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Zoonose da Brucelose: Etiologia, Ciclo Epidemiológico e Transmissão

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ZOONOSES
BRUCELOSE
- Etiologia: coco -bacilo, gram negativo do gênero Brucella. Diferentes espécies acometem os animais: B. Melitensis (caprinos e ovinos), B. Abortus (bovinos e bubalinos), B. Suis (suinos), B. canis (cães) etc.
- Ciclo epidemiológico: de todas as espécies do gênero Brucella, quatro podem ser transmitidas do animal ao homem, sendo raríssima a transmissão entre pessoas. A B. Melitensis é a mais patogênica para o homem (não tem casos dessa espécie no Brasil), B. suis tem baixa prevalencia no Brasil, B. abortus é a que mais causa prejuízos à bovinocultura no país e também pode infectar o homem e a B. canis apresenta menos patogenicidade ao homem e está bastante difundida no Brasil. A infecção de humanos é caracterizada por um período de incubação variável (poucos dias a meses), seguido de sinais clínicos como febre irregular ou intermitente por períodos variáveis, acompanhados de dores de cabeça, suores profusos, depressão e perda de peso. Em pessoas não tratadas, pode ter duração variável com tendência à cronicidade. 
A brucelose é uma doença de ocorrencia mundial, exceto em poucos países que erradicaram. Países europeus da região mediterrânea, da África, Oriente Médio, Índia, Ásia Central, México, América Central e do Sul são especialmente afetados. As formas mais comuns de infecção humana são devido à atividade profissional ou através de ingestão de alimentos infectados.
- Transmissão: são transmitidas entre os animais através do contato com placentas, fetos, fluidos fetais e descargas vaginais de animais infectados, podendo ser transmtidas através do aborto ou do parto a termo. É bastante encontrada no sêmen, já que os machos podem eliminar por longos períodos, sendo a transmissão venérea a principal forma de transmissão para B. suis, B. canis e B. ovis, porém é incomum nos casos de B. abortus e B. melitensis. A entrada da bactéria no organismo ocorre principalmente por ingestão, através de mucosas ou da pele. Também pode ser disseminada por fêmites, incluindo água e alimentos. Em condições de umidade alta ou baixas temperaturas, em ausência de raios solares diretos, o organismo pode permanecer viável por vários meses na água, fetos abortados, esterco, feno, equipamentos e roupas. A bactéria pode resistir ao dessecamento e a temperaturas de congelamento, principalmente se estiver protegida por material orgânico.
Equinos, que convivem com animais infectados, podem adquirir brucelose, a manifestação mais comum é a presença de abcessos. Humanos normalmente se infectam por contato direto com produtos de aborto ou pela ingestão de bactéria em alimentos, geralmente derivados de lácteos não pasteurizados (queijos, menteiga, iogurtes, sorvetes etc).
Após o primeiro aborto, as fêmeas são assintomáticas, tornando-se portadoras crônicas e continuam a eliminar a Brucella no leite e descargas uterinas durante os próximos partos, podendo abortar ou não. A partir da terceira gestação após infecção, aborto não ocorre, devido a resposta imune celular e pela diminuição do número de placentomas necrosados.
- Evolução da doença: após a ingestão, as bactérias são endocitadas pelas células epiteliais do intestino delgado (células M das placas de Peyer) e se alojam, inicialmente, nos linfonodos regionais, onde proliferam no interior dos fagócitos. A invasão dos vasos linfáticos e porterior bacteremia, permitem a disseminação e colonização de vários tecidos, epecialmente orgão genital dos machos, útero e glandulas mamárias. Em gestantes, a infecção fetal ocorre após multiplicação nas células trofoblásticas, levando à necrose, vasculite, separação da placenta e ulceração da membrana corioalantóide. Nos animais, a bactéria possui grande afinidade pela placenta, que leva à ocorrência de placentite, morte fetal e aborto. 
A principal característica da brucelosa na espécie humana é, na fase inicial, a presença de febre aguda ou sub-aguda, quase sempre intermitente, acompanhada de mal estar geral, anorexia e prostração. Se não tratada pode evoluir para uma fase crônica com sintomatologia difusa conhecida como “síndrome da fadiga crônica”, em que predominam artralgias, artrites, perda de apetite e de peso, constipação, dores abdominais, tosse, dores testiculares, perturbações do sono, linfadenopatia, esplenomegalia e hepatomegalia.
