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A_ATUACAO_DA_FISIOTERAPIA_NO_PACIENTE_COM

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0 
 
 
Curso de Fisioterapia 
 
 
 
 
 
 
Monique Fernandes Teixeira 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A ATUAÇÃO DA FISIOTERAPIA NO PACIENTE COM 
AMPUTAÇÃO TRANSFEMORAL UNILATERAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Rio de Janeiro 
2008.2 
 
 
1 
 
MONIQUE FERNANDES TEIXEIRA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A ATUAÇÃO DA FISIOTERAPIA NO PACIENTE COM 
AMPUTAÇÃO TRANSFEMORAL UNILATERAL 
 
 
 
 
 
 
 
Monografia de Conclusão de Curso 
apresentada ao Curso de Fisioterapia da 
Universidade Veiga de Almeida, como 
requisito para obtenção do título de 
Fisioterapeuta. 
 
Orientador: Profº Othon Luiz 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Rio de Janeiro 
2008.2 
 
 
 
2 
 
MONIQUE FERNANDES TEIXEIRA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A ATUAÇÃO DA FISIOTERAPIA NO PACIENTE COM 
AMPUTAÇÃO TRANSFEMORAL UNILATERAL 
 
 
 
 
 
 
 
Monografia de Conclusão de Curso 
apresentada ao Curso de Fisioterapia da 
Universidade Veiga de Almeida, como 
requisito para obtenção do título de 
Fisioterapeuta. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aprovada em: ____/____/2008. 
 
 
Banca Examinadora: 
 
Profª. Drª. Ione Moézia 
Professora da Faculdade de Fisioterapia da UVA. Presidente da Banca Examinadora. 
 
Profº. Drº. João Carlos Moreno de Azevedo 
Professor da Faculdade de Fisioterapia da UVA. Presidente da Banca Examinadora. 
 
Profº. Drº. Othon Luiz 
Professor da Faculdade de Fisioterapia da UVA. Presidente da Banca Examinadora. 
 
Grau: ___________________. 
 
 
3 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico, em especial, a Deus por ter 
permitido que eu chegasse até aqui, sem Ele 
jamais teria conseguido. À minha família, que 
é extremamente importante e essencial na 
minha vida, principalmente ao meu pai Carlos, 
que sempre se esforçou e me incentivou para 
que eu terminasse o curso e pudesse estar aqui 
concluindo este lindo trabalho, à minha mãe 
Márcia por ter me apoiado em todas as 
decisões que tomei ao longo do curso, pelos 
conselhos e por ter acreditado em mim e aos 
meus irmãos Rafael e Douglas, por terem 
contribuído e compreendido os momentos de 
aflição durante o término do trabalho. Dedico 
também a todos os meus amigos, os quais a 
faculdade me apresentou, pois sempre se 
mostraram dispostos a ajudar e estiveram 
presentes nessa longa caminhada de 
realizações. 
 
 
4 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ao meu ilustre e querido orientador, 
Professor Othon Luiz, pelos conselhos sempre 
úteis e precisos com que, sabiamente, 
conduziu este trabalho. 
 
 
5 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Eterno, é tudo aquilo que dura uma 
fração de segundos, mas com tamanha 
intensidade que se petrifica, e nenhuma força 
jamais o resgata.” 
- Carlos Drummond de Andrade - 
 
 
6 
 
RESUMO 
 
 
 Apesar dos avanços tecnológicos nas áreas biomédicas, a amputação continua sendo 
utilizada como opção terapêutica em situações traumáticas e de doenças. Complicações 
do diabetes mellitus e doenças vasculares periféricas, podendo ser combinadas ou não, 
ainda são as principais causas de amputações de membros inferiores. Um tratamento 
preventivo do diabetes mellitus seria uma das soluções para a diminuição da taxa de 
amputações. A amputação transfemoral é realizada entre a desarticulação de joelho e a 
de quadril e representa uma desvantagem muito grande comparada com as amputações 
abaixo do joelho, pois, perde duas articulações importantes para a realização da marcha: 
a articulação do joelho e tornozelo. Quando se torna inevitável a amputação, uma 
equipe multidisciplinar deve trabalhar junta na reabilitação desse paciente, habilitando-o 
a exercer funções que, antes do ato cirúrgico, eram exercidas pelos mesmos e 
possibilitando ao retorno do seu papel social e produtivo perante a sociedade. Cabe aos 
profissionais da área de fisioterapia, preparar um programa de tratamento, pós- cirurgia, 
pré e pós- protetização, adequado a cada tipo de paciente, respeitando a idade, etiologia, 
nível de amputação e condição clínica. O tratamento pós- cirúrgico é indispensável na 
reabilitação do amputado transfemoral, permitindo a utilização da prótese mais 
futuramente. 
 
 
Palavras-chave: amputação, transfemoral, fisioterapia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 
 
ABSTRACT 
 
Despite technological advances in biomedical fields, amputation is still used as a 
therapeutic option in trauma and disease. Complications of diabetes mellitus and 
peripheral vascular diseases and can be combined or not, are still the main causes of 
lower limb amputations. A preventive treatment of diabetes mellitus is one of the keys 
to reducing the rate of amputations. The transfemoral amputation is performed between 
the dislocation of the hip and knee and is a very big disadvantage compared with 
amputations below the knee, therefore, loses two joints important for the realization of 
movement: the knee joint and ankle. When it becomes inevitable to amputation, a 
multidisciplinary team must work together in the rehabilitation of the patient, enabling 
him to act as that before the surgery, were performed by them and allowing the return of 
their social and productive role towards society. It is for professionals in the area of 
physiotherapy, prepare a program of treatment, post-surgery, pre and post- 
prosthesicion, appropriate to each type of patient, respecting the age, etiology, level of 
amputation and clinical condition. The post-surgical treatment is essential in the 
rehabilitation of transfemoral amputee, allowing the use of the prosthesis more in the 
future. 
 
 
Key words: amputation, transfemoral, physiotherapy. 
 
8 
 
SUMÁRIO 
 
INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 11 
 
CAPÍTULO 1 ANATOMIA DA COXA E ARTICULAÇÃO DO QUADRIL ............ 14 
1.1 ESTRUTURA ÓSSEA DA COXA ............................................................................... 14 
1.2 ESTRUTURA ÓSSEA DO ACETÁBULO .................................................................. 15 
1.3 MÚSCULOS QUE ATUAM NA COXA ..................................................................... 16 
1.3.1 Músculos da região anterior e medial da coxa ........................................................... 16 
1.3.2 Músculos da região glútea .......................................................................................... 17 
1.3.3 Músculos da região posterior da coxa ........................................................................ 18 
1.4 LIGAMENTOS DA COXOFEMORAL ....................................................................... 19 
1.5 SUPRIMENTO SANGÜÍNEO ..................................................................................... 20 
1.5.1 Artéria ......................................................................................................................... 20 
1.5.2 Veias ........................................................................................................................... 21 
1.6 NERVOS ....................................................................................................................... 22 
1.6.1 Nervos terminais do plexo lombo- sacral ................................................................... 22 
 
CAPÍTULO 2 BIOMECÂNICA DA COXOFEMORAL .............................................. 24 
2.1 REVISÃO ANATÔMICA DA ARTICULAÇÃO DO QUADRIL ..............................24 
2.2 MOVIMENTOS ARTICULARES ............................................................................... 26 
2.2.1 Movimento de flexão do quadril ................................................................................ 26 
2.2.2 Movimento de extensão do quadril ............................................................................ 27 
2.2.3 Movimento de abdução do quadril ............................................................................. 27 
2.2.4 Movimento de adução do quadril ............................................................................... 28 
2.2.5 Movimento de rotação externa ou lateral do quadril .................................................. 28 
2.2.6 Movimento de rotação interna ou medial do quadril ................................................. 29 
 
CAPÍTULO 3 NÍVEIS DE AMPUTAÇÃO DE MEMBROS INFERIORES .............. 30 
3.1 AMPUTAÇÃO INTERFALANGIANA ....................................................................... 31 
3.2 AMPUTAÇÃO METATARSO FALANGIANA ......................................................... 31 
3.3 AMPUTAÇÃO TRANSMETATARSIANA ................................................................ 31 
3.4 AMPUTAÇÃO DE LISFRANC ................................................................................... 31 
3.5 AMPUTAÇÃO DE CHOPART .................................................................................... 31 
3.6 AMPUTAÇÃO DE SYME ........................................................................................... 32 
3.7 AMPUTAÇÃO PIROGOFF ......................................................................................... 32 
3.8 AMPUTAÇÃO TRANSTIBIAL .................................................................................. 32 
3.9 DESARTICULAÇÃO DO JOELHO ............................................................................ 33 
3.10 AMPUTAÇÃO TRANSFEMORAL .......................................................................... 33 
3.11 DESARTICULAÇÃO DO QUADRIL ....................................................................... 34 
3.12 HEMIPELVECTOMIA ............................................................................................... 34 
 
CAPÍTULO 4 ETIOLOGIA DAS AMPUTAÇÕES ...................................................... 35 
4.1 AMPUTAÇÕES POR PATOLOGIAS VASCULARES .............................................. 35 
4.2 AMPUTAÇÕES TRAUMÁTICAS .............................................................................. 36 
4.3 AMPUTAÇÕES TUMORAIS ...................................................................................... 37 
4.4 AMPUTAÇÕES INFECCIOSAS ................................................................................. 37 
4.5 AMPUTAÇÕES POR ANOMALIAS CONGÊNITAS ................................................ 37 
 
