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TRABALHO DIREITO AMBIENTAL - LEIS DE CRIMES AMBIENTAIS

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1
CENTRO DE ENSINO SUPERIOR ALMEIDA RODRIGUES
FAR – FACULDADE ALMEIDA RODRIGUES
DIREITO
DÉBORA CAROLINE
JORDANA DOMINGUES SOUZA BORGES
JOSE ANTONIO MOREIRA
LÁZARA CRISTINA DOS SANTOS
LETÍCIA SOUZA SILVA GRACIANO
LUIZ HOMERO BORGES DA CUNHA
DIREITO AMBIENTAL
10º PERÍODO
RIO VERDE-GO
1
2015/1
DÉBORA CAROLINE
JORDANA DOMINGUES SOUZA BORGES
JOSE ANTONIO MOREIRA
LÁZARA CRISTINA DOS SANTOS
LETÍCIA SOUZA SILVA GRACIANO
LUIZ HOMERO BORGES DA CUNHA
DIREITO AMBIENTAL
10º PERÍODO
Trabalho apresentado à Disciplina de Direito Ambiental do do 10º Período do Curso de Direito da Faculdade Almeida Rodrigues – FAR, como complemento da nota referente ao II Bimestre sob orientação da Professora Fabiana Porto.
RIO VERDE-GO
2015/1
1. Introdução
No Brasil, as leis voltadas para a proteção e conservação do meio ambiente começaram a partir de 1981, com a promulgação da Lei que criou a Política Nacional do Meio Ambiente (Lei 6.938 de 31/08/1981). 
Posteriormente, novas leis foram promulgadas, vindo a formar um sistema bastante complexo de proteção ambiental. 
A legislação ambiental brasileira, para atingir seus objetivos de preservação, criou direitos e deveres para o cidadão, instrumentos de conservação do meio ambiente, normas de uso dos diversos ecossistemas, normas para disciplinar atividades relacionadas à ecologia e ainda diversos tipos de unidades de conservação. 
Tais leis, por exemplo, proíbem a caça de animais silvestres, com algumas exceções, a pesca fora de temporada, a comercialização de animais silvestres, a manutenção em cativeiro desses animais por particulares (com algumas exceções), regulam a extração de madeiras nobres, o corte de árvores nativas, a exploração de minas que possam afetar o meio ambiente, a conservação de uma parte da vegetação nativa nas propriedades particulares (reserva legal e área de preservação permanente) e a criação de animais em cativeiro.
No presente trabalho abordar-se-á a Lei 9.605 de 12/02/1998 também conhecida como Lei dos Crimes Ambientais.
2. Características da Lei 9.605/98 – origem e processo de tramitação
A Lei 9.605/98 é uma Lei Ordinária cuja iniciativa/ de criação foi do Poder Executivo que través da Mensagem nº 249 de 31/05/1991, enviou ao Congresso Nacional um Projeto de Lei que recebeu na Câmara dos Deputados, onde iniciou sua tramitação, o nº 1.164/91.
Referido Projeto de Lei continha apenas nove artigos, e a sua transcrição segue abaixo:
PROJETO DE LEI Nº 1.164, DE 1991
(Do Poder Executivo)
MENSAGEM Nº 249/91
Dispõe sobre as sanções penais e administrativas a que estão sujeitos os infratores da legislação protetora da fauna e da flora e dá outras providências.
(Às Comissões dê Constituição e Justiça e de Redação; de Defesa do Consumidor, Meio Ambiente e Minorias - artigo 24, II)
O Congresso Nacional decreta:
Art. 1º - Os infratores das normas legais e regulamentares em vigor, de proteção da fauna e da flora, ficam sujeitos às penas privativas de liberdade previstas nessa legislação e às penalidades administrativas de que trata esta lei.
Art. 2º - Atendidas a gravidade e as circunstâncias da infração, as penalidades administrativas consistem:
I - no pagamento de multa, de importância variável entre Cr$ 1.000,00 (um mil cruzeiros) e Cr$500.000,00 (quinhentos mil cruzeiros), calculada por hectare da área afetada, metro cúbico do produto extraído, exemplar ou unidade da fauna ou, ainda por espécie florestal atingido;
II - na interdição do estabelecimento comercial ou industrial;
III - na suspensão ou no cancelamento do registro legalmente exigido.
Art. 3º - Verificada a infração, serão apreendidos seus produtos e instrumentos, lavrando-se os respectivos autos.
