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Serviço Social – Tribunal de Justiça São Paulo. 
Aula 04 Fundamentos Históricos, Teóricos e 
Metodológicos do Serviço social 
Professora Conceição Costa 
www.pontodosconcursos.com.br | Professora Conceição Costa 
1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AULA 05 
Serviço Social 
Tribunal de Justiça de São Paulo 
Questão Social 
Professora Conceição Costa 
 
 
 
 
 
 
 
www.pontodosconcursos.com.br
Serviço Social – Tribunal de Justiça São Paulo. 
Aula 05 Questão Social 
Professora Conceição Costa 
www.pontodosconcursos.com.br | Professora Conceição Costa 
 
2 
 
 
SUMÁRIO 
 
AULA 05 QUESTÃO SOCIAL .................................................................. 3 
1. Conceito de Questão Social .............................................................. 3 
2. Questão Social e suas manifestações na contemporaneidade. ............... 3 
2. Manifestações e Enfrentamentos da Questão Social ............................. 7 
3. As tendências da questão social no capitalismo contemporâneo. .......... 13 
QUESTÕES DE PROVAS ...................................................................... 21 
GABARITO ........................................................................................ 38 
BIBLIOGRAFIA................................................................................... 39 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Nome do Professor 
Serviço Social – Tribunal de Justiça São Paulo. 
Aula 05 Questão Social 
Professora Conceição Costa 
www.pontodosconcursos.com.br | Professora Conceição Costa 
 
3 
AULA 05 
QUESTÃO SOCIAL 
 
 
 
 
 
 
AULA 05 QUESTÃO SOCIAL 
 
 1. Conceito de Questão Social 
 
A concepção de questão social mais difundida no Serviço Social é a 
de CARVALHO e IAMAMOTO, (1983, p.77): 
“A questão social não é senão as expressões do processo de formação 
e desenvolvimento da classe operária e de seu ingresso no cenário 
político da sociedade, exigindo seu reconhecimento como classe por 
parte do empresariado e do Estado. É a manifestação, no cotidiano da 
vida social, da contradição entre o proletariado e a burguesia, a qual 
passa a exigir outros tipos de intervenção mais além da caridade e 
repressão”. 
 
2. Questão Social e suas manifestações na contemporaneidade. 
 
 A Questão Social como tema recorrente no meio acadêmico 
profissional, político, nas políticas sociais e na gestão pública recebe 
interpretações diversas, e nem sempre superando o viés da ajuda, da 
caridade, e do assistencial. 
 A leitura de autores inscritos ou não no Serviço Social que discutem o 
tema torna-se indispensável para superar a aparência do fenômeno e 
proporcionar a busca de sua essência, ou deixar visível as diferentes 
interpretações. Inclusive vem se acumulando literatura sobre a temática no 
Serviço Social. Dentre os profissionais que oferecem contribuição relevante 
no âmbito do Serviço Social, destacamos Iamamoto (2001), Netto 
(2000), Pereira (1999, 2005), Arcoverde (1999) e Yasbeck (2005). 
CERQUEIRA FILHO (1982) 
Serviço Social – Tribunal de Justiça São Paulo. 
Aula 05 Questão Social 
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4 
 Mas autores como Cerqueira Filho (1982), já na década de 1980, 
analisam o pensamento político brasileiro sobre a questão social, então 
entendida como o conjunto de problemas sociais, econômicos e políticos de 
uma dada sociedade, e afirmam que sua emergência data do surgimento da 
classe operária que impôs ao mundo moderno – no curso da constituição da 
sociedade capitalista – um conjunto de problemas políticos, sociais e 
econômicos. 
 Para Cerqueira Filho (1982) o conflito entre capital e trabalho assume 
diferentes formas e articula tendências plurais no nível societário. Como 
questão política, a questão social é produzida por práticas sociais e discursos 
contraditórios. 
 O autor afirma, ainda, que o consenso absoluto em torno de 
pensamento e da prática hegemônica é ilusório tendo em vista o caráter 
antagônico da estrutura social e econômica. 
 
 Segundo ele, a questão social torna-se visível no Brasil desde o 
final do século XIX, mas ainda camuflada pelo processo de 
industrialização, bem controlado e articulado pelos importadores e 
exportadores vinculados ao capital internacional. Permaneceu por 
várias décadas na ilegalidade e por tal razão foi pensada como 
desordem, incriminando o sujeito e sendo enfrentada via aparelhos 
repressivos do Estado. Somente no pós-1930, em meio a forças 
sociais pró-conservação e pró-mudança, a questão social deixa a 
ilegalidade, passando a ser reconhecida sob explicações liberais e/ou 
democratas como questão política ou de política. 
 De fato, a questão social desponta no cenário como expressão das 
contradições de um capitalismo assentado no padrão econômico de 
substituição de importações e industrialização periférica, que não poderia 
mais ser subtraída por meios legais ou pela via da repressão policial. 
 Deixando a ilegalidade, as intervenções públicas se dirigem às 
questões trabalhistas para solução das quais o Estado cria órgãos e 
instrumentos de controle – Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) – 
visando claramente desmobilizar a classe considerada portadora dos conflitos 
sociais. 
 Mas, o pensamento oposto à impossibilidade de abandonar o mercado 
à auto-regulamentação também vai encontrar na teoria intervencionista do 
Estado, pela via legal, a solução. 
 Cerqueira Filho (1982) conclui que os pensamentos convergem para 
uma teoria da integração social: resolver os conflitos entre capital e trabalho 
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Aula 05 Questão Social 
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fora dos limites da luta de classes e efetivar a igualdade na realização do bem 
comum por intermédio da lei, da polícia e da justiça. 
 
 
 Na década de 1990 do século XX, Castel (1998), Rosanvallon 
(1998), Wanderley (1997), Telles (1996), Martins (1997), dentre 
outros, reconhecem o desafio da questão social para as sociedades 
contemporâneas, situando-a nos marcos da mundialização da 
economia e da avidez pelo lucro via competitividade e concorrência. 
 O trabalho passa a ser alvo de dois tipos de redução geradora 
de carências múltiplas: a de custo com a força de trabalho e a com a 
ineficácia produtiva. E o resultado dessas reduções gera a expulsão 
dos incapazes de adaptação e a subcontratação de trabalho por fora 
da empresa. 
CASTEL (1998) E ROSAVALLON (1998). 
 Nessas condições, Castel (1998, p. 30) compreende a questão social 
como: “aporia fundamental sobre a qual uma sociedade experimenta o 
enigma de sua coesão e tenta conjurar o risco de sua fratura”; e Rosanvallon 
(1998, p. 23), tomando como ponto de partida a mesma matriz teórica, 
entende-a como “inadaptação dos métodos de gestão do social pelo Estado 
passivo”. 
 Ambos, no entanto, chamam a atenção para a situação de 
aleatoriedade do futuro, incertezas e vulnerabilidades vividas pela sociedade 
salarial moderna que é questionada quanto à função integradora do trabalho. 
Não é demais lembrar que na sociedade salarial a maioria dos sujeitos sociais 
tem sua inserção social relacionada não somente à renda do trabalho, mas 
ao status, proteção e identidade. 
 Os países que constroem proteções sociais mais sólidas e têm direitos 
enraizados há mais tempo, e resistem mais às pressões externas, defendem-
se melhor dos riscos e sofrem um processode degradação mais lento. 
 
 A questão social no Brasil é mais grave em profundidade e 
extensão, desestabiliza, desorganiza o trabalho, avança para as 
esferas da sociabilidade, e atinge mais intensamente grupos e 
categorias sociais, independentemente de classe social, idade, sexo, 
e/ou grupo de pertencimento. 
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 Na verdade, a questão social brasileira tem na desigualdade 
econômica, mas também, como afirma Martins (1997), na cultural, 
moral, simbólica e política, seu núcleo orgânico. É produto de uma 
estrutura social inerente ao modo de produção e reprodução 
vigentes, pelos modelos de desenvolvimento que o país 
experimentou, a saber: escravista, industrial – desenvolvimentista, 
fordista-taylorista, e o atual de reorganização flexível. 
 Entre outros teóricos do Serviço Social, Netto, Iamamoto e 
Pereira compartilham perspectiva teórica crítica dos projetos 
societários em disputa, e salientam os desdobramentos sociopolíticos 
do pauperismo, da pobreza, e das desigualdades sociais acumulados, 
historicamente, como determinações importantes na designação de 
questão social, do fenômeno em si, da construção e reconstrução 
ampliada; reafirmam sua vinculação desde a expressão e supressão 
à sociedade e sociabilidade burguesa, mas distinta dos 
desdobramentos dos problemas sociais herdados ou dos traços 
invariáveis da sociedade humana, e defendem a tese da inexistência 
de uma nova questão social. 
PEREIRA (2005) 
 Para Pereira (2005), questão social sempre expressou a relação 
dialética entre estrutura e ação de sujeitos estrategicamente posicionados, 
mas enfraquecidos atualmente na construção de uma agenda pública, no 
processo de transformação de necessidades em questões, que ainda não 
foram suficientemente problematizadas no embate político e transformadas 
em questão social – “estágio mais avançado, conflituoso e consciente do 
movimento de reação das classes subalternas à dominação social capitalista” 
(p. 60). 
IAMAMOTO (2001) 
 
 Nesse lastro Questão Social traduz, na verdade, o processo de 
produção das condições materiais da vida humana sob relações 
histórico econômicas de produção específica, e por isso mesmo ela é 
indissociável do processo de acumulação e dos efeitos produzidos 
sobre as classes trabalhadoras (IAMAMOTO, 2001, p. 11). 
WANDERLEY (1997) 
 A conjuntura de mundialização da economia, segundo Wanderley 
(1997), potencializa e agrava o quadro de desigualdades e complexidade, e 
renova a questão social. Coesão e conflito, exclusão e inclusão, riqueza e 
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pobreza, igualdade e desigualdade convivem como marcas da nossa dual 
sociedade capitalista periférica e tardia. 
 