 
9 
 
 
CAPÍTULO 5 PRINCIPAIS COMPLICAÇÕES........................................................... 38 
5.1 PRINCIPAIS COMPLICAÇÕES CIRCULATÓRIAS ................................................ 39 
5.1.1 Necrose ....................................................................................................................... 39 
5.1.2 Edema ......................................................................................................................... 39 
5.1.3 Isquemia ..................................................................................................................... 39 
5.2 PRINCIPAL COMPLICAÇÃO NEUROLÓGICA ...................................................... 40 
5.2.1 Neuroma ..................................................................................................................... 40 
5.3 OUTRAS COMPLICAÇÕES ....................................................................................... 40 
5.3.1 Infecção ...................................................................................................................... 40 
5.3.2 Espículas ósseas ......................................................................................................... 40 
5.3.3 Retrações musculares ................................................................................................. 41 
5.3.4 Sensação fantasma e dor fantasma ............................................................................. 41 
 
CAPÍTULO 6 AVALIAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA EM AMPUTADOS DE 
MEMBRO INFERIOR ..................................................................................................... 44 
6.1 CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA ............................................. 46 
6.1.1 Coleta de Dados .......................................................................................................... 46 
6.1.2 Exame físico ............................................................................................................... 47 
6.1.3 As condições do coto .................................................................................................. 48 
6.1.3.1 Cicatrização do coto ................................................................................................ 49 
6.1.3.2 Edema ...................................................................................................................... 49 
6.1.3.3 Infecção ................................................................................................................... 50 
6.1.3.4 Enxertos cutâneos .................................................................................................... 50 
6.1.3.5 Neuroma .................................................................................................................. 50 
6.1.3.6 Dor fantasma ........................................................................................................... 50 
6.1.3.7 Coxim terminal ........................................................................................................ 51 
6.1.3.8 Espículas ósseas ...................................................................................................... 51 
6.1.4 Avaliação da capacidade física ................................................................................... 51 
 
CAPÍTULO 7 REABILITAÇÃO NOS PACIENTES COM AMPUTAÇÃO 
TRANSFEMORAL ........................................................................................................... 53 
7.1 PÓS- OPERATÓRIO .................................................................................................... 53 
7.2 PRÉ- PROTETIZAÇÃO ............................................................................................... 55 
7.2.1 Neuromas .................................................................................................................... 56 
7.2.2 Edemas ....................................................................................................................... 56 
7.2.3 Deformidades e contraturas ........................................................................................ 57 
7.2.4 Dor e sensação fanstasma ........................................................................................... 57 
7.2.5 Cicatrização ................................................................................................................ 57 
7.2.6 Dessensibilização ....................................................................................................... 58 
7.2.7 Tratamento global ....................................................................................................... 58 
7.3 MARCHA E DEAMBULAÇÃO .................................................................................. 59 
7.3.1 Análise da marcha nos amputados transfemorais ....................................................... 59 
7.4 PÓS- PROTETIZAÇÃO ............................................................................................... 60 
7.4.1 Equilíbrio ....................................................................................................................61 
7.4.2 Transferências ............................................................................................................ 62 
7.4.3 Marcha e dissociação de cintura ................................................................................. 62 
 
 
 
10 
 
CAPÍTULO 8 PRÓTESES PARA AMPUTAÇÃO TRANSFEMORAL .................... 63 
8.1 TIPOS DE PRÓTESES ................................................................................................. 63 
8.2 ENCAIXES ................................................................................................................... 64 
 
CONCLUSÃO ................................................................................................................... 65 
 
REFERÊNCIAS ................................................................................................................ 66 
 
ANEXOS ............................................................................................................................ 73 
 
 
 
11 
 
INTRODUÇÃO 
 
 
As amputações de membros são tão antigas quanto à própria humanidade 
(Carvalho 2003). A ablação ou amputação de um membro constitui um processo 
altamente agressivo para a pessoa que a sofre, agressão que padece tanto no plano físico 
quanto no psíquico ao modificar-se o esquema corporal do indivíduo, o que gera uma 
situação de estresse diante da necessidade deste enfrentar a atualidade e o futuro com 
uma deficiência evidente (Gabriel et al. 2001). Amputação é uma palavra temida, cujo 
significado é terror, mutilação e derrota (Boccolini 2000). A amputação não deve ser 
considerada como fim, e sim como o início de uma nova fase, que tem como principal 
objetivo manter e/ou devolver a dignidade e funcionalidade do paciente (Carvalho et al. 
2005). 
Segundo dados do CENSO (IBGE 2000), revelou a existência de 24,5 milhões de 
pessoas com algum tipo de deficiência, o que representa 14,5% da população brasileira, 
sendo que 5,31% apresenta falta de um membro ou parte dele. Estima-se que a 
incidência de amputações seja de 13,9 por 100000 habitantes/ano (Spichler et al. 2004). 
Na literatura mundial, há controvérsias quanto ao número de amputações, variando de 
2,8 a 43,9 por 100000 habitantes/ano, sendo mais significantes em pacientes patológicos 
vasculares (Group 2000). 
A insuficiência vascular periférica é responsável por 80% de todas amputações de 
membros inferiores em indivíduos adultos. Os traumatismos são responsáveis por 
10,6% das amputações ocorridas em membros inferiores (Carvalho et al. 2005). As 
taxas de mortalidade associadas às amputações de membros em pacientes “vasculares” 
(6% a 17%), em particular as transtibiais e transfemorais, indicam a gravidade deste 
paciente (Luccia; Silva 2003). 
Entre os níveis de amputações de membro inferior, temos a amputação 
transfemoral que é realizada entre a desarticulação de joelho e a de quadril (Carvalho 
2003). Embora este nível de amputação seja bastante comum, nada é simples na 
adaptação à vida após a cirurgia. O paciente que vive com a perda de um membro à 
nível transfemoral, enfrentam diversos desafios, tais como: as exigências para aumentar 
a energia, problemas de equilíbrio e estabilidade (Smith 2004). A amputação 
12 
 
transfemoral primária é indicada em pacientes nos quais grandes complicações com as 
lesões não podem ser toleradas (Consenso Internacional sobre o Pé Diabético/DF 2001). 
Segundo Spichler et al. (2004), através de um estudo realizado em 4.818 
amputações maiores de membros inferiores devido a doença arterial periférica e 
diabetes mellitus no município do Rio de Janeiro entre 1990 e 2000, estimou- se que a 
incidência das amputações maiores de membros inferiores primárias representaram 
97,7% e as secundárias representaram 2,3%. Nos 43 hospitais incluídos no estudo, 
56,3% das amputações foram causadas por doença arterial periférica e 43,7% por 
diabetes melittus. A média de idade foi de 64,89 para o diabetes mellitus e 66,36 para a 
doença arterial periférica. As amputações maiores de membros inferiores primárias na 
coxa foram 71,8%, sendo 59,9% por doença arterial periférica e 40,1% por diabetes 
melittus. 
A presença de alterações nas condições gerais dos amputados pode impossibilitar 
o progresso ótimo de cada uma das fases da reabilitação (Lima et al. 2006). As 
principais causas de complicações no coto são: edema, suturas, dor fantasma, ulceração 
do coto, inflamações, infecções, retração cicatricial, neuromas e espículas ósseas. Esses 
tipos de problemas costumam afetar o coto da segunda à terceira semana, após o ato 
cirúrgico (Friedmann 1994). 
O paciente amputado tem à sua frente uma grande mudança ao seu estilo de vida, 
além de incertezas quanto às suas capacidades e às atitudes de familiares e amigos. 
Sabe-se que esses pacientes se submetem a quatro fases de ajustamento, que são: 
impacto, isolamento, reconhecimento e reconstrução (Gottschalk apud Brito et al. 
2005). 
O objetivo de qualquer programa de reabilitação é ajudar as pessoas amputadas, 
desde o momento da cirurgia até um protético com êxito o mais rápido possível e sem 
complicações (Gailey 2001). Quanto mais precoce o início da fisioterapia, maior o 
potencial de sucesso. Quanto maior o retardo, provavelmente haverá maior 
desenvolvimento de complicações secundárias como contraturas articulares (Moore 
apud Brito 2005). 
O objetivo final em um programa de reabilitação pré- protetização consiste em 
proporcionar ao paciente amputado: habilidade para realização de todas as atividades 
possíveis sem o uso de prótese; preparar o coto de amputação para que possa ser 
13 
 
protetizado; e desenvolver programas de alongamento, transferências de peso, equilíbrio 
e coordenação visando uma deambulação independente futura. A reabilitação pós- 
protética é classificada como a última etapa do tratamento de um amputado, é 
responsável pela independência, pelo sucesso e pela reintegração social do nosso 
paciente (Carvalho 2003). 
 O presente trabalho tem como objetivo mostrar a importância da atuação da 
fisioterapia precoce no paciente com amputação transfemoral unilateral e os benefícios 
que o tratamento, tanto pós- operatório quanto pré- protético, pode proporcionar a esse 
paciente no momento da protetização. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
14 
 
