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D. Empresarial Data: 16/12/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 1 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br Assuntos tratados: 1º Horário. Direito Societário / Sociedades Anônimas / Órgãos Societários / Conselho Fiscal / Títulos de Crédito / Letra de Câmbio / Formas de Vencimento da Letra de Câmbio/ Cheque 2º Horário. Nota Promissória / Cédula de Crédito Bancário / Duplicata 1º Horário 1. Direito Societário 1.1. Sociedades Anônimas 1.1.1. Órgãos Societários 1.1.1.1. Conselho Fiscal O Conselho Fiscal é órgão obrigatório, tendo em vista que o Conselho de Administração é o único órgão facultativo nas sociedades anônimas. Por outro lado, este é o único órgão de função não permanente na companhia, de modo que o órgão deve existir, mas não deve ser instalado. O Conselho Fiscal é formado por de três a cinco órgãos, pessoas físicas sócias ou não, mas com formação em nível superior, justamente por se tratar de órgão técnico que demanda certa especialização. O Conselho Fiscal se instala em qualquer assembleia, seja em AGO ou em AGE. Além do mais, trata-se de órgão com curta duração, instala-se em assembleia e se dissolve na primeira AGO subsequente. Ex: O Conselho se instala em AGE de 17/11/11 e adormece novamente na AGO de 2012, no primeiro quadrimestre. Dessa forma, o conselho pode-se instalar quantas vezes forem a vontade da assembleia. A instalação do Conselho Fiscal depende da vontade de apenas 10% do capital votante ou apenas 5% do capital não votante. O quórum se dá em montante baixo, afinal o objetivo do órgão é justamente fiscalizar a sociedade. D. Empresarial Data: 16/12/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 2 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br Além do mais, acionistas que detenham 10% do capital podem exercer o direito de eleger, separadamente, um dos membros do conselho, dando representatividade aos acionistas minoritários. Observação1: O estatuto pode prever a função permanente do Conselho Fiscal. Observação2: Nas sociedades de economia mista, o Conselho Fiscal é de função permanente, consoante art. 240 da Lei 6.404. 2. Títulos de Crédito 2.1. Letra de Câmbio A letra de câmbio nasce da necessidade na Itália medieval de prover meio de negociação entre comerciantes de cidades distintas, os quais possuíam moedas diversas. A letra de câmbio, que é uma ordem de pagamento, tem regência pelo Decreto 75.663/66 (Lei Uniforme de Genebra – LUG) e pelo Decreto 2.044/1908. Tomam parte na letra de câmbio três figuras jurídicas: Sacador Sacado Tomador a. Sacador: quem saca, emite o título e entrega ao tomador. b. Tomador: quem toma o título e se torna credor. Pelo princípio da cartularidade, só se caracteriza como credor cambial quem detém o título. c. Sacado: a quem a ordem é destinada, não sendo necessário aqui que seja instituição financeira. A letra de câmbio é ordem de pagamento sacada pelo sacador em favor do tomador (que “toma” o título para se tornar credor) e em desfavor do sacado. Tem-se a seguinte sistemática: Pelo Direito das Obrigações, os negócios jurídicos produzem efeitos apenas entre as partes. Note-se que, inicialmente, tomador e sacado não possuem qualquer relação, daí o porquê de o tomador ter que procurar o sacado para dele obter o aceite. D. Empresarial Data: 16/12/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 3 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br A letra de câmbio é título de crédito sujeito ao aceite do sacado, ato pelo qual este se tornará principal devedor cambial. Ressalta-se que o aceite é ato facultativo, não gerando qualquer consequência cambial ao sacado por não aceitá-lo. Além do mais, o aceite pode ser parcial, aceitando-se apenas parcela do valor esboçado no título, sendo também chamado de literal (vale pelo quando estiver escrito). Exemplo: Firma-se contrato de patrocínio, sendo que a patrocinadora (sacado) fará pagamento diretamente às demais empresas (tomador), não entregando qualquer quantia ao patrocinado (sacador). Como forma de firmar compromisso entre as partes, o patrocinado saca ordem de pagamento em face da patrocinadora, para que ela arque com o custo junto às empresas contratadas. O art. 9º da LUG traz a definição do sacador, tido como garantidor tanto do aceite como do pagamento da letra. Desse modo, caso haja a negativa