Buscar

APOSTILA PENAL I - 2ª PARTE - Prof. LUCIANO-1

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 31 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 31 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 31 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ/FAP - DIREITO PENAL I – 
2ª PARTE
Professor: Luciano Costa, mestre em Direito do Estado; professor da Faculdade do Pará – FAP; professor convidado da UFPA no Curso de Especialização em Segurança Pública e Cidadania; professor da Escola de Governo – EGPA e professor do Instituto de Ensino de Segurança Pública do Pará – IESP 
 
Sr (a) aluno (a),
O presente material é apenas um resumo dos itens do programa de Direito Penal I, objetivando dá um norte do tema abordado. Importante ressaltar que ele não substitui a necessária e obrigatória leitura dos livros dos doutrinadores indicados, para que o aluno reforce e amplie seus conhecimentos e pontos de vista dos temas abordados.
UNIDADE 6 DO PROGRAMA – CONTINUAÇÃO
O caminho do crime pode ser conceituado como as etapas percorridas pelo agente para a prática de uma infração penal, que vai da cogitação à consumação. O iter criminis compreende duas etapas, sendo uma interna e outra externa.
A fase interna é compreendida pela cogitação e a fase externa, que se divide em 3 outras fases: fase de preparação, fase de execução e fase de consumação.
 Não é fase
F
 
 A FASE INTERNA DO ITER CRIMINIS: COGITAÇÃO 
  
É fase em que o agente idealiza o cometimento da infração penal, mas sem externá-los por meio de ações. Como se trata apenas de pensamentos, não pode ser alcançado pelo Direito Penal. É possível a cogitação ser dividida em 3 momentos: 1- idealização: o agente tem a idéia de praticar a infração penal; 2- deliberação: o agente analisa as vantagens e desvantagens da provável prática do crime;
3- resolução: o agente decide pela prática da infração penal.
  FASE EXTERNA DO ITER CRIMINIS 
 
Esta compreende 3 etapas: preparação; execução e consumação.
 
1- ETAPA OU FASE DA PREPARAÇÃO: também chamada de atos preparatórios, corresponde aos atos necessários à prática da infração penal, em que o agente se municia dos objetos ou prepara situações para propiciar o cometimento do crime planejado. Esta etapa vai além da cogitação, mas não deve iniciar a realização do tipo penal. São considerados atos preparatórios, por exemplo:
 a compra de uma arma para a prática de um homicídio ou roubo; a construção de um cativeiro para abrigar um seqüestrado; a contratação de pistoleiro para morte de um desafeto, etc.
Os atos preparatórios, geralmente, não são puníveis, nem mesmo na forma tentada, pois o artigo 14, II, o legislador vinculou a punição da tentativa quando já tiver dado início aos atos executórios do crime.
Excepcionalmente, o legislador penal autoriza a punição dos atos preparatórios, mas somente nas hipóteses em que se optou por incriminá-lo de forma autônoma. Tal ocorre com os crimes de fabrico, fornecimento, aquisição, posse ou transporte de explosivos ou gás tóxico – art. 253; o crime de quadrilha ou bando –art. 288 e petrechos para fabricação de moeda – art. 291, todos do CP.
  
2- ETAPA OU FASE DA EXECUÇÃO: também conhecida por ato executório, é aquela em que o agente inicia a agressão ao bem jurídico, realizando o núcleo do tipo penal. Neste fase, o agente poderá ser punido pela tentativa, já que deu início ao crime.
Exemplos: disparar a arma de fogo contra a vítima de assalto; iniciar os atos para provocar aborto em uma gestante; ficar emboscado para atirar em alguém.
TRANSIÇÃO DOS ATOS PREPARATÓRIOS PARA OS ATOS EXECUTÓRIOS 
É um dos mais difíceis temas do direito penal moderno. Há duas teorias sobre o assunto: 
1- TEORIA SUBJETIVA: os teóricos da corrente sustentam que não existe tal passagem, sendo que relevante é a vontade do agente, que está presente tanto nos atos preparatórios quanto nos executórios.
Esta teoria está em desuso.
2- TEORIA OBJETIVA: dizem os seus teóricos que o início da execução contem obrigatoriamente atos que principiem a concretização do tipo penal. Esta teoria é a adotada pelo Código Penal brasileiro e sustentada pela doutrina pátria. É imprescindível a exteriorização de atos idôneos e inequívocos para a concretização do crime.
Mas dentro da teoria objetiva, existem correntes, dentre as quais se destacam:
a- Teoria objetivo-formal: firma posição no sentido de que ato executório é aquele que inicia a realização do tipo penal. É teoria preferida pela doutrina pátria.
Exemplo: em um homicídio, o agente faz um disparo em direção à vitima, iniciando a conduta do artigo 121 do CP. 
b- Teoria da hostilidade ao bem jurídico: nesta corrente, os atos executórios são aqueles que atacam o bem jurídico, enquanto os atos preparatórios não caracterizam afronta ao bem jurídico. No Brasil seguem esta teoria Nelson Hungria e José Frederico Marques.
c- Teoria objetivo-material: os atos executórios são aqueles em que se inicia a prática do núcleo do tipo, e também os imediatamente anteriores ao início da conduta típica, valendo-se o juiz do critério de um terceiro observador, que está alheio aos fatos. É a teoria adotada pelo Código Penal portuquês.
d- Teoria objetivo-individual: para esta, os atos executórios não são apenas os que dão inicio ao tipo penal, atacando o bem jurídico, mas também aqueles praticados imediatamente anteriores, desde que se consiga provar o plano concreto do autor. É a teoria defendida pelos juristas Raul Zafaroni e José Pierangeli.
A diferença entre as teorias objetivo-material e objetivo-individual é que esta última, não se vale do critério do terceiro observador. Nesta teoria, procura-se provas no plano concreto do agente, sem ajuda externa.
ANÁLISE DE CASO SOB VISÃO DAS TEORIAS ACIMA ESTUDADAS 
João, pretendo matar Lúcio, se dirige para as proximidades da casa dele, fica esperando no interior de seu carro. Em seguida, quando Lucio aparece na varanda, João saca sua pistola e faz pontaria, porém, não dispara a arma. 
  
1- Sob o manto das teorias objetivo-formal e da hostilidade ao bem jurídico, só constituiria ato executório se Pedro tivesse feito o primeiro disparo da arma de fogo, considerando que somente o disparo poderia atacar o bem jurídico “vida” de Lúcio, mesmo que errasse o alvo. 
Estas duas teorias sofrem críticas por que são muito restritivas, punindo somente os atos idôneos para atingir o resultado almejado. Desprezam os atos imediatamente anteriores, que são também perigosos ao bem jurídico, gerando muito tempo para que o agente possa cumprir o percurso do delito.
2- Sob a ótica das teorias objetivo-material e objetivo-individual, João poderia ser preso no instante em que apontou a pistola na direção de Lúcio, pois seria o momento imediatamente anterior ao disparo da arma, que poderia consumar o delito. O momento em que João aponta a arma para seu alvo, para estas teorias, não se trata de meros atos preparatórios, não se trata de querer punir a intenção do agente, mas estaria evidenciado ações e atos claros do propósito de matar Lúcio, colocando em risco a vida dele. Portanto, os atos e ações de ficar esperando no carro, sacar a arma e apontá-la em direção à vítima Lucio, constitui ato executório do crime de homicídio ou tentativa de homicídio.
Franck, pretendendo exterminar com a vida de Matrix, portando uma faca, se esconde na esquina de uma rua, planejando atacá-lo no momento em que ele passar. Quando Matrix se aproximava do local, Franck o avistou e se preparou e ficou em posição de ataque, momento em que surgiram dois policiais, que o aborda, evitando o ataque a Matrix. 
1- Ao analisar o fato acima sob a visão da teoria objetivo-individual, Franck poderia ser preso em flagrante delito, pois o momento imediatamente anterior ao ataque a Matrix, caracteriza o crime de tentativa de homicídio, pois existe provas do plano concreto do autor, vale dizer, porte da faca, escondido na esquina e posição de ataque.
2- Já para os defensores da teoria objetivo-formal,neste caso, o autor ainda não havia iniciado a execução da conduta típica do homicídio, e portanto, ele estava apenas em atos preparatórios, não podendo ser preso em flagrante delito, e logicamente, não poderia responder pela tentativa de homicídio.
  
 Teoria sobre distinção entre atos preparatórios e executórios 
 SHAPE \* MERGEFORMAT ���
3- ETAPA OU FASE DA CONSUMAÇÃO 
  
Ocorre a consumação de um crime quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal, nos termos do art. 14, I do CP. Verifica-se a consumação quando o autor realiza todas as elementares descritas no preceito primário do tipo penal incriminador. 
Exemplo: no crime de furto, o crime se consuma quando o autor retirar da esfera de vigilância do proprietário ou possuidor, uma coisa alheia móvel. 
 EXAURIMENTO DO CRIME 
  
No campo da tipicidade penal, o exaurimento não integra o “iter criminis”, que se encerra com a consumação. Entretanto, influi no momento da dosimetria da pena, nos termos do art. 59 do CP.
Em alguns casos, o exaurimento funciona como qualificadora do crime, como ocorre com o crime do artigo 329, § 1º do CP ( crime de resistência).
Outras vezes, o legislador erigiu o exaurimento como causa de aumento de pena, como ocorre no caso do crime de corrupção passiva – Art. 317, § 1º do CP.
Na classificação dos crimes, chama-se crime exaurido ou esgotado, que se conceitua como aquele em que, posteriormente à consumação, subsistem efeitos lesivos da conduta do autor. 
Exemplo: No crime de extorsão mediante seqüestro, o recebimento do resgate torna-se desnecessário para a consumação do crime, pois já se consumou com a privação da liberdade da vítima. O recebimento do resgate, é apenas do exaurimento. 
 SHAPE \* MERGEFORMAT ����� SHAPE \* MERGEFORMAT ���
 TENTATIVA – Art. 14, II do CP 
 
Também é conhecida como “conatus”, crime imperfeito ou crime incompleto.
Conceitualmente, a tentativa é o início da execução de um crime que não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do autor. A tentativa necessariamente tem atos de execução praticado pelo agente. 
 