- Diagnóstico e tratamento: todo aborto em animais deve ser considerado suspeita de brucelosa e deve ser investigado. O diagnóstido definitivo é feito através do isolamento e identificação da bactéria, porém quando não for possível, deve ser baseado em metodos sorológicos. São aceitos como testes sorológicos oficiais o teste do Antígeno Acidificado Tamponado (AAT) e o teste do Anel em Leite (TAL), como testes de triagem. Os soros com resultado positivo no AAT, devem fazer os testes confirmatórios do 2-Mercaptoetanol e/ou Fixação de Complemento, e os positivos no teste do anel, devem ser investigados por testes sorológicos. O diagnóstico de brucelas rugosas (B. canis e B. ovis) não deve ser feito com os mesmos testes para brucelas lisas, pois as rugosas não possuem cadeia O no lipossacarídeo da parede celular. Nesses casos, emprega-se o antígeno solúvel termo-extraído de amostras rugosas, sendo a Prova de Imunodifusão em Gel a mais comumente empregada.
Em humanos, toda sintomatologia febril deve ser pesquisada para descartar brucelose, principalmente se o paciente for de área rural ou tiver contato frequente com animais. O diagnóstico bacteriológico ou sorológico pode ajudar a confirmar a suspeita.
O tratamento de bovinos e suínos é custoso e não é prático, além disso, o uso prolongado de antibioticos podem persistir na carne e no leite, assim, os infectados são eliminados do rebanho. Em cães, o tratamento com antibióticos pode ter sucesso, apesar de os animais apresentares fertilidade baixa em ausência da bactéria.
Em humanos, o tratamento é recomendado na fase inicial da doença, com resultados bastante satisfatórios. Os antibióticos de eleição são doxiciclina, por, no mínimo 6 semanas, e estrptomicina.
- Prevenção e controle: doença de notificação obrigatória. A fonte mais importante de contaminação de humanos é o contato com animais infectados ou seus produtos. Portanto, é fundamental a adoção de medidas de proteção, como proteção individual ao manipular fetos ou produtos de abortos e higiene alimentar, como pasteurização de produtos lácteos.
Para evitar a contaminação de um rebanho, novos animais só devem ser adquiridos de áreas livres, animais de outras fontes devem ser isolados e testados antes de serem adicionados ao plantel. A vacina oficial e obrigatória no Brasil é a B19, aplicada somente nas fêmeas entre 3 e 8 meses de idade, essas fêmeas só poderão ser testadas após 24 meses de idade. Não deve vacinar fêmeas acima dos 8 meses devido interferência na sorologia. O programa brasileiro permite, em situações especiais, o uso da vacina RB51 em fêmea adultas, pois esta vacina não interfere no diagnóstico sorológico. Outras medidas de controle são: cuidadosa seleção de animais para reposição; isolamento desses animais por, pelo menos, 30 dias (durante execução de testes sorológicos); evitar contato do rebanho com animais com status desconhecido ou com brucelose; realizar estudo aprofundado das causas de aborto ou prematuros; destino apropriado de placentas e fetos abortados (queima ou enterramento).
FEBRE AMARELA
- Etiologia: vírus amarílico, é um arbovírus do gênero Flavivírus e família Flaviviridae, RNA vírus, pertencente ao mesmo gênero que o vírus da dengue.
- Notificação obrigatória: é uma das doenças de notificação compulsória internacional, por se caracterizar, muitas vezes, como uma emergencia sanitária internacional. No Brasil, a febre amarela é uma doença de notiicação compulsória e imediata, ou seja, diante de um quadro suspeito, o profissional de saúde deve notificar a Secretaria Municipal de Saúde, é importante que não aguarde os resutados laboratoriais.
- Espécies acometidas: Na forma silvestre da doença, os primatas nã humanos são hospedeirossinalizadores do vírus amarílico. Os macacos bugio, macaco aranha, sagui e macaco prego são as espécies mais acometidas, os macacos bugio e aranha são os mais sensíveis e apresentam taxa de letalidade mais elevada. Outros mamíferos também são susceptíveis à doença, como marsupiais, roedores, porcos espinho e morcegos. Na forma urbana da doença, o homem se constitui como único hospedeiro.
