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www.cers.com.br 60 DICAS Direito Empresarial Francisco Penante 1 60 Dicas de Direito Empresarial para estudo: 1. São três as fases de formação do Direito Empresarial: 1ª) Fase das Corporações de Ofício; 2ª) Fase da Teoria dos Atos de Comércio e 3ª) Fase da Teoria da Empresa. A partir da Lei 10.406/02 (Novo Código Civil), o Brasil adere à 3ª fase formação, considerando empresários aqueles que pratiquem atividade empresária, consoante o disposto pelo art. 966 da referida lei; 2. O Direito Empresarial trata-se de um ramo autônomo do direito (art. 22, I, CF); 3. Sócio não é o mesmo que empresário. O simples fato de possuir quotas ou ações de uma determinada sociedade empresária não converte aquele que as detém em empresário; 4. Todo empresário desenvolve atividade econômica (visa a lucro), mas nem todo aquele que desenvolve atividade econômica é empresário. Exemplo: o profissional liberal que explora determinada atividade econômica sem a organização dos seus fatores de produção, ainda que visando a lucro, não será empresário; 5. A atividade empresária pode ser exercida por pessoa natural ou jurídica, sendo a pessoa natural o empresário individual; e a pessoa jurídica, a sociedade empresária ou a empresa individual de responsabilidade limitada – EIRELI1; 6. Como regra, para o empresário, o registro consiste em uma obrigação. Mas para o empresário rural, a inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis, a cargo das juntas comerciais, é uma faculdade e não uma obrigação (arts. 970 e 971 CC); 7. A cooperativa trata-se de uma associação com número aberto de membros e sem objetivo de lucro. Embora desenvolva atividade civil, a cooperativa deve ser registrada no Registro Público de Empresas Mercantis, a cargo das juntas comerciais; 8. O estabelecimento empresarial consiste em um conjunto de bens, corpóreos e incorpóreos, organizados pelo empresário individual, pela sociedade empresária ou pela EIRELI, que pode ser objeto de negócios jurídicos, a exemplo da alienação, também conhecida como trespasse; 9. O nome empresarial, enquanto direito da personalidade, é inalienável, e tem como espécies a firma e a denominação; 10. Pode o incapaz continuar o exercício da atividade empresária nas hipóteses de <<incapacidade superveniente>> e <<incapacidade do sucessor na sucessão por morte>>, conforme ensina o art. 974 CC; 11. Nada obsta que um impedido para o exercício da atividade empresária seja sócio de uma sociedade empresária. Lembre-se de que o impedimento recai apenas sobre o exercício da atividade e não sobre a sua condição de sócio. Nesse sentido, por exemplo, um magistrado, embora impedido nos termos vistos, poderá deter quotas ou ações de uma determinada sociedade empresária, não podendo, isso sim, exercer a atividade constitutiva do seu objeto social; 12. Os membros do poder legislativo podem exercer atividade empresária, desde que a empresa não goze de favor decorrente de contrato com pessoa jurídica de direito público ou nela exerça função remunerada; 13. São sociedades personificadas as sociedades simples e empresárias; e não personificadas as sociedades em comum e em conta de participação; 14. As sociedades simples também podem adotar um tipo societário empresário (sociedade simples impura) - exceto os tipos por ações2 -, fato que não as converte em sociedades empresárias (art. 983 CC); 15. Nas sociedades empresárias, todos os sócios têm que contribuir com bens, dinheiro ou crédito para a formação do capital social, sendo vedada a contribuição apenas com prestação de serviço. Diferentemente, nas sociedades simples, será permitida a contribuição apenas com prestação de serviço; 16. Quanto às condições para alienação de sua participação societária, a sociedade limitada é um tipo híbrido, podendo assumir tanto a forma de www.cers.com.br 60 DICAS Direito Empresarial Francisco Penante 2 sociedade de pessoas, como a de sociedade de capital; 17. A exclusão judicial de sócio, prevista no art. 1.030 CC, exige apenas a maioria de sócios; enquanto a exclusão extrajudicial prevista no art. 1.085 CC exige a maioria de sócios, representativa de mais da metade do capital social; 18. A sociedade em nome coletivo só pode ser composta por sócios pessoa física (art. 1.039 CC); 19. Nas sociedades personificadas (dotadas de personalidade jurídica), há separação entre o conjunto de bens que formam o patrimônio pessoal dos sócios e o patrimônio da sociedade, respondendo o patrimônio pessoal daqueles apenas subsidiariamente pelas obrigações sociais. É o chamado benefício de ordem (art. 1.024 CC e art. 596 CPC); 20. O patrimônio da sociedade, independentemente do tipo societário, responderá sempre de forma ilimitada. Assim, a limitação ou não da responsabilidade em função do tipo societário (nome coletivo, limitada, etc.) dirige-se ao patrimônio pessoal dos sócios, e não ao patrimônio social; 21. As sociedades em comandita simples são formadas por duas classes de sócios: os