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EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE P1 Medida de Segurança – Art. 26, CP A sanção penal pode ser dividida em duas: a) pena, que tem como fundamento a culpabilidade do agente; b) medida de segurança: é uma sanção de natureza penal que não se confunde com pena, com o fundamento de realizar o tratamento psiquiátrico do autor, devido a periculosidade do agente – probabilidade de cometer crimes. Pressupostos para aplicação da medida de segurança: a) prática de fato previsto como crime: fato típico + antijurídico. Não ter a punibilidade extinta; b) periculosidade do agente: probabilidade de delinquir. Esta pode ser dividida em duas: a. real – art. 26 § único: a periculosidade precisa ser provada durante o processo (por perícia médica). O réu é relativamente incapaz, tendo sua pena diminuída. “A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, em virtude de perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.” b. presumida – art. 26, caput: não precisa de prova. O réu é absolutamente incapaz, sendo isento de pena. “É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.” Aplicação da medida de segurança: 1. Aos inimputáveis (art. 26, caput, CP): periculosidade presumida. • Devido sua periculosidade presumida, o juiz terá que aplicar ao réu uma medida de segurança obrigatória. • Neste caso, o juiz deverá proferir uma sentença absolutória imprópria (livra o réu da pena, mas aplica medida de segurança). 2. Aos semi-imputáveis (art. 26, § único, CP): periculosidade real. • O réu conserva a capacidade de entendimento, mas, esta é reduzida, sendo relativamente incapaz em razão da doença mental. Sua culpabilidade é diminuída (pressuposto para aplicação de pena). • Desta forma, aplica-se a pena, reduzida de 1/3 a 2/3 – sentença condenatória. • Aplicada a pena, o juiz verifica se é caso de substituir por medida de segurança, dependendo das provas (periculosidade real). Se o laudo atestar que o réu necessita de tratamento, o juiz faz a substituição, e o réu cumpre apenas a medida de segurança. Se não for o caso, a pena é aplicada. • Sistema de Vicariante: o réu semi-imputável cumpre a pena imposta OU a medida de segurança (adotado atualmente no Brasil, desde 1984). As espécies de medida de segurança são: 1. Punição detentiva: internação compulsória, réu fica detido em hospital psiquiátrico (regime de internação). Esta é aplicada quando o crime apenado for de reclusão (ex: homicídio). 2. Punição restritiva: internação compulsória, réu fica em regime de liberdade (regime ambulatorial). Esta é aplicada quando o crime apenado for de detenção. Porém, se houver prova de necessidade de reclusão do réu (regime de internação), é aplicada a punição detentiva. Prazo da medida de segurança: • Em tese, o prazo é indeterminado, tanto para os casos previstos no caput quanto no parágrafo único. • O prazo mínimo é de 1 a 3 anos. Fixado este prazo mínimo, ao final dele, o réu é submetido a exame médico, para ver se a periculosidade foi cessada. Depois disso, o exame é anual. • Porém, de acordo com entendimento do STF, deve-se aplicar o mesmo prazo de pena (30 anos), devido o caráter restritivo semelhante. • O juiz pode substituir a pena por medida de segurança, na fase de execução, se o réu contrair doença mental. Desinternação e liberdade condicional: • Constatada a cura, é feita a desinternação. Depois disso, ele fica submetido à observação pelo prazo de um ano (liberdade condicional). • Se voltar a cometer algum crime durante a liberdade condicional, volta a cumprir medida de segurança. • Se não cometer nenhum crime, cessa totalmente a medida de segurança. • Tem como o sentenciado passar do regime ambulatório para o detentivo (STJ). • Não há progressão de regime detentivo para ambulatorial. Ação Penal 1. Ação penal pública Na ação penal pública, a parte legitimada para propor a ação penal perante o juiz é o Ministério Público, que é o órgão público que representa os interesses da sociedade. A ação penal pública se inicia com o recebimento da denúncia do MP pelo juiz. Existem 2 tipos de ação penal pública: a) Incondicionada: quando a lei não estabelece condição ou não faz referência ao tipo de ação a ser proposta pelo MP. É a regra (grande maioria). b) Condicionada: é a exceção à regra, devendo estar expressa na lei. Para o MP propor a ação, deve estar presente a condição que a lei exige, são elas: a. Representação do ofendido (vítima) ou de seu representante legal, se incapaz (art. 147, § único): prazo decadencial, contínuo e peremptório de 6 meses da data do fato ou do conhecimento da autoria do crime. A perda do prazo tem como consequência a extinção da punibilidade. Nesta ação penal pública condicionada a representação, a retratação é possível desde que o MP ainda não tenha oferecido denúncia, depois disso, é irretratável. b. Requisição do Ministro da Justiça (art. 145, § único): cabível para o Presidente da República e chefe de governo estrangeiro. A requisição é a autorização do Ministro da Justiça para o MP seguir com o procedimento. Enquanto não ocorrer a prescrição da pretensão punitiva (art. 109), é possível requerer. 2. Ação penal privada É uma exceção, a lei tem que prever (art. 145, caput, CP). Nesta, somente se procede mediante queixa. A parte legitimada para propor a ação penal privada é o próprio ofendido, ou seu representante legal, se incapaz. O MP não tem legitimidade para propor a ação. Nesta, a Petição Inicial é chamada de queixa-crime, é elaborada pelo advogado. a) Exclusiva: somente se procede mediante queixa, serve para os crimes de calúnia, injúria e difamação (art. 145). Na exclusiva, se a vítima do crime morre antes de propor a QC, esta pode ser proposta pelo cônjuge, descendente, ascendente ou irmão do ofendido, ou se a vítima morre no curso da ação, as pessoas mencionadas podem ingressar no processo e requerer o seu prosseguimento. Prazo: 60 dias após a morte. b) Personalíssima: a morte da vítima leva à extinção da punibilidade do agente (ex: crime de casamento, induzindo em erro o outro contraente – art. 236). Diferença: na ação penal privada exclusiva, somente se procede mediante queixa. Já na personalíssima, somente se procede mediante queixa do ofendido. 3. Ação penal privada subsidiária da pública Nesta, o crime praticado é de ação penal pública. Porém, se o MP for inerte (se deixar de agir), o ofendido ou seu representante podem seguir com o processo, surgindo a legitimidade subsidiária destes. A inércia do MP se configura quando se passa 15 dias sem oferecer denúncia ou requerer alguma diligência após o recebimento do inquérito. Depois do decurso do prazo do MP, o ofendido tem 6 meses para seguir com a ação. Se ele seguir com a ação, o MP irá atuar apenas como custus legis. Se também houver decurso de prazo pelo querelante, ou se este abandonar o processo, não se extingue a punibilidade, porque o MP ainda pode oferecer denúncia, até a prescrição da pretensão punitiva. Isso é chamado de prazo impróprio do MP. Extinção da Punibilidade Punibilidade: direito concreto de punir do Estado (jus puniendi). Possibilidade que o Estado tem de punir o autor do crime, processando e aplicando a sanção penal prevista. O direito abstrato de punir do Estado,torna-se, em regra, em direito concreto de punir quando alguém pratica alguma infração penal prevista (crime ou contravenção). A punibilidade não integra o conceito de crime (fato típico e antijurídico) e tampouco a culpabilidade. Situa-se, fora da noção de crime/culpabilidade. Escusas absolutórias: circunstâncias previstas na lei que impedem o direito concreto de punir do Estado em face de determinada infração penal. Exemplo: o art. 181, II dispõe que nos crimes contra o patrimônio, se não praticado com uso de violência ou grave ameaça e no caso de a vítima ser menor de 60 anos, é isento de pena o agente que praticar o crime contra ascendente ou descendente. A escusa absolutória não se estende ao partícipe (que não é filho nem pai), este responde normalmente. Condições objetivas de punibilidade: nasce para o estado o direito de punir, mas a lei condiciona o exercício desse direito a alguma circunstância. O estado adquire o direito de punir o agente que praticou o fato, porém, não pode exercer esse