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Controle de Constitucionalidade

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OAB 1ª Etapa 
 
Controle de Constitucionalidade 
 
Profª. Hilda Goseling 
 
www.prolabore.com.br 1 
Sumário 
1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................................................................2 
2. SISTEMAS DE CONTROLE ..................................................................................................................................3 
3. CONTROLE PREVENTIVO E REPRESSIVO ...........................................................................................................4 
4. CONTROLE REPRESSIVO: CONTROLE DIFUSO E CONTROLE CONCENTRADO ...................................................6 
CONTROLE DIFUSO DE CONSTITUCIONALIDADE ..................................................................................................8 
SÚMULA VINCULANTE ....................................................................................................................................... 10 
CONTROLE CONCENTRADO ............................................................................................................................... 12 
PARÂMETROS PARA O CONTROLE: SÃO NORMAS USADAS COMO REFERÊNCIA PARA SE 
EFETIVAR O CONTROLE. ............................................................................................................................. 14 
MODULAÇÃO TEMPORAL DOS EFEITOS DA DECISÃO ....................................................................................... 18 
REPRISTINAÇÃO X EFEITO REPRISTINATÓRIO ................................................................................................... 19 
ADI POR OMISSÃO ............................................................................................................................................. 20 
ADPF .................................................................................................................................................................. 21 
CONTROLE ESTADUAL ....................................................................................................................................... 23 
 
 
OAB 1ª Etapa 
 
Controle de Constitucionalidade 
 
Profª. Hilda Goseling 
 
www.prolabore.com.br 2 
1. Introdução 
A nossa Constituição de 1988 é classificada como uma constituição escrita (Constituições escritas são aquelas cujas 
normas estão reunidas em um só documento, solenemente promulgado num dado momento histórico) e rígida. 
Dizemos que é rígida (ao contrário de flexível ou semirrígida, por exemplo) porque o seu modo de alteração é mais 
dificultoso do que o modo de elaboração de leis ordinárias. Sendo assim, cabe-nos a seguinte pergunta: 
 qual procedimento é mais dificultoso? Seria o procedimento de elaboração de uma Emenda à Constituição 
(art. 60, CF – voto de 3/5 dos membros de cada Casa Legislativa em 2 turnos de votação) ou o 
procedimento de elaboração de leis ordinárias (art. 47, CF – voto da maioria simples, presente a maioria 
absoluta)? A resposta só pode ser: o procedimento de elaboração das Emendas à Constituição. Assim, 
concluímos que uma nova lei ordinária não tem o poder de alterar a Constituição, pois o procedimento de 
alteração das normas constitucionais é diferenciado. 
Do conceito de rigidez da Constituição, extraímos a noção de “supremacia formal” da Constituição. Esse 
procedimento diferenciado de alteração reforça a supremacia da Constituição, a ideia de que a nossa Constituição 
está no topo do ordenamento jurídico (há hierarquia em relação às demais normas que retiram o seu fundamento de 
validade da própria Constituição); a superioridade de suas normas está assegurada por esse processo especial de 
alteração. Temos, então, que a Constituição ocupa o topo da pirâmide jurídica, ela está na cobertura do nosso 
edifício jurídico. 
As normas infraconstitucionais (o próprio nome já diz - “infra” - estão abaixo da CF) retiram seu fundamento de 
validade da Constituição, devendo estar de acordo com a Constituição, não podendo contrariá-la. Se a norma tratar 
de uma matéria em desconformidade com o tratamento que aquela matéria recebe na Constituição, teremos uma 
inconstitucionalidade material. Se for violada a forma prevista na Constituição para a elaboração daquela norma 
infraconstitucional (exemplo: vício no processo legislativo de elaboração da norma) teremos uma 
inconstitucionalidade formal. Mas o que fazer diante desse problema? Detectada a inconstitucionalidade da norma, 
ela não pode sobreviver no ordenamento jurídico, pois está ferindo a Constituição; a norma inconstitucional está 
enfraquecendo a supremacia da Constituição, afrontando-a, desafiando-a e deve ser extirpada, retirada do nosso 
ordenamento. Sendo assim, necessitamos de uma forma de controle, de um sistema que nos permita fazer 
justamente isso: retirar a norma inconstitucional do ordenamento jurídico. Neste cenário surge o controle de 
constitucionalidade de leis e outros atos normativos. 
Antes de iniciar o estudo do controle, recomendamos a leitura dos artigos que irão nortear o nosso estudo e que são 
muito cobrados em prova. Além dos dispositivos abaixo, sabemos que a FGV cobra, em termos de controle de 
constitucionalidade, a jurisprudência do STF. 
Artigos a serem estudados na CF/88: Legislação pertinente: 
Art. 52, X 
Art. 93, XI 
Art. 97 
Art. 102, I, “a” 
Art. 102, I, “l” 
Art. 102, III 
Parágrafos do art. 102 
Art. 103 (e seus parágrafos) 
Art. 103-A (e seus parágrafos) 
Art. 125, §2º 
 
Lei 9868/99 (ADI e ADC) 
Lei 9882/99 (ADPF) 
 
 
 
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Profª. Hilda Goseling 
 
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2. Sistemas de Controle 
Considerando o órgão encarregado de exercer o controle de constitucionalidade, temos que o mesmo pode ser 
político, jurisdicional o misto. 
Será político quando a constitucionalidade for verificada por um órgão político, distinto do Judiciário. Tal órgão 
não precisa ser necessariamente o Executivo ou Legislativo, mas pode ser ainda um órgão especial, como o 
Conselho Constitucional criado pela Constituição da França. 
A seu turno o controle será jurisdicional quando efetivado pelo Poder Judiciário. Ainda que no Brasil tenhamos 
hipóteses de controle (preventivo e repressivo) levado a cabo pelo Executivo e Legislativo, prevalece que adotamos 
o controle jurisdicional. 
Já o controle misto prevê que algumas leis serão submetidas ao controle do Poder Judiciário e outras ao 
controle político, como na Suíça, em que as leis federais ficam sob o controle político e as leis locais sofrem o 
controle jurisdicional. Muito cuidado: no Brasil todas as leis estão sujeitas ao controle do Poder Judiciário, portanto 
o nosso controle é jurisdicional e não misto! (art. 5º, XXXV, CF: a lei não excluirá da apreciação do Poder 
Judiciário lesão ou ameaça a direito). Entretanto, é bom lembrar que alguns doutrinadores (e até mesmo bancas de 
prova) adotam a nomenclatura “misto” para se referirem ao controle difuso e concentrado. 
Mas, sem nos afastar da classificação que se refere ao nosso controle como jurisdicional, é possível dizer que o 
Brasil adota o sistema jurisdicional, contemplando, nesse sistema, duas modalidades de controle, vale dizer: difuso 
e concentrado. 
 Curiosidade: como nasceu o sistema jurisdicional? 
Esse sistema tem sua origem nos Estados Unidos, onde não havia previsão constitucional expressa relativamente ao 
controle de constitucionalidade, e teve ampla repercussão após a decisão da Suprema Corte acerca do caso 
Marbury v. Madison: o então presidente da República John Adams, contrariado com a derrota nas urnas para 
Thomas Jefferson, passou a nomear correligionários para cargos no Judiciário. Um dos nomeados foi WilliamMarbury para o cargo de Juiz de Paz no condado de Washington, Distrito de Columbia (Washington D.C.). Os 
atos de nomeação desses cidadãos foram realizados às pressas (entre a data da eleição e da posse de Thomas 
Jefferson). Assim, não houve tempo para que muitos dos nomeados fossem notificados da nomeação. Jefferson, 
uma vez empossado, resolveu não reconhecer todas as nomeações efetivadas por seu antecessor. Determinou a seu 
novo Secretário de Estado, James Madison, que não entregasse a alguns dos beneficiados, entre eles William 
Marbury, o título da comissão, o que lhes impossibilitaria a posse. 
A Suprema Corte foi então provocada com a alegação de que uma lei federal daria poderes à Suprema Corte para 
ordenar a posse. O Chief Justice John Marshall inicialmente decidiu o caso dando razão a Marbury (Marshall foi 
indicado para a Suprema Corte por John Adams, mesmo presidente que nomeou Marbury), mas decidiu não 
conceder a ordem por entender que uma lei federal não poderia dar tais poderes à Suprema Corte, uma vez que a 
competência do Tribunal, por ter sido fixada pela Constituição dos EUA, somente por ela poderia ser ampliada, e 
não por lei infraconstitucional. A lei era, portanto, inconstitucional e a corte tinha poder para essa declaração de 
inconstitucionalidade, se recusando a cumprir tal lei. Assim, John Marshall agradou também ao novo presidente, 
Thomas Jefferson. 
A partir de então, ficou consignado que o Judiciário poderia apreciar a constitucionalidade das leis, que deveriam 
estar de acordo com a Constituição, declarando assim a inconstitucionalidade ao julgar casos concretos (o controle 
difuso nasceu ligado a casos concretos). Posteriormente, na Europa, Hans Kelsen idealizou o controle concentrado, 
que deveria estar concentrado em um ou poucos órgãos (a Constituição da Áustria de 1920 criou o Tribunal 
Constitucional da Áustria, por inspiração de Hans Kelsen) especificamente criados para esse fim (controle de 
constitucionalidade) ou que têm nessa atividade sua função principal. 
 