do aceite pelo sacado, opera-se o vencimento antecipado da cambial. Entretanto, esse vencimento antecipado depende da prova jurídica da negativa do aceite, o que se dá pelo protesto. Decreto 75.663, Art. 9º. O sacador é garante tanto da aceitação como do pagamento de letra. O sacador pode exonerar-se da garantia da aceitação; toda e qualquer cláusula pela qual ele se exonere da garantia do pagamento considera- se como não escrita. O sacador pode se exonerar da garantia do aceite, lançando no título uma cláusula não-aceitável, a qual, na verdade, não proíbe que o credor busque o aceite, mas evita o vencimento antecipado. No entanto, frisa-se que o sacador não pode em qualquer hipótese se desonerar da garantia do pagamento, na medida em que qualquer cláusula nesse sentido será considerada como não escrita. 2.1.1. Formas de Vencimento da Letra de Câmbio a. Letra à vista: com vencimento no dia da apresentação da letra ao sacado; por outro lado, não havendo indicação da época de vencimento no título, presume-se que o vencimento se dá à vista. A letra paga à vista se sujeita ao prazo de exibição ou apresentação de um ano da emissão do título, salvo estipulação em contrário. Diante da perda desse prazo, o tomador perde o direito de ação contra o sacador ou qualquer coobrigado indireto, podendo apenas demandar o sacado (devedor) se este aceitar. Vale observar que os endossantes são credores solidários do D. Empresarial Data: 16/12/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: RuaBuenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 4 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br título, o que passa a não prevalecer mais se superado o prazo de apresentação do título. b. Letra a certo termo da vista: o prazo de vencimento não corre a partir do momento do saque, mas a partir da vista, o que se dá quando da exibição do título ao sacado para aceite. Nesse sentido, se o sacado se recusar a fazer a vista expressamente, deve-se apresentar o título para protesto, que funcionará como prova da vista e como termo inicial para a contagem do prazo. Caso não tenha sido estabelecido qualquer prazo, o credor possui o prazo de exibição de um ano, a partir de quando se iniciará a contagem do prazo estipulado no título. A letra com pagamento à vista também se sujeita a esse prazo de um ano, mas as hipóteses não se confundem, pois, nesse segundo caso, ocorre o vencimento assim que exibida. A falta de exibição no prazo em referência traz a mesma consequência da letra à vista, não se podendo demandar o sacador ou qualquer coobrigado endossante. c. Letra a dia certo: com data precisa de vencimento. Exemplo: Vence em 16/12/11. Nesse caso, o credor pode buscar o aceite até a data de vencimento. Porém, se o aceite for negado dentro do prazo, opera-se o vencimento antecipado. d. Letra a certo termo de data: vencimento após certo lapso temporal, que começa a correr a partir da emissão, devendo-se fazer a contagem de prazo de acordo com o calendário e com as regras do Direito. Exemplo: Vence daqui a 20 dias. O credor deve buscar o aceite da letra a certo termo de data até o vencimento. A letra de câmbio deve ser apresentada para pagamento no dia do seu vencimento, mas, se este corresponder a dia não-útil, a apresentação deve ocorrer no dia útil subsequente. 2.2. Cheque O cheque é regido pela Lei 7.357/85 e também tem natureza jurídica de ordem de pagamento, motivo pelo qual contempla as mesmas figuras jurídicas da letra de câmbio: D. Empresarial Data: 16/12/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 5 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br Sacador Sacado Tomador a. Sacador: é o emitente do título e o devedor principal, o correntista. b. Tomador: quem recebe o cheque. c. Sacado: deve ser instituição financeira. Vale observar que banco é espécie de instituição financeira, tendo-se também a cooperativa de crédito. Exemplo: Aluno que se matricula no curso é sacador, enquanto o tomador é o curso em favor do qual é emitido o cheque, tendo-se como sacado o banco. O legislador define o cheque como ordem de pagamento à vista. Por outro lado, admite-se o cheque pré/pós-datado, com fonte nos costumes e na jurisprudência, na medida em que se veda a apresentação antecipada do cheque pelo credor, sob pena de cometimento de ato ilícito indenizável, consoante Súmula 370 do STJ. No entanto, deve ficar claro