- Áreas epidemiológicas: a atividade de transmissão no ciclo silvestre é afetada tanto pr fatores ecológicos como por relacionados ao comportamento humano, algumas variáveis ambientais, como temperatura, umidade, pluviosidade e duração da estação chuvosa, além de ser decorrentes de condições regionais e locais. Com o desaparecimento da modalidade urbana e a manutenção dos casos humanos de transmissão silvestre, tem sido necessário rever constantemente as áreas com risco de transmissão, considerano que o processo de circulação e manutenção do vírus é muito dinâmico. Nesse sentido, foram delimitadas duas áreas epidemiologicamente distintas, caracterizando áreas com circulação do vírus, portanto com recomendação de vacinação, e sem circulação do vírus, não sendo necessária a vacinação.
- Formas de transmissão: é transmitida pela picada dos mosquitos transmissores infectados, principalmente os gêneros Haemagogus e Sabethes, a transmissão direta de pessoa para pessoa não ocorre. Na Febre Amarela Silvestre, o vírus circula entre macacos que, no período da viremia, ao serem picados pelos mosquitos silvestres, transmitem o vírus. O homem susceptível infecta-se ao penetrar e ser picado por um mosquito infectado, dessa forma, é inserido acidentalmente no ciclo da transmissão. Na Febre Amarela Urbana, o vírus é introduzido no ciclo pelo homem em período de viremia. Ao ser picado pelo Aedes aegypti, este vetor torna-se infectado, passa pelo período de incubação extrínseca e estará apo a transmitir o vírus para outras pessoas susceptíveis.
O período de incubação varia de 3 a 6 dias, após a picada do mosquito fêmea infectado. O período de transmissibilidade é de 24 a 48 horas antes do desaparecimento dos sintomas até 3 a 5 dias após, tempo correspondente à viremia.
- Evolução da doença: doença febril aguda, de curta duração (máximo 12 dias) e gravidade variável. Apresenta-se como infecções subclínicas ou leves até formas graves e fatais. O quadro típico tem evolução bifásica, período de infecção e de intoxicação, com início abrupto, febre alta e pulso lento em relação à temperatura (sinal de Faget), calafrios, cefaléia intensa, mialgias, prostação, náuseas e vômitos, durando aproximadamente 3 dias, após os quais se observa remisão da febre e melhora dos sintomas. O caso pode evoluir para cura ou para a forma grave (período de intoxicação), caracterizada pelo aumento da febre, diarréia e reaparecimento de vômitos com aspecto de borra de café, instalação de insuficiencia hepática e renal. Surgem também icterícia, manifestações hemorrágicas, oligúria, albuminúria e prostração intensa, além de comprometimento de sensório, que se expressa mediante obnubilação mental e torpor com evolução para coma. O número de casos das formas leves e moderadas representa 90% de todos os casos da infecção, já as formas graves são responsáveis por quase a totalidade dos casos hospitalizados e fatais, representando 5 a 10% do número total de casos.
- Diagnóstico e tratamento: o diagnóstico laboratorial é feito por isolamento do vírus de amostras de sangue ou de tecidos (particularmente hepático), e por detecção de antígenos e anticorpos (sangue e tecidos). Os métodos diagnósticos utilizados são ELISA, MAC-ELISA, IH (inibição de hemaglutinação), FC (fixação de complemento) e soroneutralização, PCR, imunohistoquímica e hibridizaçao in situ. O tratamento é apenas sintomático, com cuidadosa assistência ao paciente que, sob hosptalização, deve permanecer em repouso, com reposição de liquidos e perdas sanguíneas, quando indicado.
- Prevenção e controle: a vacinação é a mais importante medida de controle, a vacina 17D é administrada em dose única e confere proteção próxima a 100%, deve ser realizada a partir dos 9 meses de idade, com reforço a cada 10 anos. Notificação imediata de casos humanos, casos de epizootias, principalmente morte de primatas, e de achado do vírus em vetor silvestre. Vigilância sanitária em portos, aeroportos e passagem de fronteira, controle de Aedes aegypti para eliminação do risco de reurbanização e realização de ações de educação em saúde.
