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Direito-Civil-Resumo-da-Aula01

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Prévia do material em texto

Direito Civil 
 
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula 
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros 
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 
1 
www.cursoenfase.com.br 
Sumário 
1. Recomendações Iniciais .......................................................................................... 2 
2. Premissas/ Parâmetros para o estudo ................................................................... 2 
2.1 Introdução ......................................................................................................... 2 
2.2 Direito Clássico e Contemporâneo ................................................................... 2 
2.2.1 Visão clássica (forma de pensamento do século XVI) ................................. 2 
2.2.2 Visão Contemporânea ................................................................................. 4 
Paradigmas principais utilizados como parâmetro do CC/02 ........................................ 8 
3. LINDB (Lei de Introdução às Normas de Direito Brasileiro) ................................. 11 
3.1 Índice de Abordagem do tema ....................................................................... 11 
3.2 Vigência das leis .............................................................................................. 12 
3.2.1 Existência ................................................................................................... 12 
3.2.2 Validade ..................................................................................................... 13 
3.2.3 Eficácia ....................................................................................................... 13 
3.2.3.1 Vacatio Legis ...................................................................................... 14 
3.2.3.2 Ato jurídico perfeito ........................................................................... 17 
 
ERRATA 
Prezado(a) Aluno(a), 
No presente resumo restou identificado um pequeno erro. 
Na página 7, onde se lê: 
“Como consequência, o direito privado passa a ser indisponível, ou seja, há menor 
quantidade de normas dispositivas.” 
 Deve-se ler: 
“Como consequência, o direito privado vai se tornando menos disponível. Uma vez 
que se passa a valorar mais a dignidade da pessoa humana, passa-se a ter mais normas 
irrenunciáveis no direito privado. Atualmente, portanto, o direito privado mais se assemelha 
a um direito misto do que a um direito puramente disponível.” 
 
Bons estudos. 
Direito Civil 
 
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula 
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros 
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 
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Atenciosamente, 
Coordenação da Monitoria. 
 
1. Recomendações Iniciais 
Contato do professor 
Facebook.com/prof.andreroberto 
Email: andreroberto@smga.com.br 
 
Atualmente, para preparação para concursos públicos, sobretudo para área federal, é 
fundamental a leitura de informativos no caso específico de Direito Civil, os informativos do 
STJ. 
 
Sugestões Bibliográficas 
Direito Civil Esquematizado. Pedro Lenza e Carlos Roberto Gonçalves. Editora Saraiva. 
Manual de Direito Civil. Volume Único. Flavio Tartuce. Editora Gen. 
Direito Civil. Cesar Fiuza. Editora RT. 
Direito Civil Sistematizado. Cristiano Sobral. 
 
2. Premissas/ Parâmetros para o estudo 
2.1 Introdução 
É importante estabelecer premissas, parâmetros de estudo, isso porque a 
interpretação literal de um dispositivo nem sempre representa a melhor interpretação. 
No que toca a questões de concurso, cumpre esclarecer, porém, que em alguns 
momentos, a questão buscará a forma como o legislador previu especificamente aquele 
instituto. 
De qualquer forma, é indispensável saber a interpretação constitucional, da doutrina 
e dos tribunais, principalmente do STJ, quanto aquele tema. 
 
2.2 Direito Clássico e Contemporâneo 
2.2.1 Visão clássica (forma de pensamento do século XVI) 
 Autonomia da Vontade ampla Liberdade Contratual 
Direito Civil 
 
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Direitos patrimoniais eram disponíveis. 
 Predominância de normas dispositivas e de conteúdo patrimonial; 
Os críticos afirmam que havia três personagens beneficiados pelo CC de 1916: o 
credor, o proprietário e o pai. 
 Relações jurídicas paritárias – presunção de igualdade entre as partes; 
Ideia de igualdade meramente formal, o que era muito nocivo, sobretudo quando as 
situações de vulnerabilidade eram gritantes. 
 Separação entre direito público e privado 
O pensamento do início do século XX era de absoluta separação entre direito público 
e privado. Eram dois ramos paralelos, que raramente se tocavam. 
O primeiro regulamentava relação do Estado com entes públicos e dos cidadãos com 
o Estado. A norma base de regulação desse direito público era a CRFB. 
Por outro lado havia o direito privado, relacionado à regulação das relações entre os 
sujeitos. A norma base dessa relação era o CC. Destaca-se que, em um primeiro momento, 
as questões de direito privado não estavam submetidas à CRFB, além de o controle de 
constitucionalidade ainda estava se desenvolvendo. 
No tocante ao direito público, as normas eram de natureza cogente, portanto, 
obrigatórias, que não admitiam renúncia. Ao passo que no direito privado, as normas eram 
renunciáveis, normas dispositivas1. Havia normas imperativas no direito privado, mas eram 
mínimas, normalmente de conteúdo não patrimonial. 
Visualização figurativa dos dois sistemas: o direito público representa relações 
verticais, enquanto que o direito privado regularia as relações horizontais, já que as relações 
seriam paritárias, não havendo supremacia de uma parte em relação à outra, ou seja, todos 
são iguais perante a lei. 
Direito Público Direito Privado 
Relações Verticais Relações horizontais 
Supremacia do interesse público Todos são iguais perante a lei (paritários) 
 
 
1
 MPF cobrou a diferença entre norma dispositiva e cogente. 
Direito Civil 
 
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Observação: as premissas do direito clássico foram relativizadas. Não mais se afirma 
que são dois ramos separados perante o outro. As mudanças havidas, principalmente ao 
longo do século XX, impuseram a superação da visão clássica. 
 
 Obrigatoriedade dos contratos como sinônimo de segurança jurídica; 
 Boa-fé subjetiva; 
O legislador se preocupava em proibir a má-fé, mas não em garantir a boa-fé. Havia 
uma falsa ideia de que cada um somente deveria firmar os contratos que lhe satisfizesse. 
Nessa esteia de pensamento, se o contrato nasceu, é porque as duas partes estão dali 
tirando proveito. Portanto, se alguém não foi privilegiado pelo negócio, significa que ela não 
tomou as devidas precauções. 
 Intangibilidade dos negócios jurídicos como garantia de respeito à liberdade e 
autonomia das partes; 
Havia proibição à revisão judicial dos negócios jurídicos. Era possível a anulação pelo 
juiz, mas jamais a alteração de cláusula. Destaca-se que até a década de 80, entendia-seque 
juiz não podia substituir a vontade da parte para alterar o conteúdo de um contrato. 
 Irretroatividade da lei em relação ao ato jurídico perfeito = segurança jurídica. 
Como as partes já convencionaram, celebrando contratos válidos, não poderia a lei 
estabelecer de forma contrária, alterando o contrato porque a lei mudou. 
 
