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Miscigenação definiu cultura brasileira O Brasil é resultado da mistura de costumes e cultura de diferentes povos. Indígenas, europeus, africanos e asiáticos marcaram a história do nosso país em contextos diversos e, ao passar por aqui, cada um deixou um pouco de sua própria terra. A miscigenação está nas ruas, na cor do brasileiro, nas nossas festas, na arquitetura, no artesanato, na música e até mesmo na nossa culinária. E a diversidade é uma das características mais fortes da nossa identidade cultural. Além dos índios que viviam no território brasileiro, também influenciam nossas tradições os hábitos trazidos pelos portugueses, que ocuparam a terra em 1500, e dos africanos, forçados a trabalhar como escravos na colônia. Nos anos seguintes, a cultura nacional também seria moldada pela imigração de outros povos, que apostaram numa nova vida deste lado do continente. A população de outras partes da Europa, do Oriente Médio e a Ásia, principalmente, contribuíram com a formação da nossa identidade. A imigração de países vizinhos, como Argentina, Uruguai, Chile e Bolívia, também colaborou para a diversificação de costumes, hábitos e crenças em nosso país. Artesanato As peças de artesanato carregam valores, crenças e culturas referentes à comunidade ou à região na qual é produzida. Por isso, apesar de muitos tirarem o sustento a partir do comércio destas peças, elas não são consideradas mercadoria. O artesanato no Brasil é rico em todas as regiões. No Sul e no Sudeste, principalmente em Santa Catarina e Minas Gerais, são destaques panelas, potes, moringas, jarras em cerâmicas e produtos feitos com folha de bananeira. Minas também se destaca pelos tapetes e colchas feitos em tear manual, peças produzidas em estanho e pedras decorativas talhadas dos mais diversos tipos de minério. No Centro-Oeste, o bordado e as atividades relacionadas a madeira, barro, tapeçaria e trabalhos com frutas e sementes são fortes. Em Goiás e no Mato Grosso, é comum encontrar peças de porcelana que representam animais e moringas de barro. Entre os nordestinos, a produção é bastante ligada ao barro e a madeira. No Ceará, a renda de bilro é famosa. Trançados de palha, cestarias feitas com trançados de carnaúba, bambu e cipó também merecerem destaque. No Norte, o destaque vai para a influência indígena no artesanato, com muitas peças produzidas em cerâmica. Existem duas vertentes de inspiração para os artesãos: a marajoara e a tapajônica, que são estilos genuinamente indígenas, com técnicas e formas milenares. A população também produz joias a partir de sementes e metais preciosos. Música Sem dúvidas, o principal ritmo nacional é o samba. Herdado dos africanos, o estilo é o cartão-postal musical do país e embala a maior festa popular nacional: o Carnaval. Outros ritmos que chegaram ao Brasil ao longo das gerações são o maracatu, a congada, a cavalhada e o Moçambique. O forró ritmo que também é bastante popular entre os brasileiros, é de origem europeia. Capoeira A capoeira começou a ser praticada pelos negros escravizados como uma técnica de defesa. Propositalmente, os movimentos foram criados para ser semelhantes a uma dança. Desta forma, eles poderiam treinar nos engenhos sem levantar suspeitas. Durante décadas a capoeira foi proibida no Brasil, sendo liberada em 1930. Religião A África é o continente com mais religiões diferentes de todo o mundo. Durante a escravidão, os negros trazidos da África eram batizados e obrigados a seguir o Catolicismo. Porém, a conversão não tinha efeito prático e as religiões de origem africana continuaram a ser praticadas secretamente em espaços afastados nas florestas e quilombos. Com a vinda ao Brasil e a separação das famílias, nações e etnias, os negros partilharam cultos e conhecimentos diferentes em relação aos segredos rituais de sua religião e cultura, dando origem às religiões afro-brasileiras. A mais tradicional delas é o Candomblé, que tem sido sinônimo de tradições religiosas afro-brasileiras em geral. Com raízes africanas, a Umbanda também