 ESTRUTURA DA TENTATIVA 
 
Três elementos integram a tentativa: 1- início de execução do crime; 2- ausência de consumação por circunstâncias alheias à vontade do agente; 3- dolo de consumação. 
O dolo da tentativa é igual ao dolo da consumação, que não se realizou por forças estranhas à vontade do autor do crime.
Somente os crimes dolosos admitem a tentativa.
 NATUREZA JURÍDICA DA TENTATIVA 
A tentativa não existe por si só, pois necessita sempre de um tipo penal incriminador previsto na parte especial do Código. A adequação típica de um crime tentado é por subordinação mediata, ampliada ou por extensão, já que a conduta não se enquadra diretamente no tipo penal incriminador, precisando da complementação do art. 14, II do CP. A norma que define a tentativa é uma norma de extensão ou de ampliação da conduta do agente. 
Exemplo: para enquadrar uma pessoa na tentativa de furto, precisa-se da definição do crime consumado – Art. 155, caput – mais a regra da tentativa do art. 14, II. 
  
 TEORIA ADOTADA PELO CÓDIGO PENAL NA TENTATIVA 
O nosso CP, acolheu como regra, na tentativa, a Teoria objetiva, realística ou dualista, quando determina que a pena da tentativa deve ser a pena do crime consumado, porém, reduzido de 1 a 2/3.
Nesta teoria, a tentativa deve ser punida com pena inferior à do crime consumado, pois o bem jurídico não foi atingido na sua integralidade.
Como exceção, admite-se a teoria subjetiva, voluntarista ou monista, contida na expressão “salvo disposição em contrário”, no art. 14, § único.
Nesta teoria, o legislador valoriza a intenção criminosa do agente, pois o que importa é o desvalor da ação, e não o desvalor do resultado.
Há casos, em que os crimes tentados têm penas iguais aos crimes consumados, como por exemplo, o crime do art. 352 do CP – evasão mediante violência contra a pessoa, em que o preso, quando se evade ou tenta se evadir da prisão, recebe igual punição.
 ESPÉCIES DE TENTATIVA 
O gênero tentativa comporta a seguinte divisão: 1- tentativa branca ou tentativa incruenta; 2- tentativa vermelha ou cruenta; 3- tentativa perfeita ou acabada ou crime falho; 4- tentativa imperfeita ou inacabada.
1- Tentativa branca ou incruenta: nesta espécie, o objeto do crime não é atingido pela conduta do autor. Recebe essa denominação por que relaciona-se com a tentativa de homicídio em que não se produzem ferimentos na vítima.
Exemplo: A atira em B, porém, não causou ferimentos no corpo da vítima. 
2- Tentativa vermelha ou cruenta: Aqui o objeto material é atingido pela conduta do agente, causando-lhe ferimentos no corpo, porém, é socorrido e não falece.
 
3- Tentativa perfeita, acabada ou crime falho: o agente esgota todos os meios de que dispõe para consumar o crime, porém, por forças alheias a sua vontade, não consegue consumar o crime.
Exemplo: Mika, desafeto de Paulo, de posse de uma pistola, faz 8 disparos contra ele, porém, Paulo recebimento socorro médico e sobrevive. 
  
4- Tentativa imperfeita ou inacaba: Nesta espécie, o agente inicia a execução do crime, porém, não utiliza todos os meios de que dispunha, e o crime não se consuma por circunstâncias estranhas à sua vontade. Exemplo: Pedro tem a intenção de matar Chico, e sai à sua procura, usando um revolver com 8 projeteis intactos. Ao encontrá-lo, Pedro faz 5 disparos, atingindo-o, e quando ia utilizar os projeteis, surgiram policiais e Pedro foge do local. Chico, fora socorrido e sobreviveu para contar a história. 
  
 CRIMES QUE NÃO ADMITEM O CONATUS 
Regra geral, os crimes dolosos são compatíveis com a tentativa, não importando se são formais, materiais ou de mera conduta. 
Porém, existem algumas espécies de infrações penais que não admitem o conatus, tais como:
1- Crimes culposos: por que nestes o resultado naturalístico é involuntário, não querido pelo agente.
2- Crimes preterdolosos: por que o resultado agravador é culposo, não desejado pelo agente.
Exemplo: lesão corporal seguida de morte – art. 129, § 3º do CP. 
3- Crimes unissubsistentes: é aquele em que a conduta é exteriorizada em um único ato, se consumando. Exemplo: o crime de desacato na modalidade verbal – art. 331 – em que o agente pronuncia palavras para menosprezar determinado servidor público, ao falar as palavras, o crime imediatamente se consumou. 
4- Crimes omissivos próprios ou puros: nestes crimes, o agente tem 2 opções: ou faz o que lei determina, e o tipo penal não se consuma; ou deixa de fazer o que a lei determina, e neste caso, o crime se consuma. e o admitem o conatus.
5- Crimes de perigo abstrato: são aqueles que se concretizam em um ato, não se podendo fracioná-lo. Exemplo: no porte ilegal de arma de fogo, ou o agente porta ilegal a arma, e estará o crime consumado, pois toda sociedade corre perigo, ou não porta a arma, e a conduta será atípica penalmente. 
6- Contravenção penal: não há o conatus por expressão previsão do art. 4º da Lei das Contravenções, quando afirma: “não é punível a tentativa de contravenção”.
7- Crimes habituais: são aqueles compostos pela reiteração de atos, denunciando um estilo de vida do agente. Exemplo: se uma pessoa, uma única vez, prescreve certa substância para alguém, tal conduta não caracteriza o crime de curandeirismo – Art. 284, I do CP.
  
DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E ARREPENDIMENTO EFICAZ – ART. 15 
 
Desistência voluntária é a interrupção no prosseguimento dos atos executórios de crime, feita de forma voluntária, antes da consumação, respondendo o agente somente pelos atos que já praticou. O abandono é voluntário quando ele acontece independente de impedimentos ou pressão. O agente diz a si mesmo: não quero praticaro crime, mas posso. 
Início dos
 Atos executórios desiste pode prosseguir, mas não quer
 ................................... 
 
Portanto, a desistência voluntária difere da tentativa, pois na desistência voluntária o agente interrompe o processo de execução do crime por sua própria vontade, independente de obrigação ou pressão de alguém. Já na tentativa, o agente não consumou o crime por situações outras que não depende de sua vontade.
O fundamento da desistência voluntária e do arrependimento eficaz é o estimulo para evitar a produção do resultado de crime cuja execução se iniciou, sendo possível continuar até o fim. Tem origem no direito premial, no qual o Estado concede ao agente um tratamento penal mais favorável em face da voluntária não produção do resultado em que era possível se concretizar.
A desistência voluntária é compatível com a tentativa imperfeita, pois o agente não esgotou os meios de execução de que dispunha, mas não prossegue. Assim, na desistência voluntária, o agente pode prosseguir na execução dos atos, mas diz a si mesmo, não quero. Por outro lado, se trata de tentativa imperfeita, quando o agente quer prosseguir na execução, mas diz si mesmo: não posso.
 
Exemplo de desistência: Mauro, em local ermo, atira duas vezes em seu inimigo Quico, deixando-o caído ao solo, mas ainda vivo, pois os projeteis atingiram suas pernas. Ainda com 5 projeteis no pente de sua pistola, Mauro vai embora, mesmo podendo ceifar a vida de Quico. 
  
NATUREZA JURÍDICA DA DESISTÊNCIA E DO ARREPENDIMENTO EFICAZ 
  
Sobre o assunto há 3 vertentes:
1- são causa pessoal de extinção da punibilidade: embora não prevista no art. 107 do CP, eles retiram a punição estatal no tocante ao crime inicialmente almejado pelo agente. Comungam dessa posição autores como Magalhaes Noronha, Aníbal Bruno, Nelson Hungria e Raul Zafaroni.
2- São causa de exclusão da culpabilidade: se o agente não produziu, de forma voluntária, o resultado almejado, afasta-se em relação a ele, o juízo de reprovabilidade. No entanto, o agente responderá pelo crime praticado mais brando. É posição de Claus Roxin e Welzel.
3- são causas de exclusão da tipicidade: nesta corrente afasta-se a tipicidade do crime desejado inicialmente, porém, subsiste apenas a tipicidade dos atos já praticados. É posição de Heleno Fragoso, Damásio, Basileu Garcia e Frederico Marques.
É a posição dominante na jurisprudência dos tribunais e nos concursos púbicos. 
  
 EFEITOS DO ARREPENDIMENTO E DA DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA 
  
Nos dois institutos, o efeito é o mesmo, vale dizer, o agente não responderá pela forma tentada do crime almejado, mas responderá somente pelos atos já praticados.
  
 DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA NOS CRIMES OMISSIVOS IMPRÓPRIOS 
  
Nesta espécie de crime, a desistência necessita de uma ação positiva por parte do agente, isto é, precisa que o agente faça algo mais para impedir a produção do resultado.
Exemplo: Uma mãe, almejando eliminar o filho de 8 meses, deixa de alimentá-lo por alguns dias. Quando a criança estava em estado de completa desnutrição e passando mal, ela muda de idéia, e passa a alimentar o filho, recuperando a sua saúde. 
Perceba que neste caso, em sendo crime omissivo impróprio, não basta desistir da omissão, sendo precisando agir para que o ato não venha a ocorrer.
 
A desistência voluntária não é admissível nos crimes unissubsistentes, pois a conduta não pode ser fracionada, consumando-se o crime em único ato, sendo impossível desistir da execução.
Exemplo: vilipendiar cadáver – art. 212; injuria verbal – art. 140.
 