2.2.2 Visão Contemporânea 
A visão contemporânea não vai abolir as premissas do direito clássico, mas sim 
impulsionar a revisão. Sendo assim, não se pode afirmar que não há mais pacto sunt 
servanda, ele existe, só não tem mais a força de outrora, não é mais absoluto. 
1) Constitucionalização do Direito Civil – diálogo entre o direito privado e o público 
(aproximação das fontes normativas). 
 A constituição passa a ser aplicada tanto ao direito público quanto ao direito 
privado. Saliente-se que não se trata de reconhecimento do controle de constitucionalidade. 
É mais do que isso, uma vez que se reconhece a aplicação direta e imediata da Constituição 
da República a uma relação privada e não apenas como fundamento de validade da lei 
privada. Quando se passa admitir que a constituição tem esse papel, o direito civil também 
tem fonte constitucional. 
A visualização figurativa dos dois sistemas é alterada: 
Direito Civil 
 
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 Direito Constitucional 
Direito Público Direito Privado 
 
2) Eficácia horizontal dos Direitos Fundamentais 
É importante destacar que o reconhecimento da aplicação direta dos preceitos 
constitucionais às relações privadas é recente no Brasil. O primeiro julgado que admite a 
possibilidade de aplicação direta é de 2006. A constituição, na abordagem do direito 
clássico, tinha uma eficácia vertical, ou seja, tinha relação de poder entre aqueles que têm a 
posição de poder. Nesse contexto, surgiu a expressão da eficácia horizontal dos direitos 
fundamentais. O julgado paradigma do STF é o RE 201819/RJ: 
 EMENTA: SOCIEDADE CIVIL SEM FINS LUCRATIVOS. UNIÃO BRASILEIRA DE COMPOSITORES. 
EXCLUSÃO DE SÓCIO SEM GARANTIA DA AMPLA DEFESA E DO CONTRADITÓRIO. EFICÁCIA DOS 
DIREITOS FUNDAMENTAIS NAS RELAÇÕES PRIVADAS. RECURSO DESPROVIDO. 
I. EFICÁCIA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS NAS RELAÇÕES PRIVADAS. As violações a direitos 
fundamentais não ocorrem somente no âmbito das relações entre o cidadão e o Estado, mas 
igualmente nas relações travadas entre pessoas físicas e jurídicas de direito privado. Assim, os 
direitos fundamentais assegurados pela Constituição vinculam diretamente não apenas os 
poderes públicos, estando direcionados também à proteção dos particulares em face dos poderes 
privados. 
II. OS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS COMO LIMITES À AUTONOMIA PRIVADA DAS ASSOCIAÇÕES. 
A ordem jurídico-constitucional brasileira não conferiu a qualquer associação civil a possibilidade 
de agir à revelia dos princípios inscritos nas leis e, em especial, dos postulados que têm por 
fundamento direto o próprio texto da Constituição da República, notadamente em tema de 
proteção às liberdades e garantias fundamentais. O espaço de autonomia privada garantido pela 
Constituição às associações não está imune à incidência dos princípios constitucionais que 
asseguram o respeito aos direitos fundamentais de seus associados. A autonomia privada, que 
encontra claras limitações de ordem jurídica, não pode ser exercida em detrimento ou com 
desrespeito aos direitos e garantias de terceiros, especialmente aqueles positivados em sede 
constitucional, pois a autonomia da vontade não confere aos particulares, no domínio de sua 
incidência e atuação, o poder de transgredir ou de ignorar as restrições postas e definidas pela 
própria Constituição, cuja eficácia e força normativa também se impõem, aos particulares, no 
âmbito de suas relações privadas, em tema de liberdades fundamentais. 
 III. SOCIEDADE CIVIL SEM FINS LUCRATIVOS. ENTIDADE QUE INTEGRA ESPAÇO PÚBLICO, AINDA 
QUE NÃO-ESTATAL. ATIVIDADE DE CARÁTER PÚBLICO. EXCLUSÃO DE SÓCIO SEM GARANTIA DO 
DEVIDO PROCESSO LEGAL.APLICAÇÃO DIRETA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS À AMPLA DEFESA E 
AO CONTRADITÓRIO. As associações privadas que exercem função predominante em 
determinado âmbito econômico e/ou social, mantendo seus associados em relações de 
dependência econômica e/ou social, integram o que se pode denominar de espaço público, ainda 
que não-estatal. A União Brasileira de Compositores - UBC, sociedade civil sem fins lucrativos, 
integra a estrutura do ECAD e, portanto, assume posição privilegiada para determinar a extensão 
Direito Civil 
 
