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Foucault e os Amoladores de faca

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E NATURAIS
DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA - DPSI
Ética Profissional
Foucault, a fé cega e as facas amoladas
Amanda Ferro Gonçalves
 Evelyn Folli Costa
Luiz Henrique Lorenzoni
 Marina Moser
 Ramon Pimenta
UFES 2014
Ética Profissional – Os Amoladores de Faca
“Coveiros bêbados tentando sepultar o corpo de uma mulher no cemitério de Bongaba, Rio de Janeiro, acabaram por desenterrar uma cabeça, ainda com bobs nos cabelos, de uma mulher sepultada sem caixão. Os acompanhantes do enterro viram passar um cachorro com a mão de uma criança na boca. Em Coqueiro Seco, Alagoas, o corpo do vereador Renildo José dos Santos foi encontrado degolado. Renildo foi assassinado por declarar-se homossexual. Travestis são mortos no cento de São Paulo com tiros nos olhos. Nos últimos três meses, executaram quinze. A classe média paulistana proíbe a instalação de uma casa para crianças com aids. No colégio de seus filhos, uma menina com essa enfermidade é proibida de estudar. Senhoras e senhores educados, bem-vestidos, assistem com indiferença, ao massacre do Carandiru. Na zona sul carioca, a juventude dourada, senhoras e senhores, expressam indignação; justificando o pagamento de impostos, clamam pela retirada dos negros e suburbanos de suas praias. Além da cabeça, outras partes do corpo do vereador foram amputadas. Os travestis recebem tiros na boca. Reinaldo sabia que ia morrer e quem iria matá-lo. Aliás, os travestis, os suburbanos, os negros, as crianças e os adultos com aids, os mortos do milagre econômico, os desaparecidos na ditadura, e mortos de Bongaba também.” 
Luis Antônio Baptista 
A Atriz, o Padre e a Psicanalista – os Amoladores de Facas.
Introdução
Desde os gregos, a filosofia ocidental, marcada pela égide da metafísica, engendrou na pretensão de se estabelecer a verdade do Ser. O modelo de racionalidade, pautado na lógica e na discursividade, empreendeu no questionamento sobre “o que é a realidade?” o alicerce para assentar o saber filosófico que ali nascia. A eficácia da racionalidade como pressuposto também ganhou fertilidade, digamos assim, na medida em que se edificava formulações e reflexões ao fenômeno ethos, isto é, a maneira de ser, de se conduzir um certo modo de vida em sociedade pelos sujeitos, que se articulavam com a maneira de fazer, as ações. Dessa forma, a ética emerge, então, como um saber acerca do ethos, e tendo como ponto de partida, a reflexão sobre a necessidade intransmissível de analisar e criticar de modo racional o cotidiano, os costumes, os hábitos, etc. Uma forma de conseguir atribuir razões para o agir humano. 
Dessa maneira, a indagação pelo “verdadeiro” sentido do humano foi enlaçada, nesse tempo clássico da filosofia, pela racionalidade lógica do saber. 
Portanto:
“A abordagem idealista-metafísica vem a ser, desde a antiguidade – aliada, nos tempos modernos, ao racionalismo – a forma de pensar predominante no Ocidente. Esse pensamento, herança da filosofia platônica, concebe a existência de dois mundos: o das essências e o sensível. Aquele se reporta à verdade, aos modelos, à perfeição, aos ideais únicos, universais, eternos.” (COIMBRA, 2003, p. 9).
Com "A ética do cuidado de si como prática da liberdade (2004)" fomos convocados a “desenlaçar” justamente alguns desses “nós feitos”, que vigoraram ao longo da história, construindo e definindo formas de sentir, perceber, pensar e agir no mundo. Dito de outra forma, como “nós feitos” entre subjetividade e verdade que, segundo o filósofo, não só se constitui como uma importante problemática, mas uma questão que pretendia saber “como o sujeito humano entrava nos Jogos de verdade, tivessem estes a forma de uma ciência ou se referissem a um modelo científico, ou fossem como os encontrados nas instituições ou nas práticas de controle (FOUCAULT, 2004)”. 
Ao dedicar-se na busca histórica de como são engendradas e produzidas as maneiras de existir do sujeito, Foucault faz diferentes apanhados: retomando os gregos e as práticas de “cuidado de si”, discorrendo pela descrição e análise da sociedade disciplinar e direcionando sua perspectiva para urgência histórica do Estado e de suas intervenções das relações de poder sobre os corpos, os indivíduos e a sociedade como um todo. 