 ARREPENDIMENTO EFICAZ 
  
Neste caso, o agente se arrepende da prática já tendo completado os atos executórios. Ele já praticou todos os atos executórios para atingir o resultado final, mas resolve interferir para evitar que o resultado ocorra.
Exemplo: Graça, com raiva da rival Maria, e pretendendo matá-la, ministra alta dose de arsênio em seu café. Minutos depois, Maria começa a passar mal, ocasião em que Graça, fica com medo e ministra um antídoto, fazendo cessar os efeitos do veneno. 
  
início dos 
atos executórios fim dos atos executórios
 arrepende-se
 ................................ 
 evita a consumação do crime
O arrependimento deve ser eficaz, ao ponto de impedir que o resultado ocorra. Mesmo arrependido, se a ação do agente não conseguir evitar que o resultado se produza, ele responderá pelo crime sem qualquer benefício na isenção da pena.
COMUNICABILIDADE DA DESISTÊNCIA E DO ARREPENDIMENTO EFICAZ 
Os efeitos da desistência voluntária ou do arrependimento eficaz são comunicáveis no caso de concurso de pessoas? Ou seja, caso o autor desista voluntariamente ou se arrependa eficazmente de praticar o crime, essa condição se comunica ao participe do crime?
O tema é polêmica, existindo duas correntes:
1ª corrente – Heleno Fragoso sustenta manutenção da responsabilidade do partícipe no tocante à tentativa abandonado pelo autor do crime;
2ª corrente: Nelson Hungria sustenta o caráter objetivo e subjetivo da desistência voluntária e do arrependimento eficaz, dizendo que se o autor desiste ou se arrepende eficazmente do cometimento do crime, tal fato também se comunica ao participe, excluindo-o da responsabilidade penal.
Exemplo: Sergio contrata Celso para eliminar a vida de Jorge. Na data e local ajustados, Celso desiste voluntariamente de matar Jorge, mas contra a vontade de Sérgio. Pergunta-se: a desistência de Celso se comunica ao autor Sergio? 
Neste caso, Celso, que seria o executor, não responderá por tentativa de homicídio, pois voluntariamente desistiu da empreitada, mas responderá pelos atos praticados anteriormente. Por outro lado, o mandante do crime, Sergio, como não desistiu, responderá por tentativa de homicídio, como autor intelectual do crime.
DISTINÇÃO ENTRE DESISTÊNCIA, ARREPENDIMENTO EFICAZ E TENTATIVA 
  
Desistência voluntária: o agente cessa a sua atividade executória por sua própria vontade, sem sofrer imposição ou pressão;
Arrependimento eficaz: o agente, embora já tenha praticado todos os ato de execução do crime, estando esperando apenas o resultado final, mas arrepende-se e age para evitar que o resultado se produza
Tentativa: nesta o agente quer ver o resultado se concretizar, mas este resultado não se realiza por fatores estranhos à sua vontade.
 
 ARREPENDIMENTO POSTERIOR – ART. 16 CP 
É causa pessoal de redução da pena que ocorre quando o autor de um crime praticado sem violência ou grave ameaça à pessoa, voluntariamente restitui a coisa ou repara o dano provocado por sua conduta até o recebimento da denúncia ou queixa.
 
 NATUREZA JURÍDICA 
Trata-se de causa pessoal de diminuição de pena e alcança qualquer tipo de crime que com ele seja compatível.
  FUNDAMENTO 
O arrependimento posterior possui 2 fundamentos: 1- proteção da vítima: deve ser amparada quanto aos danos sofridos; 2- incentivo ao arrependimento do autor do crime: o agente se mostra preocupado com as conseqüências de seu ato.
REQUISITOS DO ARREPENDIMENTO POSTERIOR 
 
1- Crime praticado sem violência ou grave ameaça à pessoa;
2- Reparação do dano ou restituição da coisa;
3- A reparação do dano ou a restituição da coisa deve ocorrer até o recebimento da denúncia ou da queixa.
 
RECUSA DA VÍTIMA EM ACEITAR A REPARAÇÃO DO DANO OU A RESTITUIÇÃO DA COISA 
Se a vítima se recusa a aceitar a reparação do dano ou a restituição da coisa, o autor do crime não pode ficar privado da redução da pena se preencher os requisitos legais.
 
 CRIME IMPOSSÍVEL –ART. 17 CP 
  
É aquele que, pela ineficácia total do meio empregado ou pela impropriedade absoluta do objeto material, é impossível consumar-se.
É também denominado de tentativa inidônea, impossível, inútil ou quase-crime.
Exemplos: atirar contra um cadáver, imaginando que ainda estivesse viva. (absoluta impropriedade do objeto).
João pretendo matar Nelson, atira, porém, a arma estava desmuniciada. (meio absolutamente ineficaz)
 NATUREZA JURÍDICA 
 
Trata-se causa de exclusão da tipicidade.
TEORIA ADOTADA PELO CÓDIGO PENAL SOBRE O CRIME IMPOSSÍVEL 
  
O nosso Código Penal adotou a teoria objetiva por que, objetivamente não há perigo para a coletividade. Assim, o agente não será punido por absoluta ineficácia do meio empregado ou total impropriedade do objeto material (a coisa).
  ESPÉCIES DE CRIME IMPOSSÍVEL 
1- Crime impossível por ineficácia absoluta do meio: ocorre quando, o meio de execução utilizado pelo agente é incapaz de produzir o resultado danoso.
Exemplo: Marta quer eliminar a vida de João, e no café da manhã, coloca em seu sulco açúcar, imaginando fosse arsênio. 
Neste caso, o fato atípico penalmente, por que o meio empregado para a prática do crime é absolutamente inidôneo para causar a morte.
2- Crime impossível por impropriedade absoluta do objeto: o objeto é a coisa ou pessoa sobre a qual recai a conduta do agente, que deve ser absolutamente impróprio para a praticar do crime.
Exemplo: o agente faz aborto imaginando que a mulher está grávida, que na verdade, não está. 
  
Para que haja crime impossível, é preciso que a ineficácia do meio ou a impropriedade do objeto sejam absolutas, pois se forem relativas, haverá tentativa.
 
Há ineficácia relativa do meio quando, mesmo sendo o meio eficaz à produção do resultado, este não ocorre por circunstâncias alheias à vontade do agente. 
Exemplo: Pita pretende matar Celso, e faz um disparo de arma de fogo, mas a arma, por defeito do projétil, nega fogo. 
Existe impropriedade relativa do objeto quando: 1- uma condição acidental do objeto neutraliza a eficácia do meio usado para produzir o resutado.
Exemplo: A quer matar B, atira em direção ao coração. O projétil atinge o bolso da camisa, sendo desviado por um isqueiro que lá estava. 
Neste caso, A responderá por tentativa de homicídio.
2- presente o objeto material na fase inicial da conduta do agente, vem a ausentar-se no momento do ataque. 
Exemplo: O agente querendo matar seu inimigo, sabendo que ele está dormindo em seu quarto, faz disparos de pistola em direção à cama, sendo que segundo antes, seu inimigo por um acaso fora na cozinha beber água. 
  
