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Mudanc¸as de Coordenadas Mudanc¸a de Coordenadas A origem O = (0, 0, 0) e os vetores i, j, k da base canoˆnica de R3 determinam um sistema de coordenadas: se as coordenadas de um ponto no espac¸o sa˜o (x, y, z), enta˜o −−→ OP = xi+ yj + zk. Se considerarmos outro ponto O′ de R3 como origem e considerarmos outra base U1, U2, U3 de R3, o mesmo ponto P sera´ representado por outras coordenadas neste novo sistema. De fato, com relac¸a˜o a` base {U1, U2, U3} o vetor −−→ O′P se escreve como −−→ O′P = x′U1 + y′U2 + z′U3. As novas coordenadas de P neste outro sistema de coordenadas para R3 sa˜o (x′, y′, z′). x y z P O O' x' y' z' k j i U U U 1 2 3 1 Exemplo 1. Seja P = ( − √ 2 2 ,−3 √ 2 2 ,−√2 ) um ponto de R3, em coordenadas canoˆnicas. Determine as coordenadas de P no sistema de coordenadas {O′, U1, U2, U3}que tem como origem o ponto O′ =(√ 2, √ 2, √ 2 ) e como base os vetores U1 = (√ 2 2 ,− √ 2 2 , 0 ) , U2 = (√ 6 6 , √ 6 6 ,− √ 6 3 ) , U3 = (√ 3 3 , √ 3 3 , √ 3 3 ) . Soluc¸a˜o: Temos O′P = P −O′ = ( − √ 2 2 ,−3 √ 2 2 ,− √ 2 ) − (√ 2, √ 2, √ 2 ) = ( −3 √ 2 2 ,−5 √ 2 2 ,−2 √ 2 ) = (√ 2 2 ,− √ 2 2 , 0 ) + 0 (√ 6 6 , √ 6 6 ,− √ 6 3 ) − 2 √ 6 (√ 3 3 , √ 3 3 , √ 3 3 ) logo P = (1, 0,−2 √ 6) neste sistema de coordenadas. ¥ A questa˜o que imediatamente surge em mente e´ a seguinte: se um ponto P tem coordenadas (x, y, z) em um certo sistema de coordenadas (O,E1, E2, E3), como encontrar as coordenadas (x′, y′, z′) deste ponto em relac¸a˜o ao sistema (O′, U1, U2, U3)? Para responder a esta pergunta, consideremos por simplicidade o caso em que O = O′. Enta˜o, temos −−→ OP = xE1 + yE2 + zE3 e precisamos escrever −−→ OP em func¸a˜o de U1, U2, U3. Para fazer isso, e´ primeiro necessa´rio saber escrever E1, E2, E3 em func¸a˜o de U1, U2, U3. De fato, se E1 = a11U1 + a21U2 + a31U3, E2 = a12U1 + a22U2 + a32U3, E3 = a13U1 + a23U2 + a33U3, segue que −−→ OP = x(a11U1 + a21U2 + a31U3) + y(a12U1 + a22U2 + a32U3) + z(a13U1 + a23U2 + a33U3) = (xa11 + ya12 + za13)U1 + (xa21 + ya22 + za23)U2 + (xa31 + ya32 + za33)U3, ou x′y′ z′ = a11 a12 a13a21 a22 a23 a31 a32 a33 xy z . 2 AmatrizA = (aij) que obtivemos e´ chamada dematriz de mudanc¸a de coordenadas da base {E1, E2, E3} para a base {U1, U2, U3}. Observe que as colunas de A sa˜o exatamente as coordenadas dos vetores E1, E2, E3 na base {U1, U2, U3}. Portanto, para obter a matriz de mudanc¸a de coordenadas A do sistema antigo de coordenadas para o novo sistema de coordenadas, e´ preciso antes de mais nada obter as coordenadas dos vetores E1, E2, E3 que formam a base do antigo sistema de coordenadas em relac¸a˜o a` base {U1, U2, U3} do novo sistema de coordenadas. Em geral, a situac¸a˜o e´ a seguinte: escolhe-se por algum motivo treˆs vetores U1, U2, U3 no sistema de coordenadas original (em geral, porque existe alguma simetria no problema que faz com que ele seja mais facil e simplesmente descrito em relac¸a˜o a`s direc¸o˜es dadas por estes treˆs vetores), ou seja, as coordenadas de U1, U2, U3 sa˜o conhecidas em relac¸a˜o a` base {E1, E2, E3}, digamos U1 = (a′11, a ′ 21, a ′ 31) = a ′ 11E1 + a ′ 21E2 + a ′ 31E3, U2 = (a′12, a ′ 22, a ′ 32) = a ′ 12E1 + a ′ 22E2 + a ′ 32E3, U3 = (a′13, a ′ 23, a ′ 33) = a ′ 13E1 + a ′ 23E2 + a ′ 33E3. Para conhecer as coordenadas de E1, E2, E3 em relac¸a˜o a` base {U1, U2, U3} temos, portanto, que resolver os treˆs sistemas lineares (1, 0, 0) = a11(a′11, a ′ 21, a ′ 31) + a21(a ′ 12, a ′ 22, a ′ 32) + a31(a ′ 13, a ′ 23, a ′ 33), (0, 1, 0) = a12(a′11, a ′ 21, a ′ 31) + a22(a ′ 12, a ′ 22, a ′ 32) + a32(a ′ 13, a ′ 23, a ′ 33), (0, 0, 1) = a13(a′11, a ′ 21, a ′ 31) + a23(a ′ 12, a ′ 22, a ′ 32) + a33(a ′ 13, a ′ 23, a ′ 33). Estes treˆs sistemas lineares tem a mesma matriz de coeficentes A′ = a′11 a′12 a′13a′21 a′22 a′23 a′31 a ′ 32 a ′ 33 ; eles diferem apenas em suas matrizes de coeficientes independentes. De fato, os treˆs sistemas lineares sa˜o 10 0 = a′11 a′12 a′13a′21 a′22 a′23 a′31 a ′ 32 a ′ 33 a11a21 a31 , 01 0 = a′11 a′12 a′13a′21 a′22 a′23 a′31 a ′ 32 a ′ 33 a12a22 a32 , 00 1 = a′11 a′12 a′13a′21 a′22 a′23 a′31 a ′ 32 a ′ 33 a13a23 a33 Como sabemos, a melhor estrate´gia para resolver va´rios sistemas lineares que teˆm uma matriz de coeficientes comum e´ calcular a inversa desta matriz. Mais ainda no nosso caso, no´s vemos que 1 0 00 1 0 0 0 1 = a′11 a′12 a′13a′21 a′22 a′23 a′31 a ′ 32 a ′ 33 a11 a12 a13a21 a22 a23 a31 a32 a33 donde a11 a12 a13a21 a22 a23 a31 a32 a33 = a′11 a′12 a′13a′21 a′22 a′23 a′31 a ′ 32 a ′ 33 −1 , isto e´, A = [A′]−1. 3 Este resultado era de se esperar, pois a matriz A′ e´ a matriz de mudanc¸a de coordenadas da base {U1, U2, U3} para a base {E1, E2, E3}. Exemplo 2. Encontre as coordenadas do ponto P = (4, 3,−1) em relac¸a˜o ao novo sistema de coordenadas cuja origem coincide com a origem (0, 0, 0) e cuja base e´ dada pelos vetores (1, 2,−1), (3, 0, 4) e (0,−1, 1). Soluc¸a˜o: Formando a matriz A′ cujas colunas sa˜o dadas pelas coordenadas dos vetores da base do novo sistema de coordenadas A′ = 1 3 02 0 −1 −1 4 1 , sabemos que a matriz A de mudanc¸a de coordenadas do sistema {i, j, k} para o novo sistema de coordenadas e´ a inversa desta matriz. Logo, usando qualquer um dos me´todos que aprendemos para calcular a inversa de uma matriz, obtemos A = 1 3 02 0 −1 −1 4 1 −1 = 4 −3 −3−1 1 1 8 −7 −6 . Assim, as coordenadas de P no novo sistema de coordenadas sa˜o 4 −3 −3−1 1 1 8 −7 −6 43 −1 = 10−2 17 , isto e´, (10,−2, 17). ¥ A situac¸a˜o e´ muito mais simples quando a base {U1, U2, U3} do novo sistema de coordenadas e´ uma base ortonormal, pois neste caso temos Ei · Uj = ajiUj · Uj = aji, de modo que obtemos a matriz de mudanc¸a de coordenadas sem precisar de calcular a inversa de uma matriz: A = E1 · U1 E2 · U1 E3 · U1E1 · U2 E2 · U2 E3 · U2 E1 · U3 E2 · U3 E3 · U3 . Exemplo 3. Encontre as coordenadas do ponto P = (4, 3,−1) em relac¸a˜o ao novo sistema de coordenadas cuja origem coincide com a origem (0, 0, 0) e cuja base e´ dada pelos vetores ortonormais U1 = (√ 2 2 ,− √ 2 2 , 0 ) , U2 = (√ 6 6 , √ 6 6 ,− √ 6 3 ) , U3 = (√ 3 3 , √ 3 3 , √ 3 3 ) . Soluc¸a˜o: A matriz A de mudanc¸a de coordenadas do sistema {i, j, k} para o novo sistema de coorde- nadas e´ dada por A = i · U1 j · U1 k · U1i · U2 j · U2 k · U2 i · U3 j · U3 k · U3 = √ 2 2 − √ 2 2 0√ 6 6 √ 6 6 − √ 6 3√ 3 3 √ 3 3 √ 3 3 . 4 Portanto, √ 2 2 − √ 2 2 0√ 6 6 √ 6 6 − √ 6 3√ 3 3 √ 3 3 √ 3 3 43 −1 = √ 2 2 3 √ 6 2 2 √ 3 , e as coordenadas de P no novo sistema de coordenadas sa˜o (√ 2 2 , 3 √ 6 2 , 2 √ 3 ) . ¥ Observe neste u´ltimo exemplo que a matriz A de mudanc¸a de coordenadas do sistema {i, j, k} para o sistema {U1, U2, U3} e´ exatamente a transposta da matriz A′ de mudanc¸a de coordenadas do sistema {U1, U2, U3} para o sistema {i, j, k}. De fato, esta u´ltima e´ simplesmente, como vimos acima, a matriz cujas colunas sa˜o as coordenadas dos vetores U1, U2, U3 na base {i, j, k}. Como A = [A′]−1, segue que √2 2 √ 6 6 √ 3 3 − √ 2 2 √ 6 6 √ 3 3 0 − √ 6 3 √ 3 3 −1 = √ 2 2 − √ 2 2 0√ 6 6 √ 6 6 − √ 6 3√ 3 3 √ 3 3 √ 3 3 , ou seja, a inversa de A′ e´ a sua transposta A. Isto na˜o e´ coincideˆncia. Sempre que as colunas de uma matriz formam uma base