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3. Controle preventivo e repressivo 
 
Controle Preventivo Controle Repressivo 
Legislativo Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) Legislativo Apreciação de Medida Provisória. 
Legislativo Lei delegada – delegação atípica prevista 
no art. 68, §3º. Controle feito pelo 
Congresso Nacional do projeto elaborado 
pelo Presidente da República. 
Legislativo Art. 49, V, CF – sustar atos normativos do 
Executivo que exorbitem dos limites da 
delegação legislativa (lei delegada). 
Executivo Veto jurídico. Executivo Recusa do Chefe do Executivo em 
cumprir leis inconstitucionais. 
Judiciário MS impetrado por parlamentar para 
defesa do direito líquido e certo ao devido 
processo legislativo. 
Judiciário Controle difuso e concentrado. 
Analisando o quadro acima percebemos facilmente que há controle de constitucionalidade mesmo sem a 
participação do Poder Judiciário. Então, mesmo tendo adotado o sistema Jurisdicional, temos controle feito também 
pelos poderes Executivo e Legislativo. A regra é que o controle preventivo (aquele feito antes de terminada a 
produção da lei) é feito pelos poderes Legislativo e Executivo, sendo o controle repressivo (realizado uma vez que 
a lei pronta entra no ordenamento jurídico) normalmente realizado pelo Poder Judiciário, havendo exceções. 
3.1 Controle Preventivo 
O controle preventivo no âmbito do poder legislativo ocorre mediante a atuação da Comissão de Constituição e 
Justiça, nas Casas Legislativas (Câmara, Senado, Assembléia...). Assim, o projeto de lei pode ser rejeitado por ser 
inconstitucional. No caso de lei delegada, há possibilidade também de controle preventivo realizado pelo 
legislativo. Nesse caso (art. 68, CF), o Congresso Nacional delega a função de legislar ao Presidente. Essa 
delegação pode ser comum, típica (o Presidente elabora a lei e ela é promulgada e publicada) ou atípica. Nesse 
segundo caso (delegação atípica – prevista no §3º do art. 68, CF) é que se encontra a possibilidade de controle 
preventivo, uma vez que o Congresso, apesar de delegar a função legislativa, exige que o Presidente elabore um 
projeto de lei, que será apreciado pelo Congresso. Nessa apreciação, o Congresso pode fazer um controle e, se 
rejeitar o projeto por considerá-lo inconstitucional, fará então controle de constitucionalidade preventivo. 
Além disso, na hora de sancionar ou vetar, o Chefe do Executivo pode vetar, tendo esse veto motivação política ou 
jurídica. No caso do veto jurídico há controle de constitucionalidade, pois aqui o Chefe do Executivo veta por 
acreditar que o projeto é contrário à Constituição (ao contrário do veto político, em que o Chefe do Executivo veta 
por considerar o projeto de lei contrário ao interesse público e não inconstitucional – art. 66. §2º, CF). 
Existe ainda uma hipótese interessante: os parlamentares que participam do processo legislativo possuem o direito 
líquido e certo a um devido processo legislativo. Assim, não são obrigados a participar de um processo legislativo 
que irá produzir uma lei que eles consideram ser inconstitucional. Desse modo, os parlamentares podem impetrar 
mandado de segurança (art. 5º, LXIX, CF) perante o poder judiciário para que aquele projeto inconstitucional não 
tenha andamento e não se torne uma lei. Nessa hipótese o poder judiciário faz controle preventivo. 
3.2 Controle Repressivo 
A primeira hipótese apontada acima é do controle repressivo feito pelo legislativo quando aprecia a Medida 
Provisória. Quando o Presidente edita uma MP, deve submeter essa espécie legislativa à apreciação do Congresso. 
A MP já nasceu, já está em vigor, portanto o controle é repressivo. O art. 62, “caput” da CF prevê que “em caso de 
relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar medidas provisórias, com força de lei, devendo 
submetê-las de imediato ao Congresso Nacional.” O Congresso irá analisar se os pressupostos constitucionais de 
edição da MP (relevância e urgência) foram observados, assim como todos os demais aspectos formais e materiais 
 
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da medida (há limitações previstas no art. 62 que, se afrontadas, ensejam a inconstitucionalidade da MP. Ex: MP 
não pode tratar de assunto reservado à lei complementar). E como essa análise é feita? De acordo com os §§ 5º e 9º 
do art. 62, CF, Câmara e Senado analisam a MP em separado, após uma comissão mista de Deputados e Senadores 
examinar a MP e sobre ela emitir parecer. 
Uma outra hipótese de controle preventivo realizado pelo legislativo diz respeito à lei delegada. O §2º do art. 68 da 
CF dispõe que “a delegação ao Presidente da República terá a forma de resolução do Congresso Nacional, que 
especificará seu conteúdo e os termos de seu exercício”. Imagine então que, ao elaborar a lei, em virtude da 
delegação do Congresso, o Presidente transborde os limites da resolução e legisle sobre algo que estava fora desses 
limites. O que o Congresso pode fazer? A lei já nasceu (na delegação típica do art. 68, §2º, o Congresso não pede 
para ver o projeto antes), logo trata-se de controle repressivo. O art. 49, V, CF, prescreve que: “É da competência 
exclusiva do Congresso Nacional: V - sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder 
regulamentar ou dos limites de delegação legislativa”. Quando o Congresso susta os atos normativos do Executivo 
que exorbitaram dos limites da delegação legislativa (leis delegadas) exerce controle repressivo de 
constitucionalidade. Mas, e a outra parte do art. 49, V, que diz respeito aos atos que exorbitem do poder 
regulamentar? Nesse casonão se trata de controle de constitucionalidade, mas sim de legalidade. Quando um 
decreto regulamentar (editado pelo Executivo para fiel execução de uma lei) afronta a lei, tem-se uma crise de 
legalidade. O decreto não afronta a CF diretamente, mas apenas indiretamente. Não obstante, registramos aqui a 
observação de que alguns autores e provas tratam todo o inciso V do art. 49 como controle de constitucionalidade. 
E o Poder Executivo pode fazer controle repressivo? Listamos no quadro acima uma hipótese, qual seja, a 
possibilidade de o Chefe do Executivo recusar-se ao cumprimento de uma lei considerada por ele inconstitucional. 
Essa hipótese gera grande controvérsia na doutrina pelos seguintes motivos: antes da CF/88 apenas o Procurador-
Geral da República (PGR) era legitimado para provocar o STF em sede de ADI (lembrando que antes da CF/88 não 
havia no nosso sistema a ADPF e antes da EC 03/93 não havia a ADC). Então, como o Chefe do Executivo não era 
legitimado a provocar o Supremo para que este declarasse a lei ou ato normativo inconstitucional, era assegurado a 
ele a possibilidade de recusa ao cumprimento de uma lei inconstitucional. Com o advento da CF/88 e a consequente 
ampliação do rol de legitimados, figurando agora como legitimados o Presidente da República e os Governadores 
dos Estados (tendo sido expressamente incluído pela EC 45/2004 o Governador do DF), parte da doutrina entende 
que não caberia mais tal recusa ao Chefe do Executivo. Não obstante, parcela significativa da doutrina (como Luís 
Roberto Barroso e Kildare Gonçalves) entende que ainda é cabível a referida recusa. Tal entendimento doutrinário 
aponta a supremacia da Constituição como fator que não pode ser desconhecido para legitimar o não cumprimento 
de lei inconstitucional. Na jurisprudência, o STF, anteriormente à CF/88 consagrava a tese da possibilidade de o 
Chefe do Executivo negar cumprimento a lei inconstitucional. Depois da promulgação da CF/88, o STF tende a 
manter o seu entendimento, ao julgar a ADI 221-DF. 
Por fim, temos o controle repressivo a cargo do Poder Judiciário, nas modalidades difuso e concentrado, que será 
objeto de estudo mais aprofundamento a partir do tópico seguinte. 
 
