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08 Resumo Direito Constitucional - Aula 08 (05.10.2011) - Leitura

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Direito Constitucional 
Data: 05/10/2011 
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula 
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros 
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Assuntos tratados: 
1º Horário. 
� Interpretação Constitucional / Diferenças entre Princípios e Regras / Quanto ao 
Conteúdo / Quanto à Aplicação / Quanto às Colisões / Quanto à Função / 
Quanto à Finalidade / Métodos de Interpretação da Constituição / Métodos de 
Interpretação Alemães / Jurídico ou Hermenêutico Clássico (Ernest Forsthoff) / 
Método Tópico-Problemático ou Tópica (Theodor Viehweg) / Método 
Científico-Espiritual (Rudolf Smend) / Método Hermenêutico-Concretizador 
(Konrad Hesse) 
2º Horário. 
� Método Normativo-Estruturante (Friedrich Müller) / Interpretação Comparativa 
(Peter Häberle) / Sociedades de Intérpretes da Constituição (Peter Häberle) / 
Questões de Prova / Métodos de Interpretação Norteamericanos / 
Interpretativismo / Não Intepretativismo / Questões de Prova / Princípios 
Instrumentais da Interpretação Constitucional / Supremacia da Constituição / 
Presunção de Constitucionalidade / Interpretação Conforme a Constituição / 
Força Normativa da Constituição / Máxima Efetividade das Normas 
Constitucionais / Unidade da Constituição / Efeito Integrador ou da Eficácia 
Integradora / Concordância Prática ou da Harmonização / Justeza Funcional ou 
da Conformidade Funcional ou da Correção Funcional / Proporcionalidade 
 
1º Horário 
 
1. Interpretação Constitucional 
 
1.1. Diferenças entre Princípios e Regras 
 
1.1.1. Quanto ao Conteúdo 
• Princípios: são valorativos, ou seja, revelam valores. 
• Regras: são descritivas, descrevem uma conduta e a sua consequência. Desta 
forma, toda regra tem dois elementos: 
a) antecedente: é a conduta descrita. 
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 Direito Constitucional 
Data: 05/10/2011 
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b) consequente: é a consequência jurídica desta conduta, que pode ser tanto 
uma sanção, quanto um benefício. 
 