1. ANATOMIA DA COXA E ARTICULAÇÃO DO QUADRIL 
 
1.1. Estrutura óssea da coxa 
 
O fêmur, que forma o esqueleto da coxa, é o mais longo osso do corpo humano 
(Spence 1991). O fêmur transmite o peso a partir do ílio para a extremidade superior da 
tíbia (Palastanga et al. 2000). 
Sua forma é projetada para suportar o peso do corpo e transmitir as forças de 
reação do solo (Colby; Kisner 2005). O fêmur não está numa linha vertical com o eixo 
do corpo quando ereto. Em vez disto, posiciona-se num ângulo inclinado para baixo e 
para dentro (Jacob et al. 1982). 
Por ser um osso longo, apresenta duas epífises, proximal e distal, e um corpo, ou 
diáfise. O fêmur articula-se pela sua extremidade proximal com o osso do quadril e pela 
extremidade distal com a tíbia (Dangelo; Fattini 2000). 
Apresenta uma cabeça proeminente e arredondada e um colo bem definido, ambos 
se localizam no ângulo oblíquo ao eixo do fêmur (Seely et al. 1997). A cabeça do fêmur 
é esférica e articula-se com o acetábulo do osso do quadril. Ela se caracteriza por uma 
depressão não- articular (fóvea da cabeça do fêmur) em sua superfície medial para a 
fixação do ligamento da cabeça do fêmur (Drake et al. 2005). 
A superfície da cabeça é lisa, exceto pela presença de uma pequena depressão 
chamada fóveada cabeça do fêmur. Uma região estreitada, o colo do fêmur, articula a 
cabeça com o corpo do osso e faz ângulo reto com o corpo (Spence 1991). 
Muitos vasos de pequeno calibre penetram no colo do fêmur e constituem a fonte 
mais importante de irrigação da cabeça do fêmur (Dangelo; Fattini 2000). 
O eixo longitudinal apresenta duas tuberosidades: o trocânter maior, lateral ao 
colo e o trocânter menor, inferior e posterior ao colo (Seely et al. 1997). O trocânter 
maior é um processo quadrilátero que possui um bordo superior marcado por uma 
depressão e os bordos posterior e inferior enrugados pela fixação muscular (Palastanga 
et al. 2000). O trocânter menor é logicamente menor que o trocânter maior e possui um 
formato cônico rombo. Ele se projeta pósteromedialmente da diáfise do fêmur, 
imediatamente inferior à junção com o colo (Drake et al. 2005). Na face posterior do 
longo eixo localiza-se uma linha áspera, que é a área de inserção para diversos músculos 
15 
 
do quadril (Jacob et al. 1982). Na sua extremidade distal, a linha áspera se divide em 
linhas supracondilares lateral e medial, que englobam uma área triangular achatada 
entre elas, chamada face poplítea (Spence 1991). Em vista anterior, mostra uma linha 
saliente, a linha intertrocantérica (Dangelo; Fattini 2000). A crista intertrocantérica 
localiza-se na superfície posterior do fêmur e desce medialmente através do osso da 
margem posterior do trocânter maior para a base do trocanter menor (Drake et al. 2005). 
A superfície superior da diáfise é marcada centralmente pela estreita linha 
pectínea vertical, enquanto o bordo truncado lateral é contínuo para cima com o bordo 
posterior do trocânter maior para formar a tuberosidade glútea. O resto da diáfise é 
ligeiramente achatado nas suas faces anterior, potro medial e potro lateral (Palastanga et 
al. 2000). 
A extremidade inferior do fêmur é alargada no côndilo lateral, e mais ainda no 
côndilo medial, separados pela fossa intercondilar. O fêmur articula-se distalmente com 
a tíbia (Jacob et al. 1982). Os côndilos medial e lateral do fêmur estão unidos 
anteriormente numa superfície lisa chamada, face patelar, para receber a patela. Ambos 
os côndilos apresentam pequena projeção nas suas superfícies não articulares, 
denominadas epicôndilos medial e lateral (Dangelo; Fattini 2000). A face patelar se 
articula com a patela quando a perna é estendida (Spence 1991). 
 
1.2. Estrutura óssea do acetábulo 
 
O acetábulo do osso do quadril é formado pela união dos três ossos pélvicos, o 
ílio, o ísquio e o púbis (Rasch 1991). 
O acetábulo é uma cavidade hemisférica localizada na face lateral da pelve. 
Apresenta uma margem, sendo esta, revestida por fibrocartilagem, denominada lábio do 
acetábulo criando então um suporte mais profundo para estabilizar a cabeça femoral em 
seu interior (Konin 2006). 
A grossa parede do acetábulo consiste em uma parte de cartilagem semilunar, 
coberta com cartilagem hialina, aberta embaixo, e uma parte não- articular central 
profunda, a fossa acetabular (Palastanga et al. 2000). O acetábulo envolve quase que 
completamente a cabeça hemisférica do fêmur e contribui substancialmente para a 
estabilidade articular. Exceto para a fóvea, a cabeça do fêmur também é coberta por 
cartilagem hialina (Drake et al. 2005). Tanto a cabeça do fêmur quanto o acetábulo têm 
16 
 
grandes quantidades de osso esponjoso trabecular, facilitando a distribuição das forças 
absorvidas pela articulação do quadril (Hamill; Knutzen 1999). 
 
1.3. Músculos que atuam na coxa 
 
A maioria dos músculos que agem no fêmur, têm origem na pelve (Spence 1991). 
Esta grande quantidade de músculos que atuam na estabilização e mobilidade da juntura 
do quadril é necessária, em virtude das condições funcionais particulares desta 
articulação (Dangelo; Fattini 2000). 
Os músculos do presente trabalho serão descritos por região: 
 
1.3.1. Músculos da região anterior e medial da coxa 
 
O músculo sartório é o mais superior no compartimento anterior da coxa (Drake et 
al. 2005). É um músculo parecido com uma correia (Jacob 1982). O músculo sartório 
cruza obliquamente a coxa, látero- medialmente (Dangelo; Fattini 2000). Tem origem 
na espinha ilíaca ântero superior (Konin 2006). Insere-se na face proximal medial da 
tíbia, abaixo da tuberosidade (Spence 1991). 
O iliopsoas, tem duas porções, o músculo psoas maior, originando-se da região 
lombar da coluna vertebral e o músculo ilíaco originando-se do ílio (Jacob et al. 1982). 
O psoas e o ilíaco, cujos, tendões, unidos, se fixam no trocanter, estão classificados 
como alguns dos músculos mais importantes na flexão do quadril (Kapandji 2000). Pelo 
fato de o músculo psoas maior ter uma origem comum e agir sinergeticamente com o 
músculo ilíaco, os dois músculos são freqüentemente referidos como músculo iliopsoas 
(Spence 1991). 
O músculo quadríceps da coxa constitui a maior parte da massa muscular da 
região anterior e medial da coxa. Como o nome indica, apresenta quatro cabeças de 
origem: vasto medial, vasto lateral, vasto intermédio e reto da coxa (Dangelo; Fattini 
2000). Os vastos se inserem nas margens da patela e no tendão quadríceps femoral. Têm 
origem no fêmur, enquanto o músculo reto femoral se origina no osso do quadril (Drake 
et al. 2005). Funcionalmente, as quatro cabeças do quadríceps, se inserem na 
tuberosidade da tíbia (Spence 1991). 
Os músculos adutores são indispensáveis para o equilíbrio da pelve em apoio 
unilateral (Kapandji 2000). O pectíneo é um músculo quadrilátero situado na parte 
17 
 
superior e medial da coxa, profundamente na virilha. O adutor magno é o maior e mais 
posterior do grupo. O adutor longo é um músculo longo e delgado, triangular, situado na 
face medial da coxa. O adutor curto é também um músculo triangular, sua parte superior 
é posterior ao pectíneo e a inferior, posterior ao adutor longo (Palastanga et al. 2000). 
Todos esses músculos adutores originam-se no púbis e estão inseridos na face 
posterior do fêmur (Spence 1991). O adutor longo e o pectíneo são mais superficiais, 
enquanto o grácil é o mais medial. Os músculos pectíneo, adutor longo, adutor curto e 
grácil são inervados pelo ramo anterior do nervo obturatório. O músculo adutor magno 
recebe inervação da porção adutora pelo ramo posterior do plexo obturatório e da 
porção extensora pelo nervo isquiático (Dangelo; Fattini 2000). Os adutores trabalham 
com os abdutores para equilibrar a pelve (Hamill; Knutzen 1999). 
 
1.3.2. Músculos da região glútea 
 
Três largos músculos glúteos dão forma às nádegas e servem como poderosos 
motores da articulação do quadril (Spence 1991). 
Está constituída, principalmente pelos músculos glúteos, máximo, médio e 
mínimo, nesta ordem e partindo no plano superficial para o profundo. O glúteo máximo 
também recobre os músculos curtos desta região: piriforme, obturatório interno, gêmeos 
superior e inferior, quadrado da coxa e obturatório externo (Dangelo; Fattini 2000). 
Músculo glúteo máximo é o músculo maior e mais superficial das nádegas, é um 
extensor da articulação do quadril (Jacob 1982). O glúteo máximo é o músculo mais 
potente do corpo, também é o mais forte (Kapandji 2000). Este músculo cobre o terço 
posterior do glúteo médio que é bem menor. O largo tendão do glúteo máximo passa 
atrás da articulação do quadril (Spence 1991). 
Possui forma quadrilátera, dando à sua superfície uma aparência grosseira. Acima, 
ele se fixa na superfície glútea do ílio e também se origina do lado do cóccix e da face 
posterior do sacro. Suas fibras superiores fixam- se na aponeurose do sacroespinhal, 
enquanto suas fibras anteriores profundas vêm da fáscia que cobreo glúteo médio 
(Palastanga et al. 2000). 
Os músculos glúteos médio e mínimo, agindo na pelve fixada, podem abduzir a 
coxa (Jacob 1982). Os dois músculos são inervados pelo nervo glúteo superior do plexo 
lombosacral. Ambos são particularmente importantes na deambulação (Dangelo; Fattini 
18 
 
