Buscar

APOSTILA PRIMEIRA FASE - OAB - DIREITO CONSTITUCIONAL.doc

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 3, do total de 39 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 6, do total de 39 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 9, do total de 39 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Prévia do material em texto

DIREITO CONSTITUCIONAL 
EXAME DE ORDEM 
Prof ª Flavia Bahia 
 
 
1. DIREITO CONSTITUCIONAL 
 
NATUREZA: Ramo do Direito Público 
CONCEITO: Direito Público fundamental que se diferencia dos demais ramos do 
direito pela natureza do seu objeto e pelos princípios peculiares que o informam. 
Destaca-se como ramo do direito público por ser fundamental à organização e 
funcionamento do Estado, à articulação dos elementos básicos do mesmo e ao 
estabelecimento das bases da estrutura política. Sendo assim, aponta, interpreta e 
sistematiza os princípios e normas fundamentais do Estado. 
 
2. CONSTITUIÇÃO 
 
CONCEITO: Constituição, juridicamente, significa a Lei Suprema e Fundamental do 
Estado, responsável por estabelecer o conteúdo das normas sobre a estruturação do 
Estado, a formação dos poderes políticos, a forma de governo e aquisição do poder de 
governar, a distribuição de competências, os direitos, deveres e garantias dos cidadãos. 
 
OBJETO: estabelecer a estrutura do Estado, a organização de seus órgãos, modo de 
aquisição e exercício do poder, limites da sua atuação, assegurar direitos e garantias 
individuais, fixar o regime político, disciplinar os fins sócio-econômicos do Estado. 
 
3. CONCEPÇÕES SOBRE AS CONSTITUIÇÕES 
 
a) SENTIDO SOCIOLÓGICO: A Constituição é concebida como fato social, com 
isso o texto constitucional seria resultado da realidade social do país. O representante 
mais importante desta visão sociológica da Constituição foi Ferdinand Lassalle, que em 
sua obra “Qué es una Constitución?” (“A Essência da Constituição”), designa que a 
Constituição real e efetiva é “a soma dos fatores reais de poder que regem o país”, já a 
constituição escrita que não se apoiasse nesses fatores reais do poder não passaria de 
uma folha de papel. 
 
b) SENTIDO POLÍTICO: Concebida por Carl Schmitt, em sua obra “Teoria de la 
Constitución”, considera a Constituição como “decisão política fundamental”, que 
comporta matérias como a estrutura e órgãos do Estado, direitos individuais, entre 
outros. O referido autor distingue Constituição (decisão política fundamental) das leis 
constitucionais, que seriam os demais dispositivos do texto constitucional. 
 
c)SENTIDO JURÍDICO: Posição liderada por Hans Kelsen, defendida principalmente 
na sua obra “Teoría Pura do Direito”, na qual a Constituição é norma pura (dever-ser). 
Com isso, o autor parte de uma perspectiva estritamente formal em que desconsidera 
qualquer aspecto sociológico, político ou sociológico da elaboração do referido 
conceito. A Constituição, que não está mais em divergência, é a norma fundamental do 
Estado e o paradigma de validade de todo o ordenamento jurídico. 
 
 
 2 
4. CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES 
 
a) QUANTO À FORMA: ESCRITAS OU NÃO ESCRITAS 
Constituição escrita: conjunto de normas codificado e sistematizado em um único 
documento, num determinado momento, por um órgão competente, com o fim de fixar a 
organização fundamental. J. J. Gomes Canotilho à denomina Constituição instrumental. 
Constituições não escritas: conjunto de regras não aglutinadas em um texto solene e 
que não foram elaboradas por um órgão especial em um determinado momento. Estas 
normas se baseiam em leis esparsas, costumes, jurisprudência e convenções. Ex: 
Constituição da Inglaterra. 
 
b) QUANTO À ORIGEM: PROMULGADAS E OUTORGADAS 
Constituição promulgada (democrática ou popular): são emanadas de uma Assembléia 
Nacional Constituinte composta por representantes do povo, ou seja, os membros da 
Assembléia são eleitos com a finalidade de elaboração da Constituição. (Ex: CF de 
1946). 
Constituições outorgadas: elaboradas sem a participação popular, por meio de 
imposição de poder. É fruto de um ato unilateral de vontade do detentor do poder 
político. (Ex: CF de 1937) 
 
c) QUANTO AO MODO DE ELABORAÇÃO: DOGMÁTICAS E HISTÓRICAS 
Constituição dogmática: são escritas, elaboradas por um órgão constituinte em um 
dado momento segundo idéias fundamentais da teoria política reinantes nesse momento. 
São momentâneas e, portanto, mais instáveis. 
Constituição histórica (costumeira ou consuetudinária) :surge da lenta e contínua 
produção histórica. Resulta do amadurecimento e consolidação de valores da sociedade 
e, portanto, são mais estáveis. 
 
d) QUANTO À ESTABILIDADE: IMUTÁVEIS, RÍGIDAS, FLEXÍVEIS E SEMI-
RÍGIDAS. 
Constituição super-rígida: para alguns autores, em razão das cláusulas pétreas, essa 
seria a classificação da CF/88. 
Constituição rígida: exige para sua alteração um processo legislativo mais solene e 
dificultoso do que aquele utilizado para a edição das demais leis do ordenamento. 
Decorre do princípio da supremacia formal da Constituição. (Ex: Constituição de 1988 - 
art. 60, CF). 
Constituição flexível: em regra são não-escritas, poderão ser alteradas por processo 
ordinário. 
Constituição semi-rígida: algumas regras podem ser alteradas pelo processo legislativo 
ordinário e outras pelo processo legislativo especial e mais dificultoso. (Ex: 
Constituição de 1824) 
 
e) QUANTO AO CONTEÚDO: MATERIAL E FORMAL 
Constituição material (substancial): são constitucionais as normas essencialmente 
constitucionais, não importa se integram ou não o texto da Constituição escrita. 
Constituição formal: leva em conta o processo de elaboração da norma, ou seja, são 
constitucionais todas as normas que estejam na Constituição escrita e que tenham sido 
elaboradas por um processo legislativo especial, independente do assunto tratado. 
 
f) QUANTO À EXTENSÃO: ANALÍTICAS E SINTÉTICAS 
 3 
Constituição analítica: regulamentam todos os assuntos relevantes à formação, 
funcionamento e destinação do Estado. (Ex: Constituição de 1988). 
Constituição sintética: estabelecem apenas os princípios e normas gerais de regência 
do Estado. (Ex: Constituição americana) 
 
g) QUANTO À FINALIDADE: CONSTITUIÇÃO-DIRIGENTE E 
CONSTITUIÇÃO-GARANTIA 
Constituição-dirigente: é analítica, regulamenta em seu texto programas, planos e 
diretrizes para a atuação futura dos órgãos estatais. Sendo assim, o legislador dirige a 
atuação futura dos órgãos estatais através de normas programáticas. 
OBS: A norma programática, mesmo quando não complementada por legislação 
infraconstitucional para que tenha eficácia plena, possui eficácia negativa, pois: 
a) revoga as normas anteriores em sentido contrário. 
b) veda a edição de leis posteriores em sentido contrário. 
c) fonte de interpretação. 
Constituição-garantia (negativa): é sintética, construtora de liberdade-negativa ou 
liberdade-impedimento imposta ao Estado. Preocupação com a limitação dos poderes 
estatais por meio da fixação de garantias individuais perante o Estado. 
 
h) QUANTO À CORRESPONDÊNCIA COM A REALIDADE: NORMATIVAS, 
NOMINATIVAS E SEMÂNTICAS (elaborada por Karl Loewenstein) 
Constituições normativas: estão em consonância com a vida do Estado. Conseguem 
efetivamente regular a vida política do Estado. 
Constituições nominativas: não conseguem efetivamente cumprir o papel de regular a 
vida política do Estado, apesar de elaboradas com este intuito. 
Constituições semânticas: desde a sua elaboração não têm o objetivo de regular a vida 
política do Estado. Limitam-se a dar legitimidade formal aos atuais detentores do poder. 
 
4.1 CLASSIFICAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 
 
A Constituição Federal de 1988 é classificada como: escrita, promulgada, dogmática, 
rígida (ou super-rígida), formal, analítica, dirigente e nominativa. 
 
 
5. PODER CONSTITUINTE 
 
5.1. CONCEITO 
Poder constituinte é o fundamento originário da ordem constitucional do Estado. É a 
expressão mais alta do poder político. Hodiernamente se conceitua como o poder de 
elaboração de uma nova Constituição e também o de possibilitar as suas futuras 
alterações. 
 
5.2. TITULARIDADE X EXERCÍCIO 
O povo é o titular do poder, na forma do art. 1º, parágrafo único da ConstituiçãoFederal 
de 1988. No entanto, titularidade e exercício não se confundem. O exercício do poder 
constituinte é pelo povo diretamente (Ação Popular, referendo, iniciativa popular 
projeto de lei), ou indiretamente, por meio de seus representantes. 
 
5.3. PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO (ou de 1º grau) 
 4 
O poder constituinte originário estabelece uma nova ordem jurídica do país, rompendo 
com a ordem jurídica anterior. 
CARACTERÍSTICAS 
a) Inicial – se torna a base da ordem jurídica do país, pois rompe com o 
ordenamento jurídico anterior; 
b) Autônomo – não está de modo algum limitado no direito positivo anterior; 
c) Incondicionado – não tem que se submeter a nenhuma forma pré-fixada para 
manifestação. 
 
5.4. PODER CONSTITUINTE DERIVADO (ou do 2º grau) 
Tem como fundamento de legalidade a própria Constituição. Divide-se em: 
Reformador (hoje exercido através do poder de emenda) e Decorrente (poder que 
possibilita aos Estados-Membros organizarem suas próprias Constituições Estaduais e 
também o de futuramente alterá-las). 
 
CARACTERÍSTICAS 
a) Condicionado - é condicionado porque encontra limitações na própria Constituição 
Federal; 
b) Subordinado - está hierarquicamente abaixo do poder constituinte originário; 
c) Limitado - só pode agir nas condições e formas previstas pelo poder constituinte 
originário 
 
5.5. LIMITAÇÕES AO PODER DE EMENDA 
 
a) Temporais – Não há limitações dessa natureza no art. 60. 
 
b) Materiais: explícitas – art. 60 § 4º da CF (cláusulas pétreas); implícitas – forma 
republicana de Governo; sistema presidencialista de governo, titularidade do poder 
constituinte, impossibilidade de alteração do próprio artigo 60, CF visando facilitar 
o processo legislativo referente às emendas; 
 
 
c) Circunstanciais – art. 60 §1º da CF; 
 
d) Formais ou processuais – art. 60, I, II e III §§ 2º, 3º e 5º. 
 
