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07 Resumo Direito Empresarial - Aula 07 (08.02.2012)

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Direito Empresarial 
Data: 08.02.2012 
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula 
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros 
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 
 
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Assuntos tratados: 
1º Horário. 
 Recuperação e Falência de Empresas / Falência / Sujeito Passivo da Lei nº 
11.101/05 / Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista / Instituições 
do Sistema Financeiro Nacional / Leis Especiais Aplicáveis / Competência / Juízo 
Universal da Falência / Exceções ao Juízo Universal / Classificação e Ordem de 
Pagamento dos Credores na Falência / Créditos Concursais 
2º Horário. 
 Créditos Extraconcursais / Caracterização da Falência / Impontualidade / 
Execução Frustrada / Atos de Falência / Defesa do Devedor / Depósito Elisivo / 
Recuperação Judicial Incidental / Sentença de Falência / Recuperação de 
Empresa / Requisitos de Legitimidade / Créditos Sujeitos à Recuperação / 
Créditos Não Sujeitos à Recuperação 
 
E-mail do professor: pabloarruda@smga.com.br 
 
1º Horário 
 
1. Recuperação e Falência de Empresa 
A Lei nº 11.101/05 trata dos temas. 
 
1.1. Falência 
 
1.1.1. Sujeito Passivo da Lei nº 11.101/05 
 
1.1.1.1. Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista 
O art. 1º, Lei nº 11.101/05 dispõe que a lei se aplica ao empresário individual e 
à sociedade empresária, ou seja, apenas aos que exerçam atividade empresarial. 
Art. 1o Esta Lei disciplina a recuperação judicial, a recuperação extrajudicial e a 
falência do empresário e da sociedade empresária, doravante referidos 
simplesmente como devedor. 
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Exemplo: Às cooperativas, que são sempre sociedade simples, não se aplica a 
Lei de Falências. 
O art. 2º, I, Lei nº 11.101/05 fixa a sua não aplicação às empresas públicas e às 
sociedades de economia mista, tendo em vista que o Estado não se sujeita à falência e 
estas pessoas jurídicas são consideradas “braços” daquele. 
Art. 2o Esta Lei não se aplica a: 
I – empresa pública e sociedade de economia mista; 
Havia discussão sobre a suposta inconstitucionalidade do inciso I, art. 2º, Lei nº 
11.101/05, pois, segundo a CRFB, as empresas públicas e sociedades de economia 
mista são pessoas jurídicas de direito privado, mas essa problemática não tem mais 
sido muito apresentada em provas. 
Note-se que as concessionárias de serviços públicos não são excluídas da 
aplicação da Lei nº 11.101/05, visto que são empresas privadas, por mais que prestem 
serviços públicos. 
 
1.1.1.2. Instituições do Sistema Financeiro Nacional 
A Lei 11.101/05 também não se aplica às instituições financeiras, cooperativas 
de crédito, administradoras de consórcio, empresas de seguro, planos de saúde, 
capitalização e previdência complementar, figuras componentes do sistema financeiro 
nacional. A lógica do inciso II, art. 2º, Lei nº 11.101/05 é a proteção desse sistema. 
Art. 2o Esta Lei não se aplica a: 
II – instituição financeira pública ou privada, cooperativa de crédito, consórcio, 
entidade de previdência complementar, sociedade operadora de plano de 
assistência à saúde, sociedade seguradora, sociedade de capitalização e outras 
entidades legalmente equiparadas às anteriores. 
Com relação aos consórcios, não há que se confundir com os consórcios 
realizados com as S.A.s e o Poder Público, pois a legislação trata das administradoras 
de consórcio. 
 
1.1.1.2.1. Leis Especiais Aplicáveis 
As figuras que compõem o Sistema Financeiro Nacional, quando entram em 
crise, são regidas por leis especiais, como a Lei nº 6.024/74, o DL nº 73/66, a LC nº 
109/01 e o Decreto nº 2.321/87. 
Destaque-se que a Lei nº 6.024/74 aponta a existência de 3 regimes, quais 
sejam, a intervenção, a liquidação extrajudicial e a falência. 
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Com isto, por mais que a Lei nº 11.101/05 não se aplique às instituições do 
Sistema Financeiro Nacional, estas podem falir pelas legislações especiais, mas não são 
sujeitas à recuperação judicial. 
Repare-se, ainda, que as cooperativas, apesar de serem sociedades de natureza 
simples, podem ter a falência decretada se forem cooperativas de crédito, com base 
nas leis especiais. 
A falência das instituições em comento será decretada se o ativo não suportar, 
pelo menos, 50% do passivo quirografário ou se houver indícios da prática de crimes 
falimentares. Assim já decidiu o STJ pela desnecessidade da presença de ambos os 
requisitos para a decretação da falência. 
Tanto o interventor1, quanto o liquidante podem requerer a falência, fazendo 
com que não seja necessária a liquidação extrajudicial obrigatoriamente para o 
requerimento de quebra. 
 
1.1.2. Competência 
De acordo com o art. 3º, Lei nº 11.101/05, a competência é do juiz do principal 
estabelecimento do devedor, entendido como tal aquele onde o devedor concentra 
sua administração e realiza seus principais negócios, segundo o STJ. Isto ocorre porque 
é no estabelecimento principal em que os negócios fundamentais são realizados e 
onde se encontram os documentos a eles relacionados. 
Art. 3o É competente para homologar o plano de recuperação extrajudicial, deferir 
a recuperação judicial ou decretar a falência o juízo do local do principal 
estabelecimento do devedor ou da filial de empresa que tenha sede fora do Brasil. 
Exemplo: Uma pessoa possui indústria no interior da Bahia, mas monta 
escritório na capital, sendo o principal estabelecimento o último, apesar de a sede 
continuar no interior. 
Na V Jornada de Direito Civil, o CJF aprovou enunciado no sentido de que 
principal estabelecimento é o local do qual são emanadas as decisões da companhia, 
confundindo os atos executivos da administração com os atos decisórios. No entanto, 
este entendimento pode ser adotado em questões de prova da banca CESPE, 
desconsiderando-se o entendimento do STJ. 
Com relação à empresa com domicílio no exterior, a competência para 
decretação de falência ou homologação/deferimento da recuperação é a do juízo em 
que se instaura a filial no Brasil.1
 O interventor pode ser do BACEN, da SUSEP, ou de demais agências reguladoras, a depender do caso. 
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1.1.3. Juízo Universal da Falência 
A leitura do tema deve se dar com base nos arts. 76 c/c 6º, caput e parágrafos 
1º e 2º, ambos da Lei nº 11.101/05 c/c 187, CTN, nesta ordem, a fim de se facilitar a 
compreensão. 
Lei 11.101/05, Art. 76. O juízo da falência é indivisível e competente para conhecer 
todas as ações sobre bens, interesses e negócios do falido, ressalvadas as causas 
trabalhistas, fiscais e aquelas não reguladas nesta Lei em que o falido figurar 
como autor ou litisconsorte ativo. 
 