§ 1º - Os bens apreendidos, sendo perecíveis, serão doados a estabelecimentos científicos, penais, hospitalares, ou com outros fins beneficentes, mais próximos.
§ 2º - A madeira apreendida poderá ser alienada, na forma da legislação em vigor.
Art. 4º - As penalidades administrativas, fixadas em regulamento com a especificação das infrações, serão aplicadas pelo Instituto do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, mediante procedimento administrativo em que seja assegurado o direito de ampla defesa, observadas as seguintes normas gerais:
I - o procedimento será instaurado de ofício ou mediante representação e instruído com os autos de infração e apreensão que tenham sido lavrados;
II - o autuado será notificado da instauração do procedimento, com o prazo de 15 dias, contados do recebimento da notificação, para pagar a multa devida ou oferecer impugnação e requerer a produção das provas cabíveis;
III - concluída a instrução, com o relatório dos fatos apurados, inclusive apreciando a defesa, serão os autos submetidos à autoridade competente para decidir sobre a infração;
IV - da decisão que confirmar a infração caberá recurso do autuado ao Presidente do Ibama, no prazo de dez dias contados da intimação, mediante prévio depósito do valor da multa.
Art. 5º - O poder de polícia, pertinente à legislação do meio ambiente, compreendendo a lavratura de autos de infração e de apreensão de bens, será exercido pelos integrantes do quadro próprio de fiscalização do Ibama ou, eventualmente, por servidores de outras ca/tegorias, previamente designados por ato do presidente da autarquia.
Art. 6º - Qualquer pessoa, incluindo as entidades instituídas para a defesa do meio ambiente, constatando infrações à legislação ambiental, poderá dirigir representação ao Ibama, para efeito do exercício do seu poder de polícia. 
Art. 7º - A exigibilidade das multas aplicadas nos termos desta lei poderá ser suspensa se o infrator assumir o compromisso formal, aceito pelo Ibama, de fazer cessar e reparar o dano ambiental causado.
Parágrafo único: Cumpridas as obrigações assumidas pelo infrator, a multa será reduzida em até noventa por cento. 
Art. 8º - A importância das multas administrativas de que tratam esta lei e as demais normas legais e regulamentares protetoras do meio ambiente será corrigida com base nos índices estabelecidos na legislação pertinente.
Art. 9º - Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.
Brasília, ____ de _______ de _______
Na exposição de motivos assinada pelo então Secretário de Meio Ambiente da Presidência da República - SEMAM/PR (pois o Ministério do Meio Ambiente só viria a ser criado pela transformação dessa secretaria em 1992 pela Lei 8.490/92, justifica-se criação da lei como “instrumento que virá sistematizar as penalidades e unificar valores de multas a serem impostas aos infratores da flora e fauna. Esses valores, até então, encontravam-se fixados em múltiplos atos normativos internos, tais como portarias e instruções normativas, o que vinha acarretando questionamento de ordem jurídica, que contribuíam para tomar moroso o processo de arrecadação, em face das reiteradas análises de defesa e recursos interpostos pelos interessados.”
Além disso, o Código Florestal vigente à época (Lei 4.771/65) não definia o que era crime ambiental. Limitava-se a estabelecer que as condutas danosas ao meio ambiente constituíam meras contravenções penais, conforme pode-se ver pela redação do artigo 26 abaixo:
Art. 26. Constituem contravenções penais, puníveis com três meses a um ano de prisão simples ou multa de uma a cem vezes o salário-mínimo mensal, do lugar e da data da infração ou ambas as penas cumulativamente:
a) destruir ou danificar a floresta considerada de preservação permanente, mesmo que em formação ou utilizá-la com infringência das normas estabelecidas ou previstas nesta Lei;
b) cortar árvores em florestas de preservação permanente, sem permissão da autoridade competente;
c) penetrar em floresta de preservação permanente conduzindo armas, substâncias ou instrumentos próprios para caça proibida ou para exploração de produtos ou subprodutos florestais, sem estar munido de licença da autoridade competente;
d)causar danos aos Parques Nacionais, Estaduais ou Municipais, bem como às Reservas Biológicas;
e) fazer fogo, por qualquer modo, em florestas e demais formas de vegetação, sem tomar as precauções adequadas;
f) fabricar, vender, transportar ou soltar balões que possam provocar incêndios nas florestas e demais formas de vegetação;
g) impedir ou dificultar a regeneração natural de florestas e demais formas de vegetação;
h) receber madeira, lenha, carvão e outros produtos procedentes de florestas, sem exigir a exibição de licença do vendedor, outorgada pela autoridade competente e sem munir-se da via que deverá acompanhar o produto, até final beneficiamento;
i) transportar ou guardar madeiras, lenha, carvão e outros produtos procedentes de florestas, sem licença válida para todo o tempo da viagem ou do armazenamento, outorgada pela autoridade competente;
j) deixar de restituir à autoridade, licenças extintas pelo decurso do prazo ou pela entrega ao consumidor dos produtos procedentes de florestas;
l) empregar, como combustível, produtos florestais ou hulha, sem uso de dispositivo que impeça a difusão de fagulhas, suscetíveis de provocar incêndios nas florestas;
m) soltar animais ou não tomar precauções necessárias para que o animal de sua propriedade não penetre em florestas sujeitas a regime especial;
n) matar, lesar ou maltratar, por qualquer modo ou meio, plantas de ornamentação de logradouros públicos ou em propriedade privada alheia ou árvore imune de corte;
o) extrair de florestas de domínio público ou consideradas de preservação permanente, sem prévia autorização, pedra, areia, cal ou qualquer outra espécie de minerais;
p) (Vetado).
