Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 6.1.AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO ____ JUIZADO ESPECIAL CIVIL DA COMARCA DE__________. Qualificação Completa), através de seu procurador judi- cial _________________, advogado, inscrito regularmente na OAB/PR _________, com escritório profissional na ______________________, onde recebe notificações e intimações, vem, com o devido respeito e acatamento perante Vossa Excelência, com fundamento na Lei 8078/90, artigos 927 c/c o artigo 186 do Código e artigo 5º, X da CF, ajuizar: AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER CUMULADA COM PER- DAS E DANOS Em face de, ________________ pessoa jurídica de di- reito privado, com sede na ____________________, pelos moti- vos de fatos e de direito que passa a expor: I – DOS FATOS. O requerente relata que na data ____________06, parti- cipou do leilão promovido pela requerida na cidade de São Pau- lo, no qual arrematou um carro, modelo ____________ e descri- 2 ção _________________, pelo valor de R$___________ (doc. Anexo). Acontece, que até a presente data os documentos do veículo não foram liberados. O carro não pôde ser transportado para a residência do requerente pelo fato do mesmo estar sem os documentos para a circulação; por conseqüência, o requeren- te teve que deixar o veículo na garagem de sua tia, a qual reside na cidade de São Paulo, cidade onde foi realizado o leilão. O requerente tentou entrar em contato com o requerido para tentar buscar uma solução para seu problema, porém não obteve êxito, sendo informado de que o documento do veículo estava sendo providenciado, no entanto, até a presente data o documento não foi providenciado. Informa o requerente, que efetuou uma pesquisa, e des- cobriu que mais pessoas estão com o mesmo problema com o requerido (doc. Anexo). Por fim, menciona o requerente, que comprou o carro para vender, e que deixou de realizar negócios em razão dos documentos estarem enrolados. II-DO DIREITO. O produto vendido pela requerida se mostrou inadequa- 3 do e impróprio para o uso, vez que, o impossibilita de circular no território nacional, ou seja, o certificado de registro de veículo e outros documentos necessários são de porte obrigatório, confor- me legislação vigente. Desta forma, a falta de documento, impossibilitou a utili- zação do veículo pelo requerente, acarretando prejuízo quanto a sua qualidade. Além do mais, o requerente está aguardando pela liberação do veículo a mais de 30 dias. Desta forma, o requerido invoca o inciso II do artigo 18 do Código de Defesa do Consumidor, senão vejamos: Art.18 Os fornecedores de produtos de consumo du- ráveis ou não duráveis respondem solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade que os tor- nem impróprios ou inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes diminuem o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade, com as indicações constantes do recipiente , da embala- gem, rotulagem ou mensagem publicitária, respeita- das as variações decorrentes de sua natureza, po- dendo o consumidor exigir a substituição das partes vencidas. §1º Não sendo o vício sanado no prazo máximo de trinta dias, pode o consumidor exigir, alternativamen- te e à sua escolha: 1. a substituição do produto por outro da mesma es- pécie, em perfeitas condições de uso; 2. a restituição imediata da quantia paga, monetaria- mente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas 4 e danos; 3. o abatimento proporcional do preço. O documento de licenciamento é inerente ao produto, que está condicionada a utilização do mesmo, pois não adianta nada o requerente possuir um carro se não tiver os documentos neces- sários para sua circulação. Assim sendo, não resta outra alternati- va para o requerente, senão requer a restituição imediata da quan- tia paga pelo veículo, monetariamente atualizado. A órbita de proteção do consumidor está voltada para sua incolumidade econômica, procurando proteger o patrimônio dos prejuízos causados com a qualidade e quantidade dos produtos introduzidos no mercado. É importante destacar ainda, que os mecanismos de re- paração dos vícios de qualidade ou quantidade da legislação de proteção do consumidor são mais abrangentes, amplos e satisfatórios do que aqueles previstos no Código Civil, conforme veremos adiante. Os vícios por inadequação não se identificam com a res- ponsabilidade por danos vista anteriormente e, baseia-se no fato do fornecedor ter a obrigação de assegurar a boa execução do contrato, colocando o produto ou serviço no mercado em prefeitas condições de uso ou fruição. 5 O Vício de Qualidade, também chamado de “vício exógeno”, é aquele que torna o produto impróprio para o consu- mo. Desta forma, o requerente requer a restituição imediata da quantia paga monetariamente atualizada. III-DAS PERDAS E DANOS. Dos Danos Morais: A nossa Constituição, prevê em seu artigo 5º, X, a inde- nização por danos morais,”são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagens das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação”, bem como o Código de Defesa do Consumidor, ao dispor sobre os direitos básicos do consumidor, “a efetiva pre- venção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos”. Com base nestes preceitos, o Requerente busca a efetiva reparação do dano sofrido. (grifos nossos). O Requerente deve ser indenizado pelos danos morais, pois teve desgastes psicológicos na tentativa de resolver seu pro- blema, e pelo fato de ter pago por um produto e não tê-lo usado. Vejamos o entendimento do STJ: “... O Superior Tribunal de Justiça tem entendimento firma- do no sentido de que quanto ao dano moral não há que se falar em prova, deve-se, sim, comprovar o fato que gerou a dor, o sofrimento, sentimentos íntimos que o ensejam; provado o fato, impõe-se a condenação. Pro- 6 cesso: 1523211900 – Origem: Curitiba – 2ª Vara Cível – Número do Acórdão: 13714 – Decisão: Unânime –Òrgão Julgador: 5ª CAMARA CIVEL- Relator: Roberto de Vicente – Data de Julgamento: Julg: 15/03/2005. O requerente se sente humilhado e transtornado por ter tentado resolver um problema que deu causa o requerido, inclu- sive se dispondo de tempo para isso, para no final só ter passado raiva! Situação esta, Excelência, que não pode perdurar. Assim, estando presentes os três requisitos para a con- cessão da indenização por danos morais: o dano, o nexo de cau- salidade e a culpa ou dolo do agente, fica o agente causador do dano obrigado a repará-lo. Verifica-se que o transtorno sofrido pelo requerente se deu mediante culpa do requerido, pois a negligência em não pro- videnciar os documentos necessários para a circulação do veí- culo, trouxe-lhe prejuízos, visto que, o mesmo não pôde comple- tar seu desejo de ter a posse do veículo arrematado. IV-DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA. Partindo do pressuposto de ser o Consumidor a parte hipossuficiente nesta relação, e pelo fato de ser mais fácil para a Requerida fazer prova de suas alegações, devido a tecnologia e organização que possui, pugna-se, Vossa Excelência, pela apli- cação do artigo 6º, VIII do Código de Defesa do Consumidor, o 7 qual dispõe, “a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quan- do, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências”. IV- DO PEDIDO. Ante o exposto, requer Vossa Excelência: a) A citação do requerido para que no prazo legal apre- sente sua devida resposta, sob pena de revelia; b) A restituição imediata da quantia paga pelo veículo no valor de R$_____________, devidamente atualizado; c) A condenação do requerido no valor de R$__________, a título de danos morais; d) A inversão do ônus da prova nos termos daLei consumerista; e) Protesta por todos os meios de provas admissíveis em direito; f) Que seja notificado o Procon, para que também seja 8 apurada a responsabilidade administrativa do requerido. Dá-se à presente causa o valor de R$__________ ( (Local, Data) _____________ ADVOGADO OAB______ 9 6.2.EMENDA À INICIAL EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ______ VARA CÍVEL DA COMARCA DE __________ESTADO DO ___________ AUTOS _____________ _______________, já qualificado nos autos em epígrafe, através de seu procurador judicial, procuração anexo aos autos, vem à presença de Vossa Excelência, atendendo ao despacho de fls. ____, apresentar EMENDA à inicial, nos seguintes termos a seguir: A inicial foi devidamente fundamentada nos termos do art.1.034, II, havendo um equívoco por parte do autor na demanda, por não ser requisito legal essencial para dissolução societária ao caso, no entanto, bem corretamente é fundamento especifico os termos do art.1.044 do Código Civil, sendo como complemento legal os requisitos propostos no art.1.033 do Código Civil: Art.1.044 C.C.: “A sociedade dissolve-se de pleno di- reito por qualquer das causas enumeradas no art.1.033 e se empresária, também pela declaração de falência. 10 Passando para o complemento do art.1.033 do Código Civil, o requisito cabível à pretensão está verificado que a dissolu- ção diante dos fatos na demanda acarreta a falta de pluralidade societária: Art. 1.033 C.C.: Dissolve-se a sociedade quando ocor- rer: [...] IV – a falta de pluralidade dos sócios, não reconstituída no prazo de cento e oitenta dias; O ânimo da pretensão conforme foi declinado na exordial, tem base no prejuízo da feição social, pelo fato do autor não ter interesse em continuar com as atividades societárias. Outrossim, a sociedade unipessoal é fato questionável e pouco aceito pela jurisprudência nacional, apesar de diversos fundamentos doutrinários pela falta de normas legais; e, neste sentido, o requerente optou pela dissolução total e não parcial, tendo-se em vista que é uma sociedade de dois sócios e a saída de um, não há o que se falar em direito para pretender ao menos a parcialidade da dissolução. Ante o exposto, vem à presença de Vossa Excelência, re- querer que seja emendada a inicial em seus fundamentos legais, nos termos do art.1.044 do Código Civil, requerendo que Vossa Excelência, conceda ao sócio requerido o prazo legal para que o mesmo substitua o sócio ora requerente. 