Então, nessa grande volta feita na História, Foucault encontra diferentes modos de subjetivação e formas de constituição do ethos. Tendo como pano de fundo o conceito do cuidado de si, o presente escrito almeja levantar um tipo de ethos, uma alternativa à possibilidade de se fazer um sujeito criador de si, colocando em discussão as produções cotidianas investidas pelo capitalismo, pelas práticas das “pessoas comuns”, os atravessamentos dos inúmeros discursos sobre o tema da subjetividade e como ferimos, muitas vezes sem perceber, o exercício da ética. 
Produção de Subjetividade e Contemporaneidade
“São perigosos 
são tão perigosos 
ruins demais 
Fingem que gemem nas macas
 que sangram nas facas
que morrem
Tem televisão
qualquer barracão 
da escoria desse país 
Com que direito 
pedem os leitos 
limpos dos meus guris?”
 (Jorge Simas/Paulo Cesar)
O cuidado de si, aparentemente, mostra-se desvinculado ao cuidado do outro. Segundo Foucault, o cuidado de si é ético em si mesmo, entretanto implica relações complexas com os outros, uma vez que esse ethos - maneira de se conduzir - da liberdade é também uma maneira de cuidar dos outros. Ou seja, cuidando de si é possível cuidar também do outro, denotando assim a importância das relações sociais como força potencializadora das vidas em encontro. 
Tão pouco visto esse cuidado com o outro, tão pouco praticado o pensar em si e no outro em relação que, muitas vezes, sem percebermos afiamos uma faca, produzimos seus amoladores, bem como as vidas que por elas são atravessadas. Tais vidas são submetidas a muitos discursos, que as cruzam, e as fazem padecer sem serem notadas. No entanto quando, e só quando, postas de encontro com o poder conseguem mostrar seus discretos rastros, podem, brevemente ter algum significado, mesmo que quase invisível. 
É o que o texto de Luis Antônio Bapstista vem afirmar quando diz que “o fio da faca que esquarteja, ou o tiro certeiro nos olhos, possui alguns aliados, agentes sem rostos que preparam o solo para esses sinistros atos. (...) Já que invisíveis no dia-a-dia, a presença desses aliados é difícil de detectar. A ação desse discurso é microscópica, complacente e cuidadosa.” 
Podemos pensar assim, na construção singela de subjetividades, feita de maneira tão sutil: da informação escabrosa do horário de almoço, até conflitos amorosos do horário nobre. Nos é dado o modelo de família nuclear, com um pai provedor e mãe preocupada em consumir, na hora das refeições o grupo unido é servido por uma empregada moradora da favela, a qual a história é raramente mostrada, salvo quando há o intuito de exacerbar pontos referentes à pobreza; os adolescentes ocupam cada vez mais o âmbito da sexualidade e superficialidade, estando elas sempre lindas e narcisistas, e eles preocupados em as impressionar; no horário de almoço, nos é oferecido morte, assassinato, estupro e estereótipo. Esses discursos lançados e introjetados, segundo Foucault, vão atravessando vidas e rasurando as existências. 
Assim, segundo Foucault (2003) vão “se produzindo por razões inversas, o lendário, seja qual for seu núcleo de realidade, finalmente não é nada além do que a soma do que se diz (...) e se ele é puramente imaginário, a lenda narra sobre ele de tantos relatos insistentes que ele toma a espessura histórica de alguém que teria existido”. Nesse sentido, esses relatos podem ser considerados os agentes sem rosto, os experts que amolam facas, criam estereótipo de existência,e auxiliam na eclosão dos empunhadores de lâminas. Lâminas essas que esquadrinham, esquartejam e isolam os indivíduos de si mesmo. Esses saberes políticos vêm inserir-se no nível mais elementar do corpo social, de sujeito a sujeito (FOUCAULT, 2003).
Seguindo por essa reflexão, a subjetividade não se trata de uma construção pautada na unidade e na individualidade, no entanto, uma constante produção que se dá nos encontros que experienciamos com o outro. Podendo esse outro ser entendido não só como o outro social, mas como os desdobramentos da vida, as invenções, a própria natureza, enfim, tudo o que envolve potência e que é reverberado, com seus múltiplos e intensos efeitos, nas maneiras de constituir os corpos. Dito de outra forma, a subjetividade no contemporâneo implica em “fluxos variáveis sem totalização possível em territórios demarcáveis, sem fronteiras estáveis, em constantes rearranjos” (ROLNIK, 1998, p. 1). Por isso entendemos, assim como Foucault mesmo nos alerta, que o sujeito não possui nenhuma essência, nenhuma natureza e que, portanto, não pode ser concebido antes dos encontros: não existe, segundo o filósofo, o ser à priori, completo e satisfeito. Admitindo, contudo, que o sujeito tanto produz quanto é produzido, ou seja, está sempre em movimento, e com diversas e possíveis maneiras de ser.