q) transformar madeiras de lei em carvão, inclusive para qualquer efeito industrial, sem licença da autoridade competente. (Incluído pela Lei nº 5.870, de 26.3.1973)
Art. 27. É proibido o uso de fogo nas florestas e demais formas de vegetação.
Parágrafo único. Se peculiaridades locais ou regionais justificarem o emprego do fogo em práticas agropastoris ou florestais, a permissão será estabelecida em ato do Poder Público, circunscrevendo as áreas e estabelecendo normas de precaução.
Além de normas esparsas havia também uma certa frouxidão quanto às penalidades aplicadas àqueles que provocavam danos ao meio ambiente.
O IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis) foi criado em 1990 pela Lei 7.735/89 como autarquia federal vinculado à Secretaria do Meio Ambiente da Presidência da República “com a finalidade de assessorá-la na formação e coordenação, bem como executar e fazer executar a política nacional do meio ambiente e da preservação, conservação e uso racional, fiscalização, controle e fomento dos recursos naturais”. Desde sua criação vinha atribuindo grande prioridade às ações de fiscalização e controle ambiental. Porém uma legislação esparsa, vaga e muitas vezes branda dificultava, e porque não dizer, muitas vezes, tornava nula a atuação do órgão.
Nesse ponto, a Lei de Crimes Ambientais, na perspectiva do poder executivo, visava tornar mais eficaz o desempenho das atribuições daquele órgão.
Iniciada a tramitação do projeto de Lei, no prazo regimental, este recebeu apenas uma emenda que propunha a supressão do art. 7º. do Projeto de Lei 1.164. Este artigo é o que tratava da suspensão da multa se o transgressor assumisse o compromisso formal, aceito pelo Ibama, de fazer cessar e reparar o dano ambiental causado, sendo que ao final do processo, constatado cumprimento do compromisso firmado a multa poderia ser reduzida em até 90%.
Quando o Projeto foi enviado para Comissão de Defesa do Consumidor e Meio Ambiente e Minorias verificou-se que diante da importância do tema, o Poder Executivo poderia, e deveria ter enviado um projeto bem mais abrangente.
Várias críticas foram feitas ao projeto original destacando: 
- a proposta de suspensão da multa no caso de compromisso de reparação do dano ambiental e sua redução em até 90%;
- a proposta que centralizava no IBAMA todo o poder de polícia relativo às ações decorrentes da Lei em detrimento dos órgão integrantes do SISNAMA;
- a proposta que fixava o valor das multas, considerados por muitos, irrisórios;
Ainda sofreu crítica o fato de o projeto original não fazer nenhuma menção à gradação das infrações, não estabelecer circunstâncias atenuantes ou agravantes, não tratar da responsabilidade solidária pelas infrações entre outras. 
Ao fim, chegou-se à conclusão que o Projeto de Lei, como estava, beneficiava ainda mais os infratores das legislações ambientais, não só por centralizar as ações de penalização num único órgão como por estabelecer multas irrisórias e penalidades inóquas.
