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ANALISE DE POEMAS DE FERNANDO PESSOA

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ANÁLISE DE POEMAS DE FERNANDO PESSOA
AUTOPISCOGRAFIA
O poema trata-se de uma lei que o poeta verifica em si próprio, daí o título ''autopiscografia''. O poeta é um fingidor, não no sentido de enganar mas no sentido de disfarçar, modelar, construir, se refere ao processo criativo do poema, como um ator. 
A poesia não está na dor sentida realmente pelo poeta. A dor real ''que deveras sente'' tem que ser fingida, expressa em linguagem poética, não basta a expressão espontânea dessa dor. Ele sente uma dor, mas passa para o papel só depois de um tempo, e aí há a transfiguração de uma dor sentida para uma dor que já é pensada. A dor é uma realidade interior impossível de compartilhar como tal, então o poeta traduz (fingir) essa dor em palavras, criando assim o poema.
 Ao ler o poema, o leitor não sente a dor real do poeta, ou a dor ''fingida'' por ele, e nem a dor que é de fato sentida emocionalmente pelo leitor, ''mas só as que ele não tem'', ele tem uma recriação de uma imagem de dor liberada pelo poema, que é interpretado de uma maneira individual e diferente por cada leitor. 
 ''E assim nas calhas de roda 
Gira, a entreter a razão, 
Esse comboio de corda
Que se chama coração'' 
Essa conclusão é uma metáfora ao jogo sensação-razão usada para criar o poema, onde a relação entre os dois é contínua e circular. O coração (as sensações de onde o poema nasce) é um comboio de corda sempre a ''entreter'' (insinua a repetição contínua do processo criativo) a razão (aonde essas sensações são transfiguradas). 
ISTO
“Isto” funciona como um esclarecimento do poema analisado anteriormente, negando que mente sobre o que escreve, fingir não é o mesmo que mentir, ele intelectualiza e transforma, imagina uma forma de melhor apresentá-los , ''traduzindo'' os sentimentos vividos ao passar para o papel. 
''Eu simplesmente sinto 
Com a imaginação.
 	Não uso o coração''. 
	
“Não usa o coração”, usa a combinação dos atos de ''sentir'' e ''imaginar'', onde a razão é um espécie de filtro para a emoção e a obra poética é um resultado dessa combinação de atos.
 ''É como que um terraço 
Sobre outra coisa ainda. 
Essa coisa que é linda.''
 O que ele vive na realidade é só uma ponte, um terraço para uma coisa mais bela: sua obra poética, por isso ele se distancia da realidade ao escrever, e a poesia não é uma expressão imediata de suas emoções, ele deixa o ato de sentir de verdade para o leitor:
 ''Sentir! Sinta quem lê'' 
Na segunda estrofe, entende-se que o que se sobrepõem a realidade como um terraço acima de uma casa é o mundo dos sonhos, tranquilo e desejável, chamada de “linda” em seu ultimo verso. 
	
POBRE VELHA MÚSICA
O poema tem como temática a infância de Fernando Pessoa. Na primeira estrofe, o sujeito poético realça tal temática, representando-a como não mais que um paraíso perdido, apresentando sentimentos típicos de angústia, saudade e nostalgia. Ou seja, quando ouve a música, lembra-se do passado em que a ouvia, e chora com saudades de tal época. No primeiro verso da primeira estrofe, entende-se que por “Pobre velha música!”, a infância já está longe e o hábito de ouvir a música que ela toca também, a “pobre velha musica” é o período dourada de sua vida, que não retornará.
A segunda estrofe é iniciada com a recordação de tempos passados, onde ouvia a música com outros sentimentos. A lembrança, embora seja talvez de um período feliz, começa à trazer-lhe uma grande tristeza, por estar novamente associada a uma idade perdida. Ligando-se à terceira estrofe, o poeta sente uma estranheza comum ao recordar a lembrança. É ele próprio quem sente, mas na realidade sentiu verdadeiramente o sentimento da música apenas em outra idade. Tornando tal recordação em uma experiência em segunda mão e trazendo-lhe o desejo de voltar para tal época, para descobrir o sentimento novamente.