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4. Controle repressivo: Controle Difuso e Controle Concentrado 
O Brasil adota tanto o controle feio na via difusa como na via concentrada. Mas o que isso quer dizer? Quando 
temos o controle concentrado, como o próprio nome já diz, ele está “concentrado” em algum órgão, algum tribunal. 
Quem faz o controle concentrado no Brasil? Não se precipite respondendo que é apenas o STF... Na verdade temos 
que nos perguntar primeiro: qual é o parâmetro? Se o parâmetro desse controle for a Constituição da República/88, 
teremos o controle concentrado no STF. E se o parâmetro for a Constituição Estadual de MG/89? Teremos o 
controle concentrado no TJMG. 
Já no controle difuso, todos os juízes e tribunais do país (inclusive o STF, é bom ressaltar) estão legitimados a fazer 
o controle, confrontando leis e outros atos normativos com a Constituição. O controle é “difuso”, está espalhado 
por todos os órgãos do Judiciário. Então quando diferenciamos difuso e concentrado, estamos classificando o 
controle quanto ao número de órgãos competentes para exercê-lo. 
Falaremos primeiramente da Cláusula de Reserva de Plenário, chamando a atenção para o modo como essa 
declaração de inconstitucionalidade é feita. É certo que, se no controle difuso qualquer juiz ou tribunal pode 
declarar a lei como inconstitucional, perguntamos: qualquer órgão fracionário (Turma ou Câmara, por exemplo) em 
um tribunal pode declarar a inconstitucionalidade da lei? O próprio nome Cláusula de Reserva de Plenário nos 
diz que algo está reservado ao Plenário. E o que seria? Esta cláusula está veiculada no art. 97 da CF que nos diz: 
Art. 97. Somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou dos membros do respectivo órgão especial 
poderão os tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público. 
Pela Cláusula de Reserva de Plenário entendemos o seguinte: qualquer juiz, isoladamente, diante de um caso 
concreto pode declarar a inconstitucionalidade de uma lei. Mas, se for o caso de um Tribunal declarar a 
inconstitucionalidade, essa declaração não poderá emanar de um órgão fracionário, terá que emanar do Pleno (o 
Plenário do tribunal, por maioria absoluta de seus membros é que poderá declarar a inconstitucionalidade) ou então 
do órgão especial. 
Nem todo tribunal possui órgão especial, sendo certo que o TJMG possui, sendo chamado Corte Superior. O art. 
93, XI, CF, abaixo transcrito nos informa como será composto o órgão especial: 
Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da Magistratura, 
observados os seguintes princípios: 
(...) 
XI nos tribunais com número superior a vinte e cinco julgadores, poderá ser constituído órgão especial, com o 
mínimo de onze e o máximo de vinte e cinco membros, para o exercício das atribuições administrativas e 
jurisdicionais delegadas da competência do tribunal pleno, provendo-se metade das vagas por antigüidade e a outra 
metade por eleição pelo tribunal pleno; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) 
Sendo assim, se um órgão fracionário de um tribunal, no julgamento de um caso concreto, pretende, para julgar o 
caso, declarar uma lei inconstitucional, ele não pode fazer isso sozinho. Deve lavrar um acórdão e submeter a 
questão ao Pleno ou Órgão Especial. É bom lembrar que, o que é remetido para o Pleno ou Órgão Especial não é o 
caso concreto, mas apenas a questão de inconstitucionalidade, que será analisada em abstrato. Resolvida essa 
questão, o Pleno (ou Órgão Especial) devolve ao órgão fracionário sua decisão para que possam aplicar no caso 
concreto. 
Como essa análise é feita em abstrato, da próxima vez que surgir um novo caso, os órgãos fracionários não 
precisam remeter novamente a questão ao pleno, já podem aplicar a decisão anteriormente emanada sobre a lei – se 
é inconstitucional ou não. Da mesma forma, se já houver posicionamento do STF a respeito, os órgãos fracionários 
não precisam submeter a questão ao pleno ou órgão especial. Chamamos isso de “mitigação da reserva de plenário” 
já que a regra prevista no art. 97 da CF não será observada toda vez, apenas da primeira vez. Assim dispõe o 
Código de Processo Civil ao regulamentar o procedimento: 
Art. 480. Arguida a inconstitucionalidade de lei ou de ato normativo do poder público, o relator, ouvido o 
Ministério Público, submeterá a questão à turma ou câmara, a que tocar o conhecimento do processo. 
 
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Art. 481. Se a alegação for rejeitada, prosseguirá o julgamento; se for acolhida, será lavrado o acórdão, a fim 
de ser submetida a questão ao tribunal pleno. 
Parágrafo único. Os órgãos fracionários dos tribunais não submeterão ao plenário, ou ao órgão especial, a 
arguição de inconstitucionalidade, quando já houver pronunciamento destes ou do plenário do Supremo Tribunal 
Federal sobre a questão. 
Apesar do disposto no art. 97 da Constituição, vários Tribunais estavam “driblando” a regra da reserva de plenário 
da seguinte forma: os órgãos fracionários, considerando que determinada lei era inconstitucional, mas estando 
impedidos de assim declará-la, optavam por, ao julgar o caso, não declarar expressamente a inconstitucionalidade 
(já que estavam proibidos pelo art. 97), mas acabavam por afastar a incidência da norma. Ou seja, deixavam de 
aplicar a norma por considerá-la inconstitucional, mas achavamque, se não expressassem isso, estariam liberados 
de enviar a questão ao Plenário. Diante dessa realidade, o STF editou a Súmula Vinculante n. 10, que diz: 
Súmula Vinculante n. 10: “Viola a cláusula de reserva de plenário (CF, artigo 97) a decisão de órgão fracionário de 
tribunal que, embora não declare expressamente a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do poder público, 
afasta sua incidência, no todo ou em parte”. 
Agora que vimos como a decisão é tomada e como são os detalhes da reserva de plenário no controle difuso, 
observaremos um quadro com a visão geral dos controles difuso e concentrado, para então verificamos as 
peculiaridades de cada um. 
1) Concentrado 
 STF (CF) e TJ (Constituição Estadual) 
 Origem: Áustria, 1920 com Hans Kelsen 
 Legitimados: art. 103, CF (sobre o estadual, 
vide art. 125, §2º, CF). 
 Ações: ADI genérica, ADI por Omissão, ADC, 
ADPF. 
 Eficácia contra todos (“erga omnes”) e efeito 
vinculante. 
 Decisão, via de regra, retroativa (“ex tunc”), 
sendo possível modular os efeitos da decisão 
no tempo – art. 27, lei 9868/99 
Abstrato 
 Na grande maioria dos casos o controle 
concentrado é feito de forma abstrata, ou seja, 
não está ligado à um caso concreto. É exercido 
por via de ação direta, trata-se de controle 
objetivo. Visa proteger: 
 1º lugar: supremacia da Constituição 
 2º lugar: interesses subjetivos (por tabela) 
2) Difuso 
 Todos os juízes e tribunais (inclusive STF) 
 Origem: EUA, 1803, caso Marbury x Madison, 
julgado pelo Chief Justice John Marshall 
 Eficácia entre as partes (“inter partes”). 
 Há mecanismos para que esses efeitos sejam 
estendidos para todos (Senado e Súmula 
Vinculante). 
 Decisão, via de regra, retroativa (“ex tunc”), 
sendo possível modular os efeitos da decisão 
no tempo. 
Concreto 
 Na grande maioria dos casos o controle difuso 
se dá na análise de um caso concreto. É 
chamado controle incidental ou por via de 
exceção, pois o juiz, ao analisar o caso 
concreto, precisa antes verificar um incidente 
de inconstitucionalidade. Portanto, aqui temos 
partes e os interesses protegidos são: 
 1º lugar: interesses subjetivos (interesses das 
partes) 
 2º lugar: supremacia da Constituição (por 
tabela) 
 
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CONTROLE DIFUSO DE CONSTITUCIONALIDADE 
O controle difuso, como vimos, é aquele em que qualquer juiz ou tribunal pode, diante de um caso concreto (via de 
regra) declarar a inconstitucionalidade de uma lei. Se temos um caso concreto, temos partes, sendo que a eficácia 
da decisão só atinge as partes, vale dizer, é “inter partes”. A parte interessada tem um caso concreto e submete esse 
caso ao poder judiciário. Acontece que, ao submeter o caso ao judiciário, alega que a norma aplicável é 
inconstitucional. Nesse caso, para chegar à análise do caso concreto, o juiz ou tribunal deve, necessariamente, 
passar antes pela questão da constitucionalidade ou inconstitucionalidade da lei. Então, o que a parte pede no 
processo é o reconhecimento do seu direito, afetado, no entanto, pela norma cuja validade se questiona. É assim que 
se dá o controle de constitucionalidade nos casos concretos. Imagine que o juiz decida que aquela lei é 
inconstitucional. Ele, então, julgará o caso com base nessa decisão, mas essa decisão acerca da 
inconstitucionalidade só vale para as partes daquele processo. Se outra pessoa possui um caso semelhante, a lei 
continua válida, sendo que aquela pessoa também deve procurar o judiciário e procurar obter uma decisão que 
declare a lei inconstitucional também no seu caso concreto. 
Devemos nos lembrar aqui da Cláusula de Reserva de Plenário, já estudada. Se o caso for julgado por um tribunal, 
o órgão fracionário não poderá declarar a inconstitucionalidade, deve remeter a questão ao Pleno ou Órgão 
Especial. Cuidado: o órgão fracionário pode declarar a constitucionalidade? Isso ele pode, afinal as leis gozam de 
presunção de constitucionalidade. 
Sabemos que no controle difuso qualquer juiz ou tribunal pode declarar a inconstitucionalidade, inclusive o STF. 
Mas mediante qual recurso as causas inicialmente julgadas por outros juízes e tribunais chegam ao STF? Mediante 
o Recurso Extraordinário. A competência para o julgamento do RE encontra-se no art. 102, III, CF. Vejamos: 
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe: 
(...) 
III - julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última instância, quando a decisão 
recorrida: 
a) contrariar dispositivo desta Constituição; 
b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal; 
c) julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face desta Constituição. 
d) julgar válida lei local contestada em face de lei federal. (Incluída pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) 
Com o advento da EC 45, um importante filtro foi acrescido ao Recurso Extraordinário (RE): a necessidade de 
demonstração de Repercussão Geral. Ora, o STF deseja julgar causas que sejam importantes para toda a sociedade, 
sendo assim, aquele que manejar o RE deve demonstrar a repercussão geral das questões constitucionais discutidas 
no caso. Vale dizer, deve demonstrar que aquela discussão levada ao STF transcende os seus interesses individuais 
e possui repercussão na sociedade. Para efeito da repercussão geral, será considerada a existência, ou não, de 
questões relevantes do ponto de vista econômico, político, social ou jurídico, que ultrapassem os interesses 
subjetivos da causa. 
Nos termos do art. 102, §3º da CF, temos que: “no recurso extraordinário o recorrente deverá demonstrar a 
repercussão geral das questões constitucionais discutidas no caso, nos termos da lei, a fim de que o Tribunal 
examine a admissão do recurso, somente podendo recusá-lo pela manifestação de dois terços de seus 
membros.” 
Com relação ao objeto, tem-se que qualquer lei ou ato normativo emanado dos três níveis de Poder (federal, 
estadual, municipal) pode ser objeto do controle difuso. O controle difuso compreende os atos legislativos em geral 
(art. 59, CF), bem como atos normativos secundários, como o decreto regulamentar (o que não acontece na ADI, 
por exemplo). As normas anteriores à Constituição também podem ser objeto de controle difuso (o que não 
acontece na ADI). Isso se justifica pelo fato de que o controle difuso não visa retirar a norma do ordenamento. Aqui 
a intenção é apenas não permitir que aquela norma inconstitucional seja aplicada ao caso concreto. Em se tratando 
de uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (controle concentrado), não poderíamos admitir como objeto uma lei 
anterior à Constituição, uma vez que no caso essa lei anterior foi editada tendo como suporte de validade uma outra 
 