ortonormal de vetores para Rn, a inversa desta matriz e´ a sua transposta. Isso na˜o e´ dif´ıcil de ver: segue da pro´pria definic¸a˜o do produto de matrizes, onde cada elemento da matriz produto pode ser visto como o produto escalar de um vetor-linha da primeira matriz por um vetor-coluna da segunda. Proposic¸a˜o 1. Seja {U1, ..., Un} uma base de vetores ortonormais para Rn. Considere a matriz P = [U1...Un] cujas colunas sa˜o formadas pelas coordenadas destes vetores. Enta˜o P−1 = P t. Prova: Temos P tP = U1 U2 ... Un [ U1 U2 . . . Un ] = U1 · U1 U1 · U2 . . . U1 · Un U2 · U1 U2 · U2 . . . U2 · Un ... ... . . . ... Un · U1 Un · U2 . . . Un · Un = 1 0 . . . 0 0 1 . . . 0 ... ... . . . ... 0 0 . . . 1 . ¥ Matrizes que satisfazem esta propriedade, isto e´, cuja inversa e´ a sua pro´pria transposta, sa˜o chamadas matrizes ortogonais. Um sistema de coordenadas {O,U1, U2, U3} em que os vetores U1, U2, U3 sa˜o ortonormais e´ chamado um sistema de coordenadas ortogonal. Como vimos no Exemplo 3, e´ muito fa´cil obter a matriz de mudanc¸a de coordenadas da base {i, j, k} para um sistema de coordenadas ortogonal Proposic¸a˜o 2. Sejam U1, U2, U3 vetores ortonormais para R3. Enta˜o a matriz de mudanc¸a de coordenadas do sistema de coordenadas canoˆnico para o sistema {O,U1, U2, U3} e´ simplesmente a matriz cujas linhas sa˜o os vetores U1, U2, U3. Mudanc¸a de Coordenadas atrave´s de uma Translac¸a˜o no Plano Existem duas maneiras equivalentes de se enxergar uma translac¸a˜o (e o mesmo vale para uma rotac¸a˜o) como uma mudanc¸a de coordenadas. Na primeira, imaginamos que a transformac¸a˜o e´ efetuada no sistema de eixos coordenados, isto e´, os pontos do plano sa˜o considerados imo´veis enquanto que os eixos de coordenadas se movem ate´ atingir uma posic¸a˜o final onde sa˜o considerados eixos coordenados de um novo sistema de coordenadas, de maneira que um mesmo ponto do plano passa a ser representado por coordenadas diferentes no novo sistema de eixos coordenados. Na segunda, imaginamos que os eixos coordenados esta˜o fixados e a transformac¸a˜o e´ realizada em todos os pontos do plano, isto e´, eles passam a ocupar novas coordenadas 5 em relac¸a˜o a`s coordenadas que ocupavam anteriormente (como se fisicamente fossem transportados para novas posic¸o˜es); quando atingem a sua posic¸a˜o final em cada ponto eles tem novas coordenadas, os eixos coordenados que na˜o se moveram sa˜o considerados eixos de um novo sistema de coordenadas. Ambas as maneiras de enxergar sa˜o va´lidas e u´teis. Ale´m disso elas sa˜o completamente equivalentes em termos matema´ticos: tudo o que e´ realizado por uma tambe´m e´ realizado pela outra. Qual delas escolhemos vai depender do problema tratado e principalmente da maneira de raciocinar do estudante, ou seja, com qual modo de pensar ele se sente mais conforta´vel e veˆ as coisas com mais clareza. Suponha que temos coordenadas cartesianas xy no plano. O que isso significa? Em primeiro lugar, escolhemos um ponto arbitra´rio do plano e chamamos este ponto de origem do nosso sistema de coordenadas. Usualmente denotamos ele por O. Em seguida, a partir dele, trac¸amos duas retas perpendiculares (ou seja, escolhemos duas retas perpendiculares que se interceptam em O). Estas retas sera˜o chamadas os eixos coordenados do nosso sistema de coordenadas. Chamamos uma das retas de eixo x e a outra reta e´ chamada de eixo y. Sabemos medir distaˆncias no plano, logo sabemos dizer qual e´ a distaˆncia de qualquer ponto em cada eixo coordenado ate´ a origem. Em cada eixo coordenado existem exatamente dois pontos que