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do gozo e fruição dos direitos autorais de seus associados. A exclusão de sócio do quadro social 
da UBC, sem qualquer garantia de ampla defesa, do contraditório, ou do devido processo 
constitucional, onera consideravelmente o recorrido, o qual fica impossibilitado de perceber os 
direitos autorais relativos à execução de suas obras. A vedação das garantias constitucionais do 
devido processo legal acaba por restringir a própria liberdade de exercício profissional do sócio. O 
caráter público da atividade exercida pela sociedade e a dependência do vínculo associativo para 
o exercício profissional de seus sócios legitimam, no caso concreto, a aplicação direta dos direitos 
fundamentais concernentes ao devido processo legal, ao contraditório e à ampla defesa (art. 5º, 
LIV e LV, CF/88). 
IV. RECURSO EXTRAORDINÁRIO DESPROVIDO. 
(RE 201819, Relator(a): Min. ELLEN GRACIE, Relator(a) p/ Acórdão: Min. GILMAR MENDES, 
Segunda Turma, julgado em 11/10/2005, DJ 27-10-2006 PP-00064 EMENT VOL-02253-04 PP-
00577 RTJ VOL-00209-02 PP-00821) 
No caso paradigma, o STF entendeu que a ampla defesa e o contraditório também se 
aplicam à exclusão de participante de associação, ainda que a lei não imponha tal 
obrigatoriedade. Destaca-se que nessa hipótese, em tese, ter-se-ia que aplicar o estatuto da 
associação o qual, no caso concreto, também não previa tal exigência. 
De acordo com a interpretação clássica, a garantia da ampla defesa e contraditório, 
refere-se às relações entre estado e particular. A interpretação dada pelo STF, porém, foi de 
que se trata de um direito aplicável diretamente a particulares, impondo um conteúdo a um 
estatuto privado, quando a lei privada não fazia tal previsão. 
Destaca-se que a relatora do presente julgado (Ellen Gracie) foi vencida, sendo o 
relator para acórdão o Min. Gilmar Mendes, o qual fundamentou seu voto no caso 
paradigmático julgado pela corte constitucional alemã, conhecido como “caso LÜTH” no qual 
a corte alemã reconheceu a garantia de poder externar a opinião, em liberdade de 
expressão. Na hipótese julgada, Lüth, crítico cinematográfico, liderou movimento de boicote 
à divulgação de filme que tinha como finalidade negar a existência do holocausto, razão pela 
qual os produtores dos filmes ajuizaram pleito indenizatório em face de Lüth. A corte 
constitucional alemã entendeu pela possibilidade imediata de aplicação da liberdade de 
expressão no âmbito particular, julgando improcedente o pleito indenizatório. 
Na seara do STF, a mesma questão quanto à aplicabilidade imediata das normas 
constitucionais foi discutida quando da apreciação da constitucionalidade da lei de imprensa 
e, atualmente, permeiaa discussão quanto à constitucionalidade das bibliografias não 
autorizadas. 
 
3) Funcionalização dos institutos jurídicos; 
A função social passa a ser exigível aos direitos subjetivos em geral. Atualmente, 
portanto, fala-se em função social do contrato, da posse, da propriedade, da família e da 
Direito Civil 
 
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empresa. Em outros termos, a funcionalização consiste no reconhecimento de que os 
direitos não existem apenas para satisfazer os interesses privados, mas eles têm que atender 
a interesses sociais. 
 
4) Despatrimonialização do direito privado em prol da dignidade da pessoa humana; 
Como consequência, o direito privado vai se tornando menos disponível. Uma vez 
que se passa a valorar mais a dignidade da pessoa humana, passa-se a ter mais normas 
irrenunciáveis no direito privado. Atualmente, portanto, o direito privado mais se assemelha 
a um direito misto do que a um direito puramente disponível. 
Tanto que, atualmente, o CC tem muitas normas de caráter público (cogentes), não 
se restringindo às normas de caráter privado (dispositivas). 
 
5) Autonomia privada e liberdade exercidas no limite em razão da função social; 
6) Crescimento do número de normas de ordem pública; 
Como há maior número de normas de ordem pública, a autonomia privada é 
diminuída, da mesma forma que a liberdade. Destaca-se, porém, que ainda há autonomia e 
liberdade, mas essas encontram a função social como limitação. 
Exemplo: no âmbito do contrato de plano de saúde, a liberdade das partes é exercida 
com muita restrição, visto que a área é regulada, tendo em vista a vulnerabilidade de uma 
das partes. 
 
7) Reconhecimento da vulnerabilidade e busca da igualdade substancial. 
A ideia é de que as partes não são necessariamente iguais, sendo importante 
reconhecer elementos para proteger a desigualdade. 
Exemplos: art. 423 e 424 do CC são normas de ordem pública, de caráter imperativo, 
que visam proteger aquele que é mais vulnerável. 
CC, Art. 423. Quando houver no contrato de adesão cláusulas ambíguas ou contraditórias, dever-
se-á adotar a interpretação mais favorável ao aderente. 
CC, Art. 424. Nos contratos de adesão, são nulas as cláusulas que estipulem a renúncia 
antecipada do aderente a direito resultante da natureza do negócio. 
Observação: a vulnerabilidade do CDC e da CLT não é casuística, mas sim 
principiológica. Por essa razão, o CDC e a CLT têm conteúdo protetivo ao consumidor e ao 
trabalhador, respectivamente, por serem vulneráveis por principiologia. 
Direito Civil 
 
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No CC as relações não são sempre desiguais, razão pela qual a vulnerabilidade não é 
principiológica, depende de análise no caso concreto. 
Exemplo: cláusula de eleição de foro (art. 78 do CC). 
CC, Art. 78. Nos contratos escritos, poderão os contratantes especificar domicílio onde se 
exercitem e cumpram os direitos e obrigações deles resultantes. 
 
Quando a relação for de consumo e a cláusula de eleição de foro for prejudicial ao 
consumidor, porque um foro diferente do seu domicílio, não haverá dúvidas de que essa 
cláusula é abusiva, tendo em vista que o consumidor é vulnerável, tendo-lhe que ser 
facilitado o acesso ao judiciário. Sendo assim, essa cláusula não será aplicada, vez que não 
pode integrar o contrato uma cláusula abusiva (nula). 
Saliente-se que o STJ tem afirmado que nem todo contrato de adesão que impõe 
uma cláusula de eleição de foro vulnera o aderente. Se for relação de consumo, será 
abusiva, por princípio, se o contrato for de outra natureza, dependerá da análise no caso 
concreto. 
Exemplo: maior franqueador do McDonald’s no Brasil tem sede no Rio de Janeiro. 
Adere um contrato de adesão que estabelece como cláusula de eleição de foro SP. Nessa 
hipótese, mesmo sendo contrato de adesão, é válida a cláusula, vez que não há 
vulnerabilidade, não há dificuldade em o aderente se fazer representar. 
8) Relativização da Obrigatoriedade dos pactos para preservação da comutatividade 
e da boa-fé (objetiva) 
O contrato é obrigatório, desde que compatível com outros princípios, tais como: 
boa-fé e probidade, buscando-se, com isso, o equilíbrio das relações. 
 