Art. 6o A decretação da falência ou o deferimento do processamento da 
recuperação judicial suspende o curso da prescrição e de todas as ações e 
execuções em face do devedor, inclusive aquelas dos credores particulares do 
sócio solidário. 
§ 1o Terá prosseguimento no juízo no qual estiver se processando a ação que 
demandar quantia ilíquida. 
§ 2o É permitido pleitear, perante o administrador judicial, habilitação, exclusão 
ou modificação de créditos derivados da relação de trabalho, mas as ações de 
natureza trabalhista, inclusive as impugnações a que se refere o art. 8o desta Lei, 
serão processadas perante a justiça especializada até a apuração do respectivo 
crédito, que será inscrito no quadro-geral de credores pelo valor determinado em 
sentença. 
 
CTN, Art. 187. A cobrança judicial do crédito tributário não é sujeita a concurso de 
credores ou habilitação em falência, recuperação judicial, concordata, inventário 
ou arrolamento. (Redação dada pela Lcp nº 118, de 2005) 
Parágrafo único. O concurso de preferência somente se verifica entre pessoas 
jurídicas de direito público, na seguinte ordem: 
I - União; 
II - Estados, Distrito Federal e Territórios, conjuntamente e pró rata; 
III - Municípios, conjuntamente e pró rata. 
Juízo universal é a vis atrativa2 exercida pelo juízo que decreta a falência sobre 
as ações de interesses da massa falida. 
Note-se que o que leva ao juízo universal é o par conditio creditorium, ou seja, a 
igualdade entre os credores para o recebimento dos créditos. Em razão disto, o juízo 
que decreta a falência passa a ter competência universal para processar e julgar as 
ações de interesse da massa, pelo Princípio da Indivisibilidade. 
 
2
 A vis atrativa só se dá na decretação de falência e não nos casos de recuperação judicial. 
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1.1.3.1. Exceções ao Juízo Universal 
a) demandas em que a massa falida é autora: quando a massa propõe ação 
para buscar seus próprios créditos, como seus credores não são afetados, excepciona-
se o juízo de falência. 
b) demandas ajuizadas antes da falência em que são demandadas quantias 
ilíquidas: nestes casos, discute-se a existência de um direito e o seu quantum 
(demanda em processo de conhecimento), não acarretando risco de expropriação. 
Todavia, se a demanda estiver em fase de execução (líquida), caberá ao credor 
proceder à habilitação, pois a competência passa a ser do juízo falimentar. 
Note-se, ainda, que se a demanda for proposta posteriormente à falência, 
deverá ser proposta no juízo universal. 
c) ação reclamatória trabalhista: toda matéria de conhecimento trabalhista é 
da competência da Justiça do Trabalho, mas a satisfação do crédito liquidado dar-se-á 
perante o juízo universal. 
Neste caso, não há qualquer distinção entre a propositura antes ou após o 
decreto de falência, pois só a Justiça do Trabalho será competente para processar e 
julgar reclamações dessa natureza. Somente após a sentença líquida é que a 
competência passa ao juízo universal. 
d) Execução fiscal: o CTN impõe que a cobrança judicial do crédito tributário 
não é sujeita a concurso de credores, sujeição esta processual. 
A ordem de pagamento de credores tem natureza material, como decidido pelo 
STJ no Informativo nº 489. Desta forma, a via processual para haver o crédito tributário 
é a execução fiscal, sendo o crédito em si sujeito a concurso de credores, estando na 
ordem de pagamento dos credores concursais. 
STJ, Informativo nº 489. DIREITO INTERTEMPORAL. CRÉDITO TRIBUTÁRIO. NOVA 
CLASSIFICAÇÃO. FALÊNCIAS EM CURSO. 
Como consabido, a Lei n. 11.101/2005 e a LC n. 118/2005 alteraram sensivelmente 
a classificação dos créditos tributários na falência, deixando eles de ocupar 
posição privilegiada em relação aos créditos com garantia real. Assim, no caso dos 
autos, a quaestio juris cinge-se à seguinte questão de direito intertemporal: no 
que tange à classificação dos créditos na falência, aplica-se o art. 186 do CTN 
(alterado pela LC n. 118/2005) a falências decretadas sob a égide da anterior Lei 
de Falências (DL n. 7.661/1945)? O tribunal a quo reconheceu a natureza 
processual da alteração do codex tributário, fazendo aplicá-la de imediato às 
falências já em curso. Nesse contexto, a Turma entendeu que o marco para 
incidência da Lei n. 11.101/2005 é a data da decretação da falência, ou seja, da 
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constituição da sociedade empresária como falida. Consignou-se que a lei em 
comento (art. 192) deixa claro que, constituída a situação de falido antes da 
vigência do novo estatuto legal a disciplinar a falência, as normas que regerão o 
concurso serão aquelas constantes no DL n. 7.661/1945. Assim, visto que, no 
decreto em questão, o crédito tributário tem prevalência, sendo privilegiado em 
relação ao crédito com garantia real, não há falar em satisfazerem-se os credores 
com referidas garantias, antes de se esgotarem os créditos tributários. Ademais, 
destacou-se a natureza material contida na alteração do privilégio de 
pagamento do crédito tributário, ou seja, na ordem de classificação dos créditos 
na falência (novel redação do art. 186 doCTN, alterado pela LC n. 118/2005). 
Dessa forma, não há confundir a norma que disciplina o privilégio dos créditos, ou 
seja, que lhes agrega certa prerrogativa em face de outros, com norma 
procedimental, cuja aplicação alcança os processos em andamento. Dessarte, com 
essas, entre outras considerações, a Turma, prosseguindo o julgamento, deu 
provimento ao recurso, declarando aplicável o DL n. 7.661/1945 no que tange à 
classificação dos créditos na falência, inclusive dos créditos fiscais. REsp 
1.096.674-MG, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 13/12/2011. 
Segundo o STJ, o art. 187, CTN não proíbe a habilitação da Fazenda Pública no 
juízo falimentar, representando faculdade de habilitação. Caso habilite-se, “abre mão” 
da execução fiscal. 
A Execução fiscal não dá qualquer privilégio de pagamento, mesmo quando 
nela já houver bem penhorado antes da falência, conforme entendimento do STJ, 
consolidado desde 2008. Não se aplica, pois, a súmula nº 44, TFR, por ferir o par 
conditio creditorium. 
TFR, Súmula 44. Ajuizada a execução fiscal anteriormente à falência, com penhora 
realizada antes desta, não ficam os bens penhorados sujeitos a arrecadação no 
Juízo falimentar; proposta a execução fiscal contra a massa falida, a penhora far-
se-á no rosto dos autos do processo da quebra, citando-se o síndico. 
Com isto, na verdade, não adianta que a Fazenda possa manter a execução 
fiscal em curso, pois a penhora terá que ser realizada no rosto dos autos da falência, 
fazendo com que a sua satisfação dependa da satisfação dos credores mais 
privilegiados em sede falimentar. 
Ademais, a habilitação da Fazenda Pública pode ser, inclusive, de valores que 
não seriam exequíveis, pois diminutos, considerando-se que a execução independente 
só pode ser proposta no caso de dívidas tributárias acima de R$ 10 mil, evitando-se a 
movimentação indevida da máquina judiciária. 
A despeito do STJ entender que a Fazenda Pública pode habilitar-se no juízo 
universal, esta não pode requerer falência. 
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Observação: A sentença de falência determina a suspensão das ações que 
correm contra a massa falida, o que não alcança as ações não atingidas pelo juízo 
universal. O mesmo se aplica no caso do deferimento do processamento da 
recuperação judicial. 
 