LEISHMANIOSES
Representa um conjunto de enfermidades, que podem comprometer pele e mucosa (Leishmaniose Tegumentar) e/ou vísceras (Leishmaniose Visceral), dependendo da espécie do parasito. São produzidas por diferentes espécies de protozoários pertencentes ao gênero Leishmania, com ciclo de vida heterogênico, vivendo em hospedeiros vertebrados (mamíferos) insetos (flebotomineos). Nos mamíferos, os parasitos assumem a forma amastigota (aflagelada), arredondada e imóvel, se multiplicam dentro de células do sistema monocítico fagocitário (especialmente macrófagos), à medida que vão se multiplicando, os macrófagos se rompem e liberam os parasitas, que são, posteriormente, fagocitados por outros macrófagos.
Os insetos vetores são dípteros da subfamília Phlebotominae, pertencentes ao gênero Lutzomyia e Phlebotomus, a Leishmania é transmitida através da picada de fêmeas. São pequenos, geralmente < 0,5 cm de comprimento, tendo pernas longas e delgadas, e o corpo densamente piloso. Tem vôo saltitante e manutenção das asas eretas, mesmo em repouso. As formas imaturas são encontradas em solo úmido, porém não molhado, e em detritos ricos em matéria orgânica em decompoisção. As formas amastigotas são ingeridas pelo mosquito durante o repasto sanguíneo, se diferenciam em formas promastigotas (flageladas) na luz do trato digestivo, e lá ficam até a serem transferidas aos mamíferos através da picada. 
LEISHMANIOSE TEGUMENTAR AMERICANA – grupo de enfermidades de evolução crônica, que acomete a pele, mucosas e estruturas cartlaginoas, de forma localizada ou difusa, provocada pela infecção das células do sistema fagocítico mononuclear parasitado por amastigotas. É considerada, pela OMS, como uma das seis enfermidades infecciosas mais importantes de distribuição mundial.
- Agente etiológico: as três principais espécies no Brasil são L. braziliensis, L. guyanensis e L. amazonensis.
- Hospedeiros e reservatórios: é uma zoonose de animais silvestres como marsupiais, desdemntados, carnívoros e primatas, e raramente de animais domésticos. O homem representa hospedeiro acidental e parece não ter papel importante na manutenção dos parasitas na natureza, e estudos vem demonstrando que o cão é tão hospedeiro acidental quanto o homem, pois desenvolve lesões clínicas clássicas da doença.
- Ciclo epidemiológico: apresenta tres padrões epidemiológicos característicos:
1. Silvestre: transmissão ocorre em área de vegetação primária, é uma zoonose de animais silvestres, que pode acometer o ser humano quando este entra em contato com o ambiente silvestre.
2. Ocupacional e lazer: transmissão associada à exploração desordenada da floresta e matas para construção de estradas, usinas, ecoturismo etc.
3. Rural e periurbano: relacionado ao processo migratório, ocupação das encostas e aglomerads em centros urbanos associados a matas secundárias ou residuais.
- Evolução da doença: presença de lesões exclusivamente na pele, que se iniciam no ponto de inoculação das promastigotas infectantes, através da picada do vetor. A lesão primária é, geralmente única, e surge após um período de incubação variável de 10 dias a três meses, como uma pápula eritematosa que progride lentamente para nódulo. Com a evolução, podem progredir para formas impetigóide, liquenóide, nodular, lupóide, vegetante e ectimatóide. São frequentes as ulcerações com bordas elevadas e duras e fundo com tecido de granulação grosseira, sendo a lesão clássica. A evolução da LTA canina manifesta-se cronicamente, sem comprometer o estado geral do animal, e aslesões podem evoluir para cura clínica espontânea com reativações posteriores.
- Transmissão: através da picada do mosquito fêmea infectado, não há transmissão direta de pessoa a pessoa ou animal a animal.
- Diagnóstico e tratamento: 
1. Diagnóstico clínico: classicamente as lesões possuem forma ulcerada, indolores, normalmente localizadas em áreas expostas da pele, com formato arredondado ou evolado, com base eritematosa, infiltrada e de consistência firme, bordas bem delimitada e elevadas, fundo avermelhado e com granulações grosseiras. Pode ter infecções bactterianas ou fúngicas secundárias causando dor e exsudato seropurulento. Porém, inicialmente, costumam ser nodulares, semelhantes à picada de inseto, que evoluem aumentando de tamanho e profundidade.
