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XIV EBRAMEM - Encontro Brasileiro em Madeiras e em Estruturas de Madeira 28-30/Abril, 2014, Natal, RN, Brasil VARIAÇÃO RADIAL DAS DENSIDADES APARENTE E BÁSICA DO LENHO DE TECA COM 20 ANOS 1Graziela Baptista Vidaurre (grazividaurre@gmail.com), 2João Gabriel Missia da Silva (j.gabrielmissia@hotmail.com), 3Denise Ransolin Soranso (denise_soranso@hotmail.com), 4Victor Fassina Brocco (vfbrocco@hotmail.com), 5Dâmaris Billo (damaris_billo@hotmail.com), 6Érica Ceschim (ericaceschim.ufes@gmail.com), 7Suellen Rios Martins (suellenriosmartins@yahoo.com.br) Universidade Federal do Espírito Santo Departamento de Ciências Florestais e da Madeira – Av. Governador Lindemberg, 316 – 29550-000 – Jerônimo Monteiro, ES RESUMO: O objetivo foi examinar a variação radial das densidades aparente e básica do lenho da Tectona grandis. Foram utilizadas quatro árvores, com aproximadamente 20 anos, provenientes de plantio florestal em Belo Oriente, MG. Os discos (50 mm de espessura) da base de cada árvore, foram seccionados ao meio, sendo a parte superior utilizada para a obtenção das amostras para a análise da densidade básica e a parte inferior, utilizada para a avaliação da densidade aparente por densitometria de raios X. Os maiores valores de densidade básica e aparente foram observados para a árvore de maior diâmetro, entretanto não houve uma relação de aumento da densidade com o diâmetro para todas as árvores. Os perfis diametrais das densidades aparente e básica indicam aumento a partir da medula, mas sem definição de uma zona de estabilização. As árvores apresentaram a tendência de aumento da densidade básica até um determinado ponto radial, e a partir deste, houve um decréscimo nos valores. Quanto a densidade aparente, o perfis radiais evidenciaram um grande contraste entre os lenhos tardio e inicial, o que contribuiu para a formação de uma madeira muito heterogênea, comumente diagnosticada pela juvenilidade do lenho da teca de 20 anos. Palavras chave: Tectona grandis, propriedades físicas, densitometria de raios X. RADIAL VARIATION OF THE APPARENT AND BASIC DENSITIES OF THE WOOD TEAK WITH 20 YEARS ABSTRACT: The aim was examine the radial variation of the apparent and basic densities of the wood Tectona grandis. Were used four trees, with about 20 years, coming from forest plantation in Belo Oriente, MG. The discs (50 mm thickness) of the base of each tree, were cut in the middle, the upper part used to obtain samples for the analysis of the basic density and the lower part, utilized to evaluate the apparent density by X-ray densitometry. The highest values of basic and apparent densities were observed for larger diameter tree, however there wasn’t a relationship of increased density with diameter for all trees. The diametric profiles of the apparent and basic densities indicate increased from the pith, but there isn't definitely a stabilization zone. The trees showed the tendency of increase of the density up to a certain radial point, and from this, there was a decrease in the values. As for the apparent density, the radial profiles showed a large contrast between the latewood and earlywood, which contributed to the formation of a very heterogeneous wood, commonly diagnosed by juvenility of teak wood 20 years. Keywords: Tectona grandis, physical properties, X-ray densitometry. 1. INTRODUÇÃO A Teca (Tectona grandis L. F.), da família Verbenaceae, é uma espécie nativa das florestas úmidas, decíduas e secas dos trópicos da Índia, Birmânia, Tailândia, Laos, Vietnam e Camboja, países do sudoeste e sudeste Asiático. No Brasil, os plantios com a espécie correspondem a uma área de 67.329 ha, principalmente nos estados do Mato Grosso, Roraima e Pará (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE FLORESTAS PLANTADAS - ABRAF, 2013). De acordo com KEOGH (2013), a demanda pela madeira de teca e outras madeiras tropicais, provavelmente superará a oferta sustentável, a menos que se criem novas fontes de produção, ou novos plantios. A madeira da Teca apresenta excelentes características em relação à beleza, durabilidade, estabilidade dimensional e trabalhabilidade. Adequada a todo tipo de construção, é considerada insuperável na construção naval e apresenta forte mercado internacional, tanto para toras como para madeira serrada e lâminas. Apesar da boa reputação