11 Como bem explicado na inicial, o requerente corre risco de ter os bens de sua quota parte dilapidados pelo requerido, logo se faz necessária à diligência pelo Senhor Oficial de Justiça para o ATESTAMENTO de todos os bens existentes na empresa como medida cautelar probatória para garantia e andamento da ação principal, por ser questão de Justiça e segundo o prudente arbítrio de Vossa Excelência. Nestes Termos, Pede Deferimento. _________________ Local e data __________________ Advogado OAB nº 12 6.3.AÇÃO ORDINÁRIA DE REVISÃO CONTRATUAL EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA _____VARA CÍVEL DA COMARCA DE____________ _______________,(Qualificação) portador da CI. Com o RG nº. ________________, por seu procurador judicial que ao fi- nal assina, advogado regularmente inscrito na OAB/PR n. _________, com escritório profissional à ____________, onde recebe avisos e intimações, vêm respeitosamente perante Vos- sa Excelência, com fulcro nos artigos 6º, VIII, e 51, IV, § 1º, I, da Lei nº 8.078/90, e art. 4º, I, do CPC, ingressar com a presente AÇÃO ORDINÁRIA DE REVISÃO CONTRATUAL com pedido de repetição de indébito em face de ____________, (Qualificação), inscrita no CNPJ/MF n. ____________, com sede à ___________________, na cidade e comarca de ________, pelos fatos e fundamentos a seguir expostos: O autor adquiriu junto à empresa ré um crédito no valor de R$__________. Ocorre que, o mesmo foi sendo pago periodi- camente, até atingir o estado de quitação. Porém, qual não foi a surpresa do ora autor, ao se deparar com o totalização do valor 13 pago, isto é, R$_________. Quer dizer, o autor pagou R$_______ acima do valor inicialmente contratado, qual seja, R$_________. Temos como certo que, o ora autor não depositou algu- mas parcelas nas datas estipuladas e por isso acarretou uma série de cobrança de juros, mas também sabemos que a cobran- ça do juros não pode ser abusiva de tal forma que prive o deve- dor de condições mínimas de pagamento e de sua subsistência, além de gerar uma imensa incerteza no quanto deve pagar. Desta forma, para não ver seu nome incluso nos órgãos de restrição de crédito o autor continuou a pagar os valores cons- tantes dos boletos que recebia mensalmente, até finalizar a ope- ração da empresa-ré, obtendo assim sua quitação(conforme com- provantes em anexo). Ocorre que ao final do pagamento perce- beu que o valor pago avançava bastante naquilo que tinha rece- bido da empresa-ré totalizando uma diferença exorbitante que totaliza R$________. Verdadeiro absurdo! Ora, fica claro, que a empresa-ré, valendo-se da sua con- dição de fornecedor de crédito, passou a efetivamente espoliar o autor com sua voracidade na cobrança de juros, taxas, multas, dentre outros débitos indevidos e desautorizados que lança em contas corrente, com o que sequer podem contra-argumentar, a não ser sujeitarem-se às imposições desse ente financeiro que simplesmente leva à quebra qualquer pessoa, que infelizmente, necessitam recorrer às agências bancárias para tentar solver dívi- das e custear sua atividade. 14 I. – DO CABIMENTO DA AÇÃO REVISIONAL A Constituição Federal de 1988 preceitua que a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito.1 O interesse de agir ou interesse processual previsto em nosso ordenamento jurídico se resume no trinômio: necessida- de, utilidade e adequação do provimento jurisdicional. A necessidade, por seu istmo, é a necessidade e utilida- de do bem da vida que se quer. A possibilidade jurídica do pedido decorre da não vedação do pedido pela ordem jurídica vigente. A legitimidade é a pertinência subjetiva da ação, na lição de BUZAID. Nas palavras do jurista HUMBERTO THEODORO JUNIOR, o interesse de agir: “Surge da necessidade de obter através do processo a proteção ao interesse substancial. Localiza-se o interesse pro- cessual não apenas na utilidade, mas especificamente na ne- cessidade do processo como remédio apto à aplicação do direito objetivo no caso concreto, pois a tutela jurisdicional não é jamais outorgada sem uma necessidade.”2 O Autor adquiriu um empréstimo junto a empresa-ré, sem 1 Art. 5, XXXV. 2 Revista Brasileira de Direito Processual, Uberaba, Vol. 13/39. 15 oportunidade de definir cláusulas e condições contratuais que melhor lhe conviesse, ou seja: não houve comutatividade nem bilateralidade, mas IMPOSIÇÃO. O referido pacto somente ocorreu devido ao momento econômico que o país atravessa, sem perspectiva inflacionária, no entanto, não sabia que as imposições tornar-se-iam excessi- vamente onerosas, o que pode ser aferido mediante os cálculos acostados na presente, que demonstram um pagamentos a mai- or realizados pelo Autor. Assim o cabimento da ação revisional, cumulada com os demais pedidos, é inconteste, pois o atual Código de defesa do Consumidor garante a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações consideradas desproporcionais e sua conseqüente revisão (art. 6º, V). O CDC permite sejam declaradas nulas cláusulas que estabeleçam obrigações iníquas, abusivas e incompatíveis com a boa-fé e a eqüidade, e que ofendem princípios fundamentais do sistema jurídico atual.3 O interesse processual neste caso foi reconhecido pelo Superior Tribunal de justiça, como se vê: 3 CDC, art. 51, IV, § 1º, I. 16“Incidindo a incerteza sobre uma relação jurídica (...), ge- rando a lide latente ou potencial, manifestado o conflito de interes- ses, para dirimir a dúvida e evitar a concretude do conflito, a Ação Declaratória é idônea para sua finalidade, justificada por manifes- to interesse jurídico (art. 4º, I, e parágrafo único, do CPC).”4 Frise-se que as portas do Poder Judiciário, por ordem constitucional, estão sempre abertas ao jurisdicionado que teve, ou tem conflito de interesses instalado com outrem, cuja autori- dade judicial é a única a dispor do poder de conceder-lhe a outor- ga requerida. Assim, pretendem os Autores ver revisados todos os en- cargos, taxas, tarifas e juros aplicados durante a movimentação contratual, desde o início da contratação do empréstimo. II. - DA APLICAÇÃO DO CÓDIGO DE DEFESA DO CON- SUMIDOR (LEI 8.078/90) A norma do Código de Defesa do Consumidor é perfeita- mente aplicável à relação jurídico-contratual havida entre o tomador do empréstimo bancário e a instituição financeira. Destaque-se que as atividades realizadas pelas institui- ções financeiras e bancos são mercantis. 4 RSTJ 69/204. 17 O Regulamento 737, em seu artigo 19, §2º, considera mercância, as operações de câmbio, banco e corretagem. Já a Lei 6.404/76, em seu art. 2º, § 1º, determina que qual- quer que seja o objeto, a companhia é mercantil e se rege pelas leis e usos do comércio. Desta forma, se todos os bancos são organizados sob a forma de sociedades anônimas, eles exercem atividade comer- cial, mesmo os bancos cooperativos como no presente caso. Assim, não resta dúvida que o correntista se coloca na exata situação de consumidor, pois conforme estabelece o artigo 3º, § 2º, do CDC: Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo mediante remuneração, inclusive as de natureza ban- cária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhistas (destaque inexistente no ori- ginal). Nas palavras de JOSÉ CRETELLA JÚNIOR: “Toda a atividade de natureza bancária, fornecida no mercado de consumos é classificada como serviço, suscetível, sim, de ser objeto de relação de consumo, desde que remunera- da.”5 18 No mesmo sentido, o Prof. ARNOLDO WALD, ensina que: O campo de aplicação do Código de Defesa do Consu- midor é amplo, abrangendo as atividades financeiras quer quanto à prestação de serviços aos seus clientes, como na concessão de financiamento para aquisição de bens. As atividades bancárias estão inseridas no disposto no art. 3º, § 2º, do CDC.6 Conclui-se que o produto dos bancos é o dinheiro ou o crédito disponibilizado ao consumidor (bem juridicamente consumível), enquadrando-se, o mesmo como fornecedor. Por ser consumidor final do produto oferecido pelos ban- cos (prestação de serviços) as pessoas físicas e mesmo as jurí- dicas se enquadram na definição de consumidores assim defini- do pelo § 2º, do artigo 3º, do CDC: Consumidor nos termos do art. 2º do CDC, “é toda pes- soa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final”. Sendo certo que o dinheiro é um bem consumível, é evidente a qualidade de consumidor daquele que adquire empréstimo perante instituição financeira.7 5 Comentários ao Código do Consumidor, Ed. Forense, 1.992, pág. 16. 6 Matéria publicada na Revista AJURIS nº 64/386-387, citada por JONAIR NO- GUEIRA MARTINS, na obra “Contra o abuso dos bancos. Uma ação especial”. Edição Graf Set Ltda., 1997, p. 18, 7 TRF 5ª R., AC 204.621, PE, 2ª T., Rel. Des. Fed. Petrúcio Ferreira, DJU 12.04.2002, p. 823 19 Assim, os bens de consumo não são apenas os material- mente consumíveis, mas os juridicamente consumíveis, como en- sina NELSON NERY JÚNIOR.8 A Segunda Seção do STJ aprovou recentemente a Súmula 297, que dispõe: O Código de Defesa do Consumidor é aplicável às institui- ções financeiras. (Precedentes: REsp nº 106.888-PR, 2ª Seção, DJ de 5/8/02; ; REsp nº 298.369-RS, 3ª Turma, DJ de 25/8/03, e REsp nº 57.974-RS, 4ª Turma, DJ de 29/5/ 95). A matéria restava em discussão apenas no âmbito do STF, através da ADIn nº 2591 proposta pela FEBRABRAN, que fora julgada recentemente, onde por maioria, os Eminentes Mi- nistros julgaram improcedente a ação proposta contra o § 2º do art. 3º do CDC, reconhecendo definitivamente que os bancos sujeitam-se às regras do CDC. Para os Ministros do STF o CDC não veio para regular as relações entre as instituições do Sistema Financeiro Nacional e os clientes sob o ângulo estritamente financeiro, mas sim para dispor sobre as relações de consumo entre bancos e clientes. Nesse sentido argumentaram que “não há como nem por 8 In Código Brasileiro de Defesa do Consumidor, Forense, 1991, pp. 302-311. 