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Leitura e Produção de Textos Acadêmicos – Profa. Virgínia Leal Versão provisória em PDF do conteúdo da disciplina. O autor é o titular dos direitos autorais desta obra. Reprodução não autorizada. Uso estritamente pessoal. Para outra utilização, solicitar autorização prévia do titular dos direitos autorais. >> DISCIPLINA A Disciplina Ementa Referências bibliográficas >> SUMÁRIO Introdução 1. Entrando em contato com os gêneros acadêmicos 2. Os principais gêneros acadêmicos 3. Redação dos gêneros acadêmicos 4. A escolha do tema para pesquisa 5. Aspectos formais e normativos 5.1 Formatação 5.2 Tipos e normalização de citações 5.3 Normalização de referências bibliográficas 6. Conhecendo melhor alguns gêneros acadêmicos 6.1. Fichamento, resumo e resenha 6.1.1 Fichamento 6.1.2 Resumo 6.1.3 Resenha Leitura e Produção de Textos Acadêmicos – Profa. Virgínia Leal Versão provisória em PDF do conteúdo da disciplina. O autor é o titular dos direitos autorais desta obra. Reprodução não autorizada. Uso estritamente pessoal. Para outra utilização, solicitar autorização prévia do titular dos direitos autorais. 6.2 Artigo e pôster 6.2.1 Artigo científico 6.2.2 Pôster acadêmico/científico 6.3 Projeto de Pesquisa 6.4 Relatório de Pesquisa 6.5 Monografia A Disciplina Meus caros alunos, é um prazer voltar a conviver com vocês em mais uma disciplina deste curso de Letras a Distância. No caso específico desta nova disciplina, Leitura e Produção de Textos Acadêmicos, vamos nos familiarizar com os chamados gêneros textuais mais usados na graduação: fichamento, resumo, pôster, monografia, dentre outros. O mais importante, além da cuidadosa leitura do material conteudístico, é a observação dos exemplos reais de cada gênero enfocado para que a apropriação das suas características formais e funcionais se dê não apenas do ponto de vista conceitual, mas sobretudo através da observação direta de casos modelares. Como sempre, estarei à disposição. Tenhamos todos um excelente período letivo! Virgínia Leal Leitura e Produção de Textos Acadêmicos – Profa. Virgínia Leal Versão provisória em PDF do conteúdo da disciplina. O autor é o titular dos direitos autorais desta obra. Reprodução não autorizada. Uso estritamente pessoal. Para outra utilização, solicitar autorização prévia do titular dos direitos autorais. Ementa EMENTA: Compreensão e produção de textos acadêmicos na perspectiva da metodologia científica e da análise de gêneros. OBJETIVO GERAL: Apresentar os diversos gêneros acadêmicos, em seus aspectos históricos, formais e funcionais, de acordo com os padrões estabelecidos pela ABNT. CONTEÚDO PROGRAMÁTICO: Parte I – Os Gêneros Textuais • Os principais gêneros acadêmicos: resumo, resumo para eventos científicos, resenha, monografia, relatório de pesquisa, projeto de pesquisa, dissertação, tese, artigo, ensaio. • Características históricas, formais e funcionais de: resumo, resenha, monografia, artigo, projeto e relatório de pesquisa, tendo em vista serem esses os gêneros mais utilizados em cursos de graduação em Letras. Parte II – A escrita acadêmica • Elaboração de projeto de pesquisa/ monografia. • Elaboração de artigos para periódicos especializados. • Elaboração de resumo para eventos científicos. • Apresentação de gráficos/tabelas/quadros/figuras. • Apresentação de trabalhos de pesquisa em pôster. Obs.: serão levadas em conta as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) para apresentação/citação de trabalhos acadêmicos. Leitura e Produção de Textos Acadêmicos – Profa. Virgínia Leal Versão provisória em PDF do conteúdo da disciplina. O autor é o titular dos direitos autorais desta obra. Reprodução não autorizada. Uso estritamente pessoal. Para outra utilização, solicitar autorização prévia do titular dos direitos autorais. Referências bibliográficas Bibliografia básica: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10520: informação e documentação: citações em documentos: apresentação. Rio de Janeiro, 2002. ______. NBR: 6023: informação e documentação: referências: elaboração. Rio de Janeiro, 2002. ______. NBR: 6022: informação e documentação: artigo em publicação periódica científica impressa: apresentação. Rio de Janeiro, 2003. ______. NBR: 6028: informação e documentação: resumo: apresentação. Rio de Janeiro, 2003. ______. NBR: 14724: informação e documentação: trabalhos acadêmicos: apresentação, 2005. BAUER, M. W. & GASKELL, G. Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som. Petrópolis: Vozes, 2004. CALDAS, M.A. E.; VIDAL, M.M.G.; VASCONCELOS, M.V.B. de A.; CASTRO, L.C.C. de. Documentos Acadêmicos: um padrão de qualidade. Recife: Ed. da UFPE, 2006. DIONISIO, A. P.; BEZERRA; M. A.; MACHADO, A. R. (Orgs.). Gêneros Textuais e Ensino. Rio de Janeiro: Lucerna, 2002. HENRIQUES, C. C.; SIMÕES, D. M. (Orgs.). A redação de trabalhos acadêmicos: teoria e prática. Rio de janeiro: Ed. da UERJ, 2008. KOCH, I. V. Ler e compreender: os sentidos do texto. São Paulo: Contexto, 2006. ______. Desvendando os segredos do texto. São Paulo: Cortez, 2006. ______. A coesão textual. São Paulo: Contexto, 2002. ______; TRAVAGLIA, L. C. A coerência textual. São Paulo: Contexto, 2004. MACHADO, A. R.; LOUSADA, E.; ABREU-TARDELLI, L.S. Resenha. Rio de Janeiro: Lucerna, 2004. ______. Resumo. Rio de Janeiro: Lucerna, 2004. ______. Planejar gêneros acadêmicos. Rio de Janeiro: Parábola Editorial, 2005. Leitura e Produção de Textos Acadêmicos – Profa. Virgínia Leal Versão provisória em PDF do conteúdo da disciplina. O autor é o titular dos direitos autorais desta obra. Reprodução não autorizada. Uso estritamente pessoal. Para outra utilização, solicitar autorização prévia do titular dos direitos autorais. MARCUSCHI, L. A. Linguística de Texto: o que é e como se faz. Recife: Ed. UFPE, 1983. ______. Produção textual, análise de gêneros e compreensão. São Paulo: Parábola, 2008. MESQUITA, M. L. de A pesquisa e a construção do conhecimento científico – do planejamento aos textos, da escola à academia. São Paulo: Rêspel, 2005. MOTTA-ROTH, D. (org.) Princípios básicos: redação acadêmica. Laboratório de redação. Santa Maria: Ed. da UFSM, 2004. Bibliografia complementar: BENNETT-KASTOR, T. Analysing children’s language: methods and theories. Oxford: Basil Blackwell, 1988. BIAJI, M. L. de. Técnicas para coleta de dados linguísticos. Recife: Dissertação de Mestrado em Letras, UFPE, 1981. BIBER, D.; CONRAD, S.; REPEN, R. Corpus linguistics – investigations language structure and use. Cambridge: Cambridge University Press, 1998. CASTRO, M. F. P. (org.). 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Observing and analysing natural language. Oxford: Basil Blackwell, 1987. NEWMAN, I. & BENZ, C. R. Quantitative-quantitative research methodology – exploring the interactive continuum. Carbondale and Edwardsville: Southern Illinois University Press, 1998. Leitura e Produção de Textos Acadêmicos – Profa. Virgínia Leal Versão provisória em PDF do conteúdo da disciplina. O autor é o titular dos direitos autorais desta obra. Reprodução não autorizada. Uso estritamente pessoal. Para outra utilização, solicitar autorização prévia do titular dos direitos autorais. ORLANDI, E. Análise do Discurso - princípios e procedimentos. Campinas: Pontes, 1998. PEDRO, E. R. Análise Crítica do Discurso: aspectos teóricos e metodológicos. In: Emilia Ribeiro Pedro (org.) Análise Crítica do Discurso. Lisboa: Caminho, 1997. SILVA, J.Q.G.; MATA, M.A.A. da. Proposta tipológica de resumos: um estudo exploratório das práticas de ensino da leitura e da produção de textos acadêmicos. Scripta, vol 6, nº 11, Belo Horizonte: PUC Minas, pp. 123-133. TURATO, E. R. Tratado da Metodologia da Pesquisa Clínico-Qualitativa. Petrópolis: Vozes, 2003. VERSSHUEREN, J.; ÖSTAMN, J.; BLOMMAERT, J. Handbook of Pragmatics – Manual. Amsterdan/Philadelphia: John Benjamin Publishing Company, 1995. XAVIER, A. C. & MARCUSCHI, L. A. (orgs.). Hipertexto e Gêneros Digitais. Rio de Janeiro: Lucerna, 2005. Introdução Sem dúvida, nas disciplinas cursadas no primeiro período deste curso, seus professores chamaram a atenção para o modo especial de apresentar o resultado das atividades. Muitos pediram que vocês lessem sobre um determinado assunto em materiais disponibilizados no ambiente do curso, complementando tais leituras com uma sugestão de títulos bibliográficos ou com materiais levantados por vocês em bibliotecas particulares, públicas ou através da web. Leitura e Produção de Textos Acadêmicos – Profa. Virgínia Leal Versão provisória em PDF do conteúdo da disciplina. O autor é o titular dos direitos autorais desta obra. Reprodução não autorizada. Uso estritamente pessoal. Para outra utilização, solicitar autorização prévia do titular dos direitos autorais. Ler para discutir um assunto acadêmico não é mesma coisa que ler para fruição ou divertimento. Ler com objetivo preciso, muitas vezes, se confunde com a expressão “estudar”. Os objetivos acadêmicos são satisfeitos quando sabemos qual o