direito enquanto não verificada a condição. Exemplo: o art. 180 da lei 11.101/2005 condiciona o direito de punir do estado, nos crimes falimentares, à declaração da falência ou concessão da recuperação judicial. Causas de extinção de punibilidade: art. 107 – extingue-se a punibilidade [...] I – pela morte do agente; II – pela anistia, graça ou indulto: a) Anistia: renúncia do estado, através de lei, do direito de punir determinados crimes passados, ou seja, já praticados, julgados ou ainda não julgados. Não se aplica a fatos criminosos futuros, ainda não praticados. A anistia não revoga a norma penal incriminadora. Os beneficiados pela anistia têm todas as consequências jurídicas de natureza penal extinguidas decorrentes do crime praticado, de modo que, o agente que praticar novo crime, não será considerado reincidente. OBS: o art. 5º, XLIII, CF, diz que não se concederá anistia a crimes hediondos, tráfico ilícito de drogas, tortura e terrorismo. b) Graça e indulto: os dois são formas de perdão da pena imposta (sentença condenatória com trânsito em julgado). Só podem ser concedidos pelo Presidente da República. Apenas isenta o réu do cumprimento (ou do restante) da pena, não extinguindo os demais efeitos penais e extrapenais da sentença. Podem alcançar a pena restritiva de direitos, liberdade ou multa, dependendo do que ficar especificado no decreto de concessão. Se o réu beneficiado com a graça ou indulto praticar novo crime, este é considerado reincidente. Não extingue a punibilidade, apenas muda o regime de pena imposta (comutação de pena). Diferenças entre graça e indulto: a graça é individual, para um réu determinado. O indulto é coletivo, ou seja, é concedido para um grupo de sentenciados que preenchem os requisitos especificados no decreto de concessão. A graça e o indulto não serão concedidos em caso de crimes hediondos, tráfico de drogas, tortura e terrorismo. III – Pela retroatividade da lei que não mais considera como crime o fato: abolitio criminis. Faz desaparecer todos os efeitos de natureza penal. É preciso que o fato não seja mais considerado como crime (exemplo: adultério), não basta apenas revogar o tipo penal (exemplo: o art. 214 foi revogado e integrado ao 213, continua sendo considerado crime). IV – pela decadência ou perempção do direito a) Decadência: a. Ação penal pública condicionada a representação: perda do direito de oferecer a representação em razão da inércia do ofendido. b. Ação penal privada: perda do direito de oferecer a queixa-crime em razão do decurso de prazo (6 meses). c. Ação penal privada subsidiária da pública: não gera extinção da punibilidade, gera apenas a decadência do direito de oferecer queixa por parte da vítima. Decadência do direito de queixa. b) Perempção: sanção/penalidade que a lei impõe ao querelante (autor da QC) e que consiste na perda do direito de prosseguir com a ação ajuizada, em razão de sua inércia ou negligência processual. As hipóteses estão previstas no art. 60 do CPP (deixar de promover o andamento do processo, deixar de comparecer a qualquer ato do processo, etc). Reconhecida a perempção, o querelante não pode propor nova queixa crime pelo mesmo fato, porque ocorre a extinção da punibilidade. V – Pela renúncia do direito de queixa, ou pelo perdão aceito, nos crimes de ação penal privada a) Renúncia do direito de queixa: ação unilateral e irretratável. Uma vez renunciado, ocorre a extinção da punibilidade. Só pode ser feita a renúncia antes de iniciada a ação penal (o início se dá pelo recebimento da queixa crime pelo juiz). • Existe a renúncia entre o oferecimento e o recebimento pelo juiz. Ou seja, após o protocolo da QC e antes do recebimento do juiz, pode se protocolar a renúncia em forma de desistência. • Renúncia expressa: quando o titular declara a renúncia por escrito. • Renúncia tácita: quando o titular pratica algum ato incompatível com a vontade de propor a QC (ex: o ofendido se casa com o ofensor). • Se houver mais de um ofendido, a renúncia por uma das vítimas só vai caber à aquela vítima. A outra que não renunciou pode seguir com a ação. • Se houver mais de um ofensor e apenas um ofendido, a