20 onde sustentar, convincentemente, que o CDC teria derrogado de forma inconstitucional a Lei nº 4.595/64, norma sobre o sistema financeiro”. Para o Ministro Marco Aurélio o CDC não representa ris- co ao Sistema Financeiro Nacional, destacando, inclusive, a cres- cente lucratividade dos bancos para afastar o pensamento de que o CDC repercutiu de forma danosa em relação aos bancos. O Ministro Celso de Mello seguiu o mesmo entendimento e ressaltou que a proteção ao consumidor qualifica-se como va- lor constitucional. Para o Ministro, as atividades econômicas es- tão sujeitas à ação de fiscalização e normativa do Poder Público, pois o Estado é agente regulador da atividade negocial e tem o dever de evitar práticas abusivas por parte das instituições ban- cárias. A Ministra Ellen Gracie, também entendeu que as relações de consumo nas atividades bancárias devem ser protegidas pelo CDC. Assim, comprovado efetivo vínculo de consumo existente entre os primeiros Autores (consumidores) e o banco Réu (prestador de serviço de natureza financeira), deve ser declarada a existên- cia da relação de consumo, devendo ser aplicada a norma expres- sa no CDC, inclusive no que tange à inversão do ônus da prova. III. – DOS J U R O S / LIMITAÇÃO EM 12% - POSSIBILI- 21 DADE CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR - APLICAÇÃO DO ART. 51, IV E XV. O banco Réu cobra na conta-corrente dos primeiros Auto- res juros variáveis entre 5% chegando até 10% ao mês, ou seja, taxa anual de até 120% e tais juros, lançados mês a mês, acresci- dos de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), que passam a integrar o saldo devedor ocorrendo o anatocismo, ou seja, juros sobre juros. Já em relação aos contratos de empréstimos e capital de giro, embora os primeiros Autores não dispunham de todos aque- les que foram celebrados ao longo dos últimos anos (por isto é que requer a intimação do Réu, ao final, para que os acoste), estes foram refeitos a juros que variam entre 5% a 6% a.m., bas- tando para isto ver os percentuais lançados nas planilha discrimi- nada de cálculo acostadas á presente. Ressalte-se que a impossibilidade de pagamento tam- bém se devia aos débitos lançados indevidamente em conta-cor- rente, gerando saldo insuficiente, quando na verdade o Autor poderia quitar os primeiros débitos a juros subsidiados, não fos- sem os lançamentos indevidos em suas contas-corrente que ge- raram débitos em verdadeira “bola de neve”, conforme prova a perícia contábil prévia elaborada e acostada à presente. Apesar de ter sido suprimido por emenda constitucional o dispositivo da CF/88 que limitava a taxa de juros reais em 12% a.a., é sabido que independentemente da mencionada limitação, 22 a jurisprudência vem recepcionando entendimento de ser abusiva a incidência de juros superiores a 12% ao ano. Tal conclusão deflui da realidade econômica que o país atravessa, sobretudo pelo crescimento vertiginoso da economia, em razão da política de redução dos lucros a patamares reais. A margem de lucro exorbitante que os bancos recebem — só para Vossa Excelência ter uma idéia, recentemente, o Ban- co Itaú S.A.apresentou sua margem de lucro: superou 3 bilhões de reais somente de lucro líquido —, acaba por inviabilizar qual- quer atividade comercial. Ao julgar a Apelação Cível nº 00.002959-9, da Comarca de Joinville, o Des. Catarinense TRINDADE SANTOS, aprofundou de vez o tema, ao decidir, em tom de desabafo: Nessa conjuntura, não é possível admitir-se que as insti- tuições financeiras continuem a taxar os juros dos empréstimos que fazem em índices irrazoáveis e totalmente inaceitáveis nos atuais padrões da nossa economia, juros esses impossíveis de serem atendidos pelos mutuários, cujas atividades econômicas mantém-se reduzidas, com os salários e ganhos estabilizados, havendo nítido empobrecimento de uma das partes com benefí- cios verdadeiramente escorchantes para a outra. A relativa estabilidade trazida pelo Plano Real está a de- monstrar que nos contratos de adesão, unilateralmente impostos 23 os encargos excessivos, estes atingem a base do contrato, afe- tando sua própria bilateralidade, sendo imprevisíveis os seus efei- tos. E, convenhamos: juros remuneratórios, à taxa mensal de 5,50%, como os impostos pela entidade bancária promovente da ação monitória aqui ventilada, é convenção iníqua, abusiva, colo- cando o consumidor ou seja, o cliente bancário, em desvantagem exagerada, sendo, de outro lado, incompatível com os princípios da boa-fé e da eqüidade que devem nortear todas as relações de consumo. Referentemente à limitação dos juros, em sendo assim, deve-se tomar como foco centralizador, antes de tudo, o conteú- do essencial dos contratos, conteúdo esse que deve ter por base nuclear o equilíbrio, a eqüidade e a comutatividade. Isso impõe ao julgador repelir a abusividade e a excessiva onerosidade im- postas por uma das partes à outra, cabendo-lhe atentar para os princípios inseridos, a respeito, no Código Civil e, mormente, no Código de Defesa do Consumidor, identificando a cobrança de juros extorsivos, estabelecendo-os, então, em limites razoavel- mente aceitáveis. Há que se considerar, aqui, que as instituições financei- ras é que, via de regra, nas relações de crédito estabelecidas com os usuários, definem unilateralmente as taxas de juros, taxas essas inservíveis como justos indicadores de patamares aceitá- veis, eis que guardam eles relação apenas com os seus próprios 24 interesses, tornando preponderante a sua superioridade negocial, com o fito de obterem uma alta lucratividade, em sendo o lucro o seu interesse primordial. Examinada a questão sob a óptica do art. 4º da Lei de Introdução ao Código Civil, é de concluir-se que, num regime de moeda estável e numa economia de tendência deflacionária, nem a analogia, nem os costumes, nem os princípios gerais de direito admitem a cobrança de juros anuais excedentes à taxa de 12%. Pela analogia, há que se observar que, nos países in- dustrializados e de economia estabilizada, esses juros raramen- te excedem à taxa de 6% ao ano. Tendo o nosso País vivido, por longos tempos, numa espiral inflacionária verdadeiramente desenfreada, dela emergin- do para um regime monetário de relativa estabilização, mandam os costumes que os juros acompanhem a taxa inflacionária des- se regime. Enquanto isso, aos princípios gerais de direito repugna a iniqüidade, a violência econômica imposta pelos financeiramen- te mais fortes aos menos privilegiados, a usura e os ganhos des- medidos. Pactuar-se com a cobrança de juros sem limite, mormente 25 em contratos de adesão, equivale a coonestar uma prática abusiva totalmente divorciada da atual conjuntura econômica e dos pre- ceitos do Código de Proteção do Consumidor, o que faz nula a cláusula contratual chanceladora da cobrança de juros ilimitados e vexatórios, como se constata na hipótese aqui sob apreciação. A linha de compreensão que aqui se perfilha, funda-se, acima de tudo, numa interpretação consumerista das cláusulas inseridas no contrato que deu azo à ação monitória deduzida. Isso por reconhecer-se a absoluta e premente necessi- dade da adoção de uma política judiciária que, em observância à ordem jurídica estabelecida (art. 5º, III da CF/88), a ser utilizada como um freio à verdadeira barbárie financeira que domina de forma impune a política dos juros no país. (...) As taxas de juros propostas pelo art. 1.062 do Códi- go Civil e pelo Decreto n. 22.626/33 se constituem em parâmetros justos e aceitáveis para que se defina um limite para a cobrança de juros, propiciando, ao mesmo tempo, uma razoável remune- ração às instituições financeiras e a asseguração, aos consumi- dores, de uma onerosidade adequada à sua posição contratual. Sendo assim, nessa espécie contratual, nula é a cláusu- la que preveja a fixação e a cobrança de juros superiores a 12% ao ano, vez que a estipulação do preço do dinheiro encontra limite no princípio da eqüidade retributiva dos negócios jurídicos de con- 26 sumo, com a abusividade negocial e a onerosidade excessiva decorrente da violação da taxa máxima caracterizando conduta de lesa-cidadania, posto promover o enriquecimento ilícito do credor e o simultâneo empobrecimento sem causa do devedor.” Ora, a cobrança de juros acima do limite de 12%, ainda que sob o manto da EC nº 40/03, foge do princípio da liberdade de contratar, pois estabelece prestação desproporcional, iníqua, abusiva e incompatível com a boa-fé, ofendendo por isso princí- pios fundamentais do sistema jurídico atual, sobretudo o dispos- to no art. 51, inciso IV e XV, do CDC, que dispõem: São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços que: (...) IV - estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o consumidor em desvanta- gem exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa- fé ou a eqüidade; (...) XV - estejam em desacordo com o sistema de prote- ção ao consumidor; Não há que prevalecer o disposto na EC nº 40/03, uma vez que as normas insculpidas no CDC são de ordem pública e prevalecem sobre as demais que contra ele se conflitam. 