tema que está sendo tratado por um determinado autor, quando o material foi escrito e com quais propósitos, as filiações teóricas de quem escreve em relação ao tratamento do tema enfocado etc. Frequentemente, precisamos anotar, sublinhar, destacar frases/períodos/expressões que parecem ser importantes ou que parecem resumir a principal posição do autor. Todos concordam, porém, que anotar um ponto importante, confrontar a argumentação do autor que está sendo lido com a argumentação de outros autores ou até mesmo consultar outras obras relacionadas ao tema fica um pouco difícil em posição de descanso. Além disso, muitos de nós precisam de concentração para poder de fato construir sentido – que é o que se espera da leitura. Hoje, não se admite mais uma concepção de leitura que a veja como decodificação, ou seja, como uma simples forma de fazer a relação entre grafemas e fonemas. Mais importante do que saber ler em voz alta, com entonação e expressividade, é saber ler construindo sentidos: observando implícitos, desfazendo ambiguidades, inferindo informações, produzindo conclusões. Cada disciplina solicitará um conjunto de leituras sobre temas variados, recorrendo a este importante processo de construção do conhecimento. E quanto mais se lê, mais preparado se fica para a produção de textos uma vez que as propriedades formais e funcionais de um determinado gênero textual podem ser internalizadas. Desse modo, os processos de leitura e escrita ainda que possam ser tratados separadamente, estão interligados. Não Leitura e Produção de Textos Acadêmicos – Profa. Virgínia Leal Versão provisória em PDF do conteúdo da disciplina. O autor é o titular dos direitos autorais desta obra. Reprodução não autorizada. Uso estritamente pessoal. Para outra utilização, solicitar autorização prévia do titular dos direitos autorais. nos esqueçamos de que, quando escrevemos, também nos tornamos leitores de nossos textos, assim como também não devemos esquecer que a construção de uma memória visual, que nos auxilia em relação à ortografia de uma palavra ou expressão é dependente da frequência com a qual lemos sobre os mais variados assuntos. Então, podemos concluir que quanto mais lemos, mais fazemos uso de uma estratégia que pode contribuir significativamente para a produção de textos com alto grau de relevância interativa. E é através de textos que nós interagimos com nosso semelhante, com o mundo e com a própria linguagem; é através de textos que realizamos atividades comunicativas, cognitivas e metalinguísticas, ao focarmos o homem, o mundo e a linguagem, respectivamente. Exercitar a linguagem só é possível através de textos, já que tais atividades não são regularmente postas em funcionamento por meio apenas de sons isolados, palavras isoladas ou frases isoladas, ainda que apenas uma palavra possa funcionar como um texto completo. Um exemplo “clássico” desta última situação pode ser vislumbrado com a palavra SILÊNCIO escrita em uma placa no corredor de um hospital; ou a palavra SIGA em uma tabuleta segurada por um trabalhador no meio da BR 101 norte; ou ainda pela palavra ELAS na porta de um banheiro de restaurante. Com o desenvolvimento dos estudos linguísticos na segunda metade do século XX, vimos nascer com força áreas como a Linguística Textual, a Análise do Discurso, a Sociolinguística, a Linguística Aplicada, entre as inúmeras divisões e campos disciplinares que poderiam ser citados aqui. A princípio, a Linguística Textual esteve bastante voltada para a análise dos fatores de textualidade, ou seja, para os elementos que fazem de um conjunto Leitura e Produção de Textos Acadêmicos – Profa. Virgínia Leal Versão provisória em PDF do conteúdo da disciplina. O autor é o titular dos direitos autorais desta obra. Reprodução não autorizada. Uso estritamente pessoal. Para outra utilização, solicitar autorização prévia do titular dos direitos autorais. de palavras um texto. No início, houve uma ênfase na descrição, análise e interpretação de fenômenos relativos a alguns fatores de textualidade, mais especificamente, nos fenômenos de coesão e coerência textuais, além dos estudos que se debruçavam sobre tipologias de texto. Em seguida aos estudos sobre tipologia textual em que os tipos narrativos, dissertativos, injuntivos e descritivos ganharam relevo, a partir do final da década de noventa do século passado, ou seja, mais recentemente, o foco dos estudos textuais foi deslocado para a questão dos chamados gêneros textuais. LEITURA COMPLEMENTAR DIONISIO, A. P.;BEZERRA; M. A.; MACHADO, A. R. (Orgs.). Gêneros Textuais e Ensino. Rio de Janeiro: Lucerna, 2002. KOCH, I. V. Ler e compreender: os sentidos do texto. São Paulo: Contexto, 2006. KOCH, I. V. Desvendando os segredos do texto. São Paulo: Cortez, 2006. KOCH, I. V. A coesão textual. São Paulo: Contexto, 2002. KOCH, I. V.; TRAVAGLIA, L. C. A coerência textual. São Paulo: Contexto, 2004. MARCUSCHI, L. A. Linguística de Texto: o que é e como se faz. Recife: Ed. UFPE, 1983. MARCUSCHI, L. A. Produção textual, análise de gêneros e compreensão. São Paulo: Parábola, 2008. Leitura e Produção de Textos Acadêmicos – Profa. Virgínia Leal Versão provisória em PDF do conteúdo da disciplina. O autor é o titular dos direitos autorais desta obra. Reprodução não autorizada. Uso estritamente pessoal. Para outra utilização, solicitar autorização prévia do titular dos direitos autorais. 1. Entrando em contato com os gêneros acadêmicos Dentre os vários gêneros textuais existentes - e não é possível elencar todos já que eles são tantos quantas são as atividades sociais, linguísticas e discursivas (MARCUSCHI, 2002), separamos para trabalhar nesta disciplina os chamados gêneros acadêmicos, isto é, gêneros de texto que são os mais solicitados durante a realização de um curso de graduação, por exemplo. A diversidade de gêneros acadêmicos é muito grande, por esta razão, selecionamos apenas alguns gêneros textuais escritos e de demanda frequente entre os professores. Quais são eles? Fichamento, resumo e resenha de um texto lido, projeto de monografia e a monografia propriamente dita. Também iremos ver alguns gêneros solicitados em congressos científicos, como artigo e pôster. Em todos eles, vão estar em evidência as chamadas formas de citação da palavra alheia. E como já foi bastante divulgado na disciplina Introdução à Linguística, quando usamos o que foi escrito por uma outra pessoa, de modo literal, sem lhes darmos o devido crédito, estamos praticando um crime que se chama “plágio”. Vamos, portanto, tomar bastante cuidado aos nos referirmos ao que existe sobre qualquer que seja o tema enfocado na literatura existente, quer disponibilizada em meio tradicional, quer através de novas mídias interativas. Leitura e Produção de Textos Acadêmicos – Profa. Virgínia Leal Versão provisória em PDF do conteúdo da disciplina. O autor é o titular dos direitos autorais desta obra. Reprodução não autorizada. Uso estritamente pessoal. Para outra utilização, solicitar autorização prévia do titular dos direitos autorais. Voltando aos chamados gêneros acadêmicos, você sabe o que é um fichamento? Qual a diferença entre resumo e resenha? Como se faz uma monografia? Pois bem, sempre que entramos em uma nova esfera de atividade humana, deparamo-nos com textos com os quais não temos muita familiaridade. É natural, então, que o aluno de graduação não conheça bem as características dos gêneros textuais cuja produção lhe é solicitada durante o curso. Um exemplo claro é o da resenha, pois, no Ensino Médio em geral, o que se pede são fichamentos e resumos de textos lidos. Monografia, muitos professores apenas falam dela, mas efetivamente no Ensino Médio não existe a tradição de se pedir monografias para as disciplinas, menos ainda uma monografia como conclusão de curso. Você, todo dia, tem contato com os mais diversos gêneros textuais: • notícias jornalísticas; • folhetos publicitários; • receitas culinárias • lista de compras; • orações; • cartas; • bulas de remédios; • e tantos outros mais. De acordo com Marcuschi (2002, p. 22-23), os gêneros textuais (escritos e orais) são Leitura e Produção de Textos Acadêmicos – Profa. Virgínia Leal Versão provisória em PDF do conteúdo da disciplina. O autor é o titular dos direitos autorais desta obra. Reprodução não autorizada. Uso estritamente pessoal. Para outra utilização, solicitar autorização prévia do titular dos direitos autorais. textos materializados que encontramos em nossa vida diária e que apresentam características sócio-comunicativas definidas por conteúdos, propriedades funcionais, estilo e composição característica. Luiz Antonio Marcuschi (em seu artigo Gêneros textuais: definição e funcionalidade, publicado no livro Gêneros Textuais e Ensino, organizado Por Angela Dionisio, Anna Rachel Machado e Maria Auxiliadora Bezerra e editado pela Lucerna, em 2002). E o que seriam, então, os tipos textuais? Também segundo Marcuschi (2002, p. 22-23), os tipos textuais são bem menos numerosos que os gêneros – tipo