 
Iniciativa (art.60, I, II e III da CF): 
 
Rol Taxativo! I – 1/3, no mínimo, dos membros da 
Câmara dos Deputados ou Senado Federal. 
 
 II – Presidente da República 
 
III – mais da metade das Assembléias 
Legislativas das unidades da Federação, que 
se manifestem pela maioria de seus 
membros. 
 
 5 
Elaboração (art.60, § 2º da CF): apresentada a proposta perante o Congresso Nacional 
ela será discutida e votada em dois turnos. Será considerada aprovada quando conseguir 
3/5 dos votos dos membros de cada Casa nos dois turnos. 
 
OBS: Matéria objeto de projeto rejeitado ou prejudicado não pode ser apresentada na 
mesma sessão legislativa! 
 
Promulgação (art.60, § 3º da CF): pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado, 
com o respectivo número de ordem. 
 
 
6. FENÔMENOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL INTERTEMPORAL 
 
a) Revogação global – é o que acontece com a ordem normativa constitucional anterior 
quando a nova Constituição surge no país. 
 
b) Recepção – acontece quando a Constituição nova recebe a ordem normativa 
infraconstitucional anterior surgida sob a égide de cartas precedentes, se com ela, tais 
normas forem compatíveis. É um fenômeno automático e de natureza material. 
. 
c) Repristinação – é o fenômeno pelo qual certa legislação infraconstitucional que 
perdeu sua eficácia diante de um texto constitucional posterior, por não ter sido 
recepcionada pelo mesmo, se restaura pelo surgimento de uma nova Constituição. Não é 
um fenômeno automático e deve estar expresso no texto legal. Não confundir 
repristinação com o efeito repristinatório (analisado no capítulo referente ao controle de 
constitucionalidade); Ex: art. 2º § 3º da LICC – repristinação (o fenômeno deverá vir 
expresso na legislação). 
 
d) Desconstitucionalização – é a recepção pela nova ordem constitucional como leis 
ordinárias de disposições da Constituição anterior, perdendo, portanto a natureza de 
Constituição. Também deve estar prevista expressamente no texto, mas é um fenômeno 
que não se encontra acolhido pelo direito constitucional brasileiro. É adotado em 
Portugal. 
 
7. DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS 
- INTRODUÇÃO - 
Os direitos e garantias fundamentais foram marcos da luta política emancipatória de 
classes populares ao longo da história da nossa civilização. Saltando aos antecedentes 
históricos recentes, teremos como documentos importantes na consagração e registro 
desses direitos, as seguintes declarações inglesas: Magna Carta Libertatum (1215), 
Petiton of Right (1628 ) e Habeas Corpus Act (1679). 
Com a Revolução Inglesa (1688), Americana (1776) e Francesa (1789), introduziu-se 
no mundo uma preocupação em se construir elementos sólidos e efetivadores dos 
direitos humanos. Em 1688, como resultado da Revolução Inglesa, surge a Declaração 
dos Direitos (Bill of Rights). As Declarações Americana e Francesa também 
contribuíram para universalizar os conceitos iluministas. A Revolução Francesa do 
 6 
séc. XVIII absorveu em três os princípios basilares: "liberté, égualité, fraternité" 
(liberdade, igualdade, fraternidade). 
De fato, a consagração normativa dos direitos humanos fundamentais culminou na 
França, quando, em 26/8/1789, a Assembléia Nacional promulgou a "Declaração dos 
Direitos do Homem e do Cidadão", com 17 artigos. Dentre as inúmeras e 
importantíssimas previsões, podem ser destacados os seguintes direitos humanos 
fundamentais: princípio da igualdade, liberdade, propriedade, segurança, resistência à 
opressão, associação política, princípio da legalidade, princípio da reserva legal e 
anterioridade em matéria penal, princípio da presunção da inocência, liberdade 
religiosa e livre manifestação de pensamento. 
Em termos de documentos, relata-se, também, a Constituição Mexicana de 1917, a 
Constituição de Weimar, de 1919, a Declaração Soviética dos Direitos do Povo 
Trabalhador e Explorado, de 1918, seguida pela primeira Constituição Soviética, 
também de 1918. 
 
Em 10 de dezembro de 1948, abre-se a discussão sobre os Direitos Humanos, que 
alcançou seu apogeu com a aprovação, em Paris, da "Declaração Universal dos 
Direitos do Homem", fomentando, em seu artigo 1º, que "todos os homens nascem 
livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e 
devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade". Essa 
disposição culmina o ápice do direito de igualdade, consagrado formalmente hoje em 
todo o mundo civilizado. 
 
 
7.1. CONCEITO 
Segundo o Professor José Afonso da Silva1: “são aquelas prerrogativas e instituições 
que o Direito Positivo concretiza em garantias de uma convivência digna, livre e igual 
de todas as pessoas”. São fundamentais porque sem eles a pessoa humana não se realiza, 
não convive, e, em alguns casos, nem sobrevive. 
Regra: Todo direito e garantia fundamental deve ser interpretado de forma sistemática 
em relação aos demais. 
 
7.2. NATUREZA JURÍDICA 
Formam uma categoria especial de direitos subjetivos e a doutrina mais moderna afirma 
também que eles têm natureza jurídica dúplice, direitos subjetivos e objetivos. 
 
7.3. CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS 
 
a) Historicidade: possuem caráter histórico e passaram por diversas 
revoluções até chegarem aos dias atuais; 
b) Inalienabilidade - não há transferência de direitos fundamentais, nem 
a título oneroso e nem de forma gratuita; 
c) Irrenunciabilidade - não há possibilidade de renúncia a direito 
fundamental; 
d) Imprescritibilidade - eles não sofrem o decurso do tempo; estão 
sempre prontos para serem exigidos; 
 
1 Curso de Direito Constitucional Positivo, 23ª edição, Malheiros, São Paulo, 2003) 
 7 
e) Relatividade - não há nenhuma hipótese de direito humano absoluto. 
Posicionamento do STF sobre o assunto: 
 
"Os direitos e garantias individuais não têm caráter absoluto. Não há, no 
sistema constitucional brasileiro, direitos ou garantias que se revistamde 
caráter absoluto, mesmo porque razões de relevante interesse público ou 
exigências derivadas do princípio de convivência das liberdades 
legitimam, ainda que excepcionalmente, a adoção, por parte dos órgãos 
estatais, de medidas restritivas das prerrogativas individuais ou coletivas, 
desde que respeitados os termos estabelecidos pela própria Constituição. 
O estatuto constitucional das liberdades públicas, ao delinear o regime 
jurídico a que estas estão sujeitas - e considerado o substrato ético que as 
informa - permite que sobre elas incidam limitações de ordem jurídica, 
destinadas, de um lado, a proteger a integridade do interesse social e, de 
outro, a assegurar a coexistência harmoniosa das liberdades, pois nenhum 
direito ou garantia pode ser exercido em detrimento da ordem pública ou 
com desrespeito aos direitos e garantias de terceiros." (MS 23.452, Rel. 
Min. Celso de Mello, DJ 12/05/00) 
 
 
f) Universalidade – eles ultrapassam barreiras, são reconhecidos em 
todo o mundo civilizado. 
 
7.4. TITULARIDADE (art. 5º, caput): 
Além dos destinatários expressos no art. 5º, caput, a doutrina e o STF vêm 
acrescentando, através da interpretação sistemática, os estrangeiros de passagem pelo 
território brasileiro (por exemplo, a turismo), as pessoas jurídicas e os apátridas. 
 
7.5. APLICAÇÃO 
Aplicam-se nas relações entre Estado e pessoas e nas relações entre particulares. 
 
7.6. POSITIVAÇÃO 
Nem todo direito fundamental está positivado na Constituição Federal. Em regra estão, 
no entanto há exceções: o direito ao nome não está na CF. 
 
 
7.7. CLASSIFICAÇÃO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS 
 
 SOB O PRISMA DA CF: 
 
a) Direitos individuais: delimitam a esfera de autonomia dos indivíduos 
(art. 5º); Segundo o STF, não são apenas os direitos constantes no art 
5º da CF, mas também os direitos sociais, da nacionalidade, os direitos 
políticos e outros ao longo de todo o texto constitucional 
b) Direitos coletivos ou meta-individuais: representam os direitos do 
homem integrante de uma coletividade (art. 5º); 
c) Direitos sociais: dividem-se em direitos sociais propriamente ditos 
(art. 6º) e direitos trabalhistas (art. 7º ao 11); 
d) Direitos à nacionalidade: vínculo jurídico-político entre a pessoa e o 
Estado (art. 12 e 13); 
 8 
e) Direitos políticos; direito de participação na vida política do Estado; 
direito de votar e de ser votado, ao cargo (art. 14 ao 17). 
 
SOB O PRISMA DE SUA EVOLUÇÃO NO TEMPO: 
 
Os direitos fundamentais são uma categoria aberta e potencialmente ilimitada, 
não são estanques, imutáveis, pois seu conteúdo é entendido de formas 
diferentes dependendo do período histórico em que houve sua evolução. 
Portanto, podem sofrer transformações quantitativas e qualitativas no decorrer 
da história. 
 
a) Direitos de primeira geração (ou dimensão): são aqueles que 
inauguraram o movimento constitucionalista, feito pela revolução 
burguesa. Surgidos no século XVII, eles cuidam da proteção das 
liberdades públicas e dos direitos políticos. Atualmente, quase todas as 
constituições existentes os consagram, mesmo aquelas de Estados 
onde impera a sua escancarada violação, como por exemplo, os 
ditatoriais. Os titulares são os indivíduos, que os exercem contra os 
poderes constituídos dos Estados. Nesta fase, o Estado tem um dever 
de prestação negativa, isto é, um dever de nada fazer, a não ser 
respeitar as liberdades do homem. São exemplos: direito à vida, à 
liberdade, à propriedade, à manifestação, à expressão, ao voto, ao 
devido processo legal. 
 
b) Direitos de segunda geração (ou dimensão): são os chamados 
direitos sociais, econômicos e culturais, onde do Estado não mais se 
exige uma abstenção, mas, ao contrário, impõe-se a sua intervenção, 
visto que a liberdade do homem sem a sua participação não é 
protegida integralmente. Por isso se afirma que do Estado se exige 
uma prestação positiva. São exemplos: o direito à saúde, ao trabalho, à 
assistência social, à educação, o direito de greve. 
 
c) Direitos de terceira geração (ou dimensão): englobam os direitos 
chamados de solidariedade ou fraternidade, voltados para a proteção 
da coletividade e, portanto, possuem caráter difuso. São marcados pela 
alteração da sociedade, por profundas mudanças na comunidade 
internacional. As Constituições passam a incorporar em seus textos a 
preocupação com o meio ambiente equilibrado, a vida saudável e 
pacífica, à conservação do patrimônio histórico e cultural; 
 
d) Direitos de quarta geração (ou dimensão): o defensor maior desta 
geração de direitos é o Professor Paulo Bonavides, para quem tais 
direitos seriam resultado da globalização dos direitos fundamentais, de 
forma a universalizá-los institucionalmente. São exemplos: direito à 
democracia, à informação, ao comércio eletrônico entre os Estados. 
Para a Professora Eliana Calmon, são direitos da quarta geração os da 
manipulação do patrimônio genético. 
 