se popularizou entre os brasileiros. Arte de vanguarda As vanguardas europeias são uma série de movimentos culturais que ocorreram no início do século XX e apontaram um conjunto de tendências, principalmente, no campo das artes. Os vanguardistas romperam com toda a estética precedente e estabeleceram novos conceitos para expressão da arte. As principais vanguardas foram o fauvismo, expressionismo, cubismo, futurismo, dadaísmo e surrealismo. Fauvismo (1905-1908) Corrente artística que buscava o equilíbrio, a pureza e a serenidade, sem intenções críticas. As principais características são a simplificação das formas, o primado das cores, e a redução do nível de graduação das cores usadas. Cenas urbanas e rurais, retratos, ambientes internos ou ao ar livre são temas comuns. Para os representantes do movimento, criar era seguir o instinto e as linhas e cores devem traduzir sensações primárias, como as que são sentidas por crianças e selvagens. Paul Gauguin, Paul Cézanne, Henri Matisse e van Gogh são os expoentes do movimento. Expressionismo (1905-1933) As obras de arte dos expressionistas era dotadas de uma reflexão individual e subjetiva, projetando o mundo interior do artista. Um dos objetivos era potencializar o impacto emocional do espectador, exagerando e distorcendo os temas. Para os artistas do movimento, "expressar" a visão interior era mais importante do que dar uma "impressão" da realidade. Seus principais expoentes são Pieter Brughel, o Velho, Mathias Grunewald e Francisco de Goya. Cubismo (1907-1914) O Cubismo era caracterizado por tratar as formas da natureza através de figuras geométricas. Para os cubistas, a forma como eles representavam o mundo não precisava ser fiel à aparência real das coisas. O quadro "Les demoiselles d'Avignon", de Pablo Picasso é considerado o marco inicial do movimento. Também são representantes do cubismo, Paul Cézanne, Diego Rivera, Tarsila do Amaral, Érico Veríssimo e Oswald de Andrade. Futurismo (1909 - 1914) Os artistas futuristas eram contrários ao moralismo e ao passado. Suas obras , retratavam a velocidade e os desenvolvimentos tecnológicos do período. Seu marco inicial é a publicação do Manifesto Futurista, escrito pelo poeta italiano Filippo Marinetti. O futurismo foi uma das vanguardas que mais influenciaram a Semana de Arte Moderna no Brasil. Oswald de Andrade e Anita Malfatti foram seus principais representantes no Brasil. Dadaísmo (1916-1922) O Dadaísmo é marcado por seu caráter non-sense, pela quebra do tradicional, por sua oposição ao equilíbrio, pelo ceticismo e improvisação. Apesar de, aparentemente, as obras dadaístas não parecerem ter sentido, a produção dos artistas envolvia críticas, por exemplo, ao capitalismo e ao consumismo. As obras pretendiam chocar a sociedade. Um dos principais nomes do movimento foi Marcel Duchamp. Surrealismo (1924) O Surrealismo foi influenciado pela psicanálise de Sigmund Freud e pela teoria marxista. O movimento buscava expressar o inconsciente e o mundo dos sonhos, libertando as obras do racionalismo. A produção é repleta de humor e utopias. Entre os principais surrealistas estão Luis Duñuel, Salvador Dalí e René Magritte. Uma semana para entrar na história Entre os dias 11 e 18 de fevereiro de 1922, o Brasil viveu uma de suas maiores manifestações artísticas: a Semana de Arte Moderna. Também conhecida como a Semana de 22, o evento, realizado no Teatro Municipal, em São Paulo, marca o início da primeira geração modernista, período caracterizado pela profunda ruptura com os padrões artísticos que imperavam até aquele momento. A Semanade Arte Moderna, que se contrapôs ao Parnasianismo, que dominava o cenário cultural da época, representou a renovação na linguagem, com produções ousadas, liberdade artística e novos conceitos de arte. Seus reflexos não puderam ser notados apenas na literatura, mas também em esculturas, pinturas e desenhos. Além de exposições dessas obras de arte, o evento também contou com palestras, declamação de poemas e apresentações musicais. OS jovens artistas da época eram influenciados por movimentos como