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Constituição, que não mais existe. Assim, a questão se resolveria no plano do direito intertemporal (plano da 
vigência). A lei não estaria mais em vigor se contrariasse a nova Constituição (teria sido por ela revogada ou não 
recepcionada, daí não se falar em inconstitucionalidade de leis anteriores à Constituição em sede de ADI). 
E quem pode arguir a inconstitucionalidade no controle difuso envolvendo um caso concreto? Qualquer parte do 
processo (autor ou réu), o Ministério Público (como parte ou como fiscal da lei), ou mesmo terceiro que intervier 
no processo. É possível, inclusive, que a inconstitucionalidade venha a ser reconhecida de ofício pelo juiz (o que 
não seria possível em ADI, já que se trata de processo objetivo e o juiz só pode apreciar os atos normativosimpugnados na inicial da ação). Já a declaração de ofício no controle difuso parte da ideia de que as decisões no 
âmbito de qualquer processo trazem conteúdo fiscalizador da constitucionalidade e da legalidade e como o juiz é 
intérprete e aplicador da lei, ao julgar o caso concreto ele pode, de ofício, declarar inconstitucional a lei aplicável 
àquele caso concreto a ele submetido. 
Os efeitos da declaração de inconstitucionalidade no controle difuso são “ex tunc” (retroativos) e valem apenas para 
as partes envolvidas na discussão. Ou seja, mesmo sendo prolatada pelo STF, a decisão não tem eficácia contra 
todos (“erga omnes”) como teria no caso do controle concentrado. 
Haveria então um meio hábil de fazer com que essa decisão tivesse eficácia contra todos? Sim! O art. 52, X, CF 
prevê que compete privativamente ao Senado Federal: “suspender a execução, no todo ou em parte, de lei declarada 
inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal.” 
Dessa forma, é possível que uma decisão do Senado Federal transforme a eficácia “inter partes” em “erga omnes”, 
passando a decisão do STF a valer para todos. 
Não há consenso doutrinário a respeito do caráter vinculado ou discricionário da resolução do Senado. Parte da 
doutrina entende que o Senado é obrigado a expedir a resolução, tendo a mesma o objetivo de tornar pública a 
decisão do STF, não cabendo ao Senado decidir sobre a conveniência ou não de estender para todos aquela decisão 
do STF no controle difuso. Outros defendem o caráter discricionário da atividade do Senado. Temos na 
jurisprudência um exemplo da atuação discricionária e política do Senado no julgamento do RE 150.764-1. Nesse 
caso, o Senado se recusou a suspender a eficácia da legislação do FINSOCIAL, declarada inconstitucional pelo 
STF, entendendo que a suspensão acarretaria profunda repercussão na vida econômica do país. 
A doutrina se divide ainda acerca dos efeitos da resolução do Senado. Sabemos que o Senado transforma uma 
decisão que teria eficácia apenas para as partes envolvidas numa decisão oponível “erga omnes” (contra todos). 
Mas, essa decisão do Senado tem efeitos “ex tunc” (retroage) ou “ex nunc” (não retroage)? A doutrina majoritária 
(prof. Alexandre de Moraes, Lenio Streck, José Afonso da Silva, Ana Cândida da Cunha Ferraz, Kildare Carvalho 
Gonçalves, Marcelo Cattoni, dentre outros) entende que os efeitos da resolução são “ex nunc”. Vale dizer, o Senado 
dá eficácia para todos, a partir de agora, a uma decisão que valia apenas para as partes e que, no caso concreto 
ligado à essas partes, retroagia desde o nascimento da norma reputada inconstitucional. Advertimos o leitor, 
contudo, que o tema é polêmico, sendo que autores do porte de Gilmar Mendes, Zeno Veloso, Clemerson Cleve 
advogam que os efeitos são “ex tunc”. 
Em síntese, nos moldes da doutrina majoritária, podemos visualizar a atuação do Senado da seguinte maneira: 
Antes da resolução do Senado Depois da resolução do Senado 
Eficácia “inter partes” Eficácia “erga omnes” 
Efeito “ex tunc” Efeito “ex nunc” 
 
 
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Súmula Vinculante 
Com o advento da EC 45 em 2004, mais um possibilitou que decisões do STF no controle difuso de casos concretos 
fossem transformadas em decisões que pudessem ser impostas a todos: a súmula vinculante. 
O art. 103-A da CF prevê que: “O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, mediante 
decisão de dois terços dos seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar súmula 
que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do 
Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem 
como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em lei. (Incluído pela Emenda Constitucional 
nº 45, de 2004) (Vide Lei nº 11.417, de 2006). 
§ 1º A súmula terá por objetivo a validade, a interpretação e a eficácia de normas determinadas, acerca das quais 
haja controvérsia atual entre órgãos judiciários ou entre esses e a administração pública que acarrete grave 
insegurança jurídica e relevante multiplicação de processos sobre questão idêntica. 
§ 2º Sem prejuízo do que vier a ser estabelecido em lei, a aprovação, revisão ou cancelamento de súmula poderá 
ser provocada por aqueles que podem propor a ação direta de inconstitucionalidade. 
§ 3º Do ato administrativo ou decisão judicial que contrariar a súmula aplicável ou que indevidamente a aplicar, 
caberá reclamação ao Supremo Tribunal Federal que, julgando-a procedente, anulará o ato administrativo ou 
cassará a decisão judicial reclamada, e determinará que outra seja proferida com ou sem a aplicação da súmula, 
conforme o caso." 
É importante observamos que o efeito vinculante da súmula é o mesmo previsto no art. 102, §2º para a ADI e 
ADC! Além disso, é importante notar que o STF (e somente o STF) pode editar sumula vinculante e que isso pode 
se dar de ofício ou por provocação. Além de editar a súmula vinculante, o Supremo pode também proceder à sua 
revisão ou cancelamento. Quem poderia propor a edição, revisão ou cancelamento de súmula vinculante ao STF? 
Os mesmos legitimados do art. 103 da CF, nos termos do disposto no art. 103-A, §2º, acima transcrito. O §3º do 
art. 103-A menciona a “reclamação”. O art. 102, I, “l” da CF prevê a competência do STF para julgar “a 
reclamação para a preservação de sua competência e garantia da autoridade de suas decisões”. 
(OAB – FGV – IV Exame Unificado – 2011.2) Se Governador de Estado desejar se insurgir contra súmula 
vinculante que, a seu juízo, foi formulada com enunciado normativo que extrapolou os limites dos precedentes que 
a originaram, poderá, dentro dos instrumentos processuais constitucionais existentes, 
a) interpor reclamação contra a súmula vinculante. 
b) requerer o cancelamento da súmula vinculante. 
c) ajuizar ADPF contra a súmula vinculante. 
d) ajuizar ADI contra a súmula vinculante. 
Resposta: B. 
A pegadinha aqui é justamente a letra A. Mas veja bem: o Governador não concorda com a súmula, então ele não 
quer interpor reclamação. A reclamação deve ser usada quando a súmula não está sendo respeitada e queremos que 
o STF tome alguma providência sobre isso. Mas o governador é um dos legitimados do art. 103, correto? Então ele 
pode propor a edição, revisão e cancelamento de súmula vinculante. Sendo assim, ele é legitimado para requerer o 
cancelamento, como prevê a alternativa B. 
 
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(MPE Técnico/SE/FCC 2009) Sobre a súmula vinculante, é correto afirmar que 
a) não abrangerá matéria constitucional, a qual está subordinada à contínua interpretação do Supremo Tribunal 
Federal. 
b) terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e 
indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, a partir de sua publicação na imprensa oficial. 
c) poderá ser elaborada pelos Tribunais Superiores para uniformizar sua jurisprudência, a fim de evitar grave 
insegurança jurídica e relevante multiplicação de processos sobre questão idêntica. 
d) poderá ser cancelada pelos Tribunais Superiores, mediante solicitação do Advogado-Geral da União. 
e) não poderá ser aprovada de ofício pelo Supremo Tribunal Federal, em decorrência do princípio da inércia do 
Poder Judiciário. 
 
Resposta: B 
 
Ação civil pública: outro ponto digno de nota a respeito do controle difuso é o seu cabimento ou não em sede de 
ação civil pública. Tal ação presta-se à proteção do patrimônio público e social, meio ambientee outros interesses 
coletivos, difusos ou individuais homogêneos. A decisão judicial na ação civil pública tem efeito erga omnes (por 
força da lei 7.347/85) e, por isso, o STF entendia que era incabível o controle difuso na ação civil pública, pois, 
nesse caso, teríamos uma hipótese de controle difuso cujos efeitos valeriam para todos, usurpando a competência 
do STF para decidir isso no controle concentrado. Essa decisão (proferida por qualquer juiz ou tribunal) no bojo de 
uma ação civil pública, como geraria efeitos contra todos, iria acabar por subtrair do STF a competência que lhe foi 
atribuída como guardião da Constituição. Entretanto, a jurisprudência do STF evoluiu para admitir o cabimento do 
controle difuso de casos concretos em ação civil pública, desde que o objeto da demanda seja a tutela de uma 
pretensão concreta e não a declaração em tese da inconstitucionalidade de uma lei. Assim, a controvérsia 
constitucional (dúvida se a lei é constitucional ou não) é suscitada como simples questão prejudicial (que deve ser 
enfrentada como um antecedente para que o juiz possa julgar a causa), indispensável à solução do litígio. 
 