 
 9 
Obs: Embora apresentado em gerações ou dimensões, não existe relação de 
hierarquia entre estes direitos. Esta divisão é apenas indicativa de seu surgimento 
ao longo do tempo, consolidando a busca do homem por mais proteção, mais 
garantias, com o objetivo de alcançar uma sociedade mais justa, igualitária e 
fraterna. Tais normas consignam verdadeiros recursos colocados ao dispor do 
homem para tutelar suas aspirações legítimas e justas. 
 
8. EFICÁCIA DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS 
 
8.1. CLASSIFICAÇÃO QUANTO À EFICÁCIA E APLICABILIDADE DAS 
NORMAS CONSTITUCIONAIS (Professor José Afonso da Silva) 
 
a) NORMAS DE EFICÁCIA PLENA: Desde a sua entrada em vigor na CF produz 
ou tem possibilidade de produzir todos os seus efeitos essenciais. São auto-aplicáveis e 
de incidência imediata e direta. Ex: Art. 1º e 2º, Remédios Constitucionais. 
 
b) NORMAS DE EFICÁCIA CONTIDA: A CF regulou suficientemente a matéria, 
mas deixou margem à atuação restritiva por parte da competência discricionária do 
poder público, nos termos em que a lei estabelecer. Ex: Art. 5º, XIII, Art. 93, IX. 
 
c) NORMAS DE EFICÁCIA LIMITADA: Carecem de regulamentação para 
efetivamente tornarem-se aplicáveis. Somente incidem totalmente sobre os interesses 
regulados após a normatividade posterior que lhes dê aplicabilidade. Dividem-se em: 
 
 - Programáticas: traçam preceitos a serem cumpridos pelo Poder Público, como 
programa de atividades a serem por ele desenvolvidas. Ex: Art. 21, IX, 23, 205, 211, 
215. 
 - Institutivas ou Organizatórias: normas que visam organizar determinadas 
funções, estabelecidas pelo Poder Público. Ex: Art. 134, § 1°. 
 
9. REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS 
 
 
1. REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS ADMINISTRATIVOS (art. 5°, XXXIV) 
 
O Direito de petição e o Direito de obtenção de certidões são garantias constitucionais 
para o acesso à informação e também são considerados pela doutrina como remédios 
constitucionais de natureza administrativa. 
 
 
2. REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS JUDICIAIS 
 
ESPÉCIES: 
 
a) HABEAS CORPUS 
Historicamente, foi a primeira garantia de direito fundamental concedida pelo Rei João 
Sem Terra (Inglaterra), na Magna Carta de 1215. No Brasil, Dom Pedro I emitiu, em 
1821 um Alvará, consagrando a liberdade de locomoção. Em 1830, a garantia passou a 
ser chamada de Habeas Corpus (“tomes o corpo”) e foi consagrada constitucionalmente 
no Brasil a partir de 1891. 
 10 
 
1-BASE LEGAL: art. 5º, LXVIII, CF, art. 142, § 2, CF; arts. 647/667, CPP 
 
2-CONCEITO 
Remédio constitucional dirigido à tutela da liberdade de locomoção, ameaçada ou 
lesada em decorrência de violência ou coação eivada de ilegalidade – ato comissivo ou 
omissivo contrário à lei - ou abuso de poder. Também é utilizado para trancar um 
Inquérito Policial ou uma Ação Penal em face de ato atípico ou ilegal. 
 
3-SUPORTE PROBATÓRIO MÍNIMO 
Decorre de prova pré-constituídae não admite dilação probatória. 
 
4-ESPÉCIES 
 
HC PREVENTIVO: para evitar a consumação da lesão, muito comum em sede de CPI. 
O pedido é o Salvo Conduto. 
 HC REPRESSIVO OU LIBERATÓRIO: para fazer cessar tal coação. O pedido é o 
Alvará de Soltura. 
 
5-LEGITIMIDADE ATIVA 
Qualquer pessoa natural (brasileiro, estrangeiro, analfabeto, menor de idade) ou pessoa 
jurídica pode ser IMPETRANTE. A pessoa beneficiada é chamada de PACIENTE. É o 
único remédio constitucional judicial que não precisa da assistência do advogado. 
 
6-PÓLO PASSIVO 
Autoridade coatora, em regra pública, no entanto a jurisprudência dominante já admite o 
HC contra ato de particular. Hipótese: clínicas médicas, abrigos, manicômios. 
 
7-GRATUIDADE: é uma ação gratuita, de acordo com o Art. 5º, LXXVII. 
 
8- SÚMULAS DO STF 
 
 
Súmula nº 692 Não se conhece de habeas corpus contra omissão de relator de 
extradição, se fundado em fato ou direito estrangeiro cuja prova não constava dos autos, 
nem foi ele provocado a respeito. 
 
Súmula nº 693 Não cabe habeas corpus contra decisão condenatória a pena de multa, 
ou relativo a processo em curso por infração penal a que a pena pecuniária seja a única 
cominada. 
 
Súmula nº 695 Não cabe habeas corpus quando já extinta a pena privativa de liberdade. 
 
 
b) MANDADO DE SEGURANÇA 
Constitucionalmente, o Mandado de Segurança foi acolhido pelo direito brasileiro em 
1934 e permaneceu ao longo das demais Constituições, exceto na de 1937. 
 
1-BASE LEGAL: Art. 5º, LXIX, LXX e Lei nº 12.016/09. 
 
 11 
2-PRAZO: 120 dias, contados desde o conhecimento da lesão. 
 
3-CONCEITO 
Remédio constitucional dirigido à tutela de direito individual e coletivo, líquido e certo, 
não amparável por HC ou HD, ameaçado ou lesado em decorrência de ato de autoridade 
pública ou agente delegado, eivado de ilegalidade ou abuso de poder. 
 
4-ESPÉCIES E LEGITIMIDADE ATIVA 
 
 MS Individual (art. 5º, LXIX) 
O Impetrante é o titular do direito líquido e certo, tais como: a pessoa natural, os órgãos 
públicos despersonalizados, as universalidades patrimoniais, a pessoa jurídica, nacional 
ou estrangeira, domiciliada no Brasil ou no exterior. 
MS Coletivo (art. 5º, LXX, CF) O Mandado de Segurança Coletivo pode ser Impetrado 
por partido político com representação no Congresso Nacional (ainda que o partido 
esteja representado em apenas uma das Casas Legislativas), organização sindical, 
entidade de classe e associações (preenchidas as condições previstas no art. 5º, LXX). 
 
5-MODALIDADES 
 
MS PREVENTIVO - ameaça à lesão 
MS REPRESSIVO - quando a lesão já ocorreu 
 
6-PRINCÍPIO DA FUNGIBILIDADE 
Não se aplica em sede de remédio constitucional. Não se pode utilizar um remédio no 
lugar do outro. 
 
7-CONDIÇÕES ESPECÍFICAS 
Direito líquido e certo (provado de plano, provas pré-constituídas), caráter residual, ou 
seja, quando não se aplica nem o HC ou o HD. 
Segundo o saudoso mestre Hely Lopes Meirelles2: "a atual expressão direito líquido e 
certo substituiu a precedente, da legislação criadora do mandado de segurança, direito 
certo e incontestável. Nenhuma satisfaz. Ambas são impróprias e de significação 
equívoca. (...) O direito, quando existente, é sempre líquido e certo; os fatos é que 
podem ser imprecisos e incertos, exigindo comprovação a esclarecimentos para 
propiciar a aplicação do direito invocado pelo postulante". Então, para este autor o 
direito líquido e certo "... é o que se apresenta manifesto na sua existência, delimitado 
na sua extensão e apto a ser exercitado no momento da impetração. Por outras palavras, 
o direito invocado, para ser amparável por mandado de segurança, há de vir expresso 
em norma legal e trazer em si todos os requisitos e condições de sua aplicação ao 
impetrante: se a sua existência for duvidosa; se a sua extensão ainda não estiver 
delimitada; se o seu exercício depender de situações e fatos ainda indeterminados, não 
rende ensejo à segurança, embora possa ser defendido por outros meios judiciais”. 
 
8-PÓLO PASSIVO 
Autoridade coatora ou quem lhe faça às vezes, como é o caso do agente delegado (art. 
175, CF) no exercício da função pública. Há reiteradas decisões judiciais entendendo 
caber MS contra ato de Diretor de estabelecimento particular de ensino. 
 
2 Meirelles, Hely Lopes. Mandado de Segurança., São Paulo, Revista dos Tribunais, 13ª ed., 1989, p. 13. 
 12 
 
9- SÚMULAS DO STF 
 
Súmula nº 623 - Não gera por si só a competência originária do Supremo Tribunal 
Federal para conhecer do mandado de segurança com base no art. 102, I, n, da 
Constituição, dirigir-se o pedido contra deliberação administrativa do Tribunal de 
origem, da qual haja participado a maioria ou a totalidade de seus membros. 
 
Súmula nº 624 - Não compete ao Supremo Tribunal Federal conhecer originariamente 
de mandado de segurança contra atos de outros tribunais. 
 
Súmula nº 625 - Controvérsia sobre matéria de direito não impede concessão de 
mandado de segurança. 
 
Súmula nº 626 - A suspensão da liminar em mandado de segurança, salvo determinação 
em contrário da decisão que a deferir, vigorará até o trânsito em julgado da decisão 
definitiva de concessão da segurança ou, havendo recurso, até a sua manutenção pelo 
Supremo Tribunal Federal, desde que o objeto da liminar deferida coincida, total ou 
parcialmente, com o da impetração. 
 
Súmula nº 629 - A impetração de mandado de segurança coletivo por entidade de 
classe em favor dos associados independe da autorização destes. 
 
Súmula nº 630 - A entidade de classe tem legitimação para o mandado de segurança 
ainda quando a pretensão veiculada interesse apenas a uma parte da respectiva 
categoria. 
 
Súmula nº 632 - É constitucional lei que fixa o prazo de decadência para a impetração 
de mandado de segurança. 
 
Súmula nº 266 - Não cabe Mandado de Segurança contra lei em tese. 
 
Súmula nº 269 - O mandado de segurança não é substitutivo de ação de cobrança. 
 