o Futurismo, o Cubismo e o Expressionismo. Nomes como Anita Malfatti, que trazia experiências vanguardistas de uma viagem feita à Europa, Di Cavalcanti, Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Menotti Del Picchia, Villa-Lobos e Frutuoso Viana foram alguns dos destaques da Semana em todos os campos artísticos. O que esses artistas modernistas queriam eram inaugurar uma arte verdadeiramente nacional. Mário de Andrade, um dos principais líderes e teóricos do movimento, resume o legado da Semana de Arte Moderna à estabilização de uma consciência criadora nacional, que buscava expressar a realidade da nação; à atualização intelectual, baseada nas ideias das vanguardas europeias e à liberdade de pesquisa e criação estética. Literatura nacional A produção literária de cada época é marcada pelo cenário político e social vivido por cada comunidade. Isso acontece porque os escritores são personagens do mundo real, que observam e, também , fazem parte do cotidiano. Reunidos, os sinais da influência de cada época na literatura são chamados de Escolas Literárias. Cada um desses períodos é regido pelas características políticas, econômicas, sociais, filosóficas, religiosas, geográficas, morais etc. da fase em que se desenvolveu. A história do Brasil é marcada por intensas transformações sociais e, consequentemente, registra diferentes momentos literários. Confira os principais: Barroco (século XVII) As obras literárias do Barroco são marcadas por histórias repletas de amor e sofrimento, vida e morte, religiosidade e erotismo. Outras características são a linguagem culta, o teocentrismo, o rebuscamento e o nacionalismo. Dois estilos se desenvolvem nos textos: o cultismo, rebuscado e marcado pela colocação do conteúdo em segundo plano, e o conceptismo, que tinha como principal característica a exposição de fundamentos da lógica. A maior produção é de poesia. A prosa pode ser observada nos sermões. No Brasil, o principal autor de sermões foi o padre português Antônio Vieira. Outro autor da época é Gregório de Matos, que ficou conhecido como Boca do Inferno por causa do seu estilo satírico. Arcadismo ou Neoclassicismo (século XVIII) O século XVIII entrou para a história como o Século das Luzes por causa dos intensos questionamentos às formas atrasadas de religião, ciência e política. Outro conceito essencial para entender a época é o Iluminismo, movimento que propunha diversas reformas na sociedade e na cultura. A literatura foi influenciada pelo retorno do Classicismo, que pregava equilíbrio e clareza. São características do estilo o objetivismo, os temas pagãos e greco-latinos, o predomínio da razão, a inteligência e a arte elitista. Expressões latinas que traduzem o período são fugere urben *fugir da cidade, preferindo a vida no campo) e inutilia truncat (cortar o que é inútil). No Brasil, a principal obra do período é "Marília de Dirceu", escrita por Tomás Antônio Gonzaga. Outros autores da época são Cláudio Manuel da Costa, Alvarenga Peixoto e Silva Alvarenga. Romantismo (primeira metade do século XIX) O surgimento do Romantismo está envolvido numa das mais importantes revoluções da história: a Revolução Francesa. Entre as transformações provocadas pela revolução estão a ascensão da burguesia e a renovação das relações sociais. Essas mudanças influenciaram as sociedades em todo o mundo. Na literatura, as transformações refletiram em textos com características como a subjetividade, o retorno ao passado, valorização da arte popular, democratização da arte, a melancolia, a identificação entre o poeta e a natureza e a valorização da paixão. Entre os temas predominantes estavam a religiosidade, o nacionalismo, a solidão, a morte e o gosto pelo fantástico. O Romantismo divide-se em três fases: o Primeira Geração (1840-1850): conhecida como geração indianista, tinha como característica a tentativa de consolidar culturalmente a independência política do Brasil através da valorização do indianismo e da natureza nacional. Seu principal representante é Gonçalves Dias. o Segunda Geração (1850-1860): também chamada de