27 O princípio de Ordem Pública, insculpido no art. 4º da CF/ 88, vincula tanto a Ordem Pública, quanto a Jurídico-Econômica, como brilhantemente leciona JOSÉ GERALDO BRITO FILOMENO9 sobre o assunto: (...) destaque-se que as normas ora instituídas são de or- dem pública e interesse social, o que equivale dizer que são inderrogáveis por vontade dos interessados em determinada re- lação de consumo, (...). Desta forma deve ser reconhecida a nulidade da cobran- ça de juros superiores a 12% ao ano, em atenção aos artigos supra mencionados, sobretudo porque a jurisprudência dos nos- sos tribunais, com precedentes recentes do TJRS, pacificou o entendimento de que: Os juros remuneratórios devem respeitar o limite de 12% ao ano, ao contrário dos 9,90% ao mês pactuados, por aplicação do art. 51, IV do CDC, e art. 192, § 3º, da Constituição Federal, vigente na época da pactuação, em consonância com os dita- mes do Decreto nº 22.626/33.10 Os juros remuneratórios encontram-se limitados em 12% 9 Código Brasileiro de Defesa do Consumidor Comentado pelos Autores do Ante- projeto, 4ª Edição, Forense Universitária, pág. 23. 10 TJRS, APC 70005777008, 2ª C.Cív.Esp., Rel. Des. Antônio Vinícius Amaro da Silveira, J. 02.12.03. 28 a.a., pelos artigos arts. 39, V, e 51, IV, e § 1º, do CDC, e pelo art. 1º do Decreto-Lei nº 22.626/33.11 No mesmo sentido, colhe-se o seguinte entendimento: Os contratos bancários encontram-se inseridos na exegese da relação de consumo, seja pelo contido no art. 3º, § 2º, seja pelas disposições do art. 29, ambos do CODECON. Irresignação desprovida. Juros remuneratórios. Abusividade e lesividade. Aplicação do CDC. Fixação do percentual em 12% ao ano. A abusividade da cobrança de juros permite o controle judi- cial do contrato, sob a égide do microssistema do Código de Defesado Consumidor. Limitação por analogia ao critério legal.12 O Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, em recente decisão de lavra do Desembargador CLAUDIR FIDELIS FACCENDA, assim se pronunciou sobre o tema: JUROS REMUNERATÓRIOS. Quanto aos juros remuneratórios, já era sabido que mes- mo depois do pronunciamento do egrégio Supremo Tribunal Fe- deral, expresso na antiga ADIn nº 4-7/DF, podiam ser pactuados 11 TJRS, APC 70002078335, 9ª C.Cív., Rel. Des. Nereu José Giacomolli, J. 10.12.03. 12 TJRS, APC 70007506108, 12ª C.Cív., Relª Desª Naele Ochoa Piazzeta, J. 04.12.03 29 pelas partes interessadas, podendo ultrapassar os 12% ao ano, já que a regulamentação da norma constitucional (art. 192, § 3º, da CF) nunca foi feita. Competentes, por isso, dentro das regras infraconstitucionais, o Banco Central e o Conselho Monetário Nacional para dizer das taxas. Hoje, não há falar-se da regulamentação do § 3º, do artigo 192, da CF, diante da Emenda Constitucional nº 40, de 29 de maio de 2003 que, além de alterar o referido artigo, revogou todos os seus incisos e parágrafos, inclusive o terceiro que justamente ca- recia de regulamentação já que dispunha sobre o limite máximo das taxas de juros. Todavia, apesar da não limitação constitucional dos juros, os contratos bancários não escapam do controle judicial via Códi- go de Defesa do Consumidor. Este diploma, em vários dispositi- vos, protege o consumidor hipossuficiente diante do sistema ban- cário que, em razão do monopólio, impõe sua vontade no momen- to de contratar. Os contratos, quase sempre de adesão, restam firmados sem qualquer possibilidade de discussão por uma das partes. Por isso, pontualmente, caso a caso, o judiciário está auto- rizado a declarar a nulidade das cláusulas leoninas, abusivas, que tragam onerosidade excessiva ao consumidor, nos termos do art. 51, inc. IV, do CDC Não podemos olvidar que o Código de Defesa do Consu- midor, ao prever a possibilidade de revisão das cláusulas que tra- gam uma desvantagem excessiva para o consumidor, busca im- 30 plantar uma relação de eqüidade entre as partes. Quando a taxa de juros for abusiva, mostra-se necessária a intervenção do poder judiciário para que seja estabelecida uma relação de equilíbrio entre o banco e seu cliente, onde não seja imposta uma prestação por demais onerosa a este, ao passo que isso não signifique uma perda excessiva àquele. Assim, tenho que os juros remuneratórios devem ser limi- tados com base na taxa SELIC, a qual é utilizada para remunerar os títulos públicos e pagamento de impostos devidos à Fazenda Nacional, de acordo com o disposto nos artigos 5º, §3º e 43, pará- grafo único da Lei 9.430/96. A taxa SELIC se constitui em um índice oficial que reflete as condições momentâneas do mercado, de vez que a mesma se decompõe em taxa de juros e taxa de inflação no período considerado. Ademais, a taxa é mensalmente divulgada pelo Banco Central, sendo que a mesma garante ao banco remuneração igual a dos títulos públicos. Assim, considerando que o governo é o agente que apresenta menor risco, por conseqüência, a referida taxa traduz um risco mínimo, o que faz com que nenhuma das partes tenha prejuízo, mantendo-se o equilíbrio contratual. 31 O Código de Defesa do Consumidor veio para cumprir um preceito constitucional, sendo que a sua relação jurídica se aplica a todos os contratos que geram relação de consumo e, em especial, os bancários. Ainda, acrescente-se que a taxa de juros deve ser limita- da, em atenção à nova realidade sócio-econômica do país, advinda da implementação do Plano Real, devendo o Tribunal interferir nos contratos, para que sejam observados os limites da justiça e da eqüidade.13 Os juros estão limitados em 12% ao ano pelo art. 192, § 3º, da CF e pela Lei de Usura, além do que, cuidando-se de hipótese de pactuação abusiva de juros considerada a conjuntu- ra econômica atual do país, provocando onerosidade excessiva em detrimento do consumidor, deve ser nulificada a respectiva cláusula, com aplicação do disposto no art. 51, IV e parágrafo 1º, inciso III, do CDC, considerada a nova ordem pública instalada com o Plano Real.14 Desta forma, deve ser declarada a nulidade da cobrança de juros acima de 12% a.a., por aplicação do art. 51, IV e XV, do CDC, devendo ser revisada a contratação na conta-corrente e 13 TAPR, Ap. Cível 0169466-4, Desembargador Manassés de Albuquerque, 8ª Câmara Cível, j: 07/05/01. 14 TAPR, Ap. Cível nº 0265502-1, Rel. Desembargador Hélio Henrique Lopes Fernandes Lima, j. 31.8.04, DJ 6712. 32 também nos contratos de empréstimo, de limite de crédito, e des- conto de títulos, fixando-se os juros em 1% ao mês. IV. – DOS J U R O S / LIMITAÇÃO EM 12% - POSSIBILI- DADE DE APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA ANALOGIA Os contratos firmados entre as partes têm como base jurí- dica a eqüidade e o equilíbrio dos contratantes, mesmo tendo a onerosidade ínsita a sua natureza. Nesse ínterim, cabe ao Estado-Juiz resguardar aqueles caracteres, exercendo a função social da judicatura. Assim nos termos do art. 4º da Lei de Introdução ao Códi- go Civil a base legal para a limitação dos juros acima apontada, in verbis: “Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito.” Têm-se que nenhuma das fontes do Direito admite que as instituições financeiras façam incidir nos contratos entabula- dos com seus clientes taxas de juros superiores a 12% ao ano. O próprio art. 192, § 3º, da CF/88, alterado pela EC 40/ 03 é omisso neste sentido, dizendo apenas que depende de lei complementar neste sentido. 33 A respeito do tema, a lição do mestre Pontes de Miranda: Se a permissão de juros há de ser a regra, nem por isso há de o Estado permitir os juros extorsivos que levam à explora- ção do trabalho humano para a ganância dos usurários(...)15 O colendo Superior Tribunal de Justiça tem o seguinte en- tendimento: A revisão da taxa de juros é uma possibilidade que decor- re do direito de o contratante submeter ao juiz toda a questão que envolva a alegação de abusividade de cláusula contratual.16 Nesse sentido, as regras do CDC vieram, corroborando o acima exposto, acoimar de nulidade as cláusulas abusivas inseridas em contratos de adesão, como nos presentes autos, que causam excessiva onerosidade, a teor de seu artigo 51, inciso IV: São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços que: (...) IV - estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o consumidor em desvanta- 15 Tratado de Direito Privado. São Paulo : Revista dos Tribunais. 3ª ed. 2ª reimpressão. Tomo XXIV. p. 18 16 REsp n. 164.345/RS, rel. Min. Ruy Rosado de Aguiar, j. em 12.05.98. 34 gem exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa- fé ou a eqüidade; Não há que se questionar o caráter de adesão do contrato em tela, pois as cláusulas foram prévia e unilateralmente estabelecidas pela instituição financeira Ré, não deixando aos consumidores, Autores, qualquer possibilidade de negociar os ter- mos da contratação. No caso em tela, não há que se furtar à desvantagem do Autor frente à instituição financeira, pois o crédito contratado foi por demais remunerado desde que a conta foi aberta, devendo ser devolvido todo valor pago a maior, qual seja, R$________, sob pena de privilegiarmos o enriquecimento indevido. Esta é a linha de entendimento do Egrégio tribunal de Jus- tiça de Santa Catarina: Sendo assim, nessa espécie contratual, nula é a cláusula que preveja a fixação a cobrança de juros superiores a 12% ao ano, vez que a estipulação do preço do dinheiro encontra limite no princípio da eqüidade retributiva dos negócios jurídicos de consumo, com a abusividade negocial e a onerosidade excessi- va decorrente da violação da taxa máxima caracterizandocon- duta de lesa-cidadania, posto promover o enriquecimento ilícito do credor e o simultâneo empobrecimento sem causa do deve- dor.17 17 TJSC, Ap. Cível 2000.002959-9, de Joinville, Des. Trindade Santos. 