narrativo, descritivo, argumentativo, expositivo e injuntivo – sendo designados por “natureza linguística de sua composição (aspectos lexicais, sintáticos, tempos verbais, relações lógicas)”. Mas, apesar da diversidade de gêneros, é fácil reconhecê-los quando estamos em contato diário com eles, e isso orienta nossas trocas comunicativas nas diversas situações sociais nas quais nos inserimos. Reforçando o que já dissemos acima: na esfera universitária também ocorre o mesmo: conhecer os gêneros acadêmicos também vai ajudá-lo(a) a produzir seus textos e a compreender mais eficientemente os textos que deverá ler. Os gêneros acadêmicos, muitas vezes, possuem o mesmo nome que gêneros de outras esferas de atividade. Mas, uma resenha sobre um filme escrita para um jornal possui características distintas de uma resenha sobre um livro escrita para uma revista científica, por exemplo. Apesar de ambas apresentarem algum tema resumidamente e de forma crítica, a primeira é mais valorativa, enquanto a Veja, na internet, exemplo de: Resenha de filme (Tropa de Elite) Disponível em: http://pt.shvoong.com/social- sciences/sociology/1710392-resenha- cr%C3%ADtica-filme-tropa-elite/ Resenha de livro (A Pragmática) Disponível em: http://rle.ucpel.tche.br/php/edicoes/v10n1/10R esenhas.pdf Leitura e Produção de Textos Acadêmicos – Profa. Virgínia Leal Versão provisória em PDF do conteúdo da disciplina. O autor é o titular dos direitos autorais desta obra. Reprodução não autorizada. Uso estritamente pessoal. Para outra utilização, solicitar autorização prévia do titular dos direitos autorais. segunda é mais analítica. Na resenha jornalística, também são mais comuns os jargões da área; já na resenha acadêmica, as citações de trechos da obra são mais recorrentes, apenas para ficar em algumas poucas diferenças. Mesmo na esfera acadêmica, os gêneros podem ser conhecidos pelo mesmo nome, apesar de possuírem algumas diferenças entre eles, como é o caso do resumo. O resumo de um livro que contém 650 páginas é mais extenso que um resumo de um artigo científico que contém 10 páginas. O primeiro condensa as principais ideias de uma obra, de um capítulo de um livro etc.; enquanto o segundo tem a característica de apresentar de forma bastante sucinta a pesquisa científica que será exposta mais detalhadamente em seguida. Veja, na internet, exemplo de: Resumo de livro (Dona Flor e seus dois maridos) Disponível em: http://www.resumosdelivros.com.br/j/jorge-amado/dona- flor-e-seus-dois-maridos/ Resumos de artigos científicos (2º Simpósio de Hipertexto e Tecnologias na Educação) Disponível em: http://www.ufpe.br/nehte/simposio2008/livro-resumos- simposio2008.pdf Em suma: como já dissemos, iremos conhecer melhor, nestadisciplina, os principais gêneros acadêmicos que farão parte de suas atividades universitárias: fichamento, resumo, resenha, projeto de pesquisa, relatório de pesquisa, artigo, pôster e monografia, apresentando modelos para cada um desses gêneros na seção 6. Também iremos abordar alguns aspectos mais formais dos gêneros acadêmicos, tais como formatação, sistemas de citação e referências, uso de tabelas, gráficos, quadros e figuras, tudo de acordo com a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Além disso, iremos dar algumas dicas de cuidados que você deve ter com a escrita acadêmica e com a escolha do tema de sua pesquisa. Leitura e Produção de Textos Acadêmicos – Profa. Virgínia Leal Versão provisória em PDF do conteúdo da disciplina. O autor é o titular dos direitos autorais desta obra. Reprodução não autorizada. Uso estritamente pessoal. Para outra utilização, solicitar autorização prévia do titular dos direitos autorais. Esperamos que você possa, ao final do período letivo, ter mais familiaridade com os gêneros acadêmicos, facilitando sua leitura e produção textual durante o curso de graduação em Letras. ATIVIDADE 1 Faça uma relação dos textos produzidos/lidos por você ao longo de um dia e tente classificá-los em tipos e em gêneros. Apresente essa lista no Fórum “Tipos e Gêneros - Lista”. 2. Os principais gêneros acadêmicos Agora que você já sabe quais são os gêneros textuais mais recorrentes em um curso de graduação em Letras (e de Ciências Humanas em geral) - fichamento, resumo, resenha, projeto de pesquisa, relatório de pesquisa, artigo, pôster e monografia, conheça a definição desses e de outros gêneros acadêmicos/científicos na tabela abaixo (algumas são dadas pela ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas – NBR 14724:2005): GÊNERO DEFINIÇÃO Artigo Texto que apresenta os resultados de uma pesquisa ou estudo, destinado a ser publicado em periódicos, revistas científicas ou anais de eventos. Dissertação Documento que representa o resultado de um trabalho experimental ou exposição de um estudo científico retrospectivo, de tema único e bem delimitado em sua extensão, com o objetivo de reunir, analisar e interpretar informações. Deve evidenciar o conhecimento da literatura existente sobre o assunto e a capacidade de sistematização do candidato. É feito sob a coordenação de um orientador (doutor), visando a obtenção do título de mestre. Leitura e Produção de Textos Acadêmicos – Profa. Virgínia Leal Versão provisória em PDF do conteúdo da disciplina. O autor é o titular dos direitos autorais desta obra. Reprodução não autorizada. Uso estritamente pessoal. Para outra utilização, solicitar autorização prévia do titular dos direitos autorais. Ensaio Texto que expõe as ideias do autor sobre determinado tema teórico. É menos formal que o artigo e não está baseado em pesquisa empírica. Fichamento Texto que serve para facilitar a localização de estudos realizados sem que o aluno precise voltar ao texto original, podendo conter citações diretas, indiretas, comentários pessoais e referências a outros estudos. Monografia Documento que representa o resultado de estudo, devendo expressar conhecimento do assunto escolhido, que deve ser obrigatoriamente emanado da disciplina, módulo, estudo independente, curso, programa e outros ministrados. Deve ser feito sob a coordenação de um orientador. Projeto de pesquisa Documento que descreve os planos, fases e procedimentos de um processo de investigação científica a ser realizado. Relatório de pesquisa Documento que relata formalmente os resultados ou progressos obtidos em investigação de pesquisa e desenvolvimento ou que descreve a situação de uma questão técnica ou científica. Resenha Texto que apresenta um tema ou um livro de forma sintética e com avaliação crítica. É uma espécie de resumo crítico. Resumo Texto que apresenta as ideias gerais de um tema ou de uma obra, ou de parte destas. Difere-se da resenha, por não trazer críticas e avaliações sobre o assunto resumido. Os resumos de artigos, monografias etc. apresentam de forma bastante concisa o trabalho que será exposto integralmente em seguida. Pôster Texto exposto em banners, que ficam fixados em eventos científicos, apresentando as ideias centrais de uma pesquisa. Tese Documento que representa o resultado de um trabalho experimental ou exposição de um estudo científico de tema único e bem delimitado. Deve ser elaborado com base em investigação original, constituindo-se em real contribuição para a especialidade em questão. É feito sob a coordenação de um orientador (doutor) e visa a obtenção do título de doutor ou similar. Leitura e Produção de Textos Acadêmicos – Profa. Virgínia Leal Versão provisória em PDF do conteúdo da disciplina. O autor é o titular dos direitos autorais desta obra. Reprodução não autorizada. Uso estritamente pessoal. Para outra utilização, solicitar autorização prévia do titular dos direitos autorais. 3. Redação dos gêneros acadêmicos Os gêneros acadêmicos são caracterizados por uma linguagem mais formal, em que o cuidado com a norma culta se faz necessário. Muitas vezes, o autor de um trabalho acadêmico importante (uma tese) prefere até contratar um revisor para evitar que o texto seja publicado com “erros”. Outras vezes, o texto não apresenta “erros”, mas tem um estilo que dificulta a clareza das ideias. Eis a razão pela qual, desde a disciplina Introdução à Linguística, falamos da importância do uso da norma culta. Você deve ter notado que todo esse material instrucional, inclusive por força de lei, já está adaptado às novas normas ortográficas. As palavras linguística, frequente e outras mais, estão aparecendo sem trema, assim como a palavra ideia não está mais sendo grafada com acento... Existe um texto bastante divulgado na internet – cuja autoria ora é dada como desconhecida, ora ao prof. João Pedro, da UNICAMP – que traz, de forma bem- humorada, algumas dicas de como escrever (ou de como não escrever) seus trabalhos. É claro que você poderá não seguir à risca essas dicas, pois você tem seu próprio estilo e, em certos casos, é necessário infringir as regras para conseguir dizer o que queremos. Mas, esteja bem consciente e seguro na hora de ousar. Leitura e Produção de Textos Acadêmicos – Profa. Virgínia Leal Versão provisória em PDF do conteúdo da disciplina. O autor é o titular dos direitos autorais desta obra. Reprodução não autorizada. Uso estritamente pessoal. Para outra utilização, solicitar autorização prévia do titular dos direitos autorais. A versão que apresentamos aqui foi extraída da página da web http://falabonito.wordpress.com/2006/09/29/ (porém existem dezenas de outras na internet – algumas com menos dicas, algumas com outros exemplos, algumas com outra ordem). Polêmicas à parte, eis o texto: 1. Deve evitar ao máx. a utiliz. de abrev., etc. 2. É desnecessário fazer-se empregar de um estilo de escrita demasiadamente rebuscado. Tal prática advém de esmero excessivo que raia o exibicionismo narcisístico. 