Paradigmas principais utilizados como parâmetro do CC/02 
Foram três parâmetros utilizados pela comissão que elaborou o CC: eticidade, 
socialidade e operabilidade. 
a) Eticidade: tábua axiológica baseada em valores de ética, probidade e boa-fé. 
Quando se fala em boa-fé subjetiva (CC/16) proíbe-se que se aja com dolo contra o 
outro. Para analisar a má-fé tem que analisar a intenção. A análise é complicada porque 
depende do íntimo das pessoas. Nessa sistemática, por exemplo, Pôncio de Pilatos agiu de 
boa-fé, vez que agiu de forma neutra, sem ser de má-fé. O comportamento neutro na lógica 
do CC/16 era admitido. 
Direito Civil 
 
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Ocorre que quando a eticidade passa a ser paradigma, a boa-fé passa a ser um 
dever2, ou seja, adota-se a boa-fé objetiva, impondo-se um padrão de comportamento 
objetivo. Passa-se, assim, a ter que colaborar com o outro por dever e não por boa-intenção. 
Nessa perspectiva, ao não fornecer uma informação que seria essencial, há violação da boa-
fé, uma vez que é comando objetivo. Em outros termos, ao não fornecer uma informação de 
forma clara ou ao omiti-la, viola-se a boa-fé, ainda que não haja a intenção. 
Da mesma forma, por imposição da boa-fé, é necessário respeito à coerência, ainda 
que esteja amparado de forma contrária contratualmente. Sendo assim, se o 
comportamento anterior é contrário ao atual, há violação à boa fé objetiva, por não ser 
coerente. Um exemplo dessa hipótese é noticiado no Informativo 478 do STJ. 
INFORMATIVO 478 DO STJ 
CORREÇÃO MONETÁRIA. RENÚNCIA. 
O recorrente firmou com a recorrida o contrato de prestação de serviços jurídicos com a previsão 
de correção monetária anual. Sucede que, durante os seis anos de validade do contrato, o 
recorrente não buscou reajustar os valores, o que só foi perseguido mediante ação de cobrança 
após a rescisão contratual. Contudo, emerge dos autos não se tratar de simples renúncia ao 
direito à correção monetária (que tem natureza disponível), pois, ao final, o recorrente, movido 
por algo além da liberalidade, visou à própria manutenção do contrato. Dessarte, o princípio da 
boa-fé objetiva torna inviável a pretensão de exigir retroativamente a correção monetária dos 
valores que era regularmente dispensada, pleito que, se acolhido, frustraria uma expectativa 
legítima construída e mantida ao longo de toda a relação processual, daí se reconhecer presente 
o instituto da supressio. REsp 1.202.514-RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 21/6/2011. 
Na questão apreciada pelo STJ, um advogado foi contratado para agir em favor do 
seu cliente, firmando contrato de advocacia mensal, prevendo-se que, a cada ano, o 
honorário seria reajustado por um índice. Passados anos, não foram reajustados os valores, 
podendo-se presumir, a priori, que o valor era satisfatóriopara ambos os contratantes. 
Ocorre que, passados alguns anos, o cliente denunciou e rescindiu o contrato. O advogado, 
então, ingressou em juízo requerendo a diferença relacionada ao rejuste jamais cobrado. 
Frise-se que o contrato assegurava o reajuste e o devedor, ao pagar, pagou sabidamente 
sem o reajuste. A luz da boa-fé, os valores que não foram sinalizados como devidos não 
podem ser cobrados, ainda que haja previsão clara no contrato. Atualmente, a boa-fé passa 
a exigir mais das partes do que exigia. 
Dentro dessa perspectiva, a boa-fé passa a exigir como dever que se olhe para o 
outro e corresponda às suas expectativas legítimas. Sendo assim, aquele adota 
comportamento neutro também viola a boa-fé. 
 
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 Há um ditado popular que ajuda a compreender a boa-fé objetiva: “De boa intenção o inferno está 
cheio”. 
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b) Operabilidade: estabelecer soluções normativas de modo a facilitar sua 
interpretação e aplicação pelo operador do Direito. 
 Exemplo: todos os prazos prescricionais estão nos art. 205 e 206 do CC/02. Todos os 
demais dispositivos são ou de usucapião ou de decadência. 
CC/02, Art. 205. A prescrição ocorre em dez anos, quando a lei não lhe haja fixado prazo menor. 
CC/02, Art. 206. Prescreve: 
§ 1o Em um ano: 
I - a pretensão dos hospedeiros ou fornecedores de víveres destinados a consumo no próprio 
estabelecimento, para o pagamento da hospedagem ou dos alimentos; 
II - a pretensão do segurado contra o segurador, ou a deste contra aquele, contado o prazo: 
a) para o segurado, no caso de seguro de responsabilidade civil, da data em que é citado para 
responder à ação de indenização proposta pelo terceiro prejudicado, ou da data que a este 
indeniza, com a anuência do segurador; 
b) quanto aos demais seguros, da ciência do fato gerador da pretensão; 
III - a pretensão dos tabeliães, auxiliares da justiça, serventuários judiciais, árbitros e peritos, pela 
percepção de emolumentos, custas e honorários; 
IV - a pretensão contra os peritos, pela avaliação dos bens que entraram para a formação do 
capital de sociedade anônima, contado da publicação da ata da assembleia que aprovar o laudo; 
V - a pretensão dos credores não pagos contra os sócios ou acionistas e os liquidantes, contado o 
prazo da publicação da ata de encerramento da liquidação da sociedade. 
§ 2o Em dois anos, a pretensão para haver prestações alimentares, a partir da data em que se 
vencerem. 
§ 3o Em três anos: 
I - a pretensão relativa a aluguéis de prédios urbanos ou rústicos; 
II - a pretensão para receber prestações vencidas de rendas temporárias ou vitalícias; 
III - a pretensão para haver juros, dividendos ou quaisquer prestações acessórias, pagáveis, em 
períodos não maiores de um ano, com capitalização ou sem ela; 
IV - a pretensão de ressarcimento de enriquecimento sem causa; 
V - a pretensão de reparação civil; 
VI - a pretensão de restituição dos lucros ou dividendos recebidos de má-fé, correndo o prazo da 
data em que foi deliberada a distribuição; 
VII - a pretensão contra as pessoas em seguida indicadas por violação da lei ou do estatuto, 
contado o prazo: 
a) para os fundadores, da publicação dos atos constitutivos da sociedade anônima; 
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b) para os administradores, ou fiscais, da apresentação, aos sócios, do balanço referente ao 
exercício em que a violação tenha sido praticada, ou da reunião ou assembleia geral que dela 
deva tomar conhecimento; 
c) para os liquidantes, da primeira assembleia semestral posterior à violação; 
VIII - a pretensão para haver o pagamento de título de crédito, a contar do vencimento, 
ressalvadas as disposições de lei especial; 
IX - a pretensão do beneficiário contra o segurador, e a do terceiro prejudicado, no caso de seguro 
de responsabilidade civil obrigatório. 
§ 4o Em quatro anos, a pretensão relativa à tutela, a contar da data da aprovação das contas. 
§ 5o Em cinco anos: 
I - a pretensão de cobrança de dívidas líquidas constantes de instrumento público ou particular; 
II - a pretensão dos profissionais liberais em geral, procuradores judiciais, curadores e professores 
pelos seus honorários, contado o prazo da conclusão dos serviços, da cessação dos respectivos 
contratos ou mandato; 
III - a pretensão do vencedor para haver do vencido o que despendeu em juízo. 
 
