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Aula 9 - Os Federalistas (1)

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Ciência Política
PROFESSORA:ROSÁLIA CORRÊA
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FORMAS DE ESTADO
	Baseia-se na existência ou não de descentralização no exercício do poder político em determinada base territorial. 
FEDERAÇÃO
CONFEDERAÇÃO 
ESTADO UNITÁRIO
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FEDERAÇÃO
	“O Estado federal é uma organização sob a base de uma repartição de competências entre o governo nacional e os governos estaduais, de sorte que a União tenha supremacia sobre os Estados-membros e estes sejam entidades dotadas de autonomia constitucional perante a mesma união”.
	É uma reunião de entidades políticas autônomas onde existe um vínculo indissolúvel, marcado numa Constituição. É no Estado federativo que se comporta a verdadeira descentralização, sendo atribuídos poder e capacidade política aos entes integrantes do sistema. A soberania é uma(é transferida para o estado federal) e, aos integrantes, a Constituição reserva autonomia, maior ou menor, conforme o país, que lhes permite atuar com certa liberdade dentro dos padrões definidos na Carta federal.
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CONFEDERAÇÃO
É uma associação de Estados soberanos, usualmente criada por meio de tratados, mas que pode eventualmente adotar uma constituição comum. A principal distinção entre uma confederação e uma federação é que, na Confederação, os Estados constituintes não abandonam a sua soberania, enquanto que, na Federação, a soberania é transferida para o estado federal.
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	As unidades da Confederação são soberanas e podem se dissociar do todo com maior facilidade. A diferença entre federação e confederação se deve à natureza dos liames estabelecidos para sua formação. As confederações são estabelecidas por alianças e as federações por constituições. Como consequência, o laço estabelecido em uma federação são significativamente mais rígidos que os estabelecidos em uma confederação. Há repartição de competência, o que não ocorre num estado unitário, onde não há descentralização.
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ESTADO UNITÁRIO
O Estado Unitário se caracteriza pela centralização político-administrativa em um único centro de poder produtor de decisões. 
O poder político é atribuído apenas ao conjunto central, sem admitir descentralização política, mas somente a territorial.
São exemplos de Estados Federados no mundo: Estados Unidos da América, Argentina, Rússia, e outros. 
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FEDERALISMO BRASILEIRO
No Brasil, o Estado federado (Constituição de 1891) é dividido em diversas unidades autônomas chamadas de Entes Federativos. Estes são divididos entre Estados, Municípios e pelo Distrito Federal.
Um estado federal é um estado soberano. Soberania é atributo, portanto, da República Federativa do Brasil. Na federação, os entes federados não podem se dissociar livremente do poder central, embora mantenham uma certa liberdade relativa à distribuição de poderes e encargos.
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Autonomia no federalismo: é a capacidade de desenvolver atividades dentro de limites previamente circunscritos pelo ente soberano.
A Autonomia dos entes se divide em tríplice capacidade: auto-organização ou normatização própria; autogoverno; autoadministração. 
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ORIGEM IDEOLÓGICA DO FEDERALISMO
A origem do Federalismo tem seu marco inicial na revolução e independência dos Estados Unidos. 
Historicamente origina-se da insatisfação das treze colônias americanas com o governo inglês, no final do século XVIII, pela ausência de representatividade no parlamento inglês. Os líderes coloniais norte americanos deram início ao confronto armado contra a Inglaterra em 1776 porque estavam descontentes com as políticas adotadas entre as décadas de 1760 e 1770. Entre os revolucionários estavam cidadãos das 13 colônias, como George Washington, Thomas Jefferson, Benjamin Franklin, Thomas Paine, que foram chamados os “Pais Fundadores”, e instauraram o primeiro modelo de república moderna, apoiados na “Declaração da Independência” redigida por Jefferson, em 1776. 
A Inglaterra não aceitou a independência de suas colônias e declarou guerra. A Guerra de Independência (entre 1776 e 1783) foi vencida pelos Estados Unidos com o apoio da França e da Espanha
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Os colonos questionavam a origem da soberania. O que na concepção dos Ingleses, pertencia ao Estado Inglês e as únicas limitações a ela seriam determinadas por critérios do próprio soberano. 
Os colonos defendiam que a soberania possui origem na população e seria exercida pelo Estado nos limites do poder que lhe foi delegado.
Após a declaração da independência das Colônias Americanas em 1776, as Colônias enfrentaram o desafio de elaborar um novo regime constitucional para dar lugar ao espaço antes preenchido pela Lei Britânica.