3. Anule aliterações altamente abusivas. 4. não esqueça as maiúsculas no início das frases. 5. Evite lugares-comuns como o diabo foge da cruz. 6. O uso de parêntesis (mesmo quando for relevante) é desnecessário. 7. Estrangeirismos estão out; palavras de origem portuguesa estão in. 8. Evite o emprego de gíria, mesmo que pareça nice, sacou??… então valeu! 9. Palavrasde baixo calão podem transformar o seu texto numa m… 10. Nunca generalize: generalizar é um erro em todas as situações. 11. Evite repetir a mesma palavra, pois essa palavra vai ficar uma palavra repetitiva. A repetição da palavra vai fazer com que a palavra repetida desqualifique o texto onde a palavra se encontra repetida. 12. Não abuse das citações. Como costuma dizer um amigo meu: “Quem cita os outros não tem ideias próprias”. Leitura e Produção de Textos Acadêmicos – Profa. Virgínia Leal Versão provisória em PDF do conteúdo da disciplina. O autor é o titular dos direitos autorais desta obra. Reprodução não autorizada. Uso estritamente pessoal. Para outra utilização, solicitar autorização prévia do titular dos direitos autorais. 13. Frases incompletas podem causar 14. Não seja redundante, não é preciso dizer a mesma coisa de formas diferentes; isto é, basta mencionar cada argumento uma só vez, ou por outras palavras, não repita a mesma ideia várias vezes. 15. Seja mais ou menos específico. 16. Frases com apenas uma palavra? Jamais! 17. A voz passiva deve ser evitada. 18. Utilize a pontuação corretamente o ponto e a vírgula, pois a frase poderá ficar sem sentido especialmente será que ninguém mais sabe utilizar o ponto de interrogação 19. Quem precisa de perguntas retóricas? 20. Conforme recomenda a A.G.O.P., nunca use siglas desconhecidas. 21. Exagerar é cem milhões de vezes pior do que a moderação. 22. Evite mesóclises. Repita comigo: “mesóclises: evitá-las-ei!” 23. Analogias na escrita são tão úteis quanto chifres numa galinha. 24. Não abuse das exclamações! Nunca!!! O seu texto fica horrível!!!!! 25. Evite frases exageradamente longas, pois estas dificultam a compreensão da ideia nelas contida e, por conterem mais que uma ideia central, o que nem sempre torna o seu conteúdo acessível, forçam, desta forma, o pobre leitor a separá-la nos seus diversos componentes de forma a torná-las compreensíveis, o que não deveria ser, afinal de contas, parte do processo da leitura, hábito que devemos estimular através do uso de frases mais curtas. 26. Cuidado com a hortografia, para não estrupar a língúa portuguêza. 27. Seja incisivo e coerente, ou não. Leitura e Produção de Textos Acadêmicos – Profa. Virgínia Leal Versão provisória em PDF do conteúdo da disciplina. O autor é o titular dos direitos autorais desta obra. Reprodução não autorizada. Uso estritamente pessoal. Para outra utilização, solicitar autorização prévia do titular dos direitos autorais. 28. Não fique escrevendo (nem falando) no gerúndio. Você vai estar deixando seu texto pobre e estar causando ambiguidade, com certeza você vai estar deixando o conteúdo esquisito, vai estar ficando com a sensação de que as coisas ainda estão acontecendo. E como você vai estar lendo este texto, tenho certeza que você vai estar prestando atenção e vai estar repassando aos seus amigos, que vão estar entendendo e vão estar pensando em não estar falando desta maneira irritante. 29. Outra barbaridade que tu deves evitar, tchê, é usar muitas expressões que acabem por denunciar a região onde tu moras... nada de mandar esse trem… vixi... entendeu bichinho? 30. Não permita que seu texto acabe por rimar, porque senão ninguém irá aguentar já que é insuportável o mesmo final escutar, o tempo todo sem parar. Além dessas dicas bem-humoradas, podemos acrescentar algumas outras: • Evitar parágrafos muito extensos, pois a clareza das ideias pode ficar comprometida. • Evitar parágrafos soltos, sem coesão e coerência, que deixam o texto sem “cadência”. • Evitar adjetivações desnecessárias. Adjetivar é valorar, classificar: o que pode ser um risco. • Evitar palavras estrangeiras e neologismos quando já houver termos equivalentes em português. • Evitar citações longas e em outros idiomas (neste último caso, o trecho original deve vir em nota de rodapé). • Evitar termos e expressões que denotem “chute teórico”, como, por exemplo, “diversos fatores contribuem para...” (que fatores?), “para certa corrente do pensamento...” (que corrente?), “há autores que defendem...” (que autores?) etc. Leitura e Produção de Textos Acadêmicos – Profa. Virgínia Leal Versão provisória em PDF do conteúdo da disciplina. O autor é o titular dos direitos autorais desta obra. Reprodução não autorizada. Uso estritamente pessoal. Para outra utilização, solicitar autorização prévia do titular dos direitos autorais. ATIVIDADE 2 Discuta com seus colegas essas “30 dicas para escrever bem” (do texto atribuído ao prof. João Pedro). Você pode iniciar a discussão a partir, por exemplo, desses questionamentos: Quais as dicas de que você mais gostou? Quais as mais interessantes? E mais óbvias? Analisando essas dicas e fazendo uma autoavaliação da sua própria escrita, qual o “erro” que você mais comete em seus textos? E quais as dicas que você acha que já segue? Poste sua mensagem no Fórum “30 dicas para escrever bem”. Não se esqueça de justificar suas respostas e de interagir com seus colegas. 4. A escolha do tema para pesquisa Definir o assunto a ser objeto do trabalho acadêmico (TA) é sempre um momento complexo, pois não se trata apenas de exploração dos conhecimentos acumulados, envolve também afastar dos estudos infinitas possibilidades práticas e decidir por apenas uma delas. Diante das infinitas opções, qual escolher? Essa pergunta é feita tanto por um catedrático experiente, quanto por um estudante de graduação, uma vez que envolve uma resposta complexa. Antes de mais nada, um fator a considerar é o tempo disponível para a realização do trabalho, já que há sempre o estabelecimento de um prazo para a entrega do trabalho acadêmico. Para a escolha do tema, há algumas dicas técnicas: Leitura e Produção de Textos Acadêmicos – Profa. Virgínia Leal Versão provisória em PDF do conteúdo da disciplina. O autor é o titular dos direitos autorais desta obra. Reprodução não autorizada. Uso estritamente pessoal. Para outra utilização, solicitar autorização prévia do titular dos direitos autorais. 1) A primeira delas é desmistificar a questão da neutralidade do pesquisador. Não tem quem suporte escrever sobre um tema com o qual não tem afinidade, prazer, alegria. Não cabe transformar o trabalho acadêmico numa atividade formal, burocrática, como uma obrigatoriedade acadêmica a mais a ser cumprida por nós. Para isso, uma sugestão é transformar essa atividade em um prazer, principalmente por ela ser, talvez, a única atividade acadêmica na qual o aluno tem plena liberdade para pensar, criar e desenvolver ideias próprias. Quem geralmente escolhe o tema é você, aluno. Um professor pode impor-lhe um tema, mas as relações pedagógicas contemporâneas “apostam” no diálogo, na negociação entre as partes. Por tudo isso, afirmamos que a atividade de confecção de uma monografia de final de curso é fundamental para estimular o aluno a trabalhar a necessária organização mental, requisito fundamental para um bom desempenho profissional. Escolher o tema, recortá-lo e desenvolvê-lo é um ótimo exercício para desenvolver a organização mental como habilidade profissional. 2) Outra dica: evite se colocar em situações difíceis. Por exemplo, monografia de final de curso não é trabalho acadêmico que pede a produção de uma tese, uma nova abordagem sobre determinado tema. Isso só se exige em um doutorado. Não por isso a monografia deve ser a mera reprodução de ideias alheias. Cabe ao autor da monografiaenfrentar o tema escolhido dialogando com os autores pesquisados, e não apenas reproduzindo as ideias lidas como se fossem argumentos de autoridade. 3) Não cabe confundir título da pesquisa com tema. O título pode ser mudado até no dia do depósito final do TA. O tema é o conteúdo, a essência, o assunto, a forma como foi trabalhado, os questionamentos enfrentados, o marco teórico explorado e a metodologia utilizada. Leitura e Produção de Textos Acadêmicos – Profa. Virgínia Leal Versão provisória em PDF do conteúdo da disciplina. O autor é o titular dos direitos autorais desta obra. Reprodução não autorizada. Uso estritamente pessoal. Para outra utilização, solicitar autorização prévia do titular dos direitos autorais. 