Optou-se então por apresentar um substitutivo ao Projeto de Lei contendo 27 artigos, bem mais abrangente que foi votado e aprovado na comissão em 29/04/1992. Daí o Projeto seguiu para a Comissão de Constituição Justiça e Redação onde 18 alterações foram propostas. A redação final da Comissão foi aprovada em 29/06/1992 permanecendo com os mesmos 27 artigos, porém com as alterações promovidas.
Em 30/03/94 o Projeto de Lei com redação final dada pela Câmara dos Deputados foi encaminhado para apreciação pelo Senado Federal. Iniciou sua tramitação em 02/05/1995. Lá, o Projeto de Lei que chegou com 27 artigos foi devolvido à Câmara dos Deputados em 10/07/1997 um Substitutivo ao Projeto de Lei com mais de sessenta novos artigos num total de noventa. Ampliou-se de três para oito o número de capítulos.
Com a chegada do projeto substitutivo do Senado, ficou decidido que o Projeto seria analisado desta vez, também, pela Comissão de Agricultura e Política Rural (CAPR). Entretanto, como foram incluídos artigos que tratavam de cooperação internacional para proteção do meio ambiente, houve o pedido de Audiência por parte da Comissão de Defesa Nacional e Relações Exteriores, que foi deferido para que a comissão analisasse o Substitutivo do Senado antes da CAPR. 
Também com a chegada do substitutivo do Senado Federal várias entidades iniciaram um movimento no sentido de solicitar a Câmara dos Deputados para que votasse o Projeto tal qual viera do Senado, por assim acharem que este reunia as melhores características para o objetivo a que se propunha. Exemplos foram a OAB, o Ministério Público Federal e Ministérios Públicos dos Estados.
O Substitutivo do Senado encontrou muita resistência por parte dos Deputados ligados ao Agronegócio e a Agroindústria. Muitos foram os requerimentos para retirada do projeto de pauta, alguns artigos foram retirados, expressões suprimidas até que em 05/02/1998 o texto final foi enviado para sanção pelo Presidente da República. 
A Lei foi sancionada pelo Presidente da República com dez vetos, todos mantidos posteriormente pelo Congresso Nacional. 
2.1. Estrutura da Lei
A lei de 9.605/98 é dividida em duas partes: 
- a parte geral que vai do artigo 1º ao 28;
- e parte especial que vai do 29 ao 82.
A parte geral traz regras sobre a aplicação da pena, sentença penal condenatória, suspenção condicional do processo, transação penal.
É uma lei repleta de peculiaridades o que a diferencia do Código Penal e da Lei 9.099/95 (Jecrim).
3. Competência para julgar Crimes Ambientais
A Lei 9.605/98 não disciplinou a questão da competência pata julgamento dos crimes de natureza ambiental.
A Constituição Federal, por sua vez, diz que a proteção do meio ambiente é comum a União, Estados, Municípios e Distrito Federal. Outro ponto é que não existe uma norma específica estabelecendo qual a justiça competente para julgar crimes ambientais.
Assim, chegamos à conclusão de que se o crime atingir interesse direto e específico e da União ou de suas autarquias públicas, a competência será da Justiça Federal. Já se o crime não atingir, ou atingir indiretamente interesse da União ou de suas autarquias, a competência será da Justiça Estadual. Essa é a regra de competência criada pela jurisprudência do STF e do STJ.
A exceção recai nas contravenções penais de natureza ambiental que, aindaque atinjam diretamente interesse específico da União ou de suas autarquias, serão julgadas pela Justiça Estadual. Isto porque o art.109, inciso IV da CF/88 diz que a Justiça Federal não é competente para julgar as contravenções penais, a não ser que o contraventor que tenha foro especial por prerrogativa de função na Justiça Federal.
3.1. Teoria da Pena nos Crimes Ambientais
3.1.1. Peculiaridades
No Processo Penal, para a aplicação da pena, o juiz percorre três etapas:
Etapa I - Fixação da quantidade de pena pela utilização do critério trifásico (ou Critério Nelson Hungria, art. 68 do CPP) 
fixação da pena base de acordo com as circunstâncias judiciais do art. 59 do CPP;
aplicação das agravantes e atenuantes genéricas de pena;
aplicação das causas gerais e especiais de aumento e diminuição de pena (tentativa, semi-imputabilidade, arrependimento posterior, crime continuado, etc).
Etapa II – fixação do regime inicial de cumprimento da pena – aberto, semiaberto, fechado. 