sócios comanditados, que respondem ilimitadamente pelas obrigações sociais, e os sócios comanditários, que respondem limitadamente pelas obrigações sociais; 22. As sociedades em comandita por ações também são formadas por duas classes de sócios: os sócios diretores, os quais respondem de forma ilimitada pelas obrigações sociais, e os sócios comuns, que respondem de forma limitada pelas obrigações sociais; 23. A desconsideração da personalidade jurídica (art. 50 CC e art. 28 CDC, fundamentalmente) não se confunde com a desconstituição da personalidade jurídica. Aquela, diferentemente desta, não implica na extinção da personalidade; 24. Nas sociedades em comum, todos os sócios respondem solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais, excluído do benefício de ordem, previsto no art. 1.024 CC, aquele que contratou pela sociedade (art. 990 CC); 25. Nas sociedades em conta de participação, salvo estipulação em contrário, o sócio ostensivo não pode admitir novo sócio sem o consentimento expresso dos demais (art. 995 CC); 26. Durante a fase de liquidação, o liquidante é o representante legal da sociedade liquidanda e responsável pela manifestação de sua vontade. Assim, poderá praticar todos os atos necessários à sua liquidação, como a alienação de bens, transação, cobrança de devedores, recebimento do pagamento de dívidas e outorga da respectiva quitação (art. 1.105 CC); 27. O preposto é aquele que dirige ou pratica negócio empresarial por incumbência de outrem, ou seja, do preponente, que é responsável por todos os atos praticados pelo preposto no estabelecimento, dentro de suas atribuições; 28. O empresário rural está dispensado de manter escrituração de seus negócios (art. 1.179, §2º CC); 29. Consideram-se microempresas ou empresas de pequeno porte a sociedade empresária, a sociedade simples, o empresário individual e a EIRELI a que se refere o art. 966 CC, devidamente registrados no Registro Público de Empresas Mercantis ou no Registro Civil de Pessoas Jurídicas, conforme o caso, desde que: I - no caso das microempresas, aufira, em cada ano-calendário, receita bruta igual ou inferior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais); II - no caso das empresas de pequeno porte, aufira, em cada ano-calendário, receita bruta superior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais) e igual ou inferior a R$ 3.600.000,00 (três milhões e seiscentos mil reais) (art. 3º Lei Complementar 123/06); 30. O protesto é a prova literal de que o portador apresentou o título a aceite ou a pagamento, e que nenhuma das providências foi tomada por parte do sacado ouaceitante, respectivamente; 31. O cheque, a letra de câmbio e a duplicata representam ordens de pagamento, enquanto a www.cers.com.br 60 DICAS Direito Empresarial Francisco Penante 3 nota promissória representa uma promessa de pagamento; 32. A letra de câmbio trata-se de título executivo extrajudicial que responde pela formação de três posições jurídicas: sacador (emitente), sacado e tomador (favorecido). A letra é passível de aceite (facultativo); transfere-se pelo endosso e garante-se pelo aval; 33. A nota promissória consiste em título executivo extrajudicial, respondendo pela formação de duas posições jurídicas: sacador (emitente) e sacado ou tomador (favorecido). A nota não comporta aceite, transfere-se pelo endosso e garante-se pelo aval; 34. O cheque é um título executivo extrajudicial, responsável pela formação de três posições jurídicas: sacador (emitente), sacado (banco ou instituição financeira) e tomador (favorecido). O cheque não comporta aceite, transfere-se pelo endosso e garante-se pelo aval; 35. A duplicata, que é um título executivo extrajudicial, gera com sua emissão a formação de duas posições jurídicas: sacador (emitente, credor) e sacado (devedor). A duplicata completa- se pelo aceite (obrigatório)3, transfere-se pelo endosso e garante-se pelo aval; 36. O cheque é uma ordem de pagamento à vista. De tal modo, qualquer cláusula lançada no cheque, com vistas ao seu pagamento em data futura, deverá ser tida como uma cláusula não escrita (art. 32 Lei 7.357/85). Sem embargo, por força da Súmula 370 STJ, considera-se que a apresentação de cheque em data diferente da datada convencionada entre as partes gera dano moral; 37. A simples devolução indevida de cheque, nos termos da Súmula 388 STJ, gera dano moral; 38. O prazo prescricional da execução fundada em cheque é de 6 meses, a contar do fim do prazo de apresentação do mesmo, que pode ser de 30 dias (mesma praça) ou 60 dias (praças diferentes) (art. 33 Lei 7.357/85). Já a prescrição da ação de enriquecimento ilícito se dá no prazo de 2 anos, a contar do término do prazo prescricional da ação executiva (art. 59 e 61 da Lei 7.357/85); 39. Todas as ações contra o aceitante da letra de câmbio prescrevem em 3 anos. As ações do portador contra os endossantes e contra o sacador prescrevem em 1 ano. Já as ações dos endossantes - uns contra os outros e contra o sacador - prescrevem em 6 