos seis primeiros meses numa
escala de segunda a sexta-feira, das 13h00 às 19h00, e 2 finais de semana por
mês e, posteriormente, para uma escala 1x2, sendo essa atividade laborativa
com início e término na cidade de Estância-SE. O labor nessa cidade durou de
outubro de 2011 a outubro de 2013, quando então retornou a laborar no Hospital
https://pje.trt20.jus.br/primeirograu/VisualizaDocumento/Autenticado/d...
3 de 9 20/02/2019 15:19
de Urgência de Sergipe, na cidade de Aracaju-SE, até o momento.
Assegura ainda que, com a variação do local de residência e de atividade
laborativa, o solicitou o cancelamento do seu vale-transporte urbano, devido não
poder utilizar no percurso Aracaju/Estância, tendo solicitado o vale-transporte
para o percurso no hospital de urgência de Estância, no qual o obreiro gastava
por dia R$ 20,00 (vinte reais) de Aracaju/Estância, ajuda essa negada pela
reclamada, na justificativa que não teria direito, por ser entre municípios não
abrangidos pelo mesmo serviço urbano de Aracaju.
Sendo assim, entende fazer jus à indenização equivalente ao montante do valor
do vale-transporte não concedido para o percurso ida volta de Aracaju-Estância,
no período entre outubro de 2011 a outubro de 2013.
A ré, em sua defesa, afirmou que o reclamante realizou o concurso público
regido pelo Edital de n. 01/2008 da Fundação Hospitalar de Saúde, para o
emprego de Assistente de Enfermagem II - Regional de Estância, foi aprovado
para tal.
Continua, asseverando que o autor foi chamado para assumir inicialmente a
lotação em Aracaju, sendo facultado a ele aguardar o remanejamento para
Estância logo após, ou aguardar o chamamento para a lotação original da
Regional de Estância.
Afirma que a Fundação Hospitalar de Saúde, respeitando a lista de classificação
geral do concurso, convocou aqueles candidatos aprovados que estavam na
lista de espera para optarem se permaneceriam na lista de espera para sua
regional ou se abririam mão da sua vaga original para serem contratados de
imediato para o HUSE. E assim o fez o Reclamante.
Narra ainda que, após 6 meses, o autor foi remanejado para Estância, lotação
para qual fez a inscrição.
Assevera ainda que o reclamante, à época da convocação morava em
Laranjeiras, cidade a 24,7 km de Aracaju, distância menor inclusive que a
distância entre alguns bairros dentro da própria capital do estado e que a
distância entre Laranjeiras e Estância é de 74,9 km.
Quando foi transferido para cidade de Estância, apenas ocorreu a efetivação da
lotação para o qual o autor prestou concurso, para tanto trazemos aos autos
ficha de cadastro funcional preenchida pelo próprio funcionário onde consta no
campo Lotação Estância p/ HUSE, desta forma concordando em ser admitido
desde aquele momento e aguardando somente a remoção para sua lotação de
origem, qual seja, Estância.
Assim, afirma que, é preciso se considerar que nos termos do edital e na forma
regionalizada do certame, os benefícios para concessão do vale-transporte
devem ser adstritos no âmbito daquela regional para a qual o candidato foi
convocado, não sendo admitida assim a concessão de vala transporte
intermunicipal além dos limites da região prevista no concurso.
O ponto chave do direito do autor à percepção do vale-transporte intermunicipal
diz respeito à alteração de sua lotação.
A ré, apesar de ter afirmado que foi dada ao autor a opção entre ser chamado
imediatamente para ocupar sua vaga, sendo lotado em Aracaju e após ser
remanejado para sua lotação de origem ou aguardar para que já fosse lotado
em Estância (lotação para qual fez a inscrição), não apresentou prova nesse
sentido.
O fato é que o autor, apesar de ter optado por Estância, quando da inscrição do
concurso, já, de logo, foi lotado em Aracaju e, só após mais de 1 ano de labor,
foi transferido para o local de sua inscrição original. Sendo assim, o que se
verifica é que o obreiro não provocou a mudança do local de trabalho, razão por
que, apesar de a ré alegar que não pode sofrer as consequências dessa
mudança porque o autor tinha feito a opção por trabalhar em Estância desde a
inscrição no concurso, o que não se pode fazer é imputar ao autor a
responsabilidade pelos prejuízos dela advindos.
https://pje.trt20.jus.br/primeirograu/VisualizaDocumento/Autenticado/d...
4 de 9 20/02/2019 15:19
Sendo assim, fixada tal premissa, aplica-se ao caso o disposto no art. 1º da Lei
nº 7.418/85, que impõe ao empregador a obrigação de antecipar ao empregado
as despesas referentes ao seu deslocamento no trajeto residência-trabalho e
vice-versa.
Da leitura do dispositivo legal, apuro que o vale-transporte será devido, entre
outras hipóteses, nas situações em que o empregado se utiliza do sistema de
transporte coletivo público intermunicipal, como é o caso dos autos. E, portanto,
devida a indenização equivalente ao transporte de ida e vinda Aracaju/Estância
no período compreendido entre outubro de 2011 e outubro de 2013, no valor
diário de R$20,00 (valor não rechaçado pela ré).