Outros tipos de lesões podem ser encontradas. A lesões vegetantes se caracterizam pelo aspecto papilomatoso, úmido e de consistência mole. Lesões verrucosas tem superfície seca, áspera, com presença de pequenas crostas e descamação.
2. Diagnóstico laboratorial: 
2.1 Exames parasitológicos: fixação em metanol e coloração pelo Giemsa ou Leishman de esfregaço de material obtido por escarificação, raspado, punção aspirativa ou “imprint” são as formas mais comuns. A histopatologia permite observação de amastigotas e diferenciação de outras doenças tumorais ou inflamatórias, porém tem baixa sensibilidade.
2.2 Exames imunológicos: teste intradérmico ou intradermoreação de Montenegro, é baseada na visualização de resposta de hipersensibilidade celular. Pode ser negativa nos primeiros meses, e há a necessidade do paciente retornas após 48 ou 72 horas para leitura do resultado.
2.3 Testes sorológicos: teste de imunofluorescência indireta (IFI) ou imunoenzimáticos (ELISA) são utilizados para detectar anticorpos anti-Leishmania. Não devem ser usada como critério isolado para o diagnóstico.
2.4 Exames moleculares: PCR
3. Tratamento: a droga de primeira escolha é N-metilglucamina. Anfotericina B tem ação leishmanicida, e é a droga de secunda escolha.
- Prevenção e controle: a vigilância epidemiológica abrange desde a detecção do caso até a terapêutica, visualizando e caracterizando a distribuição da doença e de seu perfil clínico e epidemiológico. Nas áreas de maior incidência, as equipes do Programa de Saúde da Família tem papel na busca ativa de casos e na educação da comunidade. Nas áreas periurbanas deve buscar redução do contato vetorial através de inseticidas de uso residual, medida de proteção individual como mosqueteiros, telas finas nas janelas e portas, repelentes e roupas de proteção, e distanciamente mínimo de 200 a 300 metros das moradias em relação às matas. Outra forma de controle é abordagem de focos de transmissão peridomiciliar, implementando condições de saneamento evitando o acúmulo de lixo (matéria orgânica) e de detritos que possam atrair roedores e pequenos mamíferos.
LEISHMANIOSE VISCERAL – é uma doença sistêmica grave que atinge as células do sistema mononuclear fagocitário, sendo o baço, fígado, linfonodos, medula óssea e pele mais afetados.
- Agente etiológico: a espécie predominante na América é L. chagasi.
- Vetores: insetos flebotomíneos, Lutzomyia longipalpis e L. cruzi.
- Reservatórios: cães domésticos, raposas e marsupiais
- Evolução da doença: o período de incubação no homem é de 10 a 24 meses com média de 2 a 6 meses, no cão varia de 3 meses a anos, com média de 3 a 7 meses. No homem, a doença se desenvolve progressivamente, no período inicial inclui, na maioria dos casos, febre com duração inferior a quatro semana, palidez cutâneo-mucosa e hepatoesplenmegalia; no período de estado há febre irregular, geralmente associada ao emagrecimento progressivo, palidez cutâneo-mucosa e aumento da hepatoesplenomegalia; no período final, caso não seja feito o diagnóstico e tratamento adequados, a doença evolui progressivamente. com febre contínua e comprometimento mais intenso do estado geral, instala-se desnutrição, edema de membros inferiores, hemorragias, icterícia e ascite, podendo chegar ao óbito.
Nos cães, a fase inicial é caracterizada por lesões cutâneas como alopecia, despigmentação, descamação e eczema, principalmente no espelho nasal e orelhas, com úlceras em ponta de orelha. Nas fases mais adiantadas podem observar onicogrifose, esplenomegalia, linfoadenopatia, alopecia, dermatites, úlceras de pele, distúrbios oculares, coriza, apatia, diarréia, hemorragia intestinal etc. Na fase final da infecção, ocorre, em geral, paresia das patas posteriores, caquexia, inanição e morte.