mundial, o cenário para a espécie pode ser incerto, uma vez que a qualidade da madeira e a produtividade encontrada nos plantios podem ser inferiores a almejada. Desta forma, é essencial conhecer as propriedades da madeira de florestas jovens e adultas, para possibilitar maior economia, exatidão e segurança no emprego da madeira (PÉREZ CORDERO; KANNINEN, 2003). Na determinação da qualidade, a densidade é uma das propriedades da madeira, mais avaliada, por estar relacionada à maioria das suas características. Neste sentido, a densidade é correlacionada positivamente com a resistência mecânica e exerce uma relativa influência sobre a retratibilidade, durabilidade natural e impregnação, na secagem, trabalhabilidade e no uso em geral. As variações da densidade dentro das árvores ocorrem como resultado de mudanças no tamanho das células e espessura da parede celular que é associado com os ciclos de crescimento anual e periódico e aumento da idade cambial (IZEKOR; MODUGU, 2010). Atualmente, a principal relação entre a anatomia e a densidade da madeira consiste na estimação da densidade aparente e da proporção da parede celular, baseada na mensuração da densidade da amostra de madeira por gravimetria ou em seções de 2 mm de espessura por raios X (DECOUX et al., 2004). Tendo em vista, o tempo consumido e as laboriosas mensurações anatômicas, a densitometria é uma alternativa para direcionar essas análises. Ela é rápida e fornece uma concepção indireta e compreensiva das estruturas anatômicas (NOCETTI et al., 2011). A densitometria de raios X, é um método não destrutivo que é baseado na diferença de densidade entre o lenho inicial e o tardio, proporcionando um perfil detalhado da densidade na direção radial da madeira, no qual os limites dos anéis de crescimento podem ser visualizados (PALERMO et al., 2002; TOMAZELLO FILHO, 2006). Segundo RODRIGUES (2013), a densitometria de raios X é utilizada por causa da variação dos valores de densidade tanto no sentido longitudinal quanto no sentido medula-casca, pois se consegue obter valores precisos, em escala micrométrica, das variações radiais da densidade aparente do lenho de árvores. Por ser altamente variável a densidade é um indicativo da uniformidade da madeira (KOUBAA et al., 2002). A observação do padrão de variação da densidade, possibilita a seleção e o enquadramento do material de forma mais uniforme nos padrões de qualidade desejáveis para o uso final. Neste contexto, o objetivo foi examinar a variação radial das densidades aparente e básica do lenho da teca, com aproximadamente 20 anos. 2. METODOLOGIA O material pesquisado foi proveniente de plantios da Empresa florestal Celulose Nipo Brasileira - CENIBRA S. A., sediada em Belo Oriente, na região do Vale do Aço, MG; localizados a 19° 15' 00" Sul e 42° 22' 30" Oeste. A região apresenta temperatura média anual de 25°C, máxima de 31,5°C e mínima de 19,1°C, precipitação anual de 1.163 mm, umidade relativa de 65,2% e de acordo com a classificação de Köeppen, o clima é do tipo Aw (Tropical). O solo é caracterizado como Latossolo Vermelho - Amarelo, com altitude que varia de 200 a 1.000 m (LIMA et al., 2008). Foram utilizadas quatro árvores de teca (Tectona grandis), de povoamentos não desbastados, com idade de aproximadamente 20 anos. De cada árvore, foram seccionados discos da base (50 mm de espessura), sendo as outras partes do fuste comercial utilizadas para outras pesquisas e finalidades. Estes discosforam seccionados ao meio com auxílio de uma serra de fita vertical de bancada, sendo a seção superior utilizada para a obtenção das amostras para a análise da densidade básica e a inferior, utilizada para a avaliação da densidade aparente. A amostragem dos discos é ilustrada na Fig. 1. Figura 1. Esquema ilustrativo da amostragem dos discos. As seções superior e inferior foram lixadas para eliminar imperfeições, melhorar a visualização e identificar defeitos da superfície, sendo em seguida retirada uma tira radial. As tiras radiais da parte superior, utilizadas para a determinação da densidade básica, foram seccionadas em corpos de prova com os raios orientados a partir da medula, com dimensões de 20 x 20 x 10 mm³. Para controle e identificação, a tira radial foi dividida por zonas, sendo a zona L1 o lado esquerdo e a zona L2 o lado direito da medula. Nos dois casos as amostras foram enumeradas de 1 a “x” a