 Na dialética da produção de subjetividades, esses territórios são demarcados pelos jogos de verdade, que são disseminados, instrumentalizados e ratificados pelo saber-poder. Fazemos aqui uma analogia ao “livre” percurso da água, que está sempre delimitado pelo encanamento. Produz-se uma liberdade falseada, onde há um direcionamento de base para o percurso de nossas vidas, através dessas produções de verdade, delimitadas pelas relações de poder e sustentadas pelos experts. Estas crenças são fortes expressões do capitalismo, com sua referência idealista-metafísica, presentificadas na ordem político-social. Um de seus traços são os especialismos, dos quais, nos interessam aqui, as práticas psi: estas e suas estratégias, que têm funcionado como mantenedoras e, mesmo, fortalecedoras do status-quo. (COIMBRA, 2003)
No transcorrer de “Os Amoladores de faca”, o autor traz exemplos da amplitude desses discursos presentes na fala de uma Psicanalista que, em um programa de TV voltado para o público jovem, parece explicar as causas da homossexualidade, enfatizando que não se trata de uma doença, mas do sintoma de um relacionamento malsucedido com o pai e a mãe. Pauta-se que o homossexual é “uma angustiada reedição de uma criança que precisa do amor do papai e da mamãe”, ensinando que não deve haver preconceito, mas sim uma compreensão por esta vítima: o jovem da classe média poderá agora alterar seu olhar sobre esse estranho personagem, fadado a viver na falta, no passado e na tragédia grega. Aprendeu a compreender e a amolar facas ou canivetes.
No texto “A produção de crianças e jovens perigosos: a quem interessa?”, Cecília Coimbra coloca em questão a medicina, que passa a ordenar o modelo ideal de família nuclear burguesa. Detentores da ciência, tomam pra si a tutela das famílias, indicando e orientando como todos devem comportar-se, morar, comer, dormir, trabalhar, viver e morrer. A exemplo, a eutanásia, onde não existe a escolha pelo paciente, de cessar seu sofrimento; o questionamento quanto ao planejamento familiar, e o número de filhos; a quantidade de horas que se deve dormir; o que é ou não saudável para se comer em determinadas idades. Seriam os próprios médicos frutos desse sistema? Seriam também “vítimas” desse modo de construção? 
Recentemente, presenciamos o episódio de um professor da Universidade Federal do Espírito Santo, que se utilizou de um discurso “científico” para embasar seu preconceito frente aos alunos negros e cotistas. Sustentando-se no argumento que tais indivíduos não teriam contextos culturais, sociais e educacionais propícios ao que ele julga como estimuladores para a inteligência. No entanto, o perigo reside, sobretudo, no fato desse professor reside no fato desse professor estar respaldado por uma série de teorias psicológicas, que se direcionam a uma perspectiva de sujeito restrito ao âmbito cognitivo, aos processos de aprendizagem, adaptação, medição de aptidões, condições de produtividade e rendimento. Uma visão, portanto, socio-técnica, que pretende se justificar em si mesmo através de um “discurso coerente”, focado apenas num instrumentalismo que não ressalta a multiplicidade nem a variabilidade da vida, do ser, do homem. Operando, assim, a partir de “recortes precisos e medidos”, atribuindo ao ser não só uma essência, mas um como se fosse uma forma natural, objetiva e tangível por seus constructos teóricos. Considerar a criança e o jovem enquanto sujeitos firmados como universais, não faria parte de uma proposta liberal? Igualando juventudes e infâncias diferentes? Nos propomos a pensar nas particularidades que marcam os indivíduos, exaltando aqui o valor da diversidade cultural, e as várias maneiras de ser para consigo e para com o outro: produção de subjetividades. 
Por isso, o exercício incessante da ética se faz indispensável para que essa convicção no homogêneo, na identidade e no determinado não seja perpetuado pelas nossas mãos, nossas práticas, como explicitado por COIMBRA (2003): “Pensar no trabalho que nós, psicólogos, temos desenvolvido é pensar neste lugar instituído e naturalizado, percebido como a-histórico, neutro e objetivo que nós, muitas vezes, temos ocupado e fortalecido: o do saber-poder.”.