ILICITUDE – UNIDADE 7 - OUTUBRO
É a conduta humana que contraria o interesse social protegido pela norma penal, capaz de lesionar um bem jurídico.
Teorias de sustentação da ilicitude
1-Teoria objetiva: sustenta que o fato típico é antijurídico independente do agente ser dotado de capacidade para entender e avaliar o caráter criminoso da sua conduta. Nesta, os loucos, os menores, os silvícolas aculturados cometem crime, embora esteja ausente a culpabilidade (dolo ou culpa). Assim, os inimputáveis praticam condutas ilícitas, isto é, contrários ao direito, ao ordenamento jurídico.
O nosso código penal adota a teoria objetiva.
Exemplo:Um deficiente mental que mata outra pessoa, pratica conduta ilícita (contrária ao ordenamento jurídico), embora não possa se impor a ele uma pena.
Todo fato penalmente ilícito é necessariamente, típico.
2-Teoria subjetiva: esta teoria afirma que a proibição contida na lei penal somente se dirige aos imputáveis, pois só eles têm capacidade para entender as proibições da lei penal. Confunde ilicitude (fato contrário à lei) com culpabilidade (é um juízo de reprovabilidade para a imposição de pena).
CAUSAS DE EXCLUSÃO DA ILICITUDE – ART. 23 CP
Para identificar uma causa de exclusão de ilicitude o legislador usa a expressão “não há crime”, na parte geral, ou a expressão “isento de pena” ou expressão análoga. Elas se encontram no art. 23 da parte geral ou na parte especial do código, em artigos específicos, tais como art. 128, 142, 146, § 3º, I e II, 156, § 2º, dentre outros.
Registre-se ainda que existe excludentes de ilicitude de cunho extrapenal, como por exemplo, o constante da lei nº 6.538/1978 (lei do serviço postal), na qual consta que o serviço postal pode abrir cartas com conteúdo suspeito, sendo tal ato um exercício regular de direito.
CAUSAS SUPRALEGAIS DE EXCLUSÃO DA ILICITUDE
A criação de causas supralegais de exclusão da ilicitude não ofende o princípio da reserva legal, pois seria impossível exigir do legislador a relação exaustiva de todas as causas de justificação.
O CONSENTIMENTO DO OFENDIDO
Esta é a principal causa supralegal de exclusão de ilicitude e para ser eficaz, ela tem que obedecer aos requisitos seguintes:
1- consentimento expresso: deve ser oral ou escrito;
2- não pode haver coação, ameaça, paga ou promessa de recompensa para a sua obtenção, observando-se o consentimento livre;
3- é preciso que seja moral e respeite os bons costumes vigentes;
4- o consentimento deve ser manifestado previamente à consumação da crime, pois se ocorrer posteriormente ao crime, não afasta a ilicitude;
5- o ofendido deve ser plenamente capaz para consentir.
O consentimento válido fica restrito aos crimes em que o único titular do bem jurídico é a pessoa que consente e pode dispor livremente dele. Os crimes elencados são:
1- crimes contra o patrimônio; 2- crimes contra a integridade física; 3- crimes contra a honra; 4- crimes contra a liberdade individual.
A ação realizada dentro dos moldes do princípio da adequação social também estão amparadas pelo conceito de causa excludente de ilicitude supralegal.
ESTADO DE NECESSIDADE
Age em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual, quem não provocou por sua deliberação, nem podia de outro modo evitar, a direito próprio ou de terceiro, cujo sacrifício nas circunstancias, não era razoável exigir-se. Somente alcança quem não tem o dever profissional de enfrentar o perigo.
REQUISITOS
1- situação de perigo atual: é aquela que se está se verificando no momento em que o agente sacrifica o bem protegido.
2- o perigo deve ameaçar direito próprio ou de terceiro: o bem a ser salvo tem que está protegido pelo ordenamento jurídico. Caso não esteja, não se pode alegar estado de necessidade.
Para defender direito de terceiro que esteja em perigo, o agente não precisa de prévia autorização para agir, na medida em que esse autorização está implícita no senso comum.
3- o perigo não pode ser causado de forma voluntária pelo agente: o legislador quis que não pode alegar estado de necessidade aquele que cria uma situação dolosa para depois alegar estado de necessidade. Quem cria situação de perigo de forma culposa, poderá alegar estado de necessidade.
4- inexistência do dever de enfrentar o perigo: significa que o agente deve tentar salvar o bem jurídico ameaçado sem prejudicar outro bem jurídico, mesmo que corra riscos inerentes a sua função. Pode, entretanto, ocorrer situação perigosa em que o salvamento torna-se impossível e o risco é muito grande. Não se exige da pessoa encarregada de arrostar o perigo ato de heroísmo ou abdicação de direitos.
Exemplo: o policial que tem o dever de enfrentar o perigo, em certa situação irracional em que existem muitos bandidos armados e um só policial em evidente desvantagem, a lei não lhe exige que ele sacrifique a sua vida.
Bombeiro que, em um incêndio de grandes proporções, avaliou a situação e recusou-se a entrar no imóvel para salvar outra pessoa, sua conduta está plenamente justificada e ele não pratica o crime de omissão de socorro.
 EXEMPLOS DE ESTADO DE NECESSIDADE
1- Pedro, caminhava por uma rua, quando foi atacado por umcachorro da raça pitibu. Como portava arma de fogo, atirou e matou o aninal. 
Não poderá ser processado pelo crime de dano, pois agiu em estado de necessidade defensivo.
2- Almenabar, vendo que uma pessoa estranha está gravemente ferida em razão de bala perdida, e percebendo que ambulância está demorando muito, resolve tomar a força o carro de outra pessoa, e leva o ferido para o hospital, que veio a salvar-se.
Neste caso, Almenabar não será condenado pelo crime roubo, pois atuou em estado de necessidade	 para salvar a vida de terceiro.
3- Três sobreviventes de um naufrágio estão em ilha sem alimento ou água. Após dez dias sem alimentos, fracos e desnutridos, dois deles resolveram matar o terceiro para alimentar-se e sobreviver por mais alguns dias e assim, o fizeram.
Neste caso, os dois sobreviventes não responderão por homicídio, pois agiram em estado de necessidade.
LEGÍTIMA DEFESA – Art. 25
Consiste em repelir injusto ataque ou agressão, atual ou iminente, a direito próprio ou de terceiro, usando moderadamente dos meios necessários.
Para caracterizar a legítima defesa são necessários que o fato apresente os seguintes requisitos:
1- agressão injusta: não se exige que a agressão seja necessariamente um crime, podendo ser a proteção da posse (art. 1.210 do CC), ou dano culposo, ou furto de uso, etc.
Admite-se a repulsa da agressão por parte de inimputáveis, pois ela independe da capacidade do agente agressor.
2- agressão atual ou iminente: atual é a que está em curso no momento da reação defensiva, e esta deve ser imediatamente ou durante a agressão.
 Nos crimes permanentes é possível a agressão defensiva a qualquer tempo, pois a conduta se protrai no tempo.
Agressão iminente é a que está para acontecer a qualquer instante, e admite-se a repulsa desde já, pois o agente não está obrigado a esperar a aconteça a agressão para reagir.
Não se admite a reação a agressão passada ou futura.
3- defender direito próprio ou de terceiro: poderá ocorrer que o agente defenda direito dele mesmo ou de terceira pessoa.
Pode ocorrer que na legítima defesa de terceiro, a conduta poderá dirigir-se contra o próprio terceiro defendido, e neste, o agredido é ao mesmo tempo, também o defendido.
Exemplo: Para evitar que Ébolos se suicide, Manoel o agride.
4- usar dos meios necessários para repelir: são aqueles menos lesivos que estão a disposição do agente no momento da reação. Há que se aquilatar também a proporcionalidade entre a agressão e a repulsa.
Exemplos: Um ladrão, tenta furtar o relógio de um paraplégico, que está em sua cadeira de rodas. Não tendo outro meio para defender-se, ele atira e fere o ladrão, recuperando o seu relógio.
Um homem com porte físico alto e musculoso, espanca outro com porte de pequena estatura e raquítico. Diante da agressão e da desproporção de físico, o homem raquítico faz usa de sua arma de fogo, ferindo gravemente o agressor.
5- usar os meios de forma de moderada: o uso moderado dos meios de que dispõe o agente é de suma importância para caracterizar a legítima defesa. Afastada a moderação, deve-se pesquisar se houve excesso na legítima defesa.
O EXCESSO NA LEGÍTIMA DEFESA
É a reação desnecessária de uma ação inicialmente justificada, deixando de existir a excludente, e neste caso, o agente passa a responder pelas lesões causadas.
O excesso na legítima defesa pode ser doloso ou culposo.
O excesso doloso ocorre quando o agente, ao se defender da injusta agressão, usa meios desnecessários para defender-se, ou age de forma imoderada na defesa, tendo plena consciência do ato.
Exemplo: Balalayka, após ser agredido com um soco por Madson, reage inicialmente, com um tiro na perna de Madson, que o imobiliza. Insatisfeito, prossegue e dispara mais dois outros tiros, causando grave lesão na mão do agressor.
Neste caso, o agente agredido, que inicialmente estava em legítima defesa, perde a razão e responderá pelo excesso, isto é, responderá por lesões corporais de natureza grave.
No excesso culposo, o agente agredido, por temor, emoção ou nervosismo provocado pela agressão injusta, parte para atacar o agressor, mesmo já o tendo dominado, porém, não tinha a intenção de provocar a lesão ou a morte. Porém, houve uma falsa interpretação da realidade naquele momento de tensão. 
LEGÍTIMA DEFESA PUTATIVA
É aquele em que o agente, por erro, acredita que está sendo atacado de forma injusta, atual ou iminente, a direito seu ou de terceiro.
Exemplo: Antônio foi jurado de morte por Pedro. Em certa noite, ao se encontrarem na rua, Pedro coloca no bolso da calça para tirar a cigarros. Antônio, acreditando que ele ia pegar uma arma para mata-lo, saca a sua e atira contra Pedro. Durante o tramitar das investigações policiais, descobre-se que Pedro estava desarmado e que naquele momento ia apenas pegar a carteira de cigarros.
Então, Antônio estava em legítima defesa putativa, pois imaginava, pelo quadro circunstancial, que Pedro iria matá-lo. Não será condenado.
LEGÍTIMA DEFESA E ABERRATIO ICTUS	
1- um agente para se defender de uma injusta agressão, atira e erro o alvo, atingindo outra pessoa, matando-a. 
Trata-se de legítima defesa com aberratio ictus, e agente não será condenado pois agiu para se defender.
 ESTRITO CUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL – ART. 23, III
É a realização de um fato típico no desempenho de uma obrigação imposta por lei, que afasta a ilicitude de agente.
Exige-se que o agente se comporte dentro do que determina a lei, fora da qual não se pode falar em excludente de ilicitude.
Dever legal significa toda e qualquer obrigação direta ou indiretamente decorrente de lei. Pode ainda este dever constar de decreto, regulamento ou qualquer outro ato administrativo ou sentença judicial.
A excludente alcança servidores públicos ou agentes políticos, bem como o particular que exerce função pública, como mesários da Justiça Eleitoral, jurados, peritos designados pela Justiça.
 EXEMPLOS DE ESTRITO CUMPRIMENTO DE DEVER LEGAL
1- policial que prende cidadão em flagrante delito ou por ordem judicial.
2- o carrasco que aplica a injeção letal ou liga a chave da cadeira elétrica no caso de condenados a pena de morte.
3- Oficial de justiça, que cumpre ordem judicial de penhora de bens.
4- policial que cumpre ordem judicial de despejo de imóvel.
5- cidadão que prende outro em flagrante delito.
EXERCÍCIO REGULAR DE DIREITO – ART. 23, III
Consiste no exercício de uma prerrogativa constante de lei e que é caracterizada como fato típico. Fundamenta-se na permissão do Estado e no consentimento válido do agente.
O exercício regular de direito abrange todas as formas de direito subjetivo, penal ou extrapenal. Assim, o direito do pai que corrige o filho, deriva do artigo 1.634, I do Código Civil. As práticas esportivas, as multas, fechamento de estabelecimentos comerciais e outras punições aplicadas pelos órgãos de fiscalização sanitária.
EXEMPLOS DE EXERCÍCIO REGULAR DE DIREITO
1- médico que procede a uma cirurgia; enfermeira que aplica uma injeção.
2- lutador de boxe que lesiona outro em um lance do esporte; jogador de futebol que machuca outro numa determinada jogada.
3- aquele que tem a sua propriedade invadida possui o direito de expulsar os invasores;
4- a gestante tem o direito de fazer aborto que a gravidez resulta de estupro;
5- o advogado tem o direito profissional de criticar o trabalho do delegado de polícia, do juiz de direito e do promotor de justiça, mas sem excessos;
6- qualquer pessoa tem o direito de colocar ofendículos em seu imóvel, desde dentro das normas legais;
7- aquele que fez benfeitorias em imóvel alugado, possui o direito de retenção enquanto não for ressarcido pelas benfeitorias.
OFENDÍCULOS
São obstáculos ou meios empregados para impedir ofensa a bens jurídicos. 
Exemplos:
Cachorros, cacos de vidro no muro, maçanetas eletrificadas, cercas elétricas, pontasde ferro nos portões, arame farpado, alarme eletrônico, defesa mecânica predisposta (arma que dispara quando se abra porta ou janela).
Alguns doutrinadores não consideram a defesa mecânica predisposta como ofendículo, já ela fica geralmente oculta, como se fosse uma armadilha e sem qualquer aviso de perigo.
Já câmera de vídeo não é ofendículo porque não visa impedir eventual ofensa a bem jurídico, mas apenas comprovar essa ofensa.
A eletrificação de cerca de uma residência constitui exercício regular de direito, e portanto, cria um risco autorizado e permitido para terceira pessoa. E quem cria riscos permitidos não pratica crime, e assim, não há desaprovação da conduta.
Se uma cerca elétrica é colocada dentro do que determina a lei, e portanto, não cria risco proibido, e uma criança a procura de sua bola vem a falecer, o proprietário por nada responderá, pois está no seu exercício regular de direito, defendendo a sua propriedade, de acordo com o artigo 1.210, parágrafo primeiro do CC.
 