- Formas de transmissão: pela picada das fêmeas de flebotomíneos infectadas. Não ocorre transmissão direta da LV de pessoa a pessoa ou de animal para animal.
- Diagnóstico e tratamento: o diagnóstico parasitológico é o método de eleição e se baseia em demonstração do parasito obtido de material biológico de punção de linfonodos, hepática, esplênica, de medula óssea, biópsia ou escarificação da pele. Os exames sorológicos realizados Reação de Imunofluorescência Indireta (RIFI), ELISA e testes rápidos que indicam níveis de anticorpos circulantes. As técnicas sorológicas são recomendadas pelo Ministério da Saúde para avaliação da soroprevalência em inquéritos caninos, o ELISA é recomendado para a triagem de cães sorologicamente negativos e a RIFI para confirmação dos cães sororragentes ao ELISA ou como técnica dagnóstica de rotina.
- Prevenção e controle: diagnóstico e tratamento precoce dos casos humanos; atividades de educação em saúde; controle vetorial (utilização de inseticidas de ação residual, saneamente ambiental como limpeza e retirada de materiais orgânicos em decomposição), controle de reservatórios, diagnóstico e eliminação dos cães infectados e medidas para evitar contaminação dos sadios (vacinação, coleira repelente, citronela etc).
LEPTOSPIROSE
- Etiologia: é uma zoonose de ocorrência mundial, causada por bactérias do gênero Leptospira. O gênero é dividido em duas espécies: L. interrogans, que compreende todas as estirpes patogênicas e L. biflexa, que compreende as espécies saprófitas isoladas do ambiente. As leptospiras são bactérias espiroquetas, espiralada, flexíveis e móveis, compostas de um cilíndro protoplasmático que se enrola ao redor de um filamento axial central.
- Ciclo epidemiológico: tanto animais domésticos como silvestres podem tornar-se portadores e contribuir para a disseminação na natureza. O Rattus nervegicus representa o mais importante reservatório da leptospira, embora o cão tenha grande importância devido sua estreita relação com o ser humano. São referida duas categorias da doença: 1. Quando o animal é infectado com um sorovar hospedeiro-adaptado, tornando-se reservatório da doença; 2. Quando os susceptíveis são expostos a sorovares não adaptados, causando doença acidental, forma mais comum aos humanos. A prevaçencia da doença depende de um animal portador que é o disseminador, da contaminaçãoe sobrevivencia do agente no ambiente (umidade, temperatura elevada e ph levemente alcalino) e do contato de indivíduos susceptíveis com o agente.
- Evolução da doença: a Leptospira penetra de forma ativa através de mocosas (ocular, respiratória, digestiva, genital), pele escarificada e inclusive pele integra, em condições que favoreçam a dilatação dos poros. Multiplica-se rapidamente após entrar no sistema vascular, espalhando-se por muitos órgãos e tecidos, incluindo rins, fígado, baço, sistema nervoso central, olhos e trato genital, caracterizando um quadro agudo septicêmico denomidado de leptospiremia. As lesões primárias ocorrem em decorrência da ação mecânica do microrganismo nas células endoteliais de revestimento vascular. A consequência direta da lesão dos pequenos vasos é o derrame sanguíneo para os tecidos, levando à formação de trombos e o bloqueio do apor te sanguíneo nas áreas acometidas. A leptospiremia termina como resultado do surgimento de anticorpos específicos e subsequente fagocitose das leptospiras da circulação, que passam a se albergar nos túbulos renais, iniciando a fase de leptospirúria.A excreção urinária de leptospiras vivas apresenta-se de forma intermitente, variando de acordo com a espécie animal e o sorovar envolvido, podendo persistir por meses ou anos. O ser humano pode apresentar mal estar, febre de início súbito, cefaléia, dores musculares, náuseas ou emese, enterite, e nos casos graves complicações hepática, renais e vasculares.
A leptospirose canina normalmente apresenta-se como uma enfermidade infectocontagiosa aguda e febril podendo ser acompanhada de manifestações entéricas, hepáticas e principalmente renais, além de hemorragias generalizadas. A icterícia e lesões hemorrágicas são comuns na leptospirose causada pela L. icterohaemorrhagiae, porém raramente aparecem em infecções causadas por outros sorovares. Na infecção causada pelo sorovar canicola, os cães apresentam grave comprometimento renal, além de outros sinais clínicos. Os suínos e bovinos são mais susceptíveis que os equinos, capr inos e ovinos, sendo neste caso a doença responsável por consideráveis perdas econômicas, devido a ocor rência de problemas reprodutivos como abor tos, retenção de placenta, fetos prematuros, infer tilidade e mastites, e consequente queda na produção de leite e carne.