Súmula nº 268 Não cabe mandado de segurança contra decisão judicial com trânsito 
em julgado 
 
Súmula nº 101 - O mandado de segurança não substitui a ação popular 
 
c) HABEAS DATA 
Apesar de constar da Constituição de Portugal de 1976 e da Constituição da Espanha de 
1978, no Brasil, o habeas data só foi consagrado constitucionalmente em 1988. 
 
 13 
1-BASE LEGAL: Art. 5º, LXXII; Lei n° 9.507/97. 
 
2-CONCEITO 
Remédio constitucional sobre procedimento especial, dirigido ao conhecimento ou 
retificação, como também, anotação, contestação ou explicação de dados pessoais 
constantes de bancos de dados ou, assentamentos de entidades governamentais ou de 
caráter público. 
 
3-DIFERENÇA ENTRE O ART. 5º, LXXII e o ART. 5º XXXIII. 
No HD o dado tem natureza de pessoal. O direito à informação amplo do inciso XIII 
traz a proteção a um dado administrativo, portanto, público. 
 
4-PARTES ATIVAS 
Titular do dado (legitimação ordinária), pessoa natural ou jurídica. O STF admite, no 
entanto, que no caso de sucessão causa mortis, os herdeiros legítimos e necessários do 
falecido podem requerer. 
 
5-PÓLO PASSIVO 
Entidade governamental ou de caráter público (pessoa jurídica de direito privado que 
forneça dados a terceiros c/ caráter oneroso ou não). Ex: SPC e SERASA. 
 
6-GRATUIDADE: A Ação de HD é gratuita, de acordo com o art. 5º, LXXVII. 
 
7- POSIÇÃO DO STF SOBRE O HD 
 
“O habeas data configura remédio jurídico-processual, de natureza constitucional, que 
se destina a garantir, em favor da pessoa interessada, o exercício de pretensão jurídica 
discernível em seu tríplice aspecto: (a) direito de acesso aos registros; (b) direito de 
retificação dos registros e (c) direito de complementação dos registros. Trata-se de 
relevante instrumento de ativação da jurisdição constitucional das liberdades,a qual 
representa, no plano institucional, a mais expressiva reação jurídica do Estado às 
situações que lesem, efetiva ou potencialmente, os direitos fundamentais da pessoa, 
quaisquer que sejam as dimensões em que estes se projetem. O acesso ao habeas data 
pressupõe, dentre outras condições de admissibilidade, a existência do interesse de agir. 
Ausente o interesse legitimador da ação, torna-se inviável o exercício desse remédio 
constitucional. A prova do anterior indeferimento do pedido de informação de dados 
pessoais, ou da omissão em atendê-lo, constitui requisito indispensável para que se 
concretize o interesse de agir no habeas data. Sem que se configure situação prévia de 
pretensão resistida, há carência da ação constitucional do habeas data.” (RHD 22, Rel. 
Min. Celso de Mello, DJ 01/09/95) 
 
8- NECESSIDADE DE COMPROVAR A RECUSA DA INFORMAÇÃO 
 
Súmula nº 2 – STJ – Não cabe o habeas data (CF, art. 5º, LXXII, “a”) se não houve 
recusa de informações por parte da autoridade administrativa 
 
 
d) MANDADO DE INJUNÇÃO 
O Mandado de Injunção foi criado pelo legislador constituinte em 1988, com o objetivo 
de tornar as normas da Constituição plenamente exeqüíveis (art. 5º, §1º, CF). O 
 14 
instrumento ainda é pouco utilizado e não assegura efetivamente os direitos 
fundamentais. 
 
1-BASE LEGAL: Art. 5º, LXXI, CF e aplica-se por analogia a Lei do MS. 
 
2-CONCEITO 
É remédio constitucional sobre procedimento especial dirigido à tutela de direitos 
subjetivos constitucionais, cujo exercício esteja impedido pela ausência de norma 
reguladora. 
 
3-OBJETO 
É a tutela de direito subjetivo constitucional cuja ausência de norma regulamentadora 
impede o seu exercício. Normalmente é direito subjetivo próprio, exceto no MI coletivo. 
 
4-LEGITIMIDADE ATIVA 
Qualquer titular de direito subjetivo constitucional. 
 
5-ESPÉCIES 
MI individual e MI coletivo (os mesmos legitimados para a propositura do MS coletivo, 
art. 5º, LXX, CF). 
 
6-AUSÊNCIA DE NORMA REGULAMENTANDO 
 Pode ser norma infra legal, ou seja, qualquer norma, de qualquer hierarquia. 
 
7-NEXO CAUSAL 
Impossibilidade de exercício do direito subjetivo constitucional em razão da falta de 
norma regulamentadora. 
 
8- POSIÇÃO DO STF SOBRE O MI 
 
a) Posição não-concretista: de acordo com esse posicionamento (clássico), 
em nome da harmonia e separação entre os poderes (art. 2º) o Poder 
Judiciário não poderia suprir a omissão da norma faltante, tampouco 
determinar prazo para o legislador elaborar a lei, restando a sentença 
tendo efeito apenas de declarar a mora legislativa. Esta é a posição 
clássica do STF3, que durante muitos anos produziu um verdadeiro 
sentimento de “frustração constitucional” para a população brasileira; 
 
3 “O mandado de injunção nem autoriza o Judiciário a suprir a omissão legislativa ou regulamentar, 
editando o ato normativo omitido, nem, menos ainda, lhe permite ordenar, de imediato, ato concreto de 
satisfação do direito reclamado: mas, no pedido, posto que de atendimento impossível, para que o 
Tribunal o faça, se contém o pedido de atendimento possível para a declaração de inconstitucionalidade 
da omissão normativa, com ciência ao órgão competente para que a supra.” (STF, MI 168, Rel. Min. 
Sepúlveda Pertence, julgamento em 21-3-90, DJ de 20-4-90) e no mesmo sentido: "Tratando-se de mera 
faculdade conferida ao legislador, que ainda não a exercitou, não há direito constitucional já criado, e cujo 
exercício esteja dependendo de norma regulamentadora." (STF, MI 444-QO, Rel. Min. Sydney Sanches, 
julgamento em 29-9-94, DJ de 4-11-94) 
 15 
b) Posição concretista geral: segundo essa corrente, o Poder Judiciário 
poderia solucionar a omissão legislativa, regulamentado-a com produção 
de efeitos erga omnes. Em nossa opinião, este posicionamento daria ao 
judiciário o papel de legislador positivo, hipótese não desejada pela 
constituição em nome da separação de poderes; 
c) Posição concretista individual: por meio dessa teoria, o judiciário poderá 
criar a lei para o caso específico, tendo a decisão efeito inter partes. 
Recentemente o plenário do STF aplicou essa teoria na questão relativa 
ao direito de greve do servidor público, do art. 37, VII4, cuja 
regulamentação ainda não foi feita pelo legislador e ainda sobre a 
ausência da lei complementar sobre a aposentadoria, anunciada pelo art. 
40, § 4º. 
d) Posição concretista intermediária: de acordo com essa teoria, O poder 
Judiciário além de comunicar a omissão ao órgão competente deverá 
fixar-lhe prazo para a edição da norma faltante. Recentemente, essa 
posição foi adotada em sede de ação direta de inconstitucionalidade por 
omissão5, que será analisada com detalhes em capítulo próprio. 
e) AÇÃO POPULAR 
A origem da ação popular está ligada à história do direito romano. Os jurisconsultos 
romanos diziam que se denomina ação popular aquela que ampara direito próprio do 
povo. O primeiro texto constitucional brasileiro que deu guarida à ação popular foi o de 
1934. 
 
1-BASE LEGAL: Art. 5º, LXXIII; Lei 4.717/65. 
 
2-CONCEITO 
 
4 “O Tribunal concluiu julgamento de três mandados de injunção impetrados, respectivamente, pelo 
Sindicato dos Servidores Policiais Civis do Espírito Santo - SINDIPOL, pelo Sindicato dos Trabalhadores 
em Educação do Município de João Pessoa - SINTEM, e pelo Sindicato dos Trabalhadores do Poder 
Judiciário do Estado do Pará - SINJEP, em que se pretendia fosse garantido aos seus associados o 
exercício do direito de greve previsto no art. 37, VII, da CF (...). O Tribunal, por maioria, conheceu dos 
mandados de injunção e propôs a solução para a omissão legislativa com a aplicação, no que couber, da 
Lei 7.783/89, que dispõe sobre o exercício do direito de greve na iniciativa privada. (...). (STF, MI 712, 
Rel. Min. Eros Grau, STF, MI 708, Rel. Min. Gilmar Mendes, e STF, MI 670, Rel. p/ o ac. Min. Gilmar 
Mendes, julgamento em 25-10-07, Informativo 485) 
5 “O Tribunal, por unanimidade, julgou procedente pedido formulado em ação direta de 
inconstitucionalidade por omissão ajuizada pela Assembléia Legislativa do Estado de Mato Grosso, para 
reconhecer a mora do Congresso Nacional em elaborar a lei complementar federal a que se refere o § 4º 
do art. 18 da CF, na redação dada pela EC 15/96, e, por maioria, estabeleceu o prazo de 18 meses para 
que este adote todas as providências legislativas ao cumprimento da referida norma constitucional”. (STF, 
ADI 3682/MT, Rel. Min. Gilmar Mendes, 9.5.2007, Informativo 466). 
 16 
Remédio constitucional sob procedimento especial, colocado à disposição de qualquer 
cidadão para a invalidação de ato ou contrato administrativo, ilegal, ilegítimo ou ilícito 
e lesivo ao patrimônio público, cultural, histórico ou ambiental. 
 
3-LEGITIMAÇÃO ATIVA 
CIDADÃO: pessoa natural, inclusive os que estão na faixa etária entre 16 e 18 anos, 
sem qualquer assistência, bem como os portugueses equiparados, todos com pleno gozo 
dos direitos constitucionais políticos. Não podem propor a ação popular: os inalistáveis, 
os inalistados, as pessoas jurídicas e o Ministério Público. 
 
4-CONDIÇÕES ESPECÍFICAS 
Ser cidadão, o ato impugnado deve ser ilegal, ilegítimo ou ilícito. Segundo o Prof. 
Diogo Figueiredo6: é “ilegal o ato contrário à lei ou à norma jurídica, ferindo o Estado 
de Direito. Ilegítimo é o ato contrário ao consenso popular, ferindo o Estado 
Democrático. A ilicitude é contrária à moral administrativa, ao Estado de Justiça 
efetiva”. A distinção dos conceitos amplia a abrangência da AP. 
 