Etapa III – Verificação da possibilidade de substituição da pena de prisão – por pena restritiva de direitos ou multa, ou ainda se cabe a suspensão da execução da pena (sursis).
Em se tratando de matéria ambiental, o critério pode ser diferente, pois o condenado pode ser uma pessoa física ou jurídica. Se o condenado for uma pessoa física, os passos serão os mesmos. Entretanto, sendo o condenado uma pessoa jurídica, o juiz percorrerá apenas a primeira etapa, fixando tão somente a pena.
Na fixação da quantidade de pena, o juiz levará em conta as circunstâncias judiciais do art. 6º da Lei 9.605/98, sendo que as do art.59 do CPP serão aplicadas supletivamente.
Art. 6º - Para imposição e gradação da penalidade, a autoridade competente observará:
I - a gravidade do fato, tendo em vista os motivos da infração e suas consequências para a saúde pública e para o meio ambiente;
II - os antecedentes do infrator quanto ao cumprimento da legislação de interesse ambiental;
III - a situação econômica do infrator, no caso de multa.
Em relação ao inciso I do citado artigo, se para o código de processo penal o juiz leva em consideração as consequências do crime para a vítima, no direito ambiental estas são consideradas em relação ao meio ambiente e a saúde pública.
No inciso II há uma peculiaridade no que tange ao conceito de antecedentes do infrator. Para o Código de Processo Penal, antecedente criminal é a condenação transitada em julgado à época do cometimento do novo crime. Em matéria ambiental, os antecedentes se consubstanciam na simples desobediência anterior de lei em matéria ambiental, ou seja, infrações administrativas ambientais pretéritas, independentemente de ter o acusado sofrido inquérito ou processo criminal, contarão como antecedentes em matéria ambiental. Serão também considerados os bons antecedentes em matéria ambiental.
Fixada a pena base, o juiz fixará as atenuantes e as agravantes, e nesse contexto, a Lei 9.605/98 tem suas próprias agravantes e atenuantes, que estão nos artigos 14 e 15 da Lei.
Art. 14. São circunstâncias que atenuam a pena:
I - baixo grau de instrução ou escolaridade do agente;
II - arrependimento do infrator, manifestado pela espontânea reparação do dano, ou limitação significativa da degradação ambiental causada;
III - comunicação prévia pelo agente do perigo iminente de degradação ambiental;
IV - colaboração com os agentes encarregados da vigilância e do controle ambiental.
Art. 15. São circunstâncias que agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o crime:
I - reincidência nos crimes de natureza ambiental;
II - ter o agente cometido a infração:
a) para obter vantagem pecuniária;
b) coagindo outrem para a execução material da infração;
c) afetando ou expondo a perigo, de maneira grave, a saúde pública ou o meio ambiente;
d) concorrendo para danos à propriedade alheia;
e) atingindo áreas de unidades de conservação ou áreas sujeitas, por ato do Poder Público, a regime especial de uso;
f) atingindo áreas urbanas ou quaisquer assentamentos humanos;
g) em período de defeso à fauna;
h) em domingos ou feriados;
i) à noite;
j) em épocas de seca ou inundações;
l) no interior do espaço territorial especialmente protegido;
m) com o emprego de métodos cruéis para abate ou captura de animais;
n) mediante fraude ou abuso de confiança;
o) mediante abuso do direito de licença, permissão ou autorização ambiental;
p) no interesse de pessoa jurídica mantida, total ou parcialmente, por verbas públicas ou beneficiada por incentivos fiscais;
q) atingindo espécies ameaçadas, listadas em relatórios oficiais das autoridades competentes;
r) facilitada por funcionário público no exercício de suas funções.
A reincidência de que fala o inciso I do art. 15, para ser reconhecida deve ser em matéria ambiental, e tão somente em matéria ambiental. Reincidência em matéria de outra ordem não poderá ser reconhecida pelo Juiz. Assim, por exemplo, se o acusado tiver uma condenação anterior por um crime de furto, para o processo criminal em matéria ambiental ele será réu primário.
No passo seguinte, da aplicação das causas de aumento ou diminuição de pena, o juiz aplicará tanto as causas previstas na legislação ambiental quanto do Código Penal, visto que este se aplica subsidiariamente a lei ambiental.
Resumindo: naquilo em que o Código Penal conflitar com a Lei Ambiental, prevalecerá esta última. No que a Lei Ambiental for omissa, aplicar-se á o Código Penal, o Código de Processo Penal e a Lei 9.099/95 (Jecrim).