geração ultra-romântica, foi marcada pelo mal do século (tuberculose), e recorria a temas como o amor platônico e a obsessão pela morte. Álvares de Azevedo é um dos principais nomes. o Terceira Geração (1860-1881): buscava questionar profundamente a realidade, abordando temas ligados ao condoreirismo, abolicionismo e lirismo erótico. O maior poeta desta geração é o baiano Castro Alves. Uma das principais características de sua poesia é a luta pelo abolicionismo. Realismo (Segunda metade do século XIX) Na Europa, o século XIX foi marcado pela Revolução Industrial e todas as transformações provocadas pelas novas relações sociais. Na literatura, o período é marcado pela reação aos excessos do lirismo e da imaginação, tão comuns nos autores românticos. São características da produção literária do período a objetividade, a observação impessoal, a exatidão e a veracidade na observação da realidade. O fantástico e o idealismo, explorados pelos românticos, dão lugar ao cotidiano e a uma visão prática da vida. No Brasil, o autor que melhor representa essa escola literária é Machado de Assis. É dele o marco inicial do período: o romance Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881). Naturalismo (segunda metade do século XIX) O Naturalismo é o realismo levado ao extremo. O cientificismo atingiu um grau tão alto entre os naturalistas que produziu uma literatura determinista. OS autores demonstram preocupação com o social e com a vida, buscando retratar a realidade exterior e as experiências humanas, de um ponto de vista científico. Os naturalistas defendiam que o ambiente é responsável pela formação do caráter individual. Também são temas recorrentes o anticlericalismo e a mulher como presa da fisiologia. Seu maior representante é Aluísio de Azevedo, autor de "O Cortiço" (1890). Parnasianismo (a partir do final do século XIX) Contemporâneos, o Realismo e o Parnasianismo têm características comuns, como a busca dos autores por livrar suas obras dos excessos do lirismo que marcavam as obras românticas. As poesias obedeciam ao rigor formal, a perfeição. O lema dos parnasianos era "a arte pela arte". Eles rejeitavam o mundo que achava vulgar em busca da beleza absoluta dos versos. O soneto era a forma preferida dos autores. A poesia era aristocrática, panteísta, fria e objetiva. OS principais autores foram Raimundo Correia e Olavo Bilac. Simbolismo (fim do século XIX e começo do século XX) O contexto histórico do Simbolismo é marcado por um profundo desânimo e desilusão por causa dos rumos da industrialização. Na arte, esses sentimentos provocaram o desejo de fugir da realidade. Para os simbolistas, a função da arte era sugerir o real que está além da superfície aparente das coisas, sem atingi-la. As obras retomavam o Romantismo, valorizando a interioridade, o culto ao sonho e ideias envoltas em sombra. Os poemas eram endereçados à emoção do leitor e ricos em musicalidade. Cruz e Souza é o principal autor simbolista no Brasil. Pré-Modernismo (início do século XX) Movimento que representou a transição entre o Simbolismo e o Modernismo. A literaturaproduzida no pré-modernismo é eclética, tomada por várias correntes de ideias. O período é marcado pelo retorno ao Parnasianismo e ao Naturalismo, além da intensa ligação com a realidade nacional. São nomes importantes da fase Lima Barreto, Monteiro Lobato e Augusto dos Anjos. Modernismo (início e segunda metade do século XX) O Modernismo se inspirava nos movimentos da vanguarda europeia, como o cubismo e o surrealismo. O movimento integrava diversas tendências de valorização da realidade nacional e exaltação do pensamento moderno. Entre as principais características da literatura modernista estão a negação do Romantismo e do Simbolismo, a vontade de derrubar as estéticas tradicionais, o anticristaníssimo, a irreverência, o irracionalismo e a ruptura com o passado. Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade, Guimarães Rosa e Graciliano Ramos são os principais expoentes da literatura modernista nacional.
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