2000). O glúteo médio e mínimo se originam no ílio e se inserem no trocânter maior 
(Konin 2006). 
Os músculos piriforme, obturatório interno, obturatório externo, gêmeos superior 
e inferior, quadrado da coxa são músculos rotadores externos do quadril. Seu trajeto 
cruza por trás do eixo vertical do quadril (Kapandji 2000). O obturatório interno, gêmeo 
inferior e superior e o piriforme contribuem para a rotação externa quando a coxa é 
estendida (Hamill; Knutzen 1999). 
Os músculos piriforme, obturatório interno, quadrado da coxa e gêmeos superior e 
inferior são inervados por ramos do plexo lombo- sacral que levam seus nomes. O 
músculo obturatório externo é inervado pelo ramo posterior do nervo obturatório 
(Dangelo; Fattini 2000). 
O piriforme é encontrado posterior à articulação do quadril estando no mesmo 
plano que o glúteo médio. O obturador interno situa-se parcialmente na pelve e 
parcialmente na região glútea posterior à articulação do quadril. O obturador externo 
tem sua base muscular fixada na superfície externa da membrana obturadora 
(Palastanga et al. 2000). 
Os gêmeos superior e inferior são par de músculos triangulares associados às 
margens superior e inferior do tendão obturador interno. O quadrado femoral (quadrado 
da coxa) é um músculo mais inferior do grupo muscular profundo na região glútea 
(Drake et al. 2005). Como a maioria desses músculos inserem-se na região anterior da 
pelve, eles também exercem controle considerável sobre a pelve e o sacro (Hamill; 
Knutzen 1999). 
Embora seja um músculo anterolateral e proximal da coxa, o músculo tensor da 
fáscia lata, pertence ao grupo glúteo, como indica sua inervação realizado pelo nervo 
glúteo superior (Dangelo; Fattini 2000). É um músculo lateral da coxa que se insere 
numa forte faixa de tecido conjuntivo chamada trato iliotibial da fáscia- lata e reveste 
todos os músculos da coxa (Spence 1991). 
Origina-se na face lateral da crista ilíaca, entre a espinha ilíaca ântero- superior e o 
tubérculo ilíaco e se insere no trato iliotibial da fáscia lata (Drake et al. 2005). 
 
1.3.3. Músculos da região posterior da coxa 
 
São conhecidos em conjunto como músculos do jarrete e cruzam, posteriormente 
as articulações do quadril e joelho (Dangelo; Fattini 2000). Participam desse grupo, o 
19 
 
músculo semimembranoso, o músculo semitendinoso e a porção longa do bíceps 
femoral e tem um importante componente adutor (Kapandji 2000). 
Os músculos semitendinoso e semimembranoso têm origem pela tuberosidade 
isquiática, enquanto o bíceps femoral cabeça longa apresenta sua origem pela 
tuberosidade isquiática e o bíceps femoral cabeça curta pelo lábio lateral da linha áspera 
do fêmur (Konin 2006). 
 
1.4. Ligamentos da coxofemoral 
 
Fortes ligamentos reforçam a cápsula articular em todos os lados (Smith et al. 
1997). Os ligamentos do quadril dividem-se em ligamento iliofemoral, pubofemoral, 
isquiofemoral, redondo e transverso do acetábulo (Lee 2001) Os ligamentos iliofemoral, 
pubofemoral e isquiofemoral são ligamentos capsulares, já os ligamentos redondo e 
transverso do acetábulo são ligamentos intracapsulares (Palastanga et al. 2000). 
O ligamento iliofemoral, também conhecido como ligamento Y, é um feixe 
resistente localizado anteriormente. Fixa-se à espinha ilíaca ântero- inferior e à margem 
do acetábulo e se estende até a linha intertrocantérica do fêmur (Konin 2006). O 
ligamento iliofemoral cobre a articulação do quadril anteriormente e superiormente, 
sendo o principal estabilizador do quadril na posição ortostática (Smith et al. 1997). 
Na face posterior existe um único ligamento, o ligamento isquiofemoral: a sua 
inserção interna ocupa a parte posterior do rebordo e da orla cotilóides e suas fibras 
fixam-se na face interna do trocânter maior pela frente da fossa digital (Kapandji 2000). 
O ligamento pubofemoral reforça a cápsula articular anteriormente (Spence 1991). 
Possui um formato triangular, com sua base presa medialmente à eminência iliopúbica, 
ao osso adjacente e à membrana obturadora (Drake et al 2005). 
O ligamento transverso do acetábulo estende-se, a maneira de ponte, na incisura 
do acetábulo (Dangelo; Fattini 2000). A deficiência inferior no rebordo acetabular é 
completada pelo ligamento transverso. A borda superficial do ligamento é rente ao 
rebordo acetabular (Palastanga et al. 2000). 
O ligamento redondo une-se lateralmente à parte ântero-superior da fóvea da 
cabeça do fêmur, medialmente através das três faixas às duas extremidades da face 
semilunar do acetábulo e inferiormente à margem superior do ligamento transverso do 
acetábulo (Lee 2001). Está envolvido por um prolongamento da membrana sinovial e 
através dele chegam alguns vasos à cabeça do fêmur (Dangelo; Fattini 2000). 
20 
 
1.5. Suprimento sangüíneo 
 
1.5.1. Artérias 
 
A articulação do quadril recebe o seu suprimento sanguíneo das artérias 
circunflexas femorais medial e lateral, a artéria obturadora e as artérias glúteas superior 
e inferior, as quais em conjunto formam uma anastomose periarticular. A adequação da 
anastomose periarticular é de importância crítica para a nutrição do osso (Palastanga et 
al 2000). 
O sistema circulatório compreende, como se sabe, um sistema fechado de tubos, 
os vasos, e um órgão central, o coração. Ao coração chegam os vasos aferentes, as 
veias, e dele saem vasos aferentes, as artérias. O maior dos vasos aferentes é a aorta que 
se divide nos seus dois ramos terminais, as artérias ilíacas comuns que, por sua vez, se 
dividem em artérias ilíacas externa e interna (Dangelo; Fattini 2000). 
A artéria ilíaca interna (hipogástrica) penetra na cavidade pélvica e fornece ramos 
para irrigação dos músculos da região glútea e região lombar. A artéria ilíaca externa é 
considerada a continuação da artéria ilíaca comum. Após penetrar na coxa, a artéria 
ilíaca externa e se torna artéria femoral (Spence 1991). 
Três artérias entram na coxa: a artéria femoral, a artéria obturatória e a artéria 
glútea inferior. Destas, a artéria femoral é a maior e supre a maior parte do membro 
inferior (Drake et al. 2005). 
A artéria femoral origina-se da aorta abdominal por intermédio da artéria ilíaca 
comum. Ela entra na coxa por baixo do ligamento inguinal, sendo contida em um 
prolongamento afunilado da fáscia abdominal, chamado bainha femoral (Palastanga et 
al. 2000). 
Na superfície proximal, a artéria femoral origina três pequenas artérias: 
epigástrica superficial, circunflexa superficial do ílio e pudenda externa. Os outros 
ramos da artéria femoral são: artéria femoral profunda e artéria descendente do joelho 
(Dangelo; Fattini 2000). 
A artéria profunda da coxa se dirige posteriormente para irrigar os músculos do 
compartimento posterior da coxa (Spence 1991). A profunda da coxa dá vários ramos 
logo depois do seu começo: a artéria femoral circunflexa lateral, que dá ramos 
ascendentes, transverso e descendentes, que suprem a região glútea e a articulação do 
21 
 
quadril; a femoral circunflexa medial, que se anastomosa com a femoral circunflexa 
lateral, dando ramos que suprem áreas semelhantes (Palastanga et al. 2000). 
A artéria profunda da coxa também possui três ramos perfurantes: a primeira 
origina- se acima do músculo, a segunda origina- se anteriormente ao músculo, e a 
terceira origina- se abaixo do músculo. Todas a três penetram através do adutormagno 
(Drake et al. 2005). 
A artéria obturatória atravessa o forame obturado, supre os músculos adjacentes e 
dá ramos que constituem a principal fonte de irrigação para a cabeça do fêmur. As 
artérias glúteas superior e inferior, nascem na pelve, diretamente na ilíaca interna 
(Dangelo; Fattini 2000). 
 A artéria glútea inferior origina-se no tronco anterior da artéria ilíaca interna, na 
cavidade pélvica, enquanto a artéria glútea superior origina-se no tronco posterior. 
Ambas suprem a região glútea e deixam a pelve através do forame isquiático maior, 
sendo, a artéria glútea superior acima do piriforme e a glútea inferior, abaixo do 
piriforme (Drake et. al. 2005). 
 
1.5.2. Veias 
 
Uma vez que as veias tendem a ser mais amplas e mais numerosas que as artérias, 
a capacidade do sistema venoso é maior do que a do sistema arterial. As veias profundas 
caminham ao lado das artérias (Spence 1991). 
As veias usualmente são descritas como sendo superficiais e profundas, as veias 
superficiais sendo maiores e situadas na fáscia superficial, enquanto as veias profundas 
são normalmente dois pequenos vasos que acompanham as artérias e estão situadas na 
profundidade do membro (Palastanga et al. 2000) 
Não é possível estabelecer um padrão rígido quanto à sua distribuição das veias 
superficiais, sendo constantes as variações, inclusive de um membro para o outro no 
mesmo indivíduo (Dangelo; Fattini 2000). 
A maior das veias superficiais da coxa é a veia safena magna que se origina na 
face dorsal do pé e ascende ao longo da face medial do membro inferior para a região 
proximal da coxa (Drake et al 2005). A veia safena magna seu une com a veia femoral, 
logo abaixo do ligamento inguinal (Spence 1991). 
22 
 
A veia femoral ascende no canal adutor para entrar no triângulo femoral, onde ela 
termina tornando-se a veia ilíaca externa. Durante seu trajeto, ela recebe as veias 
profundas da coxa e safena longa (Palastanga et al. 2000). 
A veia safena parva origina- se na extremidade lateral do arco venoso dorsal do 
pé, situando-se posteriormente ao maléolo lateral. Ao nível da fossa poplítea, irá 
perfurar a fáscia profunda e desemboca na veia poplítea, sendo freqüentes as variações 
de desembocadura. Uma delas é: ascender até um terço distal da coxa antes de perfurar 
a fáscia profunda (Dangelo; Fattini 2000). 
 