 CULPABILIDADE –Prof. Msc. LUCIANO
 CONCEITO ANALÍTICO DE CRIME
 
 TEORIA CAUSALISTA : sistema tripartido
 CRIME=FATO TÍPICO + ILÍCITO + CULPÁVEL(dolo+culpa)
 TEORIA FINALISTA DA AÇÃO
 2 correntes: conceito tripartido e bipartido
 
CRIME=fato típico+ilícito+culpável (dolo e culpa são retirados da culpabilidade e transferidos para a conduta)
 
A culpabilidade continua sendo elemento do crime, porém, esvaziada de dolo e culpa.
 Conceito bipartido
CRIME= fato típico+ilícito (culpabilidade deixa de ser elemento do conceito de crime, e passa a ser pressuposto da aplicação de pena) 
 CONCEITO DE CULPABILIDADE
É o juízo de censurabilidade e reprovação exercido sobre alguém que praticou um crime, isto é, a possibilidade de se considerar alguém culpado pela prática de uma infração penal.
É pressuposto para a imposição de pena por que, sendo um juízo de valor sobre o autor de um crime, está fora dele. Antes de chegar ao exame da culpabilidade, primeiro se constata se o fato é típico e depois, se ele é ilícito. Só depois dessas etapas, é que se verifica a culpabilidade. Portanto, a culpabilidade não é elemento do crime, mas sim, pressuposto de imposição de pena. Enfim, é o desvalor da conduta do autor de um crime.
É a culpabilidade que diferencia a conduta da pessoa normal e apta ao convívio social da conduta de pessoa portadora de doença mental. As primeiras, têm possibilidade de saber o que estão praticando, e portanto, evitar de praticar um ilícito penal. Já as segundas, não possuem esse discernimento, e portanto, não praticam crime.
 ELMENTOS DA CULPABILIDADE
A teoria normativa pura da culpabilidade parte do pressuposto de que o fim da conduta (intenção), é inseparável da própria ação. Ela não se reveste da característica psicológica, mas é um puro juízo de valor. Portanto, a culpabilidade possui os seguintes elementos:
1- imputabilidade 2- potencial consciência da ilicitude 3- exigibilidade de conduta diversa. 
 TEORIA NORMATIVA PURA DA CULPABILIDADE
É a teoria mais recente, sendo adotada pelos finalistas. Os seus idealizadores partem do pressuposto de que o fim da conduta, como elemento da ação, é inseparável da própria ação. É a teoria adotada pelo nosso CP.
Ora, a retirada do dolo não implica somente na eliminação da culpabilidade, mas elimina o fato típico propriamente dito, pois o fim da conduta (vontade de praticá-la) está tão vinculada a esta, de forma que, face a inobservância de uma, a outra, sequer existirá.
Para esta teoria, a culpabilidade é um puro juizo de valor, puramente normativo, não tendo qualquer elemento psicológico. 
 Assim, na teoria normativa pura, o dolo e a culpa foram retirados do juízo de reprovação social, e passaram a pertencer a conduta. 
Com o acolhimento da teoria normativa pura para os seguidores do teoria finalista, o conceito análitico de crime, passa a ser composto elementos seguintes:
 Crime= fato típico + ilícito + culpável 
 
 1- imputabilidade 
 2- potencial consciência da ilicitude 
 3- exigibilidade de conduta diversa 
 CAUSAS EXCLUDENTES DA CULPABILIDADE
 
São também chamadas de causas exculpantes, dirimentes ou eximentes, e uma vez reconhecidas, isentam de pena o autor de um crime.
São causas legais de exclusão da culpabilidade:
 1- imputabilidade;
 2- exigibilidade de conduta diversa;
 3- potencial consciência da ilicitude.
 CONCEITO DE IMPUTALIDADE
Imputabilidade penal é a capacidade psiquica da pessoa de entender o que lei determina que se faça e possa cumprir pena. Para que se possa dizer que uma conduta é dotada de culpabilidade (reprovação), é necessário que o agente tenha a capacidade psíquica de entender o que a lei determina e possa cumprir uma sanção. 
 
Imputável é o “sujeito mentalmente são e desenvolvido que possui a capacidade de saber que sua conduta contraria os mandamentos da ordem jurídica". 
 CRITÉRIOS PARA AFERIR A INIMPUTABILIDADE
De acordo com o art. 26 do CP, a imputabilidade é a regra, sendo a exceção a inimputabilidade. Para aferir a inimputabilidade, a legislação brasileira utiliza o critério biopsicológico.
 CRITÉRIO BIOPSICOLÓGICO
 
É a junção dos critérios anteriores e consiste, em primeiro lugar, na verificação se o agente apresenta doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado. Em caso negativo, não é inimputável. Caso positivo, será necessário analisar se o indivíduo era capaz de entender o caráter ilícito do fato ao tempo da ação. 
Será inimputável se não tiver essa capacidade. É o adotado pela lei brasileira, como regra, e como exceção, o critério biológico, no caso de menores de 18 anos.
 CAUSAS EXCLUDENTES DA IMPUTABILIDADE 
Também chamadas de causas de inimputabilidade, o Código Penal Brasileiro, em seus artigos 26, caput e 28, §1º, prever quatro causas de exclusão de imputabilidade, e por conseqüência excluem a culpabilidade. São elas: 
a) doença mental;
b) desenvolvimento mental incompleto ou retardado; 
c) menor idade; 
d) embriaguez acidental completa, proveniente de caso fortuito ou forca maior e embriaquez patológica. 
A) imputabilidade por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado:
Previstas pelo artigo 26 do CP, a doença mental, o desenvolvimento mental incompleto e o desenvolvimento mental retardado, enquanto motivos que excluem a imputabilidade, e conseqüentemente, a culpabilidade, são situações absolutamente diferentes uma das outras e merecem ser analisadas em separado.
A doença mental deve ser entendida como perturbação mental ou psíquica de qualquer ordem, capaz de eliminar ou afetar a capacidade de entender o caráter criminoso do fato ou a de comandar a vontade de acordo com esse entendimento. 
Para que haja exclusão da imputabilidade por doença mental é necessário que esta tenha o condão de eliminar a capacidade de entender e de querer do indivíduo, características principais daquele elemento da culpabilidade. Se a doença mental não comprometer essa capacidade, certamente que a imputabilidade não será excluída. 
A expressão em análise abrange, dentre outras doenças, as psicoses em geral, a esquizofrenia, a loucura, a histeria, a paranóia, a epilepsia etc .
Alguns doutrinadores, costumam afirmar que a doença mental pode ser, ainda, permanente ou transitória, levando em consideração o tempo em que a doença afeta o indivíduo. O essencial é que a doença subsista no momento daprática da conduta criminosa, podendo, inclusive, ter origem tóxica, como no caso de ingestão de álcool, cocaína, etc. 
Refere-se o Código Penal, ainda, em desenvolvimento mental incompleto, como a segunda causa de exclusão da imputabilidade. O desenvolvimento mental incompleto é aquele que ainda não se concluiu, devido à recente idade cronológica do agente ou a sua falta de convivência em sociedade, ocasionando imaturidade mental e emocional. É o caso dos menores de idade e dos silvícolas não-integrados.
A magna carta, repetindo os dizeres do artigo 27 do Código Penal, dispõe em seu artigo 228 que "são penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujeito a normas da legislação especial". 
 Ressalte-se, ainda, que, além de serem tratados nos dois artigos supracitados, os menores de idade estão inseridos, também, no artigo 26 da lei penal substantiva, quando determina como causa de exclusão da imputabilidade o desenvolvimento mental incompleto. 
Já o desenvolvimento mental retardado, para Fernando Capez, "é o incompatível estágio de vida em que se encontra a pessoa, estando, portanto, abaixo do desenvolvimento normal para idade cronológica".
 Já no desenvolvimento mental retardado a capacidade não corresponde às expectativas para aquele momento da vida, o que significa que a plena potencialidade jamais será a adquirida. É o caso dos oligofrênicos (idiotas, imbecis e débeis mentais), que são pessoas de reduzido coeficiente intelectual. Dada a sua quase insignificante capacidade mental, ficam impossibilitados de avaliar de forma correta a realidade que os cerca, não tendo, por conseguinte, condições de entender o crime que porventura venha a cometer. 
B) imputabilidade por embriaguez acidental (proveniente de caso fortuito ou força maior – art. 28, II, § 1º do CP):
Esta é derivada de caso fortuito ou força maior. Na embriaguez por caso fortuito não há vontade ou culpa do agente, nem houve previsibilidade. O agente desconhece o efeito da substancia que ingeriu ou não sabia de uma particular condição de seu organismo que não tolera álcool ou outra substancia que lhe causa ebriez.
Exemplo: Macaler, desconhecendo que seu organismo não tolerava qualquer dose de álcool, ao almoçar na casa de um amigo, toma uma taça de vinho, vindo a embriagar-se, e numa discussão, veio a lesionar gravemente uma pessoa.
Já a imputabilidade por embriaguez acidental por força maior ocorre quando o agente é obrigado a ingerir álcool ou acidentalmente o ingere.
Exemplo: Agente que trabalha em um alambique, ao tentar consertar uma peça em um dos tanques de armazenamento do líquido, cai e como não sabia nadar, ingere álcool e fica bêbado. Ao ser retirado, fica alterado e lesiona gravemente alguém.
 