c) Socialidade: superação do modelo individualista do CC/16. Consagração da 
função social da posse, da propriedade, dos contratos, da empresa e da família. 
 
9) Modificação e revisão judicial dos contratos; 
A intangibilidade que havia foi reduzida, sendo possível alteração contratual por 
ordem judicial. 
10) Eficácia imediata das normas de ordem pública e ato jurídico privado. 
 
3. LINDB (Lei de Introdução às Normas de Direito Brasileiro) 
3.1 Índice de Abordagem do tema 
 Art. 1º ao 6º da LINDB: solução dos conflitos da lei no tempo: vigência, 
revogação e efeito represtinatório. 
 Art. 3, 4 e 5º da LINDB - interpretação e fontes supletivas; 
 Art. 6º da LINDB - eficácia da lei no tempo, com a questão da retroatividade 
ou irretroatividade e ultratividade3 da lei. 
 
3
 Embora o dispositivo não diga expressamente, será abordada a ultratividade. 
Direito Civil 
 
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ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros 
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Dos art. 7º em diante serão tratada as questões de aplicação de direito no espaço. 
Esse conteúdo é mais afeto ao direito internacional privado. 
 
3.2 Vigência das leis 
LINDB, Art. 1o Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco 
dias depois de oficialmente publicada. 
§ 1o Nos Estados, estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, se inicia 
três meses depois de oficialmente publicada. (Vide Lei 2.145, de 1953) (Vide Lei nº 2.410, de 
1955) (Vide Lei nº 3.244, de 1957) (Vide Lei nº 4.966, de 1966) (Vide Decreto-Lei nº 333, de 
1967) 
§ 2o (Revogado pela Lei nº 12.036, de 2009). 
§ 3o Se, antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto, destinada a 
correção, o prazo deste artigo e dos parágrafos anteriores começará a correr da nova publicação. 
§ 4o As correções a texto de lei já em vigor consideram-se lei nova. 
Art. 2o Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou 
revogue. (Vide Lei nº 3.991, de 1961) 
§ 1o A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela 
incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior. 
§ 2o A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não revoga 
nem modifica a lei anterior. 
§ 3o Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora 
perdido a vigência. 
 
As normas, tal como os negócios jurídicos, são analisadas em três planos: existência, 
validade e eficácia.3.2.1 Existência 
 Existência: desde a sua promulgação; 
Na perspectiva infraconstitucional, a lei existe desde a sua publicação. Isso não 
significa que está produzindo efeito. A publicidade dessa lei ocorre com a publicação no 
órgão competente. A partir da publicação, a norma torna-se de todos conhecidas. 
 Publicidade (presunção absoluta): desde a sua publicação (art. 3º da LINDB) 
LINDB, Art. 3
o
 Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece. 
A partir da publicação, a norma se torna de todos conhecida, conforme presunção 
absoluta, devendo ser cumprida. 
Direito Civil 
 
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Harmonia entre o art. 3º da LINDB e art. 139, III do CC. 
CC/02, Art. 139. O erro é substancial quando: 
(...) 
III - sendo de direito e não implicando recusa à aplicação da lei, for o motivo único ou principal do 
negócio jurídico. 
Partindo-se da premissa de que nem toda norma é obrigatória/cogente, é possível 
anular um negócio jurídico por erro de direito (art. 139, III do CC). A conciliação do previsto 
no art. 3º da LINDB e no art. 139, III do CC, normas que são aparentemente contraditórias, 
ocorre com a diferenciação da norma cogente da norma dispositiva. 
Ao celebrar um negócio jurídico por ter interpretado equivocadamente a norma, 
entendendo-a como cogente, mas como não era, esse negócio jurídico pode ser desfeito. Em 
outros termos, o art. 139, III do CC/02 refere-se às hipóteses em que a pessoa não teria 
celebrado o negócio se não precisasse. 
Exemplo1: há confusão atual quanto ao direito sucessório, principalmente do direito 
do cônjuge, visto que a lei prevê de uma forma, mas a interpretação dada recentemente 
pelo STJ é distinta. Nesse contexto, caso o sujeito celebre uma cessão de direitos 
hereditários fundada em uma interpretação da norma que depois não mais subsiste, esse 
negócio jurídico celebrado pode ser anulado. Dependendo das circunstâncias e do prazo 
pode-se anular o negócio, visto que o erro era escusável, já que havia doutrina e 
jurisprudência naquele sentido, quando demonstrado que ele não teria sido celebrado se 
soubesse a melhor interpretação. 
Exemplo2: confissão de dívida em relação a uma cobrança que o STF vem a 
reconhecer a inconstitucionalidade. A confissão dessa dívida não poderá subsistir, tendo em 
vista a perspectiva do erro. 
 
3.2.2 Validade 
 Validade: norma em conformidade com o ordenamento jurídico; 
Se for uma lei ordinária, tem que estar em conformidade com a CRFB. 
Norma em sentido amplo (regulamento) tem que verificar está de acordo com a 
norma infraconstitucional. 
 