1.6. Nervos 
 
Existem trinta e um pares de nervos espinhais, entre eles estão cinco pares 
lombares e cinco pares sacrais. Os nervos espinhais são formados a partir da união das 
raízes ventral e dorsal que deixam ou entram na medula espinhal (Spence 1991). 
A inervação dos membros inferiores é feita pelos ramos ventrais de nervos 
espinhais lombares e sacrais. O plexo lombo- sacral é constituído pelos ramos ventrais 
dos nervos espinhais L2 a S4 (Dangelo; Fattini 2000). 
O tronco lombo- sacro passa sobre a asa do sacro para juntar- se aos ramos 
ventrais do primeiro, segundo, terceiro e parte superior do quarto nervos sacros a fim de 
formar o plexo lombo- sacro (lombo- sacral) (Palastanga et al. 2000). 
 
1.6.1. Nervos terminais do plexo lombo- sacral 
 
Os principais nervos que se originam no plexo lombo sacral e deixam o abdome e 
a pelve para entrar no membro inferior incluem os nervos femoral, obturatório, 
isquiático, glúteo superior e glúteo inferior (Drake et al. 2005). 
 O nervo femoral passa inferiormente ao ligamento inguinal para inervar os 
músculos da região anterior da coxa (Spence 1991). 
Quase imediatamente o nervo femoral se divide em ramos que são musculares e 
cutâneos. Na coxa, os ramos musculares inervam os músculos sartório e quadríceps da 
coxa, já os ramos cutâneos inervam a pele da região anterior e medial da coxa (Dangelo; 
Fattini 2000). 
O nervo obturador (obturatório) cruza a articulação sacroilíaca e o obturador 
interno para entrar no canal obturador. Ao deixar o canal, o nervo situa- se acima do 
23 
 
obturador externo e divide- se em ramos anterior, enviando ramos ao adutor longo e 
adutor curto e grácil, e posterior, suprindo o obturador externo e o adutor magno 
(Palastanga et al. 2000). 
O nervo isquiático é o maior nervo do corpo e transporta contribuições de L4 a 
S3. Ele deixa a pelve através do forame isquiático maior, entrando e passando através da 
região glútea, depois penetrando no compartimento posterior da coxa. Também inerva 
uma grande área de pele no membro inferior (Drake et al. 2005). 
O nervo isquiático é, na verdade, o conjunto de dois nervos envolvidos em uma 
bainha comum. Na porção inferior da coxa, esses dois nervos se separam em um nervo 
fibular comum e um nervo tibial (Spence 1991). 
O nervo glúteo superior atravessa o forame isquiático maior e acompanha os 
ramos da artéria glútea superior. Inerva o glúteo médio, mínimo e o tensor da fáscia lata, 
além de enviar ramos para a articulação do quadril (Dangelo; Fattini 2000). 
O nervo glúteo inferior origina- se das divisões posteriores de L5, S1 e S2. Deixa 
a pelve por baixo do músculo piriforme superficial ao nervo ciático (isquiático) e passa 
diretamente para dentro da superfície profunda do glúteo máximo, suprindo-o 
(Palastanga et al. 2000). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
24 
 
2. BIOMECÂNICA DA COXOFEMORAL 
 
2.1. Revisão anatômica da articulação do quadril 
 
A cabeça do fêmur articula-se com os ossos do quadril, encaixando-se no 
acetábulo para constituir uma juntura sinovial de tipo esferóide, triaxial, denominada 
articulação do quadril (Dangelo; Fattini 2000). 
É a última articulação no complexo da cintura pélvica e apresenta formato tipo 
bola- e- soquete com grau três de liberdade, apesar de ser muito estável, embora o 
acetábulo não seja profundo o suficiente para cobrir toda a cabeça do fêmur (Hamill; 
Knutzen 1999). 
A coxofemoral é formada pelo encaixamento da cabeça do fêmur no acetábulo do 
osso do quadril, que por sua vez é formado pela união dos três ossos pélvicos, o ílio, o 
ísquio e o púbis (Rasch 1991). 
O acetábulo é uma cavidade hemisférica localizada na face lateral da pelve. 
Apresenta uma margem, sendo esta, revestida por fibrocartilagem, denominada lábio do 
acetábulo criando então um suporte mais profundo para estabilizar a cabeça femoral em 
seu interior (Konin 2006). 
A cabeça do fêmur é coberta por cartilagem articular e se fixa ao colo do fêmur, 
que se continue na diáfise femoral. O fêmur cria um braço de alavanca para os músculos 
e permite movimento na articulação do quadril (Konin 2006). 
O colo do fêmur por ser formado por osso trabecular esponjoso, apresenta uma 
fina camada cortical de reforço e seu ângulo no plano transverso é denominado ângulo 
de anteroversão (Hamill; Knutzen 1999). 
Existem diferenças relacionadas ao sexo na geometria da pelve humana. Além das 
diferenças bem conhecidas na largura e altura da pelve entre homens e mulheres, a 
cabeça do fêmur é significativamente menor (cerca de 30%) nestas. O lábio do 
acetábulo desempenha um papel crucial na articulação do quadril feminino reduzindo a 
força na articulação provocada por uma tensão maior causada pela pequena cabeça do 
fêmur (Rasch 1991). 
Um ligamento único chamado ligamento da cabeça do fêmur ou ligamento 
redondo estende-se através da cavidade articular desde a fóvea da cabeça do fêmur até a 
25 
 
incisura da porção inferior do lábio do acetábulo. A cápsula articular, que se estende da 
margem do acetábulo até o colo anatômico do fêmur, envolve completamente a 
articulação (Spence 1991). 
A cápsula articular é extremamente forte e densa. Na frente, onde a maior 
resistência é necessária, a cápsula é bem mais espessa do que atrás, onde é finae frouxa 
(Rasch 1991). A cápsula é revestida anteriormente pelos ligamentos iliofemoral e 
pubofemoral, e na superfície posterior a cápsula é reforçada pelo ligamento isquifemoral 
(Spence 1991). 
A vascularização da articulação coxo-femoral é levada a cabo pela artéria ilíaca 
primitiva, que tem origem na aorta abdominal, subdividindo-se ao nível do osso ilíaco e 
dando origem às artérias ilíaca externa e interna. A enervação da articulação depende de 
três nervos importantes: o obturador e o femoral, emergem do plexo lombar e o ciático 
que emerge do plexo sagrado (Seeley et al. 1997). 
Os três ligamentos que se unem com a cápsula e recebem nutrição da articulação. 
O ligamento iliofemoral é forte e suporta a articulação anterior do quadril na postura em 
pé (Hamill; Knutzen 1999). Refreia a extensão do quadril e também limita a rotação do 
fêmur em torno do seu eixo longitudinal (Rasch 1991). Situa-se na face anterior da 
articulação coxo- femoral, cujo seu vértice se insere no bordo anterior do osso ilíaco ou 
ílio e a base se adere ao fêmur (Kapandji 2000). 
O ligamento pubofemoral fortalece as porções anterior e inferior da cápsula 
articular do quadril e é tensionado durante a extensão e abdução do mesmo (Konin 
2006). O ligamento se insere acima, na região anterior da iminência ílio- pectínea e a 
orla anterior da corredeira infrapúbica. Abaixo se fixa na região anterior da fossa pré- 
trocanteriana (Kapandji 2000). Resiste primariamente à abdução do quadril, bem como 
a extensão e rotação lateral (Rasch 1991). 
O último e único ligamento na região externa da articulação é o ligamento 
isquiofemoral (Hamill; Knutzen 1999). Este ligamento cruza o debrum cotiloideu na sua 
porção inferior e o colo femoral, na sua porção superior (Seeley et al. 1997). O 
ligamento isquiofemoral se estende durante a adução e entra em tensão durante a 
abdução (Kapandji 2000). Limita a rotação medial do quadril (Rasch 1991). 
 
 
 
 
26 
 
2.2. Movimentos articulares 
 
O quadril é uma articulação proximal do membro inferior e tem como função 
orientar- lhe em todas as direções do espaço (Kapandji 2000). 
Por ser uma articulação proximal, é significante a sua importância para a tomada 
de peso durante a realização da marcha. A coxofemoral possui três eixos, sendo possível 
apresentar três graus de liberdade para realizações dos movimentos permitidos pelo 
quadril, descritos com referência ao fêmur (Settineri 1988). 
 Os movimentos realizados pela articulação incluem a flexão e extensão que 
ocorrem no plano frontal sobre o eixo transversal. No eixo vertical que se confunde com 
o eixo longitudinal do membro inferior quando o quadril está numa posição de 
alinhamento, este eixo permite os movimentos de rotação medial e rotação lateral 
(Kapandji 2000). 
A abdução e adução do quadril, ocorrem no plano frontal sobre o eixo ântero- 
posterior (Konin 2006). 
 