esta˜o a` mesma distaˆncia da origem. De fato, a origem O divide cada uma das retas perpendiculares em duas semi-retas; em outras palavras, divide os dois eixos em dois semi-eixos. Pontos de um dos semi-eixos x recebem coordenadas (−a, 0), enquanto que pontos do outro semi-eixo x recebem coordenadas (a, 0), onde a e´ a distaˆncia do ponto no eixo ate´ a origem; o primeiro e´ chamado o semi-eixo x positivo e o segundo e´ o semi-eixo x negativo. Analogamente, pontos de um dos semi-eixos y recebem coordenadas (0,−a), enquanto que pontos do outro semi-eixo y recebem coordenadas (0, a), onde novamente a e´ a distaˆncia do ponto no eixo ate´ a origem; o primeiro e´ chamado o semi-eixo y positivo e o segundo e´ o semi-eixo y negativo. Como e´ feita a escolha de qual semi-eixo e´ o semi-eixo positivo e qual e´ o semi-eixo negativo? A escolha dos semi-eixos positivos e negativos, chamada orientac¸a˜o dos eixos ou do sistema de coordenadas, e´ feita de tal modo que quando giramos o eixo x no sentido anti-hora´rio de um aˆngulo de 90 graus para coincidir com o eixo y, pontos com coordenadas positivas (a, 0) coincidem com pontos com coordenadas positivas (0, a) e pontos com coordenadas negativas (−a, 0) coincidem com pontos com coordenadas negativas (0,−a); outro modo de dizer isso e´ que o semi-eixo x positivo coincide com o semi-eixo y positivo, e o semi-eixo x negativo coincide com o semi-eixo y negativo. Um ponto P do plano tem coordenadas x, y se, quando trac¸amos por este ponto a reta perpendicular ao eixo x, ela vai interceptar este eixo em um ponto com coordenadas (x, 0), e quando trac¸amos por este ponto a reta perpendicular ao eixo y, ela vai interceptar este eixo em um ponto com coordenadas (0, y). Desta forma, a cada ponto do plano sa˜o atribu´ıdas coordenadas de maneira u´nica (i. e., diferentes pontos teˆm coordenadas diferentes e dadas as coordenadas podemos localizar no plano o ponto que teˆm exatamente estas coordenadas). O que acontece quando transladamos (deslocamos) o sistema de coordenadas xy pelo vetor (a, b)? Obte- mos um novo sistema de coordenadas x′y′ cujos eixos sa˜o paralelos e na mesma orientac¸a˜o dos eixos do sistema original xy, e cuja origem O′ ocupa o ponto que tem coordenadas (a, b) no sistema de coordenadas original xy. Observe que a u´nica coisa que movemos aqui foram os eixos coordenados. Os pontos do plano na˜o foram movidos. Em outras palavras, tudo o que fizemos foi escolher outro ponto do plano como origem O′ de um novo sistema de coordenadas; escolhemos como origem O′ o ponto do plano que ocupava as coordenadas (a, b) no sistema de coordenadas original. A partir desta nova origem, trac¸amos novos eixos coordenados, ou seja escolhemos duas retas perpendiculares, e escolhemos elas paralelas aos eixos coordenados do sistema original e com a mesma orientac¸a˜o. O plano em si (o espac¸o ambiente) na˜o sofreu nenhuma alterac¸a˜o. Assim, um mesmo ponto P no plano pode ser representado em coordenadas em relac¸a˜o ao sistema de coordenadas xy ou em coordenadas em relac¸a˜o ao sistema de coordenadas x′y′. Estas coordenadas sera˜o diferentes quando passamos de um sistema de coordenadas para outro. Se conhecemos as coordenadas de um ponto P em relac¸a˜o a um dos sistemas de coordenadas, podemos obter as coordenadas de P em relac¸a˜o ao outro sistema de coordenadas. Observe a figura a seguir: 6 . O x y y' x' O' P OP O'P OO' a x' b y' Se sabemos que um ponto P do plano tem coordenadas (x′, y′) no sistema linha (em vermelho), podemos ver que as coordenadas de P em relac¸a˜o ao sistema xy (em preto) sa˜o:{ x = x′ + a y = y′ + b Reciprocamente, se sabemos que um ponto P do plano tem coordenadas (x, y) no sistema xy, podemos ver que as suas coordenadas em relac¸a˜o ao sistema linha sa˜o:{ x′ = x− a y′ = y − b Podemos pensar tambe´m em termos de deslocamentos. Fac¸amos o seguinte racioc´ınio: para sairmosda origem O e chegarmos ao ponto P podemos ir diretamente (vetor OP ) ou podemos passar pela origem do sistema de coordenadas linha, ou seja, podemos ir ate´ essa origem (vetor OO′) e, dela, irmos ate´ P (vetor O′P ). Em outras palavras (regra do triaˆngulo para a soma de vetores): OP = OO′ +O′P. Os vetores acima possuem coordenadas dadas por: OP = (x, y), OO′ = (a, b), O′P = (x′, y′). Logo: 7 (x, y) = (x′, y′) + (a, b). Conclu´ımos esta sec¸a˜o com a seguinte observac¸a˜o. Ao inve´s de uma mudanc¸a de coordenadas, a translac¸a˜o pode ser pensada como uma transformac¸a˜o que desloca todos os pontos do plano pelo vetor (a, b), ou seja, a diferenc¸a entre o ponto final e o ponto inicial do deslocamento e´ exatamente o vetor (a, b). Podemos imaginar esta translac¸a˜o como uma transformac¸a˜o que pega um ponto que ocupava a posic¸a˜o (x, y) e leva ele para a posic¸a˜o (x, y)+ (a, b) (os pontos sa˜o portanto deslocados a unidades na direc¸a˜o x e b unidades na direc¸a˜o y). Em notac¸a˜o funcional ou notac¸a˜o de transformac¸a˜o, o ponto (x, y) e´ levado para a posic¸a˜o T (x, y) dada por T (x, y) = (x, y) + (a, b). Se denotarmos X = [ x y ] e V = [ a b ] , a transformac¸a˜o de translac¸a˜o pode ser denotada mais sucintamente por T (X) = X + V. O vetor V e´ chamado o vetor de translac¸a˜o. Mudanc¸a de Coordenadas atrave´s de uma Rotac¸a˜o no Plano Ao inve´s de transladar os eixos coordenados, podemos querer gira´-los em torno da origem. Esta tambe´m e´ uma mudanc¸a de coordenadas. No caso da translac¸a˜o, a origem do sistema de coordenadas original e´ deslocada para um outro ponto. Os novos eixos coordenados sa˜o paralelos aos eixos coordenados originais. Ou seja, o eixo x′ e´ paralelo ao x, assim como o eixo y′ e´ paralelo ao eixo y. No caso de uma rotac¸a˜o, a origem O permanece fixa e os eixos sa˜o girados de um aˆngulo θ, no sentido anti-hora´rio. O sistema de coordenadas resultante dessa rotac¸a˜o sera´ tambe´m denotado por x′y′. Novamente, apenas os eixos coordenados se movem. Os pontos restantes do plano permanecem na mesma posic¸a˜o e sa˜o representados por coordenadas diferentes dependendo a que sistema de coordenadas nos referimos, ao sistema xy ou ao sistema x′y′. E´ como se simplesmente escolheˆssemos um outro par de retas perpendiculares a partir da mesma origem, um par de retas fazendo um aˆngulo θ com o par de retas original. Como vimos no in´ıcio deste texto, quando queremos representar o ponto P em um outro sistema de coordenadas com a mesma origem, basta escolhermos outros vetores canoˆnicos i′ e j′ geradores do sistema x′y′, ou seja, vetores unita´rios na direc¸a˜o dos eixos coordenados deste sistema (estamos sempre supondo que usamos a mesma escala, isto e´, a mesma medida de comprimento nos dois eixos). Ou seja, desta vez representaremos o vetor OP como uma combinac¸a˜o linear de i′ e j′. Podemos escrever: OP = xi+ yj = x′i′ + y′j′ Precisamos encontrar a relac¸a˜o entre os vetores i′ e j′ em relac¸a˜o aos vetores i e j, para podermos determinar x′ e y′ em func¸a˜o de x e y, e vice-versa, como fizemos acima. Observe a figura a seguir: 8 x y x' y' i j i'j' Como i′ e j′ sa˜o ambos vetores de comprimento 1, vemos facilmente que: – a componente horizontal de i′ e´ cos θ e a vertical e´ sen θ; assim, podemos