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ensino de geografia para jovens e adultos

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O ENSINO DA GEOGRAFIA NA EDUCAÇÃO 
 DE JOVENS E ADULTOS: 
POR UMA PRÁTICA DIFERENCIADA E INTERDISCIPLINAR1 
Loraine Albring2 
Resumo 
 
A educação é um processo histórico de construção e criação do homem para a sociedade e, 
simultaneamente, de modificação da sociedade para o benefício do homem. Assim, a 
formação de um grande contingente de jovens e adultos, que não a teve em idade própria, faz-
se essencial para a construção da cidadania e o desenvolvimento da Nação. Desta forma esta 
pesquisa busca verificar o que está sendo trabalhado em Geografia na EJA (Educação de 
Jovens e Adultos), o que é oferecido ao educando, quais os objetivos e metodologia aplicada, 
visto que esta modalidade deve possibilitar uma leitura crítica e analítica do mundo, sempre 
pensando na possibilidade permanente dos humanos continuarem seu processo de 
humanização. 
 
Palavras-chave: Ensino - Geografia – EJA - Interdisciplinar. 
 
Abstract 
 
The education is a historical process of construction and creation of man for the society and, 
simultaneously, of modification of the society for the benefit of the man. Thus, the formation 
of a great young and adult contingent, that did not have it in proper age, becomes essential for 
the construction of the citizenship and the development of the Nation. This way this research 
intents to verify what it is being worked in Geography in EJA, what is offered to the students, 
what are the objectives and what is the applied methodology, since this modality must make 
possible a critical and analytical reading of the world, always thinking about the permanent 
possibility of the human beings to continue the humanization process. 
 
Key-words: Education – Geography – EJA - Interdisciplinar 
 
1
 Pesquisa apresentada para a obtenção do título de Especialista, no curso de Pós-Graduação em Geografia: 
Metodologia do Ensino, ao Departamento de Ciências Humanas da Universidade Regional Integrada do Alto 
Uruguai e das Missões – Campus de Erechim. 
 
2
 Especialista em Geografia – Metodologia do Ensino 
Introdução 
 
A educação de um grande contingente de jovens e adultos, que não a tiveram em 
idade própria, faz-se essencial para o desenvolvimento da nação, entretanto, esta formação 
deve ser completa e voltada aos problemas enfrentados diariamente pelo estudante da EJA. 
Nesta perspectiva do ensino da Geografia tem um papel central, visto que a mesma possibilita 
uma leitura crítica do mundo, já que o seu objeto de estudo é a sociedade e o espaço 
geográfico, tanto em nível local, como mundial. Assim, esta pesquisa objetiva verificar o que 
vem sendo desenvolvido no ensino de Geografia da EJA, nas escolas particulares de 
Erechim/RS, bem como, analisar a metodologia utilizada nesta modalidade de ensino, 
observando se esta condiz com as reais aspirações destes educandos. Busca ainda, ressaltar a 
importância da geografia na EJA e a necessidade de uma prática diferenciada do Ensino 
Regular, ressaltando o papel do professor e a aplicabilidade desta disciplina no contexto diário 
destes educandos. 
Para que a pesquisa e seus resultados fossem mais profícuos, optou-se 
primeiramente por uma pesquisa bibliográfica, buscando um aprofundamento sobre a ciência 
geográfica, a EJA e a interdisciplinaridade. Em seguida, partiu-se para a pesquisa de campo, 
onde foram entrevistados alunos, professores e coordenação pedagógica de duas escolas 
estaduais de Erechim/RS, que possuem esta modalidade de ensino. Após a compilação e 
análise dos resultados procurou-se expor o que se propõe para o ensino da Geografia na EJA, 
visto que esta disciplina, em especial, para estes educandos, precisa ser um agente de 
construção de um novo modelo de desenvolvimento solidário e sustentável, uma vez que 
promove a formação de indivíduos conscientes de seu papel como verdadeiros cidadãos, 
capazes de tomar decisões sobre os rumos da humanidade, agindo com liberdade e 
autoconsciência, sempre em prol de mais justiça e igualdade. 
 