35 No mesmo sentido tem decidido o colendo Tribunal do Estado do Rio Grande do Sul: APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO REVISIONAL DE RELAÇÃO CONTRATUAL - LIMITAÇÃO DOS JUROS REMUNERATORIOS E MORATORIOS - CAPITALIZAÇÃO DOS JUROS - APLICABILIDADE DO CDC. Os contratos bancários estão sujeitos ao Código de Defe- sa do Consumidor, sendo passível de revisão cláusulas abusivas. Nos contratos bilaterais sinalagmáticos os juros remuneratórios abusivos devem ser limitados a 12% ao ano, em face da relativa reciprocidade que deve haver entre as obrigações dos contratantes. Juros moratórios. Quantum que não pode ultrapassar o limite de 12% ao ano. A capitalização mensal dos juros só é permitida nas notas de crédito comercial, rural ou industrial, e desde que ex- pressamente pactuadas.18 Destaque-se que a percentagem adotada para limitar os juros remuneratórios, não foi estabelecida aleatoriamente, mas sim, consubstanciada em dispositivos legais que indicam ser a mesma adequada para remunerar o capital objeto de contrato de mútuo. Veja que o Código Civil de 1916, em seu art. 1.062, já indicava a aplicação dos juros remuneratórios no máximo de 12% 18 TJRS, Ap. Cível n. 70005864616, de Porto Alegre, Rel.: Des. Victor Luiz Barcellos Lima, julgado em 23/03/2004. 36 ao ano. Além disso, o novo Código Civil, no artigo 591 c/c art. 406, que remete implicitamente ao art. 161, §1º do CTN, indicam aque- le mesmo índice. Cabe destacar neste ponto, a lição de Tereza Ancona Lopes, quando comenta o art. 591 do CC: A grande questão nesse ponto é definir-se se os bancos estão ou não sujeitos ao limite fixado pelo artigo em questão quan- to à cobrança de juros. Ou seja, impõe-se analisar se a cobrança de juros no mútuo bancário está limitada à taxa fixada no art. 591. A partir da análise do referido artigo é possível inferir que os bancos estão sujeitos à taxa nele fixada, uma vez que ele, expressamente refere-se ao mútuo destinado a fins econômicos (...), sendo que, certamente, as atividades desenvolvidas pelos bancos destinam-se a fins econômicos. Em sendo assim, os juros cobrados pelos bancos, sejam eles remuneratórios ou moratórios, não poderão exceder, sob pena de redução, à taxa a que se refere o art. 406, permitida, todavia, a capitalização anual.19 37 Diante disso, conclui-se que juros compensatórios de 12% ao ano são suficientes para remunerar o valor concedido através de um mútuo bancário. Desta forma, deve ser revista a contratação, desde o seu início, tendo em vista a abusividade do encargo exigido pelo cre- dor, que supera em muito os 12% ao ano, pois se traduz em obri- gação abusiva frente as normas estabelecidas no Código de De- fesa do Consumidor. V. – DOS J U R O S - TAXA EXCEDENTE A 12% -NE- CESSIDADE DE AUTORIZAÇÃO DO CONSELHO MONETÁRIO NACIONAL Verifica-se nos extratos de conta corrente dos primeiros Autores, bem como nos contratos acostados à presente que o banco requerido cobrou durante a movimentação financeira, de capital de giro e empréstimos, juros pré-fixados acima de 12%.20 O Egrégio Superior Tribunal de Justiça tem decidido que o banco que pretende cobrar juros acima do previsto no Decreto nº 22.626/33 e também da EC 40/03, deve provar que está auto- rizado pelo CMN, pois somente assim tem aplicação a Lei nº 4.595/64, artigo 4º, inciso IX, que permite às instituições finan- 19 In Comentários ao Código Civil, coordenação de Antônio Junqueira de Azeve- do, v. 7, São Paulo: Saraiva, 2003, p. 179. 20 Média de 7% ao mês, ou 126% a.a. 38 ceiras a prática de juros acima do previsto na lei. Ocorre que o banco não possui autorização para cobrar juros excedentes ao limite de 12%, ou não provou que está autori- zado para tanto. Sobre esse assunto já decidiu o TARGS na ap. Cível nº 194.064226: “O banco não comprovou e nos autos não existe prova objetiva e material de que o mesmo estava autorizado a praticar a taxa de juros incidente, na sua formação complexiva, de juros e correção monetária”. “Então, afastado, no caso, o aspecto da limitação consti- tucional a inconformidade do apelante não merece acolhimento, devendo prevalecer a taxa de juros no percentual de 12% a.a., com base no art. 1º da lei de usura e com suporte nos preceden- tes do STF antes apontados, porquanto o exeqüente apelante, não comprovou nos autos que estava autorizado pelo Banco Central do Brasil a praticar taxas de juros incidentes.” Essa tese foi sufragada pelo STJ, como se infere do jul- gado de lavra do Min. RUY ROSADO DE AGUIAR, quando do julgamento do Resp. 207604/SP, publicado no DJU de 16.08.1999, p. 75: 39 JUROS. LIMITE. SÚMULA 596/STF. CAPITALIZAÇÃO. Recurso conhecido para permitir a cobrança de juros de 12% a.a., sem capitalização em face da peculiaridade do caso. As instituições que integram o Sistema Financeiro Nacio- nal podem cobrar juros acima desses limites, fixados pelo Conse- lho Monetário Nacional (art. 4º, inciso IX, da Lei 4.595/64; Súmula 596/STF). Para praticar juros acima dos limites legais, o credor deve demonstrar nos autos a existência de autorização da autoridade financeira (CMN), bastando para isso a indicação da resolução que a contenha.21 Ainda: De acordo com os precedentes desta Turma, para cobrar juros acima da taxa legalmente prevista, seja no Código Civil, seja na Lei de Usura (Dec. n. 22.626/33), a instituição financeira deve demonstrar estar a isto autorizada pelo Conselho Monetário Naci- onal.22 (...) esse requisito (a autorização do Conselho Monetário Nacional) exsurge como elemento constitutivo do direito da insti- 21 STJ, REsp n. 98.616/RS, 4ª Turma, rel. Min. Ruy Rosado de Aguiar, DJU de 03.02.97. 22 STJ, REsp n. 207.604/SP, rel. Min. Ruy Rosado de Aguiar. 40 tuição bancária de cobrar os juros às taxas pactuadas, sendo cer- to que, por isso, caberia ao exeqüente provar a existência do mes- mo, exatamente por aplicação do artigo 333, inciso I do Código de Processo Civil.23 O E. Tribunal de Alçada do Paraná, em recente decisão, também já se pronunciou sobre o assunto: Juros remuneratórios. A ausência de autorização do con- selho monetário nacional (CMN) para a cobrança destes juros con- duz ao limite de cobrança de 12% ao ano.24 Portanto, a cobrança de juros acima do limite legal que se entende possível depois da edição da Lei 4.595/64, da qual é fruto da Súmula 596/STF, ainda em vigor, está condicionada à existên- cia da autorização do Conselho Monetário Nacional, pois é como base no art. 4º, inciso IX, daquele diploma que o CMN pode limitar a incidência das taxas de juros aplicadas no mercado. Assim, deve a contratação ser revisada desde o início, expungindo-se da conta-corrente, desde o início da movimenta- ção, os encargos aplicados pelo banco, devendo seguir a regra do disposto no Decreto 22.626/33, limitando-se os juros em 1% 23 STJ, REsp n. 79.597/RS. 24 TAPR, Apelação Cível 0123839-1, Ac. 11313 Juiz Conv. Eugênio Achille Grandinetti, Terceira Câmara Cível, Revisor: Juiz Conv. Renato Lopes de Paiva unânime, Julg: 23/03/99, DJ: 09/04/99 41 ao mês. VI. - DA IMPOSSIBILIADADE DE CAPITALIZAÇÃO DE JUROS / ANATOCISMO Verifica-se que o banco Réu, durante a movimentação contratual, capitalizou os juros25 sob o manto de outras entidades do Sistema Financeiro, em sentido totalmente contrário às normas de peso constitucional. Tal prática configura o chamado anatocismo, vedado pela ordem jurídica. A capitalização dos juros foi banida, ficando vedada sua prática desde a promulgação da Lei de Usura (Decreto nº 22.626/ 33), que modificou o disposto no antigo art. 1.262, do CC, culmi- nando com a edição da Súmula 121, do STF. A Lei nº 4.595/64,ainda que conferindo ao CMN o poder de fixar os limites das taxas de juros e outros encargos, liberou as instituições financeiras integrantes do sistema financeiro na- cional apenas das disposições relativas a taxas, e não no que concerne à capitalização, que continua vedada. 25 A capitalização dos juros consiste na operação matemática de contagem de juros dos juros já contados. Trata-se, na prática, de método que faz aumentar o valor do capital tomado, acrescendo-lhe valores que somente podem ser obtidos pela aplicação composta dos juros. 42 Há que se ressaltar ainda, que a Súmula nº 596, do Pretório Excelso, nem restaurou o art. 1.262, do Código Civil, nem revogou a Súmula nº 121, do mesmo Tribunal. É mero esclarecimento da aplicação das diversas correntes interpretadoras de um dado mo- mento fático-jurídico da economia. Não se contrapõem nem se anulam. São instrumentos do Direito, que devem ser utilizados de forma inteligente e consoante. O Egrégio SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA, no julga- mento do Recurso Especial nº 59.416-2, da 4ª turma, relatado pelo eminente Min. SÁLVIO DE FIGUEIREDO pacificou o entendimen- to de que: EXECUÇÃO - Instituição bancária credora. Capitalização de juros. Inadmissibilidade (art. 4º, do Dec. 22.626/33 e enunciado nº 121, da Súmula/STF). A Lei 4.959/64 não afastou a vedação contida no artigo 4º, da Lei de Usura, mostrando-se defeso o anatocismo mesmo nas operações contratadas por entidades financeiras. Apenas nos ca- sos em que lei específica a autoriza, a capitalização é admissível (enunciado nº 93, da Súmula/STF).26 Assim, a estipulação que dá ao banco o direito de capita- lizar os juros é prova inconteste do caráter abusivo do contrato, devendo sofrer podas por parte do Poder Judicial. 26 Em Revista Jurídica, 214/91 — grifos pelos Autores. 