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CLASSIFICAÇÃO VISUAL DA MADEIRA SERRADA DE Khaya ivorensis E Khaya senegalensis

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XIV EBRAMEM - Encontro Brasileiro em Madeiras e em Estruturas de Madeira 
28-30/Abril, 2014, Natal, RN, Brasil 
 
CLASSIFICAÇÃO VISUAL DA MADEIRA SERRADA DE Khaya ivorensis E Khaya 
senegalensis 
 
1Graziela Baptista Vidaurre (grazividaurre@gmail.com), 2João Gabriel Missia da Silva 
(j.gabrielmissia@hotmail.com), 3Denise Ransolin Soranso (denise_soranso@hotmail.com), 4Djeison 
Cesar Batista (djeison.batista@ufes.br), 5Dâmaris Billo (damaris_billo@hotmail.com), 6Vinicius 
Peixoto Tinti (viniciustinti_madeireiro@hotmail.com) 
 
Universidade Federal do Espírito Santo 
Departamento de Ciências Florestais e da Madeira – Av. Governador Lindemberg, 316 – 29550-000 – Jerônimo 
Monteiro, ES 
 
RESUMO: O objetivo foi medir e quantificar a madeira serrada de Khaya ivorensis e Khaya 
senegalensis quanto aos defeitos nas peças após secagem natural. Foram utilizadas cinco árvores 
com 19 anos de idade para cada espécie, provenientes de parcela experimental da Reserva Natural 
Vale, Linhares – ES. A classificação foi baseada na NBR 9487 (ABNT, 1986) ressalvando algumas 
adaptações metodológicas, observando os tipos de empenamento, rachaduras e outros defeitos 
visíveis nas peças. As duas primeiras toras de cada árvore (até 25% da altura comercial), foram 
desdobradas em tábuas tangenciais (25 mm de espessura), sendo estas submetidas a secagem 
natural por 172 dias. A madeira de K. ivorensis apresentou os menores índices de empenamentos, 
sendo as médias de encurvamento e de arqueamento dentro do limite máximo (≤ 0,5%) permitido 
pela norma. Defeitos como galerias de insetos xilófagos, podridão e bolsas de goma tiveram maior 
incidência nas tábuas de K. ivorensis. Nós, fendilhado e torção foram mais visíveis nas tábuas de K. 
senegalensis. A madeira serrada de K. ivorensis, obteve o melhor desempenho na classificação 
visual comparada a K. senegalensis. 
 
Palavras chave: mogno africano, empenamentos, secagem natural. 
 
VISUAL CLASSIFICATION OF LUMBER Khaya ivorensis AND Khaya senegalensis 
 
ABSTRACT: The aim was to measure and quantify the lumber Khaya ivorensis and Khaya 
senegalensis regarding defects in pieces after natural drying. Were used five trees 19 years of age for 
each species, from experimental plot of Vale Natural Reserve, Linhares - ES. The classification was 
based on the NBR 9487 (ABNT, 1986) excepting some methodological adjustments, observing the 
types of warping, end checks and other visible defects in pieces. The first two logs of each tree (up to 
25% of the commercial height), were sawing in tangential boards (thickness 25 mm) and subjected to 
natural drying for 172 days. Wood K. ivorensis showed lower level of warping, and the average bow 
and spring were within the maximum limit (≤ 0.5%) allowed by the standard. Defects as insects 
galleries, decay and gum pockets had a higher incidence in the boards of K. ivorensis. Knot, 
seasoning check and twist were more visible on the boards of K. senegalensis. The lumber of K. 
ivorensis, had the best performance in visual classification compared to K. senegalensis. 
 