	Por tanto, a conclusão do poema em sua ultima estrofe é de que Fernando Pessoa deseja o regresso ao passado, mas sabe que além de impossível, mesmo que conseguisse voltar à sua infância, não conseguiria ser feliz agora. O seu desejo se apresenta em um plano temporal impossível de realizar: ele ser criança para sentir novamente o que sentia, mas adulto no presente-agora, ao mesmo tempo. Tendo tais emoções da infância na sua personalidade adulta.
QUALQUER MÚSICA
Na primeira estrofe, o eu lírico, implora por qualquer música, como o titulo mesmo representa, para fugir da realidade. Assim, interpreta-se que a música deixa o eu lírico calmo, e seu desejo é por encontrar uma música que o faça sair dali, para ele deixar de sentir, o que no presente momento ele sente. O desespero do sujeito poético se descreve em buscar qualquer forma de calmaria para tirar de sua alma a sua angustia com a vida.
A segundo estrofe funciona como um complemento da primeira, ele clama por qualquer espécie de melodia que possa leva-lo à um universo surrealista, onde seus sonhos não o deixam ver a realidade de sua vida. Na estrofe seguinte, com: 
“Qualquer coisa que não vida''
 O sujeito poético quer fugir da realidade da vida e pede por uma coisa alegre, representado por: ''fado, dança''. Pela continuação, o verso:
 ''Que eu não sinta o coração''
 O narrador relembra novamente que não quer sentir o que está sentindo e precisa de qualquer coisa que o livre da agonia que seu coração está carregando.
NATAL... NA PROVÍNCIA NEVA
O autor reconhece o aconchego do natal e das famílias reunidas, celebrando tradições e relembrando sentimentos de natais anteriores. 
''Um sentimento conserva Os sentimentos passados.'' 
''Coração oposto ao mundo, 
Como a família é verdade!
 Meu pensamento é profundo, 
Estou só e sonho saudade.'' 
O autor reconhece o extremo valor da família, porém, se sente oposto ao mundo por estar só e sem ela, e com sentimento profundo de saudade, ao contrário de como todos se sentem nessa época. Através de
“E como é branca de graça
 A paisagem que não sei, 
Vista de trás da vidraça Do lar que nunca terei!”
O sujeito poético exalta essa beleza e graça da chamada ''paisagem que não sabe'', desse quadro em que todos estão felizes reunidos em família, mas que ele não tem, vista através de um olhar só, tendo o pensamento de que também nunca terá.
	
	ELA CANTA, POBRE CEIFEIRA.
	O poema tem por tema, a dor de pensar e as desvantagens do conhecer. Assim, as suas seis estrofes estão dividas em o canto da ceifadora nas três primeiras, com toda a sua descrição, e assim, na segunda parte da divisão, os efeitos da audição de tal canto na mente do poeta em sua subjetividade, nas três estrofes finais da poesia. 
	A análise da ceifeira se dá pelos adjetivos utilizados, “pobre” apenas revela que ela é pobre no sentido psicológico, sem ter conhecimentos profundos ou saber sobre sua verdadeira condição. Assim sendo, isso torna a ceifeira feliz, o que mais à frente no poema mostra-se como o desejo do poeta ter tal felicidade, sendo porém, ele mesmo. 