renúncia da vítima em relação a um dos autores alcança também os outros. b) Perdão do ofendido: desistência de prosseguir com a queixa crime ajuizada nos crimes de ação penal privada. • Só é possível após o recebimento da queixa crime até o trânsito em julgado da sentença condenatória. • Renúncia: até o recebimento da queixa. • Perdão: do recebimento da queixa até o TJ. • O querelante desiste de prosseguir, mas é preciso da aceitação do querelado. Ato bilateral. • Se for mais de um querelante, só vai produzir efeito ao que perdoou. O que não desistiu tem direito ao prosseguimento normal. • Se for mais de um querelado e o querelante só perdoa um dos querelados, este se estende aos outros, mas só produzirá efeito ao querelado que aceitar o perdão. • Pode ser expresso ou tácito, nos mesmos termos da renúncia do direito de queixa. VI – Pela retratação do agente, nos casos previstos em lei. Retratação: retirar o que foi falado/feito. Deve ser feito antes da sentença. Só irá produzir efeitos nos casos que a lei permite: crimes contra a honra – calúnia e difamação. Arts. 138/139 do CP. O art. 143 do CP permite a retratação como extinção da punibilidade. Não vale para injúria. • A calúnia é a falsa atribuição de um crime a outra pessoa que não o cometeu. • A difamação é a falsa atribuição de um fato concreto, que não é crime, mas ofende a reputação de outrem (vítima). • Retratação: busca defender o bem jurídico honra objetiva (aquela que a sociedade faz na pessoa). • Estes crimes são de ação penal privada. • Nada se diz sobre a injúria porque este ofende a honra subjetiva (autoestima). Mesmo se houver a retratação, não se apaga os danos causados na pessoa. • A retratação é um ato unilateral. • Crime de falso testemunho e falsa perícia: prevê retratação antes da sentença como forma de extinção. A lei prevê isso porque o falso testemunho pode induzir o juiz ao erro e com a retratação, o vício desaparece. E a lei permitindo, estimula a retratação. • Se praticado em concurso de pessoas, se estende os benefícios da retratação aos partícipes. IX – Pelo perdão judicial, nos casos em que a lei permite. • Só pode ser concedido pelo juiz. • Instituto judicial através do qual o juiz pode deixar de aplicar a pena, desde que presente os requisitos exigidos na lei e concedido pelo juiz. • Para conceder o perdão, é necessário comprovar o crime, a autoria e a culpabilidade do réu. • O juiz fundamenta a sentença e só deixa de aplicara pena, concedendo-lhe o perdão. • A sentença que coincide o perdão judicial é declaratória, não subsistindo qualquer efeito de natureza condenatória. • Súmula 18 do STJ: aplicação de pena. Atinge o réu de forma tão omissa que não se faz mais necessária. • Exemplo: art. 121, § 5º: homicídio culposo, se o autor também se ferir (ex: fica paraplégico). • Analogia do bonam partem: em favor do réu, nunca em seu prejuízo. Prescrição da pretensão punitiva Prescrição: perda do direito devido a inércia do titular (Estado). 3 requisitos: existência do direito, decurso do prazo e inércia do titular. Prescrição penal: com o decorrer do tempo, o fato criminoso tende a cair no esquecimento, deixando de existir o alarme social. Neste meio tempo, as pessoas podem mudar, inclusive o criminoso, perdendo assim, a importância de punir. As provas também perdem sua força ao longo do tempo, podendo levar à uma condenação injusta. Art. 109: tabela de prazo. De 3 a 20 anos. Prescrição da pretensão punitiva: do crime ao trânsito em julgado definitivo (para as duas ptes). Prescrição da pretensão executória: depois do trânsito em julgado definitivo. Efeitos da prescrição da pretensão punitiva: exclui todas as consequências ou efeitos penais do crime, como se o agente nunca tivesse o cometido. O fato ainda existe, mas não tem mais consequências. Efeitos da prescrição da pretensão executória: exclui apenas o direito de executar a pena, porém, os demais efeitos ainda subsistem. Por exemplo, ainda é considerado reincidente. A prescrição penal pode ser reconhecida pelo juiz de ofício em qualquer parte do processo ou grau de jurisdição.
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