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PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 20ª REGIÃO PROCESSO nº 0000627-47.2016.5.20.0006 (RO) RECORRENTE: FUNDACAO HOSPITALAR DE SAUDE RECORRIDO: DENYSSON SANTOS DE SANTANA RELATOR: RITA DE CASSIA PINHEIRO DE OLIVEIRA EMENTA FUNDAÇÃO HOSPITALAR DE SAÚDE - JUROS DE MORA APLICÁVEIS À FAZENDA PÚBLICA - Em atenção ao que fora decidido no julgamento do Incidente de Uniformização de Jurisprudência de nº. 0000186-84.2016.5.20.0000 que tratou da penhorabilidade dos bens da Fundação Hospitalar de Saúde, erige-se que a reclamada é pessoa jurídica sem fins lucrativos, mantida por recursos públicos, de interesse coletivo e utilidade pública, além de estabelecer que os serviços de saúde sob o seu gerenciamento serão prestados com acesso da coletividade e gratuitos, sendo equiparada às fundações criadas pelo Poder Público com finalidade de exploração de atividade econômica, gozando, assim, das prerrogativas da Fazenda Pública. Dessa forma, a execução deve se submeter ao sistema de execução concernente à Fazenda Pública (regime de precatório), inclusive quanto aos juros de mora. RELATÓRIO FUNDAÇÃO HOSPITALAR DE SAÚDE recorre ordinariamente (id 6017b50) da sentença proferida pela 6ª Vara do Trabalho de Aracaju (id 7a745fb), que julgou parcialmente procedentes os pedidos formulados na Reclamação Trabalhista ajuizada por DENYSSON SANTOS DE SANTANA. Contrarrazões sob id 48ce11b. Autos em ordem para inclusão em pauta de julgamento. ADMISSIBILIDADE Satisfeitos os pressupostos de admissibilidade, conhece-se do recurso. MÉRITO https://pje.trt20.jus.br/primeirograu/VisualizaDocumento/Autenticado/d... 1 de 9 20/02/2019 15:19 DO VALE-TRANSPORTE INTERMUNICIPAL Neste título, a recorrente alega: Cabe inferir, que a condenação não é devida, visto que, era sabido pelo Recorrido, as disposições previstas no edital do concurso a que se prestou, quanto a sua alocação no município de Estância-SE e, se fora convocado antes para trabalhar na capital sergipana, concordou com tal medida. O Decreto n.º 95.247/87, regulamentou a concessão do benefício conferindo ao empregado o direito de obter vale-transporte no intuito de deslocar-se de sua residência para o trabalho e vice-versa, mediante opção de contribuição de 6% do salário ou do vencimento, por meio de declaração escrita contendo a indiciação de seu endereço residencial, bem como dos serviços e meios de transporte coletivo público urbano ou intermunicipal e interestadual, com características semelhantes ao urbano, operado diretamente pelo poder público ou mediante delegação, em linhas regulares e com tarifas fixadas pela autoridade competente, excluindo-se os serviços seletivos e os especiais. Dos termos da lei nº 4.718/85 que regulamente o vale-transporte no Brasil, tem-se: Art. 1º Fica instituído o vale-transporte, que o empregador, pessoa física ou jurídica, antecipará ao empregado para utilização efetiva em despesas de deslocamento residência-trabalho e viceversa, através do sistema de transporte coletivo público, urbano ou intermunicipal e/ou interestadual com características semelhantes aos urbanos, geridos diretamente ou mediante concessão ou permissão de linhas regulares e com tarifas fixadas pela autoridade competente, excluídos os serviços seletivos e os especiais. Mister interpretar que as características do transporte feito pela cooperativa - COPERTALSE - a qual utilizava o Recorrido, não se encaixa nas previstas em lei tanto em inteireza quanto em semelhança, trazendo a lume que seria de responsabilidade do Reclamado arcar com o computo dos valores utilizados para o transporte desde que sua residência estava fora do perímetro de regionalização do transporte em relação ao posto de trabalho. Ora, Excelência, o concurso no qual o Requerente foi aprovado para ocupar emprego público nesta Fundação Hospitalar de Saúde caracterizou-se por ser "regionalizado", ou seja, quando da realização do mencionado certame, a Administração Pública exerceu sua faculdade, baseada nos critérios da oportunidade e conveniência, de dividir as vagas a serem preenchidas por local certo e predefinido. Isto tudo, diante da necessidade constatada no âmbito da saúde pública em cada município do estado de Sergipe. Por sua vez, o Edital n. 01/2008 ID 086774f, que autorizou a realização do certame de seleção pública supramencionado, versando sobre as disposições gerais para a inscrição, previu: "5.4.1. Antes de