Para Capez, a embriaguez é uma "causa capaz de levar à exclusão da capacidade de entendimento e vontade do agente, em virtude de uma intoxicação aguda e transitória causada por álcool ou qualquer substância de efeitos psicotrópicos, sejam eles entorpecentes (morfina, ópio etc.), estimulantes (cocaína) ou alucinógenos (ácido lisérgico). 
 Embriaguez não acidental: 
São todos os casos em que o agente ingere a substância alcoólica ou de efeitos análogos, que não sejam em razão de caso fortuito ou forca maior. 
Esse tipo de embriaguez subdivide-se em voluntária (dolosa ou intencional) e culposa. 
Não exclui a imputabilidade penal (art. 28, II, CP). 
Na embriaguez voluntária, dolosa ou acidental o agente ingere a substância alcoólica com a intenção de embriagar-se. Nessa situação, se observa um desejo por parte do agente de ingressar em um estado de alteração psíquica. 
Constitui circunstancia agravante, se preordenada – art. 61, III, L, CP.
Na embriaguez culposa, ainda como subespécie de embriaguez não acidental, o agente quer ingerir a substância, mas sem intenção de embriagar-se, vindo isso acontecer, contudo, por força da imprudência de consumir doses excessivas. 
 TEORIA DA ACTIO LIBERA IN CAUSA
É a ação livre na causa, prevista no artigo 28, II do CP. Esta teoria foi desenvolvida para justificar a punição dos crimes em que o agente não procedeu com dolo ou culpa no momento anterior a ela.
Necessário se faz ressaltar que a embriaguez não acidental jamais excluiu a imputabilidade, seja ela voluntária, culposa, completa ou incompleta. Isso ocorre porque o indivíduo, no momento em que ingeria a substância, era livre para decidir se devia ou não fazer. 
A conduta, mesmo que praticada em estado de embriaguez completa, originou-se de um ato de livre arbítrio do agente, que optou por ingerir o líquido ebriante, quando possuía a possibilidade de não o fazer.
Observa-se que, nesse caso, o que se leva em consideração é o momento da ingestão da bebida e não a prática do fato delituoso. 
 EMBRIAGUEZ PREORDENADA
Há ainda, a embriaguez preordenada, que corre quando o agente embriaga-se propositadamente para praticar o crime; é a embriaguez com o escopo de encorajar a pessoa a delinqüir, e funciona como circunstância agravante genérica.
Exemplo: Pedro e Marcos, planejam fazer um assalto (roubo) a um banco. Porém, não têm coragem para fazê-lo. Para criar coragem e proceder ao 
 
 POTENCIAL CONSCIÊNCIA DA ILICITUDE
 É a possibilidade do agente ter consciência, ainda que mínima, de que sua conduta contraria o ordenamento jurídico. Não é necessário que agente saiba que sua conduta se subsuma a um certo tipo legal. Basta uma consciência profana que a conduta praticada é anti-social, errada, censurável.
Quando o agente fica impossibilitado de conhecer a ilicitude de sua conduta haverá o chamado erro de proibição. Nele, o agente pensa que está agindo licitamente, quando, na verdade está praticando um crime.
A potencial consciência da ilicitude somente é eliminada quando o agente, além de não saber o caráter ilícito do fato, também não tinha nenhuma possibilidade de fazê-lo. 
 EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA
Consiste na expectativa social de um comportamento diferente daquele que fora praticado pelo agente. A exigibilidade de conduta diversa só poderá ocorrer quando a sociedade podia esperar do agente que atuasse de forma diferente da que agiu. 
Para haver exigibilidade de conduta diversa é preciso que o agente tenha cometido o crime em circunstâncias normais, em que podia comportar-se em conformidade com o Direito, mas preferiu violar a lei.
Funda-se no princípio da evitabilidade das condutas anti-sociais. 
Natureza jurídica: é causa de exclusão da culpabilidade, com arrimo no princípio de que só podem ser punidas as condutas que poderiam ser evitadas. A inevitabilidade da conduta não tem força de excluir a vontade, mas a vicia, de modo a tornar incabível qualquer censura ao agente, excluindo-o da culpabilidade, pela falta de um dos seus elementos. 
CAUSAS DE EXCLUSÃO DA EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA – ART. 22 CP 
1- coação moral irresistível. 
2- obediência hierárquica. 
  Espécies de coação
1- Coação física: aquela em que o agente emprega a força física. 
2- Coação moral: aquela em que o agente usa a grave ameaça. 
  COAÇAO MORAL IRRESISTÍVEL
Trata-se de uma grave ameaça feita pelo coator ao coato, exigindo deste último que pratique um crime contra terceira pessoa, sob pena de sofrer um mal injusto. 
O direito não pode exigir das pessoas comportamentos anormais ou heróicos, pretendendo que a lei penal seja aplicada cegamente sem uma análise da situação concreta em que está envolvido o agente de um crime. 
 ESPÉICES DE COAÇAO MORAL
1- COAÇAO MORAL RESISTÍVEL 2- COAÇAO MORAL RESISTÍVEL 
  
 COAÇAO MORAL RESISTÍVEL
O coato tem condições de resistir, e portanto, pratica crime, pois sendo a ameaça resistível, o agente é considerado culpado na medida em que era exigível conduta diversa. Observa-se ainda que, coaçãomoral resistível atua como uma circunstancia atenuante genérica, constante do art. 65, III, c do CP. 
Forças sobrenaturais(possessão demoníaca) ou condições sociais desfavoráveis não podem ser alegadas como coação moral irresistível, pois exige um ser humano concreto, que retira a liberdade do coagido. 
 COAÇAO MORAL IRRESISTÍVEL
Para caracterizar a coação moral irresistível, exige-se três partes envolvidas: 1- coator: que faz a ameaça; 2- coato: que pratica a conduta injusta; 3- vítima: que sofre o dano. 
Exemplo: 
 Um gerente de banco tem sua família sequestrada, sob a ameaça de morte, para obrigá-lo a abrir o cofre de certa agência bancária e entregar o dinheiro aos bandidos.
Neste caso, o gerente praticou um furto, mas não poderá ser punido, pois é inexigível de sua parte, conduta diversa. Assim, não é exigível que o coato resista bravamente, como se fosse um autômato cumpridor da lei. Somente o coator responderá pelo crime. 
Somente um mal grave e sério concreto é que conduz a coação irresistível. Um mal remoto ou um mero receio de perigo não exclui a culpabilidade.
  
Exemplo: Macabel obriga Balalayka a falsificar um documento, sob ameaça de matar sua mãe, que não se encontra em poder do primeiro.
 
 OBEDIÊNCIA HIERÁRQUICA
 
É a ordem não manifestamente ilegal de superior hierárquico, tornando viciada a vontade do subordinado, e afastando a exigência de conduta diversa. Em outras palavras: é a ordem de duvidosa legalidade dada pelo superior ao subordinado, para que este pratique um delito, sob pena de responder pela inobservância da determinação dada.
É causa exculpante da culpabilidade. 
Somente se pode alegar a obediência hierárquica nas relações de direito público, não se podendo invocar essa dirimente nos casos de obediência nas relações privadas, de empresas(superior e empregado),familiar ou relegiosa.
 REQUISITOS DA OBEDIÊNCIA HIERÁRQUICA
Para que se configure a causa de excludente de exigibilidade de conduta diversa são necessários os seguintes requisitos: 
1- ilegalidade da ordem, tendo em vista que a ordem legal exclui a ilicitude na medida em que há estrito cumprimento do dever legal; 
2- ordem emanada de autoridade competente;
3- existência de três partes envolvidas: superior, subordinado e relação de subordinação hierarquica entre o mandante e o executor da ordem, em Direito Público, pois não se admite a obediência hierarquica na esfera do Direito Privado; 
4- estrito cumprimento da ordem, pois se a ordem tem por objeto a prática de ato manifestamente criminoso ou há excesso nos atos ou na forma da execução da ordem, é punível também o subordinado;
5- relação de subordinação hierárquica entre o mandante e o executor no âmbito do Direito Público. 
 ORDEM LEGAL
Quando o subordinado cumpre ordem legal, não pratica crime, pois está fundamentado na causa de exclusão da ilicitude ( estrito cumprimento do dever legal). 
  
 ORDEM ILEGAL
Quando a ordem é manifestamente ilegal, desde logo fica eliminada a hipótese de absolvição tanto de quem deu a ordem, quanto do subordinado que a cumpriu. 
Exemplo: um juiz discute com um vizinho e ordena ao policial militar que faz a sua segurança que o mate, e minutos depois, o policial executa a ordem.
 
Neste caso, respondem pelo crime tanto o juiz quanto o militar, pois o subordinado não tem obrigação de cumprir ordem ilegal e nem estaria ele praticando crime se não cumprisse a absurda ordem. 
Se a ordem não é manifestamente ilegal e o subordinado não tinha condições de avaliar essa ilegalidade, exclui-se a exigibilidade de conduta diversa, ficando ele isento de pena, com fundamento na inexigilidade de conduta diversa. 
 