5- SÚMULA 
 
Súmula nº 365 – STF- Pessoa jurídica não tem legitimidade para propor ação popular.10. ORGANIZAÇÃO DO ESTADO E DA FEDERAÇÃO 
 
 
1-CONCEITOS RELACIONADOS 
 
ESTADO: Nação politicamente organizada, com povo, território, governo 
soberano e finalidade. 
POVO: conjunto de pessoas que fazem parte de um Estado, é o seu elemento 
humano.O povo está unido ao Estado pelo vínculo da nacionalidade. 
POPULAÇÃO: conceito mais amplo que o de povo, pois inclui-se também os 
estrangeiros, desde que residentes no país. 
NAÇÃO: agrupamento humano, numeroso, cujos membros são ligados por laços 
históricos, culturais, econômicos e lingüísticos. 
CIDADÃO: É o nacional (brasileiro nato ou naturalizado) no gozo de seus 
direitos políticos e participantes da vida do Estado. 
 
 
2- DIFERENÇAS ENTRE FEDERAÇÃO E CONFEDERAÇÃO 
 Na Confederação, os Estados preservam a sua soberania e se unem apenas para 
estabelecer determinadas tarefas comuns, tais como defender o território confederativo e 
assegurar a segurança interna. 
 Na Federação, as unidades ou entes federativos detêm apenas autonomia. O Estado 
Federal é soberano para o Direito Internacional, ao passo que os Estados-membros são 
autônomos para o Direito Interno. 
 
 
6 De Figueiredo Moreira Neto, Diogo. Curso de Direito Administrativo, Forense, 14ª Edição, 2005. 
 17 
3-DIREITO DE SECESSÃO 
É o direito existente no sistema confederativo que possibilita o rompimento do pacto. 
Na Federação, em face do princípio da indissolubilidade do pacto federativo, não é 
possível o seu rompimento. 
 
4-SURGIMENTO DA FEDERAÇÃO BRASILEIRA: 
No Brasil, a Federação nasceu por meio de “segregação” porque na época, o Estado 
Unitário (Império) descentralizou-se em unidades federativas autônomas. 
 
5-FEDERALISMO BRASILEIRO ATUAL: 
 
Tricotômico, arts. 1º e 18 da CF, pois engloba: 
-União - Poder Central; 
-Estados - Poder Regional; 
-Distrito Federal; 
-Municípios - Poder Local 
 
Obs: os Territórios não são entidades federativas. 
 
6- DA UNIÃO 
 
A União é pessoa jurídica de direito público com capacidade política, que ora se 
manifesta em nome próprio, ora se manifesta em nome da Federação. Possui uma visão 
interna (relativa aos demais entes federados) e uma visão externa (relativa aos demais 
Estados estrangeiros). 
Os demais países não reconhecem nos Estados-membros e nos Municípios 
personalidades de Direito Internacional, pois eles são apenas pessoas jurídicas de direito 
público do Brasil (internas). No âmbito interno, a União atua como uma das pessoas 
jurídicas de direito público que compõem a Federação, ou seja, exerce, em nome 
próprio, a parcela de competência que lhe é atribuída pela Constituição. 
 
6.1- BENS DA UNIÃO 
a)De uso comum do povo - Ex: rios, mar, praças, ruas; 
b)De uso especial - Ex: prédios destinados às repartições públicas; 
c)Dominicais: constituem o patrimônio da União, Estados, Municípios, Distrito Federal 
e entidades da Administração Direta e Indireta como objeto de direito real ou pessoal. 
Ex: terreno sem qualquer utilização. 
 
Obs: Os bens públicos são impenhoráveis, inalienáveis (exceto previsão legal) e 
imprescritíveis. 
 
7- DOS ESTADOS FEDERADOS 
 
Os Estados-membros são as organizações jurídicas das coletividades regionais para o 
exercício, em caráter autônomo, das competências que lhes são deferidas pela 
Constituição Federal. Não são soberanos e sim autônomos. Entre Estados e União não 
há hierarquia, convivendo todos em um mesmo nível jurídico, razão pela qual a União 
não pode interferir nos assuntos que a Constituição reserva aos Estados. 
 
7.1- CARACTERÍSTICAS DA AUTONOMIA ESTADUAL: 
 18 
 
a)Autogoverno - Os Estados possuem os poderes legislativo (art.27, CF), executivo 
(art.28,CF) e judiciário (art.125,CF); 
b)Auto-organização - Por meio de seu poder constituinte decorrente elaboram as suas 
constituições (art.25, CF); 
c)Auto-legislação - Capacidade de elaborar leis próprias (art.25, CF); 
d)Auto-administração - É a existência de órgãos e servidores próprios, formadores da 
administração pública estadual; 
e)Autonomia tributária, financeira e orçamentária - Há atividade financeira, tributos 
(art.155,CF) e orçamento próprios dos Estados-membros. 
 
Obs: Os bens que se incluem no patrimônio do Estado estão previstos no art.26, CF. 
 
8- DOS MUNICÍPIOS 
 
A Constituição Federal de 1988 inovou ao considerar os municípios como componentes 
da estrutura federativa, ratificando esta inovação em dois momentos: artigos 1º e 18, 
CF. Segundo o Professor Robério Nunes dos Anjos Filhos, diante desta inclusão, a 
federação brasileira adquiriu uma peculiaridade, fugindo do dualismo clássico, 
configurando realmente três esferas governamentais: a União (governo federal), os 
Estados-membros (e o Distrito Federal, governos estaduais e distritais) e os municípios 
(governos municipais). 
 
 
8.1- CAPACIDADES DOS MUNICÍPIOS: 
 
a)Capacidade de autogoverno - elegem os seus prefeitos e os seus vereadores, não 
havendo, no entanto, Poder Judiciário próprio; 
b)Capacidade de auto-organização - Lei orgânica própria (art.29, CF); 
c)Capacidade de auto-legislação - elaboração de leis municipais sobre áreas que são 
reservadas à sua competência exclusiva e suplementar; 
d)Capacidade de auto-administração - existência de uma Administração Pública 
municipal própria, para manter e prestar os serviços de interesse local; 
e)Capacidade de autonomia tributária e financeira - instituição de tributos próprios 
para aplicação de suas rendas. 
 
9- DO DISTRITO FEDERAL 
 
A Constituição de 1988 atribuiu ao Distrito Federal o status de pessoa política, 
integrante da Federação, possuindo competências próprias, que serão desempenhadas 
pela Câmara Legislativa, a quem caberá votar, inclusive, a própria Lei Orgânica do 
Distrito Federal (art. 32, CF). 
O Poder Judiciário do DF, bem como os órgãos essenciais à Administração da Justiça, 
deverão ser organizados através de lei de competência do Congresso Nacional (art.48, 
IX,CF). 
A sua autonomia sofre algumas restrições, tais como as que estão previstas no art. 21, 
XIII e XIV, CF. A competência legislativa do DF compreende as que são atribuídas aos 
Estados e aos Municípios. O Poder Executivo é exercido pelo Governador e o Poder 
Judiciário, na verdade não é dele, e sim da União (art.21, XIII, 98, CF). 
 
 19 
10- DOS TERRITÓRIOS 
 
Os territórios não são pessoas políticas e possuem mera capacidade administrativa. Isso 
significa que não legislam. Não são entes federativos e por isso não integram a 
Federação. A criação, a transformação em Estado ou a reintegração a este dependerão 
de lei complementar. O Governador é escolhido pelo Presidente da República. 
Alguns doutrinadores entendem que os territórios são descentralizações políticas da 
própria União Federal. 
 
 
11- REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIAS 
 
O Professor José Afonso da Silva define competência como “a faculdade juridicamente 
atribuída a uma entidade ou a um órgão ou agente do Poder Público para tomar 
decisões”. Segundo ele, o princípio geral que norteia a repartição de competência entre 
as entidades federativas é o da predominância de interesses, pelo qual cabe à União as 
matérias e questões de predominante interesse geral, nacional; aos Estados cabem as 
matérias e assuntos de predominante interesse regional; e aos municípios concernem os 
assuntos de interesse local. 
 
11.1- CLASSIFICAÇÃO DA COMPETÊNCIA (Segundo o Professor José Afonso da 
Silva) 
 
a)Quanto ao objeto: 
 
Competência material: 
- Exclusiva - art.21, CF; 
- Comum- Cumulativa ou paralela- art. 23, CF. 
Competência legislativa: 
- Exclusiva - art.25, § § 1º e 2º, CF; 
- Privativa- art. 22, CF. 
Competência concorrente: art. 24,CF 
- Normas gerais da União; 
- Normas suplementares dos Estados (art. 24, § 2º, CF). 
 
b)Quanto à forma - Processo de distribuição de competências: 
 
Enumerada- Expressa (arts.21e 22, CF); 
Reservada- Remanescente (art. 25, § 1º,CF); 
Residual- art.154,I- após enumerar todas; 
Implícita (resultante)- Não escrita. Ex: no silêncio da carta de 1891, o STF decidiu que 
a expulsão de estrangeiro era da competência da União. 
 
c)Quanto à extensão – Diz respeito à participação de uma ou mais entidades: 
 
Exclusiva - atribuída a uma entidade com exclusão das demais- art. 21, CF; 
Privativa- admite delegação- art. 22 e parágrafo único, CF; 
Comum, cumulativa ou paralela - atribuída juntamente e em pé de igualdade a vários 
entes federativos (art.23,CF); 
Concorrente - art. 24 e § 1º, CF; 
 20 
Suplementar - art. 24, § § 2º, 3º e 4º, CF. 
 
d)Quanto à origem: 
 
Originária - desde o início é estabelecida em favor de uma entidade federativa; 
Delegada - a competência é repassada de uma entidade federativa para outra. 
 
 
11. DO PODER LEGISLATIVO 
 
1.CONCEITO 
A sua função típica é a de elaborar normas genéricas e abstratas dotadas de força 
proeminente dentro do ordenamento jurídico, as quais se denominam leis e também a de 
fiscalizar (ex: art. 70, CF). Mas também exerce subsidiariamente as funções executiva e 
judicial, por exemplo, quando faz concurso para seus cargos e quando julga o 
impeachment presidencial. 
 
2.EXERCÍCIO DA FUNÇÃO LEGISLATIVA 
A função legislativa federal é exercida pelo Congresso Nacional, que é um órgão 
bicameral, ou seja, formado de duas Casas, o Senado Federal (representação dos 
Estados e do Distrito Federal, art. 46, CF) e a Câmara dos Deputados (representação do 
povo, art. 45, CF). Entre as duas Casas não há qualquer relação de hierarquia ou 
predominância. No entanto, no processo legislativo, os projetos de iniciativa do 
Presidente da República, STF, STJ e dos cidadãos começam a sua tramitação na Câmara 
dos Deputados. 
Diferentemente do Poder Legislativo Federal, no Poder legislativo estadual, distrital e 
municipal o sistema é unicameral (arts. 27, 29 e 32, CF). 
 