Keywords: African mahogany, warping, natural drying. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
Para atender a demanda mundial por madeira, investimentos em novas espécies com 
potencial madeireiro são essenciais. Entretanto, considerando os riscos do investimento e 
meios para mitigá-los é importante conhecer o desenvolvimento silvicultural, o manejo 
correto e as propriedades do lenho das espécies, além do comportamento da madeira 
durante e após o beneficiamento e a sua adequação para o uso final. 
Os investimentos nos plantios de mogno africano, gênero Khaya, tem aumentado no 
Brasil nos últimos anos, sendo a Khaya ivorensis a espécie mais plantada. Este gênero é 
representado por árvores, em geral, de elevado porte, nativas da África continental e 
endêmicas de Camarões e Madagascar (PINHEIRO et al., 2011). 
A madeira de mogno africano tem importante uso comercial, pelas suas propriedades 
tecnológicas; beleza; e boa trabalhabilidade, secagem e adesão, porém difícil impregnação. 
É usada em movelaria, laminados, instrumentos musicais, indústria de armas e materiais 
esportivos, construção naval, sofisticadas construções e acabamentos interiores, na 
produção de polpa celulósica e na geração de energia (FALESI; BAENA, 1999; NIKIEMA; 
PASTERNAK, 2008). Os principais atrativos do mogno africano são a sua categorização 
como madeira nobre, o seu alto valor no mercado internacional, a boa adaptação 
edafoclimática, o crescimento rápido e a sua relativa resistência a pragas e doenças. 
Todavia, este cenário ainda está conectado a falta de informações e dados científicos a 
respeito da madeira das espécies do gênero Khaya plantadas no país. 
Para o mercado de produtos sólidos, principal destino da madeira de mogno africano, é 
fundamental que a madeira atenda aos requisitos de qualidade dos consumidores. Neste 
contexto, busca-se a produção de madeira bem dimensionada e usinada; com o teor de 
umidade adequado; estável dimensionalmente; resistente mecanicamente; com a cor 
almejada; livre de defeitos e deterioração; e de acordo com as especificações das normas 
de qualidade reconhecidas internacionalmente. 
Contudo, os defeitos que ocorrem na madeira durante a secagem causam significativos 
prejuízos para quem seca a madeira e desestimula a utilização de determinadas espécies 
susceptíveis a esses defeitos (MARTINS, 1988). Desta forma, é fundamental quantificar os 
defeitos de secagem que ocorrem na madeira das espécies alternativas, submetendo-a a 
classificação de acordo com normas de qualidade, para tomar decisões corretas quanto a 
viabilidade do seu uso. 
Acredita-se que um problema comum no mercado de madeira serrada seja a falta de 
padronização das peças e a não-observância às normas que regulamentam o setor. Desta 
forma, a indústria madeireira tem buscado a classificação e seleção da madeira serrada, 
para agregar valor ao produto. Porém, esta estratégia ainda é exercida somente na madeira 
destinada à exportação para os países desenvolvidos (KHOURY JUNIOR et al., 2005; 
OLIVEIRA et al., 2008; ZENID et al.; 2012). 
Nesta conjuntura, o objetivo foi medir e quantificar a madeira serrada de Khaya ivorensis 
e Khaya senegalensis quanto aos defeitos nas peças após secagem natural. 
 
2. METODOLOGIA 
 
As espécies de mogno africano analisadas foram a Khaya ivorensis A. Chev. e a Khaya 
senegalensis A. Juss., com idade de 19 anos. O material foi proveniente de plantios 
experimentais da Reserva Natural Vale, localizada no município de Linhares, Norte do 
estado do Espírito Santo, entre os paralelos 19° 06’ a 19° 18’ de latitude sul e os meridianos 
39° 45’ a 40° 19’ de longitude oeste. A parcela foi implantada no espaçamento 2 x 2 m, em 
uma área de 784 m2 e a adubação empregada foi 200 g de superfosfato simples por cova, 
no momento do plantio. As mudas utilizadas no povoamento são provenientes de sementes. 
Foram amostradas ao acaso dentro do povoamento 10 árvores, sendo cinco para cada 
espécie. As duas primeiras toras, até 25% da altura comercial, de cada árvore foram 
transportadas para o Departamento de Ciências Florestais e da madeira – CCAUFES, no 
município de Jerônimo Monteiro – ES, onde foram desdobradas com o auxílio de uma
 
motosserra de potência igual a 7.1 CV, adaptada com sabre de 750 mm. Maiores 
informações sobre o desdobro com a motosserra podem ser encontradas em BATISTA et al. 
(2013). O sistema de desdobro utilizado foi cortes tangenciais longitudinais e sucessivos, 
gerando um pranchão central (80 mm de espessura) e tábuas tangenciais (25 mm de 
espessura), sendo o número de peças variável de acordo com o diâmetro da tora. A 
refilagem das tábuas foi realizada em serra circular simples de bancada e o destopo 
secundário em destopadeira radial. O modelo de corte utilizadoé ilustrado na Fig. 1. 
 
 
 
Figura 1. Modelo de corte utilizado no desdobro com a motosserra. 
 