efetuar a inscrição, o candidato deverá conhecer o edital e certificar-se de que preenche todos os requisitos exigidos. No momento da inscrição, o candidato deverá optar pelo nível/emprego/área de atuação/região ou localidade de vaga a que deseja concorrer e por uma cidade de realização das provas. Uma vez efetivada a inscrição não será permitida, em hipótese alguma, a sua alteração." Neste toar, o item 11, "da nota final no concurso", refere-se à tratada regionalização da seguinte forma: 11.3 "Os candidatos serão ordenados de acordo com os valores decrescentes https://pje.trt20.jus.br/primeirograu/VisualizaDocumento/Autenticado/d... 2 de 9 20/02/2019 15:19 da nota final no concurso público, conforme classificações abaixo: a) por nível/emprego/área de atuação/região ou localidade de vaga;" Tais dispositivos deixam claro que em caso de aprovação no concurso público, a livre opção por concorrer à vaga em determinada localidade, feita pelo candidato no momento de sua inscrição no certame, vincula o exercício de suas atividades laborais ao respectivo local/região. Assim, quando o Recorrido optou por uma vaga na cidade Estância-SE, por certo, encontrava-se ciente de que o seu local de trabalho seria nesta região. Consequentemente, não há que se falar em obrigação legal da Fundação Hospitalar de fornecer vale-transporte de em trajeto que foge aos limites regionais. Ainda tratando do teor da condenação proferida pelo juízo de piso, supõe-se, com a devida licença, uma afronta ao ordenamento jurídico pátrio quando da vedação do enriquecimento sem causa, haja vista, o Recorrido ter ganho uma indenização equivalente ou respectiva como bem mencionou o texto decisório "porquanto não se está sendo deferida a concessão do vale-transporte em si, mas sim a indenização respectiva" dando a entender estar reconhecida que não faz jus o Recorrido ao que pleiteia. Pretende-se que seja reformada a r. sentença de piso reconhecendo-se que tentou a Reclamada provar que não satisfaz o empregado os requisitos inerentes a concessão do vale-transporte, nos termos da súmula n° 460 do TST. Frisa-se que a Fundação Hospitalar não se exime de conceder o vale-transporte aos seus empregados, desde que a solicitação seja feita para a região ou localidade de opção do solicitante no certame público supramencionado, pugna-se desta forma a reforma sentencial. Ante o exposto, caso esta corte entenda pela improcedência da reforma do decisum e, opte pela continuação da indenização proferida, com a devida licença, sem base legal, tendo em vista que refere-se a equivaler a concessão do benefício de vale-transporte demonstrado como incompatível, requer que seja reconsiderada a quantia para que equivalha apenas os dias efetivamente trabalhados. Em exame. A sentença foi proferida nos seguintes termos: DO VALE-TRANSPORTE INTERMUNICIPAL Conta o autor que foi contratado pela Reclamada, através de aprovação em concurso público, para exercer a função de Assistente de enfermagem II, no período de 15/07/2010, com salário inicial de R$ 578,93 (Quinhentos e setentae oito reais e noventa e três centavos), com R$ 200,00 (Duzentos reais) variáveis, com lotação no Hospital do Município de Estância. Contudo, em virtude de reformas do centro médico deste município, foi lotado no Hospital de Urgência de Sergipe (HUSE), município de Aracaju. Continua, afirmando que, após 6 (seis) meses de trabalho, cumprindo o trajeto Laranjeiras/Aracaju, o obreiro viu-se obrigado residir em Aracaju, município onde laborava, almejando assim, uma melhor qualidade de vida e diminuição com o desgaste da viagem cotidiana, entre os municípios, qual sejam Laranjeiras - Aracaju. Contudo, após 1 (um) ano e 6 (seis) meses de sua mudança para a capital Aracaju, a Reclamada o requisitou para exercer suas atividades em outro município, qual seja, Estância-SE, trabalhando nos seis primeiros meses numa escala de segunda a sexta-feira, das 13h00 às 19h00, e 2 finais de semana por mês e, posteriormente, para uma escala 1x2, sendo essa atividade laborativa com início e término na cidade de Estância-SE. O labor nessa cidade durou de outubro de 2011 a outubro de 2013, quando então retornou a laborar no Hospital https://pje.trt20.jus.br/primeirograu/VisualizaDocumento/Autenticado/d... 3 de 9 20/02/2019 15:19 de Urgência de Sergipe, na cidade de Aracaju-SE, até o momento. Assegura ainda que, com a variação do local de residência e de atividade laborativa, o solicitou o cancelamento