3.ÓRGÃOS INTERNOS DAS CASAS DO CONGRESSO NACIONAL 
 
a)Mesas: 
-Da Câmara - art. 57, § 4º; 58, § 1º, CF; 
-Do Senado - art. 57, § 4º; 58, § 1º, CF; 
-Do Congresso - art. 57, § 5º; 58, § 1º, CF. 
b)Comissões Parlamentares (art. 58, CF) 
-Permanentes - Subsistem por todas as legislaturas 
-Temporárias - Constituídas apenas para opinar sobre determinada matéria - 
-De Inquérito (CPI) - art. 58, § 3º; 
-Representativa - Durante o recesso- art. 58, § 4º. 
c)Serviços administrativos - as atividades do Congresso Nacional são exercidas nos 
seguintes períodos: 
- Legislatura: É o período do mandato dos membros da Câmara dos Deputados, e é de 
4 (quatro) anos. 
- Sessão Legislativa - é o período anual em que dever estar reunido o Congresso para os 
trabalhos legislativos. Art. 57, da CF. 
 
 
4.DA CÂMARA DOS DEPUTADOS 
 21 
É composta por representantes do povo, eleitos pelo sistema proporcional, em cada 
Estado, Território e no Distrito Federal, sendo que o número de deputados será 
estabelecido por lei complementar, proporcionalmente à população, nos termos do art. 
45, § 1 º, CF. A duração do mandato dos Deputados será de 04 (quatro) anos. Segundo o 
art. 45, § 2º, CF, cada Território elegerá 4 (quatro) Deputados. 
 
 
5.DO SENADO FEDERAL 
Compõe-se de representantes dos Estados e do Distrito Federal, eleitos segundo o 
princípio majoritário, sendo que cada um terá o número fixo de 3 (três) senadores, com 
mandato de oito anos. A sua renovação acontecerá, parcialmente, de quatro em quatro 
anos, alternadamente, por um ou dois terços do Senado Federal (art. 46, § 2º, CF). A 
representação é uniforme em nome do chamado “equilíbrio federativo”. 
OBS: Território não elege Senador. 
 
6. ESTATUTO DOS CONGRESSISTAS 
É o regime jurídico dos membros do Congresso Nacional, disciplinando direitos, 
deveres, impedimentos, incompatibilidades, imunidades, prerrogativas (arts. 53 a 56, 
CF). As imunidades parlamentares não existem para proteger o parlamentar em suas 
relações de cunho particular, são prerrogativas decorrentes de sua função e são 
estabelecidas muito mais em favor do Poder Legislativo do que do Deputado ou 
Senador individualmente considerados. Dividem-se em: 
 
a) Imunidade material: art. 53, caput; 
b) Imunidade formal: (§2º a §5º do art. 53); 
c) Prerrogativa de foro: art. 53, § 1º - STF; 
d) Isenção do dever de testemunhar: art. 53, § 6º; 
e) Serviço militar: art. 53, § 7º, c/c 143; 
f) Imunidades durante o estado de sítio; 
g)Incompatibilidades (art. 54). 
 
OBS: os suplentes não gozam das imunidades materiais e formais porque não 
desempenham as funções do mandato. 
 
6.1. IMUNIDADE MATERIAL 
A imunidade material implica subtração da responsabilidade penal, civil, disciplinar ou 
política do parlamentar, por suas opiniões, palavras e votos. Trata-se de cláusula de 
irresponsabilidade geral de Direito Constitucional material e garante que o congressista 
exerça a sua atividade com a mais ampla liberdade de manifestação. A isenção de 
responsabilidade é total, não podendo o parlamentar responder por qualquer dos 
chamados delitos de opinião (calúnia, injúria, difamação, desacato...). Refere-se 
somente a atos funcionais, ainda que não exercidos exclusivamente no âmbito do 
Congresso Nacional. Os pronunciamentos feitos à rede televisiva, aos jornais e revistas 
estão protegidos por esta imunidade, desde que relacionados à função parlamentar. 
 
6.2. IMUNIDADE FORMAL 
 
A imunidade formal se refere à impossibilidade de prisão do parlamentar e também 
sobre as regras especiais relativas ao processo. 
 
 22 
Com relação à prisão, o parlamentar só poderá ser preso no caso de flagrante de crime 
inafiançável e, ainda assim, a manutenção da sua prisão ainda será resolvida pela casa 
parlamentar respectiva. A palavra “prisão” deve ser entendida em sentido amplo: o 
parlamentar não pode sofrer qualquer tipo de prisão: temporária, prisão de natureza 
civil, prisão em flagrante por crime afiançável, prisão preventiva etc. 
Sobre as regras relativas ao processo, a Emenda Constitucional nº 35, de 20 de 
dezembro de 2001, alterou substancialmente o instituto da imunidade formal. O novo 
texto constitucional passou a contemplar a imunidade formal nos parágrafos 3º, 4º e 5º 
do artigo 53, que estabelecem: 
 §3º Recebida a denúncia contra Senador ou Deputado, por crime ocorrido após a 
diplomação, o Supremo Tribunal Federal dará ciência à Casa respectiva, que, por 
iniciativa de partido político nela representado e pelo voto da maioria de seus 
membros, poderá, até a decisão final, sustar o andamento da ação. 
§4ºO pedido de sustação será apreciado pela Casa respectiva no prazo 
improrrogável de quarenta e cinco dias do seu recebimento pela Mesa Diretora. 
 §5º A sustação do processo suspende a prescrição, enquanto durar o mandato. 
Não há mais necessidade de licença da Casa do parlamentar para que tenha início um 
processo criminal contra o mesmo ou para que o processo tramite normalmente, na 
hipótese da denúncia ter sido oferecida após a diplomação ou antes desta, 
respectivamente. Com a alteração, a imunidade formal deixou de contemplar os crimes 
praticados antes da diplomação. Quanto a esses, o Poder Legislativo não exerce mais 
nenhum tipo de controle ou influência, seja autorizando a instauração do processo 
criminal, a sua tramitação ou, ainda, determinando a suspensão do feito e, por 
conseguinte, da prescrição. 
Com a Emenda Constitucional nº 35, oferecida a denúncia, o processo contra 
parlamentares tramita normalmente, podendo a casa a que pertence o denunciado 
deliberar sobre a sua sustação. De acordo com o texto constitucional, a deliberação pode 
ser feita até a decisão final do processo (trânsito em julgado) e deve, obrigatoriamente, 
ser apreciada no prazo de 45 (quarenta e cinco) dias a contar do recebimento do pedido 
pela Mesa Diretora. Os legitimados para formular pedido de sustaçãode ações criminais 
contra parlamentares são os partidos políticos com representação na Casa do 
denunciado 
7. DIVISÃO DE COMPETÊNCIAS 
a) Exclusiva do Congresso Nacional - art. 49, CF; 
b) Privativa da Câmara dos Deputados - art. 51 - a mais destacada é a de autorizar, por 
dois terços de seus membros, a instauração de processo contra o Presidente e o Vice-
Presidente da República e os Ministros de Estado (51, I); 
c)Privativa do Senado Federal - art 52 - a mais destacada é processar e julgar o 
Presidente e o Vice - Presidente da República nos crimes de responsabilidade (52, II)- é 
a função de Tribunal Político. 
 
8. COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO (CPI) 
 23 
No exercício de uma de suas funções principais, a de fiscalizar, a CPI é uma comissão 
temporária, com atribuição de fiscalização político-administrativa. Seu escopo não é 
apurar crimes, nem, tampouco puni-los, competência esta do Poder Judiciário. Se, no 
curso de uma investigação, vier a se deparar com fato criminoso, dele dará ciência ao 
Ministério Público, para os fins de direito. 
 
8.1. PODERES DAS CPI 
Têm poderes imanentes ao natural exercício de suas competências, como colher 
depoimentos, ouvir indiciados, inquirir testemunhas (inclusive sob condução 
coercitiva), notificando-as a comparecer perante ela e a depor. Não tem o poder de 
ordenar a prisão de investigado, porque não possui competência para tanto. 
 
Além das competências acima citadas, a CPI pode, por ato próprio: 
 
a)autorizar quebra de sigilo de dados bancário, telefônico e fiscal dos indiciados, desde 
que haja fundamentação, comprovando a existência de causa provável que indique a 
necessidade da quebra do sigilo; 
b)requisitar aos órgãos públicos documentos e informações necessárias para a 
investigação. 
c)promover a pertinente investigação, ainda que os atos investigatórios possam incidir, 
eventualmente, sobre aspectos referentes a acontecimentos sujeitos a inquéritos policiais 
ou a processos judiciais que guardem conexão com o evento principal objeto da 
apuração congressual. 
 
8.2- LIMITES DA CPI 
Por uma necessidade funcional, a comissão parlamentar de inquérito não detém poderes 
universais de investigação. Suas atribuições são limitadas, porque se restringem a fatos 
determinados. No entanto, podem existir tantas comissões quantas forem necessárias 
para se realizar investigações recomendáveis. Os eventuais excessos da CPI serão 
controlados pelo STF. 
 
A CPI não pode: 
 
a)proibir alguém de se ausentar de determinada localidade ou de sair do país; 
b)expedir decreto de indisponibilidade de bens de particular; 
c)determinar a interceptação telefônica; 
d)determinar busca e apreensão domiciliar de documentos e demais objetos de 
interesses da investigação. 
 
9.APURAÇÃO DE FATO DETERMINADO 
Conforme entendimento do STF, a expressão “apuração de fato determinado” não deve 
ser compreendido de forma reduzida. Tal competência engloba também os fatos 
surgidos no decorrer das investigações que tenham pertinência com o fato principal. 
 
10.PRAZO CERTO 
Segundo orientação do STF são admissíveis prorrogações sucessivas do prazo 
inicialmente fixado para uma CPI, desde que dentro do período correspondente à 
legislatura em que se iniciou. 
 