escrever: i′ = cos θi+ sen θj. – a componente horizontal de j′ e´ cos(θ + 90) = − sen θ e a vertical e´ sen(θ + 90) = cos θ; logo, podemos escrever: j′ = − sen θi+ cos θj. Substituindo as expresso˜es encontradas para i′ e j′, obtemos xi+ yj = x′[cos θi+ sen θj] + y′[− sen θi+ cos θj] = [x′ cos θ − y′ sen θ]i+ [x′ sen θ + y′ cos θ]j. Em outras palavras, { x = x′ cos θ − y′ sen θ y = x′ sen θ + y′ cos θ o que da´ as coordenadas x, y em func¸a˜o das coordenadas x′, y′. Isso pode ser escrito em notac¸a˜o matricial como [ x y ] = [ cos θ − sen θ sen θ cos θ ] [ x′ y′ ] . Calculando a inversa da matriz 2 × 2 obtida, podemos obter as novas coordenadas x′, y′ em func¸a˜o das coordenadas originais x, y. Como esta matriz 2× 2 e´ uma matriz ortogonal, sua inversa e´ a sua transposta, portanto [ x′ y′ ] = [ cos θ sen θ − sen θ cos θ ] [ x y ] . 9 A matriz R = [ cos θ sen θ − sen θ cos θ ] e´ chamada a matriz de rotac¸a˜o do sistema de coordenadas x, y para o sistema de coordenadas x′, y′. Portanto, temos X ′ = RX e X = R−1X ′. Ao inve´s de uma mudanc¸a de coordenadas, a rotac¸a˜o pode ser pensada como uma transformac¸a˜o que gira todos os pontos do plano em torno da origem pelo aˆngulo θ. Neste caso, o sistema de coordenados e´ considerado fixado, na˜o se altera, e RX da´ enta˜o as novas coordenadas do ponto neste mesmo sistema de coordenadas depois que ele (o ponto) foi girado. Em notac¸a˜o de transformac¸a˜o, o ponto X e´ levado no ponto T (X) que e´ dado por T (X) = RX. Transformac¸o˜es Lineares Definic¸a˜o. Uma transformac¸a˜o linear de Rn e´ uma func¸a˜o T : Rn → Rn que satisfaz as seguintes propriedades: (i) T (v + w) = T (v) + T (w) para todos os vetores v, w ∈ Rn; (ii) T (αv) = αT (v) para todos os vetores v ∈ Rn e para todos os escalares α ∈ R. Uma transformac¸a˜o linear de Rn transforma vetores em Rn em outros vetores, de uma maneira “linear”. Para comec¸ar a entender o que isso quer dizer, note que T transforma a reta que passa pela origem e tem direc¸a˜o v, na reta que passa pela origem e tem direc¸a˜o T (v). Em geral, T transforma planos em planos e subespac¸os vetoriais em subespac¸os vetoriais. Os pro´ximos exemplos ilustram algumas das diferentes formas que uma transformac¸a˜o linear pode assumir. Exemplos. Considere os seguintes exemplos de transformac¸o˜es lineares. a) A transformac¸a˜o linear T : R3 → R3 dada por T (v) = 5v. Ela e´ chamada uma dilatac¸a˜o por motivos o´bvios: seu efeito e´ transformar qualquer vetor de IR3 em um vetor com a mesma direc¸a˜o e sentido, mas com cinco vezes o comprimento original. Analogamente, a transformac¸a˜o T : R4 → R4 dada por T (v) = 17v e´ uma transformac¸a˜o linear, chamada uma contrac¸a˜o, ou seja, ela transforma um vetor de R4 em um vetor com a mesma direc¸a˜o e sentido, mas com apenas um se´timo do comprimento original. [Em geral, dizemos que uma transformac¸a˜o linear T : Rn → Rn definida por T (v) = λv e´ uma dilatac¸a˜o se λ ≥ 1; se λ ≤ 1, dizemos que T e´ uma contrac¸a˜o.] b) Considere agora a transformac¸a˜o linear T : R2 → R2 definida por T ((x, y)) = (3x, 12y). Con- siderando a base {(1, 0), (0, 1)} de R2, note que T ((1, 0)) = 3(1, 0), enquanto que T ((0, 1)) = 12 (0, 1); ou seja, o efeito de T em vetores que tem a mesma direc¸a˜o de i = (1, 0) e´ um efeito de dilatac¸a˜o, en- quanto que seu efeito sobre vetores que tem a mesma direc¸a˜o de j = (0, 1) e´ um de contrac¸a˜o; diferente dos casos analizados em (a), temos dilatac¸a˜o em uma direc¸a˜o e contrac¸a˜o na outra. Geometricamente, T transforma c´ırculos centrados na origem em elipses centradas na