partir da medula, onde “x” é o número máximo de corpos de prova, variável de acordo com o diâmetro do disco, conforme ilustrado na Fig. 2. Para a saturação completa, os corpos de prova foram submersos em água num dessecador, sendo expostos à vácuos diários de 5 minutos, por um período de 30 dias. A finalidade de saturar a madeira foi eliminar o erro que decorre pelo fato da madeira absorver água enquanto é pesada, para mensurar o seu volume. Para a determinação da densidade básica foram seguidos os procedimentos da Norma Brasileira Regulamentadora - NBR 11941 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - ABNT, 2003). A densidade aparente do lenho foi avaliada por meio da densitometria de raios X. Para tal, as tiras radiais da seção inferior dos discos (Fig. 1) foram seccionadas com as dimensões de 20 x 10 mm na largura e altura, e comprimento variável com o diâmetro de cada disco (Fig. 3 A), e coladas em suporte de madeira, com seção transversal de 20 x 20 mm (Fig. 3 B), conforme o proposto por TOMAZELLO FILHO (2006). Figura 2. Identificação e confecção dos corpos de prova de densidade básica. Figura 3. Preparo das amostras. (A) Usinagem da tira radial; (B) Tiras radiais coladas nos suportes para a densitometria de raios X. A técnica de densitometria de raios X, foi realizada no Laboratório de Anatomia e Identificação de Madeiras do Departamento de Ciências Florestais - ESALQ/USP, Piracicaba, São Paulo. No laboratório, as amostras foram seccionadas no sentido transversal (2,0 mm de espessura), em aparelho de dupla serra circular paralela (Fig. 4 A). Posteriormente, as seções transversais do lenho foram acondicionadas em sala de climatização, durante 24 horas, a uma temperatura de 20°C e 60% de Umidade Relativa, até atingir 12% de umidade. A varredura radial do lenho foi realizada por um feixe de raios X colimado, no equipamento modelo QTRS-01X, da Quintek Measurement Systems (Fig. 4 B). Foi utilizado o software QMS, para transformação dos valores de raios X em valores de densidade aparente, de acordo com os procedimentos descritos por CASTRO (2011) e LOBÃO et al. (2012). Figura 4. Corte e irradiação das amostras do lenho. (A) Aparelho de dupla serra circular paralela; (B) Equipamento de raios X QTRS-01X. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Na Tabela 1 são listados os valores de densidade básica e aparente para as quatro árvores de teca avaliadas. Tabela 1. Valores descritivos de densidade básica e aparente para as árvores de teca. Árvore Estatística descritiva Densidade básica (g/cm³) Densidade aparente (g/cm³) A1 Mínimo 0,459 0,293 Média 0,513 a* 0,644 a Máximo 0,559 1,044 CV (%) 5,665 14,101 B1 Mínimo 0,423 0,265 Média 0,458 b 0,572 b Máximo 0,513 0,961 CV (%) 5,768 18,634 C1 Mínimo 0,386 0,210 Média 0,468 b 0,573 b Máximo 0,524 0,933 CV (%) 8,376 19,306 D1 Mínimo 0,457 0,235 Média 0,508 a 0,603 c Máximo 0,577 1,007 CV (%) 7,480 17,482 Média geral (g/cm³) 0,488 0,602 * As médias seguidas por uma mesma letra minúscula, em cada coluna, não diferem estatisticamente (t de Student, p < 0,05). A árvore “A1” apresentou os maiores valores médios de densidade básica e aparente e também o maior diâmetro da base entre as árvores avaliadas. Entretanto, não houve uma relação explícita de aumento da densidade com o aumento do diâmetro para todas as árvores. Ou seja, a densidade foi independente do diâmetro. O mesmo foi observado por CASTRO (2011). Juntamente com o maior diâmetro, a árvore “A1” apresentou a maior excentricidade de medula. Alguns autores, como FERREIRA et al. (2008), ponderam a presença de medula excêntrica como uma evidência da formação de lenho de tração, por causa do alargamento dos anéis de crescimento na zona tracionadas das folhosas. O lenho de tração induz no aumento do conteúdo de celulose acarretando numa maior densidade. Porém, para comprovação de tal fato é necessário a análise química do material. Considerando a densidade básica das quatro árvores de teca, não foi observada diferença estatística entre as árvores “A1” e “D1” e as árvores “B1” e “C1”. Esta relação demonstra a variabilidade existente entre árvores de mesma idade cultivadas sob as mesmas condições de crescimento. Essa variabilidade, geralmente encontrada dentro de uma árvore individual, é relacionada, provavelmente, às mudanças sofridas pelo câmbio durante o envelhecimento e as modificações