 
 24 
11.POSIÇÃO DO STF SOBRE O DIREITO AO SILÊNCIO 
 
"O privilégio contra a auto-incriminação — que é plenamente invocável perante as 
Comissões Parlamentares de Inquérito — traduz direito público subjetivo assegurado a 
qualquer pessoa, que, na condição de testemunha, de indiciado ou de réu, deva prestar 
depoimento perante órgãos do Poder Legislativo, do Poder Executivo ou do Poder 
Judiciário. O exercício do direito de permanecer em silêncio não autoriza os órgãos 
estatais a dispensarem qualquer tratamento que implique restrição à esfera jurídica 
daquele que regularmente invocou essa prerrogativa fundamental. Precedentes. O 
direito ao silêncio — enquanto poder jurídico reconhecido a qualquer pessoa 
relativamente a perguntas cujas respostas possam incriminá-la (nemo tenetur se 
detegere) — impede, quando concretamente exercido, que aquele que o invocou venha, 
por tal específica razão, a ser preso, ou ameaçado de prisão, pelos agentes ou pelas 
autoridades do Estado. Ninguém pode ser tratado como culpado, qualquer que seja a 
natureza do ilícito penal cuja prática lhe tenha sido atribuída, sem que exista, a esse 
respeito, decisão judicial condenatória transitada em julgado. O princípio constitucional 
da não-culpabilidade, em nosso sistema jurídico, consagra uma regra de tratamento que 
impede o Poder Público de agir e de se comportar, em relação ao suspeito, ao indiciado, 
ao denunciado ou ao réu, como se estes já houvessem sido condenados definitivamente 
por sentença do Poder Judiciário." (HC 79.812, Rel. Min. Celso de Mello, DJ 16/02/01) 
 
12. DO PROCESSO LEGISLATIVO 
 
 
1. CONCEITO 
É o conjunto de atos realizados pelos órgãos legislativos visando a formação das 
espécies normativas, previstas no art. 59, CF. A rigor, segundo alguns autores, as 
medidas provisórias não deveriam incluir-se dentre as espécies normativas arroladas no 
artigo citado, porque o ritual para sua formação não ocorre por meio de processo 
legislativo, e sim por intermédio de um ato monocrático do Poder Executivo. 
OBS: Ressalte-se que o desrespeito às normas do processo legislativo previstas na CF 
terá por conseqüência a declaração de sua inconstitucionalidade formal, apreciada tanto 
no controle difuso quanto pelo método reservado. 
 
2- ATOS DO PROCESSO LEGISLATIVO 
 
a)Iniciativa legislativa - É a faculdade que se atribui a alguém ou a algum órgão para 
apresentar projetos de lei ao legislativo. A iniciativa poderá ser: concorrente (art. 60, I, 
II, III; 61, caput), privativa (61, § 1º; 93), popular (61, § 2 º) e conjunta (48, XV); 
OBS: o projeto de lei que trate sobre o regime jurídico, a aposentadoria, provimento de 
cargos e estabilidade dos policiais federais é de iniciativa privativa do Presidente da 
República (art. 61, § 1º, c) 
 
b)Discussão – Qualquer projeto de lei apresentado à Casa Legislativa será discutido nas 
comissões permanentes que irão examinar seus aspectos formais (a constitucionalidade) 
e materiais (conteúdo); 
 
 25 
c)Emendas - O direito de propor emendas é uma faculdade dos membros ou órgãos das 
Casas do Congresso de sugerirem modificações na matéria contida no projeto de lei. 
OBS: Os projetos de lei de iniciativa exclusiva do Presidente da República poderão ser 
emendados pelos congressistas, desde que tais emendas: tenham pertinência temática 
com a matéria prevista no projeto de lei e desde que não acarretem aumento da despesa 
prevista no projeto apresentado pelo Presidente (art. 63, I, CF) 
 
d)Votação – É ato coletivo das Casas do Congresso e é geralmente precedida de 
estudos e pareceres de comissões técnicas e de debates em plenário. É ato de decisão 
que se toma: 
 
- por maioria simples ou relativa, isto é maioria dos membros presentes na 
votação, respeitada a maioria absoluta, nos casos de projetos de lei 
ordinária (art. 47, CF); 
- por maioria absoluta dos membros das Casas Legislativas, no caso de 
aprovação de lei complementar (art. 69, CF); 
- por maioria qualificada de 3/5 dos membros das Casas do Congresso, no 
caso de aprovação de emendas constitucionais (art. 60, CF). 
 
OBS: A matéria constante de projeto de lei rejeitado poderá ser objeto de novo projeto 
na mesma legislatura, desde que em outra sessão legislativa; ou ainda na mesma sessão 
legislativa, por meio de proposta de maioria absoluta dos membros da Câmara ou do 
Senado (art. 67, CF) 
 
e)Sanção e Veto – são atos legislativos de competência exclusiva do Presidente da 
República. Recaem sobre projeto de lei, e não sobre lei. A sanção pode ser expressa 
(com a assinatura do projeto) e tácita (não assinae nem veta durante 15 dias úteis). O 
veto deve ser expresso e manifestado no prazo de 15 (quinze) dias úteis. Pode ser total, 
se recair sobre todo o projeto, ou parcial, se atingir apenas parte do projeto. O veto 
parcial somente pode abranger o texto total de artigo ou alínea (66, § 2º), não havendo 
mais veto de palavra. Se o veto acontecer em razão de inconstitucionalidade, é chamado 
de veto formal (veto jurídico), se o veto for motivado por ser contrário ao interesse 
público, é chamado de veto material (veto político). O veto é irretratável. 
OBS: Ainda que o Presidente da República vete o projeto de lei, o veto pode ser 
rejeitado pelo voto da maioria absoluta dos deputados e senadores, em escrutínio 
secreto. 
 
f)Promulgação e publicação de lei – não configuram, na realidade, atos de natureza 
legislativa, já que se promulga e se publica a lei, que já existe desde a sanção ou a 
rejeição do veto. A promulgação é mera comunicação, aos destinatários da lei, de que 
esta foi criada com determinado conteúdo e pelo procedimento constitucionalmente 
previsto, sendo, portanto, válida. Não é ato exclusivo do Poder Executivo. A publicação 
da lei constitui instrumento pelo qual se transmite a promulgação aos destinatários. É 
condição para a lei entrar em vigor e tornar-se eficaz. Realiza-se pela inserção no D.O. 
 
3- ESPÉCIES NORMATIVAS 
a)Emenda Constitucional - É uma manifestação do Poder Constituinte derivado 
reformador e não se submete à sanção presidencial (art. 60, CF); 
 26 
b)Leis Complementares (art. 69, CF) – Só podem tratar das matérias expressamente 
determinadas pela CF e obedecem a um quorum mais elevado para a sua aprovação 
(maioria absoluta); 
c)Lei Ordinária – Podem tratar de todas as matérias, menos as reservadas à lei 
complementar; 
d)Medidas Provisórias (art. 62, CF); 
e)Leis Delegadas – São exceção ao princípio da indelegabilidade de atribuições. É 
delegação “externa corporis”, para fora do Poder Legislativo; 
f)Decretos Legislativos – Seu conteúdo é basicamente a matéria do art. 49; não há 
sanção; 
g)Resoluções – Seu conteúdo abrange matérias como delegação (art. 68), suspensão de 
lei declarada inconstitucional (52, X), fixação de alíquota (155, § 2º, IV). Também não 
se submetem à sanção. 
 
 
13. DO PODER EXECUTIVO 
 
1. CONCEITO 
Poder Executivo é o órgão constitucional cuja função típica é a prática de atos 
relacionados à função executiva, ou seja, a tarefa de realizar, dentro da lei, as atividades 
materiais atinentes à chefia de Estado, de Governo e da Administração Pública. No 
exercício das suas funções atípicas, também legisla (art. 62- Medidas Provisórias) e 
julga (contencioso administrativo). 
 
2. SISTEMAS DE GOVERNO 
 
a)Parlamentarismo: o Poder Executivo se divide em duas partes: um Chefe de Estado 
(monarca ou Presidente da República) e um Chefe de Governo (primeiro – ministro ou 
Presidente do Conselho). O Governo é exercido pelo Conselho de Ministros; 
 
b)Presidencialismo: é o sistema típico das repúblicas e o Presidente exerce o Poder 
Executivo em sua inteireza, acumulando as funções de Chefe de Estado, Chefe de 
Governo e Chefe da Administração Pública. Cumpre um mandato por tempo fixo, não 
dependendo da confiança do órgão do Poder Legislativo nem para sua investidura nem 
para o exercício de Governo. 
 
3. FORMAS DE GOVERNO 
 
a) República: a República é uma forma de governo em que os exercentes das funções 
Executiva e Legislativa representam o povo, decidindo em seu nome, à luz dos 
princípios da responsabilidade, eletividade e temporariedade. A periodicidade também 
garante a fidelidade do mandato, permitindo a alternância no poder num lapso temporal 
rigorosamente estabelecido; 
b) Monarquia: é caracterizada por ser o governo de um só, baseado no poder divino, 
sem a participação popular e vitalício. 
 
4. REQUISITOS PARA PRESIDENTE E VICE (art. 14, § 3º) 
 
- nacionalidade brasileira (brasileiro nato); 
- pleno exercício dos direitos políticos; 
 27 
- alistamento eleitoral; 
- domicílio eleitoral na circunscrição; 
- filiação partidária; 
- idade mínima de 35 anos. 
 
5. MANDATO PRESIDENCIAL (art. 77) 
O Presidente e o vice são eleitos conjuntamente, em chapa, através do sufrágio universal 
e pelo voto direto e secreto. A eleição, de acordo com o art. 77, obedece ao princípio da 
maioria absoluta dos votos, não se computando os votos em branco e os nulos, em razão 
do que há possibilidade de realização de dois turnos de votação, se nenhum candidato 
alcançar a maioria absoluta no primeiro turno. 
 
OBS: O sistema constitucional brasileiro não admite nem a candidatura autônoma (sem 
registro em partido político), nem a candidatura avulsa (é preciso que esteja na mesma 
chapa eleitoral o Presidente e o Vice) 
 
6. ATRIBUIÇÕES DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA (art. 84) 
 
O Presidente exerce, ao mesmo tempo, a chefia de Estado e a chefia de Governo. Como 
chefe de Estado ele representa a República como um todo, tanto na órbita interna, como 
na órbita internacional. No último caso, age em nome da soberania nacional. Já como 
chefe de governo, o Presidente almeja realizar os fins do Estado, comandando a 
máquina administrativa e as Forças Armadas, com vistas à eliminação dos problemas 
permanentes e conjunturais. 
 
- Chefia de Estado: art. 84, VII, VIII, XIV, XV, XVI, primeira parte, XVIII, segunda 
parte, XIX, XX, XXI, XXII; 
- Chefia de Governo: art. 84, I, III, IV, V, IX, X, XI, XII, XIII, XVIII, primeira parte, 
XXIII, XXIV e XXVII; 
- Chefia da Administração Federal: art. 84, II, VI, XVI, segunda parte, XXIV e XXV; 
- Exercício de outras atribuições constitucionais: art. 84, XVII; 
- Delegação de atribuições constitucionais: parágrafo único do art. 84. 
 
7. HIPÓTESES DE PERDA DO MANDATO 
 
- Cassação - Na hipótese dos arts. 52, § único e 86, da CF. Só se aplica ao vice quando 
em exercício da Presidência; 
- Extinção - Nos casos de morte, renúncia, perda ou suspensão dos direitos políticos e 
perda da nacionalidade brasileira; 
-Declaração de vacância do cargo pelo Congresso Nacional - Quando não 
comparecerem para tomar posse dentro do prazo de 10 dias a partir da designação (art. 
78) 
- Ausência do país, por mais de 15 dias, sem licença do Congresso Nacional (83, 
CF) - Quem aplica a sanção é o próprio Congresso, pois é ele quem pode dar a licença. 
A ausência sem licença e sem motivo de força maior (ex: doença súbita no exterior) 
leva à perda do mandato. 
 