que, para o banco, o cheque consiste em ordem de pagamento à vista, não cometendo qualquer ilícito caso providencie seu pagamento na data em que o título lhe for apresentado. Súmula 370 do STJ - Caracteriza dano moral a apresentação antecipada de cheque pré-datado. O cheque não se sujeita a aceite, afinal o sacador é próprio devedor principal do título. Ressalte-se que os títulos de crédito que exigem aceite são aqueles emitidos por pessoa distinta do devedor principal. O prazo de exibição ou de apresentação do cheque é de 30 ou 60 dias, em se tratando de mesma praça de emissão e pagamento no primeiro caso ou de praças distintas no segundo caso, conforme art. 33 da Lei 7.357. Lei 7.357, Art. 33 O cheque deve ser apresentado para pagamento, a contar do dia da emissão, no prazo de 30 (trinta) dias, quando emitido no lugar onde houver de ser pago; e de 60 (sessenta) dias, quando emitido em outro lugar do País ou no exterior. Parágrafo único - Quando o cheque é emitido entre lugares com calendários diferentes, considera-se como de emissão o dia correspondente do calendário do lugar de pagamento. D. Empresarial Data: 16/12/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 6 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br Observe-se que praça de emissão consiste na municipalidade em que se passa o cheque, ao passo que praça de pagamento corresponde à municipalidade onde se localiza a agência do banco sacado. Observação: A exibição à câmara de compensação bancária, empresa privada responsável pela compensação bancária entre os bancos, utilizada a fim de evitar o deslocamento desnecessário do tomador, equivale à apresentação ao sacado. O prazo de exibição se inicia a partir da data constante no cheque, ainda que não corresponda à data em que de fato houve sua emissão. É inclusive de suma importância que conste no título essa data, a fim de se provar a apresentação antecipada do cheque pré/pós-datado. 2º Horário A perda do prazo de exibição do cheque acarreta a conservação da executoriedade apenas em face do emitente e de seus avalistas, não se podendo mais exigir o montante dos endossantes coobrigados indiretos e de seus avalistas, nos termos da Súmula 600 do STF. Frisa-se que se admite a cobrança de avalistas, mas apenas daqueles relacionados ao emitente e não aos endossantes. Súmula 600 do STF - Cabe ação executiva contra o emitente e seus avalistas, ainda que não apresentado o cheque ao sacado no prazo legal, desde que não prescrita a ação cambiária. Destaca-se que avalista é figura similar a do fiador, tendo a função de garantir o adimplemento do título. Observe-se que, durante o período de constância da CPMF (1996 a 2007), o cheque admitia apenas um endosso, sendo que, hoje, com sua supressão, passou-se a admitir a multiplicidade de endossos. Deve ficar claro ainda que só conserva a possibilidade de cobrança do título se este ainda não estiver fulminado pela prescrição. O prazo de prescrição do cheque é de 6 meses, a contar do fim do prazo de exibição, consoante art. 59 da Lei 7.357. Ou seja, da emissão conta-se 30 ou 60 dias (causa impeditiva do decurso do prazo), sendo que, a partir do seu término, conta-se o prazo de 6 meses. Lei 7.357, Art. 59 Prescrevem em 6 (seis) meses, contados da expiração do prazo de apresentação, a ação que o art. 47 desta Lei assegura ao portador. D. Empresarial Data: 16/12/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professorem sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 7 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br Parágrafo único - A ação de regresso de um obrigado ao pagamento do cheque contra outro prescreve em 6 (seis) meses, contados do dia em que o obrigado pagou o cheque ou do dia em que foi demandado. Porém, ainda que haja a prescrição, não se esvai a possibilidade de obter a quantia devida, tendo em vista que prescrição cambial limita-se à prescrição da pretensão executiva, não se podendo mais executar o crédito. Entretanto, admite-se a cobrança por meio de ação de locupletamento, também chamada de ação de enriquecimento sem causa, sujeita ao prazo prescricional de 2 anos, a contar da prescrição executiva (30 ou 60 dias + 6 meses). Segundo o STJ, essa ação tem natureza cambial e, portanto, não causal, não estando presa à causa originária. Por outro lado, a Súmula 299 do STJ determina que cabe ação monitória fundada em cheque