1.1.4. Classificação e Ordem de Pagamento dos Credores na Falência3 
 
1.1.4.1. Créditos Concursais (art. 83, Lei nº 11.101/05) 
Art. 83. A classificação dos créditos na falência obedece à seguinte ordem: 
I – os créditos derivados da legislação do trabalho, limitados a 150 (cento e 
cinquenta) salários-mínimos por credor, e os decorrentes de acidentes de trabalho; 
II - créditos com garantia real até o limite do valor do bem gravado; 
III – créditos tributários, independentemente da sua natureza e tempo de 
constituição, excetuadas as multas tributárias; 
IV – créditos com privilégio especial, a saber: 
a) os previstos no art. 964 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002; 
b) os assim definidos em outras leis civis e comerciais, salvo disposição contrária 
desta Lei; 
c) aqueles a cujos titulares a lei confira o direito de retenção sobre a coisa dada 
em garantia; 
V – créditos com privilégio geral, a saber: 
a) os previstos no art. 965 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002; 
b) os previstos no parágrafo único do art. 67 desta Lei; 
c) os assim definidos em outras leis civis e comerciais, salvo disposição contrária 
desta Lei; 
VI – créditos quirografários, a saber: 
a) aqueles não previstos nos demais incisos deste artigo; 
b) os saldos dos créditos não cobertos pelo produto da alienação dos bens 
vinculados ao seu pagamento; 
c) os saldos dos créditos derivados da legislação do trabalho que excederem o 
limite estabelecido no inciso I do caput deste artigo; 
VII – as multas contratuais e as penas pecuniárias por infração das leis penais ou 
administrativas, inclusive as multas tributárias; 
VIII – créditos subordinados, a saber: 
a) os assim previstos em lei ou em contrato; 
b) os créditos dos sócios e dos administradores sem vínculo empregatício. 
 
3
 Na recuperação judicial a ordem de pagamento é convencional e não legal. 
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Inciso VI) Credor Quirografário: é o credor comum, que não tem privilégio, 
nem garantia. Quirografário significa estar nas mãos do devedor por não ter privilégio 
ou garantia. 
Desta forma, todos os credores constantes dos incisos anteriores (I a V) são 
privilegiados ou possuem garantia. Esta verticalidade de preferência respeita a 
isonomia, mas não havendo bens suficientes para satisfazer uma classe horizontal, 
haverá o rateio proporcional do patrimônio da massa. 
Inciso I) Crédito Trabalhista: a lei impõe o limite de 150 salários mínimos por 
empregado, ou seja, o excedente transmuda em crédito quirografário. 
O STF se manifestou, na ADI 3.934, pela constitucionalidade do limite 
legalmente estabelecido, por fomentar o recebimento pelos demais credores, 
fomentando a atividade econômica, o que é benéfico para o próprio empregado. 
EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. ARTIGOS 60, PARÁGRAFO 
ÚNICO, 83, I E IV, c, E 141, II, DA LEI 11.101/2005. FALÊNCIA E RECUPERAÇÃO 
JUDICIAL. INEXISTÊNCIA DE OFENSA AOS ARTIGOS 1º, III E IV, 6º, 7º, I, E 170, DA 
CONSTITUIÇÃO FEDERAL de 1988. ADI JULGADA IMPROCEDENTE. I - Inexiste 
reserva constitucional de lei complementar para a execução dos créditos 
trabalhistas decorrente de falência ou recuperação judicial. II - Não há, também, 
inconstitucionalidade quanto à ausência de sucessão de créditos trabalhistas. III - 
Igualmente não existe ofensa à Constituição no tocante ao limite de conversão 
de créditos trabalhistas em quirografários. IV - Diploma legal que objetiva 
prestigiar a função social da empresa e assegurar, tanto quanto possível, a 
preservação dos postos de trabalho. V - Ação direta julgada improcedente. 
(ADI 3934, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Tribunal Pleno, julgado em 
27/05/2009, DJe-208 DIVULG 05-11-2009 PUBLIC 06-11-2009 EMENT VOL-02381-
02 PP-00374 RTJ VOL-00216- PP-00227) 
No entanto, é importante destacar que os créditos decorrentes de acidente de 
trabalho não se submetem ao limite de 150 salários mínimos. 
Observação: Pelo art. 83, parágrafo 4º, Lei nº 11.101/05, havendo cessão de 
crédito trabalhista na falência, o cessionário se torna credor quirografário. Isto se dá 
para evitarespeculações sobre o crédito de natureza trabalhista. Note-se que qualquer 
outro crédito cedido conservará sua exata natureza, como manda o direito civil. 
Art. 83, § 4o Os créditos trabalhistas cedidos a terceiros serão considerados 
quirografários. 
Inciso II) Credor com Garantia Real: garantia real é aquela instituída sobre a 
coisa, como, por exemplo, a hipoteca, o penhor e a anticrese. Porém, o privilégio fica 
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limitado ao valor apurado com a venda do bem em garantia (valor do bem gravado) e 
o excesso transforma-se em crédito quirografário. 
Inciso III) Crédito Tributário4: Atenção, pois as multas não gozam de privilégio, 
qualquer que seja a sua natureza (tributária, administrativa, penal etc), sendo 
recebidas após os créditos quirografários (inciso VII), ou seja, tratam-se de crédito 
subquirografário. 
Desta forma, as súmulas 192 e 565, STF não possuem mais aplicabilidade, pois 
fixavam que a multa não seria exigível em falência, o que atualmente, sem qualquer 
dúvida, é possível. 
STF, Súmula nº 192. Não se inclui no crédito habilitado em falência a multa fiscal 
com efeito de pena administrativa. 
 
