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TEORIA DO AGIR COMUNCATIVO EM HABERMAS

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AGIR COMUNCATIVO E INTERSUBJETIVIDADE EM HABERMAS E SUA APLICAÇÃO NA EDUCAÇÃO.
Para entendermos o conceito de educação em Jürgen Habermas é preciso ir até o pensamento de John Langshaw Austin. O pensamento habermasiano acerca da teoria do agir comunicativo está baseado na teoria de Austin conhecida como teoria dos atos de fala. [1: Habermas nasceu em 1929; lecionou filosofia em Heidelberg entre 1961 e 1964, além de sociologia de 1964 até 1971 em Frankfurt; deste ano até 1983 dirigiu o instituto Max Planck de Pesquisas Sociais; a partir de 1983 voltou a lecionar em Frankfurt. Atualmente escreve e discute temas ligados a linguagem, ciência e tecnologia e suas implicações na sociedade hodierna. (Cf. HABERMAS, Jürgen. Consciência moral e agir comunicativo. Tradução Guido A. de Almeida. 2. ed. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2003). [nota biobibliográfica].][2: Cf. Rauber p. 60. [grifos do autor].]
Para Austin apud Oliveira: os atos de fala se constituem de três dimensões, ou seja, os atos locucionários, os atos ilocucionários, e os atos perlocucionários. Os atos ilocucionários de fala tratam daquela dimensão da fala em que ao dizer algo, também se faz algo, de fato esse é o ato de fala utilizado por Habermas em sua teoria do agir comunicativo. Para o filósofo frankfurtiano apud Rauber, os atos ilocucionários “[...] constituem as interações sociais privilegiadas por Habermas, pois são o modelo próprio daquilo que ele chama de ação comunicativa”.[3: Cf. Manfredo p.158. [grifo nosso].][4: Rauber, p.61. [grifo do autor].]
Como dito acima, seguindo a teoria de Austin a respeito dos atos ilocucionários, Habermas propõe sua teoria do agir comunicativo. Assim, propõe o filósofo alemão,
[...] para que se alcance o fim ilocucionário, qual seja chegar a um entendimento mútuo sobre alguma coisa do mundo com pelo menos um participante da comunicação; a ação orientada para um fim, por sua vez, só pode ser designada racional quando o ator satisfaz as condições necessárias para a realização da intenção de intervir no mundo de forma bem-sucedida.[5: Tac p. 37.]
Ou seja, para Habermas, um agir comunicativo só pode ser realizado com a verdadeira interação entre os atores de uma comunidade de comunicação. Esta interação gera na comunidade comunicativa, segundo Habermas uma concordância de motivações racionalmente geradas, que asseguram ao mesmo tempo a objetividade da fala racional e integram a intersubjetividade entre os falantes.[6: Para Habermas uma comunidade de comunicação é constituída dos atores. Aqui entende-se como atores: ser racional, dotado de reflexividade, criticidade e racionalidade. Ou seja, para o filósofo de Frankfurt, só podem participar de uma discussão argumentativa os sujeitos capazes de a luz da razão se libertar dos auto-enganos produzidos pelo senso comum metafisico, ilusório e abstrato. (Tac pp.52-56 passim).][7: Cf. tac p.36.]
A teoria habermasiana do agir comunicativo serve de base para desenvolver no ser humano suas capacidades libertadoras e emancipadora em diversos âmbitos do mundo da vida, entre eles o sistema educacional. Segundo José Marcelino Rezende Pinto, o sistema educacional atual – que tem sua gênese no Iluminismo –, serve de base para a dominação dos intelectos e, para uma sociedade de consumo moldada pela indústria cultural.[8: Explicar o que é o mundo da vida segundo Habermas. [grifo nosso]][9: Professor e Doutor do Departamento de Psicologia e Educação da FFCLRP-USP.][10: Cf. a teoria da razão comunicativa... conceitos básicos ... de aplicação a dminstraçao escolar. I § 1.]
Habermas apud Rezende Pinto tenta inverter esse sistema. Ao colocar sua teoria do agir comunicativo como fundamento dos processos de comunicação, o pensador de Frankfurt leva em conta não mais um ser humano individualista, mas, sim, um ser humano que precisa fundamentalmente da comunidade comunicativa para se perceber intersubjetivamente ligado a outros seres humanos. Essa ligação serve de via para se alcançar um entendimento nos vários do mundo da vida, inclusive no campo educacional. [11: Cf ibid § 7.]
Para Habermas, segundo os comentários de Rezende Pinto, 
[...] a ação comunicativa surge como uma interação de, no mínimo dois sujeitos, capazes de falar e agir, que estabelecem relações interpessoais com o objetivo de alcançar uma compreensão sobre a situação em que ocorre a interação e sobre os respectivos planos de ação com vistas a coordenar suas ações pela via do entendimento.[12: Rezende pinto § 16. Ver também Cf. Habermas tac p. 166. ]
Assim sendo, uma educação de qualidade é aquela que se pauta pelo princípio de entendimento mútuo entre corpo docente e corpo discente. Tal realidade faz com que a transmissão dos saberes caminhe cada vez mais para a formação individual da pessoa humana, renovando o processo ensino-aprendizagem para um modelo baseado na compreensão e no diálogo professor-alunos.[13: Cf id § .20]
Tem-se em mente, principalmente nos países em vias de desenvolvimento, uma educação realizada a partir de um modelo tradicional, cartesiano e mecanicista. Este modelo, implantado pela filosofia Iluminista do século XVIII e pelo Positivismo comtiano do século XIX têm na pura razão e na ciência técnica, respectivamente, a melhor forma de se gerar uma sociedade fortemente massificada e oprimida por aqueles que dominam os processos de educação, ou seja, os capitalistas burgueses. (verificar citação em Rezende Pinto). Habermas vê nesse modelo de educação algo que restringe a capacidade de aprendizagem do ser humano. Para o pensador alemão, só uma educação baseada em pressupostos filosóficos e sociológicos podem de fato formar um novo sistema educacional que tenha por base a emancipação do ser humano e o desenvolvimento de seu ser bio-psico-espiritual. Sem essa educação que leve em consideração as capacidades intersubjetivas do ser humano partícipe de uma comunidade comunicativa, a relação professor-aluno num processo ensino-aprendizagem fica restrita a uma racionalidade cognitivo-instrumental. Ou seja, a proposta habermasiana, quer operar num foco mais amplo, unindo a técnica e a ciência, de certo modo objetivas, a um modelo educacional que leve em conta a intersubjetividade, na relação eu-tu, como ponto fulcral para uma educação de qualidade.[14: Cf. tac. P. 23.][15: Cf tac. P. 25.][16: Cf tac. P. 36. ]

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