Não há que se falar em desconto da cota-parte do autor, porquanto não se está
sendo deferida a concessão do vale-transporte em si, mas sim a indenização
respectiva. (id7a745fb)
Com efeito, registre-se que o benefício vale-transporte é de ordem
pública, nos termos da Lei n.º 7.418/85, regulamentado pelo Decreto n.º 95.247/87.
A Lei 7.418/85 instituiu o vale-transporte nos seguintes termos, in
verbis:
"Art. 1º Fica instituído o vale-transporte, que o empregador, pessoa física ou
jurídica, antecipará ao empregado para utilização efetiva em despesas de
deslocamento residência-trabalho e vice-versa, através do sistema de transporte
coletivo público, urbano ou intermunicipal e/ou interestadual com características
semelhantes aos urbanos, geridos diretamente ou mediante concessão ou
permissão de linhas regulares e com tarifas fixadas pela autoridade competente,
excluídos os serviços seletivos e os especiais." (grifo nosso)
Segundo o artigo 7º, II e II, do Decreto-Lei nº 95.247/87, é
obrigação do empregado informar, por escrito, ao empregador o seu endereço residencial e a
linha de transporte utilizada no trajeto de ida e volta ao trabalho para usufruir do
vale-transporte, na linha do que agiu o demandante.
Ademais, conforme colacionado entre os documentos do
reclamante (id 6197b23) verifica-se o seu contrato de emprego dispõe na cláusula 10ª, a
possibilidade de desconto salarial pela empregadora de valores gastos com conduções.
Sobre a defesa da Fundação, registre-se que embora se cogite
que a inscrição original do concurso, com opção do autor pela lotação no município de
Estância, seria fato a excluir o direito ao vale transporte, certo é que a lotação inicial do
contrato, em Aracaju, ocorreu de acordo com os interesses da recorrente, com remanejamento
para Estância apenas após um ano delabor.
Nesse contexto, frise-se que a Fundação não comprovou a
assertiva de que a imediata contratação, com labor em Aracaju e acerto de remanejamento
posterior para o local da inscrição, decorreu de opção do empregado, sendo que poderia
esperar para iniciar o labor em Estância, lotação escolhida na inscrição do concurso.
https://pje.trt20.jus.br/primeirograu/VisualizaDocumento/Autenticado/d...
5 de 9 20/02/2019 15:19
Assim, comprovado que o Reclamante utilizava ônibus
intermunicipal, para trajetos de ida e volta, , correta a sentença quanto ao deferimento da
indenização.
No que pertine ao pleito de dedução ou compensação de parcelas
percebidas a tal título, inexiste o que deduzir, dado que o benefício não era pago em espécie
ao reclamante ou em qualquer outra modalidade.
No entanto, por fim, sublinhe-se que se deve observar a apuração
dos dias efetivamente laborados para efeito de pagamento de indenização do vale-transporte
intermunicipal, evitando-se o enriquecimento ilícito.
 
DOS JUROS APLICÁVEIS À FAZENDA PÚBLICA
 Sob esta epígrafe, pugna a recorrente:
Na remota hipótese de Vossas Excelências não reformarem a Sentença
proferida pelo Juízo a quo, deve ser observada a correta taxa de juros de mora
a ser aplicada ao débito, observando-se a vigência dos diversos instrumentos
legislativos que tiveram vigência ao longo dos anos, concernentes aos débitos
que figura a Fazenda Pública.
Faz menção ao que fora decidido no IUJ
0000064-37.2017.5.20.0000, julgado pelo Tribunal Pleno do TRT da 20ª Região.
E acrescenta:
Neste toar, os juros devem ser aplicados de acordo com os critérios contidos na
Orientação Jurisprudencial n.07 do Tribunal Pleno do TST.
Assim, a pretensão da reclamada é para a determinação dos juros de mora
computados com índices de atualização da caderneta de poupança, nos termos
do artigo 1º-F, da Lei nº 9.494/97, alterado pela Lei nº 11.960/09.
Portanto, para que se dê a correta aplicação da lei no tempo e espaço, em
respeito a legislação atinente à matéria, requer sejam aplicadas as corretas
taxas de juros de 0,5% simples ao mês, evitando-se, assim, violação ao
normatizado.
Sob exame.
Em atenção ao que fora decidido no julgamento do Incidente de
Uniformização de Jurisprudência de nº. 0000186-84.2016.5.20.0000 que tratou da
penhorabilidade dos bens da Fundação Hospitalar de Saúde, revejo posicionamento anterior,
consignando-se que, não obstante a Reclamada ter sido instituída como fundação dotada de
personalidade jurídica de direito privado, nos termos da Lei nº 6.347/2008, constata-se tratar-se
https://pje.trt20.jus.br/primeirograu/VisualizaDocumento/Autenticado/d...