STF, Súmula nº 565. A multa fiscal moratória constitui pena administrativa, não se 
incluindo no crédito habilitado em falência. 
O art. 187, parágrafo único, CTN prevê que a União tem preferência sobre os 
Estados e o DF, enquanto estes preferem em relação aos Municípios no recebimento 
dos créditos tributários, não havendo isonomia horizontal dentro do inciso III. 
Art. 187, Parágrafo único. O concurso de preferência somente se verifica entre 
pessoas jurídicas de direito público, na seguinte ordem: 
I - União; 
II - Estados, Distrito Federal e Territórios, conjuntamente e pró rata; 
III - Municípios, conjuntamente e pró rata. 
Inciso IV) Créditos Privilegiados Especiais: o CC/02, no art. 964, reúne grande 
parte desses créditos, como por exemplo, o obtido por quem tem direito de retenção 
(exemplo: locatário tem direito às benfeitorias necessárias, podendo reter a coisa 
enquanto não houver pagamento). 
Art. 964. Têm privilégio especial: 
I - sobre a coisa arrecadada e liquidada, o credor de custas e despesas judiciais 
feitas com a arrecadação e liquidação; 
II - sobre a coisa salvada, o credor por despesas de salvamento; 
III - sobre a coisa beneficiada, o credor por benfeitorias necessárias ou úteis; 
IV - sobre os prédios rústicos ou urbanos, fábricas, oficinas, ou quaisquer outras 
construções, o credor de materiais, dinheiro, ou serviços para a sua edificação, 
reconstrução, ou melhoramento; 
V - sobre os frutos agrícolas, o credor por sementes, instrumentos e serviços à 
cultura, ou à colheita; 
 
4
 A LC nº 118/05 alterou o art. 186, CTN, permitindo essa nova classificação de ordem dada pela Lei nº 
11.101/05. 
 Direito Empresarial 
Data: 08.02.2012 
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula 
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros 
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 
 
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VI - sobre as alfaias e utensílios de uso doméstico, nos prédios rústicos ou urbanos, 
o credor de aluguéis, quanto às prestações do ano corrente e do anterior; 
VII - sobre os exemplares da obra existente na massa do editor, o autor dela, ou 
seus legítimos representantes, pelo crédito fundado contra aquele no contrato da 
edição; 
VIII - sobre o produto da colheita, para a qual houver concorrido com o seu 
trabalho, e precipuamente a quaisquer outros créditos, ainda que reais, o 
trabalhador agrícola, quanto à dívida dos seus salários. 
Outro caso que merece destaque é o de fornecedor de material de construção, 
que goza de privilégio especial sobre a coisa construída. 
Inciso V) Créditos Privilegiados Gerais: o art. 965, CC/02 arrola algumas das 
hipóteses em que há esse tipo de crédito. Um exemplo é o das despesas funerárias. 
Art. 965. Goza de privilégio geral, na ordem seguinte, sobre os bens do devedor: 
I - o crédito por despesa de seu funeral, feito segundo a condição do morto e o 
costume do lugar; 
II - o crédito por custas judiciais, ou por despesas com a arrecadação e liquidação 
da massa; 
III - o crédito por despesas com o luto do cônjuge sobrevivo e dos filhos do devedor 
falecido, se foram moderadas; 
IV - o crédito por despesas com a doença de que faleceu o devedor, no semestre 
anterior à sua morte; 
V - o crédito pelos gastos necessários à mantença do devedor falecido e sua 
família, no trimestre anterior ao falecimento; 
VI - o crédito pelos impostos devidos à Fazenda Pública, no ano corrente e no 
anterior; 
VII - o crédito pelos salários dos empregados do serviço doméstico do devedor, nos 
seus derradeiros seis meses de vida; 
VIII - os demais créditos de privilégio geral. 
Neste contexto, com relação aos honorários (art. 24, EOAB), há divergência no 
STJ. A Quarta Turma entende que, como a lei não prevê expressamente o tipo de 
crédito, ele é considerado quirografário. No entanto, a Terceira Turma entende ser 
crédito trabalhista. 
Art. 24. A decisão judicial que fixar ou arbitrar honorários e o contrato escrito que 
os estipular são títulos executivos e constituem crédito privilegiado na falência, 
concordata, concurso de credores, insolvência civil e liquidação extrajudicial. 
Note-se que debêntures com garantia flutuante são consideradas créditos com 
privilégios gerais (art. 58, parágrafo 1º, Lei nº 6.404/76). 
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Art. 58, § 1º A garantia flutuante assegura à debênture privilégio geral sobre o 
ativo da companhia, mas não impede a negociação dos bens que compõem esse 
ativo. 
Inciso VII) Multas: vide observações feitas nos comentários ao inciso III. 
Inciso VIII) Créditos Subordinados e dos sócios 
 