prescrito, o que se sujeita ao prazo prescricional de 5 anos (art. 206, §5º, I do CC). Para tanto, basta documento escrito sem eficácia de título executivo, porém a defesa pode alegar causa originária, ao contrário do que se dá em ação de natureza cambial. Súmula 299 do STJ - É admissível a ação monitória fundada em cheque prescrito. CC, Art. 206. Prescreve: § 5o Em cinco anos: I - a pretensão de cobrança de dívidas líquidas constantes de instrumento público ou particular; Nos julgados mais recentes, o STJ entende, aparentemente de modo equivocado, que esse prazo de 5 anos da monitória só se inicia após o decurso do prazo de 2 anos para ajuizar ação de locupletamento, o que totalizaria aproximadamente 7 anos (30 ou 60 dias + 6 meses + 2 anos + 5 anos). Dessa forma, restaria ao autor duas opções, podendo optar por ajuizar ação de locupletamento ou ação monitória, ainda que o termo inicial desta ainda não tenha, de fato, se iniciado. Em construção interessante, há voto do Min. Salomão do STJ no sentido de que nada impede que a ação monitória seja ajuizada, mas nela cabe a discussão da causa originária, podendo-se alegar, por exemplo, a prescrição de direito do qual o título se originou, a fim de afastar o pagamento da quantia cobrada. Assim, tem-se a não causalidade apenas nos dois primeiros anos, sendo que nos 5 anos seguintes, pode-se alegar causa originária. Note-se que a jurisprudência atual é nesse sentido, embora ainda pareça estar sujeita a mudanças. Vide Informativo 483 do STJ. D. Empresarial Data: 16/12/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 8 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br Trata-se de REsp em que se discute a possibilidade de admitir ajuizamento de ação monitória embasada em cheque prescrito há mais de dois anos, sem menção à causa subjacente. A Turma deu provimento ao recurso ao entendimento de que, se o portador do cheque opta pela ação monitória, tal como no caso, o prazo prescricional será quinquenal, conforme disposto no art. 206, § 5º, I, do CC e não haverá necessidade de descrição da causa debendi. Registrou-se, todavia, que, em tal hipótese, nada impede que o requerido oponha embargos à monitória, discutindo o negócio jurídico subjacente, inclusive a sua eventual prescrição, pois o cheque, em decorrência do lapso temporal, já não mais ostenta os caracteres cambiários inerentes ao título de crédito. Precedentes citados:AgRg no REsp 873.879-SC, DJ 12/12/2007; REsp 1.038.104-SP, DJe 18/6/2009; AgRg no Ag 1.401.202-DF, DJe 16/8/2011; AgRg no Ag 965.195-SP, DJe 23/6/2008; AgRg no Ag 1.376.537-SC, DJe 30/3/2011; EDcl no AgRg no Ag 893.383-MG, DJe 17/12/2010; AgRg no Ag 1.153.022-SP, DJe 25/5/2011, e REsp 555.308-MG, DJ 19/11/2007. REsp 926.312-SP, Rel. Min. Luís Felipe Salomão, julgado em 20/9/2011. 2.3. Nota Promissória Como o próprio nome induz, esse título tem natureza de promessa de pagamento. Além do mais, é regida pelas normas que regem a letra de câmbio, ou seja, pelo Decreto 57.663 (LUG) e pelo Decerto 2.044. Na LUG, vem disciplinada apenas nos arts. 75 a 78, afinal aplicam-se à nota promissória, subsidiariamente, as normas da letra de câmbio. Têm-se duas figuras envolvidas: Sacador Tomador a. Sacador ou promitente ou subscritor: quem emite o título, sendo também devedor. b. Tomador: em favor de quem o título é emitido, sendo também credor. O sacado não se mostra presente, pois o saque é feito contra o próprio sacador. Tampouco a nota promissória exige aceite, afinal é emitida pelo próprio devedor principal. Segundo entendimento esboçado pela jurisprudência, o contrato de abertura de crédito (cheque especial) em conta corrente não é título de crédito, porque o extrato é produzido unilateralmente pelo banco, não havendo assinatura de título com certeza e liquidez, conforme Súmula 233 do STJ. Súmula 233 do STJ - O contrato de abertura de crédito, ainda que acompanhado de extrato da contracorrente, não é título executivo. D. Empresarial Data: 16/12/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 9 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br Todavia, a fim de possibilitar algum meio de cobrança da quantia, a Súmula 247 do STJ dispõe que cabe ação monitória para cobrar cheque especial, desde que vinculado o contrato ao extrato. Súmula 247 do STJ - O contrato de abertura de crédito em conta corrente, acompanhado do demonstrativo de