do seu vale-transporte urbano, devido não poder utilizar no percurso Aracaju/Estância, tendo solicitado o vale-transporte para o percurso no hospital de urgência de Estância, no qual o obreiro gastava por dia R$ 20,00 (vinte reais) de Aracaju/Estância, ajuda essa negada pela reclamada, na justificativa que não teria direito, por ser entre municípios não abrangidos pelo mesmo serviço urbano de Aracaju. Sendo assim, entende fazer jus à indenização equivalente ao montante do valor do vale-transporte não concedido para o percurso ida volta de Aracaju-Estância, no período entre outubro de 2011 a outubro de 2013. A ré, em sua defesa, afirmou que o reclamante realizou o concurso público regido pelo Edital de n. 01/2008 da Fundação Hospitalar de Saúde, para o emprego de Assistente de Enfermagem II - Regional de Estância, foi aprovado para tal. Continua, asseverando que o autor foi chamado para assumir inicialmente a lotação em Aracaju, sendo facultado a ele aguardar o remanejamento para Estância logo após, ou aguardar o chamamento para a lotação original da Regional de Estância. Afirma que a Fundação Hospitalar de Saúde, respeitando a lista de classificação geral do concurso, convocou aqueles candidatos aprovados que estavam na lista de espera para optarem se permaneceriam na lista de espera para sua regional ou se abririam mão da sua vaga original para serem contratados de imediato para o HUSE. E assim o fez o Reclamante. Narra ainda que, após 6 meses, o autor foi remanejado para Estância, lotação para qual fez a inscrição. Assevera ainda que o reclamante, à época da convocação morava em Laranjeiras, cidade a 24,7 km de Aracaju, distância menor inclusive que a distância entre alguns bairros dentro da própria capital do estado e que a distância entre Laranjeiras e Estância é de 74,9 km. Quando foi transferido para cidade de Estância, apenas ocorreu a efetivação da lotação para o qual o autor prestou concurso, para tanto trazemos aos autos ficha de cadastro funcional preenchida pelo próprio funcionário onde consta no campo Lotação Estância p/ HUSE, desta forma concordando em ser admitido desde aquele momento e aguardando somente a remoção para sua lotação de origem, qual seja, Estância. Assim, afirma que, é preciso se considerar que nos termos do edital e na forma regionalizada do certame, os benefícios para concessão do vale-transporte devem ser adstritos no âmbito daquela regional para a qual o candidato foi convocado, não sendo admitida assim a concessão de vala transporte intermunicipal além dos limites da região prevista no concurso. O ponto chave do direito do autor à percepção do vale-transporte intermunicipal diz respeito à alteração de sua lotação. A ré, apesar de ter afirmado que foi dada ao autor a opção entre ser chamado imediatamente para ocupar sua vaga, sendo lotado em Aracaju e após ser remanejado para sua lotação de origem ou aguardar para que já fosse lotado em Estância (lotação para qual fez a inscrição), não apresentou prova nesse sentido. O fato é que o autor, apesar de ter optado por Estância, quando da inscrição do concurso, já, de logo, foi lotado em Aracaju e, só após mais de 1 ano de labor, foi transferido para o local de sua inscrição original. Sendo assim, o que se verifica é que o obreiro não provocou a mudança do local de trabalho, razão por que, apesar de a ré alegar que não pode sofrer as consequências dessa mudança porque o autor tinha feito a opção por trabalhar em Estância desde a inscrição no concurso, o que não se pode fazer é imputar ao autor a responsabilidade pelos prejuízos dela advindos. https://pje.trt20.jus.br/primeirograu/VisualizaDocumento/Autenticado/d... 4 de 9 20/02/2019 15:19 Sendo assim, fixada tal premissa, aplica-se ao caso o disposto no art. 1º da Lei nº 7.418/85, que impõe ao empregador a obrigação de antecipar ao empregado as despesas referentes ao seu deslocamento no trajeto residência-trabalho e vice-versa. Da leitura do dispositivo legal, apuro que o vale-transporte será devido, entre outras hipóteses, nas situações em que o empregado se utiliza do sistema de transporte coletivo público intermunicipal, como é o caso dos autos. E, portanto, devida a indenização equivalente ao transporte de ida e vinda Aracaju/Estância no período compreendido entre outubro de 2011 e outubro de 2013, no valor diário de R$20,00 (valor não rechaçado pela ré). Não há que se falar em desconto da cota-parte do autor, porquanto não se está sendo deferida a concessão do vale-transporte em si, mas sim a indenização respectiva. (id7a745fb) Com efeito, registre-se que o benefício vale-transporte é de ordem pública, nos termos da Lei n.