As tábuas foram selecionadas e separadas por comprimento e largura. Esta separação 
foi necessária para facilitar o manuseio das tábuas e a montagem da pilha de secagem 
natural (Fig. 2). A pilha foi montada em local a pleno sol, porém coberta com telhas de 
amianto, para impedir a irradiação solar direta e possíveis influências das chuvas. 
 
 
 
Figura 2. Pilha de secagem natural e sua constituição. 
 
As estruturas que serviram de base para a pilha, foram confeccionadas a partir de 
mourões de eucalipto preservados (460 mm de altura a partir do solo), num total de 10 
apoios, e sobre estes foram pregados sarrafos com perfil de 25 x 80 x 1150 mm (espessura, 
largura, comprimento). Os tabiques utilizados foram confeccionados de madeira seca de 
Pau d’alho (Gallesia integrifolia) com 20 x 35 x 1130 mm, com uma distância de 500 mm 
entre eles. O comprimento da pilha foi determinado pelo próprio comprimento das tábuas. 
Assim, foi necessária a colocação de tabiques especiais nas extremidades das tábuas 
curtas que não alcançavam a linha de apoio das bases, evitando que ficassem livres para 
empenar. 
 
O teor de umidade das tábuas foi determinado com auxílio de um medidor portátil de 
umidade. Este instrumento é baseado na variação da condutividade elétrica, considerando a 
relação entre resistência elétrica e teor de umidade da madeira. A leitura foi realizada no 
centro de cada peça, cravando as agulhas sensoras do medidor até 1/3 da sua espessura 
(cerca de 8,3 mm). Para o controle, foram utilizadas dez tábuas distribuídas aleatoriamente 
ao longo da pilha. O período de secagem natural foi igual a 172 dias. 
Após a secagem, as dimensões das tábuas foram determinadas com auxílio de 
paquímetro e trena e foi realizada a classificação visual qualiquantitativa dos defeitos 
existentes na pior face das tábuas. A classificação foi baseada na Norma Brasileira 
Regulamentadora - NBR 9487 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - 
ABNT, 1986), ressalvando-se algumas adaptações metodológicas. Não foi realizada a 
categorização das tábuas em classes de qualidade pois o escopo principal não é o 
comércio, mas sim o conhecimento do comportamento da madeira das espécies de mogno 
africano, em condições adversas de processamento e secagem, apurado pelos índices e 
tipos de defeitos aparentes nas peças. 
Os tipos de empenamentos (Fig. 3) quantificados nas tábuas foram o encurvamento, 
arqueamento e encanoamento. 
 
 
 
Figura 3. Tipos de empenamentos e sua medição. (Fonte: ROCHA, 2000) 
 
O encurvamento correspondeu à curvatura ao longo do comprimento da tábua, em um 
plano perpendicular à face, calculado conforme a Eq. (1). 
 
Enc=
X
L * 100 
(1) 
 
Em que: 
Enc: Encurvamento (%); 
X: Maior flecha da curvatura da tábua, plano perpendicular à face (mm); 
L: Comprimento da tábua (mm); 
O arqueamento correspondeu à curvatura ao longo do comprimento da tábua, em um 
plano paralelo à face, calculado de acordo com a Eq. (2). 
 
Arq=
Y
L * 100 
(2) 
 
Em que: 
Arq: Arqueamento (%); 
Y: Maior flecha da curvatura da tábua, plano paralelo à face (mm); 
L: Comprimento da tábua (mm). 
O encanoamento ou curvatura ao longo da largura da tábua, foi calculado de acordo com 
a Eq. (3). 
 
Enca=
z
l * 100 
(3) 
 
Em que: 
Enca: Encanoamento (%); 
Z: Maior flecha da curvatura na largura da tábua (mm); 
l: Largura da tábua (mm); 
A medição da flecha dos três tipos de empenamento foi realizada com o auxílio de um 
paquímetro digital, sendo para isto a peça apoiada sobre uma bancada nivelada (Fig. 4). 
 
 
 
Figura 4. Medição da flecha de arqueamento. 
 
Para a quantificação do índice de rachaduras de extremidade das tábuas, foi realizada a 
mensuração do comprimento das maiores rachaduras em cada extremo. O índice foi 
calculado conforme a Eq. (4). 
 