débito, constitui documento hábil para o ajuizamento da ação monitória. Diante disso, os bancos passaram a exigir, para fornecer cheque especial, a assinatura de nota promissória em branco pelo correntista, a fim de possibilitar a cobrança por meio de execução judicial, meio muito mais célere. Então, o STJ determinou na Súmula 258 que a nota promissória vinculada a cheque especial não representa título executivo, por faltar a ela autonomia. Dessa forma, como está vinculada a contrato que não possui certeza e liquidez, a nota também não será dotada dessas características. Súmula 258 do STJ - A nota promissória vinculada a contrato de abertura de crédito não goza de autonomia em razão da iliquidez do título que a originou. Destaca-se que a Súmula 387 do STF deixa claro que a emissão da nota em branco não macula o título. O que retira a executoriedade nesse caso é a falta de liquidez do contrato, sendo admissível a execução de título vinculado a contrato dotado desseatributo, tal qual ocorre com o contrato de mútuo. Súmula 387 do STF - A cambial emitida ou aceita com omissões, ou em branco, pode ser completada pelo credor de boa-fé antes da cobrança ou do protesto. Todavia, vale observar que a confissão de dívida bancária é exequível mesmo que atrelada a cheque especial, nos termos da Súmula 300 do STJ. Súmula 300 do STJ - O instrumento de confissão de dívida, ainda que originário de contrato de abertura de crédito, constitui título executivo extrajudicial. Finalmente, tendo-se firmado a confissão de dívida, é possível discutir o contrato que lhe deu origem, como dispõe a Súmula 286 do STJ. Súmula 286 do STJ - A renegociação de contrato bancário ou a confissão da dívida não impede a possibilidade de discussão sobre eventuais ilegalidades dos contratos anteriores. 2.4. Cédula de Crédito Bancário1 1 Tem sido muito cobrado em provas recentes de concurso. D. Empresarial Data: 16/12/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 10 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br A cédula de crédito bancário (CCB) é regida pela Lei 10.431/04 e, subsidiariamente, pela LUG. Esse título também se trata de promessa de pagamento, motivo pelo qual envolve duas figuras: Sacador Tomador a. Sacador: devedor principal, cliente. b. Tomador ou pagador: credor, necessariamente, instituição financeira. Trata-se de título de origem causal, tendo em vista que só nasce de uma relação bancária, de um contrato bancário. Também é chamada de título de crédito impróprio ou cambiariforme, por ter forma, mas não essência cambial, ante a falta de abstração. A CCB admite endosso, porém este só pode ser em preto ou ao portador, aquele em que há a indicação em favor de quem é prestado. Além disso, admite-se cláusula de juros, sendo que as instituições financeiras não estão sujeitas aos limites impostos pela Lei de Usura (Súmula 596 do STF). Súmula 596 do STF - As disposições do Decreto 22.626 de 1933 não se aplicam às taxas de juros e aos outros encargos cobrados nas operações realizadas por instituições públicas ou privadas, que integram o sistema financeiro nacional. Observação: O endossatário está legitimado à cobrança da CCB com os juros sem limitação à Lei de Usura, mesmo não sendo instituição financeira, conforme art. 29, §1º da Lei 10.931. Lei 10.931, Art. 29, § 1o A Cédula de Crédito Bancário será transferível mediante endosso em preto, ao qual se aplicarão, no que couberem, as normas do direito cambiário, caso em que o endossatário, mesmo não sendo instituição financeira ou entidade a ela equiparada, poderá exercer todos os direitos por ela conferidos, inclusive cobrar os juros e demais encargos na forma pactuada na Cédula. Note-se que a CCB é considerada título executivo mesmo que vinculada a contrato de cheque especial, com base no art. 28, caput da Lei 10.931. Com a previsão legal em referência, se mostra inócuo o entendimento anterior esboçado pelo STJ, tendo em vista que os bancos deixaram de exigir a assinatura em nota promissória e passaram a exigi-la em CCB. Lei 10.931, Art. 28. A Cédula de Crédito Bancário é título executivo extrajudicial e representa dívida em dinheiro, certa, líquida e exigível, seja pela soma nela indicada, seja pelo saldo devedor demonstrado em planilha de cálculo, ou nos extratos da conta corrente, elaborados conforme previsto no § 2o. D. Empresarial Data: 16/12/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 