1.1.2. Quanto à Aplicação 
• Princípios: necessitam de uma mediação concretizadora por serem 
valorativos e constituírem mandados de otimização. 
Por o princípio ser extremamente vago e incerto, é necessário que algum ato 
concreto seja realizado, a fim de que aquele possa tornar-se efetivo e aplicável. Esse 
ato concreto trata-se de uma lei ou uma política pública. 
Exemplo: todos são iguais perante a lei, no entanto, fisiologicamente, a mulher 
é diferente do homem e há política pública que a beneficia com licença maternidade 
dilatada. 
Para um princípio ter aplicação ótima, imprescindível mecanismos de 
efetivação sejam implementados. 
Com isto, surge um questionamento de grande importância: é possível que o 
juiz aplique o princípio diretamente a uma situação, sem que haja a implementação de 
algum mecanismo de efetivação? Há uma problemática acerca do assunto, que merece 
aprofundamento. 
Ao aplicar o princípio diretamente, o juiz define como ele deve ser aplicado à 
realidade. Isto gera o problema de conferência ao magistrado de amplos poderes 
decisórios e de sobrepor-se ao legislador/administrador, por serem os princípios 
vagos, acarretando o risco da “ditadura do juiz”. 
Por outro lado, negá-lo a possibilidade de aplicação direta do princípio, 
exigindo-se lei anterior, acarretaria o risco de submissão do princípio à lei, gerando a 
sua não concretização e a inversão de hierarquia, uma vez que os princípios 
constitucionais são superiores à lei. 
No entanto, há casos em que o juiz pode aplicar os princípios sem que haja 
medida concretizadora, ante a supremacia da Constituição. 
O STF já enfrentou o tema ao analisar a vedação à prática do nepotismo. O 
nepotismo viola os princípios da impessoalidade, da moralidade administrativa e da 
eficiência. Desta forma, o Pretório Excelso entende que a vedação à prática do 
nepotismo é uma decorrência direta de tais princípios e não seria necessária a 
existência de uma norma vedando-a. 
Esta questão foi levada ao STF ante a edição de uma resolução pelo CNJ 
vedando o nepotismo. Foi proposta a ADC nº 12 a favor desta resolução e o Supremo 
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Tribunal Federal entendeu que a resolução do CNJ é constitucional, porque o juiz pode 
impor a vedação da prática sem que haja qualquer norma, tendo em vista que a 
desconsideração dos princípios expostos geraria inversão da hierarquia. 
ADC 12 / DF - DISTRITO FEDERAL 
AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE 
Relator(a): Min. CARLOS BRITTO 
Julgamento: 20/08/2008 Órgão Julgador: Tribunal Pleno 
Publicação DJe-237 DIVULG 17-12-2009 PUBLIC 18-12-2009 EMENT VOL-02387-
01 PP-00001 RTJ VOL-00215- PP-00011 RT v. 99, n. 893, 2010, p. 133-149 
EMENTA: AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE, AJUIZADA EM PROL 
DA RESOLUÇÃO Nº 07, de 18.10.05, DO CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA. ATO 
NORMATIVO QUE "DISCIPLINA O EXERCÍCIO DE CARGOS, EMPREGOS E FUNÇÕES 
POR PARENTES, CÔNJUGES E COMPANHEIROS DE MAGISTRADOS E DE 
SERVIDORES INVESTIDOS EM CARGOS DE DIREÇÃO E ASSESSORAMENTO, NO 
ÂMBITO DOS ÓRGÃOS DO PODER JUDICIÁRIO E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS". 
PROCEDÊNCIA DO PEDIDO. 1. Os condicionamentos impostos pela Resolução nº 
07/05, do CNJ, não atentam contra a liberdade de prover e desprover cargos em 
comissão e funções de confiança. As restrições constantes do ato resolutivo são, 
no rigor dos termos, as mesmas já impostas pela Constituição de 1988, dedutíveisdos republicanos princípios da impessoalidade, da eficiência, da igualdade e da 
moralidade. 2. Improcedência das alegações de desrespeito ao princípio da 
separação dos Poderes e ao princípio federativo. O CNJ não é órgão estranho ao 
Poder Judiciário (art. 92, CF) e não está a submeter esse Poder à autoridade de 
nenhum dos outros dois. O Poder Judiciário tem uma singular compostura de 
âmbito nacional, perfeitamente compatibilizada com o caráter estadualizado de 
uma parte dele. Ademais, o art. 125 da Lei Magna defere aos Estados a 
competência de organizar a sua própria Justiça, mas não é menos certo que esse 
mesmo art. 125, caput, junge essa organização aos princípios "estabelecidos" por 
ela, Carta Maior, neles incluídos os constantes do art. 37, cabeça. 3. Ação julgada 
procedente para: a) emprestar interpretação conforme à Constituição para 
deduzir a função de chefia do substantivo "direção" nos incisos II, III, IV, V do 
artigo 2° do ato normativo em foco; b) declarar a constitucionalidade da 
Resolução nº 07/2005, do Conselho Nacional de Justiça. 
Pelo contexto, o STF editou a Súmula Vinculante nº 13, vedando o nepotismo 
no âmbito administrativo dos três poderes, ressalvados os casos de cargos de natureza 
política. 
Súmula Vinculante nº 13: A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em 
linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade 
nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica, investido em cargo de 
direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de 
confiança, ou, ainda, de função gratificada na Administração Pública direta e 
indireta, em qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos 
municípios, compreendido o ajuste mediante designações recíprocas, viola a 
Constituição Federal. 
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• Regras: têm aplicabilidade direta, tendo em vista constituírem mandados de 
definição. 
A aplicabilidade direta decorre da determinação de uma conduta pela regra. 
 