6 de 9 20/02/2019 15:19
de pessoa jurídica sem fins lucrativos, mantida por recursos públicos, de interesse coletivo e
utilidade pública, além de estabelecer que os serviços de saúde sob o seu gerenciamento
serão prestados com acesso da coletividade e gratuitos, não havendo como equipará-la às
fundações criadas pelo Poder Público com finalidade de exploração de atividade econômica,
gozando, assim, das prerrogativas da Fazenda Pública.
Dessa forma, a execução deve se submeter ao sistema de
execução concernente à Fazenda Pública (regime de precatório), inclusive quanto aos juros de
mora.
DÁ-SE PROVIMENTO ao recurso a fim de que se verifique os
juros de mora aplicáveis à Fazenda Pública.
DA ISENÇÃO DAS CONTRIBUIÇÕES PARA SEGURIDADE
SOCIAL - CEBAS
A recorrente aduz que, com fulcro na Lei n° 12.101/2009, o
Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social na Área de Saúde - CEBAS é
concedido pelo Ministério da Saúde à pessoa jurídica de direito privado, sem fins lucrativos,
reconhecida como Entidade Beneficente de Assistência Social com a finalidade de prestação
de serviços na Área de Saúde.
Consigna que a possibilidade de isenções quanto à obrigação das
contribuições para a Seguridade Social está prevista no art. 195, § 7º da Constituição Federal.
Diz que, para tanto, o direito à isenção de contribuições sociais é
reconhecido por lei às entidades beneficentes de assistência social que cumpram
determinados requisitos.
Indica que o referido dispositivo constitucional assim dispõe:
"São isentas de contribuição para a seguridade social as entidades
beneficentes de assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei".
Assinala que a isenção em debate, se traduz como imunidade
tributária, pois enquanto esta se consubstancia na limitação constitucional ao poder de tributar
do Estado, aquela se consubstancia na exclusão do crédito tributário prevista no art. 175, I do
CTN, ou seja, na imunidade o crédito tributário sequer existe, enquanto na isenção o crédito
tributário existe, mas a própria lei infraconstitucional dispensa o seu pagamento.
https://pje.trt20.jus.br/primeirograu/VisualizaDocumento/Autenticado/d...
7 de 9 20/02/2019 15:19
Defende que, assim, sob a inteligência das legislações
supracitadas e, estando a FHS em acordo com a exigências legais, requer o indeferimento do
pedido de recolhimento previdenciário.
Sob exame.
De logo, tem-se que a defesa, em primeira instância, não traz
argumento acerca da isenção em epígrafe, consistindo inovação à lide.
Outrossim, nos termos do art. 29 da lei 12.101/2009, o benefício de
isenção de contribuição previdenciária, exige, além da certificação, a demonstração do
cumprimento de certos requisitos.
Ausente prova da certificação e dos requisitos legais, inviável o
deferimento da pretensão.
NEGA-SE PROVIMENTO ao recurso.
Posto isso, conhece-se de ambos os recursos para, no mérito,
DAR-LHE PARCIAL PROVIMENTOpara: a) determinar que se observe o regime de execução
próprio da Fazenda Pública, inclusive a Lei 9.494/97 para fins de juros de mora e b) apurar os
dias efetivamente laborados para efeito do cômputo da indenização relativa ao vale-transporte
intermunicipal.
 
Acordam os Exmos. Srs. Desembargadores da Primeira Turma do
Egrégio Tribunal Regional do Trabalho da 20ª Região, por unanimidade, conhecer do recurso
ordinário para, no mérito, DAR-LHE PARCIAL PROVIMENTO para: a) determinar que se
observe o regime de execução próprio da Fazenda Pública, inclusive a Lei 9.494/97 para fins
de juros de mora e b) apurar os dias efetivamente laborados para efeito do cômputo da
indenização relativa ao vale-transporte intermunicipal.
Presidiu a sessão o Exmo. Desembargador PresidenteTHENISSON DÓRIA. Presentes, ainda, o(a)
Exmo(a) Representante do Ministério Público do Trabalho da 20ª Região, a Exma. Procuradora, LAIR
CARMEN SILVEIRA DA ROCHA GUIMARÃES bem como os Exmos. Desembargadores RITA
OLIVEIRA (RELATORA), JOSENILDO CARVALHO e VILMA LEITE MACHADO AMORIM.
OBS: Impedida a Exma. Desembargadora Vilma Leite Machado Amorim, não participando do
Julgamento.
 
 
https://pje.trt20.jus.br/primeirograu/VisualizaDocumento/Autenticado/d...
8 de 9 20/02/2019 15:19
RITA DE CASSIA PINHEIRO DE OLIVEIRA
Relatora
VOTOS
Assinado eletronicamente.
A Certificação Digital
pertence a:
[RITA DE CASSIA
PINHEIRO DE
OLIVEIRA]
https://pje.trt20.jus.br
/primeirograu/Processo
/ConsultaDocumento
/listView.seam
18091709280769600000009014348
https://pje.trt20.jus.br/primeirograu/VisualizaDocumento/Autenticado/d...
9 de 9 20/02/2019 15:19

Outros materiais