Não nos adentraremos nesse conceito amplamente discutido por Foucault, o do saber-poder, mas é crucial que entendamos que “o território do saber-poder aponta, dentre outras, para algumas construções, como a da essencialidade e “o modo-de-ser-indivíduo” (COIMBRA, 2003) e que não podemos ocupar esse lugar hierarquizado e de centralização do saber construído e difundido como “verdadeiro”, que busca o poder através do mesmo. Assim, nesse sistema ainda muito enraizado numa certa racionalidade - capitalística, metafísca e psicologizada - o grande desafio é encontrar na problematização desse modo-de-ser-indivíduo e dessas práticas de dominação a partir de um prisma ético, remetendo sempre a uma proposta de invenção, e não de adaptação. Onde exista espaço para as possibilidades de criação do si, e não um espaço demarcado e verticalizado previamente. Portanto, ao compreendermos “o homem e a sociedade, a psicologia e a política como territórios produzidos historicamente que não se opõem, mas que se atravessam e se constituem, estamos afirmando uma relação com o tempo-acontecimento, sempre provisória e múltipla; produção de devires, de-vir-a ser, de fluxos mutantes.
Aqui o que se coloca é a valorização da vida, na invenção de formas de ação, de resistência e de combate frente aos modos de sujeição. Trata-se, então, de indagar e perceber rotas de fuga que permitam a existência uma outra maneira de ver o sujeito. Diferentemente, ver o sujeito não como um conceito, uma coisa estática e universalizante, mas como sujeitos que buscam compor suas vidas como uma obra de arte, com outros modos, por novas subjetivações. Por este motivo, talvez seja mais interessante hoje darmos atenção e importância à escuta das outras maneiras e saberes singulares, das experiências, dos testemunhos específicos das pessoas, do que persistir nos modelos defasados, nas utopias de liberdade adiadas para o futuro.
No entanto, para pensarmos nesses poderes de resistência, da “lapidação de si” e do pensamento crítico, de fato, como uma ação política, é fundamental nos orientarmos pela experiência que se tornam possíveis a partir da experiência das resistências do e no cuidado de si e na e da liberdade existencial. Não se preocupar demais em construir/assimilar sistemas que produzam a realidade das pessoas e de suas experiências, porém, ter como ponto de partida os próprios seres reais, entendendo que “o homem, a sociedade, a psicologia e a política não são. Sempre estão sendo, sempre estarãose fazendo” (COIMBRA, 2003). Renunciando, portanto, “aos modelos, às identidades, às permanências, às homogeneidades (...) afirmando as especificidades dos diferentes e diversos saberes que se encontram no mundo; especialmente alguns que têm sido secularmente desqualificados e, mesmo, ignorados pela arrogância daqueles hegemônicos, nomeados como oficiais e, por isso, produzidos como verdadeiros, únicos, universais, totalizantes” (idem). 
Apontando, assim, a partir das experiências de resistência, do cuidado de si e das práticas de liberdade, para um uma antropofagia incessante das conexões da vida, numa mistura dos corpos, numa promiscuidade dos saberes, (sempre atento aos Jogos de verdade e às relações de poder) em que, tal qual a ideia de Foucault, a liberdade seja a condição ontológica da ética e a ética seja forma refletida assumida pela liberdade nesse mundo de “fé cega, faca amolada”.
“Trata-se de afirmar as potências, as diferenças, as multiplicidades e possibilidades finitas e ilimitadas do homem, da sociedade, da psicologia e da política. A aposta na produção de “verdades” sempre provisórias, temporais e temporárias, nas “paixões alegres”, num “mundo onde caibam muitos outros mundos”. (COIMBRA, 2003).
“(...) é tão bonito quando a gente entende
que a gente é tanta gente
onde quer que a gente vá
é tão bonito quando a gente sente
que nunca está sozinho
por mais que a gente tente estar.” – Gonzaguinha.
Referências Bibliográficas
BAPTISTA, L. A. (1999) “A atriz, o Padre e a Psicanalista – os Amoladores de Faca”. In: Cidade dos Sábios. São Paulo: Summus.
COIMBRA, C. & LEITÃO, M. B. “Das essências às multiplicidades: especialismo psi e produções de subjetividades”
COIMBRA, C & NASCIMENTO, M. L. (2005) “A produção de crianças e jovens perigosos: a quem interessa?” disponível em: slab.uff.br 
FOUCAULT, Michel. "A ética do cuidado de si como prática da liberdade". In: Ditos & Escritos V - Ética, Sexualidade, Política. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2004.
FOUCAULT, M. (2003) A vida dos homens infames. In: ______. Estratégia, poder-saber. Ditos e escritos IV . Rio de Janeiro: Forense Universitária, p..
ROLNIK, S. “Subjetividade Antropofágica” disponível em: http://www.pucsp.br/nucleodesubjet... /subjantropof.pdf

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