1.1.3. Quanto às Colisões 
• Confronto entre Regras: as regras têm aplicação “tudo-ou-nada”, de acordo 
com a doutrina, ou seja, ou são válidas e se aplicam ao caso, ou não são validas e não 
se aplicam. 
Desta forma, havendo confronto entre regras, uma será excluída pela outra 
através dos critérios hierárquico, da especialidade e cronológico, que devem ser 
analisados nesta ordem1. 
• Confronto entre Princípios: diferente das regras, os princípios não têm 
aplicação “tudo ou nada”, pois há múltiplas formas de aplicação. A solução não é a 
exclusão, mas a ponderação, caso em que um princípio irá preponderar sobre o outro 
no sopesamento. 
A ponderação é o sopesamento dos valores em jogo, de modo a fazer 
preponderar, dentro do caso concreto, aquele de maior dimensão, sem que haja o 
sacrifício total do outro. 
Exemplo: Havendo, de um lado a liberdade de manifestação de pensamento e, 
de outro, a intimidade, privacidade, honra e imagem, a solução deverá ocorrer no caso 
concreto através de ponderação. 
• Colisão entre Regra e Princípio: a priori, havendo uma regra e um princípio 
relacionados ao mesmo fato, a regra deverá ser aplicada ao caso, tendo em vista ser 
descritiva e possuir maior especificidade que o princípio. 
No entanto, se a aplicação da regra constitucional no caso concreto for injusta, 
conduzindo a um resultado oposto ao pretendido pela ordem jurídica, é possível a 
ponderação com o princípio constitucional aplicável ao caso. 
Exemplo: O art. 53, parágrafos 2º e 3º, CRFB dispõe que parlamentar só pode 
ser preso por crime inafiançável, comunicando-se à casa legislativa a que pertence 
para que decida sobre a colocação em liberdade. 
Art. 53. Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por 
quaisquer de suas opiniões, palavras e votos. (Redação dada pela Emenda 
Constitucional nº 35, de 2001) 
 
1
 Uma questão envolvendo esta afirmação foi cobrada na última prova do MPF. 
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§ 2º Desde a expedição do diploma, os membros do Congresso Nacional não 
poderão ser presos, salvo em flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, os autos 
serão remetidos dentro de vinte e quatro horas à Casa respectiva, para que, pelo 
voto da maioria de seus membros, resolva sobre a prisão. (Redação dada pela 
Emenda Constitucional nº 35, de 2001) 
§ 3º Recebida a denúncia contra o Senador ou Deputado, por crime ocorrido após 
a diplomação, o Supremo Tribunal Federal dará ciência à Casa respectiva, que, por 
iniciativa de partido político nela representado e pelo voto da maioria de seus 
membros, poderá, até a decisão final, sustar o andamento da ação. (Redação 
dada pela Emenda Constitucional nº 35, de 2001) 
Em um caso concreto, foi realizada operação pela Polícia Federal, na qual vários 
parlamentares e autoridades dos três Poderes estavam envolvidos e o Presidente da 
Assembléia Legislativa foi preso em flagrante delito, sem que a casa fosse comunicada 
para deliberação. 
O parlamentar ingressou com HC perante o STF e a Ministra Cármen Lúcia 
entendeu haver uma anomalia no caso, ante o envolvimento de diversas autoridades 
de diversos Poderes, incluindo-se parlamentares e estes não estariam aptos a julgar a 
prisão do Presidente da Assembléia. 
Desta forma, a estrita aplicação da regra seria contrária ao que pretende a 
CRFB, em um caso excepcional. A decisão é justa, mas problemática, pois quem define 
quais e o que são os princípios constitucionais é o STF, sendo chamado por alguns de 
Poder Constituinte Apócrifo, por sempre inovar na ordem constitucional. 
 
1.1.4. Quanto à Função 
• Regra: apresenta função descritiva, visto que define uma conduta ou fato e a 
sua consequência. 
• Princípios: apresentam múltiplas funções: 
a) normogenética: orientam a elaboração de novas normas; 
b) interpretativa: orientam a interpretação das demais normas e têm eficácia 
irradiante2, por serem nucleares e irradiarem por toda a ordem jurídica; 
c) integrativa: orientam acolmatação de lacunas, ou seja preenchem lacunas; e 
d) sistêmica: orientam a harmonização e a coesão do ordenamento jurídico. 
 