As diferentes concepções da Geografia e a Geografia Escolar 
 
Considerada por alguns como uma das mais antigas disciplinas acadêmicas, a 
Geografia surgiu na Grécia Antiga, sendo no começo chamada de História Natural, ou 
Filosofia Natural. Segundo Lacoste (2002, p.25) “...a Geografia existe há muito mais tempo, 
não importa o que dizem os universitários: as grandes descobertas não seriam talvez 
Geografia? E as descrições dos geógrafos árabes da Idade Média, também não?” Na verdade, 
desde que o homem passou a transformar e organizar os espaços está fazendo Geografia, as 
relações familiares e comunitárias, também, nada mais são que um contexto geográfico. Desta 
forma, pode-se afirmar que a Geografia esteve presente desde o início dos tempos. 
Até o final do século XVIII, alguns temas, hoje tidos e estudados em Geografia eram 
mencionados em obras literárias de determinados pensadores, porém sem uma conexão entre 
eles. Segundo Moraes (1997, p.33) “...o conhecimento geográfico se encontrava disperso. Por 
um lado, as matérias apresentadas com essa designação eram bastante diversificadas, sem um 
conteúdo unitário. Por outro lado, muito do que hoje se entende por Geografia, não era 
apresentado com este rótulo.” Assim, até o início do século XIX não há uma sistematização 
desta disciplina com conteúdos específicos e significativos, o que se faz são lugares exóticos, 
estatísticas, observação e descrição dos fenômenos naturais, etc..., ou seja, neste período não 
há uma concentração, um agrupamento do saber geográfico. 
Somente a partir do século XIX, na Alemanha, que a Geografia começou a existir 
como ciência pedagógica. Moraes (1997, p.42) relata que “os autores considerados os pais da 
Geografia, aqueles que estabelecem uma linha de continuidade nesta disciplina, são alemães – 
Humboldt e Ritter.” O autor continua dizendo que “é da Alemanha que aparecem os primeiros 
institutos e as primeiras cátedras dedicadas a esta disciplina, é de lá que vêm as primeiras 
teorias e as primeiras propostas metodológicas; enfim, é lá que se formam as primeiras 
correntes de pensamento.” 
O mundo passou por profundas transformações: crise de 29, globalização, avanços 
tecnológicos, entre outras. Neste contexto, a busca pela renovação da Geografia ganhou 
espaço com novas técnicas e métodos de pesquisa e análise do conjunto geográfico da época. 
Entretanto, segundo Moraes (1997, p.98) “se a insatisfação com as propostas tradicionais é 
um traço comum entre os geógrafos, os níveis de questionamento variam bastante, outros 
avançam buscando as razões mais profundas na base social e na função ideológica desse 
conhecimento”. Como se pode observar o movimento de renovação, ao contrário do 
pensamento tradicional não possui uma unidade, segue caminhos diversos o que origina duas 
correntes de pensamento, a Pragmática e Crítica. Nas duas vertentes, aparecem posturas 
filosóficas, porém os fundamentos metodológicos são diversificados. 
A Geografia Pragmática busca uma nova linguagem, novas técnicas e uma 
participação mais ativa na sociedade. Conforme Moraes (1997, p. 100) “nesse sentido, os 
autores pragmáticos vão propor uma ótica prospectiva, um conhecimento voltado ao futuro, 
que instrumentalize uma Geografia aplicada”. No entanto, a crítica à Geografia Tradicional é 
apenas formal e superficial, visto que, não mencionam os compromissos sociais do 
pensamento tradicional, buscando apenas uma mudança de forma, porém que não alterando o 
conteúdo social. 
A Geografia Crítica, de acordo com Moraes (1997, p. 117) “tem suas raízes na ala 
mais progressista da Geografia Regional francesa”. Neste país abre-se uma discussão mais 
política na análise geográfica e o homem passa a ser um agente influenciado pela natureza, 
porém, atua transformando-a. O autor continua, dizendo que “...tal abertura embasou-se na 
crescente importância do elemento humano na Geografia Francesa, que aparece: na 
diferenciação entre o meio e o meio geográfico, na sujeição da Geografia Física à Humana, e 
na idéia da região como produto histórico (e sua valorização como objeto primordial)”. A 
geografia deixa de ser estática e isolada das demais ciências e passa a andar junto, em 
especial, com a História e a Economia. 
Portanto, cabe a cada geógrafo/educador, aceitar e utilizar, ou criticar e aperfeiçoar a 
vertente de pensamento geográfico que melhor se adapte à sua filosofia de vida e à realidade 
do educando, levando sempre em consideração que o aluno é o centro do processo ensino-
aprendizagem. Desta forma o currículo, a metodologia e a corrente de pensamento escolhida 
devem ir de encontro com os objetivos/anseios dos estudantes, já que, vive-se a era do 
conhecimento, sendo este o alicerce da sociedade. É com base nesse aspecto que temos que 
“formar” seres pensantes, criativos, críticos, pessoas que se sintam parte integrante e atuante 
do contexto sócio-econômico e cultural a que pertencem. Esse é o verdadeiro papel da 
Geografia, e o ponto fundamental da produção intelectual. 
 