Em 1777 foi estabelecido o pacto confederativo, com mera aliança política entre os federados, criando, com isso, uma unidade frágil entre os Estados autônomos norte americanos, para enfrentar a Europa.
Após a independência foi elaborado, em 1781, o chamado “Artigos da Confederação”, que caracterizavam o novo país como uma Confederação, com um governo central dirigido por um presidente eleito. Esse documento é considerado como um dos quatro documentos fundadores da nação norte-americana.
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Em 1787, delegados dos Estados norte americanos se reuniram na Convenção de Filadélfia, a qual tinha como objetivo ratificar ou rever alguns princípios da constituição confederativa. O dilema estava posto entre dois modelos notadamente inaceitáveis: o imperialismo, que tinha se provado inadequado porque centralizava todo o poder e negava aos Estados qualquer independência e autoridade; ou a confederação que tinha fracassado pela ausência de poder centralizador capaz de manter uma unidade entre os Estados. 
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Novamente foi colocada em questão o tema da soberania, que deveria ser atribuída a toda população dos Estados Unidos ou à população de cada Estado? 
Os anti-federalistas defendiam que a soberania deveria ser própria de cada Estado e os nacionalistas defendiam que a população dos Estados Unidos deveria ser um todo soberano. 
Durante os trabalhos da Convenção Alexander Hamilton, James Madison e John Jay promoveram um movimento para reformulação do sistema confederativo e sua transformação em um sistema federalista, até então nunca experimentado.
Na época, apesar da existência de um governo central, ele não tinha poderes para determinar que as leis fossem cumpridas, pois isso era responsabilidade dos Estados autônomos.
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Os federalistas realçam a necessidade da existência de uma soberania compartilhada, pois para que haja um pacto federativo é necessário que exista uma parceria entre os entes componentes da federação. Essa parceria pressupõe uma divisão de poderes entre os membros, um sistema de freios, autonomia delimitada na constituição e um harmonioso relacionamento com o poder central, assegurando dessa forma uma adequada divisão de recursos que vise o fortalecimento das diversas unidades componentes da federação”. 
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Para que os membros da federação mantivessem sua autonomia e fossem incluídos no processo decisório era necessário estabelecer além de representação social no parlamento a representação territorial. 
Esta talvez tenha sido a grande inovação do federalismo americano: Pensar o poder político a partir da dimensão de três elementos constitutivos: povo, território e governo. 
Com o objetivo de defender o governo federativo os federalistas publicaram 85 artigos, entre 1787 e 1788.
 O conjunto destes artigos chamados posteriormente de “O Federalista” procuravam explicar como deveria funcionar o novo estado e qual a função de cada parte constitutiva da federação. 
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De qualquer forma, por mais que o federalismo seja considerado uma engenharia institucional interessante para o exercício da democracia, sua aplicação prática apresenta diferenças significativas de país para país. 
Assim como existem importantes distinções entre república e monarquia e entre presidencialismo e parlamentarismo. No federalismo tal distinção é patente pelo fato do federalismo
dizer respeito, diretamente, a duas variáveis essenciais para a democracia: a maneira de se estruturar a representação – no caso, em níveis distintos: federal, estadual ou municipal (como no Brasil) – e, ao mesmo tempo, na forma da separação de poderes. 
O federalismo é um fator decisivo da estruturação do poder de Estado ao definir regras, ao posicionar os atores da política e ao organizar (permitindo e tolhendo) a participação do povo na formação da representação e na tomada de decisões.
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O federalismo americano criou uma engenharia institucional que defendia uma composição bicameral do Poder Legislativo, mas diferentemente de Montesquieu não apenas para representar as classes, mas também para representar os territórios. 
Os Federalistas afirmavam que o fortalecimento do poder central esbarrava no interesse de certas classe presentes nos Estados que temiam pela diminuição de seu poder, e maior fiscalização por parte do poder central de suas ações e perda de importância dos cargos que detêm nos órgãos estaduais. Por isso era preciso dar garantias de que todos os territórios teriam igualmente condições de influenciar nas decisões governativas.
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	Países como China, Arábia Saudita, Chile e Uruguai possuem divisão administrativa interna contrária à nossa, na qual, constitucionalmente, reconhecem-se apenas como uma unidade. São chamados de Estado Unitários. Nos Estados Unitários, o poder central tem todas as competências, podendo, apenas em nível de delegação, repassá-las às instâncias inferiores. Portanto, para esses últimos países, é natural não haver muitas controvérsias sobre o assunto.

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