IR=
∑ Lini=1
L1 *100 
(4) 
 
Em que: 
IR: Índice de rachaduras (%); 
L1: Comprimento total da tábua (mm); 
Li: Comprimento individual de cada rachadura (mm). 
Defeitos como torcimento complexo, nós, podridão, galerias de insetos, fendilhado 
(ruptura superficial disposta paralelamente à grã, que aparece durante a secagem da peça) 
e bolsas de goma, foram anotados quanto à presença, sendo determinada a porcentagem 
de tábuas que apresentaram estas imperfeições. 
O experimento foi conduzido como um Delineamento Inteiramente Casualizado, 
considerando como tratamentos as 2 espécies (K. ivorensis e K. senegalensis) e um nível 
de significância de 5% de probabilidade. Foi aplicada a análise de variância para os defeitos 
avaliados e quando esta foi significativa para os dois tratamentos, considerou-se o teste t de 
Student. Foi utilizado o software estatístico SASM-Agri (CANTERI et al., 2001). 
 
 
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO 
 
Em virtude do diferente ritmo de crescimento das espécies, a K. ivorensis apresentou o 
maior volume de toras, resultando em 0,350 m³ de tábuas com dimensões médias de 25 x 
140 x 1850 mm de espessura, largura e comprimento, respectivamente. Quanto a K. 
senegalensis, foram avaliados 0,132 m³ de tábuas com dimensões médias de 26 x 120 x 
1180 mm. Os valores de umidade final e dos empenamentos avaliados são apresentados na 
Tab. 1. 
 
Tabela 1. Valores médios da umidade final, encurvamento, arqueamento e encanoamento das 
tábuas de K. ivorensis e K. senegalensis. 
 
Espécie Estatísticas 
Umidade 
(%) 
Enc 
(%) 
Arq 
(%) 
Enca 
(%) 
K. ivorensis 
Mínimo 9,0 0,04 0,04 0,39 
Média 15,4ns (17,23) 0,37** (69,85) 0,18** (81,91) 1,42** (47,73) 
Máximo 20,0 1,29 0,97 3,31 
K. 
senegalensis 
Mínimo 8,1 0,15 0,04 0,59 
Média 14,4 (19,62) 0,79 (79,69) 0,26 (62,04) 1,81 (42,44) 
Máximo 19,6 2,77 0,56 4,12 
Valores entre parênteses referem-se ao coeficiente de variação (%). 
** e ns: As médias diferem significativamente e não diferem significativamente entre si em nível de 
5% de probabilidade pelo teste t de Student, respectivamente. 
 
Tendo por base a Tab. 1, o teor de umidade das espécies não apresentou diferença 
significativa e está próximo a média de umidade de equilíbrio para a região, por volta de 
16%. Considerando os três tipos de empenamentos, foi observada diferença significativa 
entre as médias das duas espécies, uma vez que a K. ivorensis apresentou os menores 
índices de encurvamento, arqueamento e encanoamento. 
Na pesquisa de SILVA et al. (2013), a madeira de K. ivorensis e a K. senegalensis 
apresentou densidade básica igual a 0,433 e 0,575 g/cm³ e contração volumétrica de 9,29 e 
11,82%, respectivamente. A maior densidade básica da K. senegalensis resultou em um 
maior valor de contração volumétrica. Esta relação pode explicar e é uma das possíveis 
causas para a madeira desta espécie apresentar os maiores índices de empenamento. 
Comparando os resultados de empenamentos apresentados na Tab. 1, o encanoamento 
foi o de maior índice nas tábuas das duas espécies. Este é um defeito típico de tábuas 
tangenciais secas, que é promovido pela grande diferença de contração entre os sentidos 
tangencial e radial. Como as tábuas tangenciais apresentam a maior face no sentido 
tangencial, esta consequentemente contrai muito mais na largura do que na espessura e 
ocorre uma diferença de contração entre as duas bordas da largura (ROCHA; TRUGILHO, 
2006; SEVERO, 2007). O encanoamento é um defeito comum nas tábuas do topo da pilha 
de secagem (WALKER, 2006). 
A NBR 9487 (ABNT, 1986) estabelece como limite para os índices de encurvamento e 
arqueamento, valores menores ou iguais a 0,5% em relação ao comprimento total da tábua. 
As tábuas de K. ivorensis apresentaram valores médios de encurvamento e arqueamento 
dentro deste limite. O mesmo não foi observado para astábuas de K. senegalensis, nas 
quais a norma foi atendida apenas para os valores de arqueamento. Como os 
empenamentos são função do teor de umidade da madeira no momento em que são 
avaliados, os limites das normas devem ser interpretados como um guia de caráter geral, 
uma vez que o uso final da madeira pode não ser conhecido durante a sua classificação 
(MELO, 1999). 
Considerando o volume total, uma pequena quantidade das tábuas não apresentou 
empenamentos. Para a K. ivorensis, 1,72% das tábuas não tiveram encanoamento e 
arqueamento, enquanto para a K. senegalensis, 8,11% das tábuas não apresentaram 
encanoamento e encurvamento e 5,41% não apresentaram arqueamento. 
Ainda são escassos os trabalhos relacionados aos defeitos na madeira serrada de mogno 
africano plantado no Brasil. Por isso, tendo por finalidade a formação de opinião sobre os 
resultados de empenamento na madeira do mogno africano, foram revisados os índices de 
empenamento da madeira de espécies do gênero Eucalyptus, responsáveis por suprir uma 
grande parcela da demanda por madeira serrada no Brasil. 
SOUZA et al. (2012) avaliaram o arqueamento de tábuas (umidade de equilíbrio de 18%) 
provenientes de árvores médias de Eucalyptus grandis, aos 14 anos de idade, e 
encontraram média igual a 0,41%. O valor deparado pelos autores foi superior ao observado 
para as tábuas de K. ivorensis e K. senegalensis. Além das propriedades intrínsecas de 
cada espécie, este resultado pode ser atribuído principalmente a valores excessivos de 
contração volumétrica, inclinação e irregularidades da grã, tensão de crescimento, variação 
do ângulo microfibrilar e presença de madeira de reação e lenho juvenil (SIMPSON, 1991; 
SEVERO, 2007; WALKER, 2006). 
Há várias formas de apresentação dos valores de empenamento na literatura, alguns 
autores apresentam os dados em % e outros em mm/m. Para facilitar a discussão os valores 
médios de encurvamento e arqueamento também foram calculados em mm/m (Tab. 2). 
 
