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VALDIR e EDSON ajuizaram a presente ação contra BANCO DO BRASIL S.A. e contra RIVAIR, todos devidamente qualificados nos autos, alegando, em síntese, que, em 27 de julho de 2010, VALDIR alienou todas as suas cotas do capital social de HUMAN TOUCH HAIR BEAUTY S/S EPP para EDSON. Este último, por sua vez, em 19 de julho do ano seguinte, cedeu todas as suas cotas junto à sociedade para RIVAIR, estabelecendo que assumiria todos os direitos e obrigações que lhe competiam. Porém, os autores foram surpreendidos quando, em 25 de abril de 2012, receberam notificações do banco-réu em razão do atraso no pagamento das prestações de empréstimo vencidas no mês anterior, o que culminou com a inscrição do nome de ambos em cadastros de inadimplentes. As tentativas de contatar o sócio réu para esclarecimentos restaram infrutíferas, mas, diligenciando junto à instituição financeira, foi-lhes informado que constavam como fiadores dos empréstimos realizados pela empresa HUMAN TOUCH. Nesse passo, ou teria havido negligência do banco, que não observara a mudança no contrato social, ou RIVAIR não teria dado ciência ao banco da alteração. 
Por conseguinte, pleitearam a declaração de inexistência de qualquer negocio jurídico junto aos réus, bem como a condenação destes ao pagamento de indenização por danos morais, a serem arbitrados. 
A petição inicial (fls. 02/06), que atribuiu à causa o valor de R$10.000,00, veio acompanhada de documentos (fls. 07/42), almejando a comprovação dos fatos em que a parte autora funda sua pretensão. 
Proferiu-se decisão que modificou o procedimento ao ordinário e que indeferiu o pedido de tutela de urgência (fls. 43/44). 
Regularmente citado (fls. 78), BANCO DO BRASIL S.A. ofertou contestação (fls. 47/68), com documentos (fls. 69/71), suscitando, preliminarmente, inépcia da inicial quanto ao pedido de danos morais, ante a falta de indicação dos fundamentos fáticos e jurídicos pertinentes.
 No mérito, alegou, em suma, que permanecem responsáveis pelas dívidas mesmo depois de sua retirada da sociedade. Além disso, a responsabilidade persistiria também face à ausência da averbação da modificação realizada no contrato social da empresa perante a JUCESP. De seu turno, os danos morais foram impugnados, pois os prejuízos alegados não restaram comprovados. Demais disso, não houve ato ilícito, mas apenas exercício regular de um direito. Logo, requereu, se não acolhida a preliminar arguida, a improcedência da demanda. 
Devidamente citado (fls. 78), RIVAIR apresentou contestação (fls. 47/68), com documentos (fls. 69/71), arguindo, preliminarmente, sua ilegitimidade passiva, vez que os contratos foram firmados com a sociedade, e não com ele, bem como a impossibilidade jurídica do pedido, porquanto impossível declarar inexistente o negócio até que os artigos 1.003 e 1.032 do Código Civil sejam cumpridos. 
No mérito, aduziu, em resumo, que a responsabilidade dos sócios que se retiram da sociedade remanesce por até dois anos depois de feitas as devidas averbações, cuja realização cabia aos autores. De qualquer modo, a qualidade de fiador e a de sócio não se confundem. 
Impugnou os danos morais, que não restaram comprovados. Por conseguinte, requereu a improcedência da demanda. 
Houve réplica (fls. 93/95). 
É o relatório. FUNDAMENTO E DECIDO. 
1) A designação de audiência preliminar, nos termos do artigo 331, parágrafo 3o, do Código de Processo Civil, mostra-se despicienda, porque inviável a obtenção de conciliação, diante da alegação das partes. 
2) A preliminar levantada de inépcia da petição inicial, em relação ao pedido de reparação por dano moral, carece de fundamento. A peça vestibular tem por bastante para sua admissibilidade como apta a instaurar a relação jurídico-processual a existência de causa de pedir da qual logicamente decorre o pedido. 
Nesse sentido, trilha a jurisprudência do Colendo Superior Tribunal de Justiça: 
“PROCESSUAL CIVIL. CORREÇÃO MONETÁRIA DAS CONTAS VINCULADAS DO FGTS. PETIÇÃO INICIAL. INÉPCIA NÃO CONFIGURADA. ‘Ainda que o pedido formulado pelos autores não tenha sido elaborado em conformidade com a mais elevada técnica processual, descabe ao julgador indeferir de plano a petição inicial, quando se pode extrair, do seu contexto, o pedido e a causa de pedir.’ (REsp 742.775/SP, 2ª T., Min. Eliana Calmon, DJ 15.08.2005). Precedentes do STJ: AgRg no REsp 534.623/SP, 2ª T., Min. Franciulli Netto, DJ de 05.09.2005; AgRg no REsp 568.329/SP, 1ª T., Min. Francisco Falcão, DJ de 23.05.2005; REsp 255.562/RJ, 1ª T., Min. Garcia Vieira, DJ de 14.08.2000” (REsp 839.737/SP, Rel. Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI, PRIMEIRA TURMA, julgado em 15.08.2006, DJ 31.08.2006 p. 269). 