TELES (1996) 
 Mas, adverte igualmente Telles (1996, p. 85), não basta reconhecer a 
existência da questão social enquanto realidade bruta da pobreza, da miséria, 
da vida sem sentido, das carências; é preciso ser problematizada em sua 
essência no cenário de crise do Estado de bem-estar, da justiça social, do 
papel do Estado e do sentido da responsabilidade pública. 
 Além do mais, as desigualdades e injustiças sociais produzidas 
requerem não apenas reconhecimento enquanto questão social, mas, 
sobretudo, o assumir, por um dos setores da sociedade, o seu enfrentamento. 
 Mesmo porque, a reestruturação flexível da produção vem produzindo, 
a cada dia, novas fraturas e diferenciações que esvaziam a perspectiva da 
universalidade dos direitos 
 
 Portanto, a questão social, é construída e reconstruída nos 
marcos da determinação, da organização da sociedade de referência 
onde se encontram implicadas – a nação, o Estado, a cidadania, o 
trabalho, o gênero, a infância e adolescência, etc. – devendo ser 
reconhecida, considerada criticamente, e enfrentada pelos 
responsáveis. 
 
2. Manifestações e Enfrentamentos da Questão Social 
 
 A desigualdade social, a pobreza e o desemprego como substrato 
da questão social, precisam ser qualificados e quantificados para possibilitar 
a construção de estratégias políticas públicas que contribuam à superação 
daqueles obstáculos estruturais. 
 O Brasil, segundo Pochmann (2003), detém a terceira pior 
desigualdade de renda dentre 162 países do mundo. É, inclusive, pior 
do que a África do Sul da apartheid. Dez por cento dos ricos ganham 50 vezes 
mais do que os 10% mais pobres, que se apropriam de apenas 1% da riqueza 
socialmente produzida e acumulada; somente 20% da população apresentam 
renda per capita acima de R$ 540,00 reais e 25% dos brasileiros vivem em 
condições precárias, sem renda, emprego, acesso à educação, à saúde, 
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acumulando desigualdades não só de renda, mas política, social, cultural, 
moral e simbólica. 
 No Nordeste, em 1988, 58,8% da população vivia na pobreza 
absoluta. Dos 5,5 mil municípios brasileiros, 42% apresentam alto índice de 
exclusão social e desses, 86% estão no Norte e Nordeste do país. Apenas 
duzentas cidades desfrutam de um padrão de vida considerado adequado. O 
índice de desenvolvimento humano (IDH) médio do Brasil, que é determinado 
por indicadores de renda, educação e saúde, é 0,739 o que coloca o país na 
79ª posição dentre os mesmos 162 países acima referidos. Em contrapartida, 
somos depois de 2000 a nona economia mundial. 
 Fatores conjunturais, mas, sobretudo estruturais, são apontados 
como responsáveis pela concentração de riquezas, salários baixos e juros 
altos. A solução do problema para alguns se resolveria via estabilidade e 
crescimento da economia e melhoria da estrutura educacional, que são 
mecanismos de mercado. 
 De fato, existe correlação entre desigualdade de renda e nível 
educacional, inclusive provocando lutas sociais, mas o que temos de fato é 
um sistema tributário desfavorável à redistribuição de renda e uma agenda 
pública que não prioriza o social nos gastos públicos e nem nas políticas 
públicas. 
 É urgente e indispensável realizar a redistribuição de renda no país, 
ampliando os gastos sociais com a população privada do acesso e dos bens e 
serviços de que precisa para participar de uma humanidade igualitária e/ou 
emancipada. 
 Mas, vivemos tempos de perplexidades no qual impera a lógica da 
exclusão e desenvolve-se a cultura da insensibilidade (proximidade física e 
distanciamento social): a precarização do trabalho, o desemprego estrutural, 
a guetização das cidades, as atividades mafiosas, as violências contra 
crianças, adolescentes, pais, mulheres, idosos, a miserabilidade no espaço 
público, o esvaziamento simbólico de pressupostos éticos como igualdade, 
liberdade e justiça social. 
 
 Expressões da questão social se manifestam em todos os 
espaços e tempos sociais e institucionais, conformando uma 
humanidade de privações e sem direitos – à vida, teto, terra, emprego 
estável protegido, escolarização, proteção social, alma, identidade – 
deixando visível e em situação desconfortável os sujeitos 
estratégicos para o enfrentamento dessas questões – o Estado, o 
mercado e a sociedade civil organizada. 
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 As respostas dadas pelo Estado às manifestações da questão social 
são limitadas e não conseguem ultrapassar o viés da emergência, da 
assistência, do clientelismo, do imediato e do conservadorismo, apesar do 
avanço legislativo e dos discursos pró- inclusão, pró-redução da pobreza, pró-
social. 
 As propostas de redução das funções do Estado ao mínimo, em 
termos de política social, as experiências de descentralização em execução 
no país, e a transferência de atividades não exclusivas à sociedade civil 
organizada vêm, em contrário senso, favorecendo a poucos. 
 Ressalte-se que a reforma da previdência, enquanto solução para 
problemáticas do mundo do trabalho, da gestão do orçamento público e de 
eliminação de privilégios tem, igualmente, fragilizada a situação dos 
trabalhadores empregados, e reforçado o contingente de desprotegidos e 
vulneráveis. 
 Evidentemente, existem propostas de enfrentamento da questão social 
nos âmbitos estadual e municipal, sinalizando para a universalização de 
direitos, mas são ainda pontuais e insuficientes para provocar impactos nos 
indicadores de pobreza e desigualdade social. 
 Quanto ao mercado, políticas sociais privadas e/ou empresariais 
vêm respondendo às demandas emergentes via projetos sociais e da 
filantropia empresarial. 
 No lugar de fazer a caridade com donativos como forma de isenção ou 
redução de impostos, hoje, as doações são estruturadas e concebidas na 
lógica do investimento social ou da mercantilização da caridade e do imposto. 
A própria empresa desenvolve programas de ação social na área da educação, 
promoção social, cultura, saúde, meio ambiente, agricultura, ciência e 
tecnologia, esportes, criança e adolescente. 
 O atual modelo de gestão das empresas – responsabilidade 
social e planejamento estratégico – requer nível de informação e 
avaliação que permita julgar e melhorar aspectos sociais relacionados ao 
macro e microambientes de seus trabalhadores e familiares, no entorno da 
fábrica. 
 A empresa do século XXI, ainda que com menores contingentes de 
trabalho vivo, não responde mais ao capital e trabalho defendendo a 
qualidade, o serviço, o preço, o padrão mundial e o marketing inteligente 
como diferenciais na competição. A essas vantagens agrega políticas dirigidas 
às corporações e seus executivos para atrair o consumidor de seus produtos 
e serviços concedem gratificações aos funcionários e reforça a imagem da 
empresa. O setor de recursos humanos assume centralidade no modelo, 
desenvolvendo ações de treinamento e capacitação, envolvendo funcionários, 
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proporcionando bem-estar e satisfação no trabalho para uma vida de 
qualidade, articulando gestão e planejamento, desempenho e recompensa. 
 A sociedade civil organizada amplia suas atividades e 
responsabilidades frente às demandas, necessidades sociais (desemprego, 
tráfico de drogas, trabalho infantil, criminalidade, analfabetismo funcional, 
fome, doenças), mas de forma pulverizada e por meio de diversas 
organizações – movimentos sociais, entidades profissionais, setores das 
igrejas, partidos, sindicatos, organizações não governamentais, organizações 
sociais – que atuam isoladas ou em parcerias e redes com organizações 
governamentais brasileiras e estrangeiras. 
 
 As manifestações da questão social, em cada momento 
histórico, assumem determinados contornos, mas se renovam, se 
ampliam e se tornam mais e mais complexas, com novas contradições 
que remetem, em última instância, a problemáticas particulares e 
desafiantes para o seu enfrentamento pela via exclusiva do acesso a 
benefícios vinculados à inserção produtiva no mercado de trabalho. 
As desigualdades sociais, econômicas, culturais, morais e simbólicas 
contemporâneas requerem que o Estado assuma sua função social e 
o desafio de superar as estratégias encaminhadas pelo capital para 
processar a acumulação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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2011/FCC/TRT 1ª R (RJ). O assistente social trabalha com a questão social e com 
suas expressões ou manifestações: o desemprego, o analfabetismo, a fome, a 
moradia na favela, a falta de leitos em hospitais, a violência e a inadimplência. Nessa 
direção, a questão social 
I. apresenta-se nas objetivações concretas que sintetizam as determinações 
prioritárias do capital sobre o trabalho. 
II. representa não só as desigualdades, mas, também, o processo de resistência e 
luta dos trabalhadores. 
III. coloca-se em novos patamares frente o avanço das organizações dos 
trabalhadores e das populações subalternizadas. 
Está correto o que se afirma em 
a- I, apenas. 
b- II, apenas. 
c- III, apenas. 
d- I e II apenas. 
e- I, II e III. 
 