4) Para a escolha do tema, o aluno deve identificar elementos de motivação, de atração pelo tema. Trata-se da indispensável: ascese erótica, disponibilidade cognitiva para com o tema. Procure identificar um debate, uma discussão, uma aula, uma leitura, uma história, qualquer situação que atraia sua atenção de forma diferenciada, peculiar, que lhe desperte a curiosidade a ponto de você querer estudar para aclarar sua mente quanto ao tema. Já para a delimitação do tema, há as seguintes técnicas: 1) Delimitação devido ao autor - exemplo: Análise de Discurso segundo Dominique Maingueneau; delimitação devido ao tempo (época) - exemplo: discursos políticos da época da ditadura, de 1964-1986; delimitação devido ao espaço (lugar) - exemplo: discursos políticos da ditadura brasileira em Pernambuco; delimitação pela teoria - exemplo: dialogismo e a Filosofia da Linguagem (obs.: essas hipóteses não são excludentes; podemos mesclá-las). 2) Também auxilia o processo de delimitação do tema, a elaboração de questionamentos, ou seja, de problematizações sobre o tema escolhido. Todo tema contém vários questionamentos a serem enfrentados. É a famosa pergunta que fazemos sobre a realidade e para a qual a realização da pesquisa busca uma resposta. Se essa resposta é dada antecipadamente, estamos diante da formulação de uma hipótese. 3) Identificar as fontes de informações, ou seja, como você pretende trabalhar o tema também auxilia na delimitação deste. No momento da escolha do tema, portanto, cabem as seguintes indagações: vou partir de um caso concreto para elaborar reflexões sobre o tema? Ou vou partir de estudos teóricos para analisar uma situação concreta? Leitura e Produção de Textos Acadêmicos – Profa. Virgínia Leal Versão provisória em PDF do conteúdo da disciplina. O autor é o titular dos direitos autorais desta obra. Reprodução não autorizada. Uso estritamente pessoal. Para outra utilização, solicitar autorização prévia do titular dos direitos autorais. Há ainda que se pensar sobre que técnicas e instrumentos de pesquisa serão utilizados para a obtenção dos dados a serem analisados: pesquisa bibliográfica; pesquisa documental; entrevista; questionários, observação. Um recurso que auxilia tanto a escolha quanto a delimitação do tema é a elaboração de um roteiro de desenvolvimento. Trata-se de organizar um sumário, projetar o caminho lógico a ser desenvolvido no TA. Esse roteiro será o que você acha suficiente para seu leitor compreender e acompanhar a sequencia de informações até a conclusão do TA. 5. Aspectos formais e normativos: formatação, citações e referências bibliográficas A ABNT, Associação Brasileira de Normas Técnicas, elaborou normas para apresentação de trabalhos acadêmicos que são utilizadas pela maioria das universidades brasileiras e das publicações científicas realizadas em nosso país. Essas normas estão: na NBR 14724:2005, que padroniza a formatação e estrutura de monografias (e demais trabalhos de conclusão de curso), dissertações e teses; na NBR 10520:2002, que indica como fazer citações em documentos; e na NBR 6023:2002, que normatiza a elaboração de referências bibliográficas. Alguns eventos acadêmicos, periódicos e revistas científicas, contudo, podem sugerir outras normas para publicação dos trabalhos, assim como outras Leitura e Produção de Textos Acadêmicos – Profa. Virgínia Leal Versão provisória em PDF do conteúdo da disciplina. O autor é o titular dos direitos autorais desta obra. Reprodução não autorizada. Uso estritamente pessoal. Para outra utilização, solicitar autorização prévia do titular dos direitos autorais. universidades também podem adotar padrões normativos para os trabalhos de conclusão de curso diferentes dos preconizados pela ABNT. O importante é consultar previamente essas normas para elaborar seu trabalho adequadamente. A seguir, vamos tratar das normas da ABNT para formatação de trabalhos acadêmicos e, nas próximas seções, também das normas de citação e referência. 5.1 Formatação Papel Formato – A4; Cor – branco. Fonte Tamanho – 12 para o texto e 10 para citações com mais de três linhas, notas de rodapé e outros; Cor da fonte – preta; Tipo da fonte – a norma da ABNT não estabelece o tipo da fonte, porém a mais usual é a Times New Roman (o tipo Arial também vem sendo aceito). Margens Esquerda e Superior – 3 cm; Direita e Inferior – 2 cm. Obs.: As citações com mais de 3 linhas devem estar recuadas em 4 cm da margem esquerda. Espacejamento (espaço de entre linhas) Texto – espaço 1,5 cm; Citações com mais de 3 linhas, rodapé etc. – espaço simples; Títulos – dois espaços duplos; Referências ao final do trabalho – espaço simples e entre si, duplo. Alinhamento Títulos com indicativos numéricos – alinhamento à esquerda; Títulos sem indicativos numéricos – alinhamento centralizado; Corpo do texto – alinhamento justificado. Leitura e Produção de Textos Acadêmicos – Profa. Virgínia Leal Versão provisória em PDF do conteúdo da disciplina. O autor é o titular dos direitos autorais desta obra. Reprodução não autorizada. Uso estritamente pessoal. Para outra utilização, solicitar autorização prévia do titular dos direitos autorais. Numeração das Páginas Conta-se a partir da folha de rosto, mas numera-se com algarismos arábicos apenas a partir da primeira folha da introdução. Obs.: A numeração deve estar localizada na margem superior direita, a 2 cm da superior e a 2 cm da direita 5.2 Tipos e normalização de citações Citações são referências a textos de outros autores, podendo ser do tipo direta ou indireta. Quando utilizadas sem exageros, servem para sustentar o que estamos argumentando ou para ilustrar nosso pensamento, enriquecendo o texto. É uma “autoridade teórica”. Porém, o abuso das citações tem efeito contrário: tornam o texto “pobre”, pois devemos ser capazes de elaborar nosso próprio texto e exprimir nossas próprias ideias. • Citações indiretas São paráfrases do texto original. O pensamento do autor do texto fonte é expresso com as nossas próprias palavras. Devemos, contudo, sempre indicar o sobrenome do autor e o ano da obra; já a página onde se encontra a referência pode ser, ou não, indicada. Exemplos: Segundo Weedwood (2002, p. 7), é necessário retomar desde os gregos e romanos até Bakhtin para saber o que é a linguística. Obs: O sobrenome do autor é escrito em caixa baixa, pois integra o texto, ou seja, está fora dos parênteses. A data da obra e a página vêm logo em seguida ao sobrenome, entre parênteses, lembrando que a referência da página é elemento facultativo. Leiturae Produção de Textos Acadêmicos – Profa. Virgínia Leal Versão provisória em PDF do conteúdo da disciplina. O autor é o titular dos direitos autorais desta obra. Reprodução não autorizada. Uso estritamente pessoal. Para outra utilização, solicitar autorização prévia do titular dos direitos autorais. Para saber o que é a linguística, deve-se voltar aos gregos e romanos até chegar a Bakhtin (WEEDWOOD, 2002). Obs: O sobrenome do autor do texto citado é escrito em caixa alta, pois está dentro dos parênteses (que apresenta também a data da referida obra). A referência vem apenas após a citação. Como a numeração da página é facultativa, esta não foi colocada. • Citações diretas São as citações que transcrevem ipsis literis as palavras do autor. Se a citação tiver até três linhas, deve vir entre aspas, seguindo a mesma formatação do texto onde está inserida. Se a citação ultrapassar três linhas, deve-se recuá-la 4 cm, diminuir a fonte para tamanho 10 e utilizar o espacejamento simples. Não devem ser usadas aspas, nem itálico (a não ser que estejam no texto original). Em ambos os casos, a indicação da página é obrigatória. Exemplos: De acordo com Weedwood (2002, p. 7), “para transmitir noções bem fundadas do que seja a linguística, é preciso refazer um percurso mais longo e completo, desde os gramáticos gregos e romanos até Bakhtin”. Obs: A citação tem até 3 linhas, então vem entre aspas e no corpo do texto. Como o nome do autor está no corpo do texto (em caixa baixa), apenas a data e a página do trecho referido vêm entre parênteses. Além dos efeitos da linguística sobre outras disciplinas, a crescente produção linguística e sua fecunda influência sobre o ensino de língua no Brasil não podem ser subestimadas, assim como não se podem ignorar os desafios que se apresentam a pesquisadores e professores que encaram a língua(gem) como atividade psicossocial, cuja nota dominante e inerente é a transformação (WEEDWOOD, 2002, p. 7). Obs.: A citação tem mais que 3 linhas, então está recuada, sem aspas, com fonte em tamanho 10 e espacejamento simples. Como o nome do autor não está no corpo do texto, deve aparecer entre parênteses, em caixa alta, junto à data e à indicação da página referida, após a citação. Leitura e Produção de Textos Acadêmicos – Profa. Virgínia Leal Versão provisória em PDF do conteúdo da disciplina. O autor é o titular dos direitos autorais desta obra. Reprodução não autorizada. Uso estritamente pessoal. Para outra utilização, solicitar autorização prévia do titular dos direitos autorais. Importante 1) Apresentamos aqui o sistema autor-data de indicação das fontes bibliográficas. Existe também o sistema numérico (em que as fontes são numeradas em ordem crescente e em algarismos arábicos no próprio texto, sendo indicadas de forma completa em notas de rodapé ou ao final do texto). Ex.: Segundo Faraco, “a linguística é a ciência que tem como objeto a linguagem verbal ou as línguas naturais1.” Obs.: consulte a próxima seção para saber como colocar a referência bibliográfica completa no rodapé ou ao final do texto. 