1.1.5. Quanto à Finalidade 
 
2
 Importante destacar que os direitos fundamentais também têm uma natureza principiológica e 
eficácia irradiante, por permearem toda a ordem jurídica e servirem como parâmetro de interpretação. 
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• Regras: têm por principal finalidade promover a segurança jurídica. Ocorrido 
o fato, a solução está na regra. 
• Princípios: têm por finalidade principal a promoção da justiça. 
Há vantagem e desvantagens de um sistema exclusivamente de regras, sendo a 
primeira relacionada à segurança jurídica e as últimas o engessamento da ordem 
jurídica e o legalismo abusivo. 
Um sistema exclusivamente de princípios permite uma maleabilidade maior 
para o julgador buscar maior justiça (vantagem), mas é criticado por haver uma 
insegurança na solução dos problemas concretos, ante a ausência de descrição das 
condutas e consequências (desvantagem). 
Desta forma, é ideal que haja um sistema de regras e de princípios, o que 
caracteriza o ordenamento jurídico contemporâneo idealizado em posição defendida 
majoritariamente por autores como Canotilho e Konrad Hesse. 
 
1.2. Métodos de Interpretação da Constituição 
 
1.2.1. Métodos de Interpretação Alemães 
 
1.2.1.1. Jurídico ou Hermenêutico Clássico (Ernest Forsthoff) 
Preconiza que constituição e lei são ontologicamente (essencialmente) iguais, 
não havendo diferença substancial entre elas. A diferença é meramente formal, ou 
seja, quanto à hierarquia, a constituição é formalmente superior à lei. 
Aplica-se, desta forma, a Tese da Identidade da Interpretação, segundo a qual 
a interpretação da lei segue os mesmos critérios para a interpretação da constituição, 
quais sejam: 
a) critério gramatical, textual ou literal: busca-se entender os sentidos da 
palavra e do texto. 
b) critério histórico: busca-se entender a norma dentro de seu contexto de 
elaboração. 
c) critério sistemático: busca-se entender a norma dentro de seu critério 
normativo. 
d) critério teleológico: busca-se entender a norma dentro de seus fins. 
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O método jurídico é influenciado pelo positivismo e uma de suas finalidades é 
reduzir a participação do juiz na interpretação, através da subsunção. Daí se falar, por 
exemplo, que o juiz é “mera boca da lei”. 
Este método é criticado, tendo em vista que as normas constitucionais são 
normas jurídicas com características específicas, que as diferenciam das demais: 
 a) plasticidade ou porosidade: é a ductilidade, segundo a qual as normas 
apresentam conceitos incertos, vagos e indeterminados. 
b) conteúdo político: como a norma constitucional define o próprio poder 
político, esse conteúdo é mais acentuado que nas demais normas jurídicas. 
c) hierarquia superior: a norma constitucional é parâmetro para interpretação 
das normas inferiores e a sua interpretação prescinde de parâmetro superior. 
 
1.2.1.2. Método Tópico-Problemático ou Tópica (Theodor Viehweg) 
Trata-se de um método problematicamente orientado, ou seja, parte do 
problema, que é o caso concreto, para buscar uma solução ideal. 
No método jurídico clássico, o pensamento interpretativo é silogístico em que a 
premissa maior é a norma, a premissa menor é o fato e a conclusão é a decisão. Este 
pensamento é chamado de interpretação subsuntiva, que representa a incidência da 
norma para um fato nela previsto. 
Já o método tópico-problemático foge à interpretação subsuntiva, pois se parte 
do problema e se faz a análise dos diversos argumentos (topoi), dentre os quais se 
inclui a norma. Há uma pluralidade de argumentos e de participantes para se chegar à 
conclusão. 
A grande vantagem da tópica é entender que a solução ideal é obtida através 
da análise do problema, superando o método jurídico, principalmente porque as 
normas constitucionais possuem uma textura aberta. Quanto maior o grau de 
incerteza da norma, mais relevante a análise do problema. 
 A desvantagem da tópica é que a norma fica reduzida em sua importância, 
quando encarada como apenas mais um argumento de forma extremada, pois seu 
poder é retirado sobre a realidade. Confere, pois, primazia do problema sobre a 
norma. 
 