Comentário: “A questão social não é senão as expressões do processo de 
formação e desenvolvimento da classe operária e de seu ingresso no cenário 
político da sociedade, exigindo seu reconhecimento como classe por parte do 
empresariado e do Estado. É a manifestação, no cotidiano da vida social, da 
contradição entre o proletariado e a burguesia, a qual passa a exigir outros 
tipos de intervenção mais além da caridade e repressão”. "O avanço das 
organizações dos trabalhadores e das populações subalternizadas, coloca em 
novos patamares a concepção de questão social. Se, no período ditatorial 
brasileiro pós-64 a luta prioritária era romper com a dominação política, hoje 
a luta é pela consolidação da democracia e pelos direitos de cidadania. As 
transformações no mundo do trabalho, seja com a substituição do homem 
pela máquina, seja pela erosão dos direitos trabalhistas e previdenciários, 
exigem, também, que se reatualize a concepção de questão social". 
Resposta Correta: Letra e- I, II e III. 
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 Aos assistentes sociais compete construir respostas apoiadas 
em investigações e pesquisas realizadas sobre sua prática e realidade 
cotidiana, cujos produtos alimentem e deem consistência ao debate 
disciplinar e interdisciplinar. 
 Urge resgatar as diferenças de percepção e auto representação 
dos assistentes sociais que lidam com a questão social e trabalham 
no quotidiano dos usuários, sem perder de vista as interfaces do 
global com o local e vice-versa, para trabalhar pela inversão 
qualificada dessas situações. Buscar apoios e incentivos nas políticas 
do Estado é necessário para na mediação avançar a intenção de 
ruptura para além do imediato. 
 Seja: “combater os territórios de desigualdade social e de 
exclusão social, desenvolvendo um processo de retorno aos direitos 
sociais e à justiça social, objetivos últimos do Serviço Social”; ou, 
como afirma Dominelli, trazer os assistentes sociais para a arena 
política nos domínios nacional e internacional (2004, p. 33) para que 
possam influir na construção de outra ordem democrática e 
igualitária alimentadas pela inteligência e vontade coletiva. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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3. As tendências da questão socialno capitalismo contemporâneo. 
 
 Para iniciarmos o debate acerca da questão social, é preciso 
compreendê-la em seu processo de desenvolvimento. 
 
JOSÉ PAULO NETTO (2001). 
 Segundo Netto (2001), há cinco momentos historicamente 
importantes para compreender a questão social. 
Primeiro momento histórico: 
 A expressão “questão social” surge para dar conta do pauperismo 
decorrente dos impactos da primeira onda industrializante, a designação 
desse pauperismo relacionava-se diretamente aos seus desdobramentos 
sociopolíticos, pois desde a primeira década até a metade do século XIX 
seu protesto tomou as mais diversas formas numa perspectiva efetiva de uma 
reversão da ordem burguesa. 
2012/ FCC/MPE-AP. O assistente social, ao intervir cotidianamente nas expressões 
e manifestações da questão social, depara-se com situações que exigem aptidão para 
a- estruturar o seu trabalho de forma a mostrar a sua capacidade de obter o consenso 
para abafar os conflitos sociais existentes. 
b- atuar na desordem provocada pelas camadas populares, e ser conhecedor dos 
aparelhos do Estado que possam responsabilizar os indivíduos em situação de 
vulnerabilidade. 
c- saber utilizar as estratégias adequadas para ater-se nas tarefas burocráticas 
determinadas pelo empregador e não ir além do que foi solicitado, o que extrapola o 
objeto de sua intervenção profissional. 
d- compreender a dinâmica das relações sociais, as formas como se estabelecem, as 
suas tendências, bem como as alterações no contexto social mais amplo. 
e- olhar com naturalidade para as múltiplas expressões da questão social que já 
estavam previstas e ter ciência que é somente com a intervenção e equilíbrio do 
mercado que poderão ser minimizadas, além de contar com algum suporte do Estado. 
 
Resposta Correta: Letra d- compreender a dinâmica das relações sociais, as 
formas como se estabelecem, as suas tendências, bem como as alterações no 
contexto social mais amplo. 
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Segundo momento histórico: 
 A partir da metade desse século, a expressão “questão social” entra 
para o vocabulário do pensamento conservador, com o caráter de urgência 
para manutenção e a defesa da ordem burguesa, a questão social perde 
paulatinamente sua estrutura histórica determinada e é crescentemente 
naturalizada, tanto pelo pensamento conservador laico como no do 
confessional, no primeiro as manifestações da questão social eram vistas 
como características inelimináveis de toda e qualquer ordem social e para 
amenizá-las e reduzi-las era preciso uma intervenção política limitada, 
enquanto que para o segundo, a gravitação da questão social só era possível 
com uma exacerbação da vontade divina. 
 Assim, para ambos, a questão social é objeto de ação moralizadora, 
o enfrentamento de suas manifestações deve ser função de um programa de 
reformas que preserve a propriedade privada dos meios de produção. 
 Em contrapartida, com a exploração da revolução de 1848, os ideais 
da classe trabalhadora passam de classe em si para classe para si, a questão 
social passa a ser vista como atrelada à sociedade burguesa e a supressão 
desta conduz a supressão daquela. 
Terceiro momento histórico: 
 Netto destaca que foi apenas em 1867 com o livro “O capital”, de 
Karl Marx, que se produziu uma compreensão teórica acerca do processo de 
produção do capital, relevando a anatomia da questão social. 
 Para Marx a questão social seria determinada pelo traço próprio e 
peculiar da relação capital-trabalho, a exploração, fruto da sociabilidade 
erguida sob o comando do capital. 
Quarto momento histórico: 
 Netto expõe que no período do Welfare State (1945-1970), período 
dos trinta anos gloriosos, a questão social e suas manifestações pareciam 
remeter-se ao passado, e apenas os marxistas insistiam em assinalar que as 
melhorias das condições de vida dos trabalhadores não alteravam a essência 
exploradora do capitalismo. 
 Já a partir da década de 1970, com o esgotamento da onda longa 
expansiva, o capitalismo mostrou que não havia nenhum compromisso social, 
e a intelectualidade acadêmica descobriu uma nova questão social. 
 Por fim, na última nota, Netto defende a tese de que não se trata de 
uma nova questão social uma vez que a emergência de novas expressões 
da questão social é decorrente da ordem do capitalismo. 
 
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IAMAMOTO (2010) 
 Em consonância a esse pensamento, Iamamoto (2010) aponta 
que a questão social é indissociável da sociabilidade capitalista e que 
na sociedade burguesa a gênese da questão social deriva do caráter 
coletivo da produção contraposto à apropriação privada da própria 
atividade humana, esta condensaria então o conjunto das 
desigualdades e lutas sociais, produzidas e reproduzidas no 
movimento contraditório das relações sociais, tendo alcançado a 
plenitude de suas expressões e matizes em tempo de capital fetiche. 
 Para autora, a questão social expressa, portanto, 
desigualdades econômicas, políticas e culturais das classes sociais, 
mediatizadas por disparidades nas relações de gênero, 
características étnico-raciais e formações regionais, colocando em 
causa amplos segmentos da sociedade civil no acesso aos bens da 
civilização. 
 Destaca que foram as lutas sociais que romperam o domínio 
privado nas relações entre capital e trabalho, extrapolando a questão 
social para esfera pública exigindo a interferência do Estado para o 
reconhecimento e a legalização de direitos e deveres dos sujeitos 
sociais envolvidos. 
 Também ressalta que a questão social não é um fenômeno 
recente, típico do esgotamento dos chamados trinta anos gloriosos 
da expansão do capitalismo, ao contrário, trata-se de uma “velha 
questão social” inscrita na própria natureza das relações sociais 
capitalistas, mas que, na contemporaneidade, se reproduz sob novas 
mediações históricas e, ao mesmo tempo, assume inéditas 
expressões espraiadas em todas as dimensões da vida em sociedade. 
 A autora assinala que o processo de naturalização da questão 
social é acompanhada da transformação de suas manifestações em 
objeto de programas assistenciais focalizados no “combate à 
pobreza” e que uma dupla armadilha pode envolver a análise da 
questão social, corre-se o risco, então, de cair na pulverização e 
fragmentação das questões sociais, atribuindo unilateralmente aos 
indivíduos a responsabilidade por suas dificuldades ou aprisionar a 
análise em um discurso genérico, que redunda em uma visão unívoca 
e indiferenciada da questão social. 
 Por fim, aponta que na perspectiva por ela assumida, a questão 
social não se identifica com a noção de exclusão social, hoje 
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generalizada, dotada de grande consenso nos meios acadêmicos e 
políticos. 
 