2º Horário 
 
1.1.4.2. Créditos Extraconcursais 
As despesas da massa falida (incluindo as obrigações contraídas durante a 
falência e os tributos com fato gerador pós-falência) e também as obrigações 
contraídas durante a recuperaçãoconstituem crédito extraconcursal, com pagamento 
precedente aos concursais. 
O art. 84, Lei nº 11.101/05 traz os créditos extraconcursais, na seguinte ordem: 
Art. 84. Serão considerados créditos extraconcursais e serão pagos com 
precedência sobre os mencionados no art. 83 desta Lei, na ordem a seguir, os 
relativos a: 
I – remunerações devidas ao administrador judicial e seus auxiliares, e créditos 
derivados da legislação do trabalho ou decorrentes de acidentes de trabalho 
relativos a serviços prestados após a decretação da falência; 
II – quantias fornecidas à massa pelos credores; 
III – despesas com arrecadação, administração, realização do ativo e distribuição 
do seu produto, bem como custas do processo de falência; 
IV – custas judiciais relativas às ações e execuções em que a massa falida tenha 
sido vencida; 
V – obrigações resultantes de atos jurídicos válidos praticados durante a 
recuperação judicial, nos termos do art. 67 desta Lei, ou após a decretação da 
falência, e tributos relativos a fatos geradores ocorridos após a decretação da 
falência, respeitada a ordem estabelecida no art. 83 desta Lei. 
Inciso I) Administrador judicial, seus Auxiliares e Empregados da Massa: estes 
últimos são aqueles que trabalham na massa quando decretada a continuidade da 
empresa. 
O administrador judicial (art. 21 e seguintes, Lei nº 11.101/05) é qualquer 
pessoa nomeada pelo juízo, preferencialmente advogado, contador, economista ou 
administrador de empresa. Desta forma, é possível que outras pessoas que não 
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possuam estas qualidades profissionais sejam nomeadas, assim como pessoa jurídica 
especializada. 
Art. 21. O administrador judicial será profissional idôneo, preferencialmente 
advogado, economista, administrador de empresas ou contador, ou pessoa 
jurídica especializada. 
Parágrafo único. Se o administrador judicial nomeado for pessoa jurídica, 
declarar-se-á, no termo de que trata o art. 33 desta Lei, o nome de profissional 
responsável pela condução do processo de falência ou de recuperação judicial, que 
não poderá ser substituído sem autorização do juiz. 
Como quem nomeia o administrador é o magistrado, somente ele o destitui, 
não sendo possível que a Assembléia Geral de Credores decida neste sentido. 
O administrador recebe pelo seu trabalho, sendo pago pela massa falida, com 
remuneração fixada pelo juízo, respeitado o limite de 5% do passivo da empresa. 
Inciso II) Credor Mutuante da Massa: neste caso, apenas o mutuante credor é 
crédito extraconcursal. 
Inciso III) Despesas com Realização do Ativo: são as despesas da massa. 
Inciso IV) Custas da Massa: as custas em comento são relativas às ações 
judiciais julgadas após a decretação da falência. 
Inciso V) Obrigações contraídas durante a Falência e a Recuperação Judicial 
eventualmente convolada, bem como Tributos da Massa: os tributos, no caso, são 
aqueles devidos apenas após a falência cujo fato gerador ocorre após a sua 
decretação. Deve-se pensar que a lógica dos créditos extraconcursais é a quitação de 
dívidas advindas da massa. 
Observe-se que o tributo com fato gerador ocorrido durante a falência não é 
extraconcursal, apesar de as obrigações contraídas durante a falência ou a 
recuperação serem créditos extraconcursais. 
Ressalte-se que os créditos do inciso V, art. 84, Lei nº 11.101/05 têm que 
respeitar a ordem do art. 83. 
 
1.1.5. Caracterização da Falência 
A falência se caracteriza pela insolvência presumida ou jurídica e não a contábil. 
A Lei nº 11.101/05 traz três hipóteses de presunção de insolvência em seu art. 
94. 
Art. 94. Será decretada a falência do devedor que: 
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I – sem relevante razão de direito, não paga, no vencimento, obrigação líquida 
materializada em título ou títulos executivos protestados cuja soma ultrapasse o 
equivalente a 40 (quarenta) salários-mínimos na data do pedido de falência; 
II – executado por qualquer quantia líquida, não paga, não deposita e não nomeia 
à penhora bens suficientes dentro do prazo legal; 
III – pratica qualquer dos seguintes atos, exceto se fizer parte de plano de 
recuperação judicial: 
a) procede à liquidação precipitada de seus ativos ou lança mão de meio ruinoso 
ou fraudulento para realizar pagamentos; 
b) realiza ou, por atos inequívocos, tenta realizar, com o objetivo de retardar 
pagamentos ou fraudar credores, negócio simulado ou alienação de parte ou da 
totalidade de seu ativo a terceiro, credor ou não; 
c) transfere estabelecimento a terceiro, credor ou não, sem o consentimento de 
todos os credores e sem ficar com bens suficientes para solver seu passivo; 
d) simula a transferência de seu principal estabelecimento com o objetivo de 
burlar a legislação ou a fiscalização ou para prejudicar credor; 
e) dá ou reforça garantia a credor por dívida contraída anteriormente sem ficar 
com bens livres e desembaraçados suficientes para saldar seu passivo; 
f) ausenta-se sem deixar representante habilitado e com recursos suficientes para 
pagar os credores, abandona estabelecimento ou tenta ocultar-se de seu 
domicílio, do local de sua sede ou de seu principal estabelecimento; 
g) deixa de cumprir, no prazo estabelecido, obrigação assumida no plano de 
recuperação judicial. 
 