 A Educação de Jovens e Adultos 
 
A educação de adultos é uma prática tão antiga quanto à história da raça humana, 
ainda que só recentemente ela tenha sido objeto de pesquisa científica. Se tomarmos como 
exemplo a Bíblia, Livro Sagrado, escrito a cerca de 2.000 mil anos, ter-se-á fartos exemplos 
de relacionamento educacional adulto através dos patriarcas, sacerdotes e o próprio Jesus 
Cristo, que através de suas parábolas e exemplos, conseguiu resultados espetaculares, com 
uma clientela mista de aprendizes/analfabetos e doutores, visto que até hoje seus 
ensinamentos são seguidos e, portanto, podendo ser considerado o maior educador de adultos 
de todos os tempos. 
Atualmente, conforme Cury (2000, p.5) “a Educação de Jovens e Adultos (EJA) 
representa uma dívida social não reparada para com os que não tiveram acesso a ela e nem 
domínio da escrita e leitura como bens sociais, na escola ou fora dela, e tenham sido a força 
de trabalho empregada na constituição de riquezas e na elevação de obras públicas.” Portanto, 
ela surge com uma espécie de função reparadora, importante para a construção da cidadania, 
já que a escolarização promove a participação em atividades sociais, econômicas, políticas e 
culturais, além de ser um elemento básico para a educação continuada durante toda a vida. 
Segundo Binz (1993, p.17) “a aprendizagem do adulto se estabelece a partir da 
relação do conteúdo trabalhado pelo professor com aproveitamento deste conteúdo na sua 
vida prática, ...”. O adulto visa crescimento imediato e é por isso que as abordagens devem 
estar vinculadas à realidade do aluno; o currículo não pode ser estático, mas atender o aluno 
em suas necessidades; devem ser consideradas as suas diferenças individuais, o seu ritmo de 
aprendizagem, a bagagem de conhecimento que traz consigo e suas experiências de vida. 
Desta forma, Pinto (1997, p. 83) relata que “o educador tem de considerar o 
educando como um ser pensante. É um portador de idéias e um produtor de idéias, dotado 
freqüentemente de alta capacidade intelectual”, assim sendo, compete ao educador praticar 
um método crítico, que dê ao aluno adulto a oportunidade de atingir uma consciência crítica 
instruída, de si e de seu mundo. O método e o conteúdo não podem ser impostos ao aluno, e 
sim propostos como adequado às etapas do processo de autoconsciência crescente do aluno, 
bem como uma contribuição para a possível melhora nas condições de vida humana, ou seja, 
o papel do professor é orientar o educando para que este seja capaz de ler, interpretar, analisar 
e avaliar criticamente, não apenas os conteúdos básicos da educação, mas principalmente os 
fatos, informações, o dia-a-dia de sua comunidade, país e planeta. 
 
Fragmentação e interdisciplinaridade: a realidade e o sonho 
 
No estágio de globalização que o mundo se encontra, é indispensável o uso da 
palavra interdependência, já que o mundo está completamente entrelaçado e a mercê deste 
emaranhado sócio-econômico-político e cultural. Assim, as práticas educacionais precisam, 
também, estar baseadas na internacionalização da vida social, econômica, política, cultural, 
religiosa e militar. Atingiu-se um patamar de inter-relações onde, o não pensamento e atitude, 
em nível internacional, são inaceitáveis. 
Segundo Santomé (1998, p. 21) “a liberdade de mercados do mundo econômico está 
sendo transferida também para o âmbito da educação”. Assim, é chegada a hora da mudança, 
pois se o objetivo da educação é o de preparar o educando para a vida de forma completa, 
crítica e participativa, não se pode mais optar por um currículo fragmentado, precisa-se 
introduzir um currículo flexível que absorva as reais necessidades da sociedade 
contemporânea, ou seja, que possa trabalhar o saber de forma compartilhada, fazendo as inter-
relações necessárias à construção do conhecimento, pois só assim, a escola se tornará 
interessante e significativa aos educandos, em especial jovens e adultos. 
Não há mais como o sistema educacional fechar os olhos para este novo paradigma 
da educação, o do currículo integrado, baseado na prática inter ou transdisciplinar, uma vez 
que esta está intrínseca no contexto global, seja ele escolar ou não. Numa pesquisa científica 
não há limites entre as áreas do conhecimento, o pesquisador utiliza-se de diferentes saberes 
para atingir seus objetivos. Na escola, segundo Yus (2002, p. 184) a interdisciplinaridade 
ocorre quando, 
duas ou mais disciplinas se integram em torno de um tema ou de um problema, 
fazendo desaparecer momentaneamente suas fronteiras. Este é o princípio do 
desenvolvimento integral do educando, buscar a solução de determinados 
problemas, independente do campo de saber que precisará penetrar. 
 
Santomé (1998, p. 73), afirma que “a interdisciplinaridade implica em uma vontade 
e compromisso de elaborar um contexto mais geral, no qual cada uma das disciplinas em 
contato são por sua vez modificadas e passam a depender claramente umas das outras”. Como 
pode se perceber, a ação pedagógica através da interdisciplinaridade aponta para a construção 
de uma escola participativa e decisiva na formação do sujeito social. Um projeto 
interdisciplinar de educação deverá ser marcado por uma visão geral da educação, num 
sentido progressista e libertador. Esta prática favorecerá as ações que buscam ampliar a 
capacidade do aluno em expressar-se através de múltiplas linguagens e novas tecnologias, 
bem como posicionar-se diante da informação e interagir de forma crítica e ativa, com o meio 
físico e social. 
A partir deste conceito, tem-se o desafio de assegurar a abordagem global da 
realidade, através de uma perspectiva holística transdisciplinar, onde a valorização é centrada, 
não no que é transmitido, e sim no que é constituído. 
 