 
 
 
 
2014/FGV/TJ-RJ. TEXTO 1 - A partir dos anos 1970, com a primeira grande crise do 
capitalismo após os “30 anos gloriosos”, as proposições neoliberais ganham fôlego no 
mundo. Nas palavras de Netto (1996: 99): “Também o Estado burguês, mantendo o 
seu caráter de classe, experimenta um redimensionamento considerável. A mudança 
mais imediata é a diminuição de sua ação reguladora, especialmente o encolhimento 
de suas‘funções legitimadoras’ (O’Connor, 1977): quando o grande capital rompe o 
‘pacto’ que suportava o Welfare State, começa a ocorrer a retirada das coberturas 
sociais públicas e tem-se o corte nos direitos sociais (...)”. 
Depreende-se, portanto, que as repercussões desta crise impactam diretamente os 
trabalhadores e amplificam a “questão social”. 
Considerando a temática discutida no texto 1, sob a ótica neoliberal, a “questão social” 
é apreendida e representada ideologicamente como: 
a- a democratização da cidadania, da política e da cultura; 
b- indissociável das configurações assumidas pelo trabalho; 
c- a expressão ampliada das desigualdades econômicas; 
d- a ampliação dos direitos para segmentos vulneráveis; 
e- uma ameaça à ordem e à coesão social. 
Comentário: Iamamoto (2001) conclui que, sob a ótica neoliberal "a questão 
social produzida e reproduzida ampliadamente tem sido vista [...] enquanto 
'disfunção' ou 'ameaça' à ordem e à coesão social", o que leva a um 
apontamento do trato de suas expressões contemporâneas de maneira 
fragmentada, visando o controle e o restabelecimento dos fatores de coesão, 
típica de uma abordagem organicamente intolerante a transformações na 
estrutura da produção e distribuição de riqueza e poder. 
Resposta Correta: Letra e- uma ameaça à ordem e à coesão social. 
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YAZBEK (2001) 
 No que diz respeito à temática da exclusão social, Yazbek 
(2001) privilegia a análise da pobreza e da exclusão social como 
algumas das resultantes da questão social que permeiam a vida das 
classes subalternas em nossa sociedade e com as quais os 
assistentes sociais se defrontam em sua prática profissional. 
 A autora parte do debate acumulado no âmbito do Serviço 
Social que situa a questão social como elemento central na relação 
entre profissão e realidade ao colocá-la como referência para a ação 
profissional. Dessa maneira, inicia pontuando que pobreza, exclusão 
e subalternidade configuram-se como indicadores de uma forma de 
inserção na vida social, de uma condição de classe e de outras 
condições reiteradoras da desigualdade, expressando as relações 
vigentes na sociedade. 
 A pobreza seria uma face do descarte de mão de obra barata, 
que faz parte da expansão capitalista. Assim, segundo a autora, as 
sequelas da “questão social” expressas na pobreza, na exclusão e na 
subalternidade de grande parte dos brasileiros tornam-se alvo de 
ações solidárias e de filantropia revisitada, fazendo parte deste 
quadro à crônica crise das políticas sociais, seu reordenamento e sua 
subordinação às políticas de estabilização da economia, com suas 
restrições aos gastos públicos e sua perspectiva privatizadora. 
 Yazbek (2001) faz referência a Telles quando esta aponta que 
no momento atual, despolitiza-se o reconhecimento da questão 
brasileira como expressão de relações de classe e neste sentido, 
desqualifica-a como questão pública, questão política, questão 
nacional, numa sociedade privatizada que desloca a pobreza para o 
“lugar de não política, onde é franqueada como um dado a ser 
administrado teoricamente ou gerado pelas práticas de filantropia”. 
 Yazbek finaliza assinalando que entende que a reprodução 
ampliada da questão social é reprodução das contradições sociais, 
que não há rupturas no cotidiano sem resistência, sem 
enfrentamentos e que se a intervenção profissional do assistente 
social circunscreve um terreno de disputa, é aí que está o desafio de 
sair da lentidão, de construir, reinventar mediações capazes de 
articular a vida social das classes subalternas com o mundo público 
dos direitos e cidadania. 
 
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TELLES (1996) 
 Em outra linha de pensamento em relação à questão social, Telles 
(1996) assinala que a questão social não se reduz ao reconhecimento da 
realidade bruta da pobreza e da miséria. 
 A autora, citando os termos de Castel, aponta que a questão social é a 
aporia das sociedades que põe em foco a disjunção, sempre renovada, entre 
a lógica do mercado e a dinâmica societária, entre a exigência ética dos 
direitos e os imperativos da eficácia da economia, entre a ordem legal que 
promete igualdade e a realidade das desigualdades e exclusões tramada na 
dinâmica das relações de poder e dominação. 
 A aporia nos tempos correntes diria respeito também à disjunção entre 
as esperanças de um mundo que valha a pena ser vivido, inscritas nas 
reivindicações por direitos e o bloqueio de perspectivas de futuro para 
maiorias atingidas por uma modernidade selvagem que desestrutura formas 
de vida e faz da vulnerabilidade e da precariedade formas de existência, que 
tendem a se cristalizar como único destino possível. 
 Dessa maneira, para Telles, a questão social é o ângulo pelo qual as 
sociedades podem ser descritas, lidas, problematizadas em sua história, seus 
dilemas e suas perspectivas de futuro. 
 Assim, para esta, discutir a questão social significa um modo de se 
problematizar alguns dos dilemas cruciais do cenário contemporâneo. Ela 
então ressalta que nos tempos atuais as conquistas sociais alcançadas estão 
sendo devastadas pela avalanche neoliberal no mundo inteiro, que a 
destituição dos direitos também significa a erosão das mediações políticas 
entre o mundo do trabalho e as esferas públicas e que estas, por isso mesmo, 
se descaracterizam como esferas de explicitação de conflitos e dissensos, de 
representação e de negociação sendo que é por via dessa destituição e dessa 
erosão dos direitos e das esferas de representação que se constrói esse 
consenso de que o mercado é o único e exclusivo princípio estruturador da 
sociedade e da política, que diante dos seus imperativos, nada há a fazer a 
não ser administrar tecnicamente suas exigências que a sociedade deve a ele 
se ajustar e que os indivíduos, agora desvencilhados das proteções tutelares 
dos direitos, podem finalmente provar suas energias e capacidades 
empreendedoras. 
 E por fim, se pergunta qual seria o lugar da questão social no cenário 
político brasileiro, pois, segundo ela, se a pobreza é (e sempre foi) espantosa 
e continua aumentado sob o efeito conjugado de recessão econômica, 
reestruturação produtiva e desmantelamento dos serviços públicos, o que 
impressiona é o modo como é figurada. 
 Hoje no Brasil, nossa velha e persistente pobreza ganha 
contemporaneidade e ares de modernidade por conta dos novos excluídos 
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pela reestruturação produtiva. Portanto, se a questão social é a aporia das 
sociedades modernas, é ela que nos dá a chave para compreender essa 
espécie de esquizofrenia de que padece a sociedade brasileira, nas imagens 
fraturadas de si próprias, entre uma “sociedade organizada” que promete 
modernidade e seu retrato em negativo feito de anomia, violência e atraso. 
 