Tabela 2. Valores médios de encurvamento, arqueamento e índice de rachaduras de 
extremidade das tábuas. 
 
Espécie Estatísticas 
Enc 
(mm/m) 
Arq 
(mm/m) 
IR 
(%) 
K. ivorensis 
Mínimo 0,36 0,37 0,42 
Média 3,70 1,78 9,46ns (104,4) 
Máximo 12,89 9,72 43,84 
K. senegalensis 
Mínimo 1,48 0,41 1,62 
Média 7,86 2,56 6,40 (88,14) 
Máximo 27,71 5,64 21,34 
Valores de IR entre parênteses referem-se ao coeficiente de variação (%). 
ns: As médias de IR não diferem significativamente entre si em nível de 5% de probabilidade pelo 
teste t de Student. 
 
Tendo por base a Tab. 2, é possível prever para a K. senegalensis um maior percentual 
de perdas em volume das tábuas na operação de aplainamento. Uma vez que, a espécie 
apresentou as maiores flechas de encurvamento e arqueamento por metro, comparada a K. 
ivorensis. Para eliminar o encurvamento haverá uma redução da espessura das tábuas, 
enquanto para o arqueamento a redução ocorrerá na largura. Estes empenamentos também 
podem ser amenizados ou até eliminados com a redução do comprimento das peças 
(ROCHA; TRUGILHO, 2006). 
AMPARADO (2008) avaliou os empenamentos da madeira de E. saligna com 20 anos de 
idade, após a secagem convencional. O autor observou valores de 3,92 e 3,56 mm/m para o 
encurvamento e arqueamento das tábuas, respectivamente. A média de encurvamento das 
tábuas de E. saligna foi próxima a encontrada para a K. ivorensis, porém foi inferior 
quantitativamente e superior qualitativamente a média das tábuas de K. senegalensis. Já o 
arqueamento das tábuas de mogno africano foi superior qualitativamente. 
Considerando os índices de encurvamento e arqueamento, as tábuas tangenciais de K. 
senegalensis foram inferiores qualitativamente a madeira de E. dunnii com 16,5 e 13 anos 
de idade, avaliadas por ROCHA e TOMASSELLI (2002) e ROCHA e TRUGILHO (2006), 
respectivamente. As flechas de arqueamento das tábuas das duas espécies do gênero 
khaya, foram inferiores quantitativamente as observadas por MÜLLER (2013), para tábuas 
tangenciais secas de duas classes diamétricas de E. benthamii, com 6 anos de idade. 
 