O Ensino de Geografia na Educação de Jovens e Adultos de escolas estaduais do 
município de Erechim/RS 
 
Adultos, jovens e crianças das camadas populares navegam nas ondas de uma 
escola fundamental irregular e imprópria, na qual a exclusão se repõe, como 
categoria definidora, na relação do Estado com a população. É uma forma de exílio 
que se recoloca para esses cidadãos, através da exclusão da escolaridade. (MOLL, 
2000, p.87) 
 
O processo de educação escolar no Brasil está marcado, historicamente, pela exclusão 
das camadas populares da sociedade. Para a camada economicamente favorecida proporciona-
se um saber elaborado, já para os menos favorecidos, um saber rudimentar. Percebe-se, uma 
elitização evidente na distribuição do saber letrado. Buscou-se sempre atender os interesses 
dominantes, esquecendo-se da educação da população, gerando um contingente assustadorde 
analfabetos ou semi-analfabetos em nosso país, na verdade negou-se o direito à educação de 
qualidade para estes homens e mulheres, excluindo-os assim, da possibilidade de crescimento. 
Esta exclusão da escolaridade gera problemas sociais que afetam o nosso dia-a-dia. 
O desemprego, a fome, a violência, enfim a desumanização dos humanos. Numa tentativa de 
fuga desta dura realidade, que afeta grande contingente da população do planeta, em especial 
dos países subdesenvolvidos, é que pessoas de diversos níveis e segmentos da sociedade 
buscam escolarizar-se e incluir-se no mundo monopolista, onde quem detém o saber, detém 
também o poder. 
 Os educandos da EJA, possuem objetivos/aspirações diferenciadas dos freqüentadores 
da Educação Regular. Buscam crescimento imediato, ou seja, uma melhor qualidade de vida, 
para si e para a família, qualidade esta que por vários e/ou diferentes motivos lhes fora negada 
e/ou tirada. 
 A Geografia, através da roupagem crítica possibilita ao educando uma melhor 
compreensão e, em conseqüência, uma melhor e maior adaptação ao novo, às constantes e 
profundas mudanças que vêm ocorrendo diariamente no mundo. Entretanto, na maioria das 
vezes o estudante não tem esta visão da Geografia, já que no passado, quando freqüentava os 
bancos escolares, era uma disciplina escolar apenas de descrição, conceitualização e 
memorização, não correlacionando a teoria com a prática – embora hoje isto também ocorra 
em alguns estabelecimentos de ensino. Sem este elo teórico-prático, o aluno não vê 
aplicabilidade para esta disciplina em sua vida e assim, seu interesse também não é dos 
maiores. 
 Prova do comentário anterior é o que se pôde constatar na questão que se refere às 
palavras que vêm à cabeça ao pensar em Geografia. Dentre as mais citadas estão elementos 
cartográficos e naturais, ou seja, os educandos possuem apenas uma visão física e estática da 
Geografia, como se pode observar abaixo, através do gráfico 2. 
 
Gráfico 2 – Palavras que lembram a disciplina de Geografia 
 
Fonte: Pesquisa de campo, 2005. 
 
 A palavra mais citada pelos educandos foi mapa, com 12% do total, seguida por clima 
e Terra3 com 10% cada. Na seqüência aparecem as palavras natureza com 9%, água com 8% e 
vegetação, universo e oceanos com 6% cada. A população foi enumerada por apenas 4% dos 
entrevistados. Os demais estudantes identificaram palavras como gráfico, localização, ar, 
cidade, relevo, solo, ilha, regiões, petróleo, hidrelétricas, degradação ambiental, hidrosfera, 
atmosfera, situação brasileira, placas tectônicas e subsolo, totalizando um percentual de 24%. 
 