 Para entender um pouco do debate francês a propósito da 
questão social, é preciso entender principalmente Robert Castel e 
Pierre Rosavallon (1998), maiores expoentes da literatura francesa 
sobre o tema. 
ROBERT CASTEL 
 Robert Castel é um sociólogo e filosofo francês, em seu texto “As 
metamorfoses da questão social”, de 1998, faz uma análise das 
transformações históricas da sociedade capitalista, nessetexto o autor 
assinala que a “questão social” é uma aporia fundamental sobre a qual uma 
sociedade experimenta o enigma de sua coesão e tenta conjurar o risco de 
sua fratura. 
 É um desafio que interroga, põe em questão a capacidade de uma 
sociedade para existir como um conjunto ligado por relações de 
interdependência. Assim, para Castel, a questão social pode ser caracterizada 
por uma inquietação quanto à capacidade de manter a coesão de uma 
sociedade. A ameaça de ruptura é apresentada por grupos cuja existência 
abala a coesão do conjunto. 
 O autor expõe que a gênese desta questão foi suscitada por um lado, 
pelo distanciamento do crescimento econômico e o aumento da pobreza, e 
por outro, pela ordem jurídico-política que reconhecia os direitos sociais dos 
cidadãos e uma ordem econômica que os negava. 
 A grande diferença da questão social na fase do capitalismo industrial 
seria o surgimento de novos atores e conflitos. Com a crise da década de 
1970 e o abalo da sociedade salarial, as principais manifestações dessa nova 
questão social, reflexo do desemprego em massa e da precarização do 
trabalho, é o reaparecimento de trabalhadores sem trabalho, os inúteis para 
o mundo ou supranumerários, pessoas que não tem lugar na sociedade 
porque não são integradas. 
 Dessa forma, Castel conclui que a profunda metamorfose da questão 
social é que enquanto anteriormente a necessidade era saber como um ator 
social subordinado e dependente poderia tornar-se um sujeito social pleno, 
hoje a questão é amenizar a presença destas populações postas à margem, 
torná-las discretas a ponto de apagá-las. 
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PIERRE ROSAVALLON 
 Numa mesma linha de pensamento, Rosavallon (1998) ressalta que as 
transformações contemporâneas decorrentes da crise da década de 1970, fez 
surgir uma nova questão social, visto que em suas análises dos sistemas 
seguradores, os benefícios do crescimento econômico e das conquistas das 
lutas sociais modificaram a vida dos trabalhadores e o Estado-providência 
quase conseguiu vencer a antiga insegurança social e vencer o medo do 
futuro. 
Assim, aponta que o crescimento do desemprego e o aparecimento de novas 
formas de pobreza nos faz remeter a antigas formas de exploração e que o 
surgimento da uma nova questão social é traduzida pela inadaptação dos 
métodos antigos de gestão social. 
Desse modo, a nova questão social se coloca a partir de novos fenômenos de 
exclusão social decorrentes da crise da década de 1970, crise que segundo 
Rosavallon apresenta três dimensões: 
 Financeira, uma vez que os gastos são maiores que o ingresso de 
recursos; 
 Ideológica, devido à falta de eficácia do Estado empresário para 
enfrentar as questões sociais; 
 Filosófica, pela desintegração dos princípios que organizam a 
solidariedade e a concepção tradicional de direitos sociais. 
 Logo, as políticas sociais impõem considerar os indivíduos em sua 
singularidade, sendo a meta dar a cada um os meios para que modifique a 
sua vida e, para tanto, é necessário, nesses novos tempos, a proposição de 
uma nova cultura política. 
POTYARA PEREIRA (2001). 
 Para finalizar a discussão, Pereira (2001) assinala que não se tem uma 
clareza da existência real de uma “nova questão social”, questiona-se, além 
do adjetivo “nova”, a justeza do termo “questão” para designar problemas e 
necessidades sociais atuais, que apesar de dramáticos e globais, se impõem 
sem problematizações de peso e, portanto, sem enfrentamentos à altura por 
parte de forças sociais estratégicas. 
 Para Potyara Pereira estaríamos ainda diante de uma questão latente 
que apesar de inscrita na contradição fundamental do sistema capitalista, 
ainda não foi explicitada, pois por falta de forças sociais com efetivo poder de 
pressão para fazer incorporar na agenda pública problemas sociais, com vista 
ao seu decisivo enfrentamento, a autora entende que se tem pela frente não 
propriamente uma “questão social” explícita, mas uma incômoda e 
complicada “questão social” latente, cuja explicitação acaba por tornar-se o 
principal desafio das forças sociais progressistas. 
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QUESTÕES DE PROVAS 
 
1. 2015/CESPE/ STJ. Acerca da questão social, julgue o próximo item. Na atualidade, 
as políticas de enfrentamento da questão social expressam o reconhecimento da 
existência de problemas de cunho social por meio de políticas de amplo alcance e de 
caráter universal. 
Certo / Errado 
Comentário: Na atualidade, as políticas de enfrentamento da questão social 
expressam o reconhecimento da existência de problemas de cunho social por 
meio de políticas de amplo alcance e de caráter universal ( é o que se 
objetiva)."No campo institucional, a crise mundial das economias capitalistas 
ocidentais leva a uma violenta redução dos ideais universalistas e igualitários na 
área dos direitos sociais, sendo estes substituídos pela exigência da focalização 
em populações vulneráveis e de risco social, conforme apregoado pelas agências 
mundiais de fomento e financiamento . Vai-se confirmando uma divergência 
entre o definido sobre a proteção social na Constituição de 1988 e a 
operacionalização das políticas sociais e os valores profissionais. 
Resposta Correta: Errada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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2. 2015/CESPE/STJ. Acerca da questão social, julgue o próximo item. A questão social 
se configura a partir de determinantes históricos objetivos, sem interferência de dimensões 
subjetivas. 
Certo / Errado 
Comentário: Iamamoto (2008), ao analisar a gênese e as determinações 
históricas e teóricas da questão social, suas expressões na contemporaneidade, 
destaca que a interpretação que assume tem a questão social como indissociável 
da sociedade capitalista. Sua gênese deriva do caráter coletivo da produção 
contraposto à apropriação privada da própria atividade humana – o trabalho -, 
das condições necessárias à sua realização, assim como de seus frutos. Observa 
ainda que a questão social condensa o conjunto das desigualdades e lutas sociais; 
suas configurações integram tanto determinantes históricos objetivos que 
condicionam a vida dos indivíduos sociais, quanto dimensões subjetivas, fruto da 
ação dos sujeitos na construção da história. Expressa, dessa forma, “uma arena 
de lutas políticas e culturais na disputa entre projetos societários, informados por 
distintos interesses de classe na condução das políticas econômicas e sociais, que 
trazem o selo das particularidades históricas nacionais”. 
Resposta Correta: Errada. 
 
3. 2015/FGV/DPE-MTP. Um elemento fundamental a todo projeto é a sua fundamentação 
teórica. Dessa forma, quando o pressuposto teórico é alimentado por uma visão de mundo 
dialético-crítica, ele se baseia na compreensão das refrações da “questão social” como 
A- Produto da vontade divina. 
B- Intrínseco ao modo de produção capitalista. 
C- Consequência de um comportamento individual. 
D- Resultantes das ações intencionais da classe dominante. 
E- Falta de capacitação ou sorte de indivíduos ou grupos que enfrentam dificuldades para 
sobreviver. 
Comentário: É necessário clarificar quais são os pressupostos teóricosque vão dar 
concretude ao trabalho. Para isso, é preciso ter claro que, ao se filiar à teoria 
dialética-crítica, o profissional está alimentado por uma visão de mundo que 
compreende as refrações da questão social como PRODUTO INTRÍNSECO DO 
CAPITALISMO e não como consequência de um posicionamento individual do 
sujeito, de seus familiares e de seus grupos, que, por falta de capacitação ou sorte, 
enfrentam dificuldades para sobreviver. 
Resposta Correta: Letra b- intrínseco ao modo de produção capitalista. 
 
 
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4. 2015/FGV/DPE-MT. Contemporaneamente, a necessidade de reduzir a ação do Estado 
na “questão social” ocorre mediante 
 a- a ampliação dos direitos sociais. 
 b- a restrição de gastos sociais. 
 c- o empoderamento dos segmentos vulneráveis. 
 d- o crescimento do trabalho formal. 
 e- a contratação de assistentes sociais. 
Comentário: Restrição de gastos sociais componente do Estado mínimo e 
característica do neo desenvolvimentismo. 
Resposta Correta: Letra b- a restrição de gastos sociais. 
 
5. 2015/FGV/DPE-MT. Uma das estratégias do Estado burguês para o enfrentamento da 
“questão social” reside na implantação das políticas sociais. No Brasil, esta estratégia 
começa a ser efetivada 
a- como consequência da institucionalização do Serviço Social. 
b- devido à pressão dos sindicatos patronais. 
c- a partir da crise estrutural do capitalismo da década de 1970. 
d- mediante o reconhecimento das necessidades da população pobre. 
e- com a emergência do capitalismo monopolista. 
Comentário: Segundo Netto: É a política social do Estado burguês no capitalismo 
monopolista (e, como se infere desta argumentação, só é possível pensar-se em 
política social pública na sociedade burguesa com a emergência do capitalismo 
monopolista), configurando a sua intervenção contínua, sistemática, estratégica 
sobre as sequelas da questão social, que oferece o mais canônico paradigma dessa 
indissociabilidade de funções econômicas e políticas que é própria do sistema 
estatal da sociedade burguesa madura e consolidada. 
Resposta Correta: Letra e- com a emergência do capitalismo monopolista. 
 