2.2.1. Movimento de flexão do quadril 
 
Vinte e dois músculos atuam sobre a articulação do quadril, dando contribuições 
importantes para cada uma das ações possíveis na articulação da coxo- femoral. Os 
músculos que realizam a flexão do quadril, incluem o psoas maior e menor, o ilíaco e os 
agonistas primários, e o reto da coxa (Rasch 1991). 
O reto femoral é outro flexor de quadril cuja contribuição depende do 
posicionamento da articulação do joelho, já que também age como um extensor da 
articulação do joelho (Hamill; Knutzen 1999). 
A flexão do quadril é realizada devido ao contato da face anterior da coxa com o 
tronco, de modo que a coxa e as porções remanescentes do membro inferior ultrapassam 
o plano frontal da articulação, situando-se por diante dela (Kapandji 2000). 
A cabeça do fêmur deve deslizar para trás e para baixo para completar o 
movimento de flexão (Konin 2006). 
Sua maior amplitude de movimento acontece no plano sagital, onde o músculo 
ilíaco, assim como o psoas, desempenha um papel predominante na flexão do quadril 
(Rasch 1991). 
27 
 
A amplitude da flexão varia dependendo se for uma flexão ativa onde o grau de 
movimento é menor do que na flexão passiva do quadril. A posição do joelho também 
interfere na amplitude. Quando o joelho está estendido, a amplitude vai de 0° e não 
passa dos 90°, ao passo que quando o joelho está flexionado, atinge ou ultrapassa os 
120° de flexão (Kapandji 2000). 
 
2.2.2. Movimento de extensão do quadril 
 
A extensão da coxa é importante no suporte do peso corporal no apoio na medida 
em que mantém e controla as ações da articulação do quadril em resposta à tração 
gravitacional para baixo (Hamill; Knutzen 1999). 
A extensão leva o membro inferior para trás do plano frontal. (Kapandji 2000). Os 
músculos extensor do quadril estão situados atrás do plano frontal que passa pelo centro 
da articulação e tem a função de estabilizar a pelve no sentido ântero-posterior (Settineri 
1988). 
O grupo extensor do quadril inclui os músculos semimembranáceo, semitendíneo 
e cabeça longa do bíceps da coxa, O músculo glúteo máximo também é um forte 
extensor durante esforços pesados ou moderados (Rasch 1991). 
Quando há o tensionamento do ligamento ílio-femoral, a extensão ativa é menos 
ampla que a passiva (Settineri 1988). Quando o joelho está estendido, a extensão é 20° 
mais ampla do que quando está flexionado. Isso se deve ao fato do músculo ísquios-
tibiais perderem a sua eficiência enquanto realizam a extensão do quadril, pois eles 
utilizam grande parte de seu percurso para flexão do joelho. Na extensão passiva a 
amplitude é de apenas 20° no passo para diante (Kapandji 2000). 
 
2.2.3. Movimento de abdução do quadril 
 
A abdução leva o membro inferior diretamente para fora e o afasta do plano de 
simetria do corpo (Kapandji 2000). 
A abdução da coxa e os músculos abdutores são importantes, principalmente em 
seu papel como estabilizadores da pelve e da coxa durante a marcha. Os abdutores 
podem levantar a coxa lateralmente no plano frontal, ou se o pé estiver no solo, podem 
mover a pelve sobre o fêmur no plano frontal. O principal abdutor da coxa na 
28 
 
articulação coxo- femoral é o glúteo médio, sua efetividade é determinada por sua 
vantagem mecânica (Hamill; Knutzen 1999). 
O músculo glúteo médio é considerado agonista para esta ação (Rasch 1991). O 
glúteo mínimo, o tensor da fáscia lata e o piriforme também contribuem para a abdução 
da coxa, com o glúteo mínimo sendo o mais ativo dos três (Hamill; Knutzen 1999). 
A abdução está limitada pelo impacto ósseo do colo do fêmur com o rebordo 
cotilóide, porém antes que isso aconteça, intervém os músculos adutores e os 
ligamentos iliofemoral e pubofemoral. Apresentando assim uma amplitude máxima de 
abdução de quadril de 45°. Com o exercício e treinamento adequados, é possível 
aumentar notavelmente a amplitude de abdução, podendo chegar aos 120° de abdução 
ativa (Kapandji 2000). 
 
2.2.4. Movimento de adução do quadril 
 
A adução leva o membro inferior para dentro do plano de simetria do corpo 
(Kapandji 2000). 
Os adutores trabalham com os abdutores para equilibrar a pelve. Os abdutores de 
um lado da pelve, trabalham com adutores contralaterais para manter o posicionamento 
pélvico e impedir a inclinação (Hamill; Knutzen 1999). 
Os músculos adutores do quadril se localizam geralmente dentro do plano sagital 
que passa pelo centro da articulação (Kapandji 2000). O grupo adutor do quadril é 
composto pelo grácil, adutor longo, adutor curto, adutor magno e pectíneo. Situados na 
face medial da coxa, os adutores formam a maior parte da massa muscular nesta área 
(Rasch 1991). 
Existem movimentos de adução combinada com extensão do quadril e 
movimentos de aduçãocombinada com flexão do quadril. Em todos estes movimentos 
de adução combinada, a amplitude máxima de adução apresentada é de 30° (Kapandji 
2000). 
 
2.2.5. Movimento de rotação externa ou lateral do quadril 
 
Os movimentos de rotação longitudinal do quadril efetuam-se em torno do eixo 
mecânico do membro inferior. A rotação externa é o movimento que leva a ponta do pé 
para fora, enquanto que a rotação interna leva a ponta do pé para dentro (Kapandji 
29 
 
2000). Para realização da rotação externa ou lateral, deve haver uma combinação com 
um deslizamento anterior da cabeça do fêmur com o acetábulo (Konin 2006). 
Os rotadores externos do quadril são numerosos e potentes. Seu trajeto cruza por 
trás do eixo vertical do quadril (Kapandji 2000). 
Os músculos primariamente responsáveis pela rotação externa são o glúteo 
máximo, obturador externo e quadríceps femoral. O obturador interno, o gêmeo inferior 
e superior e o piriforme, contribuem para a rotação externa quando a coxa está em 
extensão (Hamill; Knutzen 1999). 
A amplitude máxima na rotação externa do quadril, em decúbito ventral, é de 60°. 
Estando o sujeito sentado no bordo da mesa de exame, quadril e joelhos flexionados em 
ângulo reto, a amplitude da rotação externa pode ser maior que na posição anterior 
(Kapandji 2000). 
 
2.2.6. Movimento de rotação interna ou medial do quadril 
 
É o resultado da combinação do acetábulo com deslizamento posterior da cabeça 
do fêmur (Konin 2006). A rotação interna da coxa é um movimento secundário de todos 
os músculos que se contraem para produzir a ação articular. Como os rotadores internos 
perdem efetividade no decúbito dorsal estendido, eles definitivamente devem ser 
exercitados na orientação sentada (Hamill; Knutzen 1999). 
Os glúteos médio e mínimo, tensor da fáscia lata, adutores longo e magno e grácil 
podem servir à rotação medial do fêmur (Rasch 1991). 
Os músculos rotadores internos são menos numerosos que os externos e sua 
potência é três vezes menor. A trajetória desses músculos passa pela frente do eixo 
vertical do quadril. A rotação interna varia de 30° a 40° (Kapandji 2000). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
30 
 
3. NÍVEIS DE AMPUTAÇÃO DE MEMBROS INFERIORES 
 
Não se aceita mais a idéia de que a amputação é o procedimento final em um 
paciente vasculopata. O adequado acompanhamento clínico especializado do paciente 
com indicação de amputação determinará o melhor nível de secção, bem como a maior 
adaptação psicológica à idéia de mutilação que está associada ao ato operatório (Santos; 
Nascimento 2003). 
Atualmente, experientes cirurgiões ortopédicos e vasculares dedicam-se às 
amputações para eliminar tecidos moles e ossos irremediavelmente lesados e, em um 
segundo momento, reconstruir as partes ósseas, musculares e cutâneas, de modo que 
proporcionem ao coto, adequada capacidade de sustentação e mobilidade (Boccolini 
2000). 
Apenas a preservação do comprimento pode não garantir a funcionalidade da 
extremidade, ou seja, sua utilidade para a marcha do paciente. O diagnóstico precoce da 
inviabilidade da extremidade é decisivo no planejamento do nível da amputação para 
beneficiar e salvar o doente, reduzindo sua morbidade (Luccia 2003). 
Só faz sentido falar em nível de amputação quando se considera o potencial de 
reabilitação que o mesmo oferece. Caso contrário, qualquer ponto do membro é passível 
de ser um nível de amputação (Lianza 2001). 
O nível da amputação está subordinado à causa, sendo que nem sempre é possível 
modificá-lo ou o nível ótimo pode ser indicado. O conceito atual de nível ótimo está 
dentro de certo limite, o de que é o nível que melhor se preste para a aplicação de uma 
prótese funcional, atendendo à etiologia e à necessidade de amputação (Brandão et al. 
2005). 
Tanto na extremidade inferior como na superior consideram-se níveis ótimos os 
terços médios das diáfises dos ossos longos, já que permitem um bom braço de 
alavanca, ale de apresentarem um recobrimento muscular suficiente (Gabriel et al. 
2001). 
Os níveis de amputação se alteraram sensivelmente desde os primeiros tempos e 
continuam a sofrer alterações conforme o progresso e desenvolvimento das próteses 
(Boccolini 2000). 
31 
 
3.1. Amputação interfalangiana 
 
A amputação interfalangiana geralmente não apresenta problemas funcionais e 
estéticos ao paciente. Essas amputações não alteram o equilíbrio e a deambulação dos 
pacientes (Carvalho 2003). 
 
3.2. Amputação metatarsofalangiana 
 
Significa a retirada total do artelho (Azevedo; Fonseca 2002). As amputações 
interfalangianas quando não é possível suturar a pele sem tendão, pode-se também optar 
por esse nível de amputação (Carvalho 2003). 
 