A voz da ceifeira reflete através da descrição do ultimo verso da primeira estrofe, a vida no campo, causadora da felicidade e do anonimato de se viver em contato presente com a natureza, afastando-se da cidade. O que é uma ligação à segunda estrofe, pois o canto comparado ao de um pássaro e a descrição do ar livre descrito em tal estrofe, representam o moderado de seu canto, tanto quanto o de sua vida. Assim, o uso de:
 “De alegre e anônima viuvez,”
Refere-se a voz da ceifeira, enquanto o verso da terceira estrofe:
“Ouvi-la alegre e entristece,”
Refere-se ao ato de ouvir a ceifeira e faz liga-se com a segunda parte do poema que está por seguir-se, tratando dos efeitos de ouvir seu canto. O canto da ceifeira produz efeitos contraditórios para aqueles que a ouvem, utilizando deste ultimo verso citado também para demonstrar que ouvi-la alegre, sendo uma mulher simples, torna o sujeito narrador triste. O canto feliz da ceifeira encanta e prende o poeta, que torna-se alegra por a ver feliz mas entristece-se, porque sabe que, se aquela ceifeira fossecapaz de tomar consciência da sua situação, não encontraria motivos para cantar, como acontece no primeiro verso, da quarta estrofe:
“Ah, canta, canta sem razão!
O que em mim sente ‘stá pensando.
Derrama no meu coração a tua incerta voz ondeando.”
Assim, a partir da quarta estrofe, o poeta primeiramente faz um apelo e formula o desejo impossível dirigido à ceifeira para que continue a cantar, mesmo “sem razão”, para que o canto derramado entre no seu coração, perceptível através do uso das primeiras e segunda pessoas na quinta estrofe. “Eu” representando o sujeito poético e “tu”, a ceifeira.
	 “Ah, pode ser tu, sendo eu!
Ter a tua alegre inconsciência,
E a consciência disso! Ó céu!
Ó campo! Ó canção! A ciência”
Referindo-se assim, o sujeito poético, em tal estrofe, seu o desejo de ter o sentimento da ceifeira em si mesmo, uma vez já dada a falta de consciência e ingenuidade simples da ceifeira campestre. Assim, após a invocação do sujeito poético para a ceifeira, através do uso do “tu”, tal “conversa” se estende até o fim do poema, em suas ultimas estrofes. Verificando-se como descrito, a impossibilidade de ser inconscientemente alegre, como a ceifeira, sem perder a lucidez e o conhecimento, porque “a ciência [...] pesa”, e o poeta pede ao céu, ao campo e à canção em si, que entrem por ele à dentro, possuindo e tomando a sua alma.
	
NÃO SEI SE É SONHO, SE REALIDADE
O poema expressa uma tensão entre o apelo do sonho, caracterizado pela tranquilidade, pelo sossego e obviamente pelo afastamento do real, contra o peso da realidade em si, tratando do desejo humano de viver em um sonho tranquilo, descrevendo-o em forma de paraíso. 
 	A interpretação é de que a realidade fica sempre oposta ao sonho, mas mesmo no sonho o mal real permanece, como narrado com desconforto e frustação na terceira estrofe. O poema conclui que a felicidade, a cura da dor de viver, não se encontra no exterior mas no interior de cada um de nós, através dos versos da ultima estrofe.
NÃO SEI QUANTAS ALMAS TENHO
O poema “Não sei quantas almas tenho” é uma reflexão do próprio Fernando Pessoa sobre si mesmo e seus heterônimos, percebendo-se tal fato através de certas passagens do poema onde ele recorda ler o que escreveu com um sentimento de estranheza, como se o que escreveu no passado agora lhe fosse estranho:
 “Torno-me eles e não eu.”
“Continuamente me estranho.”
No começo do poema ainda, observamos a despersonalização do autor e através do verso à “cada momento mudei”, percebe-se a instabilidade da vida do autor que é resultante da constante troca de entre os heterônimos utilizados na vida de Fernando Pessoa:
“Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.”
	Em seguida, observamos o sujeito poético não se reconhecendo por ser múltiplo em heterônimos, para nos próximos versos a sua exteriorização torna-lo estranho à própria vida:
	“De tanto ser, só tenho alma.
	Quem não tem alma não tem calma.
	Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é.”
	
	Através do verso “De tanto ser, só tenho alma”, o que ele tenta dizer também é que acredita que sua vida foi pensada e racionalizada sem emoções genuínas. A partir de “Quem tem alma não tem calma.”, entende-se que quem pensa não tem paz e que é portanto impossível conciliar o pensar racionalmente e o viver as emoções puras e verdadeiras. É importante reparar que o uso do “Quem” é uma terceira pessoa e que em seguida, o poema segue utilizando a primeira pessoa (“Eu”, “Meu”, “Sou minha própria”, etc). 