 
 
 
 
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6. 2014/FGV/TJ-RJ. TEXTO 1 - A partir dos anos 1970, com a primeira grande crise do 
capitalismo após os “30 anos gloriosos”, as proposições neoliberais ganham fôlego no 
mundo. Nas palavras de Netto (1996: 99): “Também o Estado burguês, mantendo o seu 
caráter de classe, experimenta um redimensionamento considerável. A mudança mais 
imediata é a diminuição de sua ação reguladora, especialmente o encolhimento de suas 
‘funções legitimadoras’ (O’Connor, 1977): quando o grande capital rompe o ‘pacto’ que 
suportava o Welfare State, começa a ocorrer a retirada das coberturas sociais públicas e 
tem-se o corte nos direitos sociais (...)”. 
Depreende-se, portanto, que as repercussões desta crise impactam diretamente os 
trabalhadores e amplificam a “questão social”. 
Considerando a temática discutida no texto 1, sob a ótica neoliberal, a “questão social” é 
apreendida e representada ideologicamente como: 
a- a democratização da cidadania, da política e da cultura; 
b- indissociável das configurações assumidas pelo trabalho; 
c- a expressão ampliada das desigualdades econômicas; 
d- a ampliação dos direitos para segmentos vulneráveis; 
e- uma ameaça à ordem e à coesão social. 
Comentário: Iamamoto (2001) conclui que, sob a ótica neoliberal "a questão 
social produzida e reproduzida ampliadamente tem sido vista [...] enquanto 
'disfunção' ou 'ameaça' à ordem e à coesão social", o que leva a um apontamento 
do trato de suas expressões contemporâneas de maneira fragmentada, visando o 
controle e o restabelecimento dos fatores de coesão, típica de uma abordagem 
organicamente intolerante a transformações na estrutura da produção e 
distribuição de riqueza e poder. 
Resposta Correta: Letra e- uma ameaça à ordem e à coesão social. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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7. 2014/FCC/TRF.3ª R. Nas últimas décadas do século XX e início do século XXI, nos 
vimos confrontados com um conjunto de transformações da sociedade que gestaram 
manifestações da questão social. Essas manifestações expressam principalmente as 
grandes mudanças nas relações do trabalho, quais sejam, a 
 a- flexibilização e a precarização do trabalho. 
 b- globalização e a auto determinação da classe que vive do trabalho. 
 c- desmercantilização e a livre concorrência de classe. 
 d- financeirização e a ampliação da solidariedade orgânica entre os trabalhadores. 
 e- intensificação do trabalho e o empoderamento dos trabalhadores. 
Comentário: Flexibilização e precarização: palavras chave nas relações do 
trabalho. 
Resposta Correta: Letra a- flexibilização e a precarização do trabalho. 
 
8. 2014/UFBA/UFBA. De acordo com Iamamoto e Paulo Netto, a crise do capital, na 
contemporaneidade, gera uma nova questão social. 
Certo / Errado 
Comentário: Afirmar que existe uma nova questão social, é coadunar com a 
perspectiva do pós-modernismo, algo que hegemonicamente é negado pela 
categoria, pois a base da questão social é única, histórica e atemporal, ou seja, a 
contradição entre capital e trabalho, algo que existe desde a revolução industrial, 
contudo pode-se inferir que existem novas expressões, manifestações e refrações 
da questão social! 
Resposta Correta: Errada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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9. 2014/CEFET-MG/CEFET-MG. Mota (2010) e Pastorini (2010) concluem que não existe a 
denominada “nova questão social”. Essas autoras reafirmam que a questão social decorre da 
(o) 
a- violência urbana e rural e da falta de políticas públicas na prevenção à criminalidade. 
b- ausência de cidadania e de direitos sociais, na contemporaneidade, como no campo 
educacional. 
c- crescimento do desemprego, da desigualdade, da exclusão e das novas formas de pobreza, 
ocorridas nas sociedades. 
d- expressão das manifestações das desigualdades e dos antagonismos ancorados nas 
contradições da sociedade capitalista. 
e- fim dos empregos, praticamente sem trabalhadores que ocupam postos no mercado formal 
na sociedade contemporânea. 
Comentário: Netto, Iamamoto, entre outros, defendem que não há uma nova 
“questão social”. O que existe na atualidade são novas manifestações da questão 
social. A questão social é própria do modo de produção capitalista, e definida pela 
contradição da relação capital e trabalho, portanto é a mesma. Mota (2010) e 
Pastorini (2010) concluem que não existe a denominada “nova questão social”. Para 
as autoras a questão social é decorrente expressão das manifestações das 
desigualdades e dos antagonismos ancorados nas contradições da sociedade 
capitalista. 
Resposta Correta: Letra d- expressão das manifestações das desigualdades e dos 
antagonismos ancorados nas contradições da sociedade capitalista. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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10. 2013/FCC/TRT5ªR (BA). Para Maria Carmelita Yazbek (2012), a Questão Social pode 
ser compreendida como 
a- resultante da divisão da sociedade em classes e da disputa pela riqueza socialmente gerada, 
cuja apropriação é extremamente desigual no capitalismo. Supõe, desse modo, a consciência 
da desigualdade e a resistência à opressão por parte dos que vivem de seu trabalho. 
b- consequência do modelo de proteção social e do modo como a sociedade, especialmente 
as classes populares, se relacionam com as oportunidades que o atual sistema capitalista lhes 
oferece. 
c- decorrente da burocracia do Estado centralizador, próprio dos modelos econômicos de 
inspiração socialista. 
d- resultante do escravismo que antecede a sociedade de classes capitalista e que gerou um 
pauperismo sem proteção social do Estado, portanto, não tem relação imediata com o modo 
capitalista de produção e tão pouco com a sociedade de classe. 
e- um fenômeno coletivo e plural que advém da lógica mercantilista de instalação das 
economias na Europa central instaurada a partir do século XV, do que decorreu a dependência 
econômica dos países colonizados. 
Comentário: A questão social representa o reflexo das disparidades econômicas, 
políticas e culturais, envolvendo tanto as classes sociais como os grupos raciais e 
formações regionais. A questão social resulta da divisão da sociedade em classes e 
da disputa pela riqueza socialmente gerada, cuja apropriação é extremamente 
desigual no capitalismo. Supõe, desse modo, a consciência da desigualdade e a 
resistência à opressão por parte dos que vivem de seu trabalho. O desdobramento 
da questão social ocorre, também, com a inserção da classe operária no cenário 
político, reivindicando o reconhecimento do Estado na necessidade de implantação 
de políticas sociais que de alguma maneira levem em considerações os interesses 
dos trabalhadores. 
Resposta Correta: Letra a- resultante da divisão da sociedade em classes e da disputa 
pela riqueza socialmente gerada, cuja apropriação é extremamente desigual no 
capitalismo. Supõe, desse modo, a consciência da desigualdade e a resistência à 
opressão por parte dos que vivem de seu trabalho. 
 
 
 
 
 
 
 
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11. 2013/IBFC/SEPLAG-MG. Segundo lamamato, 2010, na atual conjuntura de 
precarização e subalternização do trabalho à ordem do mercado e de mudanças nas bases 
da ação social do Estado, a questão social, matéria prima da intervenção profissional do 
assistente social, assumem nova configurações e expressões entre as quais destaca as 
situações de: 
I. insegurança e vulnerabilidade do capitalismo; 
II. desregulamentação do mercado de trabalho; 
III. desqualificação e exclusão social de segmentos populacional; 
IV. precarização das condições de vida: saúde, trabalho, infância e moradia; 
Estão corretos os itens. 
a- Os itens I e II, apenas 
b- Os itens II e III, apenas. 
c- Os itens III e IV, apenas. 
d- Nenhum item está correto 
Comentário: Na atual conjuntura de precarização e subalternização do trabalho à 
ordem do mercado e de mudanças nas bases da ação social do Estado, as 
manifestações "questão social", matéria-prima da intervenção profissional dos 
assistentes sociais, assumem novas configurações e expressões, entre as quais 
destacamos: a insegurança e vulnerabilidade do trabalho e a penalização dos 
trabalhadores, o desemprego, o achatamento salarial, o aumento da exploração do 
trabalho feminino, a desregulamentação geral dos mercados e outras tantas 
questões com as quais os assistentes sociais convivem cotidianamente: são 
questões de saúde pública, de violência, da droga, do trabalho da criança e do 
adolescente, da moradia na rua ou da casa precária e insalubre, da alimentação 
insuficiente, da ignorância, da fadiga, do envelhecimento sem recursos, etc. 
Situações que representam para as pessoas que as vivem, experiências de 
desqualificação e de exclusão social, e que expressam também o quanto a 
sociedade pode "tolerar" e banalizar a pobreza sem fazer nada para minimizá-la ou 
erradicá-la. 
Resposta Correta: Letra c- Os itens III e IV, apenas. III. desqualificação e exclusão 
social de segmentos populacional; IV. Precarização das condições de vida: saúde, 
trabalho, infância e moradia; 
 
 
 