3.2.3 Eficácia 
 Eficácia: será eficaz (eficácia absoluta) a partir do momento em que entra em 
vigor, podendo não ser eficaz a certos atos (eficácia relativa). 
Direito Civil 
 
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Atenção: em alguns casos a eficácia é relativa, entrando em vigor sem ser totalmente 
eficaz. Normas tributárias e eleitorais têm essa característica porque, normalmente, têm 
eficácia relativa. 
Exemplo1: art. 16 da CRFB. 
CRFB, Art. 16. A lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor na data de sua publicação, 
não se aplicando à eleição que ocorra até um ano da data de sua vigência. (Redação dada pela 
Emenda Constitucional nº 4, de 1993) 
Como regra, no direito civil, a norma que entra em vigor produz efeitos imediatos, 
conforme art. 6º, caput, da LINDB: 
LINDB, Art. 6º A Lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o 
direito adquirido e a coisa julgada. (Redação dada pela Lei nº 3.238, de 1957) 
3.2.3.1 Vacatio Legis 
A norma não necessariamente entra em vigor na data da publicação. Inclusive, a LC 
nº 95/98 (que orienta a elaboração legislativa), dispõe que a vigência imediata é remendada 
apenas pelas normas de menor repercussão social. Nesse sentido a vacatio legis é 
recomenda para as normas de maior repercussão social (art. 8º da LC nº 95/98). 
LC nº 95/98, Art. 8º A vigência da lei será indicada de forma expressa e de modo a contemplar 
prazo razoável para que dela se tenha amplo conhecimento, reservada a cláusula "entra em vigor 
na data de sua publicação" para as leis de pequena repercussão. 
§ 1º A contagem do prazo para entrada em vigor das leis que estabeleçam período de vacância 
far-se-á com a inclusão da data da publicação e do último dia do prazo, entrando em vigor no dia 
subsequente à sua consumação integral. (Incluído pela Lei Complementar nº 107, de 26.4.2001) 
§ 2º As leis que estabeleçam período de vacância deverão utilizar a cláusula ‘esta lei entra em 
vigor após decorridos (o número de) dias de sua publicação oficial’ . (Incluído pela Lei 
Complementar nº 107, de 26.4.2001) 
 
Em que pese a LC nº 95/98 orientar o estabelecimento de prazo de vacatio razoável, 
a Lei nº 12.112/09, que alterou de forma substancial a lei de locação de imóveis urbanos (Lei 
nº 8.245/91) trouxe dispositivo que estabelecia que a norma deveria entrar em vigor na data 
da sua publicação. Tendo em vista que a norma em questão é de grande repercussão social, 
o artigo que determinava a entrada em vigor imediata, foi vetado pela presidência. Sendo 
assim, a lei foi aprovada sem cumprir o art. 8º da LC nº 95/98, uma vez que não indicou de 
forma expressa a vigência legal. 
Se não há prazo expresso, deve-se socorrer à LINDB, mais especificamente o art. 1º. 
LINDB, Art. 1o Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco 
dias depois de oficialmente publicada. 
Direito Civil 
 
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§ 1o Nos Estados, estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, se inicia 
três meses depois de oficialmente publicada. (Vide Lei 2.145, de 1953) (Vide Lei nº 2.410, de 
1955) (Vide Lei nº 3.244, de 1957) (Vide Lei nº 4.966, de 1966) (Vide Decreto-Lei nº 333, de 
1967) 
§ 2o (Revogado pela Lei nº 12.036, de 2009). 
§ 3o Se, antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto, destinada a 
correção, o prazo deste artigo e dos parágrafos anteriores começará a correr da nova publicação. 
§ 4o As correções a texto de lei já em vigor consideram-se lei nova. 
 
De acordo com o dispositivo transcrito, há vigência simultânea em todo o território 
nacional, ou seja, o sistema brasileiro não adota o sistema regional, mas sim a simultânea. 
Ainda, quando ocorrer o silêncio, o prazo de vacatio será o do art. 1º da LIND o qual prevê o 
prazo para eficácia interna de 45 dias4. 
Saliente-se que o princípio da obrigatoriedade simultânea dispõe que a lei entra em 
vigor em todo território nacional ao mesmo tempo. 
Para hipótese de aplicação da lei brasileira no exterior, o prazo é maior, conforme 
§1º do art. 1º da LINDB. 
Destaca-se que o dispositivo do LINDB não foi revogado pela LC nº 95/98, passando a 
ter, porém, aplicação subsidiária. 
Observação: o CC/02 previu um período expresso de vacância, sendo o período de 1 
ano. No entendimento majoritário, isso significa que a vigênciateve início em 11 de janeiro 
de 2003. 
CC/02 
Vacatio legis: 1 ano. 
Vigência: 11/01/2003. 
“Pegadinhas sobre o tema”: 
1- O fato lesivo que provocou perdas e danos ao sujeito ocorreu na vigência da lei 
anterior. No CC/16 o prazo prescricional era de 20 anos, sendo que o CC atual em relação à 
matéria previu o prazo de 3 anos. Como a diferença entre os prazos é grande, o legislador 
previu um prazo de transição, no art. 2.038 do CC/02, segundo a qual há ultratividade da lei 
revogada. De acordo com a regra de transição, quando transcorrido menos da metade ou 
 
4
 Observação: exatamente o caso que aconteceu em relação à alteração da lei de locações e sua 
vigência, foram cobrados em concurso elaborado pela Banca Cesgranrio em 2010. 
Direito Civil 
 
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metade do prazo, se aplica a lei nova. Quando transcorrido mais da metade do tempo, se 
aplica a lei anterior. 
CC02, Art. 2.028. Serão os da lei anterior os prazos, quando reduzidos por este Código, e se, na 
data de sua entrada em vigor, já houver transcorrido mais da metade do tempo estabelecido na 
lei revogada. 
O legislador da banca CESPE colocou um fato ocorrido em fevereiro de 1982. 
Aplicação a priori do CC/16 seria o prazo prescricional de 20 dias. O examinador dava a data 
da publicação da lei (janeiro de 2002). Tinha que se atentar que já tinha mais de 10 anos, 
razão pela qual a prescrição só ocorreu em 2012 e não em 2005, como sugeria o enunciado. 
 