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CONTROLE CONCENTRADO 
Como, regra geral, não está ligado a um caso concreto, o controle concentrado abstrato visa, precipuamente, a 
defesa da supremacia da Constituição. Ou seja, o legitimado que procura o Tribunal (por exemplo, o STF quando 
estamos falando da CF) alegando que determinada lei é inconstitucional, tem o objetivo de retirar aquela lei 
inconstitucional do ordenamento jurídico, porque a simples presença da lei no ordenamento, passível de ser 
aplicada, fere a supremacia da Constituição, por não estar de acordo com o texto constitucional. É certo que, sendo 
essa lei retirada do ordenamento, por tabela, ou seja, em segundo plano, acabamos também protegendo diversos 
interesses de pessoas que eram afetadas por aquela lei inconstitucional. 
O controle concentrado, por estar concentrado num único Tribunal, não pode ter um grande rol de legitimados. E 
como aqui os legitimados não possuem um problema concreto para submeter à apreciação do tribunal, precisamos 
saber quem são esses legitimados, quem são essas pessoas que a Constituição autorizou a provocar o tribunal, para 
que ele diga se a lei é constitucional ou inconstitucional. 
Por isso, temos um rol, uma lista de legitimados que podem fazer isso, com previsão no art. 103 da Constituição, 
que vamos dividir em 3 grupos: 
4 Pessoas 4 Mesas 4 órgãos ou instituições 
PGR (Procurador Geral da 
República) 
Presidente da República 
Governador de Estado 
Governador do DF 
Mesa da Câmara 
Mesa do Senado 
Mesa das Assembleias Legislativas 
dos Estados 
Mesa da Câmara Legislativa do DF 
Conselho Federal da OAB 
Partido Político com representação 
no Congresso 
Confederação Sindical 
Entidade de Classe de âmbito 
nacional 
Sabe-se que o STF faz uma interessante distinção entre eles: os legitimados que estão grifados acima (os 2 últimos 
de cada lista) precisam demonstrar pertinência temática para propor as ações do controle concentrado. Eles são os 
chamados legitimados especiais, precisam demonstrar que há alguma ligação entre a sua atuação (os interesses por 
eles defendidos) e o objeto da ação do controle concentrado que pretendem propor. Já os demais, que não estão 
grifados, são os legitimados universais, que podem propor as ações sobre qualquer assunto. 
(OAB- FGV- V Exame Unificado- 2012.1) De acordo com entendimento consolidado do STF e 
da doutrina, qual, dentre os órgãos e entidades listados abaixo, NÃO precisa demonstrar pertinência temática 
como condição para ajuizar Ação Direta de Inconstitucionalidade? 
a) Mesa de Assembleia Legislativa ou Câmara Legislativa (DF). 
b) Conselho Federal da OAB. 
c) Entidade de Classe de âmbito nacional. 
d) Confederação Sindical. 
 
Resposta: B. 
*E se no curso da ação o partido político perder a representação? A perda superveniente de legitimidade não 
implica em prejudicialidade da ADI. A legitimidade é algo que devemos aferir no momento da propositura da ação. 
*Associações podem propor ADI. E se as associações forem formadas por pessoas jurídicas, sendo então 
associação de associação? O STF entende que as associações formadas por associações (também chamadas de 
entidades de classe de 2º grau) também podem propor ADI. Obs.: havia entendimento em sentido contrário, porém 
o Supremo mudou de ideia e hoje admite. 
* Capacidade postulatória: precisam todos os legitimados se fazer representar por advogado? O STF entende que a 
capacidade postulatória (capacidade de ingressar com a ação) pertence a todos os legitimados dos incisos I a VII do 
 
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art. 103, CF. Somente aqueles dos incisos VIII e IX (partido político com representação no Congresso, entidades de 
classe de âmbito nacional e confederação sindical) que não detêm capacidade postulatória e, nos termos do art. 3º, 
parágrafo único, da lei 9868/99, juntamente com a petição inicial, deverá ser apresentada procuração com poderes 
específicos. 
Até o advento da CF/88, havia apenas um legitimado para a ADI, que era o Procurador Geral da República (sendo 
que até então não existia no direito brasileiro ADC ou ADPF). A CF/88 decidiu abrir o rol de legitimados e permitir 
um maior acesso às ações do controle concentrado abstrato, que discutem em tese a inconstitucionalidade de leis e 
outros atos normativos. Mas houve uma preocupação com a Constituição dos Estados: será que as constituições 
estaduais entregariam a legitimidade de agir a um único órgão ou pessoa? Ou será que adotariam o mesmo espírito 
democrático para ampliar a legitimação no controle concentrado feito perante o TJ? 
Para evitar essa situação indesejada pela CF/88 (atribuição da legitimação de agir a um único órgão), o seu art. 125, 
§2º prevê que: 
Art. 125. Os Estados organizarão sua Justiça, observados os princípios estabelecidos nesta Constituição. 
(...) 
§ 2º - Cabe aos Estados a instituição de representação de inconstitucionalidade de leis ou atos normativos estaduais 
ou municipais em face da Constituição Estadual, vedada a atribuição da legitimação para agir a um único 
órgão. 
Dessa forma restou vedado aos Estados, ao fazerem previsão da representação de inconstitucionalidade (é o mesmo 
da ADI) nas suas constituições, atribuírem a legitimação a um único órgão. A nossa CE/89 listou os legitimados 
para o controle concentrado feito perante o TJ em seu art. 118: 
Art. 118 – São partes legítimas para propor ação direta de inconstitucionalidade e ação declaratória de 
constitucionalidade: 
I – o Governador do Estado; 
II – a Mesa da Assembléia; 
III – o Procurador-Geral de Justiça; 
IV – o Prefeito ou a Mesa da Câmara Municipal; 
V – o Conselho da Ordem dos Advogados do Brasil, Seção do Estado de Minas Gerais; 
VI – partido político com representação na Assembleia Legislativa do Estado; 
VII – entidade sindical ou de classe com base territorial no Estado. 
VIII – a Defensoria Pública. 
 É interessante observar que houve uma simetria com a Constituição Federal, entretanto a CE de Minas 
Gerais de 1989 inovou ao atribuir a legitimidade para a Defensoria Pública. E ela poderia fazer isso? Sim, 
porque a vedação consiste na atribuição da legitimidade de agir a um único órgão e a CE/89 respeitou a 
determinação do art. 125, §2º da CF. 
 Agora que vimos os legitimados, nos perguntamos: e quais seriam as ações do controle concentrado? 
 ADI – Ação Direta de Inconstitucionalidade (também conhecida como ADI genérica) ADI por omissão – Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão (também chamada ADIN por 
Omissão ou ADO) 
 ADC – Ação Declaratória de Constitucionalidade (também chamada ADEcon) 
 ADPF – Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental. 
ADI – Ação Direta de Inconstitucionalidade 
Estudaremos primeiramente a ADI para, em seguida, tecer comparações com a ADC, facilitando assim o nosso 
estudo. Nos termos do art. 102, I, “a”, CF a ADI admite como objeto lei ou ato normativo federal ou estadual. 
Sendo assim, podemos confrontar leis ou atos normativos federais ou estaduais com a Constituição de 1988. 
 
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Parâmetros para o controle: são normas usadas como referência para se efetivar o controle. 
 Preâmbulo 
CF/88 Normas Permanentes (art. 1º a 250, CF) 
 Atos das Disposições Constitucionais Transitórias parâmetro 
O STF entende que o preâmbulo não serve como parâmetro. Assim, não poderíamos declarar uma lei 
inconstitucional sob o argumento de que ela afronta o preâmbulo da Constituição. Servem como parâmetro para 
controle as normas permanentes (art. 1º a 250, CF) e o ADCT. Também são parâmetros os princípios implícitos e 
os Tratados de Direitos Humanos aprovados nos termos do §3º do art. 5º da CF (mesmo procedimento de 
aprovação das Emendas), tendo em vista que adquirem status de Emenda Constitucional. Atualmente temos, 
aprovada de acordo com esse procedimento, a Convenção sobre o Direito das Pessoas Portadoras de Deficiência. 
Obs.: se estivermos tratando do controle concentrado de leis ou atos normativos municipais ou estaduais perante o 
TJ do Estado, o parâmetro será a Constituição Estadual. 
Objeto da ADI: quais normas estaduais e federais podem ser objeto de uma ADI? 
SIM – podem ser objeto de ADI NÃO – não podem ser objeto de ADI 
1) Normas previstas no art. 59, CF. a) Leis já revogadas 
2) Decreto autônomo b) Normas das constituições anteriores 
3) Tratados internacionais c) Norma constitucional originária 
4) Lei DF – competência estadual d) Decreto regulamentar 
5) Resoluções do CNJ e CNMP e) Lei municipal ou lei DF – competência 
municipal 
6) Regimentos Internos dos Tribunais f) Súmulas (inclusive as vinculantes) 
7) Decretos do Presidente da República de 
promulgação de tratados e convenções 
internacionais 
g) Lei ou ato normativo de efeito concreto 
 h) Lei declarada inconstitucional no controle 
difuso, cuja eficácia já foi suspensa por 
resolução do Senado. 
No quadro acima destacamos os principais temas cobrados em prova sobre o objeto de uma ADI. Comentaremos 
alguns pontos listados acima que carecem de algumas explicações. 
Podem ser objeto de ADI: 
1) As espécies previstas no art. 59, CF são as chamadas espécies normativas primárias. Elas retiram seu 
fundamento diretamente da Constituição, estão localizadas logo abaixo da CF na pirâmide de normas. São elas: 
Emendas Constitucionais, Leis Complementares, Leis Ordinárias, Leis Delegadas, Medidas Provisórias, Decretos 
Legislativos e Resoluções. Uma dúvida importante pode surgir: as Emendas à Constituição, uma vez aprovadas, 
 