1.1.5.1. Impontualidade 
Caracteriza-se pelo não pagamento imotivado de obrigação documentada em 
título (s) protestado (s) para fim falimentar, com valor superior a 40 salários mínimos 
(admitindo-se litisconsórcio), assim computados ao tempo do pedido. 
É necessário, pois, que haja título com força executiva (líquido, certo e exigível), 
não significando que seja apenas título de crédito, devendo-se fazer remissão nesta 
hipótese aos arts. 585 e 586, CPC. 
Art. 585. São títulos executivos extrajudiciais: (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 
1º.10.1973) 
I - a letra de câmbio, a nota promissória, a duplicata, a debênture e o cheque; 
(Redação dada pela Lei nº 8.953, de 13.12.1994) 
II - a escritura pública ou outro documento público assinado pelo devedor; o 
documento particular assinado pelo devedor e por duas testemunhas; o 
instrumento de transação referendado pelo Ministério Público, pela Defensoria 
Pública ou pelos advogados dos transatores;(Redação dada pela Lei nº 8.953, de 
13.12.1994) 
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III - os contratos garantidos por hipoteca, penhor, anticrese e caução, bem como 
os de seguro de vida; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006). 
IV - o crédito decorrente de foro e laudêmio; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 
2006). 
V - o crédito, documentalmente comprovado, decorrente de aluguel de imóvel, 
bem como de encargos acessórios, tais como taxas e despesas de condomínio; 
(Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006). 
VI - o crédito de serventuário de justiça, de perito, de intérprete, ou de tradutor, 
quando as custas, emolumentos ou honorários forem aprovados por decisão 
judicial; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006). 
VII - a certidão de dívida ativa da Fazenda Pública da União, dos Estados, do 
Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios, correspondente aos créditos 
inscritos na forma da lei; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006). 
VIII - todos os demais títulos a que, por disposição expressa, a lei atribuir força 
executiva. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006). 
§ 1o A propositura de qualquer ação relativa ao débito constante do título 
executivo não inibe o credor de promover-lhe a execução. (Redação dada pela Lei 
nº 8.953, de 13.12.1994) 
§ 2o Não dependem de homologação pelo Supremo Tribunal Federal, para serem 
executados, os títulos executivos extrajudiciais, oriundos de país estrangeiro. O 
título, para ter eficácia executiva, há de satisfazer aos requisitos de formação 
exigidos pela lei do lugar de sua celebração e indicar o Brasil como o lugar de 
cumprimento da obrigação. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973) 
 
Art. 586. A execução para cobrança de crédito fundar-se-á sempre em título de 
obrigação certa, líquida e exigível. (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006). 
§ 1o (Revogado pela Lei nº 11.382, de 2006) 
§ 2o (Revogado pela Lei nº 11.382, de 2006) 
Ademais, é imperioso que o título seja protestado para fim falimentar, não 
servindo o protesto cambiário, apesar de ser o que a doutrina prega (Vide súmula nº 
361, STJ). 
STJ, Súmula nº 361. A notificação do protesto, para requerimento de falência da 
empresa devedora, exige a identificação da pessoa que a recebeu. 
Ressalte-se, ainda, que o crédito tem que ser superior a 40 salários mínimos, 
não bastando que seja igual a esta quantia, devendo ser considerado o valor no 
momento do ajuizamento da ação, não importando o existente quando da 
constituição. Com isto, é possível que o crédito seja inferior em momento anterior 
(crédito constituído), mas seja superior a 40 salários mínimos quando do ajuizamento. 
Observação: A súmula 248, STJ fixa que a duplicata sem aceite, mas protestada 
e acompanhada da prova da entrega é documento hábil ao pedido de falência. Esta 
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disposição passou a ser ainda mais útil quando do aceite da duplicata virtual como 
título de crédito pelo STJ. 
STJ, Súmula nº 248. Comprovada a prestação dos serviços, a duplicata não aceita, 
mas protestada, é título hábil para instruir pedido de falência. 
 
1.1.5.2. Execução Frustrada 
O CPC, atualmente, distingue execução de sentença e de título executivo 
extrajudicial, sendo que neste último caso o devedor será citado para pagar o débito 
em 3 dias, enquanto no primeiro caso será intimado para pagar em 15 dias. 
Independentemente da forma, o devedor chamado à execução que não realiza o 
pagamento, nem depósito ou nomeia bens à penhora tem a insolvência presumida. 
A inércia do devedor, desta forma, caracteriza a sua insolvência. 
Importante destacar que não há exigência de protesto ou limite mínimo de 
valor para a realização deste pedido, sendo a instrução do requerimento feita 
mediante certidão do juízo da execução. 
 
1.1.5.3. Atos de Falência 
Diferentemente das hipóteses anteriores, o quadro não é de não pagamento, 
mas a prática de determinados atos que fazem presumir que o devedor é insolvente. 
O inciso III, art. 94, Lei nº 11.101/05 traz rol exaustivo de atos praticados que 
caracterizam insolvência. 
Art. 94. Será decretada a falência do devedor que: 
III – pratica qualquer dos seguintes atos, exceto se fizer parte de plano de 
recuperação judicial: 
a) procede à liquidação precipitada de seus ativos ou lança mão de meio ruinoso 
ou fraudulento para realizar pagamentos; 
b) realiza ou, por atos inequívocos, tenta realizar, com o objetivo de retardar 
pagamentos ou fraudar credores, negócio simulado ou alienação de parte ou da 
totalidade de seu ativo a terceiro, credor ou não; 
c) transfere estabelecimento a terceiro, credor ou não, sem o consentimento de 
todos os credores e sem ficar com bens suficientes para solver seu passivo; 
d) simula a transferência de seu principal estabelecimento com o objetivo de 
burlar a legislação ou a fiscalização ou para prejudicar credor; 
e) dá ou reforça garantia a credor por dívida contraída anteriormente sem ficar 
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f) ausenta-se sem deixar representante habilitado e com recursos suficientes para 
pagar os credores, abandona estabelecimento ou tenta ocultar-se de seu 
domicílio, do local de sua sede ou de seu principal estabelecimento; 
g) deixa de cumprir, no prazo estabelecido, obrigação assumida no plano de 
recuperação judicial. 
 
1.1.6. Defesa do Devedor 
O devedor deve contestar o pedido no prazo de 10 dias, como manda o art. 98, 
caput, Lei nº 11.101/05. 
Art. 98. Citado, o devedor poderá apresentar contestação no prazo de 10 (dez) 
dias. 
 