3
 Entende-se por Terra, o planeta, ou seja, o mundo em que vivemos. 
 
12% 
10% 
10% 
9% 8% 6% 6% 6% 
3% 
24% 
6% 
mapa 
clima 
Terra 
natureza 
água 
vegetação 
Universo/espaço 
oceanos 
população 
outros 
não respondeu 
 Através destes dados percebe-se a presença marcante dos aspectos físicos da 
Geografia, o que remete a uma visão tradicional, visto que os elementos sócio-econômico-
político e culturais praticamente inexistem. Esta é uma característica muito preocupante, já 
que a Geografia, em especial da EJA, tem o papel de orientar os educandos para a leitura do 
mundo de forma mais crítica e coerente, capacitando-os para realizarem relações entre 
aspectos naturais e humanos, visto que um interfere e direciona o outro. 
 Entretanto, infelizmente os educandos não possuem clareza do poder e utilidade desta 
disciplina em seu cotidiano, fato este que os levam ao desinteresse e até desmotivação para o 
seu estudo, como demonstra o gráfico abaixo. 
Gráfico 3 - Com relação a matéria de Geografia você pode dizer que 
 
Fonte: Pesquisa de campo, 2005 
 
 Os resultados mostram que apenas 6% adoram Geografia; 68% apenas gostam e 26% 
são indiferentes, a esta, pois não vêem utilidade para a mesma, é apenas mais uma disciplina 
que compõem o currículo escolar e que precisam obter aprovação para receber o certificado 
no final do curso. Justificam suas respostas com os dados a seguir: 
Gráfico 4 - Você foi influenciado por: 
37%
41%
3%
18% 1%
Bons professores
Professores amigos
Professores
incompreensivos
Não foi influenciado
por professores
Outras influências
 
 Fonte: Pesquisa de campo, 2005 
 
 
6% 
68% 
26% 
Adora 
Gosta 
Indiferente 
 Os dados permitem constatar que 37% dos entrevistados gostam de Geografia por ter 
tido bons professores, que realmente sabiam a matéria e como contextualizá-la com os 
educandos. Porém, a maioria dos alunos (41%) foi influenciada por profissionais amigos, 
divertidos e “bonzinhos”. Dentre os que não gostam e/ou são indiferentes, é por terem tido 
professores chatos/antipáticos (3%) ou não sofreram influência nenhuma, apenas não gostam 
desta disciplina e não vêem importância nenhuma em seu estudo, como é o caso de 18% dos 
participantes da pesquisa. 
 Como os educandos não dão a devida importância a esta disciplina, buscou-se 
descobrir qual a utilidade da mesma para cada um, constatando-se o seguinte: 
 
Gráfico 5 - Qual é a utilidade da Geografia para você? 
41%
27%
5%
15%
12%
Conhecimentos
físicos/naturais
Conhecer o
mundo
Conhecimento
para a vida
Não respondeu
Outros
 