1.2.1.3. Método Científico-Espiritual (Rudolf Smend) 
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Também chamado de método sociológico ou valorativo, entende que o direito 
é uma ciência do espírito, ou seja, é uma ciência social e cultural. Com isto, acredita 
que o direito e a constituição são criações culturais, fruto da sociedade.Desta forma, o intérprete deve promover uma captação espiritual da 
sociedade, captando os valores nela embutidos para interpretar a constituição. Por a 
sociedade ser dinâmica e estar em constante processo de evolução ou involução, 
influencia o direito. 
A interpretação do direito com base no dinamismo social gera a integração, na 
qual se entende que o direito não está desconectado da sociedade. Como o direito é 
uma ciência social, apresenta uma interpretação mais maleável do que as ciências 
exatas. 
O método valorativo integra o Estado, a sociedade e o direito, acarretando uma 
interpretação mais fluida. Para este método, a constituição se apresenta como a 
ordenação integradora do Estado e da sociedade. 
 
1.2.1.4. Método Hermenêutico-Concretizador (Konrad Hesse) 
Esse método entende que a interpretação não deve considerar apenas a 
norma, nem apenas o fato, mas deve analisar a norma, partir para o fato e do fato 
retornar para a norma. Faz-se uma comunicação entre fato e norma, até que se 
chegue a uma solução ideal. 
O método hermenêutico-concretizador é orientado ao problema e busca a 
solução ideal para o fato, assim como a tópica. No entanto, não degrada a norma, pois 
norma e fato se influenciam. 
Por este método, está gerada a figura do círculo hermenêutico, caracterizado 
pelo movimento de ida e vinda entre norma e fato para que se chegue à solução 
ideal. 
Com isto, é possível verificar dois elementos na interpretação: 
a) pré-compreensão: juízo sobre a norma em um primeiro contato; e 
b) problema: é o fato. 
 Círculo Hermenêutico 
 
 Norma Problema 
 
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 Conclui-se que o método de interpretação em tela considera a comunicação 
entre norma e fato, ou seja, a investigação integrada dos elementos jurídicos e dos 
elementos fáticos. 
 
2º Horário 
 
1.2.1.5. Método Normativo-Estruturante (Friedrich Müller) 
Entende que a interpretação deve levar em consideração a existência de 
distinção entre texto normativo e norma, na medida em que aquele se trata do 
enunciado da norma. 
A interpretação constitucional deve considerar o programa normativo (texto 
normativo) e o domínio normativo ou âmbito normativo (parcela da realidade prevista 
no programa). Ao analisar o problema e a realidade, o intérprete chega à norma, que é 
a conclusão. 
Desta forma, a norma não é o ponto de partida da interpretação, mas o ponto 
de chegada, o resultado interpretativo. 
O método normativo-estruturante assemelha-se ao hermenêutico-
concretizador, tendo em vista que relaciona o problema e a norma. No entanto, no 
hermenêutico-concretizador, há a presença do círculo hermenêutico, que inexiste no 
normativo-estruturante. 
 
1.2.1.6. Interpretação Comparativa (Peter Häberle) 
Por este método, o estudo da constituição do Estado deve considerar o direito 
constitucional comparado, ou seja, o estudo das constituições de outros Estados. Há 
cada vez mais essa relação, ante a cooperação entre os Estados no plano internacional 
e em função dos direitos humanos internacionais, gerando o fenômeno do Estado 
Constitucional Cooperativo. 
A interpretação da constituição deve, na medida do possível, levar em 
consideração a boa-fé dos demais Estados nas relações internacionais, percebendo 
que há a influência recíproca. 
Para alguns doutrinadores, os direitos humanos internacionais formam o 
constitucionalismo internacional, por passarem a ser o valor fonte de todo o 
ordenamento jurídico internacional. 
 
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 Direito Constitucional 
Data: 05/10/2011 
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1.2.1.7. Sociedades de Intérpretes da Constituição (Peter Häberle) 
Há dois tipos de sociedades de intérpretes: 
a) sociedade fechada: composta pelos intérpretes em sentido formal, que são 
os intérpretes oficiais ou formais, ou seja, participam formalmente da interpretação 
da constituição. São os Poderes Públicos de forma geral, mas, principalmente, os 
juízes. 
b) sociedade aberta: é composta pelos agentes conformadores da realidade 
constitucional, ou seja, todos que a vivenciam. Desta forma, os cidadãos participam da 
realidade constitucional, bem como as potências públicas (entidades de classe, 
sindicais etc.) e, com isso, a interpretação constitucional é por eles influenciada. 
No entanto, a última interpretação é dada pelo juiz, sendo os agentes 
conformadores pré-intérpretes por participarem dessa interpretação inicialmente. 
A ideia de sociedade aberta de intérpretes conduz à ideia de abertura da 
constituição, que representa a democratização da constituição. A figura do amicus 
curiae, por exemplo, é influência desta democratização. 
 