43 Especificamente sobre a capitalização de juros realizada por instituição financeira, veja-se o entendimento do Superior Tri- bunal de Justiça: É vedada a capitalização mensal dos juros em contratos bancários, pois, na hipótese, não existe legislação específica que autorize o anatocismo, como ocorre com as cédulas de crédito rural, comercial e industrial, sendo permitida tão-somente a capi- talização anual.27 Desta forma, deve a contratação ser revisada desde o iní- cio, expungindo-se da conta-corrente a capitalização de juros co- brada durante a movimentação contratual, eis que restrita apenas aos casos previstos em lei, o que não ocorre no caso em tela. VII. – DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA DA APLICA- ÇÃO DO ARTIGO 6º, VIII, DA LEI 8.078/90 Conforme expresso no art. 6º, inciso VIII, do CDC é auto- rizado ao juiz proceder à inversão do ônus da prova, deslocando- o do destinatário final de bens e serviços para o respectivo forne- cedor, quando na direção do processo verificar a “verossimilhan- ça” da alegação ou a “hipossuficiência” do consumidor. O referido benefício confere ao consumidor lesado a van- 27 STJ, REsp 337031, RS, 3ª Turma, Rel. Min. Castro Filho, DJU 30.06.2003, p. 237. 44 tagem de não precisar provar o fato alegado, cabendo ao prestador dos serviços o ônus de ilidir a presunção que milita em favor do consumidor. Essa inversão do ônus da prova nada mais é que um ins- trumento eficaz para garantir a tutela jurisdicional efetiva ao consu- midor, prevenindo-o dos abusos praticados pela parte forte na re- lação judicial, garantindo a igualdade de condições entre o hipossuficiente da relação (Autores) e o prestador de serviços (no caso o Réu: ente financeiro que atua sob o pseudo argumento de ser Banco de Crédito Cooperativo). Nas palavras do jurista NELSON NERY JÚNIOR: (...) como o CDC reconhece o consumidor como a parte mais fraca na relação de consumo, para que se tenha isonomia é necessário que sejam adotados certos mecanismos, como a in- versão do ônus da prova, que trata desigualmente os desiguais, desigualdade reconhecida e fundamentadora da própria lei. “A li- teratura tem apontado como escopo maior do processo civil o atingimento da igualdade efetiva, de fato, e não apenas e tão-so- mente a igualdade jurídica.” Isonomia substancial é a palavra de ordem, igualdade real para que se atinja o justo, inibindo litigantes não eventuais, de perpetuarem suas práticas abusivas.28 Como afirmado, há prova nos autos dando conta de que 28 Princípios do Processo Civil na Constituição Federal”, Ed. RT, 1999, 5.ª Edi- ção. 45 o banco Réu capitalizou indevidamente os juros durante a movi- mentação contratual. Assim, estão presentes os requisitos para a inversão do ônus da prova: há verossimilhança da alegação (os contratos de empréstimo, os encargos abusivos e os constantes pagamentos realizados diretamente na conta-corrente que impedem os Auto- res de discutir o débito) e há hipossuficiência por parte dos Auto- res face ao Réu.Portanto cabe ao Réu elidir essa presunção que milita em favor dos Autores. Assim, como o CDC inverteu ipso iure o ônus da prova, deve ser deferida a inversão do ônus da prova, com fundamento no art. 6º, VIII, do Código de Defesa do Consumidor, cabendo ao banco ilidir a veracidade dos fatos alegados pelos Autores no que diz respeito à aplicação ilegal da capitalização dos juros e demais encargos estranhos aos contratos de crédito rotativo em conta-corrente que resultaram em dívidas englobadas em Cédu- las de Crédito rural e Bancário. XII. – DO CABIMENTO DA REPETIÇÃO DE INDÉBITO Segundo o parágrafo único do artigo 42 do Código de Defesa do Consumidor: “O consumidor cobrado em quantia indevida tem direito à repetição do indébito, por valor igual ao dobro do que pagou em excesso, acrescido de correção monetá- ria e juros legais, salvo hipótese de engano justificável”. Desta for- ma, a cobrança indevida, cobrada a maior, no valor de R$________, conforme calculo em anexo, deve ser restituída em dobro, isto é, deve ser devolvido a quantia de R$__________. Conclui-se então que, a empresa-ré deve devolver o valor pago indevidamente, restituindo em dobro o autor para que seja feito a devida justiça. XIII – DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS Diante de todo o exposto, lastreados nos fundamentos de fato e de direito contidos nesta peça inaugural, pede-se a Vossa Excelência digne-se: Seja a pretensão do Autor julgada inteiramente PROCE- DENTE para determinar a revisão da contratação existente entre os primeiros Autores e o Réu, condenando-o ao pagamento dos valores definitivamente apurados através de perícia contábil, cujo valor por ora, com a dobra pleiteada e conforme fundamentação trazida, é de R$ ____________, e, sucessivamente ou cumulati- vamente: 2.1 Declarar a nulidade das cláusulas contratuais que fizeram incidir juros acima de 12% ao ano na conta-corrente e nos contratos de empréstimo bem como de CÉDULAS DE CRÉ- DITO RURAL e BANCÁRIA firmadas, por força do disposto no art. 51, IV e XV, do CDC e Decreto 22.626/33; art. 4º do CC, e ante a ausência de autorização do CNM; 2.2 Por conseguinte, declarar a ilegalidade da cláusula que permite ao banco lançar diretamente na conta-corrente dos primei- ros Autores valores referentes às parcelas vencidas e não pagas; 2.3 Declarar a nulidade das cláusulas que estabeleceram a cobrança da capitalização dos juros, mandando escoimar da contratação os valores pagos e cobrados a este título, o que se fará na fase de liquidação de sentença; 2.4 Declarar a ilegalidade da cobrança de outros encar- gos cobrados pelos banco (tarifa de excesso de limite, tarifa de cobrança, liberação garantida, tarifa custódia de cheque, tarifa PG fornecimento30, etc., pois se tratam de cobranças abusivas, sem autorização do correntista, ilegais na visão do Eg. Tribunal de Jus- tiça do Paraná; 2.5 Por fim, declarar a ilegalidade de outros encargos (ta- xas) que o banco tenha aplicado sobre o saldo devedor, como por exemplo, TR, TBF, comissão de permanência c/c correçãomone- tária, etc, substituindo-as pelo INPC, uma vez que as cláusulas do contrato devem ser interpretadas de maneira mais favorável ao contratante; 2.6 Se na apuração de valores em eventual perícia houver saldo a pagar, declarar a responsabilidade dos primeiros Autores 30 Ap.Cível nº0593431-4(TJ/PR) 48 pelo pagamento da diferença apurada; 2.7 Se na apuração do valor houver saldo a receber dife- rente do apresentado na inicial, declarar a responsabilidade do Réu em pagar aos primeiros Autores a restituição da diferença apurada, cujos encargos deverão obedecer a mesma taxa prati- cada pelo banco durante o período de inadimplência, justamente para impedir o enriquecimento sem causa d instituição financeira; 2.8 Pago o saldo devedor eventualmente apresentado ou restituído o crédito acaso existente, declarar o exato cumprimento dos contratos; 2.9 Declarar a nulidade da ___________ n. ________, vencida aos __________, no valor de R$_________, face à sua iliquidez, incerteza e inexigibilidade, nos termos da fundamenta- ção trazida à presente; 3. Ordenar a citação do banco Réu, na pessoa de seu representante legal, no endereço preambularmente declinado, mediante mandado para, querendo, no prazo legal, contestar a presente, sob pena de revelia; 4. Reconhecer a aplicação do Código de Defesa do Con- sumidor invertendo o ônus da prova, na forma do artigo 6º, VIII, do CDC, por ser a Autora parte hipossuficiente na relação 49 consumerista; 5. Ordenar ao banco para que exiba uma via de todos os contratos firmados pelos autores, sendo eles: 5.1 Cópia dos contratos, aditivos e dos extratos oficiais da conta-corrente nº ___________, desde o início da operação da conta até a última movimentação, com os lançamentos, amor- tizações, encargos aplicados e todos os índices utilizados; 5.2 Cópia de todas as operações de empréstimos, e de crédito e, os lançamentos relativos às amortizações nas referi- das contas-corrente, para verificação dos lançamentos e amorti- zações realizadas, sob as penas do art. 359 do CPC; 6. Considerando a prevenção deste r. Juízo para apreci- ar qualquer outra demanda conexa, dar ciência ao Distribuidor da Comarca para remeter a este Juízo toda e qualquer ação ob- jetada entre as partes; 7. Deferir aos Autores a produção de todos os meios de provas admitidos em direito, protestando especialmente pela to- mada do depoimento pessoal do representante legal do Reque- rido, sob pena de confesso, ouvida de testemunhas, cujo rol será apresentado na devida oportunidade processual, juntada posteri- or de documentos, em especial a realização de prova pericial, con- 50 sistente em exame contábil, econômico e financeiro da contratação; das amortizações realizadas, dos encargos cobrados, desde o início da contratação, nomeando-se perito de confiança desse D. Juízo; 8. Com a procedência da demanda, pede a condenação do banco Réu na assunção dos encargos sucumbenciais de direi- to, especialmente honorários advocatícios a serem arbitrados por V. Exa.. Dá-se à presente causa o valor de R$__________. Nestes termos, Pede deferimento. (Local, Data) ______________ ADVOGADO OAB___ 51 6.4. EXECUÇÃO EXTRAJUDICIAL - NOTA PROMIS- SÓRIA EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO ____ JUIZADO ESPECIAL CIVEL DA COMARCA DE MARINGÁ- PARANÁ ____________________________(Qualificação), resi- dente e domiciliado na Rua ________________________, atra- vés de seu advogado, procuração anexa aos autos, vem, com o devido respeito e acatamento, perante Vossa Excelência, nos termos do artigo 585, I do Código de Processo Civil, ajuizar: EXECUÇÃO DE TÍTULO EXTRAJUDICIAL ___________________, brasileiro, inscrito no CPF/MF inscrito ___________________, residente e domiciliado na Rua__________________, pelos motivos de fato e de direito que passa a expor: O Exeqüente é credor do Executado das importâncias líquidas, certas e exigíveis, referente às Notas Promissórias de n.º 01, no valor de ____________, vencida em _____________; da promissória n.