origem, cujos eixos maiores tem a direc¸a˜o de i, enquanto que seus eixos menores tem a direc¸a˜o de j. c) Defina T : R2 → R2 por T ((x, y)) = (x, 0). O efeito de T e´ colapsar vetores na direc¸a˜o j ate´ o vetor nulo, enquanto vetores na direc¸a˜o de i na˜o sa˜o tocados. Em outras palavras, T faz desaparecer a componente y do vetor, levando todo o espac¸o R2 sobre o eixo x. T e´ um exemplo de uma projec¸a˜o. d) Considere a transformac¸a˜o linear T : R2 → R2 definida por T ((x, y)) = (x cos θ − y sin θ, x sin θ + y cos θ). T e´ uma rotac¸a˜o (anti-hora´ria) do plano R2 de um aˆngulo θ. Por exemplo, o vetor i = (1, 0) e´ transformado no vetor (cos θ, sin θ), enquanto que o vetor j = (0, 1) e´ transformado no vetor (− sin θ, cos θ) Veja a figura. A transformac¸a˜o linear T : R3 → R3 definida por T ((x, y, z)) = (x cos θ− 10 y sin θ, x sin θ + y cos θ, z) e´ uma rotac¸a˜o do plano xy em IR3 deum aˆngulo θ em torno do eixo z. Note que uma rotac¸a˜o na˜o causa dilatac¸a˜o ou contrac¸a˜o em nenhuma direc¸a˜o; e´ um exemplo de uma transformac¸a˜o linear que conserva comprimentos e distaˆncias entre pontos (por isso e´ chamada uma isometria). e) A transformac¸a˜o linear T : R2 → R2 definida por T ((x, y)) = (x,−y) e´ uma reflexa˜o do plano R2 em relac¸a˜o ao eixo x. A transformac¸a˜o linear T : R3 → R3 definida por T ((x, y, z)) = (x, y,−z) e´ uma reflexa˜o de R3 em relac¸a˜o ao plano xy. Reflexo˜es sa˜o outros exemplos de transformac¸o˜es lineares que conservam comprimentos e distaˆncias (ou seja, sa˜o tambe´m isometrias). Os exemplos acima da˜o uma ide´ia dos efeitos de uma transformac¸a˜o linear em Rn: em geral uma trans- formac¸a˜o linear e´ uma combinac¸a˜o de dilatac¸o˜es, contrac¸o˜es, rotac¸o˜es e reflexo˜es. Ou seja, alguns subespac¸os podem ser dilatados, outros contra´ıdos, outros apenas girados com relac¸a˜o a algum eixo de rotac¸a˜o, enquanto que outros sa˜o simplesmente refletidos. Da mesma maneira que um subespac¸o e´ completamente especificado uma vez que conhecemos uma base para ele (pois todo vetor do subespac¸o se escreve, de maneira u´nica, como uma combinac¸a˜o linear dos vetores da base), da mesma forma uma transformac¸a˜o linear e´ completamente conhecida uma vez que os seus efeitos sobre os vetores da base sa˜o conhecidos. Para entender isso, dada uma transformac¸a˜o linear T : Rn → Rn, escolha uma base {e1, e2, ..., en} para Rn. Todo vetor v ∈ Rn se escreve de maneira u´nica na forma v = x1e1 + x2e2 + ... + xnen para alguns escalares determinados x1, ..., xn. Enta˜o, usando as propriedades definidoras de uma transformac¸a˜o linear, temos que T (v) = T (x1e1 + x2e2 + ...+ xnen) = T (x1e1) + T (x2e2) + ...+ T (xnen) = x1T (e1) + x2T (e2) + ...+ xnT (en). Portanto, dado v, para saber o que e´ T (v) basta saber o que sa˜o T (e1), T (e2), ..., T (en). A utilidade desta observac¸a˜o fica ainda mais clara uma vez que empregarmos notac¸a˜o matricial. Note que T (e1), T (e2), ..., T (en) sa˜o vetores de Rn, logo eles tambe´m se escrevem como combinac¸a˜o linear dos vetores e1, e2, ..., en da base. Assim, devem existir escalares aij tais que T (e1) = a11e1 + a21e2 + ...+ an1en, T (e2) = a12e1 + a22e2 + ...+ an2en, ... T (en) = a1ne1 + a2ne2 + ...+ annen. Lembrando que podemos identificar vetores (x1, x2, ..., xn) de Rn com matrizes-coluna x1 x2 ... xn , segue que T (v) = T ((x1, x2, ..., xn)) e´ dada atrave´s da multiplicac¸a˜o da matriz A = (aij) e a matriz coluna (x1, x2, ..., xn): T (v) = Av = a11 a12 · · · a1n a21 a22 · · · a2n ... ... . . . ... an1 an2 · · · ann x1 x2 ... xn . 