- Formas de transmissão: A infecção humana resulta da exposição à água contaminada com urina ou tecidos provenientes de animais infectados, sendo a sua ocorrência favorecida pelas condições ambientais dos países de clima tropical e subtropical, par ticularmente em épocas com elevados índices pluviométricos. Nos animais, a infecção pode ocorrer por ingestão de alimento ou água contaminados por urina infectada, bem como pela infecção direta por urina dos doentes ou portadores. No Brasil, acredita-se que a maioria dos casos urbanos seja devida à infecção por cepas do sorogrupo icterohaemorrhagiae, o que fortalece o papel do rato doméstico
como principal reservatório. Nos centros urbanos, a deficiência de saneamento básico constitui um fator essencial para a proliferação de roedores. Portanto, os grupos socioeconômicos menos privilegiados, com dificuldade de acesso à educação e saúde, habitando moradias precárias, em regiões periféricas às margens de córregos ou esgotos a céu aberto, expostos com frequência a enchentes, são os que apresentam maior risco de contrair a infecção. Seres humanos envolvidos em serviços de saneamento ambiental apresentam alto risco de contrair a leptospirose, devido ao contato direto com ambientes contaminados por urina de roedores e cães domésticos. Os cães são considerados uma importante fonte de infecção da leptospirose humana em áreas urbanas, pois vivem em estreito contato com o homem e podem eliminar leptospiras vivas pela urina durante vários meses, mesmo sem apresentar nenhum sinal clínico característico.
- Diagnóstico e tratamento: as técnicas mais comumente utilizadas são: 
1. Soroaglutinação microscópica (MAT): É o teste sorológico mais utilizado na rotina clínica e indicado como teste de referência pela Organização Mundial de Saúde (OMS). A base diagnóstica do MAT é formada pela reação de aglutinação entre os anticorpos presentes no soro dos pacientes e o antígeno-O dos LPS de membrana de vários sorovares de Leptospira spp.
2. ELISA – IgM: teste bastante sensível, específico, rápido e com facilidade de execução. Também chamado antígeno gênero-específico, geralmente é utilizado para detectar anticorpos da classe IgM. Apesar de ser bastante empregado, o teste apresenta sensibilidade e especificidade menores quando comparado com o MAT.
3. PCR: Baseia-se na detecção e amplificação do DNA de Leptospira sp. de diversos tecidos ou fluidos corpóreos, tais como amostras de sangue, urina e fluido cérebro-espinhal, para diagnóstico antes ou após a mor te do animal.
4. Isolamente do bactéria: O isolamento do agente pode ser feito a par tir de amostras clínicas de animais suspeitos ou de material coletado após a mor te (órgãos e tecidos). Os meios de cultivo das leptospiras são líquido, semi-sólido ou sólido.
5. Tratamento: O tratamento preconizado da leptospirose é baseado em antibioticoterapia específica e tratamento de supor te diante de possíveis complicações do quadro clínico. A penicilina e seus derivados são o antibiótico de escolha para a fase de leptospiremia, embora não elimine o estado por tador. A doxiciclina é recomendada tanto para a terapia inicial quanto para a eliminação do estado portador.
- Prevenção e controle: A ineficácia ou inexistência de rede de esgoto e drenagem de águas pluviais e a coleta de lixo inadequada são condições favoráveis à alta endemicidade e a ocorrência de epidemias. A vacinação dos cães com vacinas contendo bacterinas específicas da região é de extrema impor tância como medida preventiva, de forma a reduzir a prevalência da leptospirose canina e evitar o estado portador. Além disso, a implementação de medidas de controle tais como investimentos no setor de saneamento básico com melhoria das condições higiênico-sanitárias da população, controle de roedores e educação ambiental auxiliaria na diminuição do potencial zoonótico desta enfermidade. Doença de notificação obrigatória.

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