1.2.1.8. Questões de Prova 
PROCURADOR FEDERAL - 2010 
Quanto à hermenêutica constitucional, julgue os itens a seguir. 
34 O método hermenêutico-concretizador caracteriza-se pela 
praticidade na busca da solução dos problemas, já que parte de 
um problema concreto para a norma. 
R: Errado, tendo em vista que o método conceituado na assertiva é 
o tópico-problemático. 
 
PROCURADOR DO BACEN - 2009 
QUESTÃO 1 - Assinale a opção correta acerca de constituição, 
hermenêutica constitucional e poder constituinte originário e 
derivado, no ordenamento jurídico brasileiro [Adaptada – julgar o 
item]. 
Pelo método de interpretação hermenêutico-concretizador, a 
análise da norma constitucional não se fixa na sua literalidade, mas 
decorre da realidade social e dos valores insertos no texto 
constitucional, de modo que a constituição deve ser interpretada 
Particular
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Particular
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considerando-se seu dinamismo e constante renovação, no 
compasso das modificações da vida da sociedade. 
R: Errado, pois a assertiva define o método científico-espiritual. 
 
1.2.2. Métodos de Interpretação Norteamericanos 
 
1.2.2.1. Interpretativismo 
Preocupa-se com a democracia e com a vontade majoritária do povo, levando a 
uma oposição entre a jurisdição constitucional e o legislador. 
A lei foi elaborada por representantes do povo e é fruto da vontade 
majoritária, enquanto a jurisdição constitucional não é eleita pelo povo, o que 
acarreta o déficit de representatividade popular. 
A jurisdição constitucional pode declarar a inconstitucionalidade de uma lei – 
que é fruto da vontade majoritária – sendo uma força contramajoritária, desta feita. 
 Exemplo: o STF entendeu que a “Lei da Ficha Limpa” não deveria ser aplicada 
na eleição de 2010, apesar de a vontade do povo ser pela aplicação. 
A jurisdição constitucional, ao fazer o controle de constitucionalidade, 
interpretando a constituição, deve considerar dois aspectos: 
a) manter-se adstrita, o máximo possível, ao texto constitucional; e 
b) respeitar, o máximo possível, a vontade política majoritária. 
Desta forma, não é possível que a jurisdição constitucional, ao interpretar a 
constituição, utilize valores de conteúdo moral, ético e político, estaria se afastando 
do texto ao valer-se de valores substantivos. Se assim o fizesse, tornar-se-ia uma força 
contrademocrática ou antidemocrática, além de ser uma força contramajoritária. 
Frise-se que a vontade da maioria pode ser invalidada com fundamento do 
texto constitucional, caso em que a jurisdição constitucional não será 
contrademocrática. 
 
1.2.2.2. Não Interpretativismo 
Entende que a constituição não é a imposição dos mortos sobre os vivos, ou 
seja, não é o patrimônio da geração passada que deve ser imposto à atual. Trata-se, na 
verdade, de uma obra viva (Living Constitution), um projeto constituinte construído 
dia-a-dia pela geração atual. 
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A jurisdição constitucional pode ir contra a vontade majoritária, mas deve respeitar ao máximo o texto constitucional, sendo adstrito a ele para que seja válida, legítima.
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Por este motivo, a constituição utiliza a textura aberta em suas normas, a fim 
de permitir a atualização constitucional pela geração atual, que se dá através dos 
valores substantivos (de justiça, da igualdade, da liberdade, valores políticos, morais 
etc). 
Observa-se, portanto, que o interpretativismo é um método mais conservador, 
enquanto o não interpretativismo é eivado de ativismo. 
 
