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Faces da Infância
Durante a historia o conceito de infância foi um fenômeno mutável no tempo, pois esse foi sofrendo transformações de acordo com os períodos e processos históricos, políticos e sociais.
Na antiguidade as crianças eram vistas como um ser reprodutor de conhecimento, ou seja, estas imitavam os adultos em suas atividades diárias e não viviam a parte do mundo adulto, tendo também a responsabilidade de manutenção da existência. Nesse sentido complementa Àries:
Adultos, jovens e crianças se misturavam em toda atividade social, ou seja, nos divertimentos, no exercício das profissões e tarefas diárias, no domínio das armas, nas festas, cultos e rituais. O cerimonial dessas celebrações não fazia muita questão em distinguir claramente as crianças dos jovens e estes dos adultos. Até porque esses grupos sociais estavam pouco claros em suas diferenciações.
Durante esse período o sentimento de Infância não existe, sendo a criança tratada como um adulto em miniatura.
(...) o sentimento da infância não existia - o que não quer dizer que as crianças fossem negligenciadas, abandonadas ou desprezadas. O sentimento da infância não significa o mesmo que afeição pelas crianças: corresponde à consciência da particularidade infantil, essa particularidade que distingue essencialmente a criança do adulto, mesmo jovem. Essa consciência não existia. Àries (1981)
Seguindo esse mesmo raciocínio, o filosofo Jonh Locke, afirma que “A criança é como uma tabua rasa”, atribuído assim à posição passiva da Infância da época, em relação ao papel do mestre ou transmissor do conhecimento, sendo este responsável por proporcionar experiências fecundas.
A partir do Renascimento, a visão de Infância começa a mudar e a parti do século XV e XVII nasce a preocupação de “não corromper a inocência infantil”. A Contrarreforma e a educação dos jesuítas foram elementos fundamentais para a transformação do tratamento dado as crianças e a institualização do colégio colaborou para a nova configuração do conceito de Infância. 
Paralelamente a essas transformações destaca-se o pensamento Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), o filosofo focaliza o seu pensamento pedagógico no aluno (crianças) e não mais no mestre, rompendo assim a visão preconceituosa que a criança seja um ser passivo e não construtor de conhecimento. Sendo assim, Rousseau desestigmatiza a criança como um “adulto em miniatura”, atribuindo a esta suas especificidade, ou seja, segundo o filosofo essa fase é marcada pela pureza,inocência e acolhimento da verdade.
A Face da Infância Industrial
A Revolução Industrial trouxe consigo um novo conceito de criança, impondo a essas uma educação para o trabalho, onde a mentalidade seria gerida sobre a obediência e disciplina.
Nesse processo histórico, constatava-se também a presença de crianças nas industrias, embora já existisse os primeiros colégios , esta presença significava mãos de obra baratas.Porém, ainda que na sociedade europeia as atividades de trabalho infantil estivesse presente,mesmo pós Revolução Industrial, nasceria um novo pensamento relacionado a questões da Igreja e junto com esse pensamento um novo conceito de Infância. 
A partir desse momento a criança começa a ganhar espaço como ser individual, ganhando assim voz, identidade e estatuto legal.
O nascimento da sociedade industrial dá então o espaço para se pensar na Infância como um elemento que necessita de espaço, tempo, lugar e cuidados específicos.
Tais transformações que sacudiram o continente europeu e consequentemente o conceito de Infância faz com que a Europa seja o berço da historia da educação. 
A face da Infância Brasileira
Sendo a Europa a precursora da educação, podemos afirmar que o processo da educação e por consequência o conceito de Infância no Brasil teve forte influencia do pensamento europeu, pensamento este transmitido pela a ação e educação dos jesuítas, que a principio moldava a criança para os interesses da corte portuguesa.
A visão de criança e infância vai amadurecer no ano de 1875, quando são criados os primeiros jardins de infância no Rio de Janeiro e em São Paulo,inspirados nas propostas de Froebel. Estes jardins de infância ainda priorizavam os filhos da burguesia.
Em paralelo surgem diversas ações que vão construindo o cenário da educação brasileira entre elas:
1871- Lei do ventre livre: Assinada pela Princesa Isabel, dando o direito de liberdade aos filhos de escravas nascidos após essa lei.
1888- Lei Aurea: Assinada pela Princesa Isabel, libertando os escravos, e como consequência deixando uma cicatriz de abandono das crianças e de marginalização do povo.