2) Nas citações diretas ou indiretas a uma mesma obra escrita por mais de um autor, se os sobrenomes dos autores estiverem fora dos parênteses, deve-se colocar o conetivo “e” entre eles. Mas se os sobrenomes dos autores estiverem dentro dos parênteses, deve-se separá-los com ponto-e-vírgula. Ex.: Charaudeau e Maingueneau (2004) afirmam que a análise do discurso foi mais desenvolvida na França. Ex.: “A França foi um dos maiores centros de desenvolvimento da análise do discurso” (CHARAUDEAU; MAINGUENEAU, 2004, p. 13). 3) Nas citações indiretas, se um mesmo tema foi abordado por vários autores, o sobrenome e a data de cada uma das obras ficam separados com ponto-e-vírgula. Ex.: A pragmática vem sendo retomada e revista no início do século XXI sob uma perspectiva mais otimista (LEVINSON, 2007; ARMENGAUD, 2006; MARCONDES, 2005; OLIVEIRA, 2001). 4) Não se esqueça de colocar reticências entre colchetes nos trechos suprimidos do texto original transcrito. Ex.: A linguística [...] floresceu a partir de 1950. 5) Caso haja erros de grafia ou de gramática, deixe o texto como está no original e coloque a expressão “sic” entre parênteses. Ex.: Esse é o trajeto aqui oferecido, para que os leitores possa (sic) fazer ideia exata do motivo [...]. 6) Se você está transcrevendo uma citação de um autor que está no texto de um segundo autor, utilize a expressão “citado por” ou “apud” (esta deve vir em itálico porque está em Leitura e Produção de Textos Acadêmicos – Profa. Virgínia Leal Versão provisória em PDF do conteúdo da disciplina. O autor é o titular dos direitos autorais desta obra. Reprodução não autorizada. Uso estritamente pessoal. Para outra utilização, solicitar autorização prévia do titular dos direitos autorais. latim). Ex.: “Nenhuma enunciação verbalizada pode ser atribuída exclusivamente a quem a enunciou” (BAKHTIN apud WEEDWOOD, 2002, p. 153). Obs.: Evite, contudo, usar esse tipo de citação, preferindo citar diretamente o autor original. 7) O mais importante é que haja uma uniformidade, um padrão estético/normativo no seu trabalho. Por exemplo, se você optou por não colocar a referência de página nas citações indiretas, mantenha esta escolha durante todo o texto. 5.3 Normalização de referências bibliográficas Nas referências bibliográficas, deve constar toda publicação que foi indicada durante o trabalho. Você deve ficar bem atento principalmente à pontuação, ao uso de letras maiúsculas, ao uso do negrito e a sequencia dos dados – autor, título, subtítulo, local, editora e data são informações imprescindíveis. Abaixo, disponibilizamos alguns exemplos de referências: livro de um único autor WEEDWOOD, B. História concisa da Linguística. São Paulo: Parábola, 2002. livro de 2 ou 3 autores CHARAUDEAU, P.; MAINGUENEAU, D. Dicionário de Análise do Discurso. São Paulo: Contexto, 2004. livro de 4 autores ou mais WODAK, R. et al. The discursive construction of national identity. Edimburgo: Edinburgh UP, 1999. dissertação não publicada SOARES, I. F. O Professor e o texto - Desencontros e esperanças: um olhar sobre o fazer pedagógico de professores de Português do ensino médio e suas concepções de linguagem. Recife: UFPE, 2006. Dissertação (Mestrado em Letras e Leitura e Produção de Textos Acadêmicos – Profa. Virgínia Leal Versão provisória em PDF do conteúdo da disciplina. O autor é o titular dos direitos autorais desta obra. Reprodução não autorizada. Uso estritamente pessoal. Para outra utilização, solicitar autorização prévia do titular dos direitos autorais. Linguística). capítulo de livro MARCUSCHI, L. A. Gêneros textuais: definição e funcionalidade. In: DIONISIO, A.P.; BEZERRA; M. A.; MACHADO, A. R. (Orgs.). Gêneros textuais & ensino. Rio de Janeiro: Lucerna, 2002, p. 19-36. artigo em periódico LAUERBACH, G.; AIJMER, K. Argumentation in dialogic media genres: talk shows and interviews. Journal of Pragmatics, Amsterdam, v.3, n.8, p. 1333-1341, ago. 2007. artigo em anais de congressos ROJO, R. Interação em sala de aula e gêneros escolares do discurso: um enfoque enunciativo. In: CONGRESSO NACIONAL DA ABRALIN, 2., 1999, Florianópolis. Anais... Florianópolis: UFSC, 2000. p. 75. artigo em jornal HABERMAS, J. Nação ferida ou sociedade em aprendizado. Folha de São Paulo, São Paulo, 29 jul. 1989. artigo em periódico eletrônico SALGADO,M. G. Trabalhos de face em interações profissionais. Linguagem em (Dis)curso, Tubarão, v.7, n.1, p. 9-26, jan./abr. 2007. Disponível em: <http://www.unisul.br/site/linguagem/0701/3%20art%201%20(salgado).pdf>. Acesso em 20 jul. 2007. artigo em internet SILVA, J. P. A inexistência da flexão de gênero nos substantivos da língua portuguesa. Disponível em: <http://www.filologia.org.br/pub_outras/sliit01/sliit01_09-28.html>. Acesso em: 20 jul. 2007. documento em CD-ROM ALMANAQUE Abril: sua fonte de pesquisa. São Paulo: Abril, 1998. 1 CD-ROM. filme longa metragem em DVD O CARTEIRO e o poeta. Direção: Michael Radford. Produção: Mário Cecchi Gori. Intépretes: Massimo Troisi; Mario Ruoppolo; Maria Grazia Cucinotta. Roteiro: Anna Paviganano. Música: Luis Enriquez Bacalov. Itália: Miramax Films, 1994. 1 DVD (109min), widescreen, color. Produzidor por Blue Dahlia Productions. Baseado em livros de Antonio Skarmeta. fotografia em papel SALGADO, S. Trabalhadores. 1971. 28 fotografias, color. 17,5 cm x 13 cm. Leitura e Produção de Textos Acadêmicos – Profa. Virgínia Leal Versão provisória em PDF do conteúdo da disciplina. O autor é o titular dos direitos autorais desta obra. Reprodução não autorizada. Uso estritamente pessoal. Para outra utilização, solicitar autorização prévia do titular dos direitos autorais. Importante 1) A lista de referências bibliográficas é organizada pelos sobrenomes dos autores em ordem alfabética. Obs.: A abreviatura dos primeiros nomes é facultativa quando não há autores homônimos. 2) Quando houver mais de uma obra de um mesmo autor, pode-se substituir o nome do autor por ______ (6 espaços sublinhados). Ex.: BAKHTIN, M. Marxismo e Filosofia da Linguagem. São Paulo: Hucitec, 2004. ______. Estética da Criação Verbal. São Paulo: Martins Fontes, 1984. 3) Quando houver duas obras de um mesmo autor datadas do mesmo ano, diferenciar as obras acrescentando letra minúscula, por ordem alfabética, ao ano de publicação. Ex: CHARAUDEAU, P. Discurso das mídias. São Paulo: Contexto, 2006a. ______. Discurso político. São Paulo: Contexto, 2006b. ATIVIDADE 3 Apresente uma citação direta e uma citação indireta de um trecho de qualquer texto acadêmico/científico de sua escolha na área de Letras (esse texto pode estar em livro impresso, em artigo de internet, em cd-rom etc.). Utilize o sistema autor-data de indicação das referências bibliográficas (estas devem ser apresentadas também de forma completa ao final de sua mensagem). Caso o texto que você escolheu não esteja inserido nessas categorias apresentadas por nós, pesquise como fazer sua indicação bibliográfica na internet. Insira sua resposta no Fórum “Citações e referências bibliográficas”. Leitura e Produção de Textos Acadêmicos – Profa. Virgínia Leal Versão provisória em PDF do conteúdo da disciplina. O autor é o titular dos direitos autorais desta obra. Reprodução não autorizada. Uso estritamente pessoal. Para outra utilização, solicitar autorização prévia do titular dos direitos autorais. 6. Conhecendo melhor alguns gêneros acadêmicos Nesta seção, iremos focalizar os gêneros acadêmicos com os quais você terá mais contato durante seu curso de graduação: fichamento, resumo, resenha, artigo, pôster, projeto de pesquisa, relatório de pesquisa e monografia. Apresentaremos suas principais características, finalidades, componentes curriculares etc., conforme a ABNT (NBR 10520:2002, NBR 6023:2002, NBR 6022:2003, NBR 6028:2003 e NBR 14724:2005). Também disponibilizaremos exemplos desses gêneros acadêmicos (alguns são arquivos cedidos gentilmente por Morgana Soares, Simone Reis, Siane Góis, Joseane Brito, Jaciara Gomes, Carolina Pires e Alice Melo - e sua orientadora Cristina Teixeira; já outros são links para exemplos encontrados na internet). 