 Fonte: Pesquisa de campo, 2005 
 
 Ao questionar os educandos sobre a utilidade da Geografia, apenas 5% a vêem como 
um conhecimento importante para a sua vida; a grande maioria (41%) freqüenta as aulas para 
compreender os fenômenos físicos e naturais, como estudar o clima, relevo, vegetação, 
hidrografia, o espaço geográfico, capitais, estados, coordenadas geográficas, mapas e meios 
de orientação. Aqui se percebe, novamente, a presença marcante da Geografia Tradicional, 
visto que apenas 27% reconhecem a utilidade desta disciplina para conhecer o mundo e a 
sociedade, ou seja, o que está acontecendo no dia-a-dia das pessoas, nações e da humanidade, 
bem como a preocupação com a vida/saúde do planeta. Dos entrevistados, 12% dividiram 
suas respostas entre: conhecer novas culturas, o Brasil, trabalhar com conhecimentos gerais, 
ou ainda, participar das aulas porque precisa eliminar a matéria. Ainda, 15% dos questionários 
não foram respondidos, ou a resposta não condizia com a pergunta e, portanto, não puderam 
ser utilizados. 
 Pela análise dos dados, pode-se concluir que ainda está faltando esclarecer os 
objetivos da disciplina e tentar fazer com que os educandos vejam a sua aplicabilidade no 
contexto local, estadual, nacional e no planeta, caso contrário nunca gostarão e muito menos 
se interessarão em compreender a Geografia. Uma pequena parcela dos entrevistados 
consegue ver esta aplicabilidade, com limitações, é claro, mas já é um progresso. Cita uma 
utilidade política e para o dia-a-dia. 
 Se os educandos revelam, em sua maioria, que não vêem utilidade prática da 
Geografia, algo está errado. Porém, a quem atribuir a culpa: ao professor? Ao Currículo? Ou 
ao próprio educando? 
 Na tentativa de encontrar esta resposta, questionou-se a Coordenação sobre a 
necessidade de uma metodologia diferenciada na Educação de Jovens e Adultos obtendo-se as 
seguintes respostas: 
 Escola A: “Deve-se priorizar os conteúdos básicos de cada área de conhecimento 
visando inserir a educação escolar à prática social e do trabalho na formação da cidadania”. 
Neste estabelecimento de ensino, existe uma flexibilidade curricular, visto que os educandos, 
ao efetivarem sua matrícula, passam por uma entrevista que serve para um diagnóstico, onde é 
traçado o perfil da turma e elaborada a rede temática, a qual é trabalhada no decorrer da aulas. 
Segundo a Coordenadora, é utilizada uma metodologia baseada na qualidade e formação dos 
educandos, utilizando-se da pesquisa, como fonte de problematização e prática, buscandoassim a interação, integração, autonomia e interdisciplinaridade, ou seja, são propostas 
situações de aprendizagem individual e coletiva, com atividades diversas, valorizando sempre 
as experiências e vivências dos educandos, fazendo da dialogicidade o ponto de partida. 
 Escola B: “É necessária uma metodologia diferenciada, visto que são alunos 
trabalhadores, há grande diferença de idade, vivências, expectativas entre os educandos”. 
Assim, a metodologia aplicada considera o estudante como construtor de conhecimento, 
interagindo com a natureza e o mundo social, tendo como princípio fundamental o respeito à 
cultura dos sujeitos no processo de elaboração do saber. Para tal, são desenvolvidos projetos 
interdisciplinares, semestrais, os quais buscam promover o desenvolvimento pleno do 
educando, respeitando sua capacidade, afetividade e experiência de vida. 
 A Coordenação das duas escolas parece ter clareza da importância e necessidade de 
uma educação com metodologia e objetivos diferenciados na Educação de Jovens e Adultos, 
mas será que na prática isto vem ocorrendo? 
Os professores das escolas A e B afirmam trabalhar uma metodologia diferenciada e 
interdisciplinar, baseada no cotidiano do educando, nas suas dúvidas e inseguranças, 
buscando sempre dar um suporte teórico para as questões com as quais vivem e convivem 
diariamente, em casa, no trabalho e na rua. Através dos questionários percebe-se que o 
educador da escola A preza pelo saber nato do educando, procurando chamar a atenção dos 
mesmos com atualidades, mapas, imagens e vivências do dia-a-dia, partindo destas para 
introduzir os conteúdos/conceitos mais significativos a esta modalidade de ensino. 
 Já o professor da escola B trabalha com polígrafos, onde os alunos pesquisam as 
questões fundamentais e após as debatem em grupo. No que se refere à interdisciplinaridade, 
afirma trabalhá-la através de pesquisas bibliográficas. Denota-se que há uma certa dificuldade 
do professor compreender o que é, de fato, interdisciplinaridade, faltando-lhe, provavelmente, 
base teórica mais consistente e discussão com os demais colegas sobre os desafios que ela 
impõe. 
 No que se refere à metodologia, os educandos relataram que as aulas são, em sua 
maioria, expositivo-explicativas, mas há leituras, pesquisas, debate, diálogo e momentos de 
descontração. Para a maior parte dos educandos entrevistados as aulas estão boas do jeito que 
são desenvolvidas, mas, para cerca de 5% poderiam ser melhores, com mais práticas, 
dinâmicas, filmes, slides, enfim, com mais recursos audiovisuais. 
 Embora elogiem as aulas, os educandos parecem estar revivendo as mesmas aulas do 
passado, onde o professor é o ator principal e o educando mero espectador. Pelo menos é esta 
a impressão que transparece. Esta falta de integração entre professor e conteúdo é ainda mais 
nítida na escola B, já que o próprio professor afirma trabalhar com polígrafos e questionários. 
Existe aqui uma contradição, pois professores e Coordenação afirmam haver uma 
metodologia diferenciada e interdisciplinar; entretanto, os alunos não a percebem. 
 A diferenciação no estudo da Geografia da EJA, não está apenas no conteúdo, mas na 
clareza dos objetivos e importância de seu estudo. A diferença está na dialogicidade que deve 
existir nas aulas, visto que os educandos possuem uma bagagem cultural valiosíssima e que 
enriquece muito as aulas, proporcionando construção e não, repasse de conhecimento. O que 
está faltando é trazer os conteúdos para a vida do educando, visto que os conteúdos precisam 
estar interligados uns aos outros e ao mesmo tempo à prática/vida do estudante, já que este 
possui um conhecimento informal riquíssimo e sente-se valorizado e motivado quando sente 
que pode contribuir e participar do processo ensino-aprendizagem, não como mero 
espectador, mas como um agente formador e transformador do conhecimento. 
 Para a produção cognitiva, faz-se necessária muita compreensão. O aluno adulto 
seleciona o que lhe é importante; só se interessa pelo que compreende gerar mudança na sua 
qualidade de vida. Dentro deste contexto, o papel do educador é fundamental, uma vez que 
cabe a ele demonstrar que todo o saber é aplicável ao nosso contexto diário, principalmente 
quando este se relaciona ao meio sócio-econômico-político-cultural e ambiental, elementos 
estes, norteadores do estudo da Geografia. 
 Torna-se evidente a necessidade de rever alguns aspectos metodológicos, em especial 
o vocabulário, a falta de clareza na hora de dar significância aos conteúdos a serem estudados, 
os recursos e técnicas utilizados e em especial no trabalho interdisciplinar, o que motiva o 
estudante, o qual passa a perceber que o mundo é um só e não partes isoladas, como muitas 
vezes é obrigado a entender na escola. 
 E para que sinta prazer em aprender, precisa sentir-se peça-chave do processo, sendo 
suas contribuições e/ou dúvidas, os elementos centrais da aula. Destarte, o saber geográfico 
deve contribuir para a formação de um cidadão crítico, democrático e transformador da 
realidade, enfim que seja capaz de expressar e usufruir das diversas dimensões formadoras da 
vida adulta – cultura, trabalho, lazer, religião e o conhecimento escolar. O contexto geográfico 
precisa ainda, e acima de tudo, respeitar os saberes e a história pessoal e coletiva e a 
identidade dessa população, tão sofrida e excluída do contexto sócio-econômico-político e 
cultural. 
 