1.1.6.1. Depósito Elisivo 
Se o devedor, no mesmo prazo da contestação, oferecer depósito elisivo, obsta 
a presunção de insolvência. Nesta hipótese, não poderá ser decretada a falência, pois 
o depósito elisivo tem efeito impeditivo (art. 98, parágrafo único, Lei nº 11.101/05). 
Art. 98, Parágrafo único. Nos pedidos baseados nos incisos I e II do caput do art. 
94 desta Lei, o devedor poderá, no prazoda contestação, depositar o valor 
correspondente ao total do crédito, acrescido de correção monetária, juros e 
honorários advocatícios, hipótese em que a falência não será decretada e, caso 
julgado procedente o pedido de falência, o juiz ordenará o levantamento do valor 
pelo autor. 
Note-se que não é cabível depósito elisivo em caso de ato de falência, mas 
apenas nos casos de execução frustrada ou impontualidade, visto que no primeiro caso 
a caracterização é a prática do ato, não sendo possível que o dinheiro obste a falência. 
Importante destacar que o depósito elisivo não tem natureza de pagamento, 
mas de caução, garantia judicial. Isto porque o devedor não confessa a obrigação, o 
que permite a contestação. 
Ademais, o depósito elisivo não é conditio à contestação, mas, quando feito, 
seu valor deve ser integral, ou seja, acrescido de todos os seus acessórios, inclusive a 
sucumbência. 
 
1.1.7. Recuperação Judicial Incidental 
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O art. 95, Lei nº 11.101/05 prevê a possibilidade de o devedor propor sua 
recuperação judicial no prazo para contestação em falência, sendo ação de 
recuperação judicial incidental. 
Art. 95. Dentro do prazo de contestação, o devedor poderá pleitear sua 
recuperação judicial. 
Neste caso, o efeito da recuperação judicial incidental é suspensivo com 
relação à falência. 
 
1.1.8. Sentença de Falência 
A sentença de falência possui natureza constitutiva, não obstante a existência 
de efeitos declaratórios, pois constitui nova situação jurídica, qual seja, a massa falida. 
O recurso cabível da sentença de falência é o agravo de instrumento, visto que 
a sentença tem força interlocutória, por encerrar a fase de constituição para iniciar a 
fase de execução. Repare-se que somente a partir de 2006 é que o agravo passou a 
ser, em regra, retido no CPC, mas à época da edição da Lei nº 11.101/05, o agravo de 
instrumento era a regra. 
Contudo, sendo a sentença denegatória de falência, o recurso cabível será a 
apelação. 
 
1.2. Recuperação de Empresa 
 
1.2.1. Requisitos de Legitimidade 
O art. 48, Lei nº 11.101/05 traz 4 requisitos: 
a) exercício de atividade regular há mais de 2 anos; 
b) devedor não ser falido ou estar reabilitado se já foi falido; 
c) o devedor ou administrador não ter sido condenado pela prática de crime 
falimentar; 
d) não ter obtido concessão de recuperação nos últimos 5 anos: conta-se o 
prazo da homologação do pedido anterior. 
Art. 48. Poderá requerer recuperação judicial o devedor que, no momento do 
pedido, exerça regularmente suas atividades há mais de 2 (dois) anos e que 
atenda aos seguintes requisitos, cumulativamente: 
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I – não ser falido e, se o foi, estejam declaradas extintas, por sentença transitada 
em julgado, as responsabilidades daí decorrentes; 
II – não ter, há menos de 5 (cinco) anos, obtido concessão de recuperação judicial; 
III – não ter, há menos de 8 (oito) anos, obtido concessão de recuperação judicial 
com base no plano especial de que trata a Seção V deste Capítulo; 
IV – não ter sido condenado ou não ter, como administrador ou sócio controlador, 
pessoa condenada por qualquer dos crimes previstos nesta Lei. 
Parágrafo único. A recuperação judicial também poderá ser requerida pelo 
cônjuge sobrevivente, herdeiros do devedor, inventariante ou sócio remanescente. 
Se a recuperação anteriormente obtida o foi pelo plano especial (art. 70/72, Lei 
nº 11.101/05), faculdade exclusiva das microempresas e empresas de pequeno porte 
(art. 3º, LC 123/06), o prazo é de 8 anos. Note-se que somente estas podem requerer 
recuperação por plano especial, mas elas não são obrigadas a esse plano especial. 
Lei 11.101/05, Art. 70. As pessoas de que trata o art. 1o desta Lei e que se incluam 
nos conceitos de microempresa ou empresa de pequeno porte, nos termos da 
legislação vigente, sujeitam-se às normas deste Capítulo. 
§ 1o As microempresas e as empresas de pequeno porte, conforme definidas em 
lei, poderão apresentar plano especial de recuperação judicial, desde que afirmem 
sua intenção de fazê-lo na petição inicial de que trata o art. 51 desta Lei. 
§ 2o Os credores não atingidos pelo plano especial não terão seus créditos 
habilitados na recuperação judicial. 
 
Art. 71. O plano especial de recuperação judicial será apresentado no prazo 
previsto no art. 53 desta Lei e limitar-se á às seguintes condições: 
I – abrangerá exclusivamente os créditos quirografários, excetuados os 
decorrentes de repasse de recursos oficiais e os previstos nos §§ 3o e 4o do art. 49 
desta Lei; 
II – preverá parcelamento em até 36 (trinta e seis) parcelas mensais, iguais e 
sucessivas, corrigidas monetariamente e acrescidas de juros de 12% a.a. (doze por 
cento ao ano); 
III – preverá o pagamento da 1a (primeira) parcela no prazo máximo de 180 (cento 
e oitenta) dias, contado da distribuição do pedido de recuperação judicial; 
IV – estabelecerá a necessidade de autorização do juiz, após ouvido o 
administrador judicial e o Comitê de Credores, para o devedor aumentar despesas 
ou contratar empregados. 
Parágrafo único. O pedido de recuperação judicial com base em plano especial 
não acarreta a suspensão do curso da prescrição nem das ações e execuções por 
créditos não abrangidos pelo plano. 
 
Art. 72. Caso o devedor de que trata o art. 70 desta Lei opte pelo pedido de 
recuperação judicial com base no plano especial disciplinado nesta Seção, não 
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será convocada assembléia-geral de credores para deliberar sobre o plano, e o juiz 
concederá a recuperação judicial se atendidas as demais exigências desta Lei. 
Parágrafo único. O juiz também julgará improcedente o pedido de recuperação 
judicial e decretará a falência do devedor se houver objeções, nos termos do art. 
55 desta Lei, decredores titulares de mais da metade dos créditos descritos no 
inciso I do caput do art. 71 desta Lei. 
 