 TEORIA DO ERRO – UNIDADE 9
Erro: é falsa percepção da realidade ou o falso conhecimento de um objeto.
Ignorância: é completo desconhecimento da realidade ou de um objeto.
ERRO DE TIPO
É aquele que incide sobre os elementos objetivos do tipo penal, abrangendo qualificadoras, causas de aumento e agravantes. É a falsa representação da realidade.
O engano a respeito de um destes elementos, sempre exclui o dolo, mas poderá levar a punição por crime culposo.
O agente tem uma visão distorcida da realidade, não vislumbrando na situação presente a existência de fatos descritos no tipo como elementar ou circunstância.
ESPÉCIES DE ERRO DE TIPO
O erro de tipo pode ser: 1- erro de tipo essencial 2- erro de tipo acidental
1- ERRO DE TIPO ESSENCIAL
 Incide sobre as elementares e circunstâncias do tipo, e possui tanto importância que, se o erro não tivesse existido, o agente não teria praticado o crime ou pelo menos, não naquelas circunstâncias. Ele pode ser:
a) ERRO DE TIPO ESSENCIAL ESCUSÁVEL, INEVITÁVEL, INVENCÍVEL OU DESCULPÁVEL: é aquele que não poderia ter sido evitado, nem mesmo com o emprego de uma diligencia mediana. Portanto, inevitável, desculpável ou escusável. É aquele que impede o agente de compreender o caráter criminoso do fato ou de conhecer a sua circunstância. 
Recai sobre uma elementar e sempre exclui o dolo e a culpa, e como sem dolo e sem culpa não há fato típico, logo leva à atipicidade do fato e à exclusão do crime.
Exemplo 1: Um agente vai a um restaurante em tempo de chuva, e ao sair, no lugar onde existem vários guarda-chuvas, ele apanha um semelhante ao seu, quando na realidade tratava-se do guarda-chuva de outra pessoa. (erro incide sobre a situação de fato como elementar de tipo incriminador)
Neste caso, o erro se deu sobre a elementar coisa alheia móvel (furto), incidindo sobre a realidade e não sobre a interpretação que o agente fazia da lei, impedindo o autor de saber que estava praticando um crime. O agente ficou impedido de saber que estava subtraindo coisa alheia, e logicamente, esse desconhecimento elimina a sua consciência e vontade de praticar um fato típico, na medida em que, se não sabia que estava levando coisa alheia, também não poderia querer furtá-la. Por essa razão, exclui o dolo, impedindo o agente de saber que estava praticando um crime.
Exemplo 2:
João e Pedro são inimigos e em certo dia, encontram-se na rua. João, sem qualquer intenção, coloca a mão no bolso para retirar um lenço. Pedro, supondo que ele vai sacar sua arma de fogo para mata-lo, rapidamente saca seu revólver e atira em João, matando-o.
O equívoco sobre a realidade, fez com que o sujeito imaginasse que o outro iria lhe matar (agressão iminente), e supôs-se em legítima defesa (legítima defesa putativa).
b) ERRO DE TIPO ESSENCIAL INESCUSÁVEL, EVITÁVEL, VENCÍVEL OU INDESCULPÁVEL:
É aquele que poderia ser evitado com um mínimo de cautela, e recai sobre a elementar, excluindo o dolo, mas poderá subsistir a culpa, quando o fato admitir o crime culposo.
Exemplo: Agente perdeu sua carteira porta-cédula e percebe sobre uma estante uma outra carteira, que na verdade pertence a outra pessoa. Acreditando ter achado a sua carteira, a leva. 
Tal fato caracteriza o crime de furto (art.155 do CP). Entretanto, o agente não teve a intenção de furtar a carteira, pois desconhecia que o objeto era de outra pessoa. Portanto, não houve dolo na conduta do agente.
Porém, subsiste a culpa, na medida em que o agente não tomou as cautelas devidas para não confundir os objetos. No presente caso do furto, o Direito brasileiro não admite a forma culposa, e por conseguinte, o fato é atípico.
DESCRIMINANTES PUTATIVAS – ART. 21, § 1º
É uma causa de exclusão da ilicitude erroneamente pensada pelo agente, mas que não existe na realidade, excluindo a ilicitude do fato típico. É um erro justificado pelas cirucnstâncias, levando o agente a situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima, como por exemplo, a legitima defesa putativa ou o estado de necessidade putativo. Elas são de 2 espécies:
ESPÉCIES
a) descriminante putativapor erro de tipo b) descrimante putativa por erro de proibição.
DESCRIMANTE PUTATIVA POR ERRO DE TIPO
O agente imagina situação de fato que não corresponde a realidade fática, mas pensa que poderá agir por está protegido por uma causa de exclusão da ilicitude.
A descriminante putativa poderá abranger as seguintes situações:
1-legítima defesa putativa:
apresentada a realidade fática, o agente imagina-se em perigo e defende verdadeiramente o seu direito.
Exemplo: o agente está em sua casa e um amigo, querendo lhe pregar um susto, veste-se como um assaltante perigoso, e com uma arma de brinquedo, invade a casa e aos gritos anuncia o assalto. O agente, pega um taco de beisebol e parte para cima do pretenso assaltante, vindo a causar lesões corporais de natureza grave.
2- Estado de necessidade putativo: o agente imagina-se em estado de necessidade, quando na realidade não havia tal estado.
	
Exemplo: Em um vôo de helicoptero, houve uma pane de motor, fazendo com que o aparelho fosse em direção ao solo, sendo que o co-piloto pensando que havia somente um para-quedas, empurrou o piloto para fora, pegando-o e salvando-se. Ocorre que, posteriormente fora constatado que havia dois outros pára-quedas.
3- Estrito cumprimento do dever legal: pelo quadro circunstancial, o agente pensa está agindo no cumprimento de seu dever legal, quando se engana em relação a tal fato.
Exemplo: um policial que, dado o quadro circunstancial que se apresenta, pensando que dentro de uma casa está havendo um roubo, a invade e se depara com uma discussão entre membros de uma mesma família.
4- Exercício regular de direito putativo: o agente imagina-se que esteja praticando regularmente um direito que lhe compete.
Exemplo: médico que, analisando as circunstâncias em que seu paciente estava com fortes dores abdominais, imaginando tratar-se um apêndice suturada, procede a cirurgia, e constata posteriormente que seu paciente não estava com apêndice inflamada, mas tinha apenas gazes que precisavam ser expelidos.
O médico não responderá pelas lesões corporais provocadas pela cirurgia, tendo em vista que ele agiu no exercício regular de direito putativo.
 
DESCRIMINANTE PUTATIVA POR ERRO DE PROBIÇÃO
O agente supõe que está diante da causa que exclui o crime, porque pensa que a lei lhe permite, quando na verdade a lei veda tal conduta. Ele, porém, imagina que está agindo corretamente, quando está errado. Não há engano acerca da realidade.
O agente imagina está em estado de necessidade porque supõe autorizado e legitimado pela lei a agir em certo caso. 
Exemplo: Clark encontra seu desafeto na rua, e notando que ele colocou a mão no bolso da calça, Clark saca a arma e o atinge gravemente. Durante o inquérito policial, descobre-se que o desafeto de Clark estava acometido de uma doença que lhe causara cegueira completa, mas que Clark desconhecia tal condição.
Neste caso, há a ausência da injusta agressão para caracterizar a leg. Defesa, mas Clark supunha, naquela circunstância que estava sendo atacado, e portanto, plenamente justificada a sua ação, e não será condenado pela tentativa de homicídio.
2- ERRO DE TIPO ACIDENTAL
É o erro que recai sobre os elementos secundários do tipo penal, isto é, qualificadoras, agravantes e causas de aumento de penas), razão pela qual não tem configurado o erro de tipo. O crime subsiste na integra e o erro não afasta a responsabilidade penal do agente. Pode ocorrer nas seguintes situações:
ESPÉCIES DE ERRO ACIDENTAL
1- ERRO SOBRE O OBJETO:
aquele que recai sobre a coisa objeto material do crime, sendo irrelevante para o tipo penal se configurar.
Exemplo: o agente pretende furtar uma caneta da marca Mont Blanc, mas por engano leva uma caneta comum.
Neste caso, o agente praticou um furto, não importando a qualidade do objeto furtado, pois o tipo penal protege coisa alheia móvel, não interessando o que seja. Levar a caneta ou a lapiseira, é irrelevante para o tipo penal, pois ambos são crimes.
2- ERRO SOBRE A PESSOA OU ERROR IN PERSONA: art. 20, § 3º
É o erro na representação mental do agente, que confunde uma pessoa com a outra. O agente é punido pelo crime que efetivamente praticou contra a vítima efetiva, como se tivesse atingido a pessoa pretendida (vítima virtual), considerando as qualidades desta.
Exemplo:
Ari tem a intenção de matar Pedro, seu inimigo. Coloca-se de emboscada e atira, vindo a matar seu próprio pai, em razão do lugar está pouco iluminado.
Neste caso, Ari não responderá por homicídio doloso com a agravante do art. 61, II, “e” do CP, mas responderá por homicídio qualifcado pela emboscada – art. 121, § 2º, IV, pois a intenção dele não era atingir seu pai, mas seu inimigo.
3- ERRO NA EXECUÇÃO OU ABERRATIO ICTUS: art. 73 CP
O agente não se confunde quanto à pessoa que pretende atingir, porém, porém, erra o alvo de forma desastrada, e atinge outra pessoa, isto é, houve um desvio no golpe.
Exemplo: Antônio por desentendimentos anteriores, pretende eliminar a vida de Felipe, atira, porém, erra o tiro e acaba por matar Carlos, um transeunte que passava no momento do disparo. Felipe nada sofreu, saindo ileso.
Neste caso, o assassino responderá por homicídio doloso, como se tivesse matado a vítima virtual (Felipe), e não Carlos. Há uma presunção legal como se o agente tivesse atingido a pessoa que queria atingir. É a teoria da aberratio ictus, com fundamento no art. 73 do CP.
4-ABERRATIO CRIMINIS OU RESULTADO DIVERSO DO PRETENDIDO – ART. 74 CP
O agente quer praticar um crime, mas por erro na execução, pratica outro não pretendido. Ele responderá pelo resultado, a título de culpa, se previsto em lei.
Exemplo 1: Zeca com raiva de seu vizinho Marlon, atira uma pedra com o objetivo de danificar o seu carro. Entretanto, erra o alvo e acerta uma pessoa que passava naquele instante, causando-lhe lesões corporais.
Neste caso, o agente responderá por lesões corporais, ficando a tentativa de dano absorvida pelo crime mais grave.
 ERRO DE PROIBIÇÃO 
 
É o erro incidente sobre a ilicitude de fato. O agente atua sem ter consciência da ilicitude do fato praticado, havendo dolo, porém, não há consciência potencial da ilicitude. Portanto, há culpabilidade, mas não existe delito.
 