	De tal modo, na continuação dos versos, há ainda mais despersonalização, onde ele se esconde na da realidade em seus heterónimos. Por exemplo, em:
	
“Torno-me eles e não eu.”
	Há a perda da identidade original. Em seguida observa-se a separação poética da alma do corpo, o que significa dizer que o poeta atua agora como expectador de sua vida, através do verso:
 	“Sou minha própria paisagem, 
	Assisto à minha passagem.”	
	Os versos adjacentes: 
	“Diverso, móbil e só.
	Não sei sentir-me onde estou.”
	São respectivamente interpretados como a multiplicação do poeta embora ele continue solitário e como ele reconhece-se cada vez menos cada vez que se sente-se mais múltiplo. 
Por fim, na estrofe de conclusão do poema, a partir de palavras como “alheio”, o poeta sente-se ausente de si próprio e através da pergunta: “Fui eu? [Quem escreveu]”, ele utiliza de uma analogia do “eu” interior como “Como páginas, meu ser”, que seria metaforicamente páginas de autoanálise de seu ser, no qual escreve na margem das páginas de tal livro, o que julga sentir, mostrando um desconhecimento de si próprio e quanto ao seu passado outra vez. O ultimo verso do poema por fim, coloca Fernando Pessoa como o próprio livro escrito por Deus, de tal modo que o sujeito não passa de um expectador da própria vida, outro superior, comanda-a por ele.
Assim, a conclusão é de que o poema é uma analise do sujeito poético, que apresenta-se com várias “almas”, como se o seu interior fosse um labirinto no qual ele tem dificuldade em encontrar a si próprio, expressando-se através de heterônimos, como Fernando Pessoa fazia, ele narra em “	Não sei quantas almas tenho” que tal atitude acaba tornando-o muitas vezes solitário e triste pois na verdade não consegue ser ele mesmo, seja que personalidade possua.
VIAJAR! PERDER PAÍSES
A noção de viagem no poema não é referente ao acumulo de países e rotas traçadas, mas sim à procura por si mesmo. A viagem para a descoberta própria é narrada como uma viagem permanente, na qual cada face encontrada do ser é um lugar imediatamente perdido e em que a alma é livre, ou seja, o ser é sempre outro, sem ter amarras à nada e nem à ninguém, nem menos à si mesmo, como observado nas primeira e segunda estrofes da poesia. 
O verso:
“por alma não ter raízes” 
Trata-se de tal metáfora, significando não ter amarras à ninguém, nem a si mesmo, mostrando a solidão em que se encontra o sujeito. Assim como:  
“Ser outro constantemente.”
“De viver de ver somente!”
São referentes à ideia de viver, somente, despreocupadamente, devido ao fato de a alma não ter raízes físicas. Na segunda estrofe, especificamente, acontece a anulação da parte do narrador  quanto a própria individualidade e também a despersonalização do sujeito, tanto quanto a ânsia de Fernando Pessoa por encontrar-se. Em:
“Ir em frente, ir a seguir 
A ausência de ter um fim,”
Observa-se que o viajar sem ter um fim é a manifestação de tal desejo por encontrar-se, embora o poeta neste texto não consegue encontrar seu “eu”, gerando a angústia e a fragmentação do sujeito. Ao analisar sua realidade, ocorre a desesperança de encontrar-se, misturando o real e o imaginário, como que no mundo dos sonhos, destacado na ultima estrofe do poema através de:
“Viajar assim é viagem.
Mas faço-o sem ter de meu
Mais que o sonho da passagem
O resto é só terra e céu.”
LIBERDADE
O poema “liberdade” expressa a vontade do sujeito narrador em não cumprir com o dever de vez em quando. O que ele quer dizer é que existe a filosofia de cumprimento do dever na sociedade mas a sensação do não cumprimento é boa. Ocorre ironia porque não existe verdadeira liberdade, como presente no titulo, em não cumprir com o os nossos deveres. 