meses; 40. São aplicáveis às notas promissórias as disposições relativas às letras de câmbio, desde que compatíveis com sua natureza, a exemplo das regras sobre a prescrição (art. 77 Dec. 57.663/66); 41. A execução contra o sacado e respectivos avalistas da duplicata prescrevem em 3 anos. Contra endossantes e seus avalistas, em 1 ano; e de qualquer dos coobrigados contra os demais, também em 1 ano; 42. O art. 48 da Lei 11.101/05 enuncia os requisitos que deverão ser atendidos cumulativamente por todos aqueles que pretendam ver acolhido pedido de recuperação judicial, e o art. 51 da mesma lei elenca a relação de documentos que deverão instruir a inicial que pede a concessão do benefício da recuperação judicial; 43. Estão sujeitos à recuperação judicial todos os créditos existentes na data do pedido, vencidos e vincendos (art. 49 Lei 11.101/05); 44. A decretação da falência ou o deferimento do processamento da recuperação judicial suspende o curso da prescrição (art. 6º Lei 11.101/05); 45. São três as hipóteses que justificam o pedido de decretação da falência: a impontualidade injustificada, a execução frustrada e a prática de atos falimentares (art. 94, I, II, III Lei 11.101/05); 46. Uma vez decretada à falência, haverá a realização do patrimônio ativo do devedor, para o pagamento do coletivo de credores, respeitada a ordem de preferência estabelecida pelo art. 83 da Lei 11.101/05; 47. Existem créditos que gozam de primazia em relação ao concurso de credores estabelecido pelo art. 83 da Lei 11.101/05. São os chamados créditos extraconcursais, a exemplo da www.cers.com.br 60 DICAS Direito Empresarial Francisco Penante 4 remuneração do administrador judicial, conforme elencado pelo art. 84 da Lei 11.101/05; 48. As microempresas e as empresas de pequeno porte contam com recuperação judicial própria, elencada entre os artigos 70 e 72 da Lei 11.101/05, fundada no plano especial. Não obstante, a simples condição de microempresa ou empresa de pequeno porte não faz presumir o processamento da recuperação judicial com base no plano especial. A adesão ou não a este consiste em uma faculdade para esse grupo de empresas, que pode seguir o plano especial, ou, caso prefira, o plano ordinário de recuperação judicial; 49. A sentença que decretar a falência do devedor, dentre outras determinações, fixará o termo legal da falência (período suspeito), sem poder retrotraí-lo por mais de 90 dias (art. 99, II Lei 11.101/05); 50. São ineficazes em relação à massa falida os atos elencados no art. 129 da Lei 11.101/05, a exemplo do pagamento de dívidas não vencidas realizado pelo devedor dentro do termo legal da falência; 51. A fusão é a operação pela qual se unem duas ou mais sociedades para formar sociedade nova, que lhes sucederá em todos os direitos e obrigações. As operações societárias envolvendo a sociedade anônima, quais sejam: fusão, cisão, incorporação e transformação, estão dispostas na Lei 6.404/76, entre os artigos 220 e 234; 52. A subsidiária integral é uma exceção à regra que veda as sociedades unipessoais no direito brasileiro (art. 251 Lei 6.404/76); 53. Ações preferenciais são ações que conferem aos seus titulares certas vantagens ou privilégios, a exemplo da prioridade na distribuição de dividendo (lucros da S/A) (art. 17 Lei 6.404/76); 54. Verificada a mora do acionista, a S/A pode: promover a execução para cobrar a importância devida ou mandar vender as ações em Bolsa, por conta e risco do acionista (art. 107 Lei 6.404/76); 55. A administração da companhia competirá, conforme dispuser o estatuto social, ao Conselho de Administração e à diretoria, ou somente à diretoria (art. 138 Lei 6.404/76); 56. Diz-se coligada ou filiada a sociedade de cujo capital outra sociedade participa com dez por cento ou mais, do capital de outra, sem controlá-la (art. 1.099 CC); 57. Certas sociedades, em razão da natureza de suas atividades, dependem de prévia autorização do governo federal para a aquisição de personalidade jurídica, a exemplo dos bancos e instituições financeiras (art. 1.123 e ss. CC); 58. Diante de ocorrências que comprometam a situação econômica ou financeira da instituição financeira, como por exemplo, quando deixa de satisfazer com pontualidade seus compromissos, decretar-se-á a sua liquidação extrajudicial ex officio (art. 15 Lei 6.024/74); 59. A cédula de crédito rural é promessa de pagamento em dinheiro, sem ou com garantia real cedularmente constituída, podendo ser: Pignoratícia; Hipotecária; Pignoratícia e Hipotecária; e Nota de Crédito Rural (art. 9º Dec- Lei 167/1967); 60. São títulos de crédito comercial, a cédula de crédito comercial e a nota de crédito comercial, as quais estão reguladas pela Lei 6.840/80. Aplicam-se a elas também as normas do Dec.-Lei 413/69, que trata dos títulos de crédito industrial. 1 Doravante, simplesmente EIRELI. 2 As sociedades por ações são a sociedade em comandita por ações e a sociedade anônima. 3 OBS.: Art. 8º Lei 5.474/68.
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