 
Fev/1992 Fev/2002 11/01/03 2012 
 10 anos 
Ocorrência do Fato ½ da Prescrição (CC/16) Vigência do CC/02 Prescrição 
 
2- O sujeito fez testamento deixando todos os seus bens aos pobres. Embora fosse 
casado, não tinha ascendente nem descendente. O sujeito morreu em 2002. Considerando 
que a sucessão se rege pela lei no momento da morte e no CC/16 o cônjuge não era o 
herdeiro necessário, a disposição testamentária foi válida, visto que não havia legítima a ser 
protegida. 
Observação: sempre que há uma redução muito acentuada, a orientação é de que o 
prazo novo é contado da entrada em vigor da lei nova e não do fato. 
Síntese: 
 FATO 11.01.2003 
 Tempo transcorrido = X 
Termo inicial do Prazo Vigência do CC 
 
 
Ver se X (tempo transcorrido) é maior do que metade do prazo prescricional. Se for 
maior, aplica-se a lei antiga, contada a partir do prazo do fato. 
Se X for menor ou igual à metade do prazo, aplica-se a lei nova, contada a partir da 
vigência da lei nova. Não se conta a partir do fato porque se não haveria prescrição 
retroativa. 
Direito Civil 
 
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3.2.3.2 Ato jurídico perfeito 
A) Art. 2.035, caput do CC 
Conforme art. 6º, caput, quando a norma entra em vigor, seus efeitos são imediatos, 
respeitados o ato jurídico perfeito, a coisa julgada e o direito adquirido. 
O ato jurídico perfeito é aquele que já existe e é válido, ainda que não tenha 
produzido todos os seus efeitos. Ele é regulado pela norma vigente no momento da sua 
celebração (tempus regit actum), conforme art. 2.035 do CC/02. 
CC, Art. 2.035. A validade dos negócios e demais atos jurídicos, constituídos antes da entrada em 
vigor deste Código, obedece ao disposto nas leis anteriores, referidas no art. 2.045, mas os seus 
efeitos, produzidos após a vigência deste Código, aos preceitos dele se subordinam, salvo se 
houver sido prevista pelas partes determinada forma de execução. 
Parágrafo único. Nenhuma convenção prevalecerá se contrariar preceitos de ordem pública, tais 
como os estabelecidos por este Código para assegurar a função social da propriedade e dos 
contratos. 
A dificuldade está no fato de a existência e validade se concentrarem em um único 
momento, porém, a eficácia, não se concentra, necessariamente, em um único momento, 
visto que há negócios de eficácia diferida. Por essa razão, o art. 6º da LICC traz eficácia geral 
e imediata, aplicando-se aos efeitos dos negócios celebrados. 
 
 Eficácia 
Celebração Vigência CC/02 Efeitos 
Existência Ex. Mora 
Validade Aplicação do CC/02 
Aplicação do CC/16 
 
Exemplo: contrato de locação tem eficácia diferida. Quando o contrato foi celebrado, 
os juros de mora legais, aplicáveis aos casos em que as partes não haviam previsto outro, 
eram de 0,5% ao mês ou 6% ao ano. O CC/02, vigente no momento da manifestação do 
efeito, tem que ser regular esse efeito. Há discussão quando a taxa prevista no CC/02, o STJ 
entende ser a taxa SELIC, mas, de qualquer forma, é distinto do previsto no CC/16. Destaca-
se que tal aplicação do CC/02 ao negócio celebrado não prejudica o ato jurídico perfeito, vez 
que o efeito só se manifestou quando da vigência do CC/02. 
Direito Civil 
 
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É importante destacar que, conforme o dispositivo legal (art. 2.035 do CC), caso as 
partes tenham convencionado de outra forma, de forma válida, será respeitada a vontade 
das partes, por conta de ser o ato jurídico perfeito. 
 
B) Art. 2.035, parágrafo único do CC. 
CC, Art. 2.035. A validade dos negócios e demais atos jurídicos, constituídos antes da entrada em 
vigor deste Código, obedece ao disposto nas leis anteriores, referidas no art. 2.045, mas os seus 
efeitos, produzidos após a vigência deste Código, aos preceitos dele se subordinam, salvo se 
houver sido prevista pelas partes determinada forma de execução. 
Parágrafo único. Nenhuma convenção prevalecerá se contrariar preceitos de ordem pública, tais 
como os estabelecidos por este Código para assegurar a função social da propriedade e dos 
contratos. 
O parágrafo único transcrito acima prevê disposição distinta da lógica do caput do 
mesmo dispositivo, uma vez que estabelece que, ainda que as partes tenham convencionado 
de forma distinta, se houver incompatibilidade em relação aos preceitos de ordem pública, 
deverá aplicar a nova lei. 
Exemplo: art. 1336, §1º do CC limita a multa de condomínio ao máximo de 2%. Sendo 
assim, os negócios celebrados convencionando em patamar superior a previsão legal, não 
terão aplicação, por ser a norma de ordem pública, que tem eficácia imediata e geral, com 
aplicação obrigatória. 
CC, Art. 1.336. São deveres do condômino: 
(...) 
§ 2o O condômino, que não cumprir qualquer dos deveres estabelecidos nos incisos II a IV, pagará 
a multa prevista no ato constitutivo ou na convenção, não podendo ela ser superior a cinco vezes 
o valor de suas contribuições mensais, independentemente das perdas e danos que se apurarem; 
não havendo disposição expressa, caberá à assembleia geral, por dois terços no mínimo dos 
condôminos restantes, deliberar sobre a cobrança da multa. 
 