Algumas ações que surgem na época reflete até hoje no cenário da educação brasileira e consequentemente nas nossas crianças.
Com esse novo modelo de Infância que marca a historia da educação contemporânea, o Estado e a escola tiveram que se adaptar para atender as necessidades dessa nova “Criança”. Surge então, a necessidade de criar leis que ampare os direitos das crianças.
Surge então o 1927 o primeiro documento legal, denominado códigos de menores, que garante amparo às crianças. Esse estatuto tinha por finalidade retirar as crianças das ruas e controlar a criminalidade que aumentava a cada dia.
As crianças brasileiras só vão ter uma lei que realmente cuida dos seus direitos e deveres, sem que haja um interesse político maior, quando é criado o Estatuto da criança e adolescente (ECA) em 13 de julho de 1990. (Lei 8.069/90).
O ambiente escolar
Diante das transformações históricas a escola também precisou se adequar ao novo conceito de criança. A escola que antes era rígida e autoritária foi dando espaço ao um ambiente mais acolhedor, buscando assim estabelecer os direitos da formação integral do ser Humano. 
Pensando o ambiente como uma ferramenta completar do ato pedagógico e que o educando aprende, segundo Vygotsky, com o meio qual esta inserido é necessário pensar e adequar esse ambiente para que a criança construa seu próprio conhecimento, neste sentindo complementa Barbosa (2001):
A escola precisa ter um ambiente adequado ao processo da criança, ao alcance dos materiais, tais como livros, brinquedos, etc. Seu ambiente precisa oferecer segurança, acolhimento e educação mediante a uma organização de tempo, espaço, tanto quanto a uma organização pedagógica, num ambiente letrado capaz de proporcionar a sociabilizarão e o desenvolvimento geral e total da criança.
Apoiando o ato pedagógico no ambiente, proporcionaremos ao nosso aluno a aprender pela descoberta, despertando assim o processo cognitivo de adaptação, assimilação e acomodação que fala Jean Piaget.
Conclusão
O traçado histórico do conceito de Infância, nos proporcionar analisar o desenvolvimento da visão de criança no decorrer dos períodos e como as ações políticas e sociais estão ligadas no desabrochar da Historia.
A criança (Infância) que outrora era vista como “um adulto em miniatura”, no decorrer das transformações históricas se torna um ser que deve ser respeitado em sua individualidade e potencialidade. Neste sentido complementa Malaguzzi:
A criança é rica em potencial, forte, poderosa e competente. Assim, a criança rica, produz outras riquezas, pois recebe umas centenas de linguagens, e nasce com muitas possibilidades de expressões e potencialidade que estimulam umas as outras.
Ao romper a mascara da Infância antiga, o mundo contemporâneo começa a tecer e moldar uma nova historia da realidade Infantil. Historia que ampara a criança por meio de leis:
Art. 3º A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-se-lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade. ECA (LEI 8.069 de 13 de julho de 1990).
Em paralelo, a educação segue os passos da lei, no intuito de garantir e assegurar o desenvolvimento da criança, lembrandoque a educação infantil e a base do preparo para vida sendo esta responsável pelo o amparo da criança.
A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até os seis anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade. (LDB 9394/96, art. 29)
 
No entanto, ainda podemos notar as cicatrizes do tempo na Infância contemporânea, estas chagas são fruto de algumas ações do passado que roubou a infância de muitas crianças, outras deixaram a mercê da sociedade, o que ocasionou o crescimento da marginalidade e que reflete ainda hoje como forma de violência, abuso infantil, trabalho infantil, etc.
Portanto, conclui-se que a Infância e a criança tem sido um objeto que o homem molda de acordo com as necessidades históricas e sociais. E que o papel da sociedade contemporânea é garantir os direitos conquistados em prol da criança e lutar para que esta receba o amparo necessário e a educação de qualidade.
Referencia bibliográficas
ÀRIES, Philippe. História social da criança e da família. 2 ed. Rio de Janeiro: LTC, 1981.
BRASIL, Estatuto da criança e do adolescente (1990), lei n.8069, 13 de jul. de 1990. 4 ed. Brasília, DF: Carama dos Deputados, 2003. (Série Fontes de Referência. Legislação, n.52)
Aranha,Maria Lúcia de Arruda.Filosofia da educação-3.ed.rev.e ampl.-São Paulo: Moderna 2006.
Aranha,Maria Lúcia de Arruda.História da educação e da pedagogia:geral e Brasil-3.ed.reve ampl.-São Paulo: Moderna 2006

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