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passam a fazer parte da CF, certo? E mesmo assim elas poderiam ser declaradas inconstitucionais? Sim. Vejamos o 
motivo: 
As normas originárias da Constituição (que estão no texto desde a promulgação da CF em 5/10/88) não podem ser 
declaradas inconstitucionais, uma vez o Brasil possui uma Constituição em sentido formal, de modo que não há 
hierarquia entre as normas constitucionais. Não havendo hierarquia, todas as normas constantes do texto da CF 
possuem igual dignidade. Então, uma não pode servir de parâmetro para que a outra seja declarada inconstitucional 
frente à ela. Assim, não adotamos a teoria da inconstitucionalidade das normas constitucionais originárias 
defendida pelo alemão Otto Bachof. Apesar disso, as normas derivadas (incorporadas ao texto da CF por emenda) 
devem obediência às regras previstas na CF para sua feitura. O legislador constituinte originário impôs um 
procedimento próprio para a elaboração das Emendas (art. 60, CF) e ainda vedou que certos assuntos fossem 
abolidos ou enfraquecidos por Emenda (cláusulas pétreas). Se uma Emenda nasce contendo vício por ter afrontado 
a CF, essa norma é inconstitucional e é passível de controle de constitucionalidade. 
2) O decreto regulamentar (aquele que é editado pelo chefe do Executivo para fiel execução das leis) não é passível 
de controle por ADI por não configurar uma ofensa direta à CF. Ao ofender a lei que regulamenta, temos uma crise 
de legalidade e não propriamente uma questão de inconstitucionalidade. Por outro lado, o decreto autônomo, 
previsto no art. 84, VI, CF, retira seu fundamento de validade diretamente da CF e, portanto, pode servir como 
objeto na ADI. 
4) Segundo o art. 32 da CF o Distrito Federal cumula competências dos Estados e Municípios. Podem ser objeto de 
ADI apenas leis ou atos normativos federais ou estaduais. Assim, apenas a lei do DF editada no uso da competência 
estadual pode ser objeto de ADI. Por exemplo, o DF edita lei tratando de IPVA (imposto estadual) e também de 
IPTU (imposto municipal). Então, o STF entende que apenas as leis distritais editadas no âmbito da competência 
estadual do DF (no nosso exemplo, uma lei sobre o IPVA) é que poderia ser objeto de uma ADI. 
Não podem ser objeto de ADI: 
a) As leis já revogadas não se prestam ao controle de constitucionalidade por ADI, uma vez que a ADI não se 
presta a regular relações concretas. Se o objetivo da ADI é retirar a norma do ordenamento jurídico e a norma já foi 
revogada, não há que se falar em ADI. Entretanto, apesar de este ser o posicionamento tradicional do STF, existe 
decisão em sentido contrário no STF, admitindo, portanto, o prosseguimento de uma ADI cuja lei objeto fora 
revogada por outra lei no curso da ADI. 
b) No caso de leis ou atos normativos anteriores à CF/88 caberia controle difuso ou ADPF. 
c) Vide item 1 acima acerca das normas originárias. 
d) A inconstitucionalidade indireta (reflexa) ocorre nas situações em que o vício verificado não decorre de violação 
direta da CF, como é o exemplo de um decreto que extrapola os limites da lei. Ainda que essa extrapolação tenha 
implicado flagrante desrespeito a determinada norma constitucional, não será hipótese de inconstitucionalidade 
direta, uma vez que o fundamento de validade do decreto não é a Constituição e sim a lei. Não constituindo ofensa 
direta à CF, não é possível controle de constitucionalidade por ADI. Importante: existe um tipo de 
inconstitucionalidade indireta que permite o controle por ADI: trata-se da inconstitucionalidade por arrastamento 
(também chamada oblíqua, derivada, por atração ou consequente, ou ainda, de inconstitucionalidade por 
reverberação normativa). A inconstitucionalidade por arrastamento ocorre quando a declaração da 
inconstitucionalidade da norma regulamentada leva ao automático e inevitável reconhecimento da invalidade das 
normas que haviam sido expedidas em função delas. Ex: a declaração de inconstitucionalidade da lei acaba por 
arrastar consigo o decreto que a regulamentava, pois ele não sobrevive sozinho no ordenamento. O STF admite a 
inconstitucionalidade por arrastamento. 
e) O art. 102, I, “a”, CF deixa claro que apenas os atos normativos federais ou estaduais podem ser objeto de ADI. 
Assim, as normas municipais ou aquelas editadas pelo DF no uso de sua competência municipal não são objeto de 
ADI. É importante lembrar que perante o TJ, no controle concentrado feito tendo como parâmetro a Constituição 
Estadual (vide art. 125, §2º,CF) é possível que normas municipais sejam objeto de ADI – mas de ADI perante a 
Constituição do Estado! 
f) As súmulas não possuem conteúdo normativo apto a ensejar o controle concentrado. E, no tocante às súmulas 
vinculantes, que possuem força vinculante, o STF entende que nem mesmo elas poderiam ser objeto de ADI, uma 
 
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vez que as súmulas vinculantes possuem procedimento próprio de revisão e cancelamento (art. 103-A, CF) e tal 
procedimento deve ser usado no lugar da ADI. 
g) Muito cuidado aqui! Não cabe ADI contra lei ou ato normativo de efeito concreto (entendimento tradicional do 
STF), uma vez que tais atos não se revestem de generalidade e abstração. Entretanto, no julgamento de algumas 
ADIs (4048, 4049, 4050), o STF reconheceu a possibilidade de ADI contra lei ou ato normativo de feito concreto 
desde que haja um tema ou uma controvérsia constitucional suscitada em abstrato, independente do caráter geral ou 
específico, concreto ou abstrato de seu objeto. 
h) Se a norma é impugnada no controle difuso, nada impede que ela seja objeto de ADI, uma vez que no controle 
difuso a decisão só valerá para as partes. Entretanto, se uma norma é declarada inconstitucional pelo STF em sede 
de controle difuso e tem sua eficácia suspensa pelo Senado (“erga omnes”), ela não poderá mais ser objeto de ADI, 
uma vez que o Senado já fez com que os efeitos da decisão passassem de “inter partes” a “erga omnes”. 
A respeito do assunto, observe a seguinte questão: (OAB - FGV – VI Exame Unificado – 2011.3) NÃO pode 
ser objeto de ação direta de inconstitucionalidade 
a) decreto que promulga tratado. 
b) decreto legislativo que aprova tratado. 
c) resolução. 
d) súmula vinculante. 
Resposta: D. 
Vimos que o decreto que promulga tratado pode ser objeto de ADI. Resolução e Decreto Legislativo (letras C e B) 
são espécies normativas previstas no art. 59, CF e portanto também podem ser objeto de ADI. Já a Súmula 
Vinculante não, pois entende o STF que ela possui procedimento próprio de revisão e cancelamento. 
No caso do controle concentrado abstrato no âmbito do TJ do Estado, o controle é feito tendo como parâmetro a 
Constituição Estadual. E qual é o objeto? Lei ou ato normativo municipal ou estadual. É isso que diz inclusive o §2º 
do art. 125 da CF: 
§ 2º - Cabe aos Estados a instituição de representação de inconstitucionalidade de leis ou atos normativos 
estaduais ou municipais em face da Constituição Estadual, vedada a atribuição da legitimação para agir a um 
único órgão. 
Apesar disso, a Constituição do Estado de Minas Gerais de 1989, em seu art. 118, §1º, trouxe a seguinte disposição: 
§ 1º – Aplica-se o disposto neste artigo à ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo municipal 
em face da Constituição da República. 
• (Expressão “em face da Constituição da República” declarada inconstitucional em 12/2/2003 – ADIN 508. 
Acórdão publicado no Diário da Justiça em 23/5/2003.) 
Ora, o TJMG não tem legitimidade para aferir, em sede de controle concentrado, a inconstitucionalidade de lei ou 
ato normativo municipal em face da Constituição da República (poderia fazer isso apenas no controle difuso), mas 
sim em face da Constituição Estadual. Assim é que, logo abaixo do §1º acima transcrito há a menção de que o STF 
declarou essa expressão “em face da Constituição da República” inconstitucional. 
 Obs.: é possível, no controle de constitucionalidade, que o STF declare apenas uma expressão como 
inconstitucional, mas não podemos confundir essa informação com o veto. De acordo com o art. 66, §2º, 
CF/88, o veto deve abranger texto integral de artigo, parágrafo, inciso ou alínea. 
 