 
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12. 2012/CESPE/TJ-AL. A respeito de questão social, assinale a opção correta: 
 a- O estabelecimento da relação entre questão social e direitos implica o reconhecimento 
do indivíduo social como um ser conformado em face das situações de opressão e de 
exploração. 
 b- Os direitos sociais, aqueles que exigem a participação ativa da sociedade, 
fundamentam-se no princípio da liberdade individual. 
 c- As novas exigências de qualificação, principalmente no âmbito do domínio das novas 
tecnologias da informação, são o principal desafio dos profissionais de serviço social no 
século XXI. 
 d- As políticas públicas, instrumentos de enfrentamento da questão social, caracterizam-
se pela ação exclusiva do Estado. 
 e- A questão social foi a base, em grande medida, da fundação sócio histórica da profissão 
de assistente social, que decorreu do enfrentamento desta questão pelo Estado, pelo 
empresariado e pelos movimentos das classes trabalhadoras no processo de constituição e 
afirmação dos direitos sociais. 
Comentário: A questão social é entendida como base de fundação sócio histórica 
da profissão, cujas expressões requisitam intervenções sistemáticas na forma de 
políticas sociais, a partir do Estado e das ações desencadeadas pelas classes 
sociais. 
Resposta Correta: Letra e- A questão social foi a base, em grande medida, da 
fundação sócio histórica da profissão de assistente social, que decorreu do 
enfrentamento desta questão pelo Estado, pelo empresariado e pelos movimentos 
das classes trabalhadoras no processo de constituição e afirmação dos direitos 
social. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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13. 2012/ FCC/MPE-AP. O assistente social, ao intervir cotidianamente nas expressões 
e manifestações da questão social, depara-se com situações que exigem aptidão para 
a- estruturar o seu trabalho de forma a mostrar a sua capacidade de obter o consenso para 
abafar os conflitos sociais existentes. 
b- atuar na desordem provocada pelas camadas populares, e ser conhecedor dos aparelhos 
do Estado que possam responsabilizar os indivíduos em situação de vulnerabilidade. 
c- saber utilizar as estratégias adequadas para ater-se nas tarefas burocráticas 
determinadas pelo empregador e não ir além do que foi solicitado, o que extrapola o objeto 
de sua intervenção profissional. 
d- compreender a dinâmica das relações sociais, as formas como se estabelecem, as suas 
tendências, bem como as alterações no contexto social mais amplo. 
e- olhar com naturalidade para as múltiplas expressões da questão social que já estavam 
previstas e ter ciência que é somente com a intervenção e equilíbrio do mercado que 
poderão ser minimizadas, além de contar com algum suporte do Estado. 
Resposta Correta: Letra d- compreender a dinâmica dasrelações sociais, as formas 
como se estabelecem, as suas tendências, bem como as alterações no contexto 
social mais amplo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 14. 2012/FCC/TRF2ª R. A questão social foi posta como alvo da intervenção do Estado e 
das políticas sociais de forma sistemática e contínua 
 a- desde os primórdios da sociedade desigual com o fim do escravismo. 
 b- no capitalismo monopolista, para preservação e controle da força de trabalho. 
 c- com o surgimento do capitalismo concorrencial, para administrar a força de trabalho. 
 d- com a instituição do modelo de Estado burocrático na Inglaterra do pós guerra. 
 e- com a insurgência do modelo econômico mercantil e intervenção estatal na sociedade 
privativista. 
Comentário: No início do século XX cresce o monopólio de empresas que se 
agrupam e controlam a produção e o mercado para venda de seus produtos, com 
fortes leis protecionistas, aumento da produtividade pelo desenvolvimento de 
novas técnicas de produção e novas alternativas energéticas. Essa nova forma de 
produção afeta principalmente as condições de vida dos operários e apresenta 
sequelas que desembocam em expressões da questão social, tais como 
desemprego, moradia insalubre, inexistência de direitos sociais. Apontamos, ainda, 
o posicionamento do Estado perante esse quadro conjuntural, que, para legitimar 
o capitalismo monopolista, implementa estratégias para sanar os problemas 
sociais. Essas resoluções são enquadradas na ótica de correção dos conflitos 
existentes entre a burguesia capitalista e os trabalhadores. 
Resposta Correta: Letra b- no capitalismo monopolista, para preservação e controle 
da força de trabalho. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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15. 2012/CESPE/UnB/TJ-AL. Com relação à questão social, assinale a opção correta. 
A- A lógica financeira do regime de acumulação, a qual tende a provocar crises e, 
consequentemente, recessão, consiste em uma das mediações históricas à produção da 
questão social na cena contemporânea. 
B- De acordo com a perspectiva sociológica crítica, a questão social consiste em uma 
ameaça à ordem e à coesão, caracterizando-se como uma nova questão social. 
C A questão social é um fenômeno recente, típico do esgotamento dos denominados trinta 
anos gloriosos da expansão capitalista. 
D- A garantia dos direitos sociais à população pauperizada brasileira é assegurada pelas 
constantes mudanças nas relações entre Estado e sociedade civil, traduzidas na ampliação 
dos programas sociais em face da questão social. 
E- Os conceitos de questão social e exclusão social são sinônimos, atribuindo, ambos, uma 
característica negativa — a falta de — ao termo social. 
Resposta Correta: Letra A certa 
 
16. 2012/CESPE/UnB/TJAL. A respeito de questão social, assinale a opção correta. 
A- O estabelecimento da relação entre questão social e direitos implica o reconhecimento 
do indivíduo social como um ser conformado em face das situações de opressão e de 
exploração. 
B- Os direitos sociais, aqueles que exigem a participação ativa da sociedade, fundamentam-
se no princípio da liberdade individual. 
C- As novas exigências de qualificação, principalmente no âmbito do domínio das novas 
tecnologias da informação, são o principal desafio dos profissionais de serviço social no 
século XXI. 
D- As políticas públicas, instrumentos de enfrentamento da questão social, caracterizam-
se pela ação exclusiva do Estado. 
E- a questão social foi a base, em grande medida, da fundação sócio histórica da profissão 
de assistente social, que decorreu do enfrentamento desta questão pelo Estado, pelo 
empresariado e pelos movimentos das classes trabalhadoras no processo de constituição e 
afirmação dos direitos sociais. 
Resposta Correta: Letra E- a questão social foi a base, em grande medida, da 
fundação sócio histórica da profissão de assistente social, que decorreu do 
enfrentamento desta questão pelo Estado, pelo empresariado e pelos movimentos 
das classes trabalhadoras no processo de constituição e afirmação dos direitos 
sociais. 
 
 
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17. 2011/FCC/TRT 1ª R (RJ). O assistente social trabalha com a questão social e com 
suas expressões ou manifestações: o desemprego, o analfabetismo, a fome, a moradia na 
favela, a falta de leitos em hospitais, a violência e a inadimplência. Nessa direção, a questão 
social 
I. Apresenta-se nas objetivações concretas que sintetizam as determinações prioritárias do 
capital sobre o trabalho. 
II. Representa não só as desigualdades, mas, também, o processo de resistência e luta dos 
trabalhadores. 
III. Coloca-se em novos patamares frente o avanço das organizações dos trabalhadores e 
das populações subalternizadas. 
Está correto o que se afirma em 
a- I, apenas. 
b- II, apenas. 
c- III, apenas. 
d- I e II apenas. 
e- I, II e III. 
Comentário: “A questão social não é senão as expressões do processo de 
formação e desenvolvimento da classe operária e de seu ingresso no cenário 
político da sociedade, exigindo seu reconhecimento como classe por parte do 
empresariado e do Estado. É a manifestação, no cotidiano da vida social, da 
contradição entre o proletariado e a burguesia, a qual passa a exigir outros tipos 
de intervenção mais além da caridade e repressão”. "O avanço das organizações 
dos trabalhadores e das populações subalternizadas, coloca em novos patamares 
a concepção de questão social. Se, no período ditatorial brasileiro pós-64 a luta 
prioritária era romper com a dominação política, hoje a luta é pela consolidação 
da democracia e pelos direitos de cidadania. As transformações no mundo do 
trabalho, seja com a substituição do homem pela máquina, seja pela erosão dos 
direitos trabalhistas e previdenciários, exigem, também, que se reatualize a 
concepção de questão social". 
Resposta Correta: Letra e- I, II e III. / I. Apresenta-se nas objetivações concretas 
que sintetizam as determinações prioritárias do capital sobre o trabalho; II. 
Representa não só as desigualdades, mas, também, o processo de resistência e 
luta dos trabalhadores; III. Coloca-se em novos patamares frente o avanço das 
organizações dos trabalhadores e das populações subalternizadas. 
 
 
 
 
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18. 2010/CESPE/INCA. Julgue o item a seguir. A questão social é considerada um 
problema real, que pode ser transformado em um objeto de conhecimento e intervenção. 
Certo/ Errado 
Resposta Correta: Certo. 
 
19. 2010/CESPE/INCA. Julgue o item a seguir. O agravamento da questão social, em face 
das particularidades do processo de reestruturação produtiva no Brasil determina uma 
inflexão no campo profissional provocada por novas demandas impostas pelo reordenamento 
do capital e do trabalho. 
Certo / Errado 
Comentário: O agravamento da questão social em face das particularidades do 
processo de reestruturação produtiva no Brasil, nos marcos da ideologia neoliberal, 
determina uma inflexão no campo profissionaldo Serviço Social. Esta inflexão é 
resultante de novas requisições postas pelo reordenamento do capital e do 
trabalho, pela reforma do Estado e pelo movimento de organização das classes 
trabalhadoras, com amplas repercussões no mercado profissional de trabalho”. 
Resposta Correta: Certo. 
 
20. 2010/CESPE/MS. O que fundamenta a existência da questão social é a reafirmação 
da existência das classes sociais e a não naturalização da desigualdade social, cujas 
manifestações são atribuídas ao modo de produção do sistema capitalista. 
Certo / Errado 
Comentário: A Questão Social deve ser entendida como elemento único do modo 
de produção capitalista, e sua base é a mesma: expressão de desigualdade 
econômica, política e culturais, originária da relação antagônica entre capital e 
trabalho. E foram as lutas de classe que romperam o domínio privado nestas 
relações. 
Resposta Correta: Errada. 
 