A petição inicial, no caso sub examine, observa todos os requisitos impostos pelo artigo 282 e 283 do Código de Processo Civil, uma vez que da exposição da causa de pedir – apontamento indevido do nome dos autores nos órgãos de proteção ao crédito, o que teria lhes impossibilitado compras a crédito e lhes ferido a dignidade – decorre logicamente o pedido – indenização pelos danos morais experimentados. De outro lado, houve sua exposição de maneira a permitir o exercício da ampla defesa e o conhecimento da pretensão exercida. 
3) A preliminar de carência de ação, por impossibilidade jurídica do pedido, não encontra amparo. Como ensina José Roberto dos Santos Bedaque, “demanda juridicamente impossível significa ser irrelevante eventual controvérsia fática, pois a improcedência pode ser afirmada desde logo, por manifesta colidência com a ordem jurídica” (Efetividade do Processo e Técnica Processual, 2a ed., Malheiros, p. 280). No caso em tela, o pedido de tutela jurisdicional não se mostra, a priori, afastado pelo ordenamento jurídico. 
4) A preliminar levantada de carência de ação por ilegitimidade passiva ad causam não merece guarida. Consoante ensinam Antonio Carlos de Araújo Cintra, Ada Pellegrini Grinover e Cândido Rangel Dinamarco: “Assim, em princípio, é titular de ação apenas a própria pessoa que se diz titular do direito subjetivo material cuja tutela pede (legitimidade ativa), podendo ser demandado apenas aquele que seja titular da obrigação correspondente (legitimidade passiva)” (Teoria Geral do Processo, 17a ed., Malheiros, p. 260). Anote-se, no mais, que as condições da ação devem ser verificadas, em regra, in statu assertiones, ou seja, segundo a narrativa da petição inicial (cf. José Roberto dos Santos Bedaque, Poderes Instrutórios do Juiz, 4ª edição, Revista dos Tribunais, p. 52/53). 
No caso em tela, imputam os autores ao corréu RIVAIR o descumprimento da obrigação assumida no contrato de cessão de cotas sociais entabulado pelas partes, de sorte que presente sua pertinência subjetiva para figurar no polo passivo da relação processual. 
5) O moderno processo civil não se contenta com a inércia do juiz, calcada no princípio dispositivo. Ao revés, reveste o juiz de poderes instrutórios, de forma a possibilitar a elucidação das alegações objeto do processo. Nessa esteira, consoante o artigo 355 do Código de Processo Civil, admite a emanação, de ofício, do comando à parte para a exibição do documento que se encontre em seu poder e repute imprescindível para o deslinde da controvérsia (cf., nesse sentido, Theotonio Negrão et alli, Código de Processo Civil e Legislação Processual em Vigor, 39a ed., São Paulo: Saraiva, 2007, p. 487). 
Nessa direção, trilha a jurisprudência do Colendo Superior Tribunal de Justiça: “PROCESSUAL CIVIL. EXTRATOS DAS CONTAS VINCULADAS. PERÍODOS ANTERIORES À CENTRALIZAÇÃO DO FGTS PELA CEF. A produção da prova pode ser determinada não apenas a requerimento da parte, mas também de ofício pelo Juiz, se for o caso (art. 130 do CPC)” (REsp 856.862/PE, Rel. Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI, PRIMEIRA TURMA, julgado em 22.08.2006, DJ 14.09.2006 p. 295). 
Assim, sob pena da presunção de veracidade, nos termos do artigo 359 do Código de Processo Civil, das alegações que o documento tem por objeto a prova – inexigibilidade do débito inscrito nos cadastros de inadimplentes –, junteo corréu BANCO DO BRASIL S.A., em dez dias, o contrato firmado pela sociedade da qual faziam parte os autores que justificariam o apontamento desabonador. 
Como ensina Cândido Rangel Dinamarco: “O ônus de exibição é imposto ao adversário da parte interessada em obter o documento ou coisa, sob pena de se admitirem como verdadeiras as alegações que por meio deles a parte pretendia provar (art. 359). Como todo ônus, este não passa de um imperativo do próprio interesse da parte detentora do documento ou coisa, o que significa que sua vontade lhe dirá se mais lhe agrada exibi-los ou não, mas sua inteligência lhe aconselhará exibi-los sob pena de suportar um mal maior” (Instituições de Direito Processual Civil, 2a ed, Malheiros, 2002, p. 572). Intime-se.
COM BASE NO DESPACHO ACIMA TRANSCRITO, RESPONDA AS SEGUINTES PERGUNTAS, JUSTIFICANDO-AS:
O que está sendo pedido pelo autor da ação ?
A petição inicial cumpriu os requisitos do artigo 282 e 283?
Houve atribuição do valor à causa?
Houve indeferimento de algum pedido inicial ?
Os réus apresentaram defesa? Qual?
O que alegaram os réus em sua defesa? Houve matéria preliminar (artigo 301) e defesa de mérito? O que arguiram em cada uma delas?
Houve alguma providência preliminar?
Houve designação de audiência preliminar (artigo 331). Sim ou não e qual o motivo?
O que restou decidido pelo juiz no despacho saneador?

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