3.3. Amputação transmetatarsiana 
 
É a amputação através do metatarso, razão pela qual a parte posterior do pé fica 
intacta (Gabriel et al. 2001). 
Amputações transmetatarsianas clássicas, apesar de preservarem revestimento 
cutâneo de pele plantar, passam a ter descarga de peso na região diafisária dos 
metatarsianos, o que freqüentemente pode causar ulcerações (Luccia 2003). 
 
3.4. Amputação de Lisfranc 
 
A articulação de Lisfranc é formada pelas bases dos cinco metatarsianos, com os 
três cuneiformes e com o cubóide. O médico francês Jacques Lisfranc propunha 
amputação ao nível tarsometatarsiano, para as lesões decorrentes de traumatismos 
fechados do pé, com receio de necrose vascular e tecidual (Alves et al 1998). 
 
3.5. Amputação de Chopart 
 
Conhecida como amputação do retropé. A amputação de Chopart também é uma 
desarticulação realizada entre os ossos navicular e cubóide com o tálus e o calcâneo, 
respectivamente (Carvalho 2003). 
A amputação tipo Chopart pode proporcionar bons resultados, mas o ideal é tenha 
revestimento adequado de pele plantar e a manutenção do calcâneo paralelo ao solo para 
32 
 
permitir a descarga do peso do corpo (Luccia 2003). A descarga de peso poderá ser 
realizada na parte distal do coto, caso o paciente tolere (Boccolini 2000). 
 
3.6. Amputação de Syme 
 
Esta modalidade de desarticulação baseia-se na articulação entre os ossos do tarso 
e os metatarsos (os ossos cuneiformes medial, intermédio e lateral se articulam com o 
primeiro segundo e terceiro metatarsos e o cubóide com o quarto e quinto metatarsos) 
(Luccia; Silva 2003). 
A amputação de Syme permite descarga distal sobre o coto, e a presença de 
espaço entre o coto e o solo possibilita uma protetização futura com um pé mecânico. É 
um excelente nível para amputação, não apresentando grandes complicações (Lianza 
2001). 
 
3.7. Amputação de Pirogoff 
 
É similar à de Syme, porém tecnicamente mais difícil e mais demorada. Nesse 
tipo de amputação ocorre uma artrodese entre a tíbia e o calcâneo, tendo em vista que o 
calcâneo é seccionado verticalmente (Carvalho 2003). 
 
3.8. Amputação transtibial 
 
A amputação transtibial é realizada entre a desarticulação tibiotársica e a de 
joelho. Podemos dividi-la em três níveis, ou seja, amputação transtibial em terço 
proximal, médio e distal (Carvalho 2003). 
As amputações transtibiais possuem um melhor prognóstico relacionando-se à 
reabilitação e funcionalidade na marcha quando comparadas às amputações 
transfemorais (Tonon et al. 2005). 
Dentre as vantagens das amputações transtibiais quando comparadas às 
amputações mais altas, se refere à manutenção da articulação do joelho, ao menor gasto 
energético durante a marcha, a facilidade para colocação e remoção da prótese além de 
possibilitar uma marcha mais fisiológica (Boccolini 2000). 
As amputações transtibiais, afora os problemas, é recomendável a realizaçãoda 
ponte óssea entre a tíbia e a fíbula pra criar uma barra óssea paralela ao solo que 
33 
 
aumente a área de contato e favoreça o apoio terminal e indolor de coto (Sizínio et al. 
2003). 
 
3.9. Desarticulação do joelho 
 
A remoção total da tíbia caracteriza a desarticulação de joelho, nível que tem 
vantagens funcionais em relação às amputações transfemorais. As próteses para este 
nível de amputação devem contar com joelho mecânico (Luccia 2003). 
A desarticulação de joelho é uma amputação indicada em indivíduos com 
osteossarcomas mais distais, traumas e anomalias congênitas da tíbia e/ou fíbula, é 
considerada como uma excelente alavanca ósseo muscular (Smeltzer; Bare 2002). 
É aconselhável sobre tudo em geriatria, por permitir um controle melhor da 
prótese, oferecer um braço de alavanca maior, um equilíbrio melhor e uma marcha mais 
fácil (Gabriel et al. 2001). 
 
3.10. Amputação transfemoral 
 
A amputação transfemoral é realizada entre a desarticulação de joelho e a de 
quadril, e como nas amputações transtibiais, também pode ser divida em três níveis, ou 
seja, amputação transfemoral em terço proximal, médio e distal, sendo que as 
amputações podem ser causadas por patologias vasculares, processos traumáticos, 
infecciosos e neoplásicos ou por anomalias congênitas (Carvalho 2003). 
Na transfemoral longa (em terço distal) se preserva mais de 60% do comprimento 
femoral, na transfemoral (em terço médio) se mantém entre 35 a 60% do comprimento 
femoral, e na transfemoral curta (em terço proximal) se preserva menos de 35% do 
comprimento femoral (May apud O’Sullivan; Schmitz 1993). 
A mioplastia, com a sutura dos músculos extensores da coxa, com os flexores e a 
sutura dos músculos adutores com os abdutores, propiciam equilíbrio ao coto e 
determinam melhor controle da prótese pelo paciente. Por fim, a sutura da apneurose 
melhora a coaptação dos músculos incisados, sendo a pele fechada com pontos 
separados (Luccia; Silva 2003). Em uma amputação transfemoral, a fáscia é o melhor 
tecido disponível para manter as suturas, mas não é particularmente elevado na maioria 
dos músculos que estão em meia perna (Smith 2004). 
34 
 
A amputação transfemoral primária é indicada em pacientes nos quais grandes 
complicações com as lesões não podem ser toleradas. Uma amputação transfemoral 
deve ser também, considerada nos pacientes com contratura da articulação do joelho ou 
que estão acamados ou bastante debilitados. Esses pacientes se beneficiarão mais com o 
coto longo, o que facilitará o sentar ou os movimentos no leito (Consenso Internacional 
sobre o Pé Diabético/DF 2001). 
Embora este nível de amputação seja bastante comum, nada é simples na 
adaptação à vida após a cirurgia. O paciente que vive com a perda de um membro à 
nível transfemoral, enfrentam diversos desafios, tais como: as exigências para aumentar 
a energia, problemas de equilíbrio e estabilidade (Smith 2004). Nas amputações acima 
do joelho e nas desarticulações do mesmo, é perdida uma das mais importantes 
determinantes: a flexoextensão do joelho que regula o comprometimento do membro 
inferior tornando, o menor possível, a oscilação do centro de gravidade, suavisando a 
marcha (Boccolini 2000). 
 
3.11. Desarticulação do quadril 
 
Consiste na retirada de todo o membro inferior, inclusive a cabeça do fêmur. Não 
apresenta coto ósseo, restando apenas uma cobertura musculocutânea (Carvalho 2003). 
É um tipo de cirurgia raramente indicada, pois oferece dificuldade na adaptação 
da prótese (Brandão et al. 2005). 
 
3.12. Hemipelvectomia 
 
Consiste em uma cirurgia radical, na qual é realizada a remoção de metade da 
pelve e de todo o membro inferior homolateral (Carvalho 2003). 
A hemipelvectomia é normalmente indicada para o tratamento dos sarcomas da 
região glútea e da porção proximal posterior da coxa, bem como dos tumores ósseos da 
pelve com extensão posterior (Vieira et al. 2004). 
 
 
 
35 
 
4. ETIOLOGIA DAS AMPUTAÇÕES 
 
A perda da extremidade inferior resulta em alterações na vida diária, no trabalho, 
na interação social e no atendimento das necessidades pessoais (Diogo 1997). 
O perfil das amputações mudou muito nos últimos tempos. Isso se deve ao 
advento de novos medicamentos, à quimioterapia e radioterapia, à utilização de 
fixadores externos, de câmaras hiperbáricas e às técnicas cirúrgicas de revestimento 
cutâneo, entre outras (Carvalho 2003). 
As amputações maiores de membros inferiores representam um relevante impacto 
socioeconômico, com perda da capacidade laborativa, da socialização e, 
conseqüentemente, da qualidade de vida, constituindo-se numa das mais devastadoras 
complicações da doença crônica degenerativa, associada à significativa morbidade, 
incapacidade e mortalidade (Spichler et al. 2004). 
Leite et al. (2004) relatam que mais de 300 amputações foram realizadas por um 
único serviço no período de pouco mais de um ano, com grande número de amputações 
transfemorais (76%), o baixo percentual de revascularizações (25%) nos dois grupos 
estudados (amputações unilaterais e bilaterais), e 50% de mortalidade no grupo de 
amputações bilaterais. 
 