8. VACÂNCIA E SUBSTITUIÇÃO 
No caso de vacância do cargo de Presidente da República, caberá ao vice suceder-lhe, 
assumindo o mandato no restante do tempo para o seu término. Na falta do vice-
 28 
presidente, serão sucessivamente chamados para ocupar, temporariamente, o exercício 
da Presidência da República: Presidente da Câmara dos Deputados, o Presidente do 
Senado Federal e o Presidente do Supremo Tribunal Federal. 
 
De acordo com o artigo 81, CF, vagando os cargos de Presidente e de Vice, deverá ser 
feita nova eleição, obedecidos os prazos e requisitos abaixo elencados: 
 
a) ELEIÇÃO DIRETA, no prazo de noventa dias de aberta a última vaga, quando a 
vacância se der nos dois primeiros anos do mandato presidencial; 
b) ELEIÇÃO INDIRETA, pelo Congresso Nacional, no prazo de trinta dias de aberta 
a última vaga, quando a vacância se der nos dois últimos anos do mandato presidencial. 
 
9. CRIMES DE RESPONSABILIDADE 
São infrações político-administrativas definidas na Constituição e na legislação federal, 
cometidas no desempenho da função, que atentam contra a existência da União, o livre 
exercício dos Poderes do Estado, a segurança interna do país, a probidade da 
Administração, a lei orçamentária, o exercício dos direitos políticos, individuais e 
sociais e o cumprimento das leis e das decisões judiciais. O rol do artigo 85, CF é 
meramente exemplificativo dos crimes de responsabilidade, poiso Presidente pode ser 
responsabilizado por todos os atos atentatórios à Constituição Federal, desde que haja 
previsão legal (Lei 1079/50). 
 
10- IMPEACHMENT 
Configura sanção de índole político - administrativa, destinada a operar, de modo 
legítimo, a destituição constitucional do Presidente da República, além de inabilitá-lo, 
temporariamente, pelo período de 08 anos, para o exercício de qualquer cargo, emprego 
ou função pública, seja de natureza eletiva ou de nomeação. 
 
 10.1- FASES 
 
a)Denúncia formalizada para apresentação dos fatos, permitida a qualquer cidadão 
brasileiro (no gozo de seus direitos políticos), oferecida na Câmara dos Deputados; 
b)Recebimento formal da denúncia pela Câmara; 
c)Exame pela Câmara, cujo critério é meramente político: a) aprecia a gravidade dos 
fatos alegados e o valor das provas oferecidas, b) declara a acusação procedente ou 
improcedente; 
d)Parecer da Câmara dos Deputados; 
e)Discussão e votação, art. 51, I, CF; 
f)Deslocamento da peça para o Senado Federal, que se transforma em um Tribunal 
Político, momento em que o Presidente da República é suspenso de suas funções, só 
retornando a elas se for absolvido, ou ocorrido o prazo de 180 dias e o julgamento não 
for concluído. 
 
 
14. DO PODER JUDICIÁRIO 
 
1. CONCEITO 
Ao lado das funções de administrar e legislar, ao Estado também compete a função 
judicial, ou jurisdicional, dirimindo as controvérsias que surgem quando da aplicação 
das leis. O Judiciário, porém, como as demais funções do Estado, possui outras 
 29 
atribuições, denominadas atípicas, de natureza administrativa e legislativa. Ex: 
concessão de férias de seus membros e elaboração de seus regimentos internos. 
A função típica do Poder Judiciário é exercer a atividade jurisdicional, pela qual o 
Judiciário substitui a vontade das partes solucionando os conflitos ao declarar o Direito 
e julgar. 
 
2. ÓRGÃOS DO PODER JUDICIÁRIO 
 
A estrutura do Estado é organizada com base na forma federativa, que admite duas 
ordens de organização: Federal e Estadual. Portanto, coexistem a Justiça Federal, que 
tem as competências previstas expressamente, e a Justiça Estadual, cabendo-lhe a 
competência residual. 
Quanto a competência, prevista na Constituição Federal, o Judiciário estrutura-se em 2 
(dois) âmbitos: comum e especializado. A Justiça Federal pode ser: comum ou 
especializada (Justiça do Trabalho, Eleitoral e Militar). Já na Justiça Estadual há 
somente a Justiça Militar especializada. 
Não existe previsão de contencioso administrativo. Exceção: “Justiça” desportiva, que 
na realidade foi instituída no âmbito administrativo. 
 
a)Supremo Tribunal Federal (art. 101 e ss) 
 
Órgão de cúpula do Poder Judiciário, guardião da Constituição, decide em última 
instância os litígios intersubjetivos. 
O Supremo Tribunal Federal compõe-se de 11 (onze) membros, divididos em duas 
Turmas, que se encontram no mesmo plano hierárquico. O Presidente da República 
escolhe livremente o candidato, que será sabatinado pelo Senado Federal, devendo ser 
aprovado pela maioria absoluta de seus membros (art. 52, III, “a”, e art. 101, parágrafo 
único, CF). 
 
São requisitos para a escolha dos 11 (onze) ministros do STF: 
- idade: 35 a 65 anos; 
- ser brasileiro nato (CF, art. 12, § 3º, IV); 
- ser cidadão (no gozo dos direitos políticos); 
- notável saber jurídico e reputação ilibada. 
 
Suas competências são definidas nos arts. 102 a 103 da Constituição Federal. 
 
b)Superior Tribunal de Justiça (art. 104 e ss) 
 
É a última instância do Judiciário em matéria de leis federais. 
O Superior Tribunal de Justiça compõe-se de, no mínimo, 33 (trinta e três) ministros 
escolhidos pelo Chefe do Poder Executivo, porém não livremente, pois 
obrigatoriamente, deverão ser: 
- 1/3 de Juízes dos TRF´s (Tribunais Regionais Federais); 
- 1/3 de desembargadores dos Tribunais de Justiça Estaduais; 
- 1/3 divididos da seguinte maneira: 1/6 de advogados; 1/6 de membros do Ministério 
Público Federal, Estaduais e Distrital. 
 
São requisitos para o cargo de Ministro do STJ: 
- idade: 35 a 65 anos: 
 30 
- ser brasileiro nato ou naturalizado; 
- notável saber jurídico e reputação ilibada. 
 
Competência: possui competências originárias, descritas no art.105, I da CF, e 
recursais que abrangem o recurso ordinário (art.105, I da CF) e o recurso especial 
(art.105, II da CF). 
OBS: Não existe hierarquia recursal entre o STJ e os Tribunais nacionais especializados 
(Tribunal Superior do Trabalho, Tribunal Superior Eleitoral e Superior Tribunal 
Militar). 
 
c) Justiça Federal Comum (art. 106 e ss) 
 
Órgãos: Tribunais Regionais Federais e juízes federais. A Justiça Federal se divide em 
seções judiciárias, uma em cada Estado (art.110 da CF). 
Composição: art. 107 da CF 
 
Competência: 
1) Tribunais Regionais Federais (art. 108) 
2) Juízes federais (art. 109) 
 
d)Justiça Federal do Trabalho (art. 111 e ss) 
 
São órgãos da Justiça do Trabalho: 
a) Tribunal Superior do Trabalho 
b) Tribunais Regionais do Trabalho 
c) juízes do trabalho 
Composição: art. 111-A da CF 
 
Competência: foi ampliada pela E.C. 45/2004 para julgar todas as causas que envolvam 
relação de trabalho, independentemente de lei. A expressão “relação de trabalho” deve 
ser entendida em sentido amplo, abrangendo todo trabalhador prestador de serviços, 
independentemente de subordinação. 
Anteriormente competia à Justiça do Trabalho, processar e julgar ações oriundas apenas 
da relação de emprego, que é espécie de relação de trabalho, e controvérsias da relação 
de trabalho dispostas em lei. 
A EC 45/2004 determinou uma mudança de competência, mas não alterou as leis de 
regência dos contratos. Com isso, a Justiça do Trabalho não se limita à aplicação da 
CLT, devendo aplicar as regras de Direito Civil quando for cabível. 
A Justiça do Trabalho continua não tendo competência para julgar: crimes do trabalho e 
funcionários públicos (estatutários). 
 
e)Justiça Federal Eleitoral (art. 118 e ss) 
 
A Justiça Eleitoral possui os seguintes órgãos (art. 118 da CF): 
 
a) Tribunal Superior Eleitoral 
b) Tribunais Regionais Eleitorais 
c) juízes eleitorais 
d) Juntas Eleitorais 
 
 31 
Composição: art.119 e 120 da CF. 
Competência: estabelecida no Código Eleitoral (Lei n°. 4737/65 c/c art 121 da CF) 
 
f) Justiça Federal Militar (art. 122 e ss) 
 
A Justiça Militar se compõe dos seguintes órgãos (art. 122 da CF): 
a) Superior Tribunal Militar 
b) Tribunais Militares, instituídos por lei 
c) juízes militares, instituídos por lei. 
 
Composição: art.123 CF 
Competência: processar e julgar os crimes militares definidos em lei (art. 124, caput da 
CF) e demais competências que deverão ser disciplinadas em lei (art. 124, parágrafo 
único da CF c/c Lei n° 8236/91). 
 
g) Justiça Estadual (art. 125 e 126) 
 
Órgãos: Tribunais de Justiça nos Estados. 
 
Competência: será definida pelas Constituições Estaduais (art.125, § 1º da CF) 
OBS: A Justiça Estadual Militar está regulada nos art. 125, §s 3º, 4ºe 5º da CF) 
 
Conselho Nacional de Justiça 
 
Acrescentado ao rol de órgãos do Poder Judiciário pela EC 45/2004. 
 
Atribuições: 
a) Primárias (art.103-B, § 4º, caput): controlar a atuação administrativa e financeira do 
Poder Judiciário e o cumprimento dos deveres funcionais, por parte dos magistrados. 
b) Secundárias: desdobramentos complementares das atribuições primárias, por 
exemplo: zelar pela autonomia do Judiciário e pela observância do art.37(art.103-B, § 
4º, I e II). Além dos procedimentos instrumentais para efetivar as atribuições primárias 
como rever processos de juízes e de membros de tribunais julgados a menos de um ano 
(art. 103-B, § 4º, V). 
 
Objetivo: remediar os problemas do Judiciário como a ausência de transparência na sua 
atuação e a delonga no seu exercício. Visa atingir a eficiência por meio da

Outros materiais