impostas pelas condições ambientais (GONÇALVES et al., 2007). A madeira de T. grandis apresentou uma média geral de densidade básica inferior quantitativamente a deparada por MOTTA (2011), na caracterização tecnológica da madeira com 15 anos e de mesma proveniência das árvores deste estudo. A mesma relação foi observada para a pesquisa de FLÓREZ (2012), que estudou a espécie com 13 anos de idade, proveniente do município de Vazante, MG, e encontrou média de 0,538 g/cm³; e AVELINO (2012) que notou um valor médio igual a 0,590 g/cm³ para a madeira com aproximadamente 11 anos, oriunda de desbaste de plantio em Cáceres, MT. Todavia, a média da densidade básica foi similar a observada por SILVA (2010), na avaliação da madeira da espécie com 12 anos de idade sob diferentes densidades de plantio; e pelo Department of Employment, Economic Development and Innovation – DEEDI (2011) para a madeira de 6 anos plantada na Ilha Salomão. Na Figura 5 é ilustrada a variação radial da densidade básica da teca com aproximadamente 20 anos. Amostras L1 8 L1 7 L1 6 L1 5 L1 4 L1 3 L1 2 L1 1 M e du la L2 1 L2 2 L2 3 L2 4 L2 5 L2 6 L2 7 L2 8 L2 9 L2 1 0 L2 1 1 L2 1 2 L2 1 3 D e n si da de Bá si ca (g/ cm ³) 0,4 0 0,4 5 0,5 0 0,5 5 Árvore D Árvore B Árvore C Árvore A Figura 5. Variação radial de densidade básica do lenho das quatro árvores de teca. Com auxílio da Fig. 5, é possível perceber uma grande variação da densidade básica no sentido medula casca e ausência de semelhança no comportamento dos perfis de variação da densidade entre as árvores. É notável uma tendência de menores valores de densidade próximos à medula e a casca, para ambos os lados, e picos de densidade nas posições intermediárias da seção radial. Há algumas relações entre o comportamento da variação de densidade básica deparado neste estudo e por outras pesquisas, mas pouca semelhança. Em avaliação da variação axial e radial das propriedades físicas da madeira de teca na Nigéria, IZEKOR et al. (2010) observaram que para as idades de 15, 20 e 25 anos, a densidade do lenho aumenta da medula para a casca e decresce da base para o topo. CASTRO (2011)observou um aumento da densidade básica a partir da medula com estabilização no lenho externo, próximo a casca, para teca de 52 anos plantada na região de Piracicaba, SP. MELO et al. (2006) notaram o aumento da densidade próximo à medula, depois permanecendo mais ou menos constante, podendo decrescer próximo à casca. Em compensação, GONÇALVES et al. (2007) observaram um perfil decrescente de densidade básica no sentido radial. Essas diversidades de valores e perfis de densidade básica encontrada entre as pesquisas mencionadas, podem ser explicadas em função da idade, material genético, características dos sítios e proveniência, condições de crescimento, posição no tronco, influência de lenho juvenil e adulto e madeira de reação, estrutura anatômica e presença de extrativos. Tendo por base a densidade aparente, ainda na Tab. 1, somente as árvores “B1” e “C1” não apresentaram diferença significativa. As árvores “A1” e “D1” foram significativamente diferentes de todas as outras árvores. A média geral desta propriedade foi inferior a observada por CASTRO (2011) e LIMA et al. (2011), correspondente a 0,640 e 0,650 g/cm³, respectivamente. O último autor menciona que é admissível para algumas espécies, através de desbastes gradativos reduzir o gradiente de variação medula-casca da densidade, demonstrando que é possível conseguir uma madeira mais homogênea, alterando o espaçamento inicial da população de maneira gradativa. Desta forma, a heterogeneidade dos valores de densidade também pode ser atribuída à ausência de desbastes nos plantios da teca avaliada. A seção transversal do lenho de discos da base de T. grandis, evidenciando os anéis de crescimento, pode ser visualizada na Fig. 6. Figura 6. Seção transversal do lenho de Tectona grandis, demonstrando os anéis de crescimento em regiões próximas à medula (1); intermediária (2); e à casca. (Fonte: Adaptado de CASTRO, 2011) Com auxílio da Fig. 6, percebe-se para a madeira de teca, na região próxima a medula (Posição 1) a formação de anéis de crescimento largos e lenho inicial de maior espessura que o tardio; na região intermediária (Posição 2) os anéis de crescimento são mais estreitos, com o lenho inicial de maior espessura que o tardio, porém ocorre uma aproximação na