11 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br 2.5. Duplicata Trata-se título regido pela Lei 5.474/68 e caracteriza-se como compromisso de pagamento, embora, para a banca CESGRANRIO, seja visto como ordem de pagamento, Primeiramente, de relevo observar que a duplicata é o único título de crédito genuinamente brasileiro. Além do mais, trata-se de título de crédito causal, também classificado como impróprio ou cambiariforme. Mas, diversamente da CCB, tem-se como causas da duplicata a compra e venda mercantil ou prestação de serviços. Ressalta-se que a emissão da duplicata depende necessariamente da emissão de um documento chamado fatura, sob pena de cometimento do crime de duplicata fria ou simulada (art. 172 do CP). CP, Art. 172 - Emitir fatura, duplicata ou nota de venda que não corresponda à mercadoria vendida, em quantidade ou qualidade, ou ao serviço prestado. (Redação dada pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990) Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990) Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrerá aquele que falsificar ou adulterar a escrituração do Livro de Registro de Duplicatas. (Incluído pela Lei nº 5.474. de 1968) Porém, caso não haja a intenção de emissão de duplicata, a emissão da fatura torna-se facultada quando o prazo de pagamento for inferior a 30 dias, conforme art. 1º da Lei 5.474. A contrario sensu, se o prazo for superior a 30 dias, ainda que não se pretenda emitir a duplicata, a emissão de fatura será obrigatória. Portanto, fala-se que é obrigatória a emissão da fatura e facultativa a emissão de duplicata. O objetivo de se sacar duplicata é a sua representação cambiária, o que permite a circulação do crédito através de endosso, bem como a obtenção de título de crédito. Têm-se duas figuras na duplicata: Sacador Sacado a. Sacador: credor (vendedor). b. Sacado: devedor (comprador), pois o título é emitido contra ele. D. Empresarial Data: 16/12/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 12 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br A duplicata depende do aceite, afinal o título não é emitido pelo devedor principal. Porém, o aceite na duplicata é obrigatório, afinal o sacado é o devedor do crédito e sujeitar-se à sua aceitação acabaria por dificultar a circulação do crédito. Por outro lado, admite-se a recusa de aceite, desde que motivada. Mas, se o sacado se recusar a dar aceite e a apresentar motivação, presume-se que o aceite foi dado, desde que haja prova de entrega da mercadoria (por canhoto), o que configura o chamado aceite tácito. Note-seque o aceite tácito depende necessariamente do protesto, conforme Súmula 248 do STJ. Súmula 248 do STJ - Comprovada a prestação dos serviços, a duplicata não aceita, mas protestada, é título hábil para instruir pedido de falência. Observe-se que o endosso pode ocorrer sem que se tenha o aceite lançado, mas, sem dúvidas, isso acarretará a desvalorização no mercado do título. Na medida em que na duplicata faz-se uma duplicação das informações contidas na fatura, caso a duplicata tenha sido extraviada ou retida, o credor pode emitir uma triplicata ou ainda fazer um protesto por indicação, o qual pode, inclusive, ser feito de forma virtual, bastando que se tenha canhoto de entrega da mercadoria. No Informativo 467 do STJ, admitiu-se a duplicata virtual, em nítida mitigação do princípio da cartularidade, na medida em que não se exige a remessa física da duplicata, ante a possibilidade de presunção do aceite. EXECUÇÃO. DUPLICATA VIRTUAL. BOLETO BANCÁRIO. As duplicatas virtuais – emitidas por meio magnético ou de geração eletrônica – podem ser protestadas por indicação (art. 13 da Lei n. 5.474/1968), não se exigindo, para o ajuizamento da execução judicial, a exibição do título. Logo, se o boleto bancário que serviu de indicativo para o protesto retratar fielmente os elementos da duplicata virtual, estiver acompanhado do comprovante de entrega das mercadorias ou da prestação dos serviços e não tiver seu aceite justificadamente recusado pelo sacado, poderá suprir a ausência física do título cambiário eletrônico e, em princípio, constituir título executivo extrajudicial. Assim, a Turma negou provimento ao recurso. REsp 1.024.691-PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 22/3/2011.
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