A primeira estrofe do poema, funciona como uma tesa defendida, utilizando de exemplos como a leitura e argumentos. A ironia e o humor começam nessas mesmas primeiras estrofes, onde:
“Ter um livro para ler
E não o fazer!”
Funciona como o exemplo, de forma humorística lembrando a rebeldia infantil, aumentando a dose de ironia ao tratar:
“Esperar por D. Sebastião 
Quer venha ou não.”
Como um pequeno deboche ao povo português ao esperar por um herói salvador. A poesia tem tendência de seguir leve, porém carrega palavras de cargas simbólicas, que enumeram a realidade de forma eufórica, através de por exemplo: 
“Grande é a poesia, a bondade e as danças,
 Mas o melhor do mundo são as crianças,
	 Flores, musicas, o luar, e o sol.”
	A ultimaestrofe do poema:
“O mais do que isto
É Jesus Cristo, 
Que não sabia nada de finanças 
Nem consta que tivesse biblioteca.”
Traduz uma critica ao poderosos que impõem seus caprichos, usando Jesus Cristo como uma forma irônica exemplificada e ligando a falta da biblioteca, ao estudo narrado nas primeiras estrofes.
	Concluímos que Fernando Pessoa é completamente irônico em “Liberdade”, devido ao humor utilizado ao longo do poema, comprava-se que a poesia é irônica, pois ele na verdade acredita que o dever é essencial para a liberdade e que se o homem quiser ser livre, terá de se submeter ao cumprimento do dever que lhe é imposto. 
LÁ FORA VAI UM REDEMOINHO DE SOL OS CAVALOS DO “CARROUSSEL”...
O poema narra uma descrição do mundo exterior encontrado pelo sujeito poético à sua frente na sua primeira estrofe, seguindo então para o encontro do mundo interior do poeta para com o exterior no começo da segunda estrofe:
“E os dois grupos encontram-se e penetram-se 
Até formarem só um que é os dois.”
Parece assim ter-se alcançado uma totalidade e também uma união de dois opostos mas através da leitura de: 
“De repente alguém sacode esta hora dupla”
 “pó das duas realidades cai…” 
Interpreta-se que fica nas mãos do sujeito poético, as duas coisas separadas novamente, desintegradas uma da outra, de forma heterogênea. O mundo interior é representado pela noite, e pela feira, e o exterior pelo dia, pela luminosidade, pelo:
“Lá fora vai um redemoinho de sol os cavalos do “carroussel” ”
“Ranchos de raparigas de brilha à cabeça
Que passam lá fora, cheias de estar sob o sol.” 
Por fim, a separação homogênea dos dois mundos deixados na suas mãos é comparada também ao distanciamento da rapariga, dando seus passos para o longe, contente no mundo exterior.
MAESTRO SACODE A BATUTA
O eu lírico recorda a sua infância durante todo o poema, desencadeada pela audição de uma música em uma orquestra que concluímos ser a poesia, sob a batuta de um maestro imaginário. O poema em questão mostra a impossibilidade de unir o mundo exterior e interior do poema, enquanto a música tocada em sua mente, por carrega-lo de volta à infância, o deixa triste.
O ato do maestro sacudir a batuta e leva-lo novamente para o passado representa que o presente em que ele se encontra não é satisfatório e nem apresenta totalidade exterior, pois o passado que retornas é o da infância, seu ser mais interior, buscando seu ser total lá.
E é então que revê-se o muro do quintal onde, na infância, ele jogava a bola. Enquanto a música dura, todo o universo de sua lembrança, com cada extravagancia, perdura também. A recordação, desencadeada pela música tocada pela orquestra imaginaria regida pelo maestro, metaforicamente outro poeta, leva a descrição dos dois lados da bola marcados pelos “deslizar dum cão verde” e do “cavalo azul a correr com um jockey amarelo”.