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Estudo comparativo da ADI e ADC 
Com relação à ADI e ADC, temos que o art. 102, I, “a” prevê o objeto dessas ações. Que tipo de norma pode ser 
objeto de uma ADI? Lei ou ato normativo federal ou estadual. E de uma ADC? Lei ou ato normativo federal. 
ADI ADC 
Rol de Legitimados (art. 103) Rol de Legitimados (art. 103) 
Objeto: lei ou ato normativo federal ou estadual Objeto: lei ou ato normativo federal 
AGU defende a lei (art. 103, §3º) Controvérsia Judicial Relevante 
Sabemos que o rol de legitimados da ADI e ADC é o mesmo (art. 103 da CF). Isso engloba a ADI por omissão. No 
caso da ADPF, apesar de não haver previsão na CF, a lei que regulamenta tal ação do controle concentrado (lei 
9882/99) prevê que o rol de legitimados será o mesmo. Assim, fica fácil lembrar que todos os legitimados do art. 
103 da CF podem propor todas as ações do controle concentrado perante o STF! Dessa forma, não há como cair em 
pegadinhas do tipo: A Mesa da Assembleia do Estado é legitimada para propor ADI, mas não é legitimada para 
propor ADC. Errado! Se está no art. 103, então é legitimada para todas as ações: ADI, ADI por omissão, ADC e 
ADPF. Devemos apenas nos lembrar que a ADI interventiva (que se localiza no âmbito do estudo da Intervenção 
Federal) tem como único legitimado o PGR. 
Agora, comparando a ADI e a ADC (quadro acima) podemos verificar importantes diferenças. Já vimos que o 
objeto é diferente. Agora, cumpre-nos comentar o disposto no art. 103, §3º, CF. Vejamos: se alguém acusa uma lei 
de ser inconstitucional (sendo que as leis nascem com presunção de constitucionalidade), e sendo ainda que o 
controle concentrado abstrato não possui partes, mas apenas legitimados, a CF escolheu alguém para defender a 
constitucionalidade da lei. Essa pessoa é o AGU – Advogado Geral da União. Em provas, temos o hábito de ver a 
literalidade do art. 103, §3º e devemos marcar que está correto. Eventuais pegadinhas mudariam a figura do AGU 
para Defensor Público ou outras autoridades. 
Mas, agora que conhecemos a regra, vamos tratar de uma curiosidade prática: será que o AGU, na prática, tem 
sempre que defender a lei que alguém acusa ser inconstitucional? Bem, o AGU tem como função institucional 
defender os interesses da União, afinal ele é Advogado Geral da União. Então, na prática, o STF tem aberto 
exceções, como o caso de a lei impugnada ferir os interesses da União. Nesse caso, o AGU poderia até defender a 
lei como prevê o §3º do art. 103, mas não seria obrigado a fazê-lo. Cuidado: apesar dessa prática, o gabarito 
costuma ser a letra da lei, a não ser que a prova pergunte acerca da jurisprudência do STF. 
Para fechar o nosso quadro acima, vejamos um requisito que é próprio da ADC: presença de uma controvérsia 
judicial relevante. Raciocínio: uma lei nasce com a presunção de que ela é constitucional, afinal ela foi produzida 
pelos representantes do povo (titular do poder) legitimamente eleitos e, além disso, passa por uma série de controles 
prévios como vimos anteriormente (Comissão de Constituição e Justiça, possibilidade de veto jurídico). E, se ela 
possui essa presunção, porque alguém iria ao STF (que não é órgão de consulta) e pediria que o STF declarasse que 
aquela lei é constitucional, algo que já presumimos que ela seja? Ora, a presunção de constitucionalidade nesse 
caso é relativa, não absoluta. Tanto é que, no controle difuso, qualquer juiz ou tribunal, diante de um caso concreto, 
poderia declarar essa lei como inconstitucional, não é mesmo? Então quando isso está acontecendo e verifica-se 
uma controvérsia judicial relevante (há muita discussão em torno da inconstitucionalidade daquela lei), pode ser 
que um dos legitimados queira que o STF afirme, de uma vez por todas que a lei é constitucional, acabando com 
essa controvérsia. Quando o STF julga procedente uma ADC, a presunção de constitucionalidade da lei que era 
relativa torna-seabsoluta. 
E quais são os efeitos de uma decisão em sede de ADI e ADC? As decisões definitivas de mérito em sede de ADI e 
ADC produzem eficácia contra todos (“erga omnes”), afinal não temos partes. E, além disso, possuem efeito 
vinculante, relativamente aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas 
esferas federal, estadual e municipal. É importante notar que o efeito vinculante ocorre com relação “aos demais 
órgãos do Poder Judiciário”, não abrangendo aquele órgão que prolatou a decisão, ou seja, o STF. O Supremo 
Tribunal Federal não fica vinculado para ele, órgão máximo do poder judiciário, não fique fossilizado, de mãos 
 
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atadas, ou seja, para que possa mudar de ideia e renovar nossa jurisprudência. O legislativo, na sua função de 
legislar, também não é vinculado. Quer dizer que se uma lei é declarada inconstitucional hoje, amanhã o poder 
legislativo pode fazer uma lei igualzinha? Pode, ele também é livre para continuar legislando. Então ficam 
vinculados os demais órgãos do Poder Judiciário (que não o STF, como vimos) e a Administração (direta e indireta, 
nas esferas federal, estadual e municipal). Vejamos uma questão sobre ADI e ADC: 
(OAB – FGV – IV Exame Unificado – 2011.1) – As alternativas a seguir apontam diferenças entre ADI e a ADC, 
À EXCEÇÃO DE UMA. Assinale-a: 
a) Objeto da ação. 
b) Manifestação do Advogado-Geral da União. 
c) Rol de legitimados para propositura da ação. 
d) Exigência de controvérsia judicial relevante. 
Resposta: C. 
A questão diz que todas as alternativas são diferenças, menos uma. O que elas tem em comum, no caso das 
alternativas apresentadas, é o rol de legitimados. O objeto é diferente (ADI – lei ou ato normativo federal ou 
estadual; ADC – lei ou ato normativo federal). A manifestação do AGU é exigida na ADI, enquanto que a 
exigência de controvérsia judicial relevante diz respeito à ADC. 
 
Modulação Temporal dos Efeitos da Decisão 
Adotamos a teoria da nulidade, pela qual a lei inconstitucional já nasce morta, não podendo produzir nenhum 
efeito. Assim, a decisão que declara a inconstitucionalidade retroage (“ex tunc”) para o momento do nascimento da 
norma (tanto no controle difuso quanto no controle concentrado). 
Não obstante, o art. 27 da lei 9868/99 trouxe a previsão de modulação temporal dos efeitos da decisão, vale dizer, o 
tribunal, ao declarar a inconstitucionalidade, poderia alterar esse efeito da decisão, de modo que ela deixasse de ser 
“ex tunc”: 
Art. 27. Ao declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, e tendo em vista razões de segurança 
jurídica ou de excepcional interesse social, poderá o Supremo Tribunal Federal, por maioria de dois terços de 
seus membros, restringir os efeitos daquela declaração ou decidir que ela só tenha eficácia a partir de seu trânsito 
em julgado ou de outro momento que venha a ser fixado. 
É importante observamos que apesar de a modulação estar prevista na lei que regulamenta a ADI e ADC, o STF 
entende que é possível também aplicar a modulação no controle difuso. O efeito modulado foi dado pelo STF na 
decisão do Recurso Extraordinário 197.917, envolvendo o município de Mira Estrela em SP. O STF entendeu que a 
Lei Orgânica do Município afrontava o art. 29, VI, CF/88, por não haver proporcionalidade entre o número de 
habitantes o número de vereadores do Município (o Município possuía 11 vereadores, sendo o correto 9). Nesses 
termos, julgando inconstitucional o disposto no parágrafo único do art. 6º da referida Lei Orgânica, o STF concedeu 
efeitos para o futuro na decisão (para a próxima legislatura em que haveria renovação dos vereadores), visto que 
não seria adequado retirar dois vereadores antes do término da legislatura. 
 
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Repristinação x Efeito Repristinatório 
A Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (antes chamada LICC – Lei de Introdução ao Código Civil) 
proíbe a repristinação tácita (a expressa é permitida). Entretanto, não se confunde repristinação com efeito 
repristinatório. Com a declaração de inconstitucionalidade sem modulação de efeitos (decisão com efeitos ex tunc) 
voltará a vigorar a Lei anterior àquela declarada inconstitucional, considerando que a revogação da referida Lei não 
foi válida. Como adotados a teoria da nulidade (a lei inconstitucional nasceu morta), entende-se que a lei 
inconstitucional não produziu nenhum efeito, não podendo sequer ter revogado a lei anterior. O que ocorreu então 
foi uma pseudo-revogação: como a lei anterior nunca foi verdadeiramente revogada, ocorre o seu restabelecimento. 
É diferente da repristinação que se dá no caso de revogação válida. No fenômeno conhecido como repristinação, a 
lei revogada é restabelecida pela revogação da lei que a revogou. Ex: a lei A é revogada pela lei B. Posteriormente 
a lei B é revogada pela lei C. Se a lei C revogou a lei B, a lei A (que tinha sido revogada pela lei B) volta. O direito 
brasileiro não admite a repristinação tácita (automática). Caso haja interesse na repristinação, a lei deve ser 
expressa nesse sentido. 
O art. 11 da lei 9868/99, ao dispor sobre a medida cautelar na ADI, trata do efeito repristinatório em seu §2º: 
§ 1
o
 A medida cautelar, dotada de eficácia contra todos, será concedida com efeito ex nunc, salvo se o 
Tribunal entender que deva conceder-lhe eficácia retroativa. 
§ 2
o
 A concessão da medida cautelar torna aplicável a legislação anterior acaso existente, salvo expressa 
manifestação em sentido contrário. 
É importante termos em mente que, apesar de repristinação e efeito repristinatório não se confundirem, às vezes as 
provas afirmam haver repristinação no controle de constitucionalidade e consideram tal afirmativa correta. 
Portanto, devemos comparar as alternativas, buscando a mais correta, tendo em mente que a palavra repristinação 
pode ser sinônimo de efeito repristinatório para alguns. 
Aproveitando o estudo da lei 9868/99, vamos comentar o que cabe e o que não cabe em sede de ADI e ADC: 
 
CABE NÃO CABE 
“Amicus Curiae” Intervenção de Terceiros 
Audiências Públicas Desistência 
Medida Cautelar Ação Rescisória 
Embargos de Declaração Recursos (salvo embargos de declaração) 
Cabe recurso da decisão que denega a participação do “amicus curiae? Resposta: não, porém cabe pedido de 
reconsideração, de acordo com o STF. 
 