1.2.2.3. Questões de Prova 
CESPE/UNB – Procurador Federal – 2007 
Quanto à hermenêutica constitucional, julgue os itens seguintes. 
32 As correntes interpretativistas defendem a possibilidade e a necessidade de os 
juízes invocarem e aplicarem valores e princípios substantivos, como princípios de 
liberdade e justiça, contra atos de responsabilidade do Poder Legislativo que não 
estejam em conformidade com o projeto da CF. As posições não-
interpretativistas, por outro lado, consideram que os juízes, ao interpretarem a 
CF, devem limitar-se a captar o sentido dos preceitos nela expressos ou, pelo 
menos, nela claramente explícitos. 
R: Errado, visto que os conceitos estão corretos, porém invertidos. 
 
1.3. Princípios Instrumentais da Interpretação Constitucional 
 
1.3.1. Supremacia da Constituição 
A constituição tem hierarquia superior em dois sentidos: 
a) formal: hierarquia do texto propriamente dito; e 
b) material: hierarquia do conteúdo constitucional sobre o que a lei dispõe. 
 
1.3.2. Presunção de Constitucionalidade 
Toda norma nasce presumivelmente constitucional, sendo legítima a priori, de 
maneira relativa, tendo em vista que cabe prova em contrário no controle de 
constitucionalidade. 
Se a norma for declarada constitucional, a presunção relativa não é convertida 
em absoluta, pois essa declaração não gera efeito preclusivo ao STF, que pode vir a 
declará-la inconstitucional, após ser declarada como constitucional. 
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A constituição é o fundamento de validade das leis por ser superior, motivo 
pelo qual a lei é presumida constitucional. 
 
1.3.3. Interpretação Conforme a Constituição 
A norma deve ser interpretada de acordo com a constituição, sendo, o 
pressuposto para essa interpretação, a existência de normas plurissignificativas, 
também denominadas polissêmicas ou multívocas. 
Como a norma apresenta diversos sentidos possíveis, deve ser interpretada 
harmonicamente com a constituição, caso em que deverá ser mantida no 
ordenamento se pelo menos um de seus sentido for constitucional. 
Para Canotilho, o princípio em comento tem três dimensões: 
a) Princípio da Prevalência da Constituição: a constituição, por ser superior, 
prevalece. 
b) Princípio da Conservação das Normas: se a norma possuir pelo menos um 
sentido constitucional, deve ser mantida ante a presunção de constitucionalidade. 
c) Princípio da Vedação de Interpretação Conforme Contra Legem: deve-se 
buscar uma interpretação conformee apesar de o texto normativo apresentar algumas 
possibilidades semânticas, o intérprete não pode atribuí-lo um sentido oposto a essas 
possibilidades. Caso o sentido dado ao texto seja divergente, o interprete cria nova 
norma, atuando como legislador positivo e o texto passa a ser mero pretexto. 
Para Friedrich Müller, o princípio da interpretação conforme se relaciona com 
outros dois princípios: 
a) Princípio da Conservação dos Textos de Norma 
b) Princípio Geral da Penetração Vertical das Normas: significa que a 
constituição deve prevalecer sobre as normas. 
A partir da interpretação conforme, pode-se chegar à fixação do sentido 
harmônico à constituição ou à exclusão do sentido incompatível com a constituição. 
 
TRF 2° Região – Juiz Federal Substituto – IX Concurso 
34ª QUESTÃO: Comente, de forma sumária: presunção de constitucionalidade das 
leis e princípio da interpretação conforme a Constituição. 
R: O examinador deseja seja feita a conceituação de ambos os princípios e, após, a 
correlação entre eles. 
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1.3.4. Força Normativa da Constituição 
Força normativa é o poder de conformação da constituição sobre o processo 
político (exercício do poder). 
 
1.3.5. Máxima Efetividade das Normas Constitucionais 
Origina-se a partir do Princípio da Força Normativa da Constituição, apesar de 
haver quem entenda tratarem-se do mesmo princípio. 
Segundo o Princípio da Máxima Efetividade, a norma constitucional apresenta 
sentidos diversos, devendo ser conferido aquele que lhe atribua o maior grau de 
concretização. 
Neste contexto, deve-se distinguir eficácia, que é a aptidão para produzir 
efeitos (quando a norma nasce), de efetividade, que é a real produção de efeitos, 
sendo também chamada de eficácia social das normas. 
Esse princípio refere-se a todas as normas constitucionais, mas, especialmente, 
aos direitos fundamentais. 
 