Essas descrições da bola e da batuta são o que fazem o sujeito poético regressar à inocência da infância, representando o poder da imaginação e do irreal como provável, a totalidade existe na infância mesmo no mais improvável e absurdo. A razão não existe; a totalidade, o contexto e a integridade do sujeito, tudo se mantém. Porém, é impossível permanecer em um estado natural igual ao da infância, e portanto:
 “A música cessa como um muro que desaba.”
Absolutamente tudo no poema representa o muro que desaba, é o retorno à realidade, a bola some e perde-se, as cores se convertem em preto e branco, o maestro encera a música e agradece. A bola, agora branca, da infância (inocência) passa para o “lado de lá” (exterior), pelas costas abaixo do maestro-poeta. Representando como perdida a infância, que jamais poderá ser recuperada. Ou seja, esse símbolo de perfeição da infância é perdido em um sonho interior do poeta, completamente inalcançável e inacessível, como a sombra de uma realidade falsa inconscientemente por ele desejada no presente como totalidade sua. 
PADRÃO
 A primeira estrofe fala que há um padrão de que ''o esforço é grande e o homem é pequeno'' mas que é preciso deixar isso de lado e navegar, procurar por mais. 
''Eu, Diogo Cão, navegador, deixei
 este padrão ao pé do areal moreno 
e para deante naveguei'' 
Na sequencia da Poesia, analisa-se que:
''Que o mar com fim será grego ou romano: 
O mar sem fim é portuguez''
 Remete às grandes navegações portuguesas, afirmando que o mar sem fim, ou seja, o oceano é português. Essa febre de navegar:
''só encontrará de Deus na eterna calma'' 
Irá passar só quando ele morrer, pois por mais longe que ele vá sempre há um novo porto por descobrir:
 ''O porto sempre por achar''.
NOITE
O poema fala sobre uma tragédia que vitimou dois irmãos da corte real e do sofrimento do terceiro. A nau de um deles se perdeu no mar, então o segundo foi a sua procura. Nenhum deles voltou do ''mar ignoto da pátria por quem dera'' do mar inconsciente da existência de Portugal, um mar muito além de Portugal. 
O irmão que restou quis ir à procura de seus irmãos mas o rei não permitiu. Com isso, o irmão ficou doentio e ansioso, com os olhos fixos no mar na esperança de ver seus irmãos. 
''E, quando o vêem, vêem a figura 
da febre e da amargura,
 com os olhos rasos de ância 
fitando a proibida azul distância'' 
Ele fala com Deus sobre seus irmãos terem se perdido no mar em direção a eternidade - a morte.
“E com elles de nós se foi
 o que faz a alma poder ser de heroe”
Representa a coragem. Há um desejo de buscá-los, numa busca de si mesmo, e em ânsia ergue as mãos a Deus. ''Mas Deus não dá licença que partamos'' reclama que não tem a permissão divina de partir.
O INFANTE
	
A primeira parte do poema funciona como a alegação de uma tese direta bem constituída  pelos  três segmentos linguísticos do primeiro verso: “Deus quer”, “o homem sonha” e “a obra nasce”. 
	Há uma hierarquia nestes três elementos hierarquizados, estabelecendo entre si uma relação de dependência e de complementaridade, assim para que uma obra nasça é necessário que o homem sonhe e que Deus tenha desejado por tal, aprovado. Portando, no topo deste triângulo hierárquico se encontra Deus; seguido pelo homem e, finalmente, a obra a ser criada. Qualquer um deles, porém, só funciona em função dos demais. A força do poder de Deus é representa em:
	“Deus quis que a terra fosse toda uma,
Que o mar unisse, já não mais separasse.”
Então Deus, para satisfazer-se de seus próprios desejos, sagra o infante, representante de todo o povo português. O infante é o escolhido e abençoado pela aprovação divina para realizar tarefas como a travessia dos mares. 
Por fim, a última estrofe salienta novamente que Deus incumbiu o Infante e os portugueses de cumprirem uma missão, fazer com que o mar fosse fonte de união e não de separação, dizendo:
 “quem te sagrou criou-te português.