6.1 Fichamento, Resumo e Resenha Esses gêneros têm em comum a característica de condensar as principais ideias de um texto, de uma obra, de uma teoria. Mas cada um tem suas especificidades de propósitos comunicativos, de componentes estruturais etc. Vamos conhecer melhor cada um deles? Leitura e Produção de Textos Acadêmicos – Profa. Virgínia Leal Versão provisória em PDF do conteúdo da disciplina. O autor é o titular dos direitos autorais desta obra. Reprodução não autorizada. Uso estritamente pessoal. Para outra utilização, solicitar autorização prévia do titular dos direitos autorais. 6.1.1 Fichamento Para que você localize seus estudos realizados, sem precisar voltar ao texto original, o gênero mais adequado é o fichamento, também conhecido como ficha de leitura. O fichamento deve conter indicação bibliográfica, citações diretas, indiretas, comentários pessoais e referências a outros estudos. O texto pode ser estruturado em tópicos, mas não se esqueça de sempre localizar a página do texto original na qual se encontra a informação retirada. Componentes de um fichamento a) Indicação da bibliografia – conforme as normas da ABNT (confira seção 5.3) b) Resumo – com as principais ideias da obra. c) Citações – diretas ou indiretas, conforme indica a ABNT (confira seção 5.2) d) Comentários e referências a outros estudos – com sua avaliação e crítica sobre o texto e com ideias novas que surgiram com a leitura (opcional). Exemplo de fichamento Consulte a versão online da nossa disciplina (www.ufpe.br/cead/moodle). ATIVIDADE 4 Leia o texto A redação científica, do professor Rhycardo Monteiro http://www2.unemat.br/rhycardo/download/redacao_cientifica.pdf. Leitura e Produção de Textos Acadêmicos – Profa. Virgínia Leal Versão provisória em PDF do conteúdo da disciplina. O autor é o titular dos direitos autorais desta obra. Reprodução não autorizada. Uso estritamente pessoal. Para outra utilização, solicitar autorização prévia do titular dos direitos autorais. Em seguida, faça um FICHAMENTO desse texto, atentando para os aspectos formais e normativos que estamos estudando. Anexe o arquivo com seu texto na Base de Dados “Fichamento”. 6.1.2 Resumo É o gênero que traz uma apresentação concisa sobre um tema ou um texto. Após a leitura da obra a ser resumida, você deve elaborar um texto breve, com suas próprias palavras, onde ideias secundárias e detalhes são suprimidos para enfatizar a ideia essencial da obra (seja sua própria pesquisa ou um livro de outro autor). O resumo deve ser bem estruturado logicamente para que se torne compreensível. Podemos distinguir dois tipos de resumos: aqueles que apresentam os trabalhos de conclusão de curso (TCC) ou que são elaborados para apreciação da pesquisa em congressos, por exemplo, e o acadêmico. Alguns autores, contudo, fazem outras distinções, como resumo indicativo, resumo informativo, resumo indicativo/informativo, resumo expandido, resumo técnico etc. Nos resumos que fazem parte das monografias, dissertações e teses ou que são elaborados para um evento ou publicação científica, você deve fazer uma apresentação panorâmica da pesquisa, indicando o tema, a afiliação teórica, os objetivos, a metodologia e se quiser, ou for necessário, os resultados da pesquisa. Lembre-se, contudo, de que o texto deve ser bastante conciso. Para a monografia, por exemplo, a ABNT sugere que o resumo contenha, no máximo, até 250 palavras. Leitura e Produção de Textos Acadêmicos – Profa. Virgínia LealVersão provisória em PDF do conteúdo da disciplina. O autor é o titular dos direitos autorais desta obra. Reprodução não autorizada. Uso estritamente pessoal. Para outra utilização, solicitar autorização prévia do titular dos direitos autorais. Exemplo de resumo de TCC Consulte a versão online da nossa disciplina (www.ufpe.br/cead/moodle). Exemplo de resumo para eventos acadêmicos/científicos Consulte a versão online da nossa disciplina (www.ufpe.br/cead/moodle). Já a extensão dos resumos acadêmicos é determinada por seu professor e/ou por sua capacidade de síntese. Esse tipo de resumo (onde você deve apenas apresentar as principais ideias de uma obra ou assunto) é um exercício didático, solicitado nos cursos de graduação e pós-graduação como forma de acompanhar o aprendizado do aluno e para aperfeiçoar a sua habilidade em condensar um determinado tema. Exemplo de resumo acadêmico Consulte a versão online da nossa disciplina (www.ufpe.br/cead/moodle). 6.1.3 Resenha A resenha é uma espécie de resumo crítico. Você, ao elaborar uma resenha, deve resumir a obra, mas também expor sua posição crítica com relação a esta. Esse gênero era caracterizado por ser publicado em revistas científicas, porém, atualmente, também serve como exercício didático, a exemplo do resumo acadêmico. Leitura e Produção de Textos Acadêmicos – Profa. Virgínia Leal Versão provisória em PDF do conteúdo da disciplina. O autor é o titular dos direitos autorais desta obra. Reprodução não autorizada. Uso estritamente pessoal. Para outra utilização, solicitar autorização prévia do titular dos direitos autorais. É importante ressaltar que na resenha, além de você trazer o tema abordado na obra e a forma como o autor trabalha este tema (destacando seus pontos mais relevantes), é necessário que, ao final, você analise criticamente a obra, fazendo uma avaliação sobre sua importância teórica, sobre sua relação com outras obras, sobre seus alcances e deficiências ao tratar o tema. Exemplo de resenha Consulte a versão online da nossa disciplina (www.ufpe.br/cead/moodle). ATIVIDADE 5 Leia o artigo A internet vai acabar com a língua portuguesa?, de José Luiz Fiorin -http://www.letras.ufmg.br/arquivos/matte/ievidosol/Fiorin.pdf. Em seguida, faça um RESUMO desse texto, atentando para os aspectos formais e normativos que estamos estudando na disciplina. Anexe o arquivo com seu texto na Base de Dados “Resumo”. ATIVIDADE 6 Leia o texto O plágio na comunidade científica: questões culturais e linguísticas, de Sonia M. R. Vasconcelos - http://cienciaecultura.bvs.br/pdf/cic/v59n3/a02v59n3.pdf. Em seguida, faça uma RESENHA desse texto, atentando para os aspectos formais e normativos que estamos estudando na disciplina. Anexe o arquivo com seu texto na Base de Dados “Resenha”. Leitura e Produção de Textos Acadêmicos – Profa. Virgínia Leal Versão provisória em PDF do conteúdo da disciplina. O autor é o titular dos direitos autorais desta obra. Reprodução não autorizada. Uso estritamente pessoal. Para outra utilização, solicitar autorização prévia do titular dos direitos autorais. 6.2 Artigo e pôster Esses gêneros têm em comum a característica de divulgar uma pesquisa em eventos científicos, sendo que o artigo também é publicado em revistas especializadas. 6.2.1 Artigo O artigo é o gênero acadêmico mais utilizado para a divulgação de uma pesquisa, tanto em eventos quanto em publicações científicas. Traz, além de discussão teórica sobre um tema, uma análise, por exemplo, sobre determinado corpus (conjunto de textos), sobre um case (caso específico sobre o fenômeno estudado) ou sobre dados empíricos (informações obtidas através de técnicas pesquisa, como observação, entrevistas etc.). Quando o texto aborda apenas questões teóricas, trata-se de um ensaio. Componentes de um artigo científico a) Título – indique o principal tema do artigo em um título breve e original. Se precisar, utilize um subtítulo. b) Nome do autor e afiliação – indique seu nome e a instituição da qual você faz parte (como pesquisador, professor ou estudante). c) Resumo – como visto no item 6.1.2. d) Abstract – tradução do resumo em inglês (se o evento ou publicação solicitar a tradução em outro idioma, utilizar o solicitado). e) Palavras-chave – indique os termos que permitam a outros pesquisadores encontrar a sua pesquisa em sistemas de busca eletrônicas ou em fichas catalográficas. f) Introdução – introduza o tema do seu artigo e o objetivo da pesquisa, justificando-a, Leitura e Produção de Textos Acadêmicos – Profa. Virgínia Leal Versão provisória em PDF do conteúdo da disciplina. O autor é o titular dos direitos autorais desta obra. Reprodução não autorizada. Uso estritamente pessoal. Para outra utilização, solicitar autorização prévia do titular dos direitos autorais. mas sem entrar em muitos detalhes sobre o conteúdo. g) Desenvolvimento – desenvolva o tema, definindo o problema de pesquisa e as hipóteses, fazendo uma revisão da literatura existente sobre o tema, apresentando a metodologia etc. h) Análise – apresente com bastante detalhes a análise dos dados e os resultados obtidos com a pesquisa. i) Conclusão – discuta os resultados da pesquisa, retomando suas ideias centrais e ressaltando as contribuições do seu trabalho para a solução do problema de pesquisa levantado. Você também deve apontar futuras pesquisas que podem ser realizadas sobre o tema para aprofundar a questão ou para superar alguma deficiência metodológica encontrada. j) Referências – todas as obras que foram citadas (direta ou indiretamente) na pesquisa devem ser listadas. Siga as normas da ABNT ou as elaboradas especificamente para o evento ou publicação em que será divulgada pesquisa. l) Anexos – anexe tabelas, gráficos, figuras, quadros, entrevistas etc. que não foram inseridos no corpo do texto, mas que serão relevantes para a pesquisa. Exemplos de artigos científicos Confira, na internet (Revista Ao Pé da Letra), exemplos de artigos: http://www.revistaaopedaletra.net/volumes.html ATENÇÃO Como vocês puderam ver, esses artigos foram divulgados na Revista ao Pé da Letra, uma publicação do Departamento de Letras da Universidade Federal de Pernambuco dedicada à difusão de trabalhos científicos de alunos de graduação sobre temas relativos à linguagem e à literatura. Se você tiver um trabalho realizado para uma disciplina que recebeu já um parecer positivo de seu professor, submeta-o aos pareceristas da revista. Nesse mesmo site, você pode ter acesso às regras para publicação! Leitura e Produção de Textos Acadêmicos – Profa. Virgínia Leal Versão provisória em PDF do conteúdo da disciplina. O autor é o titular dos direitos autorais desta obra. Reprodução não autorizada. Uso estritamente pessoal. Para outra utilização, solicitar autorização prévia do titular dos direitos autorais. 