11 Em outras palavras, dada uma base {e1, e2, ..., en} de Rn, podemos identificar uma transformac¸o˜es linear de Rn com uma matriz n×n. Note que as colunas de A sa˜o exatamente as coordenadas de T (e1), T (e2), ..., T (en) na base {e1, e2, ..., en}. Exemplos. Vamos encontrar as matrizes das transformac¸o˜es lineares dos exemplos acima com relac¸a˜o a`s bases-padra˜o de Rn. a) A transformac¸a˜o linear T : R3 → R3, T (v) = 5v, com relac¸a˜o a` base {i, j, k} e´ representada pela matriz diagonal A = 5 0 00 5 0 0 0 5 . Assim, se quisermos encontrar as coordenadas de T ((1, 2, 3)), ou seja, as coordenadas do vetor de R3 em que o vetor (1, 2, 3) e´ transformado atrave´s de T , basta calcular T ((1, 2, 3)) = 5 0 00 5 0 0 0 5 12 3 = 510 15 . Similarmente, a transformac¸a˜o T : R4 → R4, T (v) = 17v, e´ representada na base{(1, 0, 0, 0), (0, 1, 0, 0), (0, 0, 1, 0), (0, 0, 0, 1)} pela matriz diagonal A = 1 7 0 0 0 0 17 0 0 0 0 17 0 0 0 0 17 . b) A transformac¸a˜o linear T : R2 → R2, T ((x, y)) = (3x, 12y), e´ representada na base {i, j} pela matriz diagonal A = ( 3 0 0 12 ) . c) T :IR2 →IR2, T ((x, y)) = (x, 0), e representada na base {i, j} pela matriz diagonal A = ( 1 0 0 0 ) . d) A rotac¸a˜o T : R2 → R2, T ((x, y)) = (x cos θ− y sin θ, x sin θ+ y cos θ), e´ representada na base {i, j} pela matriz A = ( cos θ − sin θ sin θ cos θ ) . Por exemplo, se θ = pi/3 (rotac¸a˜o anti-hora´ria por um aˆngulo de 60◦), a matriz de rotac¸a˜o e´ A = ( 1 2 − √ 3 2√ 3 2 1 2 ) , e T ((1, 2)) = ( 1 2 − √ 3 2√ 3 2 1 2 )( 1 2 ) = ( 1 2 − √ 3√ 3 2 + 1 ) . 12 A rotac¸a˜o T : R3 → R3, T ((x, y, z)) = (x cos θ − y sin θ, x sin θ + y cos θ, z), e´ representada na base {i, j, k} por A = cos θ − sin θ 0sin θ cos θ 0 0 0 1 . e) T : R2 → R2, T ((x, y)) = (x,−y), e´ representada na base {i, j} pela matriz A = ( 1 0 0 −1 ) . A transformac¸a˜o linear T : R3 → R3, T ((x, y, z)) = (x, y,−z), e´ representada na base {i, j, k} por A = 1 0 00 1 0 0 0 −1 . A escolha da base e´ fundamental. A mesma transformac¸a˜o linear tera´ evidentemente diferentes repre- sentac¸o˜es matriciais para diferentes escolhas de base. Conforme a escolha da base, a matriz pode assumir uma forma mais simples ou mais complicada. Exemplo. Considere a transformac¸a˜o linear T : R3 → R3 definida por T ((x, y, z)) = ( 3 8 x− 13 4 y + 27 8 z, 1 2 x+ 3y + 1 2 z, 21 8 x+ 21 4 y − 3 8 z ) Esta transformac¸a˜o linear e´ representada na base {i, j, k} pela matriz A = 38 − 134 2781 2 3 1 2 21 8 21 4 − 38 . Mas, se tomarmos os vetores V1 = (1, 2, 3), V2 = (1, 0,−1) e V3 = (−2, 1, 0), notamos o seguinte: TV1 = A 12 3 = 48 12 = 4 12 3 = 4V1, TV2 = A 10 −1 = −30 3 = −3 10 −1 − 3V2, TV3 = A −21 0 = −42 0 = 2 −21 0 = 2V3. Note que os vetores V1, V2, V3 sa˜o L. I., logo eles tambe´m formam uma base para R3. De acordo com os ca´lculos que fizemos acima, a transformac¸a˜o linear T e´ representada com relac¸a˜o a` base {V1, V2, V3} pela matriz B = 4 0 00 −3 0 0 0 2 , uma matriz diagonal! 13 Portanto, dada uma transformac¸a˜o linear, e´ uma tarefa importante encontrar um sistema de coordenadas em que ela e´ representada na forma mais simples poss´ıvel. Esta forma simples imediatamente nos da´ informac¸o˜es que caracterizam a transformac¸a˜o linear dada. No exemplo dado acima, um simples olhar em B nos diz que a transformac¸a˜o e´ uma dilatac¸a˜o em duas direc¸o˜es (com coeficientes de dilatac¸a˜o 4 e 2, respectivamente) e uma reflexa˜o seguida de dilatac¸a˜o (com coeficiente 3) na terceira direc¸a˜o; ja´ da forma de A por si so´, na˜o e´ poss´ıvel obter nenhuma informac¸a˜o u´til. 14
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