º 7.418/85, regulamentado pelo Decreto n.º 95.247/87. A Lei 7.418/85 instituiu o vale-transporte nos seguintes termos, in verbis: "Art. 1º Fica instituído o vale-transporte, que o empregador, pessoa física ou jurídica, antecipará ao empregado para utilização efetiva em despesas de deslocamento residência-trabalho e vice-versa, através do sistema de transporte coletivo público, urbano ou intermunicipal e/ou interestadual com características semelhantes aos urbanos, geridos diretamente ou mediante concessão ou permissão de linhas regulares e com tarifas fixadas pela autoridade competente, excluídos os serviços seletivos e os especiais." (grifo nosso) Segundo o artigo 7º, II e II, do Decreto-Lei nº 95.247/87, é obrigação do empregado informar, por escrito, ao empregador o seu endereço residencial e a linha de transporte utilizada no trajeto de ida e volta ao trabalho para usufruir do vale-transporte, na linha do que agiu o demandante. Ademais, conforme colacionado entre os documentos do reclamante (id 6197b23) verifica-se o seu contrato de emprego dispõe na cláusula 10ª, a possibilidade de desconto salarial pela empregadora de valores gastos com conduções. Sobre a defesa da Fundação, registre-se que embora se cogite que a inscrição original do concurso, com opção do autor pela lotação no município de Estância, seria fato a excluir o direito ao vale transporte, certo é que a lotação inicial do contrato, em Aracaju, ocorreu de acordo com os interesses da recorrente, com remanejamento para Estância apenas após um ano delabor. Nesse contexto, frise-se que a Fundação não comprovou a assertiva de que a imediata contratação, com labor em Aracaju e acerto de remanejamento posterior para o local da inscrição, decorreu de opção do empregado, sendo que poderia esperar para iniciar o labor em Estância, lotação escolhida na inscrição do concurso. https://pje.trt20.jus.br/primeirograu/VisualizaDocumento/Autenticado/d... 5 de 9 20/02/2019 15:19 Assim, comprovado que o Reclamante utilizava ônibus intermunicipal, para trajetos de ida e volta, , correta a sentença quanto ao deferimento da indenização. No que pertine ao pleito de dedução ou compensação de parcelas percebidas a tal título, inexiste o que deduzir, dado que o benefício não era pago em espécie ao reclamante ou em qualquer outra modalidade. No entanto, por fim, sublinhe-se que se deve observar a apuração dos dias efetivamente laborados para efeito de pagamento de indenização do vale-transporte intermunicipal, evitando-se o enriquecimento ilícito. DOS JUROS APLICÁVEIS À FAZENDA PÚBLICA Sob esta epígrafe, pugna a recorrente: Na remota hipótese de Vossas Excelências não reformarem a Sentença proferida pelo Juízo a quo, deve ser observada a correta taxa de juros de mora a ser aplicada ao débito, observando-se a vigência dos diversos instrumentos legislativos que tiveram vigência ao longo dos anos, concernentes aos débitos que figura a Fazenda Pública. Faz menção ao que fora decidido no IUJ 0000064-37.2017.5.20.0000, julgado pelo Tribunal Pleno do TRT da 20ª Região. E acrescenta: Neste toar, os juros devem ser aplicados de acordo com os critérios contidos na Orientação Jurisprudencial n.07 do Tribunal Pleno do TST. Assim, a pretensão da reclamada é para a determinação dos juros de mora computados com índices de atualização da caderneta de poupança, nos termos do artigo 1º-F, da Lei nº 9.494/97, alterado pela Lei nº 11.960/09. Portanto, para que se dê a correta aplicação da lei no tempo e espaço, em respeito a legislação atinente à matéria, requer sejam aplicadas as corretas taxas de juros de 0,5% simples ao mês, evitando-se, assim, violação ao normatizado. Sob exame. Em atenção ao que fora decidido no julgamento do Incidente de Uniformização de Jurisprudência de nº. 0000186-84.2016.5.20.0000 que tratou da penhorabilidade dos bens da Fundação Hospitalar de Saúde, revejo posicionamento anterior, consignando-se que, não obstante a Reclamada ter sido instituída como fundação dotada de personalidade jurídica de direito privado, nos termos da Lei nº 6.347/2008, constata-se tratar-se https://pje.trt20.jus.br/primeirograu/VisualizaDocumento/Autenticado/d... 6 de 9 20/02/2019 15:19 de pessoa jurídica sem fins lucrativos, mantida por recursos públicos, de interesse coletivo