O ensino da Geografia na EJA: ratificando a necessidade do diferencial e da 
interdisciplinaridade 
 
Na atualidade, o papel da educação é o de preparar para a vida como um todo, e não 
apenas para o trabalho, como no século passado. Vive-se na sociedade pós-industrial (pós-
moderna), o que impera é o capital intelectual, a capacidade de idear, criar e projetar. Sendo 
assim, o grande objetivo da EJA é fazer com que estes alunos apreciem cada vez mais as 
alegrias do conhecimento e da pesquisa individual, já que é somente através da educação, que 
o ser humano tem a possibilidade de se encontrar no contexto ao qual está inserido. Neste 
momento, entra a Geografia Escolar, que através de conteúdos práticos, concretos e atuais, 
ajuda-o neste processo de construção do conhecimento, uma vez que estes educandos buscam 
aprender conteúdos que contribuam para suas atividades profissionais ou para resolver 
problemas, do seu dia-a-dia. 
O ensino da Geografia coloca a todos uma considerável responsabilidade: a formação 
de cidadãos. Este fator torna-se essencial, em especial, quando trata-se de adultos, que já 
fazem parte de uma comunidade e necessitam ser ativos dentro dela, pois de suas 
atitudes/reflexões, depende o futuro de seus filhos/família. 
Desta forma, o estudo da Geografia da EJA deve estar voltado ao local, entretanto sem 
esquecer o global, uma vez que, na era da globalização precisamos ser voláteis e compreender 
as inter-relações existentes no planeta. É preciso mostrar aos educandos os recursos 
tecnológicos e dar subsídios intelectuais para que ele os compreenda e aplique este 
conhecimento em seu ambiente familiar, comunitário e profissional. Faz-se necessário ainda, 
combater os preconceitos, enfatizar a ética, o respeito aos direitos alheios e às diferenças, a 
sociabilidade e a inteligência emocional, bem como desenvolver habilidades como: 
raciocínio, aplicação/elaboração de conceitos, capacidade de observação e de análise crítica, 
dentre outros. 
Os conteúdos devem ser selecionados, não baseados num currículo estanque, 
programado muitas vezes por pessoas que não conhecem as reais necessidades/aspirações da 
turma, mas flexível e adaptável ao que esta objetiva conhecer, sem, é claro, deixar de explorar 
conteúdos essenciais. 
A metodologia utilizada precisa trazer os conteúdos sempre para a realidade e a vida 
cotidiana dos educandos, para assim proporcionar interesse e compreensão, visto queestes, na 
maioria das vezes sentem dificuldade em se projetar no espaço/território desconhecido. As 
aulas devem ser dinâmicas e criativas, o professor necessita proporcionar um ambiente de 
aprendizado e satisfação, isso pode ser atingido através de debates, trabalhos em grupo 
(transmite mais segurança), vídeos, manuseio de revistas, jornais e discussão de notícias que 
estão na mídia (proporcionando uma compreensão e análise crítica, bem como o uso de mapa 
e técnicas de revisão movimentadas). Enfim deve cativar o aluno, visto que este tem uma 
jornada múltipla – trabalho, estudo, família, comunidade, lazer – e este é o ponto central que o 
diferencia das crianças e adolescentes do Ensino regular. 
O professor deve ser facilitador da construção do conhecimento, e o profissional da 
Geografia escolar da EJA, em especial, deve primar pela dialogicidade dos conteúdos, 
desenvolvendo assuntos relevantes e significativos que levem o educando a conhecer a si 
próprio, o meio ao qual faz parte e correlacionar este local, com o global, transferir a teoria 
para a prática e vice-versa. E educador precisa ser pesquisador, observador, analítico e crítico 
para poder transmitir isto aos seus educandos. Ninguém orienta/transmite o que não sabe, o 
que não vivencia. Assim o discurso e a prática necessitam andar paralelos e estarem de acordo 
com a realidade da clientela, caso contrário, os fundamentos da Geografia Crítica se perdem e 
as aulas tornam-se apenas repasse de informações. Assim, a análise dos fatos do cotidiano 
devem estar subsidiados em dados científicos, ou seja, o professor precisa proporcionar uma 
análise da atualidade, mas aproveitar para fazer ganchos com estudos específicos da 
disciplina. 
Portanto, o estudo da geografia na EJA deve proporcionar ao educando: abrir seus 
horizontes, buscar criar oportunidades que lhe propiciem uma vida digna e com qualidade, 
subsidiá-lo na compreensão de sua situação/posição na sociedade e desenvolver um espírito 
mais humano, neste contexto onde o capitalismo, a globalização transformam as relações 
interpessoais. Para tal, a Geografia deve abordar questões polêmicas, atuais e que estão 
presentes no dia-a-dia do aluno, correlacionando-as com os aspectos geográficos, porém 
nunca deixando assuntos teóricos terem maior ênfase que os práticos. Os conteúdos realmente 
significativos e que merecem ser estudados são aqueles que possuem uma aplicabilidade na 
vida das pessoas. Chega de memorização, agora é chegada à hora da compreensão e 
construção do saber. 
 