º2, no valor de R$______________, vencida em ________________; e da promissória n.º______, no valor de R$__________, vencida em ___________; somando um cré- dito total no valor R$______________, o qual está atualizado conforme planilha de cálculo em anexo. 52 Resultando sempre inúteis as tentativas de recebimento amigável do EXECUTADO, não restou alternativa, senão recorrer ao Poder Judiciário, no sentido de ver o seu direito satisfeito com o pagamento pelo Executado da importância demandada. Ante o exposto, REQUER a Vossa Excelência se digne mandar expedir mandado de citação, a ser cumprido pelo Se- nhor Oficial de Justiça, para que uma vez citado o Executado, pague em 24 horas (art.652 do CPC1) o valor de R$___________________, conforme planilha em anexo, mais às custas processuais e os honorários advocatícios, estes arbi- trados por V. Exa., ou apresente bens à penhora, tantos quantos forem necessários à garantia do Juízo, ou ainda querendo, apre- sente Defesa, para que decorridos todos os trâmites legais do Processo da Execução, seja a presente Ação julgada procedente e afinal, condenados o Executado ao pagamento na forma da lei, de todas as verbas pleiteadas. Dá-se a presente causa o valor de ___________. Nestes Termos Em que pede deferimento LocaL, Data _______________ Advogado/ OAB nº 1 Art.652- O devedor será citado para, no prazo de 24 horas, pagar ou nomear bens à penhora. 53 6.5. EXECUÇÃO EXTRAJUDICIAL - CHEQUE EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO ____ JUIZADO ESPECIAL CIVEL DA COMARCA DE _____________. _______________________(qualificação), portador da cédula de identidade civil n.º ________________, inscrito no CPF/ MF ________________, residente e domiciliado na Rua _____________, vem, com o devido respeito e acatamento, pe- rante Vossa Excelência, nos termos do artigo 585, I do Código de Processo Civil e artigo 9 da Lei 9099/95, ajuizar: EXECUÇÃO DE TÍTULO EXTRAJUDICIAL Contra, _____________________, brasileiro, inscrito no CPF/MF _______________, podendo ser encontrado na _____________________, pelos motivos de fato e de direito que passa a expor: O Exeqüente é credor do Executado da importância lí- quida, certa e exigível, referente o cheque n.º ___________, no valor de R$____________ o qual atualizado chega a um valor de R$____________,conforme planilha de cálculo em anexo. 54 Resultando sempre inúteis as tentativas de recebimento amigável do EXECUTADO, não restou alternativa, senão recor- rer ao Poder Judiciário, no sentido de ver o seu direito satisfeito com o pagamento pelo Executado da importância demandada. Ante o exposto, REQUER a Vossa Excelência se digne mandar expedir mandado de citação, a ser cumprido pelo Se- nhor Oficial de Justiça, para que uma vez citado o Executado, pague em 3 dias (art.652 do CPC1) o valor _________________, conforme planilha em anexo, ou apresente bens à penhora, tan- tos quantos forem necessários à garantia do Juízo, ou ainda que- rendo, apresente Defesa, para que decorridos todos os trâmites legais do Processo da Execução, seja a presente Ação julgada procedente e afinal, condenados o Executado ao pagamento na forma da lei, de todas as verbas pleiteadas. Dá-se a presente causa o valor de R$969,00 (novecen- tos e sessenta e nove reais) Nestes Termos Em que pede deferimento Local, Data ___________________ Advogado OAB nº 1 op. Cit. p.321 55 6.6. AÇÃO DE DISSOLUÇÃO TOTAL DE SOCIEDA- DE LTDA EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ______VARA CÍVEL DA COMARCA DE ____________. ___________________,(Qualificação) portador do R.G. nº _________, expedido pelo ___________, e inscrito no C.P.F. sob o nº ___________, residente e domiciliado na Rua ________________, nº________, Bairro ____________, C.E.P.: ____________,na cidade de ___________, através de seu pro- curador, conforme instrumento de mandato em anexo, Dr.________________, com carteira na O.A.B. sob nº _____________ , com escritório profissional situado na ________________nesta cidade de____________, onde rece- be intimações e notificações, vem à presença de Vossa Excelên- cia, com fundamento no art. 1.034, II do Código Civil e nos arts. 798 e 799 do Código de Processo Civil, propor: AÇÃO DE DISSOLUÇÃO TOTAL DE SOCIEDADE LIMI- TADA C/C PEDIDO LIMINAR1 1 Art.652. O executado será citado para, no prazo de 3 (três) dias, efetuar o pagamento da dívida. 56 Em face de: ____________________(Qualificação), portador do por- tador do R.G. nº ____________, expedido pelo _____________, e inscrito no C.P.F. sob o nº _______________, residente e domiciliado na Rua ____________________na cidade de _____________pelos fatos e fundamentos que passa a seguir: I – DOS FATOS No dia_____________, o requerente e requerido con- traíram obrigação, abrindo firma, na espécie de sociedade em- presária, sendo devidamente lavrada e certificada na Junta Co- mercial do ______________, em data de _____________, con- forme Contrato Social de duração indeterminada, em anexo. As- sim, tal empreendimento passou a denominar _______________________, tendo como objeto social __________________, da qual a sede do domicílio da recém criada pessoa jurídica se situa na ____________________, na cidade e Comarca de ____________. A pessoa jurídica criada pelas partes, conforme contrato social segue as normas civis empresariais da Sociedade Limita- da, em seus artigos e princípios, das quais foram devidamente fixado as quotas partes de cada sócio, sendo que o valor de cada cota corresponde a _________ ao requerente, e a ___________ ao requerido, perfazendo o montante total da sociedade em _____________. O valor atribuído às quotas foi devidamente subscrito em ___________ ao requerente, e a _____________ ao requerido, tendo como valor total _________________, assim, 57 gerando o percentual correspondente de 50% (cinqüenta por cen- to), atribuído a cada sócio na constituição total no Capital Social da empresa. Ocorreu que, depois de constituída e iniciada as ativida- des empresariais da sociedade recém criada, inicialmente o con- tato e o diálogo acerca do ativo e passivo nas obrigações contra- ídas no exercício empresarial, bem como na divisão dos lucros e perdas, inicialmente estavam proporcionalmente sendo cumpri- das pelo requerente e pelo requerido. Contudo, passado os me- ses iniciais esta relação começou a se modificar e ambos come- çaram com divergências pessoais nas relações acerca do negó- cio, o requerente por sua vez insistiu nas boas relações com no intuito de preservar e conciliar o funcionamento da sociedade, sendo que a publicidade e a clientela do empreendimento come- çaram despontar sinais de resultado positivo para o pagamento das obrigações contraídas em nome de cada sócio. O requerente por sua vez, passados mais alguns meses sentiu-se ameaçado de seu direito de administração do negócio, pois o requerido começou a contratar parentes e conhecidos para trabalharem no estabelecimento, dos quais impuseram um clima desfavorável nas suas atividades, limitando suas opiniões e de- cisões do próprio empreendimento. Presenciadas todas estas circunstâncias o requerente, não estava mais confortável na so- ciedade, bem como não via por parte do seu sócio, ou seja, do requerido que detinha o poder de caixa do fluxo gerado, o retorno 58 financeiro da atividade para pagar as obrigações que o mesmo contraiu em nome próprio em função da empresa. Com o tempo ficou infundado o objetivo do requerente em administrar seu negócio, pois o requerido sente-se hoje proprietá- rio geral exercendo posse total da sociedade, sendo para muitos de seus contatos o único dono do empreendimento, usando suas atribuições administrativas sem o consentimento e deliberação do sócio que detém metade da sociedade empresária, ou seja, do requerente. Atualmente o requerente não sabe por via de conhecimento os objetos móveis que constituem ao todo a empresa hoje, pois sabe que o requerido investiu em diversos bens sem sua anuência e aceitação para com a sociedade, e estando o sócio hoje (reque- rente) afastado das atividades desconhece o grau qualitativo e quantitativo dos bens principais e acessórios que compõem inter- namente o estabelecimento, assim, através desta ação objetiva em sua pretensão o levantamento geral de todos os bens constan- tes no patrimônio da empresa com intuito de atestar cada objeto, devido visualizar na pessoa do requerido o profundo receio de dis- sipação ou extravio dos mesmos, bem como a resolução com a desconstituição da sociedade, isto é, sua devida dissolução. Outro ponto a ser levantado nesta situação é a capacida- de do requerido tentar coagir moralmente aliada a diálogos para- lelos aos conhecidos do requerente com o objetivo de assinar contratos ou mesmo modificar o Contrato Social da sociedade a seu favor devido a investimentos sem causa e ciência por parte 59 do sócio, ou seja, do requerente que por sua vez devido a estas circunstâncias se encontra insolvente civilmente, podendo ser cobrado e executado a qualquer momento das diversas dívidas contraídas em nome próprio pelo negócio. O requerente não vê outra saída, senão esta medida judi- cial, afim de comprovar o patrimônio total da empresa em seus bens móveis para obter ciência da parte que lhe é de direito, ou seja, do 50% (cinqüenta por cento) da sua quota para resolver a sua situação, devido não obter os lucros gerados do negócio para sanar as dívidas contraídas com a falta de relacionamento e a má-fé por parte do requerido nos negócios em relação a pessoa do requerente na administração da sociedade em conseqüência como já foi acima descrito o profundo receio gerado a partir des- tes fatos, teme o requerente o desaparecimento ou dissipação dos objetos constantes no