1.3.6. Unidade da Constituição 
A constituição forma um todo harmônico, ou seja, uma ordem global em que as 
normas constitucionais não são dispersas e isoladas, mas formam, na verdade, um 
sistema unitário. 
Com base neste princípio, o intérprete deve considerar a constituição de modo 
a impedir ou a solucionar as antinomias (contradições entre normas). 
CESPE/UNB – Procurador Federal – 2007 
Quanto à hermenêutica constitucional, julgue os itens seguintes. 
30 O princípio da unidade da Constituição Federal, como princípio interpretativo, 
prevê que esta deve ser interpretada de forma a se evitarem contradições, 
antinomias ou antagonismos entre suas normas. 
R: correto. 
 
1.3.7. Efeito Integrador ou da Eficácia Integradora 
Relaciona-se ao Princípio da Unidade da Constituição. 
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Significa que a interpretação deve ser pluralisticamente integradora, de modo a 
fazer com que a constituição promova a integração política e social. 
 
1.3.8. Concordância Prática ou da Harmonização 
Decorre do Princípio da Unidade da Constituição. 
De acordo com este princípio, na hipótese de colisão entre bens 
constitucionais, deve ser dada preponderância aos valores de maior peso no caso 
concreto, sem que haja o sacrifício total dos demais (ideia de ponderação). 
Exemplo: houve uma decisão de absolvição do júri, tendo a acusação recorrido, 
gerando novo júri, com condenação de 6 anos. Interposto recurso pela defesa, novo 
júri foi realizado e gerada condenação de 12 anos, colidindo com o Princípio da 
Vedação à Reformatio in Pejus. O STF entendeu que o Princípio da Soberania dos 
Veredictos deve ser observado e não se limita à reformatio in pejus. Desta forma, o juiz 
é que não pode fixar a pena acima do anteriormente fixado, podendo o júri condenar 
mesmo após anulação de absolvição anterior. 
Procurador Federal - 2010 
Quanto à hermenêutica constitucional, julgue os itens a seguir. 
33 Pelo princípio da concordância prática ou harmonização, na hipótese de 
eventual conflito ou concorrência entre bens jurídicos constitucionalizados, deve-
se buscar a coexistência entre eles, evitando-se o sacrifício total de um princípio 
em relação ao outro. 
R: correta. 
 
1.3.9. Justeza Funcional ou da Conformidade Funcional ou da Correção 
Funcional 
Advém, igualmente, do Princípio da Unidade da Constituição. 
A interpretação não deve subverter o esquema organizatório-funcional 
estabelecido na constituição, nem alterar a repartição de competências entre os 
poderes, órgãos e entes da federação. 
Procurador BACEN – 2009 
QUESTÃO 1 - Assinale a opção correta acerca de constituição, hermenêutica 
constitucional e poder constituinte originário e derivado, no ordenamento jurídico 
brasileiro. 
Particular
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Assim, entende-se que a constituição está inserida em um contexto social.
Particular
Realce
Particular
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Particular
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Particular
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Particular
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Particular
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Particular
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 Direito Constitucional 
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B Pelo princípio da concordância prática ou harmonização, os órgãos 
encarregados de promover a interpretação da norma constitucional não podem 
chegar a resultado que altere o esquema organizatório-funcional 
constitucionalmente estabelecido pelo legislador constituinte originário. 
R: Errado, porque o conceitoutilizado corresponde ao Princípio da Justeza. 
 
DPU - 2010 
Acerca da aplicabilidade e da interpretação das normas constitucionais, julgue os 
itens seguintes. 
156 Atendendo ao princípio denominado correção funcional, o STF não pode 
atuar no controle concentrado de constitucionalidade como legislador positivo. 
R: Certo, pois o STF não pode atuar como legislador positivo, o que implicaria em 
uma função que não lhe é própria. 
 
1.3.10. Proporcionalidade 
É um princípio constitucional implícito, fundamentado no Princípio do Devido 
Processo Legal Substantivo na CRFB/88. 
Será abordado na aula seguinte. 
Particular
Realce

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