6.2.2 Pôster acadêmico/científico O pôster é a apresentação visual de uma pesquisa, ficando exposto nos eventos científicos em forma de banner. Como o suporte – espaço físico – deste gênero é limitado (com geralmente 70 cm de largura e 120 cm de altura), o texto deve ser sucinto, trazendo resumidamente as principais partes da pesquisa (introdução, desenvolvimento, conclusões), além do título, nome do autor e sua afiliação. Os detalhes do trabalho, contudo, são informados durante a apresentação oral do pôster. Nesse gênero acadêmico, devemser bastante utilizados gráficos, tabelas, ilustrações e figuras. Os blocos de textos devem ser bem delimitados, para facilitar a leitura. Também por essa razão, é necessário que o tamanho da fonte seja grande (cerca de tamanho 90 para título e 40 para o corpo do texto). Mas, lembre-se: antes de elaborar um pôster, você deve consultar as normas específicas do evento no qual seu trabalho será exposto. Não exagerar no volume de texto, contudo, é sempre a regra básica. Exemplo de pôster acadêmico/científico Consulte a versão online da nossa disciplina (www.ufpe.br/cead/moodle). 6.3 Projeto de Pesquisa O projeto de pesquisa é uma proposta de desenvolvimento de uma investigação científica, apresentado pelo aluno antes de iniciar seu trabalho de conclusão de Leitura e Produção de Textos Acadêmicos – Profa. Virgínia Leal Versão provisória em PDF do conteúdo da disciplina. O autor é o titular dos direitos autorais desta obra. Reprodução não autorizada. Uso estritamente pessoal. Para outra utilização, solicitar autorização prévia do titular dos direitos autorais. curso ou pelo candidato a uma bolsa de iniciação científica ou a uma vaga em cursos de pós-graduação, por exemplo. Assim, o projeto de pesquisa é uma espécie de carta de intenções, onde o pesquisador vai expor previamente os planos, as fases e os procedimentos da pesquisa que está se propondo a realizar. É importante que o tema da pesquisa seja de interesse tanto do pesquisador proponente, quanto da instituição ao qual este é ou estará vinculado durante a investigação, entre outros fatores. Veja novamente a seção 4 sobre a escolha do tema. Em geral, um projeto de pesquisa deverá conter os componentes estruturais descritos a seguir (contudo, insistimos novamente na necessidade de consultar as normas de cada curso, instituição ou concurso): Componentes de um projeto de pesquisa a) Capa – com título da pesquisa, nome do autor, finalidade da pesquisa e orientador (este último dado é opcional). b) Sumário (opcional). c) Apresentação – apresenta quem, o que, para que, por que, como e quando será realizada a pesquisa. d) Problematização – expõe o objeto da pesquisa e a pergunta sobre esse objeto a ser respondida com a investigação. Responde à pergunta: O QUÊ? e) Justificativa – descreve a situação atual do tema a ser pesquisado, ressaltando a importância e necessidade da pesquisa proposta. Responde à pergunta: POR QUÊ? f) Objetivos – define a meta a ser atingida com a pesquisa, dividindo-se em objetivo Leitura e Produção de Textos Acadêmicos – Profa. Virgínia Leal Versão provisória em PDF do conteúdo da disciplina. O autor é o titular dos direitos autorais desta obra. Reprodução não autorizada. Uso estritamente pessoal. Para outra utilização, solicitar autorização prévia do titular dos direitos autorais. geral e objetivos específicos. Responde à pergunta: PARA QUÊ? g) Fundamentação teórica – embasa teoricamente a pesquisa, explicitando teorias, autores e conceitos que servem de base para a investigação. h) Metodologia – explicita os métodos e os procedimentos de pesquisa (delimitação dos dados e definição dos instrumentos de coleta, levantamento, tratamento e análise destes). Responde à pergunta: COMO? i) Cronograma – detalha o tempo necessário para execução de cada etapa da pesquisa. Responde à pergunta: QUANDO? j) Orçamento – necessário apenas para as pesquisas custeadas por algum órgão financiador; nele devem constar os recursos materiais que serão necessários para execução da pesquisa. l) Referências bibliográficas – ver seção 5.3. m) Anexos (opcional) – adiciona documentos que forem necessários ao esclarecimento do texto. Exemplo de projeto de pesquisa Consulte a versão online da nossa disciplina (www.ufpe.br/cead/moodle). 6.4 Relatório de Pesquisa O relatório de pesquisa é um documento que relata formalmente os resultados de uma pesquisa ou os progressos obtidos até uma determinada fase desta. O projeto de pesquisa é retomado no relatório como forma de relato e não mais de proposta, sendo que a este são acrescentados os resultados da investigação. Se na redação do projeto de pesquisa são utilizados verbos no futuro (“os dados Leitura e Produção de Textos Acadêmicos – Profa. Virgínia Leal Versão provisória em PDF do conteúdo da disciplina. O autor é o titular dos direitos autorais desta obra. Reprodução não autorizada. Uso estritamente pessoal. Para outra utilização, solicitar autorização prévia do titular dos direitos autorais. serão coletados...”), no relatório os verbos são utilizados no pretérito (“os dados foram coletados...”). Indicamos, abaixo, a estrutura de um relatório de pesquisa (modelo do PIBIC/UFPE/CNPq): Componentes de um relatório de pesquisa a) Identificação – coloque seu nome e do seu orientador, o título do projeto e do subprojeto e identifique a área/subárea (de acordo com a classificação do CNPq) à qual o trabalho está vinculado. b) Resumo – faça uma apresentação panorâmica da pesquisa, indicando o tema, a afiliação teórica, os objetivos, a metodologia e os resultados da pesquisa. Dever ser escrito na língua vernácula e ser constituído de uma sequencia de frases concisas e objetivas e não de uma simples enumeração de tópicos. c) Sumário – enumere as principais divisões, seções e outras partes do trabalho, na mesma ordem e grafia em que a matéria nele se sucede. d) Introdução – explique a relevância do trabalho e faça uma revisão da literatura sobre o tema. e) Objetivos – indique quais foram os objetivos geral e específicos da pesquisa. f) Metodologia – explicite os métodos empregados na investigação. Se achar pertinente, indique os sujeitos da pesquisa, os materiais/equipamentos utilizados e o procedimento de coleta e de análise dos dados. g) Resultados e discussão - exponha detalhadamente os resultados obtidos na pesquisa de forma objetiva (geralmente, na apresentação dos resultados, são apresentados os dados quantitativos e podem ser utilizados gráficos e tabelas) e interprete analiticamente os resultados obtidos à luz do referencial teórico que sustentou a pesquisa (geralmente, na discussão dos resultados, são apresentados os dados qualitativos). h) Conclusões – teça as considerações parciais ou finais da pesquisa, que podem, ou Leitura e Produção de Textos Acadêmicos – Profa. Virgínia Leal Versão provisória em PDF do conteúdo da disciplina. O autor é o titular dos direitos autorais desta obra. Reprodução não autorizada. Uso estritamente pessoal. Para outra utilização, solicitar autorização prévia do titular dos direitos autorais. não, ser concludentes (geralmente não são, mas trazem novos questionamentos e propostas para uma nova investigação). i) Referências bibliográficas – liste todas as referências a outros autores e obras que foram citadas na pesquisa. j) Dificuldades encontradas – apresente as maiores dificuldades que você encontrou no processo de pesquisa. l) Atividades paralelas desenvolvidas pelo bolsista – descreva outras atividades que foram desenvolvidas por você concomitantemente à pesquisa. m) Data e assinatura – coloque a data de conclusão de seu relatório e assine o trabalho. Seu orientador também deve fazer o mesmo. Exemplo de relatório de pesquisa Consulte a versão online da nossa disciplina (www.ufpe.br/cead/moodle). 6.5 Monografia Monografia é o nome dado aos trabalhos acadêmicos que servem como requisito para a conclusão de
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