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ADI por Omissão 
O legislador constituinte percebeu que a afronta à Constituição, dando causa a uma inconstitucionalidade, poderia 
advir não só de uma ação, mas também de uma omissão. Existem, portanto, omissões inconstitucionais. Mas como 
isso acontece? Para esse entendimento, partimos da classificação das normas constitucionais em normas de eficácia 
plena, contida ou limitada. As normas de eficácia limitada não conseguem alcançar sua vocação e produzir seus 
efeitos sem outra norma que a regulamente ou sem uma atuação do poder público. Então ela está na Constituição, 
prevê um direito, mas esse direito não pode ser usufruído. Se quero usufruir do meu direito que está previsto na CF, 
mas que não pode ser ainda exercido porque falta esse importante requisito de atuação dos poderes públicos, o que 
posso fazer? Se estou diante de um caso concreto, face à impossibilidade de fruir o meu direito que está previsto 
numa norma de eficácia limitada, posso utilizar o Mandado de Injunção, ação constitucional (remédio 
constitucional) previsto no art. 5º, LXXII, CF. Mas, não havendo um caso concreto, as omissõespodem ser 
atacadas por meio de ação direta. Então a ação cabível é uma ADI, não por inconstitucionalidade por ação (face a 
uma lei existente), mas por omissão. E ainda: o objeto da ADI por omissão é mais amplo do que o objeto do 
Mandado de Injunção, uma vez que na ADI por omissão é dado aos legitimados do art. 103 da CF atacar as 
omissões em geral, provenientes de normas de eficácia limitada, mas não somente aquelas omissões que 
consubstanciem a fruição de um direito. O art. 103, §2º, CF dispõe que: “declarada a inconstitucionalidade por 
omissão de medida para tornar efetiva norma constitucional, será dada ciência ao Poder competente para a adoção 
das providências necessárias e, em se tratando de órgão administrativo, para fazê-lo em trinta dias.” Perceba que 
se a omissão for do legislativo, o STF apenas dará ciência ao legislativo, apenas comunicará a omissão legislativa. 
Mas, em se tratando de órgão administrativo, é fixado um prazo de 30 dias para suprir a omissão. Cuidado com as 
pegadinhas que alteram esse prazo!!! 
ADI por Omissão (art. 103, §2º, CF) Mandado de Injunção (art. 5º, LXXI, CF) 
É instrumento de tutela de direito objetivo. É instrumento de tutela de direito subjetivo. 
É ação constitucional de garantia da Constituição. É ação de garantia de direito individual. 
Objetiva tornar efetiva uma norma constitucional, ainda 
que a mesma defina ou não um direito. 
Destina-se a tornar imediatamente viável o exercício de 
direitos fundamentais
1
. 
É processada e julgada exclusivamente pelo STF (ou 
pelos TJs relativamente às omissões contestadas em 
face da Constituição Estadual) 
É processado e julgado por juízo ou tribunal integrante 
de qualquer justiça, sendo a competência fixada em 
razão do órgão legislativo competente para a edição da 
norma regulamentadora reclamada. 
Os legitimados estão previstos no art. 103, CF. Tem como legitimados quaisquer dos titulares de 
direitos subjetivos previstos na CF. 
O STF não viabiliza direito algum, mas apenas declara 
inconstitucional a omissão, dando ciência ao órgão 
competente para a adoção das providências necessárias, 
sendo que, em se tratando de órgão administrativo, 
estabelece um prazo de trinta dias para a tomada de 
providências. 
Se o pedido é julgado procedente, dá ensejo a que se 
viabilize o exercício de direitos e liberdades 
constitucionais, quando da falta da norma 
regulamentadora (o judiciário possibilita a fruição do 
direito no caso concreto). 
 
1 Adverte a professora Flávia Piovesan que, apesar de mais reduzido o objeto do mandado de injunção, ele expressa 
maior potencialidade de eficácia do que a ação direta de inconstitucionalidade por omissão. 
 
 
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Como se trata de um processo objetivo, sem partes, os 
efeitos da decisão são “erga omnes”. 
Regra geral, os efeitos da decisão se limitam às partes. 
A respeito do mandado de injunção, cumpre destacar que num primeiro momento o STF adotou uma postura mais 
conservadora, limitando-se a declarar a omissão normativa existente (tese não concretista), inspirado, 
principalmente, pelo princípio da separação dos poderes. Num segundo momento, passou a entender que seria 
possível proferir um julgamento concedendo efeitos concretos ao mandado de injunção, mas permitindo apenas que 
o autor da ação se beneficiasse (decisão inter partes – tese concretista individual). No entanto, podemos verificar na 
jurisprudência do STF, notadamente a partir de 2007, a adoção também da tese concretista geral, podendo a decisão 
do STF no mandado de injunção abranger todos os casos constituídos pelos mesmos elementos objetivos e não só a 
parte que impetrou o mandado de injunção. 
ADPF 
A ADPF (Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental) é de competência do STF, nos termos do art. 
102, §1º, CF: “a arguição de descumprimento de preceito fundamental, decorrente desta Constituição, será 
apreciada pelo Supremo Tribunal Federal, na forma da lei”. Aqui não é a CF toda que serve de parâmetro para o 
julgamento da ADPF, mas somente os preceitos fundamentais. 
Pergunta: preceito fundamental é sinônimo de princípio fundamental (art. 1º ao 4º da CF)? Não! 
Os preceitos fundamentais até abrangem os princípios fundamentais, mas abrangem outras normas também, não 
ficando adstritos aos artigos 1º ao 4º da CF. Nem mesmo a lei que regulamentou a ADPF (lei 9882/99) nos disse o 
que é preceito fundamental, mas o próprio STF, ao julgar diversas ADPFs, começou a delimitar a abrangência do 
conceito de “princípio fundamental”. Sendo assim, com base na jurisprudência do STF, podemos exemplificar 
alguns preceitos fundamentais: 
 os princípios fundamentais (art. 1º ao 4º); 
 as cláusulas pétreas explícitas do art. 60, §4º e as cláusulas pétreas implícitas; 
 os princípios constitucionais sensíveis (art. 34, VII); 
 os direitos e garantias fundamentais (art. 5º ao 17) e também aqueles direitos e garantias fundamentais 
previstos fora do Título II da Constituição (vide art. 5º, §2º, CF). 
É importante lembrar que não há hierarquia entre as normas da Constituição, portanto os preceitos fundamentais 
não são hierarquicamente superiores às demais normas constitucionais. Além disso, esse é um rol aberto que está 
em construção, portanto não podemos entender esse rol como algo fechado, já definido. 
Trata-se de uma ação subsidiária, uma verdadeira “carta na manga” prevista pelo legislador constituinte. A ADPF 
será usada quando não houver outro meio capaz de sanar a lesividade, ela é subsidiária. Além disso, ela pode ser 
usada no caso de direito municipal (cabe contra lei ou ato normativo federal, estadual ou municipal), assim como 
no caso de direito pré-constitucional (normas anteriores à CF, o que não é admitido para ADI e ADC) e ainda face à 
normas já revogadas. Importante: a doutrina majoritária entende que não cabe ADPF no âmbito estadual, uma vez 
que apenas a Constituição da República possui preceitos fundamentais. Não obstante, algumas bancas (a exemplo 
da FGV) admitem como resposta o cabimento de ADPF no âmbito estadual em razão do princípio da simetria, 
sendo este o entendimento minoritário. 
 
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Alguns dispositivos da CF/88 são fundamentais para que possamos acertar as principais regras cobradas em provas. 
Para tanto faremos um quadro esquemático: 
Art. 102, I, “a”: Compete ao STF processar e julgar a ação direta de inconstitucionalidade (ADI) de lei ou ato 
normativo federal ou estadual e a ação declaratória de constitucionalidade (ADC) de lei ou ato normativo federal. 
Art. 102, CF Art. 103, CF 
§1º A arguição de descumprimento de preceito 
fundamental, decorrente desta Constituição, será 
apreciada pelo Supremo Tribunal Federal, na forma da 
lei. 
§1º O Procurador-Geral da República deverá ser 
previamente ouvido nas ações de inconstitucionalidade 
e em todos os processos de competência do Supremo 
Tribunal Federal. 
§2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo 
Supremo Tribunal Federal, nas ações diretas de 
inconstitucionalidade e nas ações declaratórias de 
constitucionalidade produzirão eficácia contra todos e 
efeito vinculante, relativamente aos demais órgãos do 
Poder Judiciário e à administração pública direta e 
indireta, nas esferas federal, estadual e municipal. 
§2º Declarada a inconstitucionalidade por omissão de 
medida para tornar efetiva norma constitucional, será 
dada ciência ao Poder competente para a adoção das 
providências necessárias e, em se tratando de órgão 
administrativo,

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