4.1. Amputações por patologias vasculares 
 
Estudos apontam a tendência de ocorrência de amputações de membros inferiores 
devido, principalmente às insuficiências arteriais periféricas, complicações do diabetes 
mellitus, infecções severas, traumas, neoplasias e deformidades congênitas (Pastre et al. 
2005). 
A causa mais freqüente de amputações é por doença vascular periférica, 
combinada ou não com diabetes. Os fatores de risco, como idade avançada, tabagismo, 
diabetes, hipertensão, lipoproteinemia, influenciam o aparecimento de doenças 
vasculares (Agne et al. 2004). 
A doença vascular aterosclerótica que afeta os membros inferiores é a forma mais 
comum de doença arterial periférica, originando condições clínicas que variam desde 
36 
 
claudicação intermitente ou dor em repouso à ulceração e gangrena (Spichler et al. 
2004). 
As amputações de membros inferiores causadas por doenças vasculares periféricas 
atingem principalmente pacientes com faixa etária mais avançada, os quais estão mais 
suscetíveis a doenças degenerativas como a arteriosclerose (Carvalho 2003). 
O diabetes é uma síndrome metabólica de grande importância na atualidade. No 
Brasil há aproximadamente cinco milhões de diabéticos e 50% deles não conhecem o 
diagnóstico. A freqüência do diabetes vem aumentando nos últimos anos, tanto nos 
países desenvolvidos como nos países em desenvolvimento. Isso ocorre devido ao 
aumento da sobrevida do diabético (Bardui; Cocco 2002). Sabe-se que o paciente 
diabético tem cerca de quinze vezes mais probabilidade de sofrer amputação de 
membros inferiores do que o não diabético (Santos; Nascimento 2003). 
Amputações maiores são 10 vezes mais freqüentes em diabéticos com doença 
arterial periférica do que em não-diabéticos com o mesmo acometimento (Luccia 2003). 
O diabetes mellitus destaca-se, no Brasil e no mundo, por sua importância enquanto 
problema de saúde pública (Gamba et al. 2004). Uma das complicações mais freqüentes 
do diabetes mellitus é o pé diabético, trata-se de uma complicação crônica que ocorre 
em média após dez anos de evolução do diabetes mellitus e é a causa mais comum de 
amputações não traumáticas (Milman et al. 2001). 
 
4.2. Amputações traumáticas 
 
Os traumatismos são a segunda maior causa de amputação, acometendo 
principalmente adultos jovens, sendo indicada quando se torna impossível uma 
reconstrução do membro lesionado (Brito 2005). 
As amputações causadas por traumatismos são conseqüência em grande parte de 
fraturasexpostas, contaminação severa de ferida, lesões do tipo esmagamento que 
levam a necrose muscular progressiva e retardo no tempo de vascularização - menor que 
6 horas (Agne et al. 2004). Na coxa, podemos observar as lesões da artéria femoral 
como resultado das fraturas diafisárias do fêmur. Lesões arteriais complicando fratura 
dos ossos longos são relatadas por diversos autores, inclusive pseudo- aneurisma 
(Pereira; Silva 2003). Batalhas e minas perdidas ainda continuam causando amputações 
traumáticas em alguns países. Com o advento de técnicas cirúrgicas e utilização de 
37 
 
fixadores externos, o índice de amputações por lesões traumáticas tem diminuído 
razoavelmente (Carvalho 2003). 
 
4.3. Amputações tumorais 
 
O objetivo da amputação tumoral, será a retirada do tumor, porém a indicação 
para essa amputação tem diminuído bastante, graças ao diagnóstico precoce (Tooms 
1996). Nessas circunstâncias, o objetivo da amputação é remover o tumor antes deste 
metastizar. Mas, por vezes, a amputação é necessária, mesmo após o surgimento das 
metástases (Sampol 2000). Nas amputações por tumores a faixa de idade se situa de 11 
a 20 anos de idade (Agne et al. 2004). Os tumores malignos são responsáveis por 5,8% 
das amputações de membros inferiores (Caromaro et al. 1992). As amputações tumorais 
têm diminuído consideravelmente, graças a bons resultados obtidos pelo diagnóstico 
precoce, a radioterapia, a quimioterapia, a utilização de endoprótese, os enxertos e 
algumas outras cirurgias conservadoras (Carvalho 2003). 
 
4.4. Amputações infecciosas 
 
As amputações infecciosas estão diretamente relacionadas a processos traumáticos 
e vasculares, sendo q sua freqüência vem diminuindo devido aos avanços laboratoriais 
(Carvalho et al. 2005). A infecção comumente associada à gangrena é muito comum em 
pacientes diabéticos. A gangrena quase sempre indica a necessidade de amputação; sua 
extensão e a presença ou ausência de uma linha de delimitação são fatores importantes 
(Santos; Nascimento 2003). 
 
4.5. Amputações por anomalias congênitas 
 
Os pacientes portadores de anomalia congênita que apresentam deformidades 
importantes, as quais podem impossibilitar a protetização ou dificultar a função do 
membro residual, geralmente são encaminhadas para procedimentos cirúrgicos, estando, 
entre elas, a amputação e deve ser realizada nos primeiros anos de vida (Carvalho 
2003). 
 
 
38 
 
5. PRINCIPAIS COMPLICAÇÕES 
 
Muitos são os fatores que determinam a cicatrização adequada de um coto de 
amputação, mas sem dúvida o planejamento cuidadoso e conhecimento técnico-
anatômico, visando uma reabilitação adequada, podem representar a última chance deste 
indivíduo de uma reintegração adequada ao seu meio (Luccia; Silva 2003). 
A seleção correta do nível de amputação é de fundamental importância para 
garantir uma cicatrização mais rápida da ferida operatória, para evitar que ocorram 
complicações e para possibilitar ao paciente, maiores condições de reabilitação 
(Brandão et al. 2005). 
A presença de alterações nas condições gerais dos amputados pode impossibilitar 
o progresso ótimo de cada uma das fases da reabilitação (Lima et al. 2006). 
Durante a reabilitação de um paciente amputado, podemos confrontar- nos com 
algumas situações que dificultam o processo terapêutico, tais como complicações do 
próprio coto, neurológicas, sensoriais, psicológicas e clínicas (Carvalho 2003). 
As principais causas de complicações no coto são: edema, suturas, dor fantasma, 
ulceração do coto, inflamações, infecções, retração cicatricial, neuromas e espículas 
ósseas. Esses tipos de problemas costumam afetar o coto da segunda à terceira semana, 
após o ato cirúrgico (Friedmann 1994). 
As complicações mais comuns encontradas nos pacientes amputados são as 
complicações circulatórias, que levam a edema, isquemia e necrose tecidual. Sendo que 
as complicações de aspecto psicológico, de origem nervosa, como a formação de 
neuromas e outros sem etiologia bem definida como a dor fantasma, são comuns em 
amputados (Luccia 2003). 
Os problemas decorrentes de causas, como neuromas, contraturas musculares e 
hipotrofias, entre outras, acontecem mais tardiamente; muito embora a dor possa 
aparecer em qualquer época, apresentando características das mais diversas (Friedmann 
1994).
39 
 
5.1. Principais complicações circulatórias 
 
Todos os tecidos necessitam de um suprimento adequado de sangue para que se 
mantenham vivos. A necrose ocorre quando este princípio básico não é respeitado. Esta 
necrose é variável, e o grau de comprometimento da estrutura dependerá da trama 
vascular lesada (Pereira; Silva 2003). 
 
5.1.1. Necrose 
 
De acordo com Tooms (1996), a presença de necrose pode ser tratada com 
medidas conservadoras, porém pode retardar a cicatrização. A necrose mais grave, 
entretanto, indica uma circulação insuficiente na amputação, havendo necessidade de 
uma imediata ressecção em cunha ou reamputação em um nível mais proximal. 
Quando existe necrose ou dor intensa, o risco de morte decorrente de uma cirurgia 
de revascularização é muito alto, principalmente em pacientes debilitados, há muitos 
anos, com pouca chance de voltar a andar após a revascularização (Santos; Nascimento 
2003). 
 
5.1.2. Edema 
 
Definido como aumento anormal do volume de um membro.O edema está 
presente em todos os pacientes amputados protetizados (Carvalho 2003). 
O edema é uma das complicações circulatórias que deve ser evitado com o 
enfaixamento do coto com atadura gessada, ainda na mesa operatória, mesmo que o 
indivíduo não venha a usar prótese imediata. Nesse procedimento, economizam-se dois 
a três meses na colocação da prótese, pois se houver o aparecimento de edema no coto, 
há necessidade de um tempo enorme de enfaixamento para reduzir seu tamanho 
(Boccolini 2000). 
 
5.1.3. Isquemia 
 
Outro problema que pode aparecer é a isquemia, que se manifesta com 
comprometimento dérmico ou dor e, que normalmente precisa de tratamento analgésico 
através de anestesias epidurais ou troculares (Gabriel et al. 2001). 
40 
 
5.2. Principal complicação neurológica 
 
5.2.1. Neuromas 
 
Os neuromas de amputação ou terminações de nervos no coto, formam um 
pequeno tumor neural que dá dor ou sensação de choque ao toque (Lianza 2001). 
O desenvolvimento de um neuroma é um fenômeno natural de reparação que 
ocorre em qualquer transecção de um nervo periférico (Carvalho 2003). 
 
5.3. Outras complicações 
 
5.3.1. Infecção 
 
A infecção representa uma grande destruição tecidual por processo infeccioso, 
normalmente associado a micróbios anaeróbios (Luccia; Silva 2003). A reação 
inflamatória e as toxinas produzidas pelos agentes infecciosos levam a um grau de 
sofrimento celular que culminará com alterações na distribuição do fluxo 
microcirculatório, com agressão ao endotélio e conseqüente trombose que se estende da 
microcirculação aos vasos maiores (Santos; Nascimento 2003). A amputação irá 
conduzir a um aumento da transpiração sobre todo o restante corpo. Desta forma, a 
transpiração no coto também aumenta, o que poderá conduzir a maceração do coto. Esta 
maceração predispõe a ocorrência de infecções por bactérias e fungos, bem como lesões 
por forças externas (Friedmann 1994). 
As infecções, de acordo com Crenshaw (apud Carvalho et al. 2005), ocorrem 
consideravelmente com mais freqüência em amputações por doença vascular periférica, 
especialmente em pacientes diabéticos. 
 
5.3.2. Espículas ósseas 
 
As espículas ósseas são observadas por meio de radiografias, sendo um dos 
motivos de dores localizadas durante a palpação ou

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