Até então, isso vale para ambos os tipos de condenados, seja ele pessoa física ou jurídica.
Em se tratando de condenado pessoa física, na determinação do regime inicial do cumprimento da pena, o juiz aplicará o Código Penal. Isto porque a Lei 9.605/98 não possui regras sobre regime de cumprimento de pena.
3.1.2. Da pena ao infrator Pessoa Jurídica
No caso de se tratar o infrator, de uma Pessoa Jurídica, as penas previstas são as do art. 21 da Lei 9.605/98 e podem ser aplicadas isolada ou cumulativamente.
São elas
- Multa;
- Restrição de direitos;
- Prestação de serviços a comunidade.
A pena de multa, que será calculada segundo os critérios do Código Penal quando se revelar ineficaz, ainda que aplicada no valor máximo, poderá ser aumentada até três vezes, tendo em vista o valor da vantagem econômica auferida (art. 18 da Lei 9.099/95).
A pena restritiva de direitos consistirá:
- suspensão parcial ou total de atividades, caso estas não estiverem obedecendo às disposições legais ou regulamentares, relativas à proteção do meio ambiente
- interdição temporária de estabelecimento, obra ou atividade quando o estabelecimento, obra ou atividade estiver funcionando sem a devida autorização, ou em desacordo com a concedida, ou com violação de disposição legal ou regulamentar.
- proibição de contratar com o Poder Público, bem como dele obter subsídios, subvenções ou doações pelo prazo de até dez anos
3.1.2. Possibilidade de substituição das penas
Ainda, em se tratando de condenado pessoa física, passamos a terceira etapa onde o juiz verificará a possibilidade de substituição da pena de prisão por restritiva de direitos, ou por multa ou a concessão do sursis. E neste caso obedecer-se-á estritamente o que determina a Lei 9.605/98.
As penas restritivas de direitos serão aplicadas se atendidos os critérios estabelecidos no art. 7º da Lei 9.605/98.
Art. 7º As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade quando:
I - tratar-se de crime culposo ou for aplicada a pena privativa de liberdade inferior a quatro anos;
II - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como os motivos e as circunstâncias do crime indicarem que a substituição seja suficiente para efeitos de reprovação e prevenção do crime.
Parágrafo único. As penas restritivas de direitos a que se refere este artigo terão a mesma duração da pena privativa de liberdade substituída.
Importante notar o que consta no parágrafoúnico que diz que a duração da pena restritiva de direitos terá a mesma duração da pena privativa de liberdade substituída, exceto na pena prevista no art. 10 (proibição de contratar com o poder público ou de receber incentivos fiscais) em que a pena será de 5 anos no caso de crime doloso, e 3 anos no caso de crime culposo.
As penas restritivas de direitos estão elencadas no art. 8º, conforme segue:
Art. 8º - As penas restritivas de direito são:
I - prestação de serviços à comunidade;
II - interdição temporária de direitos;
III - suspensão parcial ou total de atividades;
IV - prestação pecuniária;
V - recolhimento domiciliar.
Os arts. 9º ao 13 da Lei 9.605/98 explicam detalhadamente no que consistem cada uma das penas elencadas no art. 8º.
Não sendo possível a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos, o juiz verificará a possibilidade da substituição daquela por multa. O §2º do art. 44 do Código Penal determina que nas penas iguais ou inferiores a um ano, o juiz poderá substituir por uma pena de multa. Se superior a ano e inferior a quatro, por uma restritiva de direito e uma de multa ou duas restritivas de direitos.
A pena de multa em matéria ambiental segue os mesmos critérios adotados pelo Código Penal e mesmo quando aplicada no valor máximo se se revelar ineficaz, poderá ser aumentada em até três vezes, a depender da vantagem econômica auferida, conforme o art. 18 da Lei 9.605/98. 
A título de esclarecimento a pena de multa (tanto no Código Penal, quanto na Lei Ambiental) será calcula em dias multa, sendo o mínimo de 10 e o máximo de 360 dias multa, variando cada dia multa de um trigésimo (1/30) a cinco salários mínimos.
Não sendo o caso de substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direito ou multa, o juiz verificará a possibilidade de suspensão da pena (sursis). Nesse caso, uma outra peculiaridade da Lei Ambiental.