Saliente-se que para muitos essa hipótese se refere a uma hipótese de retroatividade 
mínima, vez quando a lei estabelece que o convencionado não mais se aplica, está afetando 
o que foi validamentecontratado e, consequentemente, atinge a segurança jurídica. 
Explica-se que retroatividade mínima refere-se ao fato de a lei nova alcançar os 
efeitos futuros dos atos jurídicos pretéritos, afastando a regra convencional e impondo a 
norma de ordem pública. 
O STF já havia se manifestado quanto ao tema antes da entrada em vigor do código, 
na ADIn nº 493 (Relatoria: Moreira Alves), julgamento em 1992. 
Direito Civil 
 
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Ação direta de inconstitucionalidade. - Se a lei alcançar os efeitos futuros de contratos celebrados 
anteriormente a ela, será essa lei retroativa (retroatividade mínima) porque vai interferir na 
causa, que e um ato ou fato ocorrido no passado. - O disposto no artigo 5, XXXVI, da Constituição 
Federal se aplica a toda e qualquer lei infraconstitucional, sem qualquer distinção entre lei de 
direito público e lei de direito privado, ou entre lei de ordem pública e lei dispositiva. Precedente 
do S.T.F.. - Ocorrência, no caso, de violação de direito adquirido. A taxa referencial (TR) não e 
índice de correção monetária, pois, refletindo as variações do custo primário da captação dos 
depósitos a prazo fixo, não constitui índice que reflita a variação do poder aquisitivo da moeda. 
Por isso, não há necessidade de se examinar a questão de saber se as normas que alteram índice 
de correção monetária se aplicam imediatamente, alcançando, pois, as prestações futuras de 
contratos celebrados no passado, sem violarem o disposto no artigo 5, XXXVI, da Carta Magna. - 
Também ofendem o ato jurídico perfeito os dispositivos impugnados que alteram o critério de 
reajuste das prestações nos contratos já celebrados pelo sistema do Plano de Equivalência 
Salarial por Categoria Profissional (PES/CP). Ação direta de inconstitucionalidade julgada 
procedente, para declarar a inconstitucionalidade dos artigos 18, "caput" e parágrafos 1 e 4; 20; 
21 e parágrafo único; 23 e parágrafos; e 24 e parágrafos, todos da Lei n. 8.177, de 1 de maio de 
1991. 
(ADI 493, Relator(a): Min. MOREIRA ALVES, Tribunal Pleno, julgado em 25/06/1992, DJ 04-09-
1992 PP-14089 EMENT VOL-01674-02 PP-00260 RTJ VOL-00143-03 PP-00724, sem grifos no 
original) 
O STF estabeleceu naquela oportunidade que não importa se a norma é de caráter 
público ou não, devendo ser aplicado o que pactuado pelas partes, sob pena de interferir na 
segurança jurídica. Nessa perspectiva, o art. 2.035 do CC/02 teria uma inconstitucionalidade, 
se aplicado aos contratos celebrados no passado. Ocorre que o pensamento mudou e a 
noção de segurança jurídica foi alterada. O individualismo do CC/16 tem sido substituído 
pelo interesse social. Sendo assim, o STJ vem admitindo que a lei nova se aplique a efeitos 
vincendos. Nesse sentido, por exemplo, o julgamento do RE 136901, em 2006, pelo STF, traz 
uma solução um pouco diferente da adotada no julgamento da supracitada ADIN. 
TABLITA. PLANO CRUZADO. REGRA DE DEFLAÇÃO DO DECRETO-LEI 2.284/86. PRINCÍPIOS DO 
DIREITO ADQUIRIDO, DO ATO JURÍDICO PERFEITO E DA COISA JULGADA. ALTERAÇÃO DE PADRÃO 
MONETÁRIO. 1. No julgamento do RE 141.190, o plenário do STF entendeu que o fator de 
deflação veio a preservar o equilíbrio econômico-financeiro inicial dos contratos, diante da súbita 
interrupção do processo inflacionário. A manutenção dos contratos então vigentes - que traziam 
embutida a tendência inflacionária - importaria em ganhos irreais, desiguais e incompatíveis com 
o pacto firmado entre as partes antes da alteração radical do ambiente monetário e econômico. 
2. Também por isso se confirmou a tese de que normas de ordem pública que instituem novo 
padrão monetário têm aplicação imediata em relação aos contratos em curso como forma de 
reequilibrar a relação jurídica antes estabelecida. 3. O Plano Funaro (Cruzado) também 
representou mudança de padrão monetário e alteração profunda dos rumos econômicos do país 
e, por isso, a esse plano econômico também se aplica a jurisprudência assentada no julgamento 
do RE 141.190. Negado provimento ao recurso. 
 
(RE 136901, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Relator(a) p/ Acórdão: Min. NELSON JOBIM, 
Direito Civil 
 
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Tribunal Pleno, julgado em 15/03/2006, DJ 02-06-2006 PP-00005 EMENT VOL-02235-03 PP-
00562) 
Nesse julgamento, o STF admite que haja mudança na forma de condução de um 
contrato a fim de adaptá-lo a uma realidade, alterando contratos que traziam índices muito 
elevados, como forma de garantir um interesse maior, de estabilidade econômica. 
Saliente-se que está em julgamento no STF a ADPF nº 165, na qual se discute se os 
planos econômicos, quando entraram em vigor, poderiam ter afetado as cadernetas de 
poupança durante o seu período de aniversário. 
Exemplo: determinada pessoa aplicou dinheiro na caderneta de poupança no dia 15. 
Lei nova alterou o índice no dia 20. Esse novo índice se aplica desde logo ou há mudança 
somente no novo aniversário? 
A tese dos correntistas é de que o novo índice se aplica somente no próximo 
aniversário da caderneta de poupança, visto que já tinha acontecido o investimento quando 
a lei mudou. 
A tese das instituições financeiras, porém, é de reconhecer que a norma de ordem 
pública tem necessidade de eficácia imediata tão grande que alcançaria até as aplicações já 
feitas. Caso o STF admita essa aplicação, reconhecerá a retroatividade média, vez que não 
alcançará apenas os efeitos futuros, mas atingirá também as situações pendentes. 
Destaca-se que tendência seria que as situações nascidas na nova ordem podem ser 
atingidas pelas normas de ordem pública, como dispõe o art. 2.035, p. ú. do CC, mas as 
pendentes têm que ter respeitada a aplicação das normas quando do fato gerador. Ocorre 
que não é possível chegar a nenhuma conclusão atualmente em relação ao tema por conta 
da repercussão econômica, tendo-se que aguardar o julgamento da ADPF nº 165. 
Saliente-se, por fim, que, embora a lei seja, em regra, irretroativa, em algumas 
situações ela poderá retroagir, ao menos retroatividade mínima, na forma do art. 2.035 do 
CC.

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