Quanto ao índice de rachaduras de extremidade das tábuas, a K. ivorensis apresentou o 
maior valor comparada a K. senegalensis, apesar de não haver diferença significativa entre 
as médias. Este resultado é um forte indicativo de que a K. ivorensis sofre uma maior 
influência das tensões de crescimento. Além disso, outra premissa é apresentada por 
HOADLEY (2000), na qual as rachaduras são causadas por um gradiente de umidade e 
contrações irregulares que provocam um esforço que excede a resistência perpendicular a 
grã, separando as células ao longo da grã da madeira. De acordo com SEVERO (2007), as 
rachaduras de extremidade aparecem, geralmente, nos raios, que são constituídos por 
células parenquimáticas de reduzida resistência mecânica. 
Para as duas espécies de mogno africano, as médias de índices de rachaduras das 
tábuas foram inferiores aos 32,75% deparados para tábuas de E. grandis (12 anos), por 
ROCHA e TOMASSELLI (2002); aos 21,96% observados para E. saligna, por AMPARADO 
(2008); aos 16,20% para E. dunnii, por ROCHA e TRUGILHO (2006); e aos 16,06% para 
híbridos de Eucalyptus (13 a 17 anos), por CAIXETA et al. (2002). 
É possível que os índices de rachaduras e de empenamento das espécies, tenham sido 
influenciados pelo sistema de desdobro utilizado. Uma vez que, os cortes sucessivos 
realizados pela motosserra, não implicam em uma liberação simétrica das tensões de 
crescimento, o que aumenta a imprecisão nas dimensões, empenamentos e rachaduras das 
tábuas. 
Na Tabela 3, são apresentados os defeitos mais comuns observados durante a 
classificação visual das tábuas das espécies avaliadas. 
 
Tabela 3. Porcentagem de tábuas que apresentaram defeitos durante a classificação visual. 
 
Defeito (%) Espécie 
K. ivorensis K. senegalensis 
Torcimento complexo 0,00 5,4 
Nós 63,78 83,8 
Podridão 3,44 0,00 
Galerias de insetos 15,51 5,4 
Furo inativo de insetos 74,13 48,6 
Fendilhado 12,06 18,9 
Bolsas de goma 6,89 2,7 
 
Defeitos como galerias e furos de insetos xilófagos, podridão e bolsas de gomas tiveram 
maior incidência nas tábuas de K. ivorensis. Nós, fendilhado e torcimento complexo foram 
mais visíveis nas tábuas de K. senegalensis. Na Figura 5, podem ser visualizados alguns 
dos defeitos analisados nas tábuas de mogno africano. 
 
 
 
Figura 5. Defeitos nas tábuas de mogno africano. (A) Rachaduras de extremidade; (B) Nó; (C) 
Bolsa de goma; e (D) galerias de insetos xilófagos. 
 
4. CONCLUSÃO 
 
As tábuas de K. ivorensis apresentaram os menores índices de encurvamento, 
arqueamento e encanoamento. E os valores médios de encurvamento e arqueamento foram 
inferiores ao limite máximo permitido pela norma empregada. O mesmo não foi observado 
para as tábuas de K. senegalensis, nas quais a norma foi atendida apenas para os valores 
de arqueamento. 
A K. ivorensis apresentou o maior índice de rachaduras de extremidade de tábuas. Este 
resultado é um forte indicativo de que a K. ivorensis sofre uma incidência maior de 
deformações internas no lenho provocadas pela desidratação dos tecidos e tensões de 
crescimento, tendo em vista o rápido crescimento da espécie. 
Apesar de parte das tábuas de K. senegalensis não apresentar encanoamento, 
encurvamento e arqueamento e rachar menos, foram observados os maiores índices de 
defeitos como nós, fendilhado e torcimento complexo. 
Tendo em vista das consequências e influência dos defeitos sobre o aproveitamento e 
valor da madeira serrada, as tábuas de K. ivorensis obtiveram um melhor desempenho na 
classificação visual comparada a K. senegalensis. Todavia, deve se manter cautela a 
respeito das rachaduras de extremidade das tábuas, incidência de nós, ataque de 
organismos xilófagos e tensões de crescimento.5. AGRADECIMENTOS 
 
À Reserva Natural Vale pela concessão do material e condições para a realização deste 
trabalho. 
 
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
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obtidos de um plantio de Eucalyptus saligna Smith visando o segmento moveleiro. 
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7. NOTA DE RESPONSABILIDADE 
 
Os autores são os únicos responsáveis pelo que está contido neste trabalho.

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