Considerações finais 
 
Em pleno século XXI, é imprescindível a aquisição de novas habilidades, valores e 
atitudes, já que a sociedade encontra-se em constante transformação. Assim, a Geografia – 
uma ciência dinâmica, em constante movimento – tem um papel social muito grande, devendo 
envolver não apenas aspectos físicos, mas principalmente, humanos, como o bom 
relacionamento entre as pessoas de uma comunidade, consciência da interferência do homem 
na natureza, os desafios do avanço tecnológico. Ou seja, a ciência geográfica precisa buscar a 
observação, análise e compreensão da sociedade e do espaço. Para tal, a utilização de 
situações reais e métodos de discussão em grupo são muito significativas. Por isso, é 
necessária uma avaliação prévia sobre as necessidades de cada turma, para que os problemas 
ou casos propostos estejam em sintonia com o grupo, uma vez que, os alunos adultos sentem-
se motivados a aprender quando entendem as vantagens e benefícios do aprendizado ou não, 
dos conteúdos desenvolvidos. 
Uma das grandes distinções entre a educação de adultos e a educação convencional é 
encontrada no processo de aprendizagem. Assim, o professor precisa se transformar num tutor 
eficiente de atividades de grupo, devendo demonstrar a importância prática do assunto a ser 
estudado, a produção do conhecimento de forma entusiástica, tendo a certeza de que aquele 
conhecimento fará diferença na vida dos alunos. Deve ainda, transmitir força e esperança, a 
sensação de que aquela atividade está mudando a vida de todos e não simplesmente 
preenchendo espaços em seus cérebros. 
A pesquisa realizada com coordenadores pedagógicos, professores e alunos mostrou 
que a Geografia da Educação de Jovens e Adultos precisa ser diferenciada e interdisciplinar, 
tendo como objetivo central a formação de cidadãos conscientes, ativos e dotados de opinião, 
deixando o educando conhecer o mundo e se colocar diante dele, desde o espaço em que vive, 
até o planeta como um todo. Em outras palavras, o estudante deve ser convidado a construir, 
gradativamente, cada conceito, tornando-se um ser participativo do processo e não mero 
receptor de informações. 
Cada vez mais fica claro que só a interdisciplinaridade permite oferecer toda esta 
visão, se o grande objetivo é formar para que as pessoas possam sentir-se plenamente 
participantes na sociedade planetária, sendo capazes de enfrentar os problemas que as atingem 
pessoal e coletivamente. Constata-se ainda, que os profissionais da educação em geral e, 
especificamente, da EJA, pela sua especificidade, tenham momentos de debate, de troca de 
experiências e de renovação da esperança por uma educação mais eficaz em seus propósitos. 
Urge, também, que haja mais clareza quanto à importância e necessidade de colocar em 
prática o paradigma da interdisciplinaridade, que, na verdade, é o primeiro caminho, pois, já 
de há algum tempo, educadores falam e propõem a transdisciplinaridade. 
É preciso que haja o convencimento disto tudo e que a mente dos profissionais da 
educação esteja sempre aberta para o novo, mesmo que os desafios sejam grandes e nem 
sempre compensem, material e espiritualmente, o esforço empreendido. Nem sempre as 
sementes lançadas no campo social têm o mesmo espaço de tempo para frutificar que o das 
plantas, flores e alimentos que nascem por si sós ou são plantados pela mão humana. 
 
Referências 
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sobre seus fundamentos, funções e características. In.: Educação para crescer: educação de 
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MOLL, Jaqueline. Histórias de vida, história de escola: elementos para uma pedagogia da 
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MORAES, Antônio Carlos Robert. Geografia: pequena história crítica. 15. ed. São Paulo: 
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1997. 
SANTOMÉ, Jurjo Torres. Globalização e interdisciplinaridade: o currículo integrado. Porto 
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YUS, Rafael. Educação Integral: uma educação holística para o século XXI. Porto Alegre: 
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