Exemplo: Em uma guerra, um soldado, perdido de seu pelotão, sem saber que a guerra já havia terminado, ao ver um soldado inimigo, o mata pensando está ainda em guerra.
Trata-se de um erro quanto a ilicitude do fato, pois durante o período de guerra, é permitido matar soldados inimigos.
 ERRO DE PROIBIÇÃO ESCUSÁVEL OU INEVITÁVEL
 
Quando o erro sobre a ilicitude do fato é impossível de ser evitado, valendo-se o ser humano de sua diligencia ordinária, trata-se de uma exclusão da culpabilidade.
Exemplo:
Um jornal de grande circulação, na esteira de um debate anterior sobre a eutanásia, por engano, divulga que o novo Código Penal fora aprovado e entrou em vigor, trazendo como novidade o fato de que a eutanásia, agora é considerada causa excludente de ilicitude. Um leitor, que possuía um parente desenganado com grave doença, apreça a sua morte, crendo sinceramente está agindo sob o manto da lei penal.
Trata-se de um erro de proibição escusável, pois não lhe foi possível, constatar a tempo, a inverdade da informação publicada.
 
Conseqüência: se não tinha como saber que o fato era ilícito, não existia a potencial consciência da ilicitude. Logo, esse erro exclui a culpabilidade, e o agente fica isento de pena.
 ERRO DE PROIBIÇAO INESCUSÁVEL OU EVITÁVEL
 
Trata-se de um erro sobre a ilicitude do fato que não se justifica, pois se tivesse havido um maior empenho em se informar, o agente poderia ter tido conhecimento da realidade e evitaria o crime. Portanto, há culpabilidade, e conseqüentemente, há crime, porém, o agente pegará uma pena diminuída. 
 
Exemplo:abstendo-se do dever de se manter informado, o agente deixa de tomar conhecimento de uma lei, divulgada pela imprensa, que transforma certa conduta em crime. O agente pratica essa conduta, imaginando que não era crime. 
Na sua defesa, não poderá ver reconhecida a excludente de culpabilidade, vez que a ninguém é dado o desconhecimento da lei. Porém, tal fato servirá como causa de redução da pena, de um sexto a um terço, nos termos do artigo 21
 
Conseqüência: se o agente tinha potencial para conhecer a ilicitude do fato, possuía também a potencial consciência da ilicitude, por conseguinte, a culpabilidade não será excluída. O agente não ficará isento de pena, mas em face da inconsciência atual da ilicitude, terá direito a uma redução de pena de um sexto a um terço.
CRITÉRIOS PARA IDENTIFICAR O ERRO DE PROIBIÇAO INESCUSÁVEL
 
Ocorrerá o erro de proibição inescusável quando:
1- o agente atua com consciência de que está fazendo algo errado.
2- o agente não possui essa consciência, mas lhe era fácil, diante do quadro circunstancial, obtê-la.
3- o agente não possui consciência do ilícito, porque, de propósito, não se informou.
 
CONCURSO DE PESSOAS
É a reunião voluntária e consciente de duas ou mais pessoas para a prática de um ou mais crimes. É também conhecido por concurso de agentes, co-delinquência.
REQUISITOS
1- Pluralidade de agentes;
2- relevância causal das condutas;
3- liame subjetivo entre os agentes: exige-se que os participantes atuem com vontade homogênea, visando a realização do tipo penal.
4- unidade de tipo penal para todos os agentes.
TEORIAS ADOTADAS PELO CÓDIGO PENAL QUANTO AO CONCEITO DE AUTORIA
O conceito de autoria é determinado de acordo com a teoria a ser adotada:
1- TEORIA MATERIAL-OBJETIVA OU EXTENSIVA: 
Para essa corrente, autor não é somente aquele que realiza a conduta típica, mas também aquele que concorre com uma causa para a produção do crime. Não há pois, distinção entre autor e partícipe, todo aquele que contribui para o crime é considerado autor.
2- TEORIA FORMAL-OBJETIVO OU RESTRITIVA:
Segundo essa corrente, autor é somente aquele que pratica o verbo núcleo do tipo penal.
Exemplo: Paulo, praticou um furto em certa residência, com a ajuda de Pedro, que lhe forneceu alguns dados sobre os hábitos dos donos da casa.
Neste caso, somente Paulo é autor, pois executou o verbo previsto no tipo penal. Enquanto Pedro é partícipe, pois contribuiu de qualquer modo para o crime de furto, mas não praticou atos executórios do crime.
É a teoria adotada pelo nosso CP.
3- TEORIA NORMATIVA-OBJETIVA OU TEORIA DO DOMÍNIO DO FATO
Para essa teoria, autor é quem possui o controle final dos fatos, domina a situação e decide sobre a sua prática ou não e as circunstâncias do crime.
Partícipe, para essa teoria, é apenas aquele que colabora no fato típico sem ter domínio sobre ele.
Deve ser aceita como um complemento à teoria restritiva adota pelo nosso CP.
TEORIAS SOBRE A NATUREZA DO CRIME PRATICADO MEDIANTE CONCURSO DE PESSOAS
1- Teoria Unitária ou monista: para essa teoria mesmo havendo diversidade de agentes e de condutas, considera-se existir somente um crime. Ela foi adotada pelo CP no art. 29, caput. 
Exemplo: Teresa dirige o carro em que, juntamente com Pedro e Paulo, foram praticar um roubo em certa residência. Tereza ficou no carro esperando, enquanto Pedro e Paulo entraram na residência. Quando já estavam com as joias e outros objetos, a dona da casa reagiu e Pedro a matou.
Neste caso, Teresa é apenas partícipe do furto, e não do crime de latrocínio, pois não contribuiu para este último crime, nos termos do § 2º do art. 29 do CP.
Já o § 1º estabelece uma redução de pena para o partícipe que cooperou com conduta de menor importância, e não alcança o co-autor.
O § 2º diz que se o partícipe teve participação menos grave do que aquela praticada pelo autor, ele só responderá por esse crime conforme o seu dolo, e não de acordo com o dolo do autor, e portanto, com a pena do crime que queria cometer aumentada até metade, se era previsível o resultado mais grave.
2- Teoria pluralística:
Segundo essa teoria, cada agente responde por crime independente, mesmo que as condutas estejam unidas pelo mesmo nexo causal. Como exceção à regra, o CP adota a teoria pluralista, na qual se separam as condutas, com a criação de tipos penais diferentes para os agentes que buscam o mesmo resultado criminoso.
Ela é adotada, excepcionalmente, pelo nosso CP nos casos de aborto com o consentimento da gestante e corrupção ativa e passiva. São as exceções pluralísticas.
3- Teoria dualística:
Para essa corrente, há um crime único para os autores e outro para os partícipes.
FORMAS DE CONCURSO DE PESSOAS
O concurso de agentes pode assumir as seguintes formas:
1-CO-AUTORIA: aquele que age colaborando recíproca e voluntariamente com o outro na prática de um crime.
Exemplo: A e B estão assaltando um pessoas. Enquanto A está retirando os pertences da pessoa, B está apontando a arma.
A coautoria não é admitida nos crimes de mão própria, nem nos crimes omissivos próprios.
Exemplos: aborto consentido e omissão de socorro.
2- PARTICIPAÇÃO: aquele que não pratica a conduta principal do tipo penal, mas contribui de qualquer forma para o seu resultado final. Ela pode ser participação moral (induz ou instiga) ou material (auxilia).
A participação só pode ocorrer antes ou durante a realização do delito. A conduta do partícipe somente poderá punível se o fato principal for típico e antijurídico, em razão da adoção da teoria da acessoriedade limitada.
Não se admite a participação em crimes culposos, pois a cooperação decorre da falta de dever de cada um.
OUTROS INSTRUMENTOS LEGAIS
AUTORIA MEDIATA:
Ocorre autoria mediata quando o agente se utiliza para a prática do crime de uma pessoa que atua sem dolo ou culpa, sendo essa pessoa usada como instrumento da vontade do autor. Não existe o vínculo subjetivo os agentes, requisito principal para que haja concurso de pessoas.
Exemplo: João, médico de um hospital, ao perceber que um inimigo seu está ali internado, ao médicá-lo, coloca uma dose de arsênio no medicamento e determina que uma enfermeira o ministre, sem que ela saiba desse fato, vindo o paciente a morrer em razão do veneno.
Neste caso, o autor mediato é João, que responderá pelo homicídio doloso. Já a enfermeira, que executou a conduta de ministrar o medicamento, será absolvida por que agiu sem culpabilidade, isto é, sem dolo e sem culpa.
Não se admite a autoria mediata em crimes culposos, por que neste a vontade de praticar o crime é involuntária.
AUTORIA COLATERAL: 
Ocorre quando duas ou mais pessoas praticam um crime, embora cada uma delas ignore a conduta da outra, não prévio ajuste de vontades.
Exemplo: Sandro e Pedro, cada um sem saber a intenção do outro e sem ajustes de vontade, tencionavam matar Geraldo. Começaram a rondar a rua onde Geraldo morava, e se puseram de emboscada. Quando Geraldo saiu de casa, Sandro e Pedro atiraram e mataram Geraldo. Posteriormente, a perícia constatou que haviam 2 projéteis de armas diferentes no corpo da vítima e que os dois projéteis deram causa à morte de Geraldo.
Neste caso, tanto Sandro quanto Pedro responderão pelo homicídio doloso.
AUTORIA INCERTA:
Ainda no campo da autoria colateral, ocorre autoria incerta quando mais de uma pessoa é indicada como autora de um crime, porém, não se consegue apurar qual foi a conduta que causou o resultado.
Aqui se conhecem os autores do crime, mas não se conclui, com certeza, qual das condutas deu causa ao resultado.
Exemplo: Suponha-se que, A e B, com armas de fogo e munições idênticas, escondam-se atrás de arvores para matar C. Quando passa pela rua, A e B, sem ajustes, atiram e matam C. A pericia ponta um único projétil no corpo, que causou a morte de C e o laudo médico não conclui pela certeza de qual arma partiu o tiro

Outros materiais