No Código Penal essa possibilidade só existe no caso em que a pena privativa de liberdade não for superior a dois anos. Na Lei ambiental esse prazo é ampliado para três anos. Outra diferença é que Código Penal prevê o sursis especial que é aquele em que o condenado tenha circunstâncias judiciais favoráveis e reparou o dano (salvo impossibilidade de o fazê-lo) e fica submetido às condições mais favoráveis do art. 78,§2º do Código Penal.
O instituto do sursis especial previsto no Código Penal também é cabível na Lei Ambienta, guardadas as seguintes diferenças:
	Código Penal
	Lei 9.605/98
	Pena não superior a dois anos;
	Pena não superior a 3 anos;
	Reparação pode ser provada por qualquer forma;
	Reparação do dano deverá ser comprovada por LAUDO DE REPARAÇÃO DO DANO AMBIENTAL (art.17)
	Sujeito as condições do art. 78, §2º
	Submetido á condições relativas a proteção do meio ambiente a serem fixadas pelo Juiz
Em se tratando de infração penal ambiental, também é possível a aplicação dos institutos da composição dos danos e da transação penal. Entretanto, vale ressaltar algumas peculiaridades aplicáveis ao caso. Tais institutos estão presentes na Lei 9.099/95 (Jec/Jecrim). No Jecrim, mesmo que não tenha havido a composição dos danos civis entre o infrator e a vítima, será possível a transação penal entre o acusado e o MP.
Em matéria ambiental, a composição dos danos ambientais, atestada por laudo de reparação de dano ambiental, é requisito para a obtenção da transação penal conforme art. 27 da Lei 9.605/98.
3.1.3. Outras peculiaridades
Outra peculiaridade da Lei 9.605/98 é a que diz respeito quanto ao confisco dos instrumentos utilizados na infração penal ambiental.
 O art. 91, inciso II, alínea ‘a’ do Código Penal, diz que entre os efeitos da condenação está o perdimento em favor da União, dos instrumentos do crime, sempre que estes forem ilícitos.
Para a legislação ambiental, pouco importa a origem dos instrumentos (se lícita ou não). Em qualquer caso estes serão confiscados. É o que determina o § 5º do art. 25 da Lei 9.605/98.
Entretanto, o dispositivo deve ser interpretado a luz do princípio da razoabilidade. Assim se os instrumentos estiverem sendo “usualmente” utilizados no cometimento da infração, deverão ser confiscados. Do contrário se foi uma eventualidade, haverá de se considerar a licitude dos instrumentos apreendidos. Isso é o que vem decidindo os Tribunais Regionais Federais.
3.1.4. Das Infrações Administrativas 
O artigo 75 da Lei 9.605/98 previa que um Regulamento seria criado. Tal regulamento que só foi publicado no DOU em 23/07/2008 é o Decreto 6.514/08 e detalhas as sanções administrativas cabíveis nas infrações administrativas.
Aquele que pratica um crime ambiental, também incorre em uma infração administrativa.
O decreto reedita os crimes previstos na Lei 9.605/98 indicando as sanções administrativas (multas) em cada caso.
4. Histórico do PL 1.164/91
31/05/1991	Envio da Mensagem 249/91 do Executivo 
09/08/1991	Abertura para recebimento de Emendas 
06/11/1991	Apensado o Projeto de Lei 1.658/91
25/03/1992	Apresentação do Substitutivo da CDCMAM
05/04/1992	Abertura de prazo para recebimento de emendas ao Substitutivo
02/12/1993	Apresentação de emendas na CCJR
29/04/1994	Apresentação do substitutivo com as emendas da CCJR
30/03/1995 	Encaminhamento ao Senado Federal para apreciação
09/07/1997	Aprovação do texto final do Senado com retificações
10/07/1997	Devolvido a Câmara dos Deputados para análise
03/09/1997	Requerimento da CREDN para que o Projeto seja analisado na comissão
23/09/1997	Requerimento para que o Projeto de Lei fosse analisado pela CAPR
28/01/1998	Relatório da CAPR
28/01/1998	Relatório da CDCMAM
28/01/1998	Redação Final
05/02/1998	Enviado para sanção Presidencial
12/02/1998	Sancionado com Vetos
13/02/1998	Publicado no D.O.U.
09/03/1998	Requerimento para nomeação da comissão para análise dos vetos
30/03/1998	Entrada em vigor
31/03/1998	Nomeada comissão para análise dos vetos
07/10/1999	Aprovação dos Vetos parciais

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