interior do estabelecimento. II – DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS O preceito constitucional dos direitos individuais, com bem dispõe o art. 5º, XX da Constituição Federal é taxativa: “Ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer associado”. Assim, presente ação visa em essência a Dissolução Total da Sociedade Limitada, uma vez composta por apenas dois sóci- os, dos quais tornaram ineficaz diante os fatos descritos o ele- mento essencial societário, ou seja, a “Affectio Socitatis”, do qual 60 consiste na vontade de constituir e manter uma sociedade e sem a qual, nas sociedades de pessoas, não pode ela subsistir. E sendo assim, constitui o elemento subjetivo na realização da sociedade, implicado no direito que tem cada associado de exercer controle sobre os atos das pessoas encarregadas de administrar a socie- dade. Como bem dispõe o art.1.034, I, qualquer dos sócios pode pedir a requerimento judicial a dissolução da sociedade, com a ineficácia do fim social, pois neste caso tal finalidade é refletida em essência na vontade e harmonia dos sócios em ter para con- sigo o exercício das atividades societárias, caso que, para o re- querente não faz mais sentido estar associado devido a prejuí- zos pessoais que obteve devido falta de entendimento na admi- nistração com o requerido. III – DO PEDIDO LIMINAR Como bem alberga o Código de Processo Civil nas suas disposições gerais, e ressaltadas os arts. 798 e 799 pretende o requerente o ATESTAMENTO DOS BENS da Sociedade Limita- da Empresária, dos quais requisitos passamos a descrever: DO “PERICULUM IN MORA” Ao presente caso merece conhecimento e provimento da medida vista por ser apenas de caráter probatório, o levanta- mento geral dos bens contidos no estabelecimento comercial, através do Auto de Constatação, para instruir documentalmente 61 o pedido de dissolução impetrado pelo requerente na soluçãoda sociedade. O profundo receio da perda ou ocultamento dos bens é reflexo dos fatos da falta de relação social entre o requerido e requerente, e as deliberações tomadas sem o consentimento um do outro, que neste caso como bem vislumbra a teoria societária empresarial, o principio da “Affectio Societatis” estar prejudicada e viciada nos termos do Contrato Social e tal como estabelecido em lei. A não concessão desta medida dará ao requerido à chance de obstruir os bens dos quais ele mesmo protege e im- põe verbalmente ao requerente que é de propriedade única do mesmo e não da sociedade, e sendo assim no presente momen- to estar o requerente em risco de não obter os frutos do seu investimento. DO “FUMUS BONIS IURIS” O requerente possui o pleno direito que lhe cabe ao uso, gozo e fruição da pessoa jurídica da sociedade empresária, sen- do delimitada pela sua quota parte de 50% (cinqüenta por cento) do capital social, que nestas circunstâncias se vê totalmente ameaçado em seu direito de administração visualizada pela falta de boa-fé por parte do requerido em seu alto-ego de pensar que o empreendimento em relação ao requerente possui apenas modelo figurativo e não de ação dentro das atividades internas e externas do negócio celebrado por ambos. Assim, pela força das circunstâncias entre requerente e 62 requerido, os bens devem ser totalmente levantados e atestados para a devida subtração da quota parte de cada sócio, afim de apurar os bens gerais constituídos, resguardando o direito do re- querente Outrossim, como já enunciado o requerente não sabe em termos de conhecimento o estado das coisas do seu investimento, dentro do estabelecimento e quantos outros bens foram coloca- dos diante dos lucros obtidos das coisas, bem como da atividade no presente momento, e, com base nestes critérios do desconhe- cimento qualitativo e quantitativo de todas as coisas móveis situa- das na empresa além das quais ele investiu, sendo de extrema importância o resguarde do direito do requerido em sua pretensão cautelar imediata. A presente medida liminar tem por objetivo a instrução probatória, constatando os bens na integralidade, para depois seguir devidamente o deslinde da lide entre o requerente e re- querido, pois como o mesmo está na situação de insolvência civil, evita com a pretensão proposta a execução e penhora da quota parte pelos credores. IV – DA LIQUIDAÇÃO JUDICIAL Sendo dissolvida à sociedade de pleno direito, o reque- rente investirá um liquidante para a liquidação judicial, nos ter- mos dos art. 1.036, § único do Código Civil, nas atribuições que lhe cabe no balanço geral verificando o ativo e resolvendo o pas- sivo, sendo ao final dividido o restante conforme a quota parte de 63 cada sócio. V – DA JUSTIÇA GRATUITA O Requerente não possui condições de arcar com as cus- tas e despesas do processo, posto encontrar-se insolvente devido as diversas dívidas contraídas em seu nome em prol da empresa, e para tanto está sendo devidamente juntado em anexo, as cópias das notificações de empresas na cobrança dos valores acerca dos produtos e equipamentos dos quais foram colocados dentro do estabelecimento empresarial, ainda, levando-se em conta o preju- ízo no seu sustento pessoal, pois o requerente não possui condi- ções no momento sem alterar as despesas de suas necessidades básicas. Assim, por ser pobre na acepção jurídica do termo, requer, nos termos da Lei 1.060/50, seja deferido ao mesmo o beneficio da Assistência Judiciária Gratuita. Outrossim, o requerente se compromete depois de liqui- dada a sociedade a suprir os gastos do processo e os custos totais, depois do levante da sua quota parte. VI – DO PEDIDO E REQUERIMENTOS Face ao exporto pede-se que se digne a Vossa Excelên- cia em julgar procedente a presente Ação de Dissolução Total da Sociedade Limita, em todos os seus termos, concedendo “inau- dita altera part” a liminar pretendida, mantendo-a até o final do 64 processo, e para tanto, requerendo: A citação do Requerido para que, querendo no prazo legal conteste a presente ação, sob pena de revelia e confissão; Deferindo a liminar, seja efetuada as diligencias necessá- rias pelo Sr. Oficial de Justiça, sendo devidamente depois de ates- tado todos bens no estabelecimento empresarial _______________________(endereço), nesta cidade e Comarca de __________, lavrado o Auto de Constatação do Bens; Protesta por todos os meios de provas admitidos em di- reito, principalmente depoimento pessoal do requerido e oitiva de testemunhas, estas sendo oportunamente arroladas em audi- ência instrutória; Conceder o benefício da Justiça Gratuita ao Requeren- te, nos termos da fundamentação supra e com base no Art. 1º, § 2º da Lei Federal 5.478/68. Ainda, requer a condenação do requerido no pagamento das custas processuais e honorários advocatícios. Para os devidos fins, dá-se o valor da causa em R$ _________. 65 Nestes termos, Pede Deferimento. Local, Data Advogado O.A.B ________ 66 6.7. CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS ADVOCATÍCIOS CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS ADVOCATÍCIOS Pelo presente instrumento particular de contrato de pres- tação de serviços advocatícios, que entre si fazem,de um lado, ___________________, brasileiro, advogado inscrito na OAB__________, com escritório à _______________________, doravante simplesmente denominada de CONTRATADO e do outro lado ______________________________, brasileiro, solteiro, portador da cédula de identidade, ________________, inscrito no CPF/MF sob o n.º_____________________denominada de CON- TRATANTE, convencionam e contratam o seguinte: CLÁUSULA PRIMEIRA – DAS OBRIGAÇÕES DO CONTRATA- DO O CONTRATADO obriga-se, face o mandato judicial ou- torgado, a prestar seus serviços profissionais na defesa dos di- reitos do CONTRATANTE na AÇÃO ___________________, desempenhando com zelo o mandato judicial outorgado pela contratante. 67 CLÁUSULA SEGUNDA – DAS OBRIGAÇÕES DA CONTRA- TANTE I – Em virtude da remuneração dos serviços descritos na cláusula anterior, a CONTRATANTE pagará a título de honorári- os convencionais ao CONTRATADO o montante de 30% sobre o valore a ser recebido na presente ação de danos morais, em virtude de acordo extrajudicial ou judicial. II – O pagamento do disposto no inciso I, deverá ser feito quando do recebimento. III – O percentual acima é em virtude de recurso por par- te do Requerido. CLÁUSULA TERCEIRA – DA VIGÊNCIA: O termo inicial do presente contrato é o de sua assinatu- ra, e seu termo final quando do último ato de defesa que resol- ver, definitivamente, a última demanda, judicial ou administrati- va, ainda em curso. CLÁUSULA QUARTA – DA HIPÓTESE DE REVOGAÇÃO DO MANDATO Na hipótese de revogação do presente mandato sem cul- pa do CONTRATADO ou circunstância não determinada pelo mes- mo que impossibilite o seu prosseguimento na demanda, o total dos honorários poderá ser exigido imediatamente e se já fora pago, 68 não será devolvido. CLÁUSULA QUINTA – DAS DISPOSIÇÕES LEGAIS APLICÁ- VEIS: Nas relações obrigacionais advindas deste contrato, e para os atos advocatícios próprios à sua execução, aplicam-se, no que couber, as normas legais, regulamentares e éticas, relativas a re- gulamentação do exercício da Advocacia. CLÁUSULA SEXTA–MULTA POR DESCUMPRIMENTO CONTRATUAL. Aquele que deixar de comparecer no dia e horário desig- nado para audiência, assim como não cumprir com o pactuado neste contrato, ficará obrigado a pagar a título de multa, um salá- rio mínimo vigente na época. CLÁUSULA SÉTIMA – DO FORO: As partes contratantes elegem o Foro da Comarca de ____________para eventual solução de quaisquer questões de- correntes da execução deste contrato. E para que surta os seus jurídicos e legais efeitos, como prova de assim haverem contratado, firmam o presente instru- mento
Compartilhar