 Do mar e nós em ti nos deu sinal”.
Por sequência, narra-se:
“Cumpriu-se o mar, e o império se desfez.
Senhor, flta cumprir-se Portugal!”
Com esse final, fica claro que apesar de cumprida a tarefa desejada por Deus, há destruição do império português. O que retorna às teses iniciais, a interpretação da ultima estrofe é de que o império ruiu-se porque estava estabilizado em valores materiais, em vez de costurado em valores espirituais, imortais, ou seja, as teses iniciais presentes na primeira estrofe. Por isso é que é necessário “cumprir-se Portugal”, ou seja, é preciso retomar a tese inicial.
MAR PORTUGUÊS
A primeira estrofe do poema narra as navegações portuguesas e todas suas tentativas e fracassos. O poeta questiona quantos foram os incontáveis fracassos e quantas lágrimas foram derramadas por causa das grandes navegações portuguesas, ligando-a à quanto sofrimento e sacrifício foi prestado. Os versos:
“Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar''
 Referem-se ao sofrimento tanto de famílias já construídas quanto famílias que seriamformadas mas não serão mais. Atribui-se a grande parte do sal do mar uma origem das lágrimas portuguesas, mitificando a dor lusa. O título do poema e o trecho:
 ''Para que fosse nosso ó mar'' 
Levam a crer que o mar como um todo é considerado português, mesmo que na época do poema os portugueses já não cruzassem mais tanto assim o mar. Mesmo após tanto tempo das colonizações, ainda há orgulho em nomear o mar como português, já que tal nacionalidade foi uma das primeiras à desafiar uma travessia. 
“Valeu a pena? Tudo vale a pena
 Se a alma não é pequena.'' 
Significa dizer que todos os sacrifícios são justificáveis em prol de um objetivo maior e se agir com coragem, determinação e outras virtudes de uma alma que não é pequena. Esta estrofe assume um tom épico, valorizando o espírito de sacrifício dos portugueses, capazes de superar tais provações e provar a sua grandeza espiritual.
 “Quem quer passar além do Bojador 
Tem que passar além da dor.” 
Quem quer ir além, ultrapassar limites e alcançar um objetivo, tem que superar obstáculos que com ele se deparem até a própria dor. 
''Deus ao mar o perigo e o abismo deu, 
Mas nele é que espelhou o céu.''
 O mar é símbolo de perigos e abismos, sofrimento e morte, mas quem superar tais obstáculos tem a realização do sonho, a glória, já que foi nele que Deus espelhou o céu. Na primeira estrofe se lamenta o preço pago pela conquista do mar dos portugueses, na segunda, se exalta o prêmio.
NEVOEIRO
	“Nevoeiro” é um poema marcado por incertezas do sujeito poético e que tem por temática a falta de identidade nacional tratando-se de Portugal e a sua falta de definição no presente, que leva, ao final do poema um apelo para a construção de um futuro diferente, através do verso final:
	“é a hora!”
	O poema porém, transcorre primeiramente de forma à ressaltar em forma melancólica e negativa, um sistema português em crise. Logo em seu primeiro verso, referindo-se a crise governamental:
	“Nem rei nem lei, nem paz, nem guerra.” 
	Decorrendo o poema, os próximos versos se seguem em uma crise de identidade da Nação, adentrando na segunda estrofe em uma espécie de crise dos valores morais da alma de qualquer, através do uso do sujeito “ninguém”. As narrações:
	“este fulgor baço de terra
	Que é Portual a entristecer – 
	Brilho sem luz sem arder
	Como o que p fogo-fátuo encerra.”
	Significam que além da crise do sistema português, há aparência luminosa (vida) apenas no exterior, não no interior. No narrado país perdido, onde “ninguém sabe que coisa quer”, Fernando Pessoa, como narrador, começa a falar individualmente, mostrando melancolicamente o nevoeiro que cobre Portugal no presente, mas sua esperança final no futuro. O momento em que clama em sua ultima estrofe por mudança coletiva e nova vida para o país.

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