LC 123/06, Art. 3º Para os efeitos desta Lei Complementar, consideram-se 
microempresas ou empresas de pequeno porte a sociedade empresária, a 
sociedade simples, a empresa individual de responsabilidade limitada e o 
empresário a que se refere o art. 966 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 
(Código Civil), devidamente registrados no Registro de Empresas Mercantis ou no 
Registro Civil de Pessoas Jurídicas, conforme o caso, desde que: (Redação dada 
pela Lei Complementar nº 139, de 10 de novembro de 2011) (Produção de efeitos 
– vide art. 7º da Lei Complementar nº 139, de 2011) 
I - no caso da microempresa, aufira, em cada ano-calendário, receita bruta igual 
ou inferior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais); e Redação dada pela 
Lei Complementar nº 139, de 10 de novembro de 2011) (Produção de efeitos – vide 
art. 7º da Lei Complementar nº 139, de 2011) 
II - no caso da empresa de pequeno porte, aufira, em cada ano-calendário, receita 
bruta superior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais) e igual ou inferior a 
R$ 3.600.000,00 (três milhões e seiscentos mil reais). Redação dada pela Lei 
Complementar nº 139, de 10 de novembro de 2011) (Produção de efeitos – vide 
art. 7º da Lei Complementar nº 139, de 2011) 
Entretanto, se a recuperação almejada for extrajudicial, o prazo em relação às 
anteriores é apenas de 2 anos, como previsto no art. 161, parágrafo 3º, Lei nº 
11.101/05. 
Art. 161, § 3o O devedor não poderá requerer a homologação de plano 
extrajudicial, se estiver pendente pedido de recuperação judicial ou se houver 
obtido recuperação judicial ou homologação de outro plano de recuperação 
extrajudicial há menos de 2 (dois) anos. 
 
1.2.2. Créditos Sujeitos à Recuperação 
O art. 49, caput, Lei nº 11.101/05 dispõe que a obrigação deve existir ao tempo 
do pedido, mesmo que não vencida, ou seja, não são todos os créditos existentes ao 
tempo do pedido, visto que os parágrafos do art. 49 trazem exceções. 
Art. 49. Estão sujeitos à recuperação judicial todos os créditos existentes na data 
do pedido, ainda que não vencidos. 
 Direito Empresarial 
Data: 08.02.2012 
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula 
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros 
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§ 1o Os credores do devedor em recuperação judicial conservam seus direitos e 
privilégios contra os coobrigados, fiadores e obrigados de regresso. 
§ 2o As obrigações anteriores à recuperação judicial observarão as condições 
originalmente contratadas ou definidas em lei, inclusive no que diz respeito aos 
encargos, salvo se de modo diverso ficar estabelecido no plano de recuperação 
judicial. 
§ 3o Tratando-se de credor titular da posição de proprietário fiduciário de bens 
móveis ou imóveis, de arrendador mercantil, de proprietário ou promitente 
vendedor de imóvel cujos respectivos contratos contenham cláusula de 
irrevogabilidade ou irretratabilidade, inclusive em incorporações imobiliárias, ou 
de proprietário em contrato de venda com reserva de domínio, seu crédito não se 
submeterá aos efeitos da recuperação judicial e prevalecerão os direitos de 
propriedade sobre a coisa e as condições contratuais, observada a legislação 
respectiva, não se permitindo, contudo, durante o prazo de suspensão a que se 
refere o § 4o do art. 6o desta Lei, a venda ou a retirada do estabelecimento do 
devedor dos bens de capital essenciais a sua atividade empresarial. 
§ 4o Não se sujeitará aos efeitos da recuperação judicial a importância a que se 
refere o inciso II do art. 86 desta Lei. 
§ 5o Tratando-se de crédito garantido por penhor sobre títulos de crédito, direitos 
creditórios, aplicações financeiras ou valores mobiliários, poderão ser substituídas 
ou renovadas as garantias liquidadas ou vencidas durante a recuperação judicial 
e, enquanto não renovadas ou substituídas, o valor eventualmente recebido em 
pagamento das garantias permanecerá em conta vinculada durante o período de 
suspensão de que trata o § 4o do art. 6o desta Lei. 
Note-se que a verba trabalhista é sujeita à recuperação judicial, mas sofre 
restrição. O crédito trabalhista deve ser pago em até 1 ano e o saldo de salário dos 3 
últimos meses em 30 dias, no limite de 5 salários mínimos por empregado. 
 
1.2.3. Créditos Não Sujeitos à Recuperação 
a) Crédito Tributário: pelo princípio da Legalidade, não se sujeitam à 
recuperação, tendo em vista que o parcelamento no caso deve seguir a norma 
tributária (art. 6º, parágrafo 7º, Lei nº 11.101/05 c/c art. 187, CTN). 
Lei nº 11.101/05, Art. 6º, § 7o. As execuções de natureza fiscal não são suspensas 
pelo deferimento da recuperação judicial, ressalvada a concessão de 
parcelamento nos termos do Código Tributário Nacional e da legislação ordinária 
específica. 
 
CTN, Art. 187. A cobrança judicial do crédito tributário não é sujeita a concurso de 
credores ou habilitação em falência, recuperação judicial, concordata, inventário 
ou arrolamento. (Redação dada pela Lcp nº 118, de 2005) 
 Direito Empresarial 
Data: 08.02.2012 
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula 
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros 
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b) Ações de Cobrança dos Contratos de Adiantamento de Câmbio: 
adiantamento de câmbio é sempre intermediado por instituição financeira, que 
adianta o numerário da verba necessária à exportação, possibilitando-a pelo 
fornecedor. 
c) Art. 49, parágrafo 3º, Lei nº 11.101/05: leasing (arrendamento mercantil), 
alienação fiduciária em garantia, compra e venda com reserva de domínio e promessa 
de compra e venda com cláusula de irrevogabilidade e irretratabilidade não se 
sujeitam à recuperação. 
Como se observa, não são todos os créditos com garantia real que não se 
sujeitam à recuperação, visto que a lei não enumera a totalidade. 
Observação1: Na recuperação extrajudicial também não são negociáveis os 
créditos trabalhistas, sendo esta a diferença com relação à recuperação judicial, que 
admite este tipo de negociação. 
Observação2: Na recuperação especial para microempresa e empresa de 
pequeno porte, só se pode incluir crédito quirografário e o pagamento é limitado a 36 
parcelas, com carência de 180 dias. Por isso, podem fazer a recuperação comum.

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