 
 
 
 
 
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PONTOS COMENTADOS 
QUESTÃO SOCIAL 
 Na atualidade, as políticas de enfrentamento da questão social expressam o 
reconhecimento da existência de problemas de cunho social por meio de políticas 
de amplo alcance e de caráter universal ( é o que se objetiva)."No campo 
institucional, a crise mundial das economias capitalistas ocidentais leva a uma 
violenta redução dos ideais universalistas e igualitários na área dos direitos 
sociais, sendo estes substituídos pela exigência da focalização em populações 
vulneráveis e de risco social, conforme apregoado pelas agências mundiais de 
fomento e financiamento . Vai-se confirmando uma divergência entre o definido 
sobre a proteção social na Constituição de 1988 e a operacionalização das políticas 
sociais e os valores profissionais. 
 Iamamoto (2008), ao analisar a gênese e as determinações históricas e teóricas 
da questão social, suas expressões na contemporaneidade, destaca que a 
interpretação que assume tem a questão social como indissociável da sociedade 
capitalista. Sua gênese deriva do caráter coletivo da produção contraposto à 
apropriação privada da própria atividade humana – o trabalho -, das condições 
necessárias à sua realização, assim como de seus frutos. Observa ainda que a 
questão social condensa o conjunto das desigualdades e lutas sociais; suas 
configurações integram tanto determinantes históricos objetivos que condicionam 
a vida dos indivíduos sociais, quanto dimensões subjetivas, fruto da ação dos 
sujeitos na construção da história. Expressa, dessa forma, “uma arena de lutas 
políticas e culturais na disputa entre projetos societários, informados por distintos 
interesses de classe na condução das políticas econômicas e sociais, que trazem 
o selo das particularidades históricas nacionais”. 
 É necessário clarificar quais são os pressupostos teóricos que vão dar 
concretude ao trabalho do assistente social. Para isso, é preciso ter claro 
que, ao se filiar à teoria dialética-crítica, o profissional está alimentado por uma 
visão de mundo que compreende as refrações da questão social como produto 
intrínseco do capitalismo e não como consequência de um 
posicionamento individual do sujeito, de seus familiares e de seus grupos, 
que, por falta de capacitação ou sorte, enfrentam dificuldades para sobreviver 
 Segundo Netto: É a política social do Estado burguês no capitalismo monopolista 
(e, como se infere desta argumentação, só é possível pensar-se em política social 
pública na sociedade burguesa com a emergência do capitalismo monopolista), 
configurando a sua intervenção contínua, sistemática, estratégica sobre as 
sequelas da questão social, que oferece o mais canônico paradigma dessa 
indissociabilidade de funções econômicas e políticas que é própria do sistema 
estatal da sociedade burguesa madura e consolidada. 
 Iamamoto (2001) conclui que, sob a ótica neoliberal "a questão social produzida 
e reproduzida ampliadamente tem sido vista [...] enquanto 'disfunção' ou 'ameaça' 
à ordem e à coesão social", o que leva a um apontamento do trato de suas 
expressões contemporâneas de maneira fragmentada, visando o controle e o 
restabelecimento dos fatores de coesão, típica de uma abordagem organicamente 
intolerante a transformações na estrutura da produção e distribuição de riqueza e 
poder. 
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 Afirmar que existe uma nova questão social, é coadunar com a 
perspectiva do pós-modernismo, algo que hegemonicamente é negado pela 
categoria, pois a base da questão social é única, histórica e atemporal, ou seja, a 
contradição entre capital e trabalho, algo que existe desde a revolução industrial, 
contudo pode-se inferir que existem novas expressões, manifestações e refrações 
da questão social! 
 Netto, Iamamoto, entre outros, defendem que não há uma nova “questão 
social”. O que existe na atualidade são novas manifestações da questão social. A 
questão social é própria do modo de produção capitalista, e definida pela 
contradição da relação capital e trabalho, portanto é a mesma. Mota (2010) e 
Pastorini (2010) concluem que não existe a denominada “nova questão social”. 
Para as autoras a questão social é decorrente expressão das manifestações das 
desigualdades e dos antagonismos ancorados nas contradições da sociedade 
capitalista. 
 A questão social representa o reflexo das disparidades econômicas, 
políticas e culturais, envolvendo tanto as classes sociais como os grupos 
raciais e formações regionais. A questão social resulta da divisão da sociedade 
em classes e da disputa pela riqueza socialmente gerada, cuja apropriação é 
extremamente desigual no capitalismo. Supõe, desse modo, a consciência da 
desigualdade e a resistência à opressão por parte dos que vivem de seu trabalho. 
O desdobramento da questão social ocorre, também, com a inserção da classe 
operária no cenário político, reivindicando o reconhecimento do Estado na 
necessidade de implantação de políticas sociais que de alguma maneira levem em 
considerações os interesses dos trabalhadores. 
 Na atual conjuntura de precarização e subalternização do trabalho à 
ordem do mercado e de mudanças nas bases da ação social do Estado, as 
manifestações "questão social", matéria-prima da intervenção 
profissional dos assistentes sociais, assumem novas configurações e 
expressões, entre as quais destacamos: a insegurança e vulnerabilidade do 
trabalho e a penalização dos trabalhadores, o desemprego, o achatamento 
salarial, o aumento da exploração do trabalho feminino, a desregulamentação 
geral dos mercados e outras tantas questões com as quais os assistentes sociais 
convivem cotidianamente: são questões de saúde pública, de violência, da droga, 
do trabalho da criança e do adolescente, da moradia na rua ou da casa precária e 
insalubre, da alimentação insuficiente, da ignorância, da fadiga, do 
envelhecimento sem recursos, etc. Situações que representam para as pessoas 
que as vivem, experiências de desqualificação e de exclusão social, e que 
expressam também o quanto a sociedade pode "tolerar" e banalizar a pobreza 
sem fazer nada para minimizá-la ou erradicá-la. 
 A questão social é entendida como base de fundação sócio histórica da 
profissão, cujas expressões requisitam intervenções sistemáticas na forma de 
políticas sociais, a partir do Estado e das ações desencadeadas pelas classes 
sociais. 
 No início do século XX cresce o monopólio de empresas que se agrupame 
controlam a produção e o mercado para venda de seus produtos, com fortes leis 
protecionistas, aumento da produtividade pelo desenvolvimento de novas técnicas 
de produção e novas alternativas energéticas. Essa nova forma de produção afeta 
principalmente as condições de vida dos operários e apresenta sequelas que 
desembocam em expressões da questão social, tais como desemprego, moradia 
insalubre, inexistência de direitos sociais. Apontamos, ainda, o posicionamento do 
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Estado perante esse quadro conjuntural, que, para legitimar o capitalismo 
monopolista, implementa estratégias para sanar os problemas sociais. Essas 
resoluções são enquadradas na ótica de correção dos conflitos existentes entre a 
burguesia capitalista e os trabalhadores. 
 A questão social não é senão as expressões do processo de formação e 
desenvolvimento da classe operária e de seu ingresso no cenário político 
da sociedade, exigindo seu reconhecimento como classe por parte do 
empresariado e do Estado. É a manifestação, no cotidiano da vida social, da 
contradição entre o proletariado e a burguesia, a qual passa a exigir outros tipos 
de intervenção mais além da caridade e repressão”. 
 "O avanço das organizações dos trabalhadores e das populações 
subalternizadas, coloca em novos patamares a concepção de questão 
social. Se, no período ditatorial brasileiro pós-64 a luta prioritária era romper com 
a dominação política, hoje a luta é pela consolidação da democracia e pelos direitos 
de cidadania. As transformações no mundo do trabalho, seja com a substituição 
do homem pela máquina, seja pela erosão dos direitos trabalhistas e 
previdenciários, exigem, também, que se reatualize a concepção de questão 
social". 
 O agravamento da questão social em face das particularidades do processo de 
reestruturação produtiva no Brasil, nos marcos da ideologia neoliberal, determina 
uma inflexão no campo profissional do Serviço Social. Esta inflexão é resultante 
de novas requisições postas pelo reordenamento do capital e do trabalho, pela 
reforma do Estado e pelo movimento de organização das classes trabalhadoras, 
com amplas repercussões no mercado profissional de trabalho”. 
 A Questão Social deve ser entendida como elemento único do modo de 
produção capitalista, e sua base é a mesma: expressão de desigualdade 
econômica, política e culturais, originária da relação antagônica entre capital e 
trabalho. E foram as lutas de classe que romperam o domínio privado nestas 
relações. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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GABARITO 
1 ERRADA 
2 ERRADA 
3 B 
4 B 
5 E 
6 E 
7 A 
8 ERRADA 
9 D 
10 A 
11 C 
12 E 
13 D 
14 B 
15 A 
16 E 
17 E 
18 CERTO 
19 CERTO 
20 ERRADA 
 
 
 
 
 
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BIBLIOGRAFIA 
 
 
ARCOVERDE, Ana Cristina Brito. Serviço Social e Questão Social na 
Globalização. Acesse: http://bit.ly/1SHdRbg 
MACHADO, Ednéia Maria. Questão Social: Objeto de Serviço Social? 
Acesse: http://bit.ly/1Pge9Uo 
TOMAZ, Marianna Andrade. A Questão Social no Capitalismo. Acesse: 
http://bit.ly/2hePHJD 
 
 
 
 
 
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