largura dos anéis de crescimento na região de transição do cerne para o alburno; e na região próxima a casca (Posição 3), a largura dos anéis de crescimento é inferior a das outras regiões, mas ainda variável e o lenho tardio é mais fino que o lenho inicial. A maior porcentagem de lenho inicial em relação ao tardio na seção transversal e a variação na largura entre os anéis de crescimento, explica, concomitantemente, os menores valores e a heterogeneidade nos perfis de densidade básica (Fig. 5) e aparente (Fig. 7) do lenho da T. grandis. Figura 7. Perfis de densidade aparente para o lenho das árvores de teca, com 20 anos. O lenho da teca da região do Vale do Aço apresentou uma grande variabilidade nos perfis de densidade aparente para todas as árvores avaliadas (Fig. 7). Houve uma ligeira tendência de aumento da densidade aparente a partir da medula, porém não ocorreu uma zona de estabilização. Nos perfis, os picos elevados de densidade aparente corresponderam a regiões de maior atenuação dos raios X, como zonas fibrosas do lenho tardio, de coloração mais escura, com fibras de parede espessa e vasos de menor diâmetro e frequência. Estes picos de densidade também podem ter sido produzidos por depósitos de extrativos e tiloses nos vasos, principalmente na região do cerne. Conforme SERPA et al. (2003) e BALLARIN e LARA PALMA (2003), o aumento da densidade da madeira no sentido medula-casca está relacionado com a formação de madeira juvenil nos primeiros anos e da madeira adulta a partir de certa idade da árvore. Com o passar do tempo há uma tendência de homogeneização da madeira, na medida em que a árvore vai atingindo a maturidade. Esta premissa da homogeneização não foi observada para a madeira avaliada, uma vez que, a formação do lenho juvenil em T. grandis continua até 15 ou 20-25 anos, embora varie consideravelmente em função das propriedades da madeira avaliadas, localidades, taxa de crescimento das plantações e árvores individuais (BHAT et al., 2001). O grande contraste entre a densidade dos lenhos tardio e inicial, afeta a qualidade da madeira de teca. Uma vez que, as espécies com alta homogeneidade de densidade na direção radial apresentam as melhores condutas de propriedades tecnológicas, principalmente no que diz respeito a resistência ao aparecimento de defeitos de secagem e variação dimensional, e rendimento no desdobro (OLIVEIRA et al., 2012). 4. CONCLUSÃO A árvore de maior densidade básica e aparente, também apresentou o maior diâmetro da base entre as árvores avaliadas. Entretanto, a densidade foi independente do diâmetro. Houve uma grande variação da densidade básica e aparente no sentido medula casca e ausência de semelhança no comportamento dos perfis de variação da densidade entre as árvores. Sendo essa variação relacionada, provavelmente, às mudanças anuais sofridas pelo câmbio, modificações impostas pelas condições ambientais, genética do material, madeira de reação, lenho juvenil, estrutura anatômica e presença de extrativos. Ocorreu uma tendência de aumento da densidade básica até uma determinada posição radial, e a partir desta, houve um decréscimo nos valores. Enquanto para a densidade aparente, os perfis radiais evidenciaram um grande contraste entre os lenhos tardio e inicial, o que contribuiu para a formação de uma madeira muito heterogênea, comumente diagnosticada pela juvenilidade do lenho da teca de 20 anos. Tendo em vista, que o padrão de variação da densidade da madeira tem um impacto na variação da maioria das propriedades de resistência, a madeira de teca avaliada neste estudo, ainda não apresenta as qualidades almejadas para usos que exijam propriedades físico-mecânicas mais uniformes. 5. AGRADECIMENTOS À Celulose Nipo Brasileira – CENIBRA S. A. pela concessão do material e condições para a realização deste trabalho. 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE FLORESTAS PLANTADAS – ABRAF. Anuário Estatístico ABRAF 2013. Brasília: ABRAF, 2013. 148 p. Disponível em: <http://www.abraflor.org.br/estatisticas/ABRAF13/ABRAF13_BR.pdf>. Acesso em: 21 ago. 2013. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT. NBR 11941: Madeira - Determinação da densidade básica. Rio de Janeiro, 2003. 6 p. AVELINO, E. F. Avaliação da Madeira de Teca Jovem (Tectona grandis L. f.) Visando Uso em Movelaria. 2012. 96 f. 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