e utilidade pública, além de estabelecer que os serviços de saúde sob o seu gerenciamento serão prestados com acesso da coletividade e gratuitos, não havendo como equipará-la às fundações criadas pelo Poder Público com finalidade de exploração de atividade econômica, gozando, assim, das prerrogativas da Fazenda Pública. Dessa forma, a execução deve se submeter ao sistema de execução concernente à Fazenda Pública (regime de precatório), inclusive quanto aos juros de mora. DÁ-SE PROVIMENTO ao recurso a fim de que se verifique os juros de mora aplicáveis à Fazenda Pública. DA ISENÇÃO DAS CONTRIBUIÇÕES PARA SEGURIDADE SOCIAL - CEBAS A recorrente aduz que, com fulcro na Lei n° 12.101/2009, o Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social na Área de Saúde - CEBAS é concedido pelo Ministério da Saúde à pessoa jurídica de direito privado, sem fins lucrativos, reconhecida como Entidade Beneficente de Assistência Social com a finalidade de prestação de serviços na Área de Saúde. Consigna que a possibilidade de isenções quanto à obrigação das contribuições para a Seguridade Social está prevista no art. 195, § 7º da Constituição Federal. Diz que, para tanto, o direito à isenção de contribuições sociais é reconhecido por lei às entidades beneficentes de assistência social que cumpram determinados requisitos. Indica que o referido dispositivo constitucional assim dispõe: "São isentas de contribuição para a seguridade social as entidades beneficentes de assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei". Assinala que a isenção em debate, se traduz como imunidade tributária, pois enquanto esta se consubstancia na limitação constitucional ao poder de tributar do Estado, aquela se consubstancia na exclusão do crédito tributário prevista no art. 175, I do CTN, ou seja, na imunidade o crédito tributário sequer existe, enquanto na isenção o crédito tributário existe, mas a própria lei infraconstitucional dispensa o seu pagamento. https://pje.trt20.jus.br/primeirograu/VisualizaDocumento/Autenticado/d... 7 de 9 20/02/2019 15:19 Defende que, assim, sob a inteligência das legislações supracitadas e, estando a FHS em acordo com a exigências legais, requer o indeferimento do pedido de recolhimento previdenciário. Sob exame. De logo, tem-se que a defesa, em primeira instância, não traz argumento acerca da isenção em epígrafe, consistindo inovação à lide. Outrossim, nos termos do art. 29 da lei 12.101/2009, o benefício de isenção de contribuição previdenciária, exige, além da certificação, a demonstração do cumprimento de certos requisitos. Ausente prova da certificação e dos requisitos legais, inviável o deferimento da pretensão. NEGA-SE PROVIMENTO ao recurso. Posto isso, conhece-se de ambos os recursos para, no mérito, DAR-LHE PARCIAL PROVIMENTOpara: a) determinar que se observe o regime de execução próprio da Fazenda Pública, inclusive a Lei 9.494/97 para fins de juros de mora e b) apurar os dias efetivamente laborados para efeito do cômputo da indenização relativa ao vale-transporte intermunicipal. Acordam os Exmos. Srs. Desembargadores da Primeira Turma do Egrégio Tribunal Regional do Trabalho da 20ª Região, por unanimidade, conhecer do recurso ordinário para, no mérito, DAR-LHE PARCIAL PROVIMENTO para: a) determinar que se observe o regime de execução próprio da Fazenda Pública, inclusive a Lei 9.494/97 para fins de juros de mora e b) apurar os dias efetivamente laborados para efeito do cômputo da indenização relativa ao vale-transporte intermunicipal. Presidiu a sessão o Exmo. Desembargador PresidenteTHENISSON DÓRIA. Presentes, ainda, o(a) Exmo(a) Representante do Ministério Público do Trabalho da 20ª Região, a Exma. Procuradora, LAIR CARMEN SILVEIRA DA ROCHA GUIMARÃES bem como os Exmos. Desembargadores RITA OLIVEIRA (RELATORA), JOSENILDO CARVALHO e VILMA LEITE MACHADO AMORIM. OBS: Impedida a Exma. Desembargadora Vilma Leite Machado Amorim, não participando do Julgamento. https://pje.trt20.jus.br/primeirograu/VisualizaDocumento/Autenticado/d... 8 de 9 20/02/2019 15:19 RITA DE CASSIA PINHEIRO DE OLIVEIRA Relatora VOTOS Assinado eletronicamente. A Certificação Digital pertence a: [RITA DE CASSIA PINHEIRO DE OLIVEIRA] https://pje.trt20.jus.br /primeirograu/Processo /ConsultaDocumento /listView.seam 18091709280769600000009014348